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SEXTA AULA DE CONSTRUÇÕES RURAIS INSTALAÇÕES PARA BOVINOS LEITEIROS

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SEXTA AULA DE CONSTRUÇÕES RURAIS

INSTALAÇÕES PARA BOVINOS LEITEIROS

ISTALAÇÕES PARA BOVINOS LEITEIROS

A bovinocultura de leite é um dos segmentos mais

importantes da agropecuária do país e hoje passa por

uma grande transformação, em virtude da nova

realidade econômica mundial, com adoção de modernas

tecnologias, onde só quem produzir com maior

eficiência e qualidade estará em condições de competir

no mercado.

Isso implica não somente no melhoramento do nível

genético dos planteis na alimentação dos animais, mas

também na construção de instalações adequadamente

projetadas observando-se, principalmente, o conforto do

animal, baseado na sua relação com o meio ambiente,

alem dos custos e facilidades para o produtor no que diz

respeito ao manejo, a limpeza e o aproveitamento da

mão-de-obra independentemente do sistema de criação

adotado.

A produção de leite brasileira aumentou, nos últimos

anos em torno de 1,5 bilhão de litros de leite/ano, o que

representa aproximadamente cinco vezes o aumento na

Argentina que foi de 300 milhões de litros/ano.

O rebanho nacional apresentou aumento significativos

na produção leiteira. A região Centro-Oeste, com

destaque para Goiás, teve crescimento de 70% no ramo.

O estado de Minas Gerais também apresentou avanços

principalmente na parte oeste do Estado.

No Rio Grande do Sul programas de incentivo ao

produtor vem tentando aumentar a qualidade e

quantidade do leite produzido, de maneira que os

produtores possam tornar-se mais competitivos e melhor

remunerados.

Levando-se em conta o estágio de desenvolvimento

tecnológico empregado nas propriedades brasileiras,

atualmente o produtor de leite corre o risco de ser

atropelado pela concorrência internacional, em virtude

da formação de blocos econômicos que promovem o

intercâmbio comercial como é o caso do Mercosul do

qual o Brasil faz parte.

Interação Animal x Ambiente

O meio ambiente no qual o animal está inserido é o total

de todas as condições externas que o afetam diretamente,

relacionando com fatores térmicos, e climáticos. A

temperatura ambiente, umidade, radiação solar e ventos,

são fatores que regulam o balanço térmico do animal

afetando o crescimento, conversão alimentar, saúde e

consequentemente a produção.

Segundo Vila Nova & Santos (1976) a temperatura

interna do animal é controlada por um equilíbrio entre

calor produzido pelo seu próprio metabolismo e o calor

ganho ou perdido para o ambiente externo. O animal

produz calor quando transforma quimicamente a energia

do alimento ingerido em trabalho, o que pode ser escrito

na equação como:

QT=+-QE+-QP

Onde,

QT = calor total de produção

QP = calor perdido

QE = calor estocado

Em média, pode-se dizer que da energia produzida pelo

animal cerca de 25% a 40% é convertida em calor e

entregue ao ambiente.

Todos os conceitos de transferência de calor são

aplicáveis ao animal, são portanto considerados: o calor

sensível as perdas por ventilação, condução, radiação e

convecção.

Efeitos do Microclima na Produção Animal

De acordo com a definição encontrada na literatura o

microclima do rebanho traduz-se pelas condições

climáticas encontradas nas circunvizinhaças do próprio

animal.

A temperatura e umidade do ar em redor do animal

podem ser facilmente determinadas, assim como a

velocidade do ar e a radiação térmica a que o animal é

exposto; sendo estas as variáveis primárias que

constituem o microclima.

A função principal das construções para o gado leiteiro é

modificar o ambiente. Para obter um ambiente próximo

do ideal, recorre-se à estábulos cobertos e outros

refúgios corretamente dimen-sionados, o isolamento, a

ventilação e o acondicionamento do ar.

Como é lógico a inversão em instalações com o

ambiente controlado deve confrontar-se com os maiores

lucros que estes podem render, pois qualquer gasto

adicional no controle do ambiente não aumenta os

retornos em uma medida que justifique os custos

elevados (Esminger, 1977).

Efeito do Estresse na Produção Leiteira

A principal razão para o decréscimo na produção de leite em climas quentes é a redução no consumo de alimentos, sendo esta uma alternativa do animal em minimizar o desbalanço térmico e manter a homeotermia. (Yousef, 1985)

A ocorrência da vasodilatação periférica e o redirecionamento do fluxo sanguíneo dos órgãos internos para os tecidos periféricos irão proporcionar um menor afluxo de sangue à veia porta (fígado) e a glândula mamária, consequentemente, menor quantidade de nutrientes e energia estarão disponíveis para a produção de leite.(Shearer e Beede, 1990)

A situação de stress, comprovadamente, tem influência

no desenvolvimento de processos fisiológicos normais

do organismo, como o processo da descida do leite nos

bovinos durante a ordenha, promovida pelo hormônio

ocitocina. Já em estressantes que podem ocorrer antes ou

mesmo durante a ordenha, induzem a secreção de

adrenalina pela glândula supra-renal, e esta tem ação

contrária da ocitocina, assim promovendo a retenção do

leite, predispondo então a ocorrência de quadros de

mastite, pois favorece a proliferação de

microorganismos no leite retido.

Tabela de desempenho da vaca leiteira submetida a

ambientes confortável e aquecido

Variável 18ºC 30ºC

Produção de calor metabólico (Kg/dia) 841 629

Temperatura retal (ºC) 38,6 39,9

Frequência respiratória (resp/min) 32 94

Consumo de água (Kg/dia) 57,9 74,4

Taxa de sudação (g/m2) 94,6 150,6

Taxa respiratória (g/m3/h) 60,6 90,9

Consumo de concentrados (Kg/dia) 9,7 9,2

Consumo de feno (Kg/dia) 5,8 4,5

Produção de leite (Kg/dia) 18,4 15,7

A renovação do ar no interior de um estábulo é muito

maior do que em instalações para outros animais. O

volume de ar por cabeça por hora por dia está estimado

em 15 a 25m3. É indispensável para a eliminação do

excesso de anidrido carbônico e vapor da água para que

a atmosfera se mantenha renovável.

Efeitos do Estresse na Reprodução

Leiteira

Nas vacas em lactação, o ESTRESSE pode causar

patologias reprodutivas, por induzir o aumento ou

diminuição da secreção de alguns hormônios

reprodutivos, que podem resultar em algumas alterações,

como o cisto ovariano, onde o animal que possui este

cisto não apresenta cio, assim não consegue emprenhar.

Outros estudos mostram que o ESTRESSE nos macho é

uma das causas da degeneração testicular onde o

STRESS prolongado inibe a secreção dos hormônios

reprodutivos, como a testosterona, hormônio reprodutivo

que promove a maturação dos espermatozóides. A sua

falta causa alteração na produção de espermatozóides ou

sua produção defeituosa, não promovendo a fecundação

das fêmeas.

Ventilação e Sombreamento

Tanto a ventilação, como o sombreamento, tem função

básica de amenizar os efeitos da temperatura no

microclima ocupado pelo animal, seja em criação

intensiva ou extensiva.

O controle destes fatores climáticos como a

temperatura e umidade, concorrem com importância

para a maximização direta da produção.

A posição de entrada e saída do ar são muito

importantes na ventilação da construção para os animais.

O ar entra na construção, formando uma ventilação

rotatória e espiral, dirigindo-se depois para a saída. A

obstrução do ar como por exemplo, através de muros,

pavimentos, luzes, equipamentos de alimentação, etc,

afetam a ventilação. O sistema de ventilação determina a

temperatura básica, controle, características dos

componentes.

Os recentes testes com gado de leite no Arizona

– EUA, mostraram que a utilização de sombra

com ventiladores auxiliares, a produção de leite

aumentou de 2 a 3 litros por animal dia. Este

acréscimo na produção deve-se 80% ao

resfriamento devido à sombra (citado por Nääs,

1985).

Conhecimento Adicionais na

Ambientação

Nas últimas décadas, tem ocorrido mudanças decisivas

nos sistemas de manejo do gado leiteiro, tanto nos

centros produtores dos países de clima temperado, como

nos países em desenvolvimento que dedicam parte de

seus subsídios à produção do leite.

Os sistemas extensivo e semi-extensivo vem

sendo substituídos gradualmente pelo sistema

intesivo – o confinamento principalmente pela

elevação crescente do preço de terras e da

contínua necessidade dos países aumentarem

seus campos úteis em produção de cereais.

O confinamento para o gado leiteiro tem pontos

críticos e controvérsias, tanto do ponto de vista

Zootécnico e Veterinário, como dos aspectos da

engenharia ambiental. Entretanto algumas vezes

outros fatores da produção ficam alienados nos

debates por se tratarem de matéria pouco

desenvolvida e com mais perguntas do que

respostas:

Que tipo de telhados devem ser usados nos

estábulos?

Qual a orientação adequada?

Qual a influência do tipo de piso na

produtividade?

A arquitetura do estábulo pode contribuir de

alguma forma na produção de leite?

O aproveitamento de prédios já existentes para

estábulos sem contenção, quando o produtor

deseja passar para um sistema intensivo de

produção; ou ainda generalizando, uma

mudança de qualquer outro tipo requer cuidados

especiais nas modificações.

Há geralmente a necessidade do cuidado na

orientação dos prédios. Estudos nessa área

provam claramente que em algumas regiões a

orientação norte-sul pode representar um

acréscimo de até 5 ºC no interior dos estábulos,

o que pode ser benefício no inverno, mas

altamente prejudicial e improdutivo nos meses

mais quentes.

Portanto, muito cuidado deve ser voltado ao

microclima dentro das estruturas. O ambiente

deve ser adaptado ao conforto animal para maior

produtividade, ao invés de tentar ajustar o animal

ao ambiente.

Eficiência e Fluxo em Construções

Zootécnicas

Quando pensamos em eficiência de uma

construção, bem como o fluxo de animais e

pessoas dentro dela, nos deparamos com o

principal objetivo, que nada mais é do que evitar

as perdas excessivas de tempo e de energia que

influenciará na redução da produção e

obviamente em todo o custo de produção.

De acordo com o fluxograma abaixo, podemos observar

as diversas fases de todo processo para que possamos

alcançar uma construção (projeto) com alta eficiência e

funcionalidade.

Ao refazer um planejamento de uma empresa leiteira é

imprescindível o questionamento de alguns índices de

produtividade, para justificar a necessidade dos projetos

de planejamento.

Eficiên

cia

{ Estudo

Planejamento

Projeto

Execução

{ Adaptações e Reforma

Construções Novas

{ Transição de Pessoal

Eficiência - Fluxo Transição de Animais

Transição de Alimentos

Um dos aspectos principais é o poder de decisão sobre o

tipo de instalação a escolher. Portanto, vários autores

entre eles Albriht (1964); Schmit e Van Vieck (1974);

Castle e Watking (1979), recomendaram que o produtor

observe os seguintes aspectos quando forem decidir um

tipo de instalação:

1) – Proporcionar conforto aos animais, para que

possam expressar o máximo potencial genético para

produção.

2) – Evitar exposição dos animais à doenças e

estresses.

3) – Utilizar sistemas de alimentação que permitam

aos animais obter quantidades suficientes de alimentos,

para alcançar os requerimentos necessários a mantença e

produção.

4) – Permitir a produção de leite de alta qualidade.

5) – Oferecer ambiente confortável para o homem.

6) – Resultar em alta eficiência da mão-de-obra, sob

forma de animais ordenhados e quilogramas de leite

produzidas por homem.

7) – Diminuir ou minimizar injúrias como: tetas

pisadas, ferimentos nos cascos, laminites e outros

problemas relacionados com a sanidade animal.

8) – Ser economicamente viável.

Sistema de Produção Leiteira

A escolha do melhor sistema de criação depende da

análise do mercado e das condições econômicas do

criador, do local e dos meios de produção disponíveis.

Existem três sistemas de criação para gado de leite, são

eles:

- Extensivo

- Semi-intensivo

- Intensivo

Sistema Extensivo

É o mais usado para gado misto, onde os

animais soltos no pasto, base de sua

alimentação. A ordenha é feita manualmente

uma vez ao dia no próprio curral ou num

galpão. A produtividade é baixa (menos de 5

litros/animal/dia), embora seja o mais usado no

Brasil.

As instalações são simples, constituindo-se de:

- Estábulo de ordenha;

- Curral de espera;

- Cochos para forragens e minerais;

- Bebedouros;

- Reservatórios;

- Esterqueiras;

- Cercas para piquetes de pastagens.

Sistema Semi-intensivo

Consiste em manter o gado no pasto

reforçando sua alimentação quando necessário,

o que permite maior estabilidade de produção,

além de ser usado para gado de melhor padrão

racial em relação ao sistema anterior, havendo a

possibilidade de se produzir 18 litros de

leite/dia em duas ordenhas.

Exigem instalações como:

- Estábulos de ordenha;

- Curral de espera;

- Curral de manobra;

- Curral de alimentação com bebedouros;

- Cochos para forragens e minerais;

- Bebedouros;

- Reservatórios;

- Silos ou fenis para forragens.

- Esterqueiras;

- Cercas para piquetes de pastagens.

Sistema Intensivo

Utilizado para animais de elevada produção

(acima de 20 litros/dia) e de alto padrão racial. O

rebanho fica constantemente confinado no

próprio estábulo de ordenha ou em galpões e seu

manejo é extremamente controlado.

As benfeitorias necessárias são:

- Estábulo de ordenha;

- Galpões de estabulação livre (freestall);

- Curral de espera;

- Curral de manobra;

- Curral de alimentação com bebedouro;

- Cochos para forragens e minerais;

- Bebedouros;

- Reservatórios

- Silos ou fenis para forragens;

- Esterqueiras;

Esse sistema é adequado a grandes rebanhos,

permitindo produção estável, sem oscilações de

safra e entre-safra.

A estabulação pode ser:

- estabulação convencional (tiestall)

- estabulação livre (freestall).

Fatores que afetam a escolha das

Instalações

O proprietário será influenciado pelos fatores

econômicos, técnicos, bem como pela preferência por

determinado sistema. As instalações devem ser simples

e baratas e proporcionar aos animais condições de

conforto e espaço, proteção e ambiente limpo, seco, de

boas condições sanitárias, para evitar doenças e

permitir uma produção higiênica de leite.

Novaes (1985) disse que os princípios básicos

que devem ser observados para o planejamento e

escolha das instalações são: localização,

tamanho, tipo de instalação, sistema de

alimentação, sistema de ordenha, flexibilidade,

exigências legais.

No entanto, Bueno (1986) relatou que a escolha

de um projeto de instalações para o manejo e

exploração do gado leiteiro depende de uma

série de variáveis, tais como: raça, o manejo,

tratamento da exploração, área da prioridade,

fatores humanos, recursos econômicos,

características de clima, solo, topografia e

finalmente os materiais e técnicas construtivas.

Locação das Instalações

É de suma importância dentro de uma propriedade a

disposição (locação) das instalações, o que é o principal

fator de influência na melhor eficiência e do fluxo das

mesmas. Uma propriedade mal planejada fará com que

ocorra uma redução brusca nas atividades nela

desenvolvida, tanto a nível de produção animal como

também de mão-de-obra, ocasionando com isso maiores

gastos.

Analisando sob ponto de vista da engenharia agrícola

Bueno (1986) sugeriu seguintes recomendações:

- O melhor local para as construções será uma leve

encosta em terreno de boas características de drenagem,

ensolarado e protegido contra ventos frios;

- Terrenos declivosos exigem terraplanagem,

originando barrancos onde se podem construir silos

trincheira, encosta e semi-encosta;

- Para uma boa insolação, locar as partes abertas das construções voltadas para o norte ou leste-oeste. A face norte do nosso hemisfério permite ótimas insolação no inverno. Apenas os cochos para volumosos devem ser protegidos locando-o seu comprimento no sentido leste-oeste e fazendo a parte baixa da cobertura a norte.

- Ventos frios dominantes devem ser evitados de duas formas:

Fechando-se a construção com alvenaria até٭ a altura de 1,50 m, a qual é superior à altura das vacas;

Formando-se renque de vegetação distante٭ da instalação a ser protegida pelo menos duas vezes a altura potencial das árvores

Uma vez que as instalações estejam escolhidas e

dimensionadas elas deverão ser locadas no terreno em

uma sequência tal que permita o uso racional, sem

perda de energia e tempo, sem caminhamento repetidos

e inúteis.

De acordo com Degasperi & Piekarski (1988) as

localizações ideais para cada construção devem ser

estabelecidas em função das necessidades do manejo

proposto para cada propriedade.

Deve-se comparar a planta de situação das instalações

como uma linha de montagem industrial.

Tipos de Instalações

De acordo com Novaes (1985) as instalações mínimas

necessárias e indispensáveis para o gado leiteiro são:

- estábulo e ou sala de ordenha;

- bezerreiro;

- baia para touro;

- currais;

- brete ou tronco para vacinação e pulverização;

- silo;

- depósito para ração e feno.

Estábulos

Segundo Bueno (1986) o estábulo compõe-se

basicamente das seguintes divisões:

- Cômodo (sala de ordenha) com comedouro e

contenção,

- Sala de leite,

- Depósito de ração concentrada com mesa de

escritório e armário,

- Ocasionalmente poderá ainda ter: Cômodo para

máquinas de ordenha mecânica, bomba a vácuo,

compressor e motor resfriador, etc.; Vestuário e

sanitário.

Recomenda-se ainda que os estábulos novos sejam

para ordenha rotativa, entrando e saindo grupos de

vacas e não todas de uma só vez, sendo o número

de animais por grupo estabelecido de acordo com o

número de vacas do rebanho e sistema de ordenha.

Bueno (1986), também recomendou o uso de

estábulos pequenos para ordenha rotativa com

cochos para concentrado, ficando o cocho para

volumoso no curral.

A maioria da literatura recomenda que é o ideal, de

15 a 25 m3 de ar por cabeça para que haja uma boa

ventilação dentro do estábulo. Para o gado leiteiro,

a temperatura no interior do estábulo deve estar

entre 10ºC e 20ºC, podendo ter uma faixa de

variação de ± 4ºC. No caso das bacias leiteiras do

Brasil (clima mais ameno), o tipo de estabulação

mais usual é o aberto com ventilação totalmente

natural. (Nääs, 1985).

O piso deverá ser de concreto simples com

espessura mínima de 10 cm, apresentando

superfícies ligeiramente áspera com declividade de

1,5 a 2,0% em direção as valetas coletoras. Estas

devem ter um perfil retangular, cerca de 600 cm3 (20

x 30), sem arestas vivas.

Tanto os comedouros como os bebedouros devem

ter largura de forma que o animal tenha acesso a

água ou ao alimento sem qualquer dificuldade. Para

efeitos de projeto, as medidas consideradas são de

50 a 70 cm de altura por 80 a 90 cm de largura.

O local de contenção do animal varia conforme a

raça, mas em sua maioria ocupam de 2 a 2,5m2.

Os cochos devem ter secção de 0,80 x 0,60 x 0,30

(12 a 15 m2/animal).

Os corredores variam de acordo com o sistema de

contenção dos animais: no sistema “cabeça a

cabeça”, o corredor central varia de 1,20 a 2,30 m e

dos laterais de 1,10 a 1,80 m, no sistema de costa a

largura do corredor central de limpeza é da ordem de

2 a 3 m, enquanto que as laterais de alimentação são

de 0,90 a 1,50 m.

Tipos de Estábulos

Os estábulos podem ser abertos ou semiabertos com

vários sistemas de contenção de animais.

O tipo mais comum de alojamento para rebanhos

leiteiros é o freestall, porém são encontrados ainda

estábulos do tipo tiestall.

Antes de se decidir qual o tipo de estábulo a ser

construído, deve-se estudar as vantagens e

desvantagens de cada um deles, considerando

inicialmente o investimento inicial a ser realizado,

assim como as técnicas operacionais de manejo a serem

empregadas, além da disponibilidade de mão-de-obra

qualificada.

Tiestall

Neste tipo de estábulo as vacas ficam presas no

pescoço por uma corrente e só se movem para serem

ordenhadas.

Pode-se dar maior atenção individual às vacas. O

Tiestall requer trabalho intensivo, tanto para ordenha

como para a alimentação.

Freestall

O tipo de estábulo freestall quando bem projetado, é o

que tem promovido os maiores índices produtivos,

além de fornecer melhores condições sanitárias às

vacas quando comparado aos outros tipos de

instalações para confinamento leiteiro.

O freestall é um tipo de estábulo que promove áreas de

descanso individuais para as vacas, que ainda devem

fornecer uma cama limpa, seca, e confortável.

A vaca fica livre para entrar e sair a vontade da área de

descanso, que é individual e dividida por canzis.

Pode ser de fila simples ou dupla, dependendo do

número de animais que se quer alojar, devendo-se

sempre planejar a instalação de modo que possa ser

ampliada caso se deseja aumentar o número de animais

do rebanho.

Quando se usa fila dupla, as vacas podem ser

colocadas frente a frente ou traseira com traseira.

Se colocadas frente a frente ficam separadas pelo

cocho e pelo corredor central de alimentação. Neste

caso a alimentação é mais fácil já que os cochos são

dispostos ao longo de um único corredor. O sol não

atinge os cochos e há mais ordem na movimentação das

vacas.

Quando as vacas são dispostas traseira com traseira,

elas ficam separadas pelas canaletas de escoamento de

dejetos e pelo corredor central de limpeza, a limpeza

pode ser facilitada, mas o arraçoamento é dificultado; a

movimentação dos animais é fácil mas fica mais difícil

prendê-los; o estábulo pode ser um pouco mais estreito

e desta forma baratear a construção.

Para as visitas e negócios, a visão geral dos úberes e

ancas é facilitada.

Para abrigar 20 vacas, por exemplo, a área de

construção do estábulo deverá ser de 160,76 m2, ou

seja, 17,38 m de comprimento por 9,25 m de largura.

As vacas devem ser capazes de entrar e deixar as baias

facilmente, deitando e levantando confortavelmente.

Estábulos projetados inadequadamente podem levar as

vacas a deitarem nos corredores, o que facilitará o

contato do úbere com os dejetos.

Componentes do Estábulo

Baias

Grade de Pescoço – (canzis)

Cama

Corredor de Alimentação

Corredores de Passagem

Cochos

Bebedouros

Piso

Corredor de Limpeza

Modelo de Freestall

Baias para Touros

Sala de Ordenha

Sala de Espera

Sala de Leite

Bezerreiros

Curral

Vacas 2-3 semanas pré-parto

Maternidade

Vacas de até 7 dias de pós-parto

Vacas secas

Sala de ração

Silos

Depósito de cama

Galpão de feno

Mangueira Brete e Tronco

Cercas

Abrigos naturais

Esterqueira

Construções Anexas aos Estábulos

Baias

A área de descanso, ou baia, deve ser ampla o

suficiente para a vaca deitar confortavelmente, sem

bater nas divisórias, mas estreita o suficiente para a

vaca não poder se virar e defecar na cama.

O comprimento da baia é muito importante para que as

vacas somente defequem no corredor.

O espaço necessário na baia para que ela possa

levantar e deitar sem esforço depende:

- Espaço corporal: o espaço da parte traseira da

vaca até a frente dos joelhos dela;

- Espaço da cabeça: o espaço adiante do corpo

da vaca ocupado pela cabeça dela enquanto

deitada;

- Espaço aberto: o espaço adicional necessário

para o empurrar a cabeça da vaca quanto ela

avança para diante enquanto se levanta.

As divisória de baias podem apresentar formas

diversas e serem de metal ou de madeira.

Tabela de dimensões das baias

Vacas Baias Grade de pescoço

Peso - Kg Largura - m Comprimento -

m Altura - m Distância - m

350 – 540 1,0 2,20 0,94 1,6

540 – 680 1,10 2,40 1,0 1,7

> 680 1,20 2,60 1,06 1,8

Grade de Pescoço

A grade de pescoço deve ser colocada na superfície das

divisórias de baias para impedir que as vacas defequem

na cama.

A grade de pescoço ajuda a vaca a deitar no local certo,

obrigando-as a voltar para traz quando se levantam,

contudo sem tornarem-se incomodas para as vacas.

Uma grade de pescoço muito baixa pode impedir o

movimento de levantar.

Evitar o uso de cordas que podem causar severos danos

para o pescoço da vaca e vértebras.

A grade de pescoço deve ficar posicionada

aproximadamente a 1,65 m do piso do corredor e a 1,20

m acima da superfície do meio fio para uma vaca de

600 Kg, devendo ser apoiada nas divisórias de baias.

A grade de pescoço inicialmente pode causar repulsa à

baia. Neste caso deve-se, mover a grade de pescoço

para frente. Quando a vaca se acostumar a usar o

estábulo, então volta-se a grade de pescoço para o local

certo, melhorando o posicionamento das vacas nas

baias.