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SÃO PAULO, 2017maxxidistribuidora.com.br/wp-content/uploads/2020/03/A... · 2020. 3. 21. · inspirou. Sua dedicação, caneta vermelha, criatividade e percepção tornaram este

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  • SÃOPAULO,2017

  • Amenteacimadodinheiro(MindOverMoney)Copyright©2009byBradKlontzandTedKlontzCopyright©2017byNovoSéculoEditoraLtda.

    COORDENAÇÃOEDITORIALVitorDonofrio

    GERENTEDEAQUISIÇÕESRenatadeMellodoVale

    EDITORIALJoãoPauloPutiniNairFerrazRebecaLacerda

    ASSISTENTEDEAQUISIÇÕESTalitaWakasugui

    TRADUÇÃOCláudiaVassãoRuggiero

    REVISÃOThiagoFraga

    PROJETOGRÁFICO,CAPAEDIAGRAMAÇÃOVitorDonofrio

    DESENVOLVIMENTODEEBOOKLoope–designepublicaçõesdigitais|www.loope.com.br

    TextodeacordocomasnormasdoNovoAcordoOrtográficodaLínguaPortuguesa(1990),emvigordesde1ºdejaneirode2009.

    DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)(CâmaraBrasileiradoLivro,SP,Brasil)

    Klontz,BradAmenteacimadodinheiro:oimpactodasemoçõesemsuavidafinanceiraBradKlontz,TedKlontz;traduçãoCláudiaVassãoRuggiero.SãoPaulo:NovoSéculo,2011.

    Títulooriginal:MindOverMoney:OvercomingtheMoneyDisordersThatThereatenOurFinancialHealth

    http://www.loope.com.br

  • ISBN:978-85-67871-68-4

    1.Autorrealização(Psicologia)2.Comportamentoautodestrutivo3.Dinheiro–Aspectospsicológicos4.Finançaspessoais–AspectospsicológicosI.Klontz,Ted.II.Título.

    11-05386CDD-332.0240019

    Índicesparacatálogosistemático:1.Finançaspessoais:Aspectospsicológicos:Economia332.0240019

    NOVOSÉCULOEDITORALTDA.AlamedaAraguaia,2190–BlocoA–11ºandar–Conjunto1111CEP06455-000–AlphavilleIndustrial,Barueri–SP–BrasilTel.:(11)3699-7107|Fax:(11)3699-7323www.gruponovoseculo.com.br|[email protected]

    http://www.gruponovoseculo.com.brmailto:[email protected]

  • SUMÁRIO

    AGRADECIMENTOS

    INTRODUÇÃO

    PARTE1:AGRANDEMENTIRA

    CAPÍTULO1INFORMAÇÃONÃOBASTA

    CAPÍTULO2OZOOLÓGICOEMVOCÊ

    CAPÍTULO3pertenceraqualquercusto:

    CORRENDOCOMATROPA

    CAPÍTULO4OSFANTASMASDO

    TRAUMAFINANCEIRO

    PARTE2:DISTÚRBIOSFINANCEIROS

    CAPÍTULO5AFINAL,OQUEÉEXATAMENTEUMDISTÚRBIOFINANCEIRO?

    CAPÍTULO6DISTÚRBIOSDEREJEIÇÃOAODINHEIRO

    CAPÍTULO7DISTÚRBIOSDEADORAÇÃOAODINHEIRO

  • CAPÍTULO8DISTÚRBIOSFINANCEIROSRELACIONAIS

    PARTE3:VENCENDOSEUSDISTÚRBIOSFINANCEIROS

    CAPÍTULO9TRATANDOAQUELEASSUNTONÃORESOLVIDO

    CAPÍTULO10TERAPIAFINANCEIRA

    CAPÍTULO11TRANSFORMANDOASUAVIDAFINANCEIRA

    POSFÁCIO

    BIBLIOGRAFIA

  • AGRADECIMENTOS

    Juntos, expressamos nossa gratidão a uma equipe realmente extraordináriaquenosajudouatornarestelivropossível.Sozinhos,nãoteríamosconseguido.Um agradecimento especial aos nossos clientes que compartilharam suaexperiência, força e esperança neste livro. Vocês são nossosmaioresmestres.AgradecemosàirmãdeBradeàfilhadeTed,BrendaKlontzAnderson,quenosdeu incrível apoio ao cuidar dos detalhes para podermos nos concentrar noprojetocomoumtodo.Agradecemosaosnossosagentes,KerryHanseneLoriClouddaBigEnterprises,quesurgiramnanossavidanahoracerta.Suaperíciatrouxe tremenda agilidade ao nosso trabalho. Agradecemos à nossa agente,LaurieLiss,daSterlingLordLiteristicporseuprofissionalismo,encorajamentoeapoio.Vocêsconhecemmesmooassunto.AgradecemosaJanWerner,nossoeditorpessoal,quenosmantevenoritmoparacumprirmososprazosapertados.Éumaalegriatrabalharcomvocê.MuitoobrigadoàmadrastadeBradeàesposadeTed,Margie Zugich, pelasmuitas horas que passou lendo e revisando estelivro. Agradecemos também a Gary Seidler, Rick Kahler, e nossos amigos ementoresSharonWegscheider-CruseeDr.JoeCruse.

    AgradecemosànossamaravilhosaecompetenteequipedaBroadwayBooks.Um agradecimento especial à Talia Krohn, nossa editora, cuja visão nosinspirou.Suadedicação,canetavermelha,criatividadeepercepçãotornaramestelivromuitomelhor.Agradecemos também aRoger Scholl, diretor editorial daBroadwayBusiness;aMeredithMcGinnis,diretoraadjuntademarketing;aTaraDelaneyGilbride,diretoradepublicidade;aDanielleCatlett,assessorasênior;e

  • aMichaelPalgon,editoradjunto.Todosvocêsderamgrandeapoioàrealizaçãodestelivro,enóssomosmuitogratos.

    Temostambémalgunsagradecimentosindividuais.

    BRAD:QueroagradeceraTed,meupai,sócioecoautordestelivro.Éumabênção especial termos o relacionamento que temos, o qual nos permite criarjuntos e realizar nosso trabalho. Eu aprecio cada minuto. Quero agradecer àminhaesposa,Dra.JoniKlontzWada,cujoapoio,encorajamentoeamorfizeramde mim uma pessoa melhor. O livro foi imensamente beneficiado por seuprofundo conhecimento e percepção dos temas psicológicos que envolvem asmulhereseodinheiro.Agradeçoàminhafamília,meusamigosementoresqueacreditaram em mim, torceram por mim, e me ajudaram a ser criativo. Umagradecimento especial a Wanda Turner, Dr. Jim Turner, Philip Morgan, Dr.AlexBivens,TimCusack,Dr.LarryKutner,LeeWhite,Dr.RickDelaney,Dr.Martin Johnson,Dr.KevinPyle,GarySeidler, JoeyVillanueva,RickKagawa,Saundra Davis, Rick Long, Robert “Fixer” Smith, Steve Bucci, John Wada,DianeWadaeSonyaBritt.

    TED:Sougratopormeufilho,Brad,quenosajudouacolocaroquefazemosemum formatoquepudesse ser testadoedemonstradodemaneira eficaz.Elepegou os resultados e, sem descanso, escreveu, reescreveu e aperfeiçoou oestudoatéconseguirpublicá-lonojornaldaAmericanPsychologyAssociation.Foioquenoscolocounestaestrada;suavisãoedeterminaçãotornaramtudoissopossível.Alémdisso,esteprojetonãoteriasidopossívelsemoapoiodeMargie,minha esposa e melhor amiga há trinta anos. Agradeço também aos meus“anjos”ElaineWalker,MaryAnnMcCready,Dr.BillMayhall,aosmilharesdeclientes queme ensinaram tanto durante todos esses anos e aosmeusmuitosamigos e familiares que continuam a me encorajar. Sou também eternamentegrato pormeus distúrbios financeiros. Embora tenham causadomuitos danos,elestambémmederamumdesejoaparentementeinsaciáveldeaprenderapartir

  • de minhas experiências e de assumir meu papel nestas situações. Estoucomprometido a não vivenciá-los novamente, e talvez,mais importante ainda,estoudeterminadoanãotransmiti-losàsfuturasgerações.

  • INTRODUÇÃO

    Oqueo levou a escolher este livro?Odinheiro é a causado seu estresse?Vocêsepreocupacomofatodeestargastandodemaisoucomsuaincapacidadede poupar? Talvez suas finanças estejam equilibradas, mas você ainda nãoconsiga controlar sua ansiedade em relação ao dinheiro. Talvez as desavençassobreosgastosoestejamafastandodeseucônjuge,ou,quemsabe,vocêtenhadificuldadeemfalarsobredinheirocomseusfilhosououtromembrodafamília.Quervocêestejaenfrentandoproblemasemlidarcomseuportfóliodeaçõesouapenas lutandoparaqueosaláriodureatéo finaldomês,saibadeumacoisa:Vocênãoéoúnico.Quasetodasaspessoastêmumrelacionamentocomplicadocom o dinheiro, e mais pessoas do que você imagina relacionam-se com odinheiro demaneira absolutamente disfuncional. Praticamente todos acreditamna“GrandeMentira”sobreasfinançaspessoais.

    Que “Grande Mentira” é essa? É a acusação de que suas dificuldadesfinanceiras são culpa sua, que são consequência de sua preguiça, loucura,ganânciaouestupidez.Bem,elasnãosão.Podeacreditaremnós.Temosanosdeexperiênciacomconsultoria,coachingeaconselhamentodecasaiseindivíduosquelutamcomproblemasrelacionadosaodinheiro.Seháalgoqueaprendemoscom essa experiência, foi que os comportamentos de autodestruição e deautodefesa em relação ao dinheiro não são controlados por nossas mentespensantese racionais.Averdadeéqueelesseoriginamde forçaspsicológicaspresentes fora de nosso pensamento consciente, e estão profundamenteenraizadosemnossopassado.

  • Reflitasobreashistóriasaseguir,compartilhadasporalgumaspessoascomquemtrabalhamos.

    BRIDGET:Fuientregueparaadoçãoaosdoisanosdeidade, porque minha mãe não tinha condiçõesfinanceiras para ficar comigo. Meus pais biológicoshaviam se divorciado eminhamãe não podiamantertodososcincofilhos,porissoentregoutrêsdelesparaadoção. Fiquei em instituições por aproximadamentedois anos e cheguei a desistir de desfazer as malasporque mudava de local com frequência,aparentementesemnenhumaviso.Certafamíliaadotouumademinhasirmãsmaisvelhase,quandodescobriuque eu estava emumorfanato, veio àminhaprocura.Lembro-me do dia em que meus pais adotivoschegaramàinstituiçãoondeeuestava.Chegaramnumcarro vermelho. Lembro-me de ir diante do juiz e delhedizerquequeriamorarcomeles.Lembro-medemesentir crescida, enquantogiravaváriasvezes agrandecadeirademadeira ao ladodamesado juiz.Eu tinhaquatroanosemeio.

  • Minhafamíliaadotivaeramuitoamorosaemuitodisfuncional.Meupaieraum bêbado alegre. Nunca foi violento, mas, com certeza, podia beber semcontrole.Minhamãe,euacredito,eramaníaco-depressiva.Elaestavabemnumdeterminadomomentoe,nomomentoseguinte,ficavaterrivelmentedeprimida,dizendo que perderíamos nossa casa e que não sabia como conseguiria odinheiro necessário. Lembro-me de, ainda muito pequena, sentir medo de afamíliaficarsemdinheiroedeoutraveznosmandaremembora,apenasumadenósduas,ouambas.Mesmoseconseguíssemosficarjuntas,poderíamosperdernossacasaetudooquepossuíamosporquenãotínhamosdinheirosuficiente.

    Que lições sobre dinheiro aquela garotinha aprendeu? Que atitudes emrelaçãoàsfinançaselalevouparaavidaadultaecomoessasliçõesafetaramsuapersonalidade e seus relacionamentos? Talvez você acredite que ela venha aassociar o fato de não ter dinheiro ao abandono emocional, ou que cresçaincapazdeconfiaroudependerdequalquerpessoa.

    E você estaria certo.Desde garotinha,Bridget sempre trabalhou e poupou,masse recusavaagastarseusuadodinheiro–elaacreditavaqueodinheiro,esomenteodinheiro,significavasegurança.Noentanto,independentedoquantopoupava, nunca se sentia realmente segura. Estava sempre “esperando a casacair”.

    Masvocêtambémestariaerrado,porqueairmãdelareagiudemaneirabemdiferente. Enquanto Bridget se tornava compulsivamente autossuficiente, suairmãtornou-sepassiva,dependente,incapazdeacreditarquepoderiacuidardesimesma.Durantedécadasviveunovícioenasruas,atéconseguirserestabelecer.

    Essahistóriademonstraquecircunstâncias semelhantesvividasporpessoasdiferentespodemcausarefeitosbastantedistintos.Eéarazãopelaqualcadaumde nós deve explorar e descobrir sua própria história financeira, sem sepreocuparemcomo“deveríamoster”reagidoàssituaçõesqueenfrentamos.

  • PAUL: Meu terceiro irmão morreu logo após onascimento. Durante o parto, minhamãe disse váriasvezes à enfermeira: “Algo está errado! Algo estáerrado!”.Elajáhaviapassadoporoitopartos,portantoeracapazdeperceberquandoalgonãoestavabem.Aenfermeirachamouomédico,maseleestavanoclubedecampo,jogandogolfe.Quandoconseguiuchegaraohospital,eratardedemaisemeuirmãonãosobreviveu.

    Ummês depois, o médico veio à nossa casa em seucarronovo–umThunderbird.Meupaieeuestávamosnaentradadecasa.Omédicosaiudeseucarroedisseameupaiquesenãopagasseacontafariacomqueelefosse para a cadeia. Pela perspectiva demeus pais, anecessidade que aquele homem tinha de jogar golfehavia matado meu irmão. Meu pai, então, agarrou omédico, o atirou contra seu Thunderbird e lhe disse:“Façaoquequiser,massecontinuaratrásdemimcomessaconta,euvoutematar”.Eleabriuaportadocarro,jogou o médico magricela para dentro e fechou-a.Virou-se para mim e disse: “Quero que guarde bem

  • isto,Paul.Oquerealmenteimportaaessehomeméoseudinheiroenãoavidaquedestruiu”.

    Aquela mensagem me acompanhou durante toda avida. Cresci com a ideia de que os ricos sãogananciosos e que não se importam com as pessoas.Cresci acreditando que o dinheiro havia se tornado oseu deus.Decidi que o dinheiro não era importante eque tudooqueprecisavafazererameesforçarmuito,fazerumbomtrabalhoeserconhecidoporisso.

    Navidaadulta,Paulnãoqueriaserconhecidocomoo tipodegentequeseimporta apenas com dinheiro, por isso evitava lidar com o dinheiro ou atémesmopensarsobreele.Tinhadificuldadeemnegociaraumentosdesalário,empoupar para o futuro ou em investir, e aindamais dificuldade quando tentavarelaxar e se divertir com sua família porque “trabalho duro” era sua únicamedidadevalorpróprio.Sendoelemesmoumprofissionaldaáreadasaúde,nãoqueriaserpego“brincando”casoalguémemcriseprecisassedele.

    É fácil perceber como experiências traumáticas como as deBridget e Pauldeixammarcas profundas e duradouras.Mas não precisamos de uma tragédiadesseporteparamoldarnossasideiassobredinheiro,seuusoesignificado.Narealidade,amaioriadenósdefinenossaatitudeemrelaçãoaodinheiropormeiode experiências muito mais corriqueiras, agindo como as crianças eadolescentes:observandoosadultosqueexerceminfluênciaemnossasvidaseidentificandoasrazõesdocomportamentodestes.

  • STEPHANIE: Quando eu tinha doze anos, nosmudamos para o bairro de Upper East Side emManhattan,NovaYork.Vínhamosdeumacomunidadedeclassemédiae,derepente,estávamosmorandoemumdos lugaresmais ricosdomundo.Pudever comopessoas muito privilegiadas levavam a vida, e, sobalguns aspectos, minha família também vivia assim.Tínhamos um grande apartamento em um edifícioluxuoso. Nas férias, viajávamos para outros países.Sempre havia dinheiro para educação, arte, cultura elivros. No entanto, minha mãe, com frequência sequeixava de não ter dinheiro. Nós “não tínhamos osuficiente”, meu pai “não ganhava o bastante”, e ela“tinha que ser econômica.” Esses comentários equeixas,sempredirecionadosamim,eramoquehojeposso identificar como uma evidência de incestofinanceiro. Incesto financeiro por estar revelando amimosproblemasfinanceirosquediziamrespeitoaelaeameupai,equenadatinhamavercomigo.Oqueeupoderia fazer com tudo aquilo?Ela reclamavadenãopodermoscomprarasroupascarasouascasasdeférias

  • que as pessoas à nossa volta possuíam.Como se nãobastasse,minhamãenãoeramentalmente saudável e,em certos dias, ela nem ao menos se vestia. Oapartamentoestavasempredepernasparaoareeunãopodia convidar amigos, portanto, embora vivêssemosneste lugar supostamente tão interessante e caro, eusempresentiavergonha.

    Possorelacionarmuitosdosproblemasfinanceirosquetive na vida adulta àquelas mensagens conflitantessobre dinheiro. Minha total confusão quanto àsquestões financeiras. Como saber se o que tenho ésuficiente?Quaissãoosgastosimportantesequaisnãosão?Oquecorrespondeàrealidade,olindoedifícioouo apartamento horrível em seu interior? Decidisimplesmente ignorar o tema dinheiro na minhainfânciae,maistarde,tambémnavidaadulta.Quandomecasei,deixeicommeumaridotodasasreflexõesedecisões sobre as finanças. Nunca questionei coisaalguma.Nãoqueriasaberdenada.Mesmoquandoeleperguntavaminhaopinião,euevitavaodiálogo.

  • Os sentimentos de confusão e vergonha presentes na infância deStephanieresultaram em passividade na vida adulta. Ela se casou com um homem queassumiu o controle das finanças e da vida do casal, e que esperava que elaficasseemcasaeconcentrassetodososesforçosnacriaçãodosfilhosenoapoioàescaladaprofissionaldomaridonomundocorporativo.Gratapelasegurançaepela estrutura, ela estava feliz em simplesmente acompanhar – até que eledecidiudivorciar-sedela,deixando-asóesemdinheiro.

    Tudoiabematéqueumdiaelechegouemcasaedisseque queria o divórcio. Ele se aproveitou da minhaignorância financeira. Disse que precisávamoseconomizar eque seu advogado cuidariadosdetalhesparanósdois.Descobri anosdepois que,meses antesdepedirodivórcio,elehaviatransferidoparasuanovapaixão a maior parte dos nossos bens. Emborativéssemosumestilodevidade classemédia estável,quandoodivórciofoiconcluído,nãohavianadaparaadivisão de bens. Eu estava sem dinheiro, sem casa,dormiaemmeucarroesentia-metotalmentederrotadaesemrecursos.Perdi tudo.Nãotinhaumempregoouqualquer qualificação para começar a trabalhar. Leveidezesseteanosparareconstruirminhavida,dozero.

    LEWIS: Eu tinha o hábito de nunca levar muito

  • dinheiro comigo, no máximo um dólar na carteira,porquemeupaieraricoemorávamosemumacidadepequena. Eu podia ir aonde quisesse e obter o quedesejasse, pois minha mãe, mais tarde, acertaria adívidanosestabelecimentos.Nuncaprecisei lidarcomdinheiro.Certa vez, na faculdade, recebi umaviso deque havia excedido o saldo de minha conta. Quandoliguei para casa, minha mãe disse para eu não mepreocupar. Meu pai era um dos sócios do banco,portanto, sempre que minha conta entrava novermelho, o dinheiro era automaticamente reposto.Quasecomonumpassedemágica.Masooutroladodaquestão era que eu não tomava minhas própriasdecisões.Meupaiescolheumeucarro,afaculdadequefrequentei,eoutrascoisas.

    Além disso, cresci num lugar relativamenteprivilegiado em meio a uma pobre comunidadeagrícola.Aquilometraziaconstrangimentoemefaziasentir isolado e culpado. Afastado então de qualquerinformaçãosobredinheiroedecomoelefuncionava,eimpedido de tomar minhas próprias decisões, até

  • mesmo quando iria para a faculdade, tudo o queaprendi foi que o dinheiro tem poder, e não eranecessariamente o tipo de poder que eu desejava.Noentanto, mais tarde, sem perceber, tentei colocar empráticaessepodercommeusprópriosfilhos.

    AhistóriadeLewisdemonstracomo,apesardenossasmelhoresintenções,ospreceitos e os comportamentos relacionados ao dinheiro geralmente sãotransmitidos através das gerações. Apesar do seu ressentimento pela maneiracomoseuprópriopaiocontrolavapormeiododinheiro,Lewisreproduziuessemesmorelacionamentocomospróprios filhos.Eleusouodinheiropara tentardesencorajarsuafilhadesecasarcomalguémqueelenãoconsideravaàaltura,dizendo-lhe que não daria um centavo para financiar o casamento. Negandosuporte financeiro, tentou impedir sua outra filha de começar a vida emNovaYork.Disseaofilhoquenãopagariasuafaculdadeamenosqueeleconcordasseem ir para a universidade que Lewis gostaria que fosse. Quando seus filhoscresceram,Lewislhesofereciadinheiro,massempresujeitoacondições.Alémde usar o dinheiro para controlar os filhos, ele também os deixoufinanceiramente incapazes. Eles ficaram dependentes das esmolas do papai elimitadosportodasascondiçõesqueasacompanhavam.

    ALLISON:Desdequeminhamãeemeupadrasto secasaram,quandoeutinhaquaseseteanos,elessempreviveram o que chamavam de “sinuca de bico”. Osproblemas financeiros nunca eram discutidosdiretamente com os filhos, mas sempre houve

  • comentáriosdo tipo:“Vocêdevesaberqueodinheironão cresce em árvores” e “Basta uma grande despesaparatermosproblemasfinanceiros”.

    Na época eu não percebia, mas minha mãe tinhaproblemas sérios com o uso do dinheiro. Ela sempredizia que não tínhamos dinheiro algum, mas, emseguida, saia às compras, adquiria roupas para simesmaeparanós e antiguidadesparanossa casa.Euprestava muita atenção nessas farras de compras,porque sabia que, se pudesse acompanhá-la, tambémganharia alguma coisa. Meu pai sempre adotou umapostura “cabeça enterrada na areia”, totalmentedesligado de nossa situação financeira, concordandocomcoisasquenãofaziamsentidoalgum,apenasparaevitar as brigas. De ambos os lados, uma mensagemnegativa.

    É perturbador quando seus pais não concordam sobreumassunto,eumdelesalertaofilho–nestecaso,você– sobre a iminente ruína financeira, mas, no entanto,gastacomolouco,enquantoooutroagecomosetudoestivesse bem. Em consequência disso, eu cresci sem

  • umconceitoverdadeirosobredinheiro.Durantetodaavida pensei: “O dinheiro não é grande coisa, excetoquandoestá acabando;nesta situação,vemopânico”.Oconceitode fazerodinheiro trabalharparavocêoude saber como lidar com ele de maneira adequadaestavamuitoalémdoqueconhecia.

    AconfusãodeAllison a respeitodedinheiropersistiupormuitos anos.Navidaadulta,elasecondicionoua trabalharmuitoparaganharapenasoquelhepermitisseserindependentedeseuspais.Masgastavadinheirotãorápidoquantoganhava.Inconscientemente,elahaviaassociadodinheiroàansiedadeeàcriseiminente.Portanto,semprequeconseguiaguardaralgum,seuníveldeansiedadeaumentavaatéqueencontrasseumaformadeselivrardesuaseconomias:fériasemumresort,móveisquenãoprecisava,jantarparavintepessoasnorestaurantemaiscarodacidade.Emboraganhasseumsaláriodecente,elaviviaaguardandoopróximosalário.

    Você acabou de ler cinco descrições do que chamamos de flashpointsfinanceiros–umeventoassociadoaodinheiro(ouumasériedeles),ocorridonasprimeiras fases da vida, com tal carga emocional que deixa uma marca quepersiste durante a vida adulta. Talvez você tenha reconhecido umpouco de simesmo em uma ou mais destas histórias. Talvez não. Mas todos nós temosexperiênciascomoessas:lutasdramáticas,dolorosasouexperiênciastraumáticasna infância ou na juventude que se tornam a base de nossas dificuldadesfinanceiras na vida adulta. Como pôde ver nesses exemplos, os flashpointsfinanceiros podem trazer mágoa e angústia profunda, como aconteceu nasexperiênciasdePauleBridget.MascomodemonstramashistóriasdeStephanie,LewiseAllison,eles tambémpodemsero resultadode fatos rotineirosmenos

  • dramáticos, mas igualmente poderosos, o lento acúmulo das lições queaprendemos com os adultos à nossa volta. Essas lições são, com frequência,muitodiferentesdasquenossosconselheirospensavamestarnosensinando.

    Trabalhando com nossos clientes, descobrimos que o poder duradouro dosflashpoints financeiros tem pouca relação com os fatos em si ou com nossainterpretação deles ao analisá-los em retrospectiva. Pelo contrário, eles seoriginam das interpretações infantis e ingênuas que construímos quando nosesforçamosparaencontrarumalógicasubjacentenesteconfuso,contraditórioe,muitas vezes, assustador mundo dos adultos. E é a partir das interpretaçõesinfantis desses flashpoints financeiros que desenvolvemos um conjunto deconceitos sobre o dinheiro, chamadospreceitos financeiros, quemoldam tantonossamaneiradecompreenderodinheirocomoaformacomolidamoscomelena vida adulta. O ponto principal não é se essas interpretações são exatas eracionais; a fonte do poder dos preceitos financeiros está no fato de que osconceitosfaziamsentidoemseucontextooriginal,emnossasmentesinfantis.Equantomais profundo o evento ou série de eventos originais,maior é a forçacom que nossas emoções colocam em ação os preceitos financeirossubsequentes, e menos flexíveis somos em nos adaptar às inconstantescircunstânciasfinanceirasposteriores.

    É quando surgem os problemas. Mesmo que nossos preceitos financeirostenhamsidomuitoúteisquandoforamformados,podemsetornarnocivossenosapegarmosaeles,e,semreflexão,agirmosbaseadosnelesdurantetodaavida.Por atuarem fora do âmbito da consciência, repousando, sem que sejamobservados, no mais profundo recesso de nosso inconsciente, esses preceitosfinanceiros nos colocam àmercê de sua ação traiçoeira. Para nos libertarmos,devemosprimeiroidentificá-losereconhecersuasorigens,lidarcomtemasnãoresolvidos a partir das circunstâncias que os colocaram em ação e aprendernovas formas de encarar, reagir e lidar com o dinheiro. Em momentos deestresse, esses velhos sentimentos e preconcepções sobre o dinheiro podem seinfiltrar,massesoubermosidentificaressespreceitos,enosseparardeles,ese

  • conseguirmos reescrevê-los, podemos aprender a nos adaptar a quaisquerdesafiosquesurjam.

    Vocêsabeoquefazer,masnãoconseguefazê-lo.Oquefazer?

    Então,estelivropodeajudar?Eleédiferentedeoutroslivrossobrefinanças?Em primeiro lugar, não vamos oferecer conselhos ou dicas sobre como

    administrarseudinheiro.Muitaspessoasachamqueosproblemasrelacionadosao dinheiro se originam na ignorância a respeito do campo complicado dasfinanças, e erroneamente acreditamque a solução está em reunir informações,colecionarmaisdicaseestratégiasparaadministrareinvestir.Talvezissoajudealgumaspessoas;entretanto,paraamaioriadenós,faltadeinformaçãonãoéoproblema. Os fundamentos da saúde financeira são, na realidade, bastantesimples,emaisconselhossobreeconomizarmaisegastarmenosnãoserãodegrandeajuda.

    Se você, como a maioria das pessoas, já sabe o que deve fazer, mas nãoconseguecolocaresseconhecimentoemprática,éporqueseuproblemacomodinheiro pouco tem a ver com falta de conhecimento. Na realidade, maisinformaçõeseconselhospodemfortalecernossoscomportamentosnegativosaonos fazer sentir “empurrados” emumadeterminada direção, e comumavisãonegativadenósmesmos.Quandonosperguntamos“Euseitudoisso,porquenãocolocoemprática?”arespostaquetemoscostumaser:“Devehaveralgoerradocomigo”. Isso não é apenas nocivo, é também contraproducente, porque ossentimentosdevergonhadespertadosporessespensamentossomenteaumentamnossaambivalênciaefortalecemnossaresistência.Nãogostamosquenosdigamoquefazer,principalmentequandojásabemosoquefazer.Umbomexemplo:apesar das centenas de livros, milhares de artigos em jornais e revistas,infindáveis programas de TV, filmes, comerciais, programas de rádio que

  • discutem os princípios das finanças pessoais, ainda há milhões de pessoasincapazesdefazergrandesmudançasemsuavidafinanceira.

    Cremosqueospuxõesdeorelhasobreosriscosdenãoseterumfundoparaemergências,sobreosbenefíciosdeumorçamentofamiliarplanejado,ousobrequantovocêdeveriaestarpoupando,écomotentartratarumtumorcerebralcomaspirina: ela atua no sintoma e ignora a enfermidade. O aconselhamentofinanceiro não é suficiente para transformar comportamentos financeirosdestrutivos.Portanto, emvezdedarmosumsermão sobreoquevocê já sabe,vamosajudá-loaencontrarasrazõesqueestãopor trásdeseucomportamentodeautodefesaedeautodestruiçãoemrelaçãoàsfinanças–eentãolhemostrarcomo ser honesto em seu relacionamento com o dinheiro, e como assumir ocontroledesuavidafinanceiraetransformá-la.

    Em primeiro lugar, vamos explorar as origens dos flashpoints financeiros,aquelas experiências “aha!” ou as influências importantes relacionadas aodinheiro.Amaisóbviaéafamília.Nainfância,fazemosdescobertasechegamosa conclusões sobre o mundo com base nas mensagens intencionais e nãointencionaisquenossãopassadaspelaspessoasmaispróximas.Quandovemospessoas à nossa volta reagindo ao dinheiro de uma determinada maneira,internalizamos aquela informação, o que deixa em nós umamarca duradoura,especialmenteduranteaqueleperíodoemque somosmais suscetíveis.Foradocírculodafamília,tambémsomosinfluenciadosporeventosdaeconomia(comoa falênciada indústria local,ouasbolhasequedasdemercadosmaiores)easinfluênciasculturais(comoamídia,aeducação,areligião,aetnia,ogêneroeonívelsocial).

    A seguir, vamos explorar os preceitos financeiros, as suposições ou osconceitossobreodinheiro–seusignificadoeatuação–quecadaumdenóslevaa partir de nossos flashpoints financeiros. Falaremos então sobre oscomportamentosnocivos–osdistúrbiosfinanceiros–queresultamdisto.Vocêentãoaprenderáaidentificarseusprópriospreceitosfinanceiros(eostemasnão

  • resolvidosrelacionadosaeles),suasorigenseoimpactonegativoquetêmsobresuavidafinanceira.

    Precisamoscomeçarreconhecendonossoscomportamentosautoderrotistasesuas causas, porque, somente quando somos de fato sinceros sobre nossorelacionamentocomodinheiro,podemossuperare reverternossosconceitosecomportamentos autodestrutivos em relação às finanças e desenvolver outrosquesejammaisprodutivos.

    SuperandoaparalisiadavergonhaNeste momento, você talvez esteja pensando que o termo disfunções

    financeirassoebastanteexagerado,atéassustador.Paraficarclaro,asdisfunçõesfinanceiras são comportamentos extremos, e, por sua natureza, originamcomportamentos exagerados. Mas isso não altera o fato de que são reaçõesincrivelmentecomunsecompletamentenormaisaoseventosdifíceisdavidaquetodosenfrentamos,deumaformaoudeoutra.Emnossaexperiência,apatologiafinanceiramanifesta-setipicamentedetrêsmaneiras.Podemosrepetiropadrãofinanceiro destrutivo aprendido no início de nossa fase de socialização, quertenha sido observado em nossa família, ou em um contexto mais amplo.Podemosfugirparaoextremoopostodestespadrõesnumatentativadeevitararepetição das experiências e as consequências do nosso passado.Ou podemosalternar entre esses dois extremos de comportamento, passando pela opçãointermediária em um prejudicial “balanço de pêndulo”. Seja qual for nossopadrão particular, o resultado final é uma relação com o dinheiro igualmentedesequilibradaenociva.

    Soma-se a esse problema o fato de que as pessoas, em geral, se sentemprofundamente envergonhadas de sua incapacidade de manter umrelacionamento saudável com o dinheiro. Quando conversamos com nossosclientes, muitos deles acreditam serem vergonhosos seus comportamentosfinanceirosdopassado:“Estavacheiodevergonha”ou“Eutinhatantavergonha

  • de mim mesmo”. Quando sentimos vergonha, nos sentimos sem valor,incompetenteseparalisados.Nãovemosanósmesmoscomoalguémquetomoudecisõeserradas,mas,acreditamosquesomosmaus.Avergonhaafastaoventodenossasvelas.Elaroubanossaforça,nosconvenceadesistir.Afinal,sesomosmausesemvalor,enãoalguémquesimplesmentecometeuerros,entãosomosindignosdefelicidadeegraça.

    Esecremosquesomosindignos,temosmenospossibilidadedetransformarnosso comportamento problemático e podemos até sabotar, inconscientemente,nossas tentativas demudança. Você já deve ter visto armadilhas de cola pararoedores;bem,avergonhaéumaarmadilhadecolaemocional,quemantémaspessoasatoladasemumcírculoviciosodeação,recaídaeapatia.

    Mas não precisamos continuar como vítimas indefesas desse ciclo cruel esem sentido. O primeiro passo é nos libertar para reconhecer que nossosconceitosautomáticosemrelaçãoaodinheiroeoscomportamentos resultantesdeles não são sinais de que somos maus, sem valor ou, de alguma forma,“estragados”.Elessãoconsequênciasnormaiseprevisíveisdetermosvividoasexperiências que vivemos. Nossas crenças e comportamentos são resultadoslógicos, levando-se em conta quem somos, o que nos ensinaram, e comoaprendemosasobreviver.Assimqueaceitarmosnossahumanidade,com todososnossospontosfortesefracos,podemoscomeçaraavaliardemaneirahonestanossasdisfunçõesfinanceiras,eopensamentoportrásdelas,eterprogressoreale contínuo na direção do crescimento e da transformação. Esse é o nossoobjetivo:progresso,nãoperfeição.

    TransformandoamenteAntesdecomeçarmosamudaronossocomportamento, temosquedaruma

    olhada no lugar onde tudo se inicia: a mente e seus fascinantes e, por vezescontraditórios, sistemas de interpretação e resposta ao mundo. A pesquisaneurológicaecomportamentalcontinuaadesvendarinformaçõessurpreendentes

  • sobre como as emoções, os pensamentos e as ações interagem, e qual o seuimpacto em nossas decisões sobre finanças.Vamos dedicar atenção especial àmaneiracomoocérebroprocessaoseventos traumáticosesuasconsequênciasfísicas, emocionais e comportamentais. Embora os flashpoints financeiros nãosejam sempre traumáticos em seu sentido tradicional, eles são intensos eprofundamente emocionais. Portanto, entender os efeitos biológicos eneurológicos do trauma ajuda a compreender os efeitos dos flashpointsfinanceirosemnossopadrãoderaciocínioeemnossocomportamento.

    Nodecorrerdolivro,vamosutilizarhistóriascompartilhadasporpessoasquejácumpriramatarefadetrabalharocomportamentomalresolvidoemrelaçãoaodinheiro,oque lhes trouxecura,mudançadevidaesentimentodepazemseurelacionamentocomodinheiroadespeitodasrealidadesexternasemconstantemudança.(Mudamossomenteseusnomeseoutrosdetalhesquepermitissemsuaidentificação.) Vamos também compartilhar nossas próprias histórias, poischegamos a esse processo por meio de nossas próprias lutas contra ocomportamentonegativoeautodestrutivoemrelaçãoàsfinanças.Comosempredizemos:“Nossamensagempartedenossaprópriaconfusão”.

    Eaquiestáapartemais importantedenossamensagem:Épossívelmudar.Na realidade, quando removemos as barreiras mentais e emocionais,descascamos as camadas superficiais e encaramos longamente as forçasverdadeirasquecontrolamnossocomportamento,a transformaçãoécerta.Sejaqualforsuadificuldadecomodinheiro,aolerashistóriasdelutanaspróximaspáginas,vocêverá,semsombradedúvida,algodesimesmo,edesuaprópriahistória.Aolersobreasverdadeirastransformaçõesdosofrimentofinanceiroempazeprosperidade,esperamosqueencontreseuprópriosentimentodeesperançaedepossibilidade.Portanto,seestiverfrustradocomsuaincapacidadedemudaros hábitos financeiros, se estiver cansado de se sentir ansioso a respeito dodinheiro,seanseiaporumsentimentodepazeliberdadefinanceira,nãoprocureapróximaaspirinaparaamortecersuadordecabeçafinanceira.Emvezdisso,considereahipótesedelidarcomascausasocultasdesuadoreuseseuestresse

  • e ansiedade como um impulso para mudar radicalmente sua vida financeira.Chegouahora.Osbenefíciospodemsertremendos.

    ALLISON: Assim que o medo foi vencido e pudeexperimentar um relacionamento positivo com odinheiro, consegui relaxar e aproveitar. Fez toda adiferençaemminhavida.

    LEWIS: Fizemos uma lista de vinte e cinco itens doque tínhamos que fazer ou sobre o que precisávamosnosinformar.Numperíododeseismeseslidamoscomtodos os itens da lista, exceto três. Nossosrelacionamentos – entre eu e minha esposa e comnossosfilhos–sefortaleceram.Estamosmuitomelhoragora.Hámuitomaisabertura.

    STEPHANIE: O fato mais surpreendente é quantaenergiaéliberadaconformelidocomcadadificuldadeemetornomaissaudávelemmeurelacionamentocomodinheiro.

    PAUL: Percebi que é possível encontrar um meio-termo na visão que tinha de que o dinheiro era algoruim, assim como eram ruins as pessoas que o

  • possuíam. Fui capaz de desenvolver conceitos maisrazoáveis e comportamentos que fazem mais sentidoparamim,quemedãomaiorclarezaarespeitodotemadinheiro. O mais libertador é ser capaz de conversarsobre o assunto com minha esposa de maneiraconsciente.BRIDGET:A ideia de que a quantia que possuo naconta equivale àminha imagem e autoimagem – istomudou. Percebi que já tenho dinheiro suficiente parasustentaroestilodevidasimplesqueescolhi.Percebique não tenho que sacrificar tudo para ter uma boavida. Aceitei o fato de que tudo continua bem se euquisertirarumdiadefolgaenãofizerdinheiroaqueledia.Tudobemseeuquisermedivertir.

  • parte1

    AGRANDEMENTIRA

  • CAPÍTULO1INFORMAÇÃONÃOBASTA

    Osprincípiosbásicosdasaúdefinanceiranãosãocomplexosesãobastantesemelhantes, não importa quemvocê seja ou qual seu status financeiro. Essesprincípios tambémsãoosmesmosquerestejamosnos referindoaumapessoa,umafamília,umaempresaouumpaís:Poupehojeeinvistaparaofuturo.Gastequantiasrazoáveisparacurtiravidaeatingirosseusobjetivos,masgastemenosdo que você ganha. Cuidado com o investimento que parece ser bom demaisparaserverdade,porque,provavelmente,eleémesmo.

    Bastante simples, não é? Então por que parece que essas regras nãofuncionamparamuitosdenós?Emespecialnosdiasdehoje,poisemnenhumoutro momento da história recente nossa saúde financeira coletiva esteve tãocomprometida.Sejaláqualforadimensãododesastre–concordata,falênciaoudívida do consumidor – nos últimos dois anos, foram registrados recordes.(Quantasvezes,nosúltimosdezoitoanos,vocêouviuafrase:“Nunca,desdeaGrande Depressão…”?) Mesmo que nossa vida financeira esteja em dia, aincertezanosronda;seantesvocêsepreocupavacomodinheiro,éprovávelqueoconstanterufardasmásnotíciastenhasidosuficienteparaelevarseuníveldeestresseàsalturas.

  • Em9deoutubrode2008,odéficitorçamentáriodosEstadosUnidosatingiuamarcados10,2trilhõesdedólares.ORelógiodaDívidaNacional,quedesde1989acompanhaeregistraadívidadosEstadosUnidos,nãopossuíaespaçosuficienteparaexibirtodososdígitos,porissoosímbolododólarfoiremovido.AOrganizaçãoDurst,empresadosetorimobiliárioproprietáriadorelógioequeomantémemfuncionamento,pretendeinstalarummodeloatualizadoem2009.1Onovorelógioteráosdezesseisdígitosnecessáriosparaexibirvaloresnopatamardosquatrilhões.OrelógiojáesteveexpostoemdiversoslocaisehojeestáinstaladopróximoaoescritóriodaReceitaFederal.“Achamosqueseriaumlocalapropriado”,afirmouumrepresentantedaDurst.

    Hoje, muitos pesquisadores concordam que a maior fonte de estresse emnossasvidaséodinheiro.SegundoosresultadosdeumapesquisadaAssociatedPress/AOL publicados em junho de 2008, pelo menos dezesseis milhões deamericanossofriamcomosaltosníveisdeestressecausadospelasdívidasecomosproblemasde saúde relacionadosa isto.Umaumentode14%em relaçãoà

  • pesquisa semelhante conduzida em 2004. Em outubro de 2008, quando aAssociação Americana de Psicologia publicou sua pesquisa anual sobre oestresse,qualvocêachaquefoiconsideradaaprincipalfontedeestresseparaosamericanos? Impressionantes 80% responderam ser o dinheiro e a economia.Issofazsentidodiantedaatualcriseeconômica,masnãoénovidade.Anoapósano, durante os ciclos de crescimento e queda da economia, a pesquisa daAssociaçãoAmericanadePsicologia(APA)temdemonstradoque,paraagrandemaioria dos americanos – mais de 70% – o dinheiro é fonte número um deestresse,acimadotrabalho,dasaúdeoudosfilhos.Masporquê?

    Porqueodinheirotemtantaimportância?Em1992,ospsicólogosDr.JoeGriffineDr.IvanTyrrelldesenvolveramum

    novoframeworkdepsicologiasobreasnecessidadesbásicasdoserhumano.Aabordagem human givens2 criada por eles, combina a pesquisa existente emneurologia, como trabalho realizadopreviamente por teóricos comoAbrahamMaslow.

    Segundo Maslow, todos os seres humanos possuem uma hierarquia denecessidades,queseinicianasnecessidadesfisiológicasbásicas,comoalimentoe moradia, passando em seguida pelas necessidades sociais, emocionais eintelectuais.Asnecessidadesdoprimeironíveldevemsersatisfeitas,antesqueconsigamosatenderàsdonívelseguinte.

    GriffineTyrrellampliamotrabalhodeMaslow,identificandonãoapenasasnecessidades humanas universais, como também uma gama de recursos parasatisfazer essas necessidades; recursos esses disponíveis e inerentes a todas aspessoas. Reunidos, eles formam os “pressupostos humanos”. Segundo essemodelo, cada pessoa, independentemente de suas fronteiras culturais, temnecessidades básicas, tanto físicas (alimento, descanso e exercício) quantoemocionais (segurança, atenção e interação).Nossa saúdepsicológicadependede nossa capacidade de satisfazer essas necessidades por meio de nossos

  • recursosinerentes(taiscomoempatia,imaginaçãoeracionalidade)demaneirasprodutivaseeficazes.

    Emuma sociedademoderna e industrializada, o dinheiro é umadas únicascoisasquetocaeimpactacadaumadenossasnecessidades.Oefeitododinheirosobreasnecessidadesfísicaséobvio;vocênãopodetermoradia,porexemplo,senãotiverdinheirosuficienteparapagaroaluguelouahipoteca.Masobservealistadenecessidadesemocionaisdaspáginasaseguir.Odinheirotambémafetanossacapacidadedesatisfazeressasnecessidades,umasmaisdoqueoutras.Porexemplo, embora seja possível termos uma sensação de competência erealizaçãomesmosemdinheiro,isto,certamente,émaisdifícilemnossacultura.Omesmoacontececomnossostatuseautonomia.

    OInstitutoHumanGivensclassificaalistaaseguircomonossasnecessidadesehabilidadesessenciaiseinatas.

    NECESSIDADESEMOCIONAIS•Segurança:umaatmosferaseguraquenospermitaumdesenvolvimentopleno;•Atenção(tantoexpressadaquantorecebida):umaformadenutrição;•Sensodeautonomiaecontrole:vontadeparafazerescolhasresponsáveis;

  • •Conexãoemocionalaoutros;•Sentir-separtedeumacomunidademaisabrangente;•Amizade,intimidade:saberqueumapessoa,pelomenos,nosaceitacomosomos;•Privacidade:oportunidadederefletireconsolidarexperiências;•Sensodecompetênciaerealização;•Significadoepropósito:oresultadodecrescermosnoquefazemosoupensamos.

    RECURSOSPARASATISFAZERNOSSASNECESSIDADES•Habilidadededesenvolvermemóriacomplexadelongoprazo,quenoscapacitaaaprendereagregaraonossoconhecimentoinato;•Habilidadedeestabelecerrapport(confiançamútua),empatiaeinteraçãocomoutros;•Imaginação,quenospermitadesviaraatençãodenossasemoçõesebuscarsoluçõesmaiscriativaseobjetivas;•Emoçõeseinstintos;

  • •Umamenteconscienteeracionalqueavalienossasemoções,quequestione,analiseeplaneje;•Acapacidadede“saber”,decompreenderomundoinconscientementepormeiodopadrãodecomparaçãometafórica;•Umeuobservador:aquelapartedenósquepodesedistanciar,sermaisobjetivaeconscientedesimesmacomoespecialcentrodeconsciência;•Umcérebrosonhadorque,todasasnoites,preservaaintegridadedenossaherançagenética,aodesarmarmetaforicamenteasexpectativasacionadasnosistemadespertoautônomo,porqueestasnãoserealizaramnodiaanterior.

    Alémdisso, sendoodinheiro algo concreto emensurável, enquantonossasnecessidades(amor,segurança,atenção)nãoosão,étãofácilrelacioná-locomnossas necessidades emocionais, que não conseguimos separá-los. Passamos acrerqueodinheiroéamor,ousegurança,ouatenção.Nadailustraissomelhordoqueahistóriada“caixaespecial”doNatal.

    DENISE:Meu pai iniciou e administrou umnegóciomuito bem-sucedido e usa os frutos de seu trabalhopara“recompensar”anós,osfilhos.TodoNatal,assim

  • que os presentes são abertos, ele traz sua “caixaespecial”.

    Elaéapeçacentraldoatodepresentearemfamília,eassimtemsidodesdeaminhainfância.Dentrodacaixaháenvelopesquecontêmcheques,endereçadosacadaumdenós,osfilhos.Ounão.Porserumagarotaenãoestardiretamenteenvolvidanosnegóciosdafamília,àsvezes não há um envelope paramim.Ou pode haverumcommeunome,masmeus irmãos recebemvárioscadaum.Quandoos envelopes são abertos, a quantiaregistradanochequeéanunciadaatodosospresentes.Meu cheque é sempre o de menor valor. No últimoNatal, meus irmãos receberam cheques de 300 mildólares,masnãohaviaenvelopecomomeunome.

    Obviamente, aprendi com isso algumas lições:Dinheiroéigualaamorequemrecebemaisdinheiroémaisamado.Tambémaprendiqueodinheiropodeserusadoparacontrolarehumilharosoutros.Essasliçõesafetaramtodaaminhavida.

    Levando-seemconsideraçãoqueodinheiroé,aomesmotempo,essencialedotado de tamanha carga emocional, não é de se admirar que receba tanto de

  • nossa atenção. Também não é surpresa que tantas pessoas tenhamrelacionamentos tão tumultuadoseautodestrutivoscomele.ComoafirmaDickWagner,umdosprimeirosplanejadores financeiros:“Odinheiroéa influênciasecularmaispoderosaeinvasivadomundo”.

    Maisdinheiro:nãoénecessariamentearespostaEmboradinheirosejaessencial,aironiacrueléquemaisdinheironãoresolve

    automaticamenteosproblemasoualiviaoestresse.Narealidade,muitosestudosmostramque,paraoamericanode rendamédiaousuperior,nãohácorrelaçãoprevisívelentredinheiroefelicidade.EmseulivroOquenosfazfelizes,DanielGilbert afirma: “Osamericanosqueganham50mildólarespor ano sãomuitomais felizes do que os que ganham 10 mil por ano, mas os americanos queganham5milhõesporanonãosãomuitomaisfelizesdoqueosqueganham100milporano”.EissoestádeacordocomoqueospsicólogosDr.EdDienereDr.MartinSeligmandescobriramemsuapesquisa.

    Elesanalisarammaisde150estudossobreriquezaefelicidadeeconcluíramqueodinheirotemmenorinfluênciasobreoníveldefelicidadedeumapessoadoqueoutrosfatores,comorelacionamentospessoaissólidosouosentimentoderealizaçãoproporcionadopelotrabalho.

    Portanto, se o dinheiro é a maior fonte de estresse em nossas vidas e, aomesmo tempo (acima do nível da pobreza), ter mais dinheiro não resolve oproblema, qual é a solução? Se desejamos cuidar de nossa saúde mental efinanceira,asoluçãoénãonosconcentrarmosemganharmaisdinheiro,esimemdesenvolverumrelacionamentomaissaudávelcomele.Quandoencaramoselidamoscomasemoçõescomplexaseosassuntosmalresolvidosqueestãoportrás de nosso estresse financeiro, podemosmelhorar radicalmente nossa saúdepsicológicae financeiraatual,eaindaaprenderaadministrarmelhoreencararfuturas experiências traumáticas ou estressantes. Lembra-se dos “pressupostoshumanos”? É aqui que entram aqueles recursos inatos. Ao fazermos uso de

  • formadeliberadaeconscientedenossaempatia,denossaimaginação,emoçõese racionalidade – todas as nossas qualidades inerentes –, não apenastransformamosnossarelaçãocomodinheiro,comotambémvencemosopoderqueeletemsobrenós.Umplanejadorfinanceirocomquemtrabalhamosfez,porsimesmo,essadescoberta:

    STUART:Percebiqueoquemaiscontrolavaaminhavida era o medo, e hoje estou me libertando destemedo.Tenhoumsentimentodeserenidadeemrelaçãoa tudo isso. Meu portfólio pode ter sofrido umaredução de 50%,mas eu não sou 50%menos do queera no ano passado. Na realidade, me sinto maior –maisaberto,maissereno,maisgratodoquejamaisfui.Sintodefato,pelaprimeiraveznavida,quemeuvalorcomo pessoa tem muito pouco a ver com meu valorfinanceiro.

    Sinto-memais confortável commeu desconforto. Seiqueaindatenhotrabalhoafazer,masestounocaminhocerto.

    Stuartnãochegouaesselugarfacilmente,semenfrentarlutas.Nenhumadaspessoascomquemtrabalhamosofez.Amaioriadelaslevouanoslutandocontrasua própria incapacidade de mudar. Mesmo após terem enfrentado asdesagradáveisrealidadesdopassado,ecomeçadoadarospassosprodutivosem

  • direção à solução, elas experimentaram momentos de recaída nas antigas enocivas maneiras de pensar ou agir. No entanto, haviam desenvolvido acapacidadedeparar,reajustarecontinuar.

    Porqueétãodifícilmudar?Quandopercebemosasmudançasqueprecisamosfazere,mesmoassim,nos

    vemos incapazes de levá-las adiante, costumamos agregar o autoabuso àbagagem emocional que já carregamos, o que com frequência contribui comnossoestresse. “Porquenãoconsigo ficardentrodomeuorçamento?Souumfraco!” “Sei que preciso investir emmeu plano de aposentadoria, mas nuncafaçoisso.Comopossoser tão idiota?”.E,mesmoquenãodiga taiscoisasasimesmo,vai ouvir apresentadoresde talk-shows dizendo-as emvoz alta e, piorainda, dirigindo-se a pessoas como você. Quer venha de nós mesmos ou deoutros, uma boa dose de crítica nos faz sentir ainda pior, e mina a nossamotivaçãoparamudar:“Sesouotárioassim,dequeadianta?”.

    O fato é: você não é idiota, louco ou preguiçoso. Você é um ser humanomaduroquesecomportaexatamentecomoofariaalguémqueveiodeondevocêveio,quetestemunhouoquevocêtestemunhou,equeviveuoquevocêviveu!Por isso nós o convidamos a se livrar da vergonha.E não se puna caso tenhadificuldadeemsepunir.Vocêentraráemoutraespiraldevergonhaqueemnadavaiajudá-lo.

    O que realmente vai ajudá-lo é encarar a verdadeira origem do problema.Quandovocêcompreendedefatoosmotivosqueolevaramaopontoondeestá,tudofazsentido.Hárazõesarraigadas,complicadaseatéflexíveisqueexplicamporqueétãodifícilmudarsuaatitudeemrelaçãoaodinheiro.Aocompreendereaceitaressasrazões,serápossívelaprenderasuperarosobstáculospresentesemseucaminho.

    Muitas vezes, não estamos plenamente conscientes de nossa resistência àmudança, muito menos de sua origem. A incapacidade de fazer o que

  • deveríamosfazeréfrustrante.Lembra-sedeStephanie,naintrodução,quetinhadificuldade de encarar e lidar com os problemas financeiros na vida adultaporquecresceurecebendomensagensconfusaseenganosassobreaimportânciadodinheiroemsuavida?Quandoelanosprocurou,aajudamosalidarcomseustemasmalresolvidoseareavaliarafunçãododinheiroemsuavidautilizandoosexercíciosquevamoscompartilharmaisadiantenestelivro.Primeiro,elabuscouemsimesmaosconceitosnocivossobreodinheironosquaishaviaacreditadotodos esses anos.Em seguida, adaptou-os para que estivessemde acordo comseusverdadeirosobjetivosevalores,ecriouummantradodinheiroparaajudá-laareforçaressesnovosconceitosquandoosantigosviessemàtona.

    Aqui, Stephanie conta como conseguiu colocar essas novas perspectivas ehabilidadesemaçãoaosuperarsuaresistênciaoculta,oquepermitiuquefalassecalmaeabertamentesobreseusproblemascomodinheiro.

    STEPHANIE: Eu preenchia meus cheques para aaposentadoria e não os enviava, com receio de que ofluxode caixademinha empresanão fosse suficienteparacobri-los.Nuncameocorreuqueeupoderiadizeràminhacontadoracomomesentiaefazerumajustenovalor do pagamento. Era minha antiga postura de“ignorar” uma atitude em relação ao dinheiro queressurgia sem eu perceber. Continuei então com essecomportamento até receber uma ligação de minhacontadora perguntando sobre os cheques que haviapreenchido,masquenãohaviaenviado.

  • Senti muita vergonha por não ter cumprido essecompromisso comigo mesma! Mas, assim queconseguisuperarisso,mesentiàvontadeparapediroque precisava, e recebi. Finalmente tive coragem decontaraelaoquesepassavaemminhamentee,comoresultado, estabelecemos hoje outro valor paraaposentadoria, como qualme sintomais confortável.Estouenviandooschequestodososmeses.

    AmesabambaImaginequevocêestádiantedeumamesaquetemumapernamaiscurtado

    que as outras. Se o desequilíbrio é leve, isto provoca uma pequena irritação.Mas, se as pernas estão realmente irregulares e a mesa balançamuito, ela setornainstávele impossíveldeserusada.Apernacurtaprecisaterumcalçoouserconsertadaparaqueamesasejafuncional.

    O cérebro humano sob estresse se parecemuito com umamesa bamba.Aansiedade,omedoeavergonhanos levamaodesequilíbrio,eocérebrobuscasubstâncias ou comportamentos que possam repará-lo ou lhe trazer de volta oequilíbrio,aindaquetemporariamente.

    Esseestímuloparaoreequilíbriopodeserumasubstânciaqueéconsumida,comoacomida,anicotina,oálcool,oupodeseroefeitoneuroquímicodeumagrande variedade de comportamentos humanos. Alguns dos comportamentosmaiscomunsnessacategoriasãoascompras,otrabalho,oacúmulodecoisas,osexoea faxina,masqualquercoisapodevirtualmente tornar-seumaformadealiviarmosossentimentosnegativos.Comooscérebrossãodiferentes,cadaumdenóstemumasubstânciaouumcomportamentoparticularqueacreditamosser

  • capazde trazerequilíbrioeconforto,equeseoriginaemnossopróprioDNA,assim como nossas escolhas específicas, nossas oportunidades e desafios queenfrentamos.Éimpossívelpreverqualcomportamentoousubstânciaterámaiorefeitorestauradorparaumadeterminadapessoa.Océrebrobuscaesseestímuloemmomentosdeestresse,sobretudoquandojánãoacreditamosemnósmesmos.E, conforme o estresse aumenta – ou a mesa balança mais e mais –, maisprecisamosdessecomportamentoousubstânciapararestauraroequilíbrio.

    Embora cada um de nós tenha substâncias específicas ou comportamentosquetendemosabuscaremmomentosdeestresseouansiedade,algunsdelestêmuma atração mais ampla, quase universal. Observe o seguinte estudo que foifeitoporpesquisadoresdaArizonaStateUniversityedaErasmusUniversitynaHolanda.Apóstestaremaautoestimadosalunos,pediramaelesparaescreveremumensaiosobreumdestestemas:umavisitaaodentistaouasuaprópriamorte.Mais tarde, ofereceram a cada aluno pratos com biscoitos e também aoportunidadedeescolheralgunsitensdeumalistadecompras.Osalunoscombaixaautoestimaquehaviamescritosobresuasmortescomerammaisbiscoitose escolheram mais itens da lista do que os alunos com níveis de autoestimasemelhantes, mas que haviam escrito sobre a visita ao dentista. Conforme aexplicação dos pesquisadores, pensamentos de morte (a própria morte ou deoutrapessoa)nosdeixampoucoàvontade,aumentamnossoníveldeansiedade,etantoosbiscoitosquantoositensmateriaisofereciamumachancede“fugadaconsciência”. Em outras palavras, comer e gastar proporcionam distração asentimentosinquietantescausadosporaquelamesabamba.

    Mas, em pouco tempo, esses efeitos perdem força e a mesa começa abalançar de novo. Na realidade, ela estará um pouco mais instável graças àculpa, à vergonha e às consequências negativas experimentadas em seguida.Apesardessesefeitossecundários,osimplesfatodeaquelesestímuloscalmantesfuncionarem,mesmoquetemporariamente,acabaporcriaremalgumaspessoasumacompulsãoincontroláveldebuscá-losrepetidamente.Esseéopontocentraldos comportamentos viciantes e autodestrutivos. O alcoólatra, o que come ou

  • compra por compulsão, todos eles estão fugindo de sentimentos semelhantes,cada umdamaneira que lhe parecemelhor. Infelizmente, o desejo por aqueleprazer ou o alívio passageiro podem sair rápido do controle, causando sériosproblemasalongoprazo.

    NossaclientePhylliseseumaridoaprenderamissodamaneiramaisdifícil.Háalgunsanos,areaçãodocasalaoenvelhecimentoeàenfermidadefoigastardemais,eafundarem-secadavezmaisemdívidas.

    PHYLLIS:Antesdasfestasdefimdeano,eudiziaaCarl,meumarido,quenãoconseguiriatrabalharnesseritmo por muito mais tempo. Como ele cuidava dopagamento das contas e cuidava dos gastos, euraramente verificava as contas. Quando parei paraverificar onde poderíamos cortar gastos, ficou claroqueestávamosgastandodemais.Naépocarecebíamos,por dia, duas ou três propostas de cartões de créditosemjuros.Então,pensandoestarfazendo,defato,algobomeimportante,transferitudoparaosnovoscartõese guardei os cartões pagos em um cofre, casoprecisássemosdecréditoparaumaemergência.

    Naquelaprimavera,Carl recebeuodiagnósticodeumtumor no pulmão. Eu sabia que era o momento derealmentediminuiroritmo.Elelutavacontraocâncer

  • háanos,e,independentedotempoquelherestasse,euqueria que desfrutássemos nosso casamento. Diminuiminhas horas de trabalho e me preparei para aaposentadoria,masnuncamudamosnossoshábitosdeconsumo,mesmoquandoarendacomeçouadiminuir.No início de verão,Carl passou por uma cirurgia e –acredite se quiser – o tumor era benigno. Era omomento de celebrarmos nossa sorte! Planejei umamaravilhosafestadeaposentadoriacomvelhosamigos,familiaresecolegas.Eurealmentemediverti.

    Logoemseguida,Carldisse:“Vamosvisitarsuafilhaea família dela”. Bem, ele não precisou pedir duasvezes.

    Retiramososcartõesdecréditodenossocofre,poisosque estávamos usando haviam estourado, e viajamosporduassemanasemeia.Foimaravilhoso.Decidimospresentear a nós mesmos e à família com umatemporadaemumresort.Carleeupagamostudoparatodos.Certodia,tivequelevarmeunetinhomaisnovoao banheiro e ao restaurante. Ele tinha quatro anos.Pediu sorvete e eu lhe disse: “Querido, a vovó não

  • trouxe dinheiro. Está lá na praia com amamãe”. Eleapontou o caixa automático e disse: “Tudo bem, aquiestáamáquinadodinheiro.Ésóiratéláeelavailhedarodinheiro”.Tenteiexplicarquenãoerabemassim,maseleeramuitopequenoparaentender.Oengraçadoé que meu comportamento não era muito melhor doque o demeu neto. Se alguém tivesseme observado,perceberiaqueeutambémnãotinhaentendido.Tivemosumaviagemmaravilhosa,queeu jamaisvouesquecer,mas chegou a hora de ir para casa e nossasfinanças estavam um desastre. Foi como seestivéssemos voltando de uma bebedeira de dinheiro.Hoje sei que durante toda a viagem eu estava emconstantenegação, fingindoquepodiapagarqualquercoisa que desejasse, como acontecia antes. Isso fezcom que eu me sentisse melhor, mas apenas durantecertotempo.

    Phyllis e seumarido já estavamgastandodemais quando ela trabalhava; e,quandoseaposentou,elescomeçaramagastaraindamais.Elagastavademaisporque, inconscientemente, tentava encontrar distração para a desconfortávelrealidadedaenfermidadeedoenvelhecimentoiminente.Queriasertambémumaavóemãegenerosaeamorosa,ecomemoraraboasaúdedeseumarido.Asua

  • infânciacomofilhaúnicaemimadaalevavaagoraafinanciartudoparatodos.Selheperguntassem:“Afundar-seemdívidaséamelhormaneiradedesviarsuaatençãodosproblemas?”ou“Suafamíliaaamariamenossevocênãopagassetudo?”.Elatalveztivesserespondido“não”aambas.Massuamenteconscientee racional foi derrotada diante do poderoso cérebro emocional – comofrequentementeacontece.

    Nopróximocapítulo,vamosfalarmaissobreasáreasemocionalearacionalde seu cérebro e como elas trabalham juntas e, algumas vezes, uma contra aoutra.Nestemomento,o importante é compreenderque suabatalha financeiranão é umamedida de fraqueza ou fracasso. É uma resposta previsível a suasexperiênciaspréviascomodinheiro,geralmentedesencadeadapeloestresseoupelaansiedade.Aboanotíciaé:vocêpodemudar.

    Eagora?Parece que hoje o mundo todo está sofrendo dos pós-efeitos do trauma

    financeiro. Não é a primeira vez que acontecimentos locais, nacionais einternacionais afetam nosso bem-estar financeiro e, com certeza, não será aúltima vez.O lado positivo é que a recente crise econômica nos oferece umaoportunidadesingulardeencararatentamentenossosconceitosautodestrutivoselimitantes sobre o dinheiro e, como resposta, conseguimos mudar nossocomportamento.Masnãopodemosfazerissoatédarmosváriospassos.

    Damesma forma como acontece com outro problema, o primeiro passo éreconhecer que existe, de fato, um problema. Esse é com frequência omaiorobstáculo, porque, a curto prazo, a negação é muito eficaz e tentadora. Atéaprendermos a aceitar que temos um problema, nem mesmo a atual crisefinanceira,abrangentecomoé,serásuficienteparamudarnossocomportamentoalongoprazo.Ofatoéquesomosprofundamenteresistentesamudanças,esenão reescrevermos os preceitos por trás de nossos comportamentosautodestrutivos,corremosoriscoderepeti-losvezessemfim.

  • Umexemploqueilustrabem:Noiníciode2009,ojornalamericanoTheNewYork Times entrevistou diversas pessoas que haviam sobrevivido a acidentesaéreosnosmesesanteriores.Oobjetivoeradescobrirquemudançasosmuitossobreviventes haviam se comprometido a fazer após a experiência de quasemorte, e quantos deles haviam de fato levado o compromisso a sério. Quasetodos haviam prometido fazer mudanças e poucos deles tiveram sucesso naspromessasmaissimples,comoreclamarmenossobreasirritaçõesdodiaadia.Mas a maioria dos passageiros compartilhava a frustração do homem queafirmou:“Ovelhoditadoquediz‘Otempocuratodasasferidas’éverdadeiro.Elasduramumcurtoperíododetempo,pelomenosparamim.Entãoarealidadeda vida se instala. Acho que é realmente fácil sofrer uma recaída nos velhoshábitos”.

    Ouvejaoqueaconteceaospacientescardíacos.Acirurgiadepontedesafenaécara,arriscada,traumática,invasiva,eexigeumlongoperíododerecuperação.Ninguém a vê como diversão, e mudar o estilo de vida – comida saudável eexercícios–podereduzirdemaneirasignificativaaschancesdeterqueenfrentara cirurgia outra vez. Poderíamos pensar, então, que aqueles que passaram poressa cirurgia dolorosa não teriam problema algum em levar adiante essasmudanças de comportamento. Mas, segundo o Dr. Edward Miller, reitor daEscola de Medicina Johns Hopkins, esse não é o caso. “Se observarmos aspessoasdoisanosapósterempassadoporumacirurgiacoronariana,90%delasnãomudaram o seu estilo de vida. E isso tem sido alvo de repetidos estudos.Portanto,háalgoaquiquenãoestamospercebendo.Emboraelassaibamquetêmumadoençagraveequedevemmudaroestilodevida,poralgumarazão,nãoconseguemfazê-lo.”

    Parecequeescapardamorteporpouconãoésuficienteparanosmotivarafazermudançaspermanentes.Nemo traumade teroesternocortadocomumaserra, ter o peito escancarado e costurado novamente. Então o que nos leva aacreditar que essa crise financeira vai, automaticamente, mudar nossorelacionamentocomodinheiro?

  • 12

    Não vai. Não há nada automático nesse processo. Nós podemos fazermudanças,mas somente seestivermosdispostosausaressa oportunidadeparaanalisar de perto nosso relacionamento como dinheiro. Sem essa cura básica,nosso cérebro nos levará pelo caminho damenor resistência.Vamos voltar aopadrão de comportamento que ajudou nossos ancestrais a sobreviverem nopassado.Nossocérebropré-históriconãosabequeascircunstânciasmudaram,que as reações a conceitos antigos não têmmais utilidade. Ele não consegueentender que os mecanismos que mantinham nossos ancestrais vivos nasflorestas e savanas são os mesmos que nos fazem tropeçar hoje. Da mesmaforma,elenãopodesaberqueasconclusõesaquechegamossobreodinheiroapartir de nossas experiências nas primeiras fases da vida, os conceitos queajudaram nossasmentes jovens a formarem uma percepção domundo podemsabotar nossa saúde financeira quando chegamos à vida adulta. Mas nóspodemosconhecereentender.Éporissoqueprecisamosreciclarnossocérebropré-históricoparaqueseadapteànossarealidadefinanceiraatualafimdequepossamosevitarrepetirosmesmoserros.

    Antesdecontinuarmos,separeagoraummomentopararelacionartrêscoisasquevocêprecisa fazerou foi aconselhadoa fazera respeitodas finanças,masquenãoconseguecolocaremprática.Oqueserianecessárioacontecerparaquevocêrealmentesecomprometesseafazertaismudanças?

    Atéagostode2010,nãoháinformaçõesdequeumnovorelógiotenhasidoinstalado.(N.T.)Pressupostoshumanos.(N.T.)

  • CAPÍTULO2OZOOLÓGICOEMVOCÊ

    Imagine um lugarmuito pequeno, semelhante a uma jaula onde estão trêscriaturas: um crocodilo, um macaco e um cientista. É possível que elescoexistampacificamente?Quesecomuniquemecooperemunscomosoutrosdemaneirasignificativa?Épossívelquesobrevivampróximoscomoestão?

    Acredite se quiser,mas é exatamente isso que acontece em suamente, diaapós dia. Seu cérebro é formado por três sistemas interligados que reagem aomundodemaneirasmuitodistintas.Paraotimizarseufuncionamento, todosostrês sistemas precisam coordenar suas respostas. O cientista, o macaco e ocrocodilo precisam trabalhar em conjunto. Surpreendentemente, isso éexatamenteoqueaconteceamaiorpartedotempo.Ocrocodilo–apartemaisprimitivadocérebro–concentraaatençãonasameaçasempotencial.Omacaco–aparteemocionaldocérebro–mantém-seocupadoexplorandoeinvestigando,e o cientista – o racionalizador – observa e analisa a informação que chega.Quandotodosostrêscombinamosseusesforços,realizamgrandescoisas,quenenhum deles conseguiria realizar sozinho.Mas, se algo assustador acontece,nãohádúvidaalgumadequemsejaoverdadeirolíderdasituação.Aquivaiumadica:Nãoéapessoavestidacomumjalecocomumapranchetanasmãos.Emmomentosdegrandeestresse,nãohámaisregras.

    Esse exemplo de como o cérebro funciona tem implicações profundas emnossa saúde mental e financeira. Ele explica por que persistimos em nossoscomportamentos financeiros limitantes e autodestrutivos mesmo quandosabemos que estão nos fazendomal. Porque quando se trata de dinheiro, com

  • maior frequência do que imaginamos, nossos impulsos e emoções – nossocrocodilo e nossomacaco interior, e não o cientista – são quem comandam oshow.

    OcérebrotriúnoNa década de 1950, o neurologista PaulMcClean desenvolveu uma teoria

    sobreaestruturadocérebro,naqual identificavatrêsáreasdistintas,cadaumadelascontrolavafunçõesdiferentes,equeevidenciavamumestágiodiferentedenossodesenvolvimentoevolucionário.Obviamente,nenhumametáfora simplesparaalgotãoincrivelmentecomplexocomoocérebrohumanoseráprecisaporcompleto, e pesquisas posteriores indicam que a evolução não foi tão linearquanto McClean imaginou. Mesmo assim, seu modelo ainda é uma maneiraprática de entender como o cérebro está organizado e como essa organizaçãoafetaoraciocínioeocomportamento–,sobretudonoqueserefereadinheiro.

    Océrebroreptiliano– representadopelocrocodilo–é formadopelo troncocerebralepelocerebeloconectadocomamedulaespinal.Océrebroreptilianocontrolaos reflexos,oequilíbrio, a respiraçãoeo ritmocardíaco.Ele tambémage como coletor de informação sensorial, mas o processamento dessainformaçãoemraciocínioesentimentosaconteceemoutrolugar.Oúnicofocodocérebro reptilianoestána sobrevivência.Elessão bonsparamorder coisas,fugir,ouficarimóveis,sejaqualforaaçãoquelhesgarantaasobrevivência.

    BRAD: Isto foi ilustradoparamimcertanoite, assimque nosmudamos para oHavaí. Eu estava assistindoTVenoteicertomovimentonaparede.Olheieviduaslagartixas, uma grande e uma pequena, totalmenteimóveisnoquepareciaserumbeijo.Assisti,chocado,

  • quando a cauda da menor contorcia-se enquantodesaparecia na boca da maior. Ao ter vencido acompetição por sobrevivência, a lagartixa maiorcontinuou com seu papel de lagartixa. Nada delealdade.Apenasreflexo.Apenassobrevivência.Esseéonossoréptilinterior.

    O cérebro límbico – representado pelo macaco – se sobrepõe ao cérebroreptiliano.McCleanochamoude“cérebromamíferoprimitivo”.Éaquiqueasemoçõesepensamentoscomeçamaagire,poressarazão,ospesquisadoresàsvezes se referem a ele como cérebro emocional. Ele é composto por váriasestruturas distintas, sendo as mais importantes a amígdala cerebelosa, ohipotálamo e o hipocampo.O hipocampo nos ajuda a lembrar e a navegar noespaço tridimensional; também tem a função de transferir experiências àmemória de longo prazo e também de recuperá-las. O hipotálamo conecta osistema nervoso ao sistema endócrino, e dessa forma controla a liberação dehormônios,taiscomoaadrenalina,fundamentalparaareaçãodelutaroufugir.A amígdala é crucial na formação e no armazenamento de memóriasrelacionadas a experiências emocionais. (Falaremos mais sobre a amígdalaquando discutirmos os efeitos do trauma.) De maneira geral, essa parte docérebrodesempenhaumpapelessencialnamemóriaenoaprendizadoapartirdeexperiências –, especialmente aquelas de grande intensidade emocional. Emconjunto,osistemalímbicoéapartedocérebroenvolvidaemcomportamentoscomo cuidar da prole de outro ou desenvolver relacionamentos com outrosmembrosdogrupo,datropa,famíliaoucultura.

  • Otermomente-macacoéfamiliaraquasetodosaquelesquejáfizeramumaauladeiogaoumeditação.Afrasenosétrazidapelobudismoeserefereàmaneiracomonossospensamentosseagitam,comoummacacopulandodegalhoemgalho.Acalmaroudistrairamente-macacoéumdosaspectosmaisdifíceiseessenciaisdameditação.EmACuraeaMente,ojornalistaBillMoyerseopesquisadordocâncerMichaelLernerconversamsobreamente-macaco.

    LERNER:Ameditaçãoaquietaasuamente.Éumamaneiradesimplesmentesentar-seemsilêncioepermitirquesuamenteseesvaziedotodoseuconteúdo,sejaconcentrando-seemalgo,comoumsom,suarespiração,ouumaideia,ouapenasesvaziandoamenteepermitindoqueascoisasentremesaiamnovamente.Háumavariedadedetécnicasdemeditação.

  • MOYERS:Masédifícilfazerisso,porqueamenteestáconstantementecheiadetagarelice.Elaécomoosmacacosnasárvores,matraqueandoparaláeparacá.Sevocêcalarosmacacosnestaárvore,osmacacosdaoutracomeçarãoafazerbarulho.

    LERNER:Amenteédefatoreconhecidacomoummacaco.Todosnóstemosumamente-macaco.Nameditaçãovocêdáaomacacoalgoparafazer.Porexemplo,umaimagemtradicionalédizeraeleparaficaratento.Issoequivaleadá-loumsompararepetir,oudizeraelequeseconcentreemsuarespiraçãoparaquevocêpossairalémdamenteconsciente,paraumlugarondehajaalgumsilêncio.

    Oneocórtex–ocientista–éondeseorigina tudooque fazcomquevocêsejavocê: seuspensamentos, suasesperanças, seussonhos, seusobjetivos.Éaparte analítica do cérebro, aquela que trabalha quando você pesa os prós e oscontras de várias ações possíveis. O neocórtex também controla aautoconsciênciaeafala;éapartedocérebroresponsávelpelaorganização,peloplanejamento e – também importante –, pelo controle dos impulsos maisprimitivos que vêm de outras regiões do cérebro. Entretanto, o neocórtex étambém a menor e mais recentemente desenvolvida região do cérebro e, emmomentosdeestresse,facilmentesequestradapelasoutrasduas.

  • Nãoestamossugerindoquevocêestejaprontoparaumacirurgiacerebral,porissovamossimplificarissotudo.Eocérebroreptiliano(ocrocodilo)eocérebroemocional (omacaco)costumamtrabalhar juntosparagerarnossos impulsosereações emocionais mais primitivos, portanto vamos chamá-los de cérebroanimal.Vamosnosreferiraoneocórtex(ocientista)comoocérebroracional.

    Namaioriadasvezes,asdiferentesregiõesdocérebrosedividemnotrabalhode observar e reagir ao mundo. O cérebro animal processa memórias esentimentos, criando, armazenando e recuperando associações a partir deexperiênciaspassadas.Eletambémrecebeerespondeàsinformaçõessensoriaisdomundoexterior(porexemplo,acelerandonossarespiraçãoquandoosníveisdeoxigênioestãobaixos).Emseguida,océrebroracionaldesenvolvenarrativasparaexplicaroqueestáacontecendoetomadecisõessobreoquefazeraseguir.

    Namaiorpartedotempo,océrebroanimaleocérebroracionaltrabalhamemconjuntoseminterrupçãoequasesemesforço.Narealidade,éessacapacidadeespecialqueocérebrotemdeanalisareexpressarestadosfísicos,sentimentoseemoções que têm permitido que nossa espécie domine o reino animal. Mas,enquantoocérebroanimaleratestadoerefinadodurantecentenasdemilhõesdeanos, o cérebro racional, pelo visto, começou a se desenvolver em nossosancestrais emdata relativamente recente–hámenosdedoismilhõesde anos.Entreosdois,océrebroanimalémaisrápidoemaisforte.Eletemseuprópriosistemadecircuitose,dessaforma,podeoperarindependentementedocérebropensante.Há cerca de cinco vezesmais nervos que partem do cérebro animalpara o cérebro racional do que na direção oposta. Isso significa que a áreaconsciente e racional de nosso cérebro temmuitomaterial para trabalhar,mastambémtemmenorinfluênciasobreoqueaconteceforadeseudomínioeémaislentopararesponderdoqueoutrasregiõesdocérebro.

    Por essa razão, quando nosso nível de ansiedade se elevamuito – quandoexperimentamos algo surpreendente ou inesperado, algo que o cérebro animalinterpretacomoumaameaçaàsuaexistência–aparceriaentreocérebroanimale o cérebro racional desmorona. O cérebro racional é bloqueado de maneira

  • instantânea,comoseestivesseatrásdeumaportaqueérepentinamentefechadaetrancada.Ocientistaéretiradodeseuprocessodetomadadedecisão,deixandoocrocodiloeomacaconocontrole.Talvezvocêjátenhaanalisadoumasituaçãodetensãoedereaçãorápidaedisseasimesmo:“Porqueeunãodisseisso?”ouaindapior:“Porqueeudisseaquilo?”. Issoacontecequandoocérebroanimalassume o controle, nos pressionando em direção a uma ou mais entre trêsreações.

    Lutar,fugiroucongelarQuandonossocérebroanimalpercebeumaameaça,querestasejaumtigre-

    dentes-de-sabre em uma selva pré-histórica ou um desastre econômico que seaproxima,ohipotálamosinalizaaocorpoquecarregueacorrentesanguíneacomhormônioscomoaadrenalina,ocortisoleanoradrenalina.Issodesencadeiaumasériedereaçõesfísicasquenospreparamparalutarenosdefender,parafugir,oucongelar no lugar até que a ameaça se afaste.O coração batemais rápido e arespiraçãoseacelera,permitindomaiorcirculaçãodeoxigênio.Adigestãoficalentaeemalgumaspartesdocorpoosvasossanguíneossecontraem,enquantoosistemacirculatóriodosmúsculosmaiorescomeçaasedilatar.Abocaficaseca.Desenvolvemos a visão em túnel. A audição torna-se extremamente aguçada.Estamosprontos.

    E então o que fazemos? Bem, isto determinado pelas circunstânciasespecíficas que enfrentamos e se temos ou não lembranças de experiênciassemelhantesparabuscar.Fazerconexõesentreosdadosdasituaçãopresenteeasexperiências prévias é uma das funções principais do cérebro animal, efalaremos sobre issomais adiante. O fato é que nossas primeiras reações sobestresse não são determinadas por nosso cérebro racional.Quando estamos nomodolutar,fugiroucongelar,océrebroanimalassumeocontroleenossamenteracionaltempoucoounadaavercomocomportamentoquesesegue.

  • Vimoscertavezumaperfeita ilustraçãodissonoAmerica’sFunniestHomeVideos.3Na comemoração doDia dasBruxas, o dono da casa fantasiou-se decorvoesentou-se,imóveleemsilêncioemumacadeiradavaranda.Enquantoosvisitantes recebiam doces na porta da frente, ele de repente se levantava eseguravaovisitantedistraído.Amaioriadaspessoasgritouecorreu(areaçãodefuga),excetoporumjovem.Muitorapidamente,elesocouacabeçadocorvoedepoiscorreu.Depoisdealgunsinstantes,voltouparasedesculpar.

    Éassimqueocérebroanimalageparanosmantervivos.Ojovempercebeuaameaça, agiu imediatamentepara sedefenderedepoiscorreu– lutar, edepoisfugir. Todas essas ações foram completamente inconscientes e automáticas, esomentequandoeleestavalongedaameaçaoseucérebroracionalconectou-sedenovo.Foiquandoeleanalisouasituação,percebeuqueestavaerradoaobateremseuespertalhão,masinofensivovizinho,esedesculpou.

    Oquetudoissotemavercomdinheiro?Muito,parafalaraverdade.Porquequando estamos bastante assustados com a economia, ou suficientementeestressadoscomnossas finanças,nossoscérebrosanimaisassumemocontrole.Umavezoperandonessemodo,tomamosdecisõesbaseadasemnossasemoções,comoexcitaçãoemedo,emvezdeusarmosa lógica.E issopodeserperigosoporque essas emoções, sem a devida atenção, podem levar a comportamentosirracionaisedeautodefesa–otipodecomportamentoportrásdetodasasbolhase crises econômicas. (Vamos discutir com mais detalhes esse tema quandofalarmossobreasorigensdosflashpointsfinanceiros.)Vamosveragoraalgumasdasmaneirascomoreagimosaoestressefinanceiro.

    Lutar.Algumaspessoasreagemcomiraeculpa.Numesforçosubconscientedeevitarassumirresponsabilidadepessoalporseusproblemasfinanceiros,elesculpam outros: culpam o tio por ter lhe dado um conselho equivocado sobreações, culpam o banco pelas práticas de empréstimo predatório, um partidopolíticoespecífico,vendaadescobertoedaípordiante.Alguémqueestejanomodo “luta” pode ligar para seu planejador financeiro e reclamar ou ameaçar

  • processá-lo,brigarcomocônjugeoufilhosporgastaremdemais.Essasreaçõesnão apenas impedem que o problema seja resolvido como também feremrelacionamentose levamasofrimentoeestresseaindamaiores.Àsvezes,essareaçãodeiraaconteceinternamente,quandoapessoasepuneporcomportar-sedeumamaneiraque,analisandoemretrospectiva,elaacreditaquenãodeveria.Isso, assim como acontece quando sente raiva de alguém, é uma tentativa dealiviarsuaincontrolávelansiedade.

    Fugir. Outros reagem tentando ficar o mais distante possível da fonte doestresse.Seoproblemaéaperdacomoconsequênciadeummauinvestimento,por exemplo, alguém pode, imprudentemente, retirar todo seu dinheiro domercadoecorreremoutradireção.

    BRAD: Recentemente conversei com alguém queretirou todo o seu dinheiro do mercado. Ele estácomprando todas as moedas de ouro e prata queencontra, comprou um cofre, um rifle automático, eestáarmazenandoemsuacasasuprimentossuficientesparaumano.Essaéumareaçãoextremadefuga!

    Tambémnão é algo semprecedentes.Durante aGrandeDepressão,muitaspessoas ricas fugiram das cidades, se abrigaram em casas de campo e seabasteceram de comida enlatada. Algumas famílias chegaram ao ponto demontarem metralhadores nos beirais das casas para se protegerem e a seusgruposcontraumaameaçaquenuncaseconcretizou.

    Congelar.Outra reação comumé sentir-se tão oprimidoquenão é possíveltomar atitude alguma. Essas pessoas entram num processo de negação doproblema (uma das disfunções que discutiremos no próximo segmento) e

  • congelam.Parausaroutrametáforaanimal,elesse“fingemdemortos”.Evitampensaremsuasituaçãofinanceiraepodematédeixar,porcompleto,deavaliarseusrelatóriosdeinvestimentosouextratosbancários.Nãoacompanhammaisasnotíciaserepetidamenteignoramasrecomendaçõesdeconselheirosfinanceiros.Muitas vezes, permanecem congelados até serem sacudidos por algum eventocatastrófico,comoumagrandeperdadomercadoouumaexecuçãodahipotecadesuacasa,apenasparacongelaremoutraveznainatividadeassimqueacriseforcontrolada.

    TED: Quando decidi começar a investir em minhaaposentadoria,converseicomnossocontadorparaquemeajudasseadeterminarquantoeupoderiadisporparaenviar-lhe todos os meses, para que investisse paramim. No primeiro mês, senti muito orgulho de mimmesmo.Aos53anos,eucomeçavaafazerminhaparteaocuidardemimmesmo,investindoparameufuturo.Veio o segundo mês e eu fiz o cheque, mas não oenviei.Noterceiromês,novamente.Noquarto,quintoe sexto meses, a mesma coisa. Eu fazia os cheques,porém não conseguia enviá-los. Meu contadortelefonavaemeperguntavaondeestavamoscheques.A resposta era sempre amesma: “Estão aqui,mas euainda não os enviei”. Eu tinha muitas desculpas, noentanto sabiaque ali haviaumassuntonão resolvido.

  • Para mim foi literalmente impossível enviar oscheques,atéquelideicomoquedefatomeimpedia.

    O que você deve fazer ao se descobrir numa reação lutar/fugir/congelar?Aqui estão quatro passos simples que o ajudarão a manter o controle e ocapacitarãoatomardecisõesmaissensataseracionais.

    Passo1: Reconheça que, quando você está emocionalmente alterado –sejapelomedooupelaexcitação–, vocêestará inclinadoaagirde formairracional.Lembre a simesmo que as decisões financeiras tomadas nessascondiçõesdegrandecargaemocionalquasesempresãomalorientadas;issopode ajudá-lo a trazer seu cérebro racional de volta ao controle. Dê a simesmoapermissãodeadiarumagrandedecisãoatéissoacontecer.

    Passo2:Respire fundoalgumasvezes. Issopodeparecer tolice,mashácomprovação fisiológica verdadeira de sua eficácia. Quando estamosestressados ou irados, automaticamente respiramos de forma curta esuperficial. Inspirar profundamente várias vezes pode ajudar a iniciar umareação de relaxamento. Cada vez que inspirar, repita em sua mente umapalavra ou frase reconfortante: “Relaxe” ou “Acalme-se”. Isso ajuda areconectar amente racional e a evitarqueela seja excluídadoprocessodetomadadedecisão.

    Passo3:Avalieaprecisãodeseuraciocínio.Ofatodeumpensamentosurgir em sua mente não significa que ele seja verdadeiro. Qual é oargumentoque sustenta sua suposição?Qual é o argumento contra ela?Háuma explicação melhor? Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Vocêconseguiriaconvivercomisso?Qualéaconsequênciamaisrealistadisso?Seumamigoouumapessoaqueridaestivessenessasituaçãoeplanejassefazeroquevocêtememmente,oquevocêlhediria?

  • Passo4:Nãotomenenhumadecisãoprecipitada.Dêalgumtempoentresuareaçãoemocionalequalqueratitudequevenhaatomar.Quandoestamosaflitos, são necessários cerca de vinte minutos de pensamentos relaxantesparaqueocérebroanimalfiquecalmoobastanteparapermitirqueocérebroracional assuma o controle novamente. Mesmo assim, ainda podemos serlevados por nossas emoções, portanto considere a hipótese de buscaraconselhamento financeiro profissional antes de tomar uma decisãofinanceiraimportante.

    Asreaçõeslutar,fugiroucongelarservemaumpropósitodeadaptação.Elasse desenvolveram ao longo do tempo para garantir a sobrevivência de nossosancestrais pré-históricos, e ainda são essenciais quando enfrentamos perigo devida.Masparamuitosdenósessa reaçãonãonosajudamuito a lidar comosagentes causadores de estresse do dia a dia. Na realidade, pode sercontraproducente. Nosso cérebro animal não sabe disso, por isso, quandoexperimentamos o que deveria ser uma pequena irritação – uma fechada notrânsito,umadiscussãocomocônjugeousócio,umainesperadataxabancária–,ele a registra como uma grande ameaça, sobretudo se os níveis de estresse jáestiverem elevados. Isso quer dizer que teremos a tendência de reagirexageradamente,mesmoquandonossoserconscienteentendeasituação.Aboanotíciaéqueocérebroemocionalpodesertreinadoasuprimiressasreaçõesdesobrevivência que já estão impressas nos circuitos. Na realidade, a saúdefinanceirasustentáveldependedenossahabilidadedefazerexatamenteisso.

    OtreinamentoassumeocontroleOespecialistaT.J.Vallejos,ummédicodecombateassociadoàCompanhia

    Charlie, Terceiro Pelotão 2-27, ao descrever suas experiências emKirkuk, noIraque,afirmou:“Eumepreparoparaopioreesperoomelhor.Aprimeiravezquepresteisocorroaossoldadosapósumincidente,aadrenalinaestavacorrendo

  • nas veias,masmeu treinamento assumiu o controle e eu sabia o que tinha defazer”.

    Stephen Price, bombeiro voluntário que quebrou a janela de um SUV emchamas para resgatar os passageiros que estavam presos: “O treinamentoassumiuocontrole.Querodizer,eunãopenseisobreoassunto.Tudooqueeusabiaeraquealguémestavaemdificuldadeseprecisavadeajuda”.

    PamelaIsaza,mãeedonadecasaeex-técnicadeemergênciasmédicas,quesalvouumgaroto,vítimadeafogamento:“Eleestavaazul,semrespiraçãonempulso.Meutreinamentoassumiuocontrole”.

    ChipReynolds,opolicialquearriscousuavidapararesgatarumrefémdeumassaltante armado: “Elepoderia ter atiradoemmim,mas issonãopassoupelaminha cabeça.Meu treinamento assumiu o controle. Eu fiquei esperando pelomomentocertoparacontrolarasituação”.

    Essessãoexemplosemqueocérebroracionalaprendeacontrolarocérebroanimal–obviamentenãopormeiodedecisõesconscientes,mascontandocompreparo ou treinamento direcionado. A palavra treinamento aparece repetidasvezes nos exemplos acima porque qualquer trabalho que exija a realização deaçõesespecíficasemsituaçõesdegrandeestresseexigequeocérebroemocionalreceba treinamento intensivo.Osprofissionaisdeelitedapolíciapassamhoraspraticandooexatomovimentomuscularnecessárioparasacaraarmaecolocar-seemposiçãodetiro.Pilotosdeaviãopassamcentenasdehorasemsimuladoresdo voo, treinando como agir em todas as situações imagináveis que possamsurgirduranteovoo.Ossoldadossãosubmetidosatreinamentonofogo,esãoensinados a continuar avançando apesar das explosões à sua volta e das balaszunindoacimadesuacabeça.

    Otreinamentotambémnosajudaadominarnossasreaçõesemsituaçõesquenãorepresentamriscodemorte,comonosesportes.Comoatletasuniversitáriose,maistarde,técnicosdebeisebol,futebolamericano,basquete,tênisefutebol,dedicamosboapartedotempoaexercíciosdesituaçãosobgrandepressão.Naprática, reproduzíamos as situações de jogomuitas emuitas vezes até que os

  • jogadores pudessem agir de uma determinadamaneira no jogo real, sem nemmesmopensarsobreoassunto.Quersejaotoquesutilnobeisebol,adefesadolance reverso no futebol americano, a bola fora dos limites no basquete, arebatidadebolaaltanotênis,ouoschutesdeescanteionofutebol,seumatletaou time quer ser bem-sucedido, todos os tipos de reações físicas complexaspodemedevemsertransformadasemgestosautomáticospormeiodarepetiçãoedotreinamentomental.Porexemplo:

    BRAD:Paranossos jogadoresde tênis, reproduzimoscenáriosdejogosdegrandepressãocomoobjetivodeaumentar a ansiedade do jogador enquanto eledesenvolvecertashabilidades,comorebaterosegundoserviçooulançarbolasaltasparaencobrirooponente.Duranteessesexercícios,osjogadoressãoensinadosausar as habilidades com o objetivo de reduzir oimpacto da amígdala cerebelosa no corpo, respirandoprofundamente, visualizando o sucesso e dizendopalavras positivas a si mesmos. Uma concentraçãointensanoquevocêestáfazendooupretendefazernomomentodo jogo,permitequevocêdêo seumelhor.Preocupar-secomoresultadodolanceoudojogoéareceitadofracasso.

  • TED:Colocar-se voluntariamente no caminho de umobjeto duro como pedra que voa na sua direção comvelocidadeentre100e200quilômetrosporhora–emoutras palavras estar diante de uma bola de beisebolque foi rebatida – não é uma atitude natural.Quandofui técnicodeum timedebeisebol,euensinavameusjogadoresasuperarematendêncianaturaldeevitaremasbolas fazendocomquepegassemasbolas rasteirascom luvas de madeira. Para que conseguissem pegaruma bola com tal equipamento, eles precisavam terdomíniodosfundamentos.Seuspés,mãos,braços,seucorpointeiroprecisamestarnaposiçãocerta;alinhadosperfeitamente para agarrar a bola. Usar luvas demadeira forçavaocérebroemocionaladescobrirumamaneira de cumprir a tarefa com sucesso. Aconsequência disso é que durante o jogo, quando osníveis de estresse estavam altos, o cérebro emocional“saberia”oquefazer.

    Então,comovocêpodeaplicaresseprincípiodetreinamentoparaajudá-loalidarcomoestressefinanceiro?Assimcomopodemosnoscondicionarareagirdedeterminadamaneiradiantedeumabolaquevememnossadireção,podemos

  • nos condicionar a exercer omesmo controle sobre nossas reações aos eventosrelacionadosàsfinançastantopessoaisquantoglobais.Senoscondicionarmosareconhecer situações financeiras potencialmente estressantes antes que elasocorram,océrebro racionalpoderáagircomantecipaçãoparaexercercontrolesobreocérebroemocional.Emoutraspalavras,sepudermosnoscondicionarareconhecerquandonossocérebroanimalestivertentandosequestrarumadecisãofinanceira,podemosaprenderadomá-lo.

    Primeiro,encorajamosnossosclientesa separaremalgunsminutos todososdiasparaameditaçãoeparaqueprestematençãonocorpoenoqueele temadizer.A habilidade de lermos nossas pistas físicas, especialmente aquelas quesinalizam a aproximação do estresse, é essencial para resistirmos à perda docontroledocérebroracional.

    STAN:A ideiadequeminhasemoções,meucorpoeminhas atitudes em relação às finanças estãoconectadosfoialgonovoparamim.Agoraeuperceboque meu estômago está tenso, e percebo que estousentindomedo,queéminhamaioremoção.Emgeral,esse é o primeiro sinal de que algumprocesso antigoestáemandamentoe,então,possoexploraroqueestácontrolandoaquela sensação.Aprendique, emboraeutenhao impulsodeagirparaaliviarminhaansiedade,essenão é absolutamenteomomento certopara fazerisso.

  • O exemplo de Stan demonstra como o corpo registra o desconforto ou aansiedade muito antes de nos tornarmos conscientes desses sentimentos. Eleaprendeu a usar o sistema de direção emocional para ajudá-lo a identificarantigospadrõesdepensamentosautoderrotistas,afimdequepudessedarpassosracionaiseconscientesnosentidoderevertê-los.

    Oexemplotambémdemonstraqueocondicionamentoparaevitarquenossopensamentosejasequestradocomeçaantesdofato,pormeiodaobservaçãoedoaprendizado a partir das situações quando nosso raciocínio foi de fatosequestrado. Pense em uma situação financeira que tenha terminado mal.Digamosquesejamcomprasemquetenhagastadomuitomaisdoquepretendia.Pormaisquedesejeesqueceroincidente,sente-seepenserealmentearespeito,em detalhes. Como estava se sentindo quando foi ao shopping? Você tinhaintenção de comprar algo ou foi apenas uma visita de impulso? Se estava àprocuradealgoespecífico,comoacabouolhandoosoutrositensquecomprou?Tente lembrar seus pensamentos e emoções a cadamomento. Finja que é umdetetive investigando um crime e rastreie suas ações até o ponto em que sãoinduzidas. Quando você perdeu o controle sobre os gastos? O que estavasentindonaquelemomento?

    Asemoçõesintensassufocamocérebroracional.Nósascomparamosaumaenchente: Quando as emoções chegam rápido, o cérebro racional se retrai eaguardaqueaáguadiminua.Aoprestaratençãoemseuserrosepassosemfalsoe gentilmente analisá-los sem vergonha ou crítica, aos poucos você construiráuma consciência do que acontece quando uma inundação emocional estápróxima.Quandosentirqueaondaseaproxima,respireprofundamentealgumasvezes–bemprofundamente,osuficienteparamoverseuabdômen.Então,antesdetomarqualqueratitude,conteatécem,masfaçadecincoemcinco,reciteoalfabeto, cante um verso ou dois daquela música popular horrível que vocêsecretamenteadora–canteparasimesmo,claro.Aquelevazioentreoimpulsoeaaçãoésuficienteparapermitirqueaenchentecedaeocérebroracionalassumaocontrole.

  • Quando for possível, busque o conselho de outros antes de agir. É umahabilidade muito importante nos relacionamentos, que vamos discutir maisadiante. Talvez você se surpreenda ao saber que muitos dos principaisplanejadores financeiros do país também possuem seus próprios planejadoresfinanceiros. Isso aconteceporquenão importa aperíciaque tenhamos,quandoestamosemocionalmenteenvolvidos,oraciocínioéafetado.Todosnósestamossuscetíveisaemoçõesquedominamocérebroracional.

    Você também pode planejar com antecedência oferecendo ao seu cérebroracionalumarespostaparaserdadaaocérebroemocional.Todosnósjávivemosumasituaçãoemquetivemosareaçãoperfeitaaumargumento–cincominutosdepoisdeprecisarmosdele.(Emfrancês,afraseparaissoéespritdel’escalier,literalmente, “inteligência da escada” – a resposta inteligente que pensamosquandoestamosdescendoaescadaparairparacasa.)Podeserirritantequandoacontece, mas aqui suas conclusões e observações pós-incidente são, narealidade,bastanteúteis.Pensenaquelemomentopré-inundação.Pensenoqueseucérebroracionalteriaadizersenãoestivesseocupado,ausente.Entãodigaissorepetidasvezes,eseucérebroracionalestaráprontoparadizê-lanapróximavezquehouverumaameaçadeinundação.

    Porexemplo:Vocêpercebequeumdia ruimno trabalho(ansiedadeou ira)aumenta a probabilidade de você “se presentear” com uma compra impulsivaquenão temcondições financeirasde fazer.Sua respostapodeser“Euseiqueestoucomvontadedecomprarissoporqueestoucomraivadomeuchefe,evoumearrependerdegastaressedinheiroquandoesfriaracabeça.Nãovoucompraragora; seamanhãeuaindaquiser,possocomprar”.Ou:“Estouchateadoenãoconfio em minha capacidade de decidir quando estou assim. Vou me ater àminhalistadecomprasenãovounemolharitensquenãoestejamnalista”.Achave é antecipar as situações – o ambiente, as emoções, as pessoas – quetendemainduzirainundação,epreparar-separaresistiraeles.

    Há diversas maneiras pelas quais podemos treinar nosso raciocínio.Conhecemos um planejador financeiro que faz questão de “exercitar” seus

  • clientesnoraiodeaçãonormal,ounodesviopadrãoqueelespodemespera