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1 Relatório do Secretário-Geral sobre os desenvolvimentos na Guiné- Bissau e as atividades do Gabinete Integrado das Nações Unidas na Guiné-Bissau. Este relatório foi publicado como um documento do Conselho de Segurança com o código S/2016/141. 12 de Fevereiro de 2016

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Relatório do Secretário-Geral sobre os desenvolvimentos na Guiné-Bissau e as atividades do Gabinete Integrado das Nações Unidas na Guiné-Bissau. (non-official Portuguese translation/tradução não-oficial)

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Relatório do Secretário-Geral sobre os desenvolvimentos na Guiné-

Bissau e as atividades do Gabinete Integrado das Nações Unidas na

Guiné-Bissau.

Este relatório foi publicado como um documento do Conselho de

Segurança com o código S/2016/141.

12 de Fevereiro de 2016

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Relatório do Secretário-Geral sobre os desenvolvimentos na Guiné-Bissau e as atividades

do Gabinete Integrado das Nações Unidas na Guiné-Bissau.

I. Introdução

1. O presente relatório é submetido de acordo com a resolução 2203 (2015) do Conselho de

Segurança, através da qual o Conselho prorrogou o mandato do Gabinete Integrado das Nações

Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) até 29 de Fevereiro de 2016 e

me pediu para apresentar um relatorio de seis em seis meses sobre a situação na Guiné-Bissau e

sobre o progresso feito na implementação da resolução e do mandato do UNIOGBIS.

O relatório oferece também uma actualização dos desenvolvimentos-chave na área política,

segurança, direitos humanos, socio-económicos e humanitários na Guiné-Bissau desde o meu

relatório de 13 de Agosto de 2015 (S/2015/626).

II. Principais desenvolvimentos na Guiné-Bissau

A. Situação Política

2. O ambiente político na Guiné-Bissau continuou a ser marcado por tensões e divisões dentro do

partido no poder o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) e

entre os orgãos de soberania do Estado. Durante o período em análise vimos as partes

envolverem-se em batalhas políticas e jurídicas sobre a nomeação do novo Primeiro-ministro, a

formação de um novo Governo e a adopção do programa do governo.

3. A 17 de Agosto, em resposta a uma solicitação do Presidente José Mario Vaz ao PAIGC para

a nomeação de um novo Primeiro-ministro em substituição de Domingos Simões Pereira que foi

demitido a 12 de Agosto, o PAIGC voltou a nomear o Sr. Simões Pereira. A 20 de Agosto,

contrariamente à proposta, o Presidente emitiu um decreto a nomear o terceio vice-presidente, Sr.

Baciro Djá, como Primeiro-ministro. O Sr. Djá foi empossado nesse mesmo dia. A nomeação foi

recebida com reprovação generalizada, em particular pelo PAIGC, que havia suspendido o Sr.

Djá a 6 de Agosto no seguimento de uma alegada recusa em responder ao pedido do seu partido

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para prestar contas sobre as despesas ocorridas durante a campanha eleitoral de 2014. A 24 de

Agosto, a Assembleia Nacional aprovou uma resolução solicitando a anulação do decreto

presidencial, apelando a um diálogo permanente entre as instituições do Estado, e propondo o

estabelecimento de um “pacto de estabilidade para garantir a estabilidade política e social e a

governabilidade do país até ao fim da nona legislatura e do mandato presidencial”. Além disso, a

Assembleia Nacional aprovou a criação de uma comissão parlamentar para investigar a

veracidade dos crimes, incluindo corrupção, peculato, nepotismo e outros crimes económicos,

alegados pelo Presidente no seu discurso à nação no dia 12 de Agosto, como tendo sido

cometidos por membros do Governo do Primeiro-ministro Simões Pereira. A 8 de Setembro,

somente um dia depois do empossamento do Governo do Primeiro-ministo Djá, o Supremo

Tribunal de Justiça decidiu unanimamente que o decreto presidencial que nomeou o Sr. Djá era

inconstitucional.

Através de um decreto emitido no dia 9 de Setembro, o Presidente demitiu o Governo do

Primeiro-ministro Djá, após a renúncia deste último.

4. Numa Cimeira extraordinária da Comunidade dos Estados da Costa Ocidental Africana

(CEDEAO) a 12 de Setembro, o Autoridade dos Chefes de Estado e do Governo da CEDEAO

prolongou o mandato da sua Missão na Guiné-Bissau (ECOMIB) até Junho de 2016. Mandatou

igualmente o Presidente Macky Sall do Senegal e o Presidente Alpha Condé da Guiné, nas suas

respectivas capacidades de Presidente da CEDEAO e Mediador da CEDEAO para a Guiné-

Bissau, com assistência do ex-Presidente Nigeriano Olusegun Obasanjo, na capacidade de

enviado especial do Presidente Muhammadu Buhari da Nigéria, para facilitar o diálogo com

todos os intervenientes de modo a encontrar uma solução duradoura para a crise.

5. No âmbito deste pedido, o ex-presidente Obasanjo visitou a Guiné-Bissau duas vezes para

ajudar a resolver a crise política. Durante a sua visita, de 15 a 17 de Setembro, ele realizou

consultas intensivas com o Presidente Vaz e a liderança do PAIGC, o Partido de Renovação

Social (PRS), o Partido de Convergência Democrática (PCD) e a União para a Mudança (UM),

todos representados na Assembleia Nacional. Ele também se reuniu com o Presidente do

Parlamento e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. A 16 de Setembro, o presidente Vaz

iniciou consultas com os cinco partidos políticos representados na Assembleia Nacional sobre a

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nomeação de um novo Primeiro-ministro. Nas suas consultas com o PAIGC, ele pediu-lhes que

proposessem três nomes para o cargo de Primeiro-ministro. Em resposta, o partido apresentou o

nome do seu primeiro vice-presidente, Sr. Carlos Correia, que foi aceite pelo Presidente. A 17 de

Setembro, o Sr. Correia foi nomeado e empossado pelo Presidente Vaz. Numa conferência de

imprensa no mesmo dia, o ex-presidente Obasanjo propôs que o Presidente Vaz, a Assembleia

Nacional, o Primeiro-ministro, os partidos políticos e a sociedade civil assinassem o pacto de

estabilidade proposto para promover a cooperação e o diálogo.

6. A 2 de Outubro, após uma série de consultas no âmbito do PAIGC e com outros partidos

políticos, o Primeiro-ministro Correia apresentou a sua lista de nomeados para o seu Gabinete ao

Presidente Vaz. Numa carta datada de 6 de Outubro, o Presidente informou o Primeiro-ministro

da sua decisão de não nomear o Gabinete proposto, citando, entre outras, as investigações

parlamentares em curso sobre a má gestão alegadamente cometidas por alguns dos nomeados.

Em resposta ao pedido do Presidente para que fosse apresentada nova lista, o Primeiro-ministro

apresentou a mesma lista de nomes a 7 de Outubro e solicitou ao Presidente que revelasse as

provas que tinha contra aqueles que ele não estava disposto a nomear.

7. O ex-Presidente Obasanjo regressou a Bissau de 9 a 11 de Outubro para consultar com os

intervenientes políticos. A 12 de Outubro, o meu Representante Especial reuniu-se várias vezes

separadamente com o Presidente Vaz e o Primeiro-ministro Correia na tentativa de ajudar os dois

líderes a conciliarem os seus pontos de vista sobre os nomeados para a gestão dos Ministérios

dos Recursos Naturais e da Adminstração Interna. No mesmo dia, o Presidente, o Presidente Vaz

empossou eventualmente os novos membros do Governo, e designou o Primeiro-ministro como

interino e responsável pelos dois ministérios que ele havia contestado.

8. O novo Governo, composto por 16 Ministros (incluindo cinco mulheres) e 13 Secretários de

Estado (incluindo três mulheres), foi empossado a 13 de Outubro. Adicionalmente aos membros

do PAIGC, o Governo incluiu três partidos políticos menores representados na Assembleia

Nacional. As negociações para trazer o Partido de Renovação Social (PRS) para o Governo

foram infrutíferas.

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9. A 20 de Novembro, o Conselho Nacional de Jurisdição do PAIGC expulsou o Sr. Baciro Djá

do partido por supostamente violar as regras e regulamentos ao aceitar o cargo de Primeiro-

ministro em Agosto. Três outros membros do PAIGC que entraram no Governo do Sr. Djá foram

suspensos por um periodo de quatro anos pela mesma razão. O recurso do Sr. Djá foi rejeitado

pelo Tribunal Regional de Bissau a 22 de Dezembro. Igualmente, a 20 de Novembro, o

Presidente Vaz demitiu o Procurador Geral Sr. Hermenegildo Pereira, e o Presidente do Tribunal

de Contas, Sr. Vasco Biaguê, substituindo-os pelo Sr. António Sedja Man e Dionísio Cabi,

ambos membros do PRS. Os funcionários substituídos, que são membros do PAIGC, foram

altamente reconhecidos como fortes defensores da independência do poder judicial durante o seu

mandato.

10. O clima político tenso afectou negativamente a primeira sessão ordinária da Assembleia

Nacional, que começou a 23 de Novembro. Tendo-se seguido uma semana de intenso debate, a

Assembleia Nacional aprovou a sua agenda de trabalho a 30 de Novembro, com 55 votos a favor,

incluindo 51 membros do PAIGC.

11. De 16 a 17 de Dezembro, o Presidente Vaz assitiu à Conferência dos Chefes de Estado e de

Governo em Abuja, na Nigéria. No seu comunicado final, a Autoridade da CEDEAO sublinhou a

necessidade do diálogo para a consolidação da paz e da democracia na Guiné-Bissau e reiterou o

seu apelo às autoridades nacionais para acelerarem o processo de revisão da Constituição da

Guiné-Bissau. A autoridade também instruiu o Presidente da Comissão a tomar as medidas

necessárias no sentido de organizar uma reunião do Grupo de Contacto sobre a Guiné-Bissau, em

consulta com outras partes interessadas e apelou aos parceiros bilaterais e multilaterais para o seu

apoio financeiro à ECOMIB.

12. De 21 a 23 de Dezembro, a Assembleia Nacional discutiu o Programa do Governo. No final

das discussões, seguiu-se a votação. Dos 101 parlamentares presentes, 45 votaram a favor

enquanto que 56, incluindo os 41 membros do PRS e os 15 membros do PAIGC, se abstiveram.

A Mesa da Assembleia Nacional reuniu-se a 29 de Dezembro para discutir o resultado da

votação no seguimento de uma solicitação do PAIGC. Na sua resolução, a Mesa declarou que se

iria abster de fornecer uma interpretação técnica e jurídica do voto, notando que isso não seria

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consensual. Acrescentou que seria a favor de negociações políticas, especialmente entre o

PAIGC e o PRS, para evitar a situacao de “caos político e social” caso a “disputa política e

partidária” continuasse.

13. A 14 de Janeiro, o Conselho Nacional de Jurisdição do PAIGC expulsou os 14 Deputados

que se abstiveram de votar o Programa do Governo e substituiu-os por novos membros do

PAIGC. O ex-Primeiro-ministro Baciro Djá, um dos Deputados do PAIGC que também se

absteve de votar, tinha sido previamente expulso do partido a 20 de Novembro. A 15 de Janeiro,

a Comissão Permanente da ANP retirou o mandato de deputado aos 15 Deputados do PAIGC no

Parlamento.

A 18 de Janeiro, os 15 Deputados interromperam o processo na ANP levando o Presidente a

suspender a sessão e a adiá-la para o dia 19 de Janeiro. Contudo, os deputados expulsos do

Parlamento permaneceram na ANP e, juntando-se ao partido na oposição o PRS, elegeram um

novo Presidente do Parlamento, contrário aos estatutos existentes da ANP.

14. A 25 de Janeiro,o PAIGC, o Partido de Unidade Nacional (PUN), a União para a Mudança

(UM), o Partido da Convergência Democrática (PCD) e o Movimento Patriótico (MP) realizaram

uma conferência de imprensa na qual apresentaram uma carta aberta aos cidadãos e à

comunidade internacional. Na carta, acusaram os 15 Deputados expulsos e alguns membros do

PRS de vários crimes, incluindo, usurpação da identidade , invasão de propriedade, tentativa de

golpe de estado e violações da ordem constitucional e do Estado de direito. Os cinco partidos

também entraram com processos criminais contra os deputados dissidentes por esses crimes. Em

aparente referência ao inquérito que decorreu nesse dia ao Ministro das Finanças e da Família e

da Solidariedade Social pelo Gabinete do Procurador Geral sobre uma alegada má alocação de

subsídios para tramento médico dos funcionários públicos em 2015, eles também se

posicionaram contra uma conduta judicial de “caça às bruxas” pelas autoridades nacionais.

15. No mesmo dia, o Presidente Vaz iniciou uma série de consultas com intervenientes

nacionais, incluindo as organizações da sociedade civil, partidos políticos, o Vice – Presidente da

ANP, o Primeiro-ministro, líderes tradicionais e religiosos e o Juiz presidente do Supremo

Tribunal de Justiça. O Presidente realizou igualmente uma reunião com a comunidade

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internacional a 29 de Janeiro na qual reconheceu o impasse institucional na ANP e reiterou que

não tem intenção de a dissolver.

16. A 27 de Janeiro, o Tribunal Regional de Bissau aprovou a Providência Cautelar solicitada

pelo Presidente da ANP contra o grupo de deputados do PRS e os 15 deputados expulsos. Na sua

decisão, o Tribunal também solicitou que eles respeitem a decisão da Comissão Permanente da

ANP de retirar os mandatos dos 15 deputados e instou-os a refrearem-se de praticar acções que

pudessem por em perigo a integridade física de outros deputados e dos cidadãos em geral.

17. A 28 de Janeiro, um colectivo de 21 partidos políticos “sem representação parlamentar”

realizaram uma conferência de imprensa em Bissau, em apoio aos 15 Deputados expulsos do

Parlamento, durante a qual instaram o Presidente Vaz a demitir o Governo.

18. No mesmo dia, a ANP aprovou o Programa do Governo com uma maioria de 59 dos 102

votos. O PRS boicotou a sessão. Pouco depois do anúncio da aprovação do Programa, o gabinete

do Presidente emitiu um comunicado indicando que o Presidente estranhou que a votação do

Programa do Governo tivesse tido lugar, enquanto ele ainda estava a consultar os intervenientes

nacionais. O comunicado indicou igualmente que o Presidente iria continuar as suas consultas.

19. O Presidente Vaz convidou as Nações Unidas, a União Africana, a CEDEAO, a Comunidade

dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia a participarem numa reunião por si

convocada para os dias 1 e 2 de Fevereiro, com os intervenientes nacionais envolvidos na crise

política.

20. Numa carta para o Presidente Vaz emitida a 2 de Fevereiro, o líder do PAIGC, Sr. Simões

Pereira solicitou que o formato das reuniões convocadas pelo Presidente fosse alterado de modo

a incluir somente “ as competentes e legítimas “ instituições da República. O Sr. Simões Pereira

expressou igualmente a disponibilidade do partido em contribuir para um diálogo “franco e

construtivo” entre os partidos políticos, as organizações da sociedade civil e instituições

soberanas rumo ao pacto de estabilidade a ser implementado durante a presente legislatura.

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Finalmente, ele congratulou-se com a presença da comunidade internacional no processo de

diálogo.

B. A situação de segurança

21. Apesar das incertezas políticas, a situação geral de segurança no país permanece estável

durante o período do relatório. Num esforço para combater o aumento do crime organizado e

assaltos à mão armada durante o pico da crise, o Minstério do Interior activou um plano de

segurança ad-hoc que envolveu a condução de patrulhas regulares conjuntas da polícia e

militares. O plano foi desactivado no iníco de Janeiro. De seguida a ECOMIB, de acordo com o

seu mandato, reforçou as disposições de segurança para protecção das instituiçoes em resposta a

possíveis ameaças causadas pela crise politica.

22. A 12 de Agosto, o Tribunal Superior Militar abriu um novo caso contra o Contra-Almirante

Zamora Induta relativamente ao seu alegado envolvimento nos eventos de 21 de Outubro de

2012 na base aéra de Bissalanca, no qual alguns alegados assaltantes lançaram um ataque à base.

O Contra-Almirante foi acusado de homicídio, terrorrismo e subversão da ordem constitucional,

e colocado sobre prisão domiciliária. A 22 de Setembro, foi transferido para uma cela na prisão

militar de Mansoa, na região de Oio. A 11 de Novembro, o Supremo Tribunal de Justiça aprovou

a requisição de habeas corpus interposta pelos seus advogados. O Contra-Almirante foi libertado

mas permaneceu em prisão domiciliária. A 16 de Dezembro, o Tribunal Superior Militar

levantou todas as medidas coercivas que havia imposto sobre o Sr. Induta, e recusou o novo

pedido pela acusação militar de fazer dele um suspeito no caso dos eventos ocorridos a 21 de

Outubro de 2012.

23. Entre 9 e 11 de Setembro, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o Tenente-

General Biaguê Na’Ntan, assitiu à Trigésima quinta reunião ordinária do Comité dos Chefes de

Defesa da CEDEAO, que teve lugar em Dacar, no Senegal. Durante a reunião, a CEDEAO

informou que está ainda a trabalhar no sentido de proteger os recursos necessários para a

pretendida desmobilização de oficiais militares e da polícia. Os participantes concordaram ao

propor que o fundo especial de pensões para a reforma dos militares e oficiais de segurança seja

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separado do de gratificações dos antigos combatentes, de modo a facilitar um processo mais

rápido de desmobilização.

No seguimento de consultas subsequentes com o UNIOGBIS e outros parceiros internacionais, a

22 de Outubro, o governo anunciou que seria criada uma conta bancária separada para a

gratificação. Anunciou igualmente que pretendia renegociar o Memorandum de Entendimento

assinado com a CEDEAO em Novembro de 2012 para o estabelecimento da ECOMIB e para o

apoio na área da reforma do sector de segurança.

C. A situação dos direitos humanos

24. Durante o período do relatório, a situação dos direitos humanos manteve-se fortemente

inalterada. Pouco progresso foi feito nas investigações de graves violações dos direitos humanos

no passado, ou no que respeita à criação de um mecanismo de responsabilização relacionado.

Não se registou nenhum progresso em melhorar as condições nas prisões ou outros centros de

detenção em relação à proteção da violência sexual e baseada no género.

25. A 17 de Agosto, o Tribunal Regional de Bissau considerou culpados três oficiais da Polícia

da Ordem Pública e um agente da Guarda Nacional por baterem num civil até à morte. O último

tinha alegadamente resistido à prisão arbitrária a 20 de Setembro de 2014 em Bissau. O Tribunal

sentenciou os quatro suspeitos a 10 anos de prisão e a uma multa de 5 milhões de FCFA a ser

paga à familia da vítima.

A 1 de Outubro, a defesa apelou, e os suspeitos foram libertados condicionalmente, sob condição

de se apresentarem periódicamente às autoridades judiciais.

26. Durante o período sobre revisão, o UNIOGBIS advogou contra o uso dos média para

propósitos políticos, e para o direito do público em ter informações precisas, objectivas e

imparciais. Contra o constante crescimento das tensões políticas, algumas organizações dos

mídia usaram linguagem politizada, que pode ser interpretada como fazendo parte da definição

de “difamação” e “descriminação”, que são criminalizados sobre o artigo 126 do Código Penal

Bissau-Guineense. A 20 de Agosto, a Assembleia Nacional emitiu uma nota à imprensa, para

que respeitassem escrupulosamente a ética do trabalho, evitassem a politização, permanecessem

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conscientes dos riscos de serem processados, e relatarem qualquer violação do direito à liberdade

de expressão e de opinião ao Gabinete do Procurador Geral.

27. De 10 a 16 de Outuro, a Relatora Especial sobre a Independência dos Juízes e dos

Advogados, a Sra. Mónica Pinto, visitou a Guiné-Bissau para avaliar a indepêndencia e o

funcionamento do Sistema da Justiça. Nas suas observações preliminaries, ela observou que a

população tinha pouca confiança no Sistema formal de justiça, e que as condições de trabalho e

as medidas de segurança em uso para os juízes e promotores eram inadequadas. Ela observou

que estes défices impediam o acesso adequado, atempado e de qualidade à justiça, e minavam a

independência dos juízes, promotores e advogados. Ela ainda observou que o acesso à justiça era

prejudicado pela ausência de juízes e promotores em muitas partes do país, e que esta ausência

está a ser preenchida pelos líderes locais, cujos métodos eram na maioria das vezes

inconsistentes com os instrumentos da lei internacional dos direitos humanos ratificados pela

Guiné-Bissau.

28. A 16 de Novembro, o UNIOGBIS partilhou o seu relatório normal sobre a situação dos

direitos humanos nas prisões e centros de detenção com o Ministério da Justiça, recomendando

que o Governo tomasse medidas urgentes para abordar a questão da super-lotação e detenções

ilegais, e para providenciar apoio jurídico e serviços básicos sociais aos reclusos.

29. A 4 de Dezembro, o recém-nomeado Procurador-Geral ordenou à Rádio Nacional que

suspendesse um programa de debate semanal sobre assuntos políticos e sociais, citando a

necessidade de proteger “a ordem pública, a estabilidade e a segurança institucional”. Após uma

reunião com o Director da Rádio Nacional no dia seguinte, o Procurador-Geral levantou a

suspensão do programa.

D. Situação social, económica e humanitária

30. Apesar da crise política, prevê-se que a Guiné-Bissau tenha um crescimento económico de

4.8 por cento em 2016, em grande parte devido ao aumento de receitas da importação do cajú

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como resultado do preço favorável da semente (400 FCF por kilo em 2015 contra os 259 em

2014) e o aumento de eficácia nas regras das alfândegas para combater o contrabando. A inflação

continua baixa, com um aumento de preços médios trimestrais de somente 0.2 por cento.

31. A produção alimentar baixou em 8 por cento em comparação com os últimos cinco anos.

Contudo, o acesso à alimentação continua razoável devido essencialmente ao sucesso da

campanha de cajú e aos preços internacionais favoráveis. Para reverter a tendência da fraca

colheita do último ano agrícola, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, com o

apoio dos parceiros internacionais, apoiou os agricultores fornecendo produtos agrícolas e

pesticidas, e promoveu actividades de comida-por-trabalho.

32. Durante o período em análise, o Fundo das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF) e

outros parceiros internacionais trabalharam em conjunto com o Ministério da Educação para

garantir o início do ano lectivo de 2015-2016. As escolas abriram a 12 de Outubro apesar do

início de uma greve dos professores que perturbou parcialmente as aulas por cerca de três

semanas. Em Dezembro, a UNICEF completou a construção de 75 salas de aulas, levando o total

de salas melhoradas em comunidades rurais e remotas a 130 nos últimos 12 meses. Isto melhorou

o acesso à educação a aproximadamente 10,000 estudantes.

33. Como resultado do apoio de emergência à coloração da água fornecido pela UNICEF na

sequência de um esgotamento nos estoques de cloro no Sistema público de águas da Guiné-

bissau, a população de Bissau continuou a beneficiar de água adequadamente tratada entre Julho

e Setembro. O fornecimento regular de cloro pelas autoridades terminou em Setembro.

34. Com o apoio da UNICEF, a Organização Mundial de Saúde (OMS) a Aliança Global para

Vacinas e Imunizações, a 24 de Novembro, o Ministério da Saúde introduziu com sucesso a

vacina Rotavirus na rotina nacional do programa de vacinas. Mais de 250 funcionários de saúde

reberam formação, em todos os níveis da pirâmide da saúde, para a administração da nova

vacina. Campanhas de vacinação suplementar contra o polio e o sarampo, integradas com o

suplemento da vitamin A e a desparasitação com Mebendazole foram realizadas no terreno de

Outubro a Dezembro.

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35. De Agosto a Dezembro, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) continuou a

fornecer apoio para melhorar a saúde materna e neonatal, através de doações de equipamento

hospitalar e medicamentos às regiões de Quinará, Tombali, e

Bolama. A 26 de Novembro, o UNFPA e o Ministério da Saúde Pública assinaram um acordo

para a construção e reabilitação de instalações de saúde e maternidades nas três regiões.

36. Em Dezembro, o Ministério da Educação completou dois documentos chave, nomeadamente

a Análise do Sector da Educação e o Plano Estratégico de 10 anos do Sector de Educação, com o

apoio da UNICEF, da Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas

(UNESCO) e da Parceria Global para a Educação.

37. Não foi registado nenhum caso de Ébola no paií durante o periodo do relatório. Entretanto, o

Sistema das Nações Unidas continuou a apoiar o Governo no fortalecimento da sua vigilância da

saúde e sitema de resposta.

III. Estado de implementação do mandato do Gabinete Integrado das Nações Unidas para

a Consolidacao da Paz na Guiné-Bissau

A. Diálogo político inclusivo e o processo de reconciliação nacional.

38. A 29 de Outubro, o UNIOGBIS e a Sub-Comissão sobre a Informação da Comissão

Organizadora da Conferência Nacional organizaram uma reunião com 29 representantes dos

média sediados em Bissau e nas regiões do país com o intuito de envolver os órgãos de

comunicação social no processo nacional de diálogo fornecendo-lhes informações básicas sobre

o mandato da Comissão Organizadora. Depois da reunião, após solicitação do Presidente da

Comissão Organizadora, o UNIOGBIS e o Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD) apoiaram a realização de três ateliers sobre a prevenção do uso do

discurso de ódio pelos profissionais dos mídia em Bissau, São Domingos, e Bafatá em

Novembro e Dezembro. Cerca de 100 participantes de agências de notícias locais, rádios

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comunitárias e comerciais, meios de comunicação estatais e os Gabinetes do Presiente e do

Primeiro-ministro receberam formação.

39. De 20 de Novembro a 19 de Dezembro, após uma solicitação da Comissão Organizadora, um

consultor nacional contratado pelo UNIOGBIS consolidou todos os documentos de trabalho e os

relatórios preliminaries produzidos e usados pelos antecessores da Comissão Organizadora. O

documento consolidado foi disponibilizado à Comissão Organizadora no final de Dezembro. O

documento e as conclusões da Comissão serão a base para a preparação das recomendações da

Conferência Nacional de Diálogo.

40. Apesar de todos os esforços, e parcialmente devido à situação política em curso em Bissau,

as autoridades governamentais ainda não convocaram a Comissão Organizadora nem se

reuniram com o seu Presidente.

B. Aconselhamento estratégico e té cnico e apoio às autoridades nacionais na

implementação da reforma do sector de segurança nacional e estraté gias do Estado

de direito

41. Como resultado do impasse político em curso em Bissau, os esforços de desmobilização

ainda não ganharam força. Durante o período em análise, o UNIOGBIS não foi capaz de

empreender uma campanha de sensibilização à desmobilização, conforme solicitado pelo

Governo. Nesse ínterim, o UNIOGBIS apoiou a Comissão Nacional Mista e Técnica

Independente liderada pelo Ministério da Administração Interna, para revisão dos critérios de

selecção e estratégia de formação da polícia. O UNIOGBIS também retomou a co-instalação dos

seus assessores policiais na estação de Polícia Modelo na área do Bairro Militar de Bissau.

42. Durante as suas consultas com o Ministro da Defesa e a liderança militar, foi assegurado ao

UNIOGBIS que os mecanismos estavam colocados para absorver os 24 milhões de dólares

americanos necessários para a passagem à reforma dos primeiros 500 militares e polícias

aposentados. No entanto, eles expressaram preocupação com o atraso no processo de início da

aposentadoria de militares e policiais através do fundo de pensão especial e o pacote de

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gratificação. Eles pediram o apoio da comunidade internacional por forma a garantir os fundos

para implementar rapidamente o programa de aposentadoria.

43. Entre 3 e 9 de Outubro, o escritório regional do UNIOGBIS em Bafatá realizou um atelier de

capacitação e oficinas de orientação para a Polícia de Ordem Pública e a Guarda Nacional nas

regiões de Bafatá, Gabú, Biombo, Cacheu e Oio. Os módulos administrados a 17 oficiais,

incluindo três mulheres, centraram-se-se em recursos humanos, administração, dados criminais e

processamento de sistemas básicos. De 24 a 26 de Novembro, o escritório regional do

UNIOGBIS em Bafatá conduziu um atelier sobre investigação criminal, que se destinou a 14

policiais. O atelier centrou-se na análise de estatísticas e mecanismos necessários para

diferenciar crimes graves, bem como sobre o policiamento voltado para a comunidade e a sua

contribuição para a estabilidade social e a paz.

44. Em Novembro, o UNICEF facilitou e apoiou a participação de um juíz e três promotores no

primeiro curso internacional juvenil de justiça para oficiais de justiça dos países da CPLP,

realizado em Luanda, Angola. O curso irá contribuir para os esforços nacionais em estabelecer o

sistema de justiça juvenil em conformidade com a Convenção dos Direitos da Criança e outras

normas dos direitos humanos.

45. De 24 a 26 de Novembro o UNIOGBIS realizou um atelier de três dias em Bissau com a

aplicação da legislação nacional e com os pontos focais homólogos do género das Nações Unidas

para o desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão sobre a investigação de crimes

contra mulheres, crianças e pessoas vulneráveis. A 4 de Dezembro, o UNIOGBIS concluiu um

atelier de 10 dias em Bissau sobre módulos básicos do currículo de formação da polícia para os

dois gabinetes oficiais que actuam no processo de certificação e futuros novos recrutas da

polícia. A 8 de Dezembro, o UNIOGBIS realizou um atelier de dez dias em Bissau para o

desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão para regular a conduta dos agentes

policiais.

C. Os bons ofícios das Nações Unidas

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46. Durante o período em relato, que foi marcado pelo aumento de tensões entre os orgãos de

soberania do estado e dentro do maior partido político como resultado da demissão do Primeiro-

ministro Simões Pereira, o meu Representante Especial fez pleno uso dos seus bons ofícios ao

encetar, em colaboração estreita com os parceiros internacionais, um intenso ciclo de consultas

com figuras políticas chave e outros intervenientes nacionais.

O objectivo destas consultas era o de criar um ambiente favorável para que se encontrasse uma

resolução pacífica para a crise política em curso através da promoção de medidas de construção

de confiança e de diálogo significativo. Em particular, o meu Representante Especial convocou

reuniões formais e informais com os parceiros internacionais e grupos regionais chave (UA,

CPL, CEDEAO,e UE) para forjar um entendimento comum da crise e conceber uma estratégia

coordenada para prevenir o escalar de tensões. Enquanto fazia pleno uso dos seus bons ofícios

em engajar os intervenientes nacionais, especificamente o Presidente da República, o novo

Primeiro-ministro Carlos Correia , o Sr. Simões Pereira na qualidade de líder do PAIGC e o

Presidente do Parlamento, o meu Representante Especial enfatizou que as diferenças políticas

deviam ser resolvidas de forma inclusiva, colaborativa e construtiva. Ele continuou a defender a

retoma do diálogo para reconciliar as diferenças e apelou aos actores políticos para que

colocassem os interesses nacionais acima das diferenças pessoais.

47. De 1 a 3 de Setembro o meu Representante Especial realizou consultas em Lisboa com as

autoridades Portuguesas (o Presidente da República, o Primeiro-Ministro, o Ministro dos

Negócios Estrangeiros e a Presidente do Parlamento), bem como com o Secretário Executivo da

CPLP. Ele também se reuniu com o novo Primeiro-ministro Português e o Ministro dos

Negócios Estrangeiros em 12 de Janeiro. Durante estas e outras reuniões, o meu Representante

Especial procurou manter a Guiné-Bissau no centro das atenções internacionais, com vista a

incentivar apoio material, técnico e financeiro dos parceiros para ajudar a consolidar esforços

para a estabilização política e o desenvolvimento sócio-económico sustentável.

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D. Apoio ao Governo da Guiné-Bissau na mobilização, harmonização e coordenação da

assistência internacional.

48. O meu Representante Especial continuou a instar os parceiros internacionais a providenciar

apoio material, técnico e financeiro à Guiné-Bissau. Mais ainda, ele continuou a promover uma

abordagem internacional coordenada para o desenvolvimento socio-económico sustentável.

49. O meu Representante Especial trabalhou com os parceiros internacionais em Bissau para

forjar um entendimento comum sobre a crise e elaborar uma estratégia coordenada para evitar

uma escalada de tensão. Neste contexto, ele presidiu às reuniões mensais dos parceiros

internacionais com base em Bissau para facilitar a troca de informações e coordenar mensagens.

Nas reuniões, os parceiros internacionais salientaram a necessidade dos intervenientes nacionais

defenderem a Constituição e engajarem-se num diálogo inclusivo genuíno destinado a promover

a estabilidade política e a coesão intrapartidária duradoura.

50. De 1 a 3 de Setembro, o meu Representante Especial realizou reuniões em Lisboa com o

Presidente, o Primeiro-ministro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e a Presidente do

Parlamento de Portugal, bem como com o Secretário Executivo da CPLP. Todos os

interlocutores reafirmaram a sua prontidão em apoiar a Guiné-Bissau na resolução da crise

política. A 10 de Dezembro, ele reuniu-se com o Presidente Alassane Ouattara da Costa do

Marfim, antes da vigésima oitava Reunião de Alto Nível dos Chefes de Missões de Paz das

Nações Unidas na África Ocidental,que teve lugar em Abidjan a 11 de Dezembro. O Presidente

Ouattara reiterou o apelo da CEDEAO para um apoio internacional à ECOMIB.

51. O sistema das Nações Unidas, através do PNUD, está a trabalhar com o Governo e a União

Europeia para criar mecanismos eficazes para a coordenação da ajuda e acompanhamento dos

compromissos dos parceiros internacionais na Mesa Redonda de Março de 2015, que totalizaram

aproximadamente 1,3 mil milhões de dólares americanos. No seguimento dos compromissos

assumidos pelas partes interessadas internacionais, cerca de 150 milhões de dólares americanos

já foram recebidos de várias entidades, tais como o Banco Mundial, o Fundo Internacional de

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17

Desenvolvimento Agrícola, o Fundo de Consolidação da Paz, o Banco Africano de

Desenvolvimento,o Banco Africano Ocidental de Desenvolvimento, e Portugal.

E. Fortalecendo as instituições democráticas e reforçando a capacidade dos orgãos do

Estado a funcionar de forma eficaz de acordo com a constituição

52. De 30 de Outubro a 1 de Novembro com o apoio do UNIOGBIS, a comissão ad hoc sobre a

revisão constitucional da Assembleia Nacional realizou um retiro em Canchungo, região de

Cacheu para lançar oficialmente as suas atividades. Os participantes discutiram o projecto do

cronograma das atividades da comissão até o final de 2016, bem como os seus termos de

referência, regulamentos internos, a estratégia de comunicação e o projecto de orçamento. A

comissão reuniu-se novamente a 5 de Novembro para aprovar os documentos.

53. A 4 de Novembro, o UNIOGBIS acolheu uma reunião do Movimento Nacional da Sociedade

Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento e da Plataforma das organizações não-

governamentais e associações locais de Bafatá, para promover interações entre a sociedade civil

e membros do Parlamento. Os participantes da reunião, que incluiu mais de 35 representantes de

organizações da sociedade civil, discutiram questões relacionadas com a justiça, direitos

humanos e desenvolvimento sócio-económico, em particular os desafios das infra-estruturas e

transportes na região. Uma reunião semelhante ocorreu em São Domingos, na região de Cacheu,

a 10 de Novembro. 27 participantes do encontro discutiram as principais questões sócio-

economicas que afetam a sua região, incluindo as tarifas alfandegárias para os produtos

domésticos, conflitos de terras, roubo de gado, a falta de acesso a serviços básicos e a justiça. Os

participantes em ambas as reuniões selecionaram cinco representantes que se reuniram com

comissão especializada da Assembleia Nacional para os assuntos sociais, a 11 e 18 de Dezembro,

respectivamente, para entregar o seu relatório. O relatório contém recomendações sobre como

enfrentar os desafios identificados nas reuniões e como promover a interação parlamentar com os

eleitores. A comissão especializada elogiou a iniciativa e comprometeram-se em fazer-la chegar

aos eleitores da Guiné-Bissau.

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18

54. De 27 a 29 de Dezembro o UNIOGBIS forneceu apoio para a realização de um seminário de

formação sobre comunicação, advocacia e lobby, simultaneamente nas cidades de Bafatá, Buba e

São Domingos. A formação foi destinada a melhorar a capacidade das organizações da sociedade

civil de desempenhar um papel construtivo no processo democrático e de governaçao na Guiné-

Bissau. Cerca de 25 participantes assistiram a cada um dos ateliers.

55. Durante o período do relatório, o PNUD trabalhou com a Assembleia Nacional e o Tribunal

de Contas para reforçar a sua capacidade de prestação de supervisão na área da governação

económica. Ele também apoiou o Ministério da Economia e Finanças em divulgar o Relatório

Trimestral sobre as finanças públicas em três regiões (Quinará, Gabú e Cacheu), que foram

divulgados às autoridades tradicionais locais, organizações religiosas e de mulheres, oficiais

eleitos locais e associações juvenis. O PNUD ainda ajudou o Ministério da Função Pública na

criação e operacionalização de uma unidade para monitorizar mecanismos e programas de

descentralização, de modo a melhorar a eficiência e transparência na função pública.

56. A 18 de Dezembro, com o apoio da UNIOGBIS, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa

(INEP) concluiu uma série de sete conferências iniciadas em 30 de Junho, em comemoração do

seu trigésimo aniversário. Cerca de 500 participantes académicos, da função pública, partidos

políticos, corpo diplomático e das Nações Unidas participaram das conferências. As discussões

incidiram, nomeadamente, sobre os desafios estruturais no sector da justiça, gestão das

fronteiras, a estabilidade política e a reforma constitucional. As conferências foram destinados a

ajudar o INEP com a retomada de iniciativas para promover debates científicos e estudos sobre a

realidade socio-política do país e estimular o diálogo aberto.

F. Aconselhamento e apoio estratégico e técnico para o estabelecimento de uma

aplicação eficaz e eficiente da lei e da justiça penal e sistemas penitenciários

57. Durante o período do relatório, o escritório regional do UNIOGBIS em São Domingos

continuou a envolver-se com as agências policiais locais, autoridades regionais e sociedade civil,

a fim de avaliar e fazer recomendações sobre as formas de combate à criminalidade crescente.

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58. De 10 a 18 de Agosto, o UNIOGBIS e o PNUD facilitaram reuniões entre o Ponto Focal

Global do Estado de Direito da Missão de Peritos das Nações Unidas e os oficiais Guineenses do

setor de reforma da segurança e do Estado de Direito em Bissau e nas regiões. O principal

objectivo da visita foi o de explorar formas de melhorar a coordenação geral em relação à

reforma do setor de segurança e do Estao de direito, incluindo a programação conjunta das

Nações Unidas. A pedido do Procurador-Geral, o UNIOGBIS empreendeu cinco visitas de

trabalho ao seu Gabinete entre Setembro e Novembro, para prestar assistência e aconselhamento

em conexão com as investigações pendentes envolvendo políticos e militares.

59. O UNIOGBIS apoiou a organização do Quinto Fórum Anual Nacional sobre Justiça Penal,

que teve lugar de 2 a 4 de Dezembro em Bissau. Cerca de 70 oficiais superiores discutiram

questões relacionadas com crimes contra o ambiente, uma política nacional de justiça penal e a

revisão do projecto Militar do Código de Justiça. As principais recomendações feitas pelos

participantes foram: (a) proteger o meio ambiente através da criminalização de atos tais como a

pesca ilegal, o comércio ilegal de madeira e a exploração de áreas protegidas; (b) estabelecer um

sistema de recolha de dados para medir a criminalidade e para fornecer estatísticas sobre a

criminalidade; e (c) assegurar o cumprimento do Código de Justiça Militar com as normas

nacionais e internacionais.

60. A 10 e 11 de Novembro, o UNIOGBIS realizou duas sessões de sensibilização com oficiais

superiores da Polícia Judiciária Militar, magistrados militares e representantes do Ministério da

Defesa, do Instituto Nacional de Defesa, em Bissau. Dezanove magistrados militares, incluindo

duas mulheres, e 22 oficiais superiores da Polícia Judiciária Militar,dos quais um é uma mulher,

participaram do evento, que se concentrou na sensibilização dos princípios que regem a

administração da justiça por tribunais militares.

61. A 26 de Novembro, o escritório regional do UNIOGBIS em Buba apoiou as autoridades de

governação local na região de Quinará na criação de um Conselho Consultivo Regional.

Cinquenta participantes, incluindo cinco mulheres, da administração local, organizações da

sociedade civil, líderes comunitários e religiosos, e representantes do sistema de segurança,

discutiram a paz, segurança e preocupações de desenvolvimento da região. Espera-se que a

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criação do Conselho possa ajudar a reduzir a criminalidade e as violações dos direitos humanos,

e na promoção da consolidação da paz, da segurança pública e do desenvolvimento.

62. O PNUD continuou a apoiar a prestação de serviços de ajuda jurídica e mediação de conflitos

gratuitos para a população mais vulnerável, incluindo mulheres, através dos Centros de Acesso à

Justiça em Bissau e nas regiões de Cacheu, Oio e Bafatá. O Centro de Formação de Justiça,

apoiado pelo PNUD, continuou a fornecer formação para 196 magistrados e oficiais de justiça.

G. Promoção e proteção dos direitos humanos e monitorização dos direitos humanos e

actividades de relatório

63. Apesar de intenso lobby do UNIOGBIS, os esforços para rever o estatuto da Comissão

Nacional de Direitos Humanos do país para torná-lo compatível com os Princípios de Paris

foram adiadas. Isto, por sua vez, afetou as atividades da Comissão Interministerial para

implementar a Revisão Periódica Universal e as recomendações de outros tratados de organismos

dos direitos humanos. Como resultado da instabilidade política em Bissau, o UNIOGBIS

também não conseguiu apoiar o Governo para avançar com o seu Plano de Acção Nacional de

Direitos Humanos.

64. O UNIOGBIS apoiou as autoridades nacionais no sentido de facilitar um atelier sobre a

impunidade, de 27-28 de Outubro. O atelier foi um seguimento da Primeira Conferência

Nacional sobre a Impunidade, Justiça e Direitos Humanos, realizada em 2013, no âmbito da

Declaração de Bamako de 2011. Cinquenta participantes dos setores da justiça, defesa e

segurança, a função pública, a Assembleia Nacional, partidos políticos e organizações da

sociedade civil desenvolveram um plano de acção nacional que consiste em estratégias e

mecanismos que combatam a impunidade, garantam a justiça eficaz e acessível, e promovam e

protegam os direitos humanos.

65. A pedido do Ministério da Educação, o UNIOGBIS realizou uma formação em direitos

humanos para 50 professores do ensino secundário, incluindo 10 mulheres, nas regiões de Bafatá

e Gabú em Novembro e Dezembro respectivamanete. A 4 de Dezembro, o UNIOGBIS apoiou a

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Faculdade de Direito da Universidade Amílcar Cabral na realização de uma conferência sobre o

quinquagésimo aniversário dos dois Pactos Internacionais sobre Direitos Civis e Políticos e em

Direitos Económicos, Sociais e Culturais, para garantir que os estudantes de Direito se

familiarizassem com esses instrumentos internacionais e apoiem a sua implementação.

66. De 30 de Novembro a 5 de Dezembro o UNIOGBIS divulgou leis contra a mutilação genital

feminina, o tráfico humano e a violência doméstica durante um curso de formação em Farim

(região de Oio) para 60 membros da sociedade civil local, incluindo 41 mulheres. Durante o

período em análise, a UNICEF e o UNFPA continuaram a trabalhar de forma concertada com o

Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefastas para apoiar as estratégias nacionais para

a cessação da mutilação genital feminina / excisão.

67. No âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 de

Dezembro o UNIOGBIS facilitou, juntamente com as Mulheres das Nações Unidas, um

programa de actividades nas regiões de Gabú, Bafatá, Oio, Quinará e Bissau, em apoio aos 16

Dias de Ativismo contra a Violência contra as Mulheres. O programa, que foi apresentado pelo

Ministério da Mulher, Família e Coesão Social, consistia na formação para crianças em idade

escolar, palestras na Faculdade de Direito e escolas secundárias, marchas e concertos dos direitos

humanos aos prisioneiros e detidos em todos os estabelecimentos penitenciários. A comunidade

internacional apoiou ainda um grupo de organizações da sociedade civil na realização de uma

"Quinzena dos Direitos Humanos” na Casa dos Direitos, um centro de recursos de direitos

humanos situado em Bissau, que incluiu uma série de eventos culturais.

68. O UNIOGBIS, o PNUD e a UNICEF também continuaram a reforçar a capacidade judiciária

e dos funcionários policiais, bem como os militares na área dos direitos humanos. O apoio

técnico e material da UNICEF à Guarda Nacional, organizações não governamentais e à

Comissão Nacional contra o Tráfico de seres Humanos resultou na intercepção de 31 crianças

separadas em diferentes pontos de fronteira nas regiões de Gabú e Tombali durante o período de

referência. As operações conjuntas em curso entre a Guarda Nacional e as organizações da

sociedade civil de proteção à criança também resultaram na repatriação e reintegração de 39

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crianças, comumente referidas como crianças talibés, à Guiné-Bissau, vindas do Senegal e da

Gâmbia.

69. O UNIOGBIS deu formação em direitos humanos para 60 membros do judiciário e 30

formação de formadores a militares, com foco na integração dos direitos humanos na

administração da justiça, bem como sobre o currículo de formação das forças armadas.

H. Aconselhamento estratégico e técnico e apoio ao Governo da Guiné-Bissau no

combate ao tráfico de droga e crime organizado transnacional

70. De 10 a 21 de Agosto o UNIOGBIS, em coordenação com o UNODC e a Organização

Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL), apoiaram a Polícia de Ordem Pública, Guarda

Nacional, Polícia Judiciária e os promotores locais na implementação da "Operação CADEADO

II". A operação teve como objetivo monitorizar pessoas e mercadorias que entram e saem através

dos pontos de passagem de fronteira nas regiões leste e sul da Guiné-Bissau, usando o

dispositivo móvel da rede da Interpol (MIND).

71. A 21 de Agosto, as Unidades de Crime Organizado Transnacional (UCT) da Guiné-Bissau,

Libéria e Serra Leoa participaram de um atelier regional da UNODC coordenado em Dacar, para

trocar experiências e informação sobre a estrutura organizacional dos seus respectivos países, os

desafios operacionais e as lições aprendidas. O segundo protocolo Inter-Agência para

Colaboração e Inteligência Conjunta, Investigação e Interdição de Operações relativas às

substâncias Medicamentosas e Psicotrópicas foi assinado durante o atelier.

72. A Iniciativa da Costa Ocidental Africana (WACI) Comité de Política de Alto Nível

(POLCOM) reuniu-se em Bissau a 24 de Novembro, sob a co-presidência do meu Representante

Especial na Guiné-Bissau e do meu Representante Especial para a África Ocidental e Chefe do

Escritório das Nações Unidas na África Ocidental (UNOWA), Mohammed Ibn Chambas, com a

participação de 40 representantes internacionais de alto nível e de funcionários das Nações

Unidas, incluindo os Ministros do Interior da Serra Leoa e da Guiné, bem como o Procurador-

Geral da Libéria. Os participantes reconheceram e expressaram o seu apoio às autoridades da

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Guiné-Bissau pelos seus esforços em combater o crime organizado transnacional desde o retorno

à ordem constitucional em 2014. O POLCOM fez um balanço dos progressos realizados na

implementação da WACI, discutiu soluções para países onde os níveis de implementação

permanecem baixos e concordaram com novas orientações estratégicas para a extensão do

programa WACI até 2017. O POLCOM reafirmou o seu apoio à implementação do Plano

Regional da CEDEAO para Combater o Tráfico Ilícito de drogas, Crime Organizado e Abuso de

drogas 2008-2015. No final da reunião, os membros do POLCOM também reafirmaram o seu

compromisso contínuo para implementar o programa WACI, incluindo através de uma

coordenação estratégica nos níveis nacional, regional e internacional.

73. De 30 de Novembro a 01 de Dezembro, com o apoio do UNIOGBIS os Ministros da Defesa

e Justiça co-presidiram um seminário organizado pelo Instituto de Defesa Nacional, que visou

discutir o crime organizado transnacional, incluindo o tráfico de drogas, e o seu impacto negativo

sobre a estabilidade e a governação na Guiné -Bissau e na sub-região.

74. No mesmo dia, o UNODC, em cooperação com o UNIOGBIS, iniciou uma formação de

formadores sobre o tráfico de seres humanos em Bissau. A formação, que decorreu até 04 de

Dezembro, foi uma iniciativa conjunta entre o UNODC e a CPLP, com a participação do

Observatório Português de Tráfico de Seres Humanos.

75. A 11 de Dezembro o UNIOGBIS reabriu o seu escritório regional em Bubaque (Arquipélago

dos Bijagós), que, inter alia, apoia os esforços para ajudar as autoridades nacionais no

acompanhamento das actividades de drogas e crime organizado transnacional. Dois policiais

foram mobilizados para o escritório.

I. Incorporação da prespectiva do género na construção da paz, de acordo com as

resoluções do Conselho de Segurança 1325 (2000) e 1820 (2008)

76. Em colaboração com a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas

(FAO) e a Plataforma Política das Mulheres, o UNIOGBIS organizou dois seminários de

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24

formação sobre a lei da terra e resolução de conflitos em Bolama, na região de Quinará e

Quinhamel, na região de Biombo, de 15 e 16 de Agosto e 21-22 de Agosto, respectivamente. O

evento teve como objetivo fortalecer a capacidade das mulheres líderes e da sociedade civil nas

áreas da lei da terra, a igualdade do género, o diálogo comunitário, violência baseada no género e

resolução de conflitos.

77. De 23 a 24 de Outubro o UNIOGBIS realizou um seminário de formação sobre igualdade do

género e reforma do sector de segurança em Canchungo, região de Cacheu, em colaboração com

dois comités de mulheres estabelecidas no âmbito das instituições de defesa e segurança. Trinta e

cinco mulheres da Marinha, do Exército, da Força Aérea, da Guarda Nacional, e da Polícia de

Ordem Pública participaram na formação destinada a reforçar a capacidade das participantes para

promover e proteger os direitos das mulheres ao abrigo da Resolução do Conselho de Segurança

1325. As participantes expressaram a sua preocupação com a desigualdade do género no seio das

forças armadas e das instituições de segurança.

78. A 23 e 24 de Novembro, a Comissão Especializada da Assembleia Nacional sobre mulheres

e crianças e a Rede de Mulheres Parlamentares na Guiné-Bissau

organizou um atelier em Bissau para validar um projeto de lei sobre cotas para as mulheres para

promover a participação das mulheres nos processos de tomada de decisão. Os participantes

concordaram sobre a necessidade de melhorar ainda mais o projeto de lei, que, uma vez

totalmente validado, será submetido à Assembleia Nacional para aprovação.

79. De 16 a 19 de Dezembro o UNIOGBIS apoiou a organização de um seminário de formação

para organizações da sociedade civil e mulheres líderes em matéria de comunicação, advocacia e

de lobby, na sequência de um pedido da bancada parlamentar das mulheres.

J. Trabalhar com a Comissão de Consolidação da Paz no apoio às prioridades da paz na

Guiné-Bissau

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80. A 21 de Outubro, a Configuração da Comissão de Consolidação da Paz para a Guiné-Bissau

realizou uma reunião informal para analisar a situação política e económica no rescaldo da crise

política na Guiné-Bissau. O recém-nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sr. Artur

Silva, participou na reunião de Bissau. O Ministro informou a Configuração sobre as prioridades

do Governo e deu garantias de vontade política e compromisso das autoridades para restaurar a

estabilidade no país.

81. Num comunicado emitido a 26 de Outubro, a Configuração encorajou as partes

intervenientes nacionais “a resolver as dificuldades de governação do país através da inclusão

política e o compromisso de re-construir o progresso em áreas chave como a do sector da

segurança e do programa de desenvolvimento Terra Ranka apresentado aos doadores da

comunidade na mesa redonda de Março de 2015.” A 16 de Dezembro, a Configuração emitiu

outra declaração exortando a liderança política "a aproveitar a oportunidade histórica do país

para quebrar o ciclo de instabilidade e pobreza ".

IV. Assuntos transversais

A. Integração do Sistema das Nações Unidas

82. O Quadro das Nações Unidas de Parceria Governamental para o período 2016-2020

(UNPAF), em apoio à implementação do Plano Nacional Estratégico e Operacional 2015-2020

(Terra Ranka), foi finalizado e aguarda a assinatura do Governo. O orçamento estimado para este

quadro de parceria ascende a cerca de 381 milhões de dólares americanos, incluindo 10 milhões

de dólares americanos do Fundo de Consolidação da Paz. Um

mecanismo de coordenação para a sua implementação foi discutido e acordado com as

autoridades nacionais. Um plano de acção conjunta para a sua implementação está previsto para

ser finalizado e adoptado no primeiro trimestre de 2016.

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83. A 16 de Novembro, o meu Representante Especial convocou a terceira reunião do Grupo de

Política Estratégica das Nações Unidas (SPG) para analisar conjuntamente as contribuições do

sistema das Nações Unidas para a implementação do mandato do UNIOGBIS. Os membros do

SPG tambem examinaram os mecanismos de coordenação, monitorização e avaliação entre o

Governo da Guiné-Bissau e as Nações Unidas, como parte do UNPAF.

84. De acordo com os resultados de uma visita de nível de trabalho liderado pelo Departamento

de Assuntos Políticos para Bissau de 15 a 17 de Dezembro, eu solicitei ao UNIOGBIS e à

Equipa das Nações Unidas no País para que apoiassem o desenvolvimento de uma estratégia

nacional e um programa conjunto de Estado de Direito no âmbito do Ponto Focal Global para a

Polícia, Justiça e Correções, e promover uma maior integração através da realização de

oportunidades de sinergia e colaboração nas áreas de reconciliação e da reforma constitucional.

B. Informação Pública

85. Durante o período do relatório, o UNIOGBIS produziu 25 programas de rádio em lingua

Criola e Portuguesa, que foram difundidos em duas estações de rádio nacionais.

Os programas centraram-se nos assuntos dos direitos humanos e do género, desenvolvimento

sustentável, paz e segurança, justiça e assuntos humanitários, o Estado de direito, e o processo de

reconciliação nacional. O UNIOGBIS apoiou a Comissão Organizadora da Conferência Nacional

e a comissão ad hoc sobre a reforma constitucional no desenvolvimento das suas respectivas

estratégias de comunicação e na preparação das suas primeiras actividades de comunicação.

86. Como coorderdenador do grupo de Comunicação das Nações Unidas, o UNIOGBIS liderou a

organização de um vasto leque de actividades para marcar o septuagésimo aniversário da

Organização das Nações Unidas, tais como palestras sobre as Nações Unidas na Universidade

Amílcar Cabral, na Universidade Lusófona e escolas secundárias, bem como uma sessão

parlamentar especial sobre o Dia das Nações Unidas a 24 de Outubro, um concerto, e uma

exposição fotográfica sobre as metas de desenvolvimento sustentável e sobre o trabalho da

Organização na Guiné-Bissau.

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87. Apesar das actividades planeadas no campo da informação pública, devido à situação política

atual o UNIOGBIS atrasou o trabalho conjunto com o Ministério da Comunicação Social no

fórum da comunicacao social e ajuste na política nacional para o setor. A não assinatura do

UNPAF também afetou negativamente a estratégia de comunicação do UNIOGBIS e os

mecanismos de coordenação associados.

C. Proteção e segurança dos funcionários

88. A situação geral de segurança em todo o país permaneceu relativamente calma durante o

período em análise. Foram relatados quatro casos de pequena criminalidade e três acidentes

menores de trânsito não fatais envolvendo funcionários das Nações Unidas. Em resposta a

relatórios continuos sobre ameaças terrorristas na sub-região, foram postas medidas preventivas

em prática pelo UNIOGBIS e a Casa das Naçoes Unidas, e foi lembrado aos membros da equipa

que devem permanecer vigilantes.

V. Observações

89. A crise política dentro do principal partido político, o PAIGC, e entre a liderança política na

Guiné-Bissau, o que tem impedido o país de avançar com a sua agenda de reformas nacionais

por mais de seis meses, é preocupante. A actual estagnação mina a probabilidade brilhante para o

país após o sucesso da Mesa Redonda dos Parceiros em Março, durante o qual os parceiros

internacionais manifestaram o seu apoio sem precedentes para o Plano Estratégico e Operacional

do país 2015-2020. A crise tem o potencial de danificar ainda mais as instituições e o Estado já

frágeis no processo global de consolidação da paz.

90. Em tal contexto, é o povo da Guiné-Bissau, que não está a colher os dividendos prometidos a

eles pelo seu governo democraticamente eleito. A população ainda está à espera de ver melhorias

tangíveis na sua situação socio-económica. Faço um apelo aos líderes da Guiné-Bissau, incluindo

o Presidente, o Primeiro-ministro, o Presidente do Parlamento e chefes de partidos políticos a

prosseguirem com o seu compromisso de trazer a estabilidade política à Guiné-Bissau, no

interesse da sua nação.

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91. Enalteço os parceiros regionais e internacionais da Guiné-Bissau, nomeadamente a

CEDEAO, a União Africana, a CPLP, a União Europeia e os parceiros bilaterais que, juntamente

com as Nações Unidas, têm-se mantido firmes em investir tempo e recursos no apoio aos

Guineenses na sua busca para alcançar a paz e a estabilidade sustentável. Gostaria também de

reconhecer o papel importante, salutar desempenhado pela Missão da CEDEAO na Guiné-Bissau

(ECOMIB) e exortar os Estados-Membros a considerar o fornecimento de assistência financeira

para apoiar a CEDEAO a sustentar a implementação de ECOMIB.

92. Noto com satisfação que as Forças Armadas têm permanecido nos quartéis e não têm

interferido nos assuntos políticos do país. Incentivo as autoridades nacionais com

responsabilidade e comando sobre este sector a intensificar os esforços, dentro das suas

capacidades, a fazer avançar a implementação da reforma do sector da segurança, incluindo a sua

reforma e aspectos de reintegração. Espero que os parceiros bilaterais, regionais e internacionais

venham a fornecer o apoio financeiro e técnico necessário para avançar com este processo.

Apelo também ao Governo para operacionalizar o mais rapidamente possível os mecanismos de

coordenação para o desembolso dos fundos prometidos e acompanhamento, em cooperação com

os parceiros. A ONU continua disponível para prestar assistência técnica no que a isto diz

respeito.

93. Apelo igualmente à Assembleia Nacional, à Comissão ad hoc sobre a Revisão Constitucional

e à Comissão Organizadora da Conferência Nacional para acelerarem o seu trabalho e fazerem

melhor uso da perícia técnica fornecida pelas Nações Unidas. Da mesma forma, o apoio das

Nações Unidas continuará a estar disponível, mediante pedido e se for caso disso, a outras

iniciativas destinadas a reforçar a estabilidade na Guiné-Bissau, incluindo a elaboração de um

pacto de estabilidade.

94. Continuo preocupado com a fragilidade contínua do sistema de justiça penal da Guiné-Bissau

e a falta de progressos na investigação e no estabelecimento de

mecanismos de responsabilização para violações de direitos humanos. Reitero os meus apelos às

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autoridades nacionais para que implementem os planos de reforma da justiça, o plano nacional

para combater o crime organizado transnacional, e as recomendações feitas na Revisão Periódica

Universal do Conselho dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau de Janeiro de 2015. Incentivo

igualmente as autoridades nacionais a finalizarem a ratificação de todos os instrumentos de

direitos humanos pendentes.

95. O mandato do UNIOGBIS expira a 28 de Fevereiro, mas há muito trabalho que ainda precisa

ser feito, incluindo o apoio aos esforços para encontrar uma solução sustentável para a crise

política em curso. Por isso, recomendo que o atual mandato do UNIOGBIS seja prorrogado por

mais um ano até 28 de Fevereiro de 2017.

96. Para terminar, gostaria de expressar o meu apreço ao meu Representante Especial, Miguel

Trovoada, ao pessoal do UNIOGBIS e à Equipa Nacional das Nações Unidas sob sua liderança,

bem como aos parceiros bilaterais, regionais e internacionais pelo seu contributo contínuo para a

consolidação da paz na Guiné-Bissau.