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SILVANA PANICHI VAZ o PSICOPEDAGOGO NAS INSTITUIc,;OES DE ENSINO CURITIBA 2000

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SILVANA PANICHI VAZ

o PSICOPEDAGOGO NAS INSTITUIc,;OES DE ENSINO

CURITIBA

2000

SILVANA PANICHI VAZ

o PSICOPEDAGOGO NAS INSTITUIC;;6ES DE ENSINO

Monografia apresentada para obten~aodo titulode especialista em Pedadogia Terapeutica doCentro de P6s-Gradua9ao Pesquisa e Extensao(CEPPE) da Universidade Tuiuti do Parana.

Orientadora: Ursula M. Simons.

CURITIBA

2000

AGRADECIMENTOS

Agrade,o primeiramenle a Deus, que me deu for-

,as para chegar ale aqui, ao meu marido que,

sempre me apoiou e me incentivou e a voces pro-

fessores, que de alguma forma participaram desla

pesquisa.

" Nao ande pelo caminho tra9ado, pOisele conduz somente ate onde os outros ja

toram."

Alexandre Graham Bell

iii

SUMARIO

RESUMO...

INTRODUCAo ..

1 PSICOPEDAGOGIA ..

1.1 HISTORICO DA PSICOPEDAGOGIA ..

. v

. 1

. 2

. 3

1.2 APRENDIZAGEM - OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA.. ...4

1.3 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.. ...6

21NSTITUICAO DE ENSINO.. . 9

3 PSICOPEDAGOGIA PREVENTIVA X PSICOPEDAGOGIA_TERAPEUTICA OU

CLiNICA... . 12

4. 0 PAPEL DESEMPENHADO PELO PROFESSOR E PELO PSICOPEDAGOGO

DENTRO DA ESCOLA . . 16

5 PROPOSTA PARA DESENVOLVER UM TRABALHO DE PSICOPEDAGOGIA

NAS ESCOLAS..

CONSIDERACOES FINAlS ..

REFERENCIAS BIBUOGRAFICAS ..

. 19

. 26

..28

iv

RESUMO

A pesquisa S8 constitui num estudo te6rica que tenta justificar a importanciade uma psicopedagogia preventiva junto as institui~6es de ensina. A escola e res-ponsavel por grande parte da aprendizagem do ser humano, ela cumpre 0 papel demediadora, no processo de ensine e aprendizagem, que inctui 0 sujeito no seu mun-do sociocultural. Oiante disso, percebe-se que hi! necessidade de urn maior envol-vimento do psicopedagogo com as escolas, no sentido do desenvolvimento de urntrabalho rnais integrado frente ao individuo com dificuldades de aprendizagem. Tra-balho esse que 0 psicopedagogo desenvolveria no sentido de uma a9iio preventivajuntamente com professores, coordena96es e Qutras areas existentes nas institui-90es de ensina. A psicopedagogia devera estar sintonizada com todos os profissio-nais e especialistas da escola, 0 que significa analisar quest6es metodologicas, levarem Gonta 0 ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, do aluno e seus fa-milia res. 0 professor, assim como 0 psicopedagogo, sao pe98s importantes notrabalho preventivo. Ambos atuarao no processo de prevenc;ao,mas somente 0

psicopedagogo pod era fazer a avaliac;ao e conciuir 0 diagnostico, pois, e ele 0

profissional que auxilia na identifica,iio e resolu9iio dos problemas no processo deaprender. 0 psicopedagogo esta capacitado a lidar com as dificuldades deaprendizagem, um dos fatores que leva a evasao escolar. Acredita-se que essetrabalho preventivo contribuira na busca de novas soluc;oes para os diferentesproblemas de aprendizagem, com uma maior aproximac;ao desses profissionais naluta por uma escola rna is eficaz.

INTRODUCAO

Uma proposta de assessoramento Psicopedag6gico Institucional, emerge

nestes ultimos tempos, como uma questao de complexidade crescente. Desafia n05-

50S esforgos em varios niveis: epistemol6gicos, tecnico, te6riea, docente e de inves-

tiga<;iio.

o avango no desenvolvimento destes niveis, para uma elaborac;ao cientifica

neste campo, e desafiador.

Oiante destas questoes, S8 faz necessario desenvolver elementos, que fun-

damentem uma proposta de atendimento psicopedag6gico com enfoque preventiv~,

a qual S8 ocupara da identificayao, analise e eJabora9iio da metodologia para urn

diagn6stico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.

Para 0 desenvolvimento desta atuac;ao psicopedag6gica S8 faz necessaria

reportar-S8 a urn referendal te6riee, 0 qual vai nortear toda 8g80.

Como 0 atendimento psicopedag6gico e centrado na rela<;iiodo sujeito com a

aprendizagem e 0 sujeito com a escola, a presente proposta tera sua fundamenta-

c;aoteerica e orientac;ao pn3tica retiradas da Epistemologia Convergente, preconiza-

da pelo autor Jorge Visca, bern como contara com 0 referencial dos estudos de VY-

GOTSKY.

Procura buscar alternativas para reintegrar e readaptar 0 aluno a situac;ao de

sala de aula, possibilitando 0 respeito as suas necessidades e ritmos, desenvolver

projetos psicopedag6gicos-educacionais, enriquecendo os procedimentos em sala

de aula, avaliac;6es e planejamentos na educac;ao.

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1 PSICOPEDAGOGIA

A palavra pSicopedagogia no Dicionario Aurelio da Lingua Portuguesa signifi-

ca "aplica9ao da psicologia experimental a pedagogia." (FERREIRA, 1988, p. 536).

Diante desta afirma9iio, podemos dizer que, toda vez que um profissional da peda-

gogia leva em considera9iio aspectos psicologicos envolvidos dentro de uma deter-

minada a~o, comporta-se como urn psicopedagogo, par outro lado toda vez que

um profissional da psicologia leva em conta aspectos pedagogicos, comporta-se

como um psicopedagogo.

Seu campo de aplicayao a cada dia aumenta e aprofunda-se sabre muitas a-reas. E uma area de conhecimento que ainda necessita de diferentes informa90es

da neurologia, psicolinguistica e demais especializay6es, possibilitando assim urn

trabalho interdisciplinar.

Segundo Scoz define 0 papel do psicopedagogo como" A area que estuda e

lida com 0 processo de aprendizagem e suas dificuldades e que, numa a9iio profis-

sional, deve englobar varios campos do conhecimento,integrando-os e sintetizando-

os." (SeQZ, 1992, p. 2).

Portanto, podemos dizer que a a9iio psicopedagogica desempenha papel im-

portante sabre as problemas reais de aprendizagem , compreender a indivfduo en-

quanta aprendiz. Inicialmente, a psicopedagogia era restrita ao atendimento em cli-

nicas particulares, porsm vern S8 ampliando, contribuindo tambem para a diminuic;ao

dos problemas de aprendizagem nas escolas e reduzindo as altos Indices de fracas-

so escolar.

3

1.1 HISTORICO DA PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia surgiu no final do seculo XVIII e inicio do seculo XIX em es-

tudos realizados dentro dos grandes centros europeus, como Fran~ e Alemanha.

Grupos de estudiosos (medicos, psic61ogos, pedagogos, etc.) observavam crian<;as

que nao conseguiam acompanhar uma classe regular de ensino.

Estudiosos passaram a ter como objeto de estudo a aprendizagem e as difi-

culdades de aprendizagem. Comec;aram entaD a elaborar instrumentos de avaliac;ao

especificos na busca de urn diagnostico para as possiveis causes da naD aprendi-

zagem dos individuos que aparentemente eram "normais"

No Brasil os estudos tem inicio na decada de 70, principalmente em Sao Pau-

lo, e logo se espalham pelo pais, aonde vao sendo criados varios cursos de exten-

sao e forma~o, todos com currfculos e linhas de pesquisa, ora mars institucionais

com carater preventiv~, ora mais cHnicos, voltados para a Psicologia.

Os curriculos dos cursos de Psicopedagogia visam ate 0 momento, instru-

mentalizar as profissionais, na avaliayao diagnostica e no processo de intervenyao

da aprendizagem, na busca das causas das dificuldades, no conhecimento de como

o individuo vern processando os seus conhecimentos, nas implica90es familia res e

escolares que subjazem ao processo ensino-aprendizagem, bem como na elabora-

yaO de instrumentos de intervenyao adequados as dificuldades.

Por ser uma area multidisciplinar nao requer uma formac;ao especffica, es-

tando aberta a pedagogos, psic61ogos, fonoaudi610gos e profissionais da saude e da

educayao.

E uma area que vern realizando muitas pesquisas no campo da aprendiza-

gem, devido 0 grande numero de crian<;as que fracassam em sua trajet6ria escolar,

abandonam os estudos ou possuem muitas dificuldades para aprender.

4

Os campos de atu8g8o destes profissionais na atualidade sao muito grandes

podendo atuar em instituiyoes (escolas, hospitais, empresas.) e clinica.

A clientela provem das escolas estaduais, municipais e particulares e e en-

caminhado pelas pr6prias escolas, medicos, familiar8s.

A Psicopedagogia foi regulamentada pelo MinistEirio da Educayao e da Cultu-

ra (MEC) em cursos de Pos-graduayao e Especializayiio e a clientela desses cursos

e constitulda par profissionais que buscam especializar-se no atendimento as pes-

soas que par diferentes raz6es, fracassam na sua escolaridade.

1.2 APRENDIZAGEM - OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA

o ens ina visa a aprendizagem. Mas 0 que e aprendizagem? Inicialmente con-

vern saJientar que aprendizagem nao e apenas urn processo de aquisic;aode conhe-

cimentos, conteudos ou informac;6es. Podemos descrever a aprendizagem como

sendo urn processo de aquisic;aoe assimilac;ao,mais ou menes consciente de novas

padr6es e novas formas de perceber, ser, pensar e agir.

Em sintese, a aprendizagem constitui uma mudanc;a de comportamento resultante daexperiencia. Trata-se de uma mudanc;a de camportamento ou de conduta que assu-me varias caracteristicas. E uma resposta modificada, estavel, interiorizada e conso-lidada no propria cerebra da individuo.A aprendizagem compreende por conseqOencia uma reJac;ao integrada entre 0 indi-viduo e 0 seu envolvimento, do qual resulta uma pJasticidade adaptativa de compor-tamento au de condutas. (FONSECA, 1995, p. 128)

o importante e que nao se aprende uma 56 coisa de cada vez, mas varias.

"Isso nao significa que a aprendizagem seja, par si so, desenvolvimento ( .. )" (SCOZ,

1994, p.27 )

A aprendizagem depende da articulac;aode fatores internos e externos ao su-

jeita. Para que alguem aprenda, e necessaria que ele queira aprender, par issa emuito importante que a professor saiba motivar as seus alunos, atravEis de variedade

5

de recursos, metodos e procedimentos. Entre motivac;ao e aprendizagem existe uma

mutua relac;ao. Nao htl aprendizagem sem motiv8gc3o, a motiv8g8o e necessaria,

porem, nao suficiente. 0 problema da motiva,ao da aprendizagem e bastante com-

plexo. Hoje, cada teoria da aprendizagem apresenta urn fator de motiv8r;c30 como

sendo 0 mais importante. A teo ria de Piaget, par exemplo, apresenta como fator pre-

ponderante de motiva9aO "0 problema", a situa,ao -problema. Nesse sentido, a teo-

ria de Piaget da mais anfase ao desenvolvimento da inteligencia. Skinner, par sua

vez, considera como fator mais importante a "recompensa" ou 0 urefon;:o".

Verificamos que estes estudos contribuiram para demonstrar que ha varios

niveis de desenvolvimento par parte da crianya na aprendizagem escolar.

Percebe-se que na falta de situ8goes propicias ao aprendizado 0 desenvolvi-

mento fica impedido. Portanto, 0 ser humane e urn ser social e a interac;:ao que esta-

belece com outras pessoas e essencial a seu desenvolvimento.

Aprendizado ou aprendizagem e 0 processo pelo qual 0 aluno adquire informacoes,habilidades, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, 0 meio ambiente,as outras pessoas. E um processo que se diferencia dos fatores inatos (a capacidadede digestao por exemplo, ja nasce com individuo) e dos processos de maturacao doorganismo, independentes da informa<;ao do ambiente (a maturar.;:ao sexual, por e-xemplo). Em Vygotsky, justa mente por sua enfase nos processos socio - historicos, aideia de aprendizado inclui a interdependencia dos individuas envolvidos no proces-so. 0 terma que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como processo de en-sino - aprendizagem, incluindo sempre aque!e que aprende, aquele que ensina e arela,ao entre essas pessoas. (OLIVEIRA, 1993, p. 57).

Essa concep,ao de que e 0 aprendizado que possibilita 0 despertar de pro-

cessos internos do individuo, liga a desenvolvimento da pessoa e sua rela~a com 0

ambiente socia - cultural em que vive.

Para Vygotsky, por exemplo, SaO importantes as trocas socia is na aprendiza-

gem, 0 papel do jogo no processo de desenvolvimento e 0 papel dos prolessores

como mediadares da aprendizagem.

6

1.3 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos individuos no meio edu-

cacional tern sido uma preocupaC;8o e urn grande desafio para todos as profissionais

envolvidos com a educ8y80. A nao aprendizagem na escola e uma das causas do

fracasso escolar. Aprender a ler, escrever, contar e interpretar, as vezes e uma tare-

fa dificil para as crianY8s. A aprendizagem aconteee dentro de urn espayo de tempo

de acordo com 0 seu nivel pedag6gico. Discutir as dificuldades de aprendizagem

implica, entao, em levar em conta toda a multiplicidade de aspectos envolvidos na

interaC;80destas vertentes. Encontramos criany8s que apresentam serias dificulda-

des em seu processo de aprendizagem, podendo ser de ordem biol6gica, psicol6gi-

ca au social..

Dificuldadesde aprendizagem (DA) e urn termo geral que S8 refere a urngrupo hete-rogeneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisi~ao e uti-liza~ao da compreensaa auditiva, da fala, da leltura, da escrita e do raciocinio mate-matico. Tars desordens, consideradas intrfnsecas ao individuo, presuminda-se quesejam devidas a uma disfunc;aa do sistema nervosa central, podem ocarrer durantetada a vida. Problemas na auto-regulayao do comportamento, na recepc;ao social ena interat;.ao social podem existir com as DA. Apesar das DA ocorrem com outras de-ficiencias (par exemplo, deficiencia sensorial, deficiencia mental, disturbios socia-emocionais) ou com influencias extrinsecas ( par exemplo, diferent;:as culturais, insu-ficiente au inapropriada instrw;,ao, etc.), elas nao sao 0 resultado dessas condi-l'oes.(NATIONAL JOINT COMMITTEE OF LEARNING DISABILITIES, citado parFONSECA, 1995, p. 71).

E fundamental no campo da educaty8o, a compreensao bio-psicosocial da a-

prendizagem, uma abordagem dentro da educa9ao tem tentado propor a neuropsi-

cologia como forma de resgatar a parte do elo que falta: a rela9aO entre 0 funciona-

menta cerebral e a aprendizagem.

UPara aumentarmos a eficiencia dos processos, precoces ou nao, de identifi-

ca<;:iio, diagnostico e de interven<;:iio (pedagogica), e necessario estudar as condi-

((oes de aprendizagem dentro de conceitos mais aprofundados, nomeadamente a-

traves de modelos de informa<;:iio, podendo, assim, maxi mizar 0 potenCial de apren-

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dizagem da crian9a deficiente e da crian9a nao deficiente." (FONSECA, 1995, p.

139)

Todo comportamento e norteado pelo cerebra e pelo sistema nerVOSQ central.

Para atender a aprendizagem da crian98, a educador esta multo mais preparado S8

possuir 0 conhecimento neuropsicologico.

No que diz respeito 80 fracasso escolar, e de fundamental importancia in5-

trumentalizar 0 professor para lidar com as dificuldades de aprendizagem, sem pato-

logizar as problemas, nem propor encaminhamentos inutei5. Assim ele sabera detec-

tar as casas que realmente necessitam de urn atendimento protissional.

Podemos dizer que algumas das causas das dificuldades da aprendizagem

sao metodos de ensina inadequados, tatares emocionais, diferen98s culturais e so-

ciais, deficits sensoria is (auditivo, visual), sindromes, disfun90es neurol6gicas (disle-

xia, disgrafia, disortografia, discalculia), hiperatividade, deficit de aten91io.

o termo dificuldades de aprendizagem tambem e usado, por alguns autores,

como problema de aprendizagem. Para Visca a delimita91iodo problema de aprendi-

zagem consiste em tn§s caracteristicas:

a) 0 emergente da intera980 entre 0 sujeito e 0 meio.

"(..) uma das bases sobre a qual foi concebida a aprendizagem (e, conse-

quentemente, 0 problema de aprendizagem) e 0 interacionismo. De acordo com ele,

apesar de as estados normais e as desvios de aprendizagem serem processos in-

trapsiquicos, uns e Qutros unicamente ocorrem na medida em que S9 produzem in-

tercambios com 0 meio." (VISCA, 1991, p. 67).

o sujeito possui precondi91io para apresentar algum problema de aprendiza-

gem, porem este, 56 ira S8 manifestar au nao a medida que ele interage com 0 meio.

8

b) Modalidade patogenica ou patologica:

Onde ale define as duas da seguinte maneira: "a patogenica consiste em urn

modo que, sem chegar a ser doente, passui a possibilidade de adoecer; e que a pa-

tologica e uma aprendizagem doente e adoecedora." (VISCA, 1991, p. 68).

Nao podemos deixar de citar a importancia da preven980, de acordo com a

Epistemologia Convergente, dentro desta modalidade, pois, em um primeiro momen-

ta ela procura manter 6limas condic;6es de aprendizagem e num segundo momento

propiciar a reabilita~o do sujeito.

c) Fun980 das precondi90es do sujeito e das circunstancias do meio:

A precondiC;8o do sujeito diz respeito aDs aspectos epistemologicos, epistemi-

cos, epistemofilicos e funcionais. As circunstancias do meio, consistem na "intenC;80

significativa, no nivel operativo e no ritmo de estimula,ao." (VISCA, 1991, p. 69).

A principal contribui,ao destes estudos tem sido a constata,ao de processos

evolutivos dentro da aprendizagem, portanto, prevenindo os "problemas de aprendi-

zagem".

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2 INSTITUI<;Ao DE ENSINO

Antes de se abordar qualquer assunto nesta pesquisa, faz-se necessario res-

sal tar 0 importante papel da escola , enquanto instituiyiio de ensino.

A escola e uma institui~ao que tern como urn de seus abjetivos ueducar" 0 in-

dividuo e de contribuir para a formay8o de individuos pensantes, criativDs e criticos.

A escoJa e urn sistema de relac;6es entre pessoas, instituido na comunidade local e

na sociedade mais ampla.

A escola vern promover a integray80 entre aspectos fisicos, emocionais, cog-

nitivos e sociais, considerando que 0 aluno e urn ser completo e indivisivel.

"Pode-se chegar a uma mesma atividade cultural pel a escola ou fora dela, a

mesma tarefa cultural pode ser escoJar au nao-escolar, 0 mesma livro pode ser lido

em casa ou em classe" (SNYDERS,1974, p. 201). No entanto, precisa dela como

instrumento de sistematiz8c;:ao desta cultura. Na escola ha obrigac;:oes implfcitas,

difusas, obrigac;:6es que exigem grandes esfon;os para S8 desenvolver a construyao

do conhecimento.

Desta forma caracteriza-se a organizayao escolar, a qual reune em seu interi-

or, alunos que nao escolheram seus professores e colegas, professores que nao

escolheram seus colegas de trabalho e que, no entanto, precisam trabalhar em con-

junto em dire,ao a forma,ao intelectual e cultural.

Segundo 0 autor Snyders (1974, P. 206) :

"0 rigor com 0 qual 0 aluno e tratado, as ordens as quais ele deve obedecer,

as tarefas ordenadas, 0 estado de encadeamento em que ele se encontra." , faz com

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que a escola venha a tornar-S8 urn lugar naD muito atraente, pais 0 aluno tern que

obedecer a normas, horarios e executar tarefas. A escola e as professores sao im-

portantes mediadores, pais interpoem-se entre a crianc;a e 0 mundo social mais am-

plo e S8 responsabilizam pela socializ8C;80 do conhecimento sistematizado.

A escola intervem com novos materiais e objetos para pensar, aproveitando

as experiencias trazidas pela crianc;a. Seleciona 0 que considera importante a ser

aprendido, filtra, faz urn recorte e orienta 0 processo de aprendizagem de seus alu-

nos. Seja qual for a metodologia seguida, uma caisa e certa: na escola ocorre inter-

venC;8o, cujo objetivo central e a aprendizagem de conhecimentos selecionados co-

mo importantes para a vida futura do individuo no mundo social ao que ele pertence.

No que diz respeito aD fracasso escolar, podemos dizer que ha inumeras ra-

z6es desde problemas de estrutura socia-politica, metodos de ensina nao adequa-

dos a realidade da crianCY8, que sao desfavorecidas pedagogicamente, rna instru~o

dos professores, falta de estimula~o ou estimulagao excessiva e desorganizada,

motivac;ao e identificac;ao, sao alguns dos aspectos que levarn ao fracasso escolar.

Enquanto as escolas publicas preocupam-se com 0 problema de trabalhar

com as classes mais desfavorecidas, cnde e comum a privac;ao de cultura e a difi-

culdade de aprendizagem, procurando evitar a evasao escolar, as instituic;6es priva-

das preocupam-se com a preparac;ao precoce dos alunos para enfrentar urn merC8-

do profissional competitiv~, atraves da solicita9iio de respostas para as quais as cri-

anc;as ainda nao tern recursos, crianc;as que nao aprendem a fer, a ortografar, a es-

crever, a pensar e, e fundamentafmente, nao sentem a prazer de aprender. Conse-

quentemente, e cada vez maior 0 numero de cr;anc;as que apresentam dificuldades

de aprendizagem.

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As escolas antes de S8 preocuparem em buscar novas metodologias de ensi-

na, deveriam procurar caminhos que possibilitem aDs professores a revisao de sua

propria pratica, maior acesso a cultura, possibilidade de cursar faculdade, aumento

da sua auto-estima, buscar tecnologia, etc.

Freire considera que "0 destino do homem deve ser 0 de criar e transformar 0

mundo, sendo ele 0 sujeito da sua a~ao. Para issa e importante que 0 individuo S8

aproprie do saber organizado e valorizado socialmente, que tenha a oportunidade de

expressar 0 seu saber e v8-lo reconhecido." (GRUNSPUN, 1994, P. 77).

A escola precisa mostrar para as professores que educ8C;80 e ciemcia, logo

leva-los a fazer ci8ncia dentro da educayiio. Segundo seaz "isso s6 sera possivel

S8 0 profissional da educaC;8o tiver acesso as informar;oes de varias ciencias, como

a Pedagogia, a Psicologia, a Sociologia, a PSicolinguistica, de forma a atingir um

conhecimento profunda, que deve estar vinculada a realidade educacional brasileira,

possibilitando-Ihe uma visiio global do aluno." (SeaZ, 1992, p. 11).

Educadores devem buscar farmas que permitam um dialago efetivo entre es-

tes profissionais, ista implicara em mudanc;as profundas e atingira interesses que

hoje estiio aninhados na maquina publica.

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3 PSICOPEDAGOGIA PREVENTIVA X PSICOPEDAGOGIA

TERAPEUTICA OU CLiNICA,

Atualmente as constru~6es psicopedagogicas nao estao voltadas apenas pa-

ra as quest6es relacionadas aos "problemas" e pesquisas e S8 dirigem para duas

vertentes: a psicopedagogia cllnica ou terapeutica e a psicopedagogia preventiva.

A psicopedagogia preventiva preocupa-se com a escala, dedicando-se a a-reas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagogica, co-

labora com as pianos educacionais, atuando com carater clinica, ou seja, realizando

urn diagnostico institucional e propostas operacionais. Cabe aD psicopedagogo atu8r

nas escolas e em cursos de formacyao de professores, esclarecendo sabre 0 proces-

so evolutivo das areas ligadas a aprendizagem escolar.

Tern como meta refletir e desenvolver projetos pedagogico-educacionais, en-

riquecendo as procedimentos em sala de aula, as avaliat;oes e planejamentos na

eduCat;80 sistematica e assistematica.

Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma a~ao sub-

sidiaria da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um conhecimento indepen-

dente e complementar, possuida de um objeto de estudo - processo de aprendiza-

gem - e de recursos diagnosticos, corretores e preventivos proprios (VISCA, 1987)

o diciomirio Aurelio (1988) nos informa que 0 termo preventivo no vocabulario

significa "evitar", assim como prevenir significa "dispor de maneira que evite dana,

mal." (FERREIRA, 1988, p. 528).

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Ao se pensar sobre os significados das palavras dentro da Psicopedagogia ,

lembramos que S8 referem a atitude do profissional no sentido de adequar as condi-

90e5 de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos nesse processo.

A PSicopedagogia preventiva, segundo BOSSA," se baseia principal mente na

observa9ao e analise profunda de uma situ89ao concreta, de forma que podemos

considerar clinico 0 seu trabalho." (1994, p. 62 ).

Dentro de urn trabalho preventiv~, alem de atu8r nos processos educativos

com 0 objetivo de evitar "dificuldades de aprendizagem", cria-se um diagnostico insti-

tucianal e desenvolve-se urn plano de intervenyao junto a escata, procurando avaliar

junta mente com os professores currfculos e metodos a serem utilizados para evitar

passiveis transtornos. Em urn procedimento clfnicD, eliminar problemas ja existentes.

o carater preventivo permanece no momento que com 0 "problema" eliminado esta-

mas prevenindo a surgimento de outros.

o relacionamento do psicopedagogo com a escola e importante para 0 escla-

recimento dos processos de aprendizagem e informar sobre como superar dificulda-

des ao rendimento escolar.

A Psicopedagogia Terapeutica ou clinica diz respeito a uma psicopedagogia

curativa, com atendimento e tratamento de problemas ja instalados, fazendo diag-

n6sticos de alunos individual mente, ou diagn6stico de situa90es escolares.

Clinica nao significa trabalhar somente em consultorio, segundo VISCA, ( .. )

~Naescola se faz clinica, na comunidade se faz clinica ... no sentido de perceber 0

sujeito como ele 9. Diagnosticar este sujeito, trabalhar com este sujeito mesmo que

seja em grupo ou na comunidade ( ... ) eu acho que 0 consult6rio e urn laborat6rio

de pesquisa( ... )"( 1991, p.14 )

14

o seu objetivo e reintegrar e readaptar 0 aluno a Situ8C;80 de sal a de aula,

possibilitando a respeito as suas necessidades e ritmos. 0 atendimento clinico S8

destina aD sujeito que naG tern seus problemas de aprendizagem resolvidos dentro

da escola.

Na clinica, 0 Psicopedagogo identifica os sintomas e vai em busca das cau-

sas da Dificuldade de Aprendizagem.

Tendo como base 0 que diz WEISS (1997, p. 27 ) "todo diagnostico psicope-

dag6gico e, em si, uma investigayao, e uma pesquisa do que nao vai bern com 0

sujeito em relaC;3oa uma conduta esperada. Sera, portanto, 0 esclarecimento de

uma queixa, do pr6prio sujeito, da familia e, na maiaria das vezes, da escola."

o Psicopedagogo busca pistas, investigando todo 0 processo de aprendiza-

gem levando em considerac;ao todos os fatores envolvidos. Nessa fase diagnostica,

sao utilizados testes para que 0 profissional possa procurar 0 sentido da problemati-

ca do sujeito que Ihe e encaminhado.

No processo de intervenc;aosera feito 0 tratamento, que tera como base a re-

sultado da investigac;8.o,esse processo s6 dara resultados, se for baseado nos en-

caminhamentos feitos no final do processo investigat6rio.

E importante que a psicopedagogo fac;a avaliac;8.ocontinuamente de seu tra-

balho atrav9s dos resultados, pais ao longo do trabalho as hip6teses iniciais se

mantem, se alteram au S8 descartam.

o Psicopedagogo esta envolvido e preocupado com a aprendizagem dos in-

dividuos, procurando compreender, prom over e favorecer a aprendizagem.

" 0 psicopedagogo ens ina como aprender e, para isso, necessita apreender a

aprender e a aprendizagem ( .. ). Nesse trabalho de ensinar a aprender, 0 psicope-

dagogo recorre a criterios diagnosticos no sentido de compreender a falha na

aprendizagem. Dai a carater clinico da PSicopedagogia, ainda que a seu objetivo

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dizagem. Dai 0 carater elinico da Psicopedagogia, ainda que 0 seu objetivo seja a

preven980 dos problemas de aprendizagem." (WEISS, 1997, p. 30).

De posse dessas informa.yoes, ele pode tanto prevenir algumas desadapta-

goes, como corrigir au minimizar algumas dificuldades par meio de uma interven980

eficaz.

16

4. 0 PAPEL DESEMPENHADO PELO PROFESSOR E PELO PSI CO-

PEDAGOGO DENTRO DA ESCOLA.

A aproximac;ao e integrac;ao desses profissionais busea contribuir para 0 su-

cesso da aprendizagem e a sucesso sabre as dificuldades apresentadas pelos indi-

viduos em relag80 a aprendizagem, pais apesar de ocuparem papeis diferentes,

ambos estao preocupados com 0 processo de aprendizagem.

Levanta-se a seguinte problematica: ate que ponto a Psicopedagogo e a Pro-

fessor, poderao contribuir para a superac;ao das Dificuldades de Aprendizagem do

educando.

Ambos as profissionais utilizam a palavra intervenyao, dentro au fora da esco-

la. 0 significado da palavra "intervenl'ao·· no dicionario AURELIO (1988) e "media-

c;ao" 8, para 0 verba intervir, "colocar-se no meio"

Ao pensarmos sabre 0 significado de ambas as palavras, verificamos que alas

querem dizer a mesma coisa.

A escola e as professores sao tambsm importantes mediadores, pais S8 inter-

poem entre a crianC;8 e 0 mundo social. Na escola ocorre interven~o, cujo objetivo

central e a aprendizagem.

A Psicopedagogia tem como um de seus objetivos tambem a interveny8o, a

fim de, fazer a media~o entre a crian9a e seus objetos de conhecimentos. 0 Psico-

pedagogo a partir do diagnostico, interagira com a individuo na perspectiva do desa-

parecimento do sintoma e na possibilidade do individuo aprender normal mente.

17

Para melhor definirmos 0 papal do professor, utilizaremos as ideias de

VYGOTSKY (MOLL 1996) em rela9aO ao professor como mediador. Segundo ele, 0

professor deve estar presente quando ocorrem situac;6es anda 0 aluno tera que

resolver problemas e compreender as experi€mcias mutuamente, no papal de medi-

ador a professor apoia 0 aluno, mas sem controlar 0 aprendizado. Para melhor es-

clarecer esla questao MOLL explica que:

"Os professores medeiam ora fazendo uma pergunta, ora oferecendo uma

pista util, dirigindo a atenc;ao para uma anomalia, chamando atenc;ao para uma in-

formac;ao e apoiando seus alunos quando sles sintetizam 0 que estao aprendendo

em novos conceitos e esquemas." (MOLL, 1996, p.232 )

A postura do professor devera sempre favorecer 0 interesse da crianya pelo

trabalho que esta sendo realizado, integrando-8 as descobertas, as invenryoes e avalorizaryao dos conceitos que estao sendo elaborados, como algo muito importante

a ser aprendido.

Eo fundamental a valoriza9iio do trabalho da crian9a, que nao deve ser tolhida

ou direcionada de forma unica pelo professor que, ap6s passar as orientaryoes ne-

cessarias, devera apenas acompanhar a realizaryao da tarefa como agente integra-

dor. A intervenryao do professor devera levar em considerac;ao que a aprendizagem

de conteudos variados seja efetivamente um fator de desenvolvimento. Desenvolvi-

menta de autonomia, com finalidade educativa, em todos os momentos, com 0 obje-

tivo de levar a crianc;a a pensar e estabelecer uma concentraryao propria, defenden-

do sua posi9iio. Valorizar os conhecimentos ja dominados pelo aluno, ampliando-os

sempre que houver oportunidade, considerando que a aprendizagem e um processo

constante, continuo e cumulativo.

18

o Psicopedagogo dentro da instjtui~o escolar tern como objetivo, contribuir

para a melhori8 do trabalho docente, ampliando a perspectiva de analise das ques-

toes pedag6gicas e alternativas de trabalho, organizar projetos de prevenc;ao, orien-

tarrae de estudos, pesquisa de instrumentos que podem ser utilizados para auxiliar 0

processo de aprendizagem de crianyas, bern como 0 seu desenvolvimento, no que

se refere a inleligencia e afelividade.

Ocampo da psicopedagogia situa-se tanto no ambito da educav8o, da prevenr;:ao,como da reeduc8v80. Ela atua como educativa, quando procura compreender, pro-mover e favorecer urn melhor desenvolvimento integral do aluno; e preventiva quan-do tenta evilar algumas desadaptayoes nas escolas, na medida em que orienta pro·fessores, assessora escolas, organiza estrategias de ensino. Como reeducativa trataespecificamente dos problemas de aprendizagem e procura descobrir e minimizar ascausas do fracasso escolar. (OLIVEIRA, 1996, p. 183)

Denlro da inslilui~ao de ensino, numa abordagem prevenliva, 0 psicopedago-

go adota uma postura critica frente ao fracasso escolar, visando propor novas alter·

nalivas de a~ao volladas para a melhoria da pralica pedag6gica nas escolas, idenli-

ficando os obstaculos, esse trabalho requer uma atitude de investigayao e interven-

19

5 PROPOSTA PARA DESENVOLVER UM TRABALHO DE PSICO-

PEDAGOGIA NAS ESCOLAS.

As estrategias utilizadas para 0 cumprimento dessa funyao podem variar de

escola para escola de acordo com a realidade especifica de cada uma, param, sem-

pre atendendo aos principios:

-pratica da filosofia do Sistema Educacional;

-cientificidade;

-democratiz89.30;

-flexibilidade e unidade.

Dentra da instituiyao escolar caracteriza-se par reunir diariamente diferentes

individuos que se interdependem mutuamente, buscando alcanyar propositos co-

muns. Subdivide-se em grupos desde 0 administrativo, 0 pedagogico, ate os grupos

de alunos.

Par S8 tratar de uma realidade heterogemea e complexa, 0 Psicopedagogo

deve conhecer a dinamica de grupo para poder intervir de forma acertada.

Ao Psicopedagogo atribui-se:

Pesquisa em educ8yao:

o Psicopedagogo devera estar sempre focalizando seus estudos na analise

do processo de aprendizagem, analise dos problemas de aprendizagem e a grande

diversidade de melodos utilizada dentro das instituiyoes escolares.

20

Assessoramento a dire~ao:

Relac;oes interpessoais com 0 corpo docente e administrativD, relac;:6escom 0

corpo discente, delegayao de competencia, organizayao de escola. 0 psicopedago-

go devera participar nas reuni6es, trabalhar com lideran~s, atuayao poHtica educa-

eional, relac;:oescom 6rg805 superiores.

Aspectos Pedag6gicos:

Proposta pedag6gica : teoria e execuc;c3o,curricula, planejamento, sistema de

avaliac;:ao,tecnicas didaticas, filosofia.

Disciplina: assiduidade do professor, postura do professor, relayao professor x

aluno; psicopedagogo x professor; psicopedagogo x aluno, prevenyao de problemas

comportamentais e integrayao de alunos com problemas de comportamento.

Assessoramento ao corpo docente:

A interayao entre 0 professor e 0 psicopedagogo contribuira no processo pre-

ventivD, redimensionando 0 programa proposto pela instituiC;:80escolar, possibilitan-

do trabalhar em grupos, estabelecer vinculo pedag6gico na relaty80 ensinante - a-

prendente, utilizayao correta do material didatico, ajudar a criar um criterio para for-

mayao de turmas, observaC;:8oda realidade e formac;ao academica dos profissionais.

Oferecer orientac;:oesrnais especificas aos professores, trocar experi€mcias, refletir e

rever 0 trabalho que 0 docente vern desenvolvendo com 0 aluno. Trocar inforrna-

yoes, pois os dados fornecidos pelo professor podem completar ou alterar 0 trabalho

desenvolvido pelo psicopedagogo.

Avaliayao

o psicopedagogo devera desenvolver um trabalho junta mente com 0 serviyo

de Orientac;ao Educacional, Psicologia Escolar, desenvolvendo urn projeto de estu-

dos de caso. Consiste no estudo minucioso, profundo e individualizado de determi-

21

nados educandos, que apresentem sintomas anormais de comportamento na esco-

la, familia au no meio social. A avaliag80 psicopedag6gica na escola, consiste em

uma metodologia especifica de trabalho. ImpJica em utilizar-s8 de recursos, meiDs e

tecnicas necessarias para analisar e identificar causas das dificuldades dos alunos

em todas as areas de atividade .

A avaliagao psicopedagogica institucional nao se limita ao ccnteudo escolar,

como qualquer um dos outros momentos do diagnostico, ocorrer,; a Investigar;ao

(pesquisa do que nao vai bern em relag80 ao esperado.), conseqOentemente 0 es-

clarecimento de uma Queixa (trata-se do nao aprender ou aprender com diliculda-

de).

Para desenvolver essa investigag8o, sugere-s8 urn instrumento a ser preen-

chido pelos prolessores:

Questionario para professores

1) 0 que voce entende por avaliar?

2) Que tipo de avaliaqao e leita na sua escola?

3) A proposta curricular corresponde com a avaliagao realizada?

4) Voce acha que existe alguma relaqao entre avaliaqao quantitativa e relorgo

as desigualdades dos alunos?

5) Ocorrem muites cases em que e professor e parcial em suas avalia~es?

6) 0 que significa aprendizagem?

7) De que maneira deve ser a relaqao prolessor - aluno?

8) Como voce deliniria problemas de aprendizagem?

9) Na sua opiniao, qual 0 motivo que leva ° aluno a nao aprender e fracas-

sar?

22

10)Quais as problemas de aprendizagem mais frequentemente encontrados

na escola? A que voce atribui isso?

11 )Que tipo de trabalho e realizado com as alunos que nao acompanham 0

ritmo da turma? Neste casa existe a participaC;8o da familia?

12) De que forma se trabalha a questao do erro com os alunos?

13) Existe alguma atividade de recupera~ao de conteudos para aqueles alu-

nos que apresentam algum tipo de dificuldade?

14) Qual 0 procedimento utilizado na escola ao se constatar que urn ou mais

alunos estao apresentando dificuldades na aprendizagem?

15) Ao perceber que 0 aluno demonstra dificuldades de aprendizagem, busca-

S8 realizar alguma atividade paralela que enfatize as pontcs positiv~s de

seu desenvolvimento?

16) Voce sente-se preparado para trabalhar com as dificuldades dos alunos?

A escola the proporciona elementos para isso?

17) Se voce tivesse que solicitar maiores subsfdios para trabalhar com os pro-

blemas de aprendizagem com as quais S8 depara, 0 que pteitearia?

18) Como voce definiria a recuperay80 no processo ensino-aprendizagem?

19) Que fatores 0 professor deve levar em conta ao planejar e executar a

recuperayao do aluno?

20) Voce concorda quando se diz que as notas fornecem uma medida impre-

cisa a respeito do desempenho do aluno? Por que?

21) Qual 0 grau de importancia que voce da para a auto-avalia~o? Voce a-

cha que os alunos estao preparados para isso?

22) No seu ponto de vista a pratica da avalia~o se manifesta de forma autori-

taria e conservadora? Per que?

23

Destacada a importancia da parceria desses profissionais na realiz8C;80 de

urn trabalho mais integrado tendo como 0 objetivo a aprendizagem do aluno, faz-s8

necessario destacar alguns procedirnentos de como esta parceria paden§. ocorrer.

Nao ha regras, nem urn 8stilo padrao devido a individualidade dos casas que S8

apresentam, mas he algumas premissas que sao basicas para que 0 psi coped agog a

consiga desenvolver este trabalho integracto e de parceria com 0 professor na esco-

la. Sao elas:

a) determinar uma certa periodicidade para 0 cantata com professores para

adequac;iio do trabalho que est;; sen do desenvolvido na escola. Para tan-

to, nessas reuni6es 0 psicopedagogo devera ter como meta os seguintes

aspectos:

• oferecer orientac;oes mais especfficas aos professores, trocar expe-

riencias, refletir e rever 0 trabalho que 0 docente vem desenvol-

venda com a aluno, e proper novas encaminhamentos caso neces-

site;

• trocar informagoes, pois os dados fornecidos pelo professor podem

complementar ou alterar 0 trabalho desenvolvido pelo psicopeda-

gogo.

b) conscientizar a professor no sentido de que ele consiga fazer uma media-

yao com 0 objetivo de intervir nas dificuldades de aprendizagem de seus

alunos. Para tanto a psicopedagogo deve pontuar com 0 professor alguns

aspectos importantes da sua conduta para que a mesmo consiga atingir as

objetivos trac;ados, tais como:

• conseguir olhar para si e poder reconhecer-se tambem como um

aprendiz, como alguEim que nao sabe tudo e nem pode tudo, como

24

alguem que passui qualidades e defeitos, que pas sui preconceitos

e que S8 encontra disposto a S9 aperfeic;oar como ser humano;

• ajustar a contexte em que S8 dara a relaC;8o de ensine e aprendiz8-

gem, po is a professor pleno e aquele que focaliza suas atividades

dirigidas aD aprendizado, relacionando, adequando 0 material a ser

utilizado as caracteristicas de seus alunos;

• ser capaz tambern de ler e interpretar 81em do comportamento au

dificuldade apresenlados, 0 que esta por Iras de determinadas ati-

tudes ou situac;6es;

• saber identificar 0 que a crianc;:acom dificuldade de aprendizagem

e capaz de fazer, nao 56 destacando as pontcs desfavoraveis do

aprendizado;

• aprender a dosar as cobran""s. Trabalha-Ias de acordo com a ca-

pacidade de cada individua, po is case contrario determinadas situ-

8yoes podem gerar insegurany8s, provocar medos, podendo gerar

obstaculos ajnda majores no processo de aprender. E preciso con-

siderar a que a individuo pode dar naquele momenta, au urn

"pouquinho aI6m".

• buscar auxflio quando necessaria sem constrangimentos, visando

sempre a bern estar e a desenvolvimento da pessoa que apresenta

dificuldades.

Nesse processo de trabalho integrado, as novas ideias e encaminhamentos

sugeridos pelo psicopedagogo, devem ser apresentadas ao professor de forma gra-

dativa. Durante esse processo as professores poderao tambem trabalhar com a indi-

viduo que apresenta dificuldades de aprendizagem de forma flexivel. 0 importante 6

25

que qualquer decisao quanta 80 encaminhamento do trabalho seja discutida entre as

profissionais envolvidos.

26

CONSIDERAc,;;OES FINAlS

A elabora9ao do presente trabalho pode contribuir para 0 desenvolvimento

pessoal e profissional denlro de urn processo educacional, vista que as experiencias

e a aprendizagem acumuladas demonstram a importancia e a responsabilidade da

atu8yao do psicopedagogo frente a aprendizagem.

Visto neste trabalho a importancia da media9ao (Interven9ao) do Psicopeda-

gogo Institucional e a Professor, faz-s8 necessaria que esses profissionais desen-

volvam urn trabalho mais integrado.

Dentre os falares positiv~s desenvolvidos nesse trabalho, salientamos a pari-

dade do psicopedagogo e do professor, pois ambos estao mediando 0 processo da

aprendizagem e dessa forma, interferindo na dificuldade de aprendizagem. Nessa

parceria a professor devera envolver-se tambem no processo terapeutico, tendo co-

mo para metro as indic890es e orienta90es do psicopedagogo.

Quanta ao processo preventivo, pense que e um trabalho multidisciplinar e de

integra~o que e um desafio, pois, estabelece compromissos, colaborayao e plane-

jamento, entretanto, e uma situa~o onde cada profissional desenvolve a seu traba-

Iho, no seu contexto.

Sendo assim, a psicopedagogo institucional, devera assumir 0 compromisso

de uma proposta de integra~o de trabalhos, pois, 0 carater preventivo permanece,

uma vez que, ao eliminarmos um ~problema", estaremos prevenindo 0 surgimento de

outros.

27

Como pod em as verificar, 0 psicopedagogo tern lugar tanto na clinica como

nas instituig6es de ensina.

Atualmente a PSicopedagogia e os serviyos que ela presta, jil se tornam co-

nhecidos pela comunidade escolar e medica e estao sen do bern aceitos pelos que a

compreendem.

28

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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29

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