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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal Área de Concentração Saúde Animal SIMONE MOURA CAPELASSO INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO NO CÁLCULO DO ÂNGULO DO PLATÔ TIBIAL EM CÃES CUIABÁ, 2015

SIMONE MOURA CAPELASSO INFLUÊNCIA DO … · acentuada do ângulo do platô tibial, que pode ser corrigida por osteotomias. A determinação exata deste ângulo do membro posterior

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal

Área de Concentração Saúde Animal

SIMONE MOURA CAPELASSO

INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO NO CÁLCULO DO

ÂNGULO DO PLATÔ TIBIAL EM CÃES

CUIABÁ, 2015

SIMONE MOURA CAPELASSO

INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO NO CÁLCULO DO

ÂNGULO DO PLATÔ TIBIAL EM CÃES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biociência Animal, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre. Orientadora: Profª. Dr

a. Kelly Cristiane Ito Yamauchi

Cuiabá, 2015

FICHA CATALOGRÁFICA CIP – Catalogação na Publicação

Bibliotecário

Douglas Rios / CRB1/1610

C238i Capelasso, Simone Moura. Influência do Posicionamento Radiográfico no Cálculo do Ângulo do Platô Tibial em Cães./ Simone Moura Capelasso, 2015. 38fls. Orientadora: Profª. Drª. Kelly Cristiane Ito Yamauchi Dissertação (Mestrado) – Universidade de Cuiabá, Programa de Pós-graduação – Área de Concentração: Biociência Animal. Cuiabá, 2015. 1.Ligamento Cruzado. 2.Membro Pélvico. 3.Nivelamento. 4.Osteotomias. 5.Planejamento Cirúrgico. 6.Ruptura de Ligamento. I.Título. CDU 615.849

Dedico este trabalho à minha família, em

especial à minha filha, a meu amado pai (in

memoriam) e à minha querida sogra (in

memoriam)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que em sua infinita misericórdia me concedeu saúde, disposição e força de vontade para realizar mais este desafio.

À minha amada filha, pelo incentivo e por entender meus momentos de ausência.

A todos os funcionários do Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá, em especial ao Tecnólogo em Radiologia Felipe Morais da Silva, por toda ajuda prestada.

À minha maravilhosa orientadora Profª. Dra. Kelly Cristiane Ito Yamauchi, pela excelente orientação, pelo apoio incondicional e acima de tudo pelo início de uma grande amizade.

Não poderia deixar de agradecer também, à Profª. Dra. Rosana Zanatta, à Profª Ms. Raquel de Souza Lemos, à Profª Drª Michele Lunardi e ao brilhante Profº. Dr. Marcelo Diniz dos Santos, sempre solícitos aos meus apelos.

E por fim, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão de mais esta etapa de sucesso em minha vida acadêmica.

“Tente uma, duas, três vezes e se possível tente a quarta, a quinta e quantas vezes for necessário. Só não desista nas primeiras tentativas, a persistência é amiga da conquista. Se você quer chegar aonde a maioria não chega, faça o que a maioria não faz.”

Bill Gates

RESUMO

CAPELASSO, S.M. Influência do posicionamento radiográfico no cálculo do ângulo do platô tibial em cães. 2015. Dissertação (Mestrado Biociência Animal) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2015.

Ruptura do ligamento cruzado cranial é uma afecção que acomete a articulação do joelho do cão, sendo uma das causas mais comuns de claudicação. Apesar de vários estudos realizados a respeito desta afecção, sua patogênese exata ainda é desconhecida, podendo ocorrer por diversos fatores, inclusive a inclinação acentuada do ângulo do platô tibial, que pode ser corrigida por osteotomias. A determinação exata deste ângulo do membro posterior direito e esquerdo, é fundamental para planejamento da técnica cirúrgica a ser seguida e é realizada através de radiografias da tíbia em perfil verdadeiro. Esta pesquisa tem por objetivo demonstrar que o efeito de um posicionamento radiográfico inadequado do membro pélvico, afeta a medição e a magnitude do ângulo do platô tibial calculado. O cálculo errado do ângulo do platô tibial influencia diretamente no nivelamento do platô tibial e na biomecânica do joelho alcançado pelas osteotomias. A pesquisa foi realizada no Setor de Radiologia do Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá. Para a coleta de dados foram radiografados 21 cães provenientes do atendimento clínico cirúrgico do hospital, livres de histórico ou afecção ortopédica em membros pélvicos, pesando entre 15 e 40 quilos, sem predileção por raça ou sexo. Foram realizadas duas projeções no membro pélvico direito e esquerdo, uma em perfil verdadeiro e outra com o membro obliquado, obtendo-se quatro imagens de cada animal, totalizando 84 imagens. A hipótese do estudo é que a projeção obliquada influencia o valor final do ângulo do platô tibial. Três avaliadores com experiência em cálculo do ângulo do platô tibial realizaram os cálculos manualmente. Nos cálculos das imagens em perfil verdadeiro não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre a média do cálculo dos três avaliadores, sendo p=0,944 (p ≤ 0,05). Nos cálculos das imagens obliquadas foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre a média do cálculo dos três avaliadores, sendo p=0,016 (p ≥ 0,05). Nossos dados demonstraram que imagens radiográficas obliquadas comprometem o valor final do cálculo do ângulo do platô tibial em cães, portanto um posicionamento correto do membro pélvico, em perfil verdadeiro, deve ser sempre utilizado para a obtenção de imagens com o objeto de mensurar o valor do ângulo do platô tibial. Palavras chave: Ligamento cruzado. Membro pélvico. Nivelamento. Osteotomias. Planejamento cirúrgico. Ruptura de ligamento.

ABSTRACT

CAPELASSO, S.M. Influence of the radiographic position in calculating the angle of the tibial plateau in dogs. 2015. Dissertation (Master in Animal Bioscience) – Veterinary Medicine College, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2015.

Rupture of the cranial cruciate ligament is an affection that affects the dog's knee joint, being one of the most common causes of limping. In spite of the large number of studies regarding this affection, its exact pathogenesis remains unknown, can ocur by several factors, including the Tibial steep slope of the medial plateau, which may be corrected by osteotomy. The accurate determination of the angle of the right and left hind limbs, is fundamental for planning the surgical technique to be performed and is achieved through the tibia radiography strict lateral radiographic view. This research aims at showing that an inadequate radiographic positioning of the pelvic gridle affects the measuring and magnitude of the calculated angle of the tibial plateau. The wrong calculation of the tibial plateau angle interferes directly to the tibial plateau leveling reached by osteotomy. The research was carried out in the Radiological Center of the Veterinary Hospital of the Universidade de Cuiabá. For data collection were 21 animals from the surgical clinical care, free from pelvic hind limbs orthopedic affection records, weighing between 15 and 40 kilos, without a preference for breed or gender. There were two projections of the right and left pelvic limbs, one in strict lateral radiographic view and another one with inclined limb, when four are obtained imagnes of each dog, a total of 84 images. The hypothesis of the study is that the inclined projection influences the final value of the tibial plateau angle. Three evaluators with experience in APT calculus had them summed. In the strict lateral radiographic views calculations, there were no significant statistic differences among the average calculations of the three evaluators, being p=0,944 (p ≤ 0,05). In the inclined images calculations there were significant differences among the average calculations among the three evaluators being p=0,016 (p ≥0,05). Our data demonstrated that the inclined limb radiographic images compromises the final value of the calculation of tibial plateau angle in dogs, therefore a correct positioning of the pelvic limb, in a strict lateral radiographic view, should be always used for obtaining images aiming at measuring the value of tibial plateau angle. Keywords: Cruciate ligament. Pelvic limb. Leveling. Osteotomy. Surgical planning. Ligament rupture.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Articulação em flexão de joelho canino demonstrando: 1a faixa caudo lateral do ligamento cruzado cranial, 1b faixa crânio medial do ligamento cruzado cranial, 2 ligamento cruzado caudal, 3 menisco medial, 4 menisco lateral, 5 tendão extensor digital longo, 6 côndilo femoral medial, 7 tuberosidade tibial...............................................................................................

13

FIGURA 2 - Esquema demonstrando o posicionamento correto das mãos para a realização do teste de gaveta............................................

17

FIGURA 3 - Esquema demonstrando o posicionamento correto das mãos para a realização do teste de compressão tibial...........................

17

FIGURA 4 - Posicionamento do membro pélvico com a manobra necessária para realização do exame sob o teste de compressão tibial. A seta branca mostra o estresse exercido no tarso para promover o deslocamento cranial da tíbia, demonstrado pela seta preta..............................................................................................

18

FIGURA 5 - A imagem A evidencia um exame radiográfico de joelho normal, onde a seta branca demonstra o sesamóide do poplíteo sobreposto ao platô tibial caudal e a seta preta demonstra a eminência intercondilar assumindo sua posição anatômica entre os côndilos femorais. A imagem B evidencia um exame radiográfico de joelho com RLCCr, onde a seta preta indica deslocamento da eminência intercondilar em relação aos côndilos femorais e a seta branca indica deslocamento distal do sesamóide do poplíteo..................................................................

19

FIGURA 6 - A figura demonstra a força articular do joelho que é dividida em dois componentes, a força compressiva articular paralela ao eixo longitudinal da tíbia e a força de cisalhamento cranial..........

22

FIGURA 7 - Radiografia médio lateral de um joelho canino demonstrando a sequência da técnica de medição do APT descrita por Slocum e Devine (1983)................................................................................

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LISTA DE SIGLAS

APT

Ângulo do platô tibial

CTWO osteotomia tibial cranial em cunha

Kg Kilograma

LCCr

Ligamento cruzado cranial

Mg Miligrama

RLCCr Ruptura do ligamento cruzado cranial

TPLO Nivelamento do platô tibial

TTA Avanço da tuberosidade tibial

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 13

2.1 ANATOMIA E FUNÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ....................... 13

2.2 ETIOPATOGENIA DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ....... 14

2.3 EPIDEMIOLOGIA DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ........ 15

2.4 DIAGNÓSTICO DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ............ 16

2.5 TRATAMENTO DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ............ 19

2.5.1 Osteotomias corretivas .................................................................................. 21

2.6 ÂNGULO DO PLATÔ TIBIAL EM CÃES ............................................................. 21

2.6.1 Cálculo do ângulo do platô tibial .................................................................. 23

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25

3 OBJETIVO ............................................................................................................. 29

3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 29

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 29

4 ARTIGO ................................................................................................................ 30

RESUMO................................................................................................................... 31

ABSTRACT ............................................................................................................... 32

4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 32

4.2 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 33

4.3 RESULTADOS .................................................................................................... 34

4.4 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 35

4.5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36

12

1 INTRODUÇÃO

A ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCCr) é uma afecção frequente

que acomete a articulação do joelho do cão e é uma das causas mais comuns de

claudicação (JOHNSON, J.; JOHNSON, A., 1993; MATERA et al., 2007). Cães de

qualquer raça, sexo ou idade podem apresentar claudicação em decorrência da

RLCCr, porém é mais comum em cães de raças grandes (VASSEUR, 1993).

Apesar de inúmeras publicações a respeito da RLCCr em cães, sua etiologia

exata ainda é desconhecida. Acredita-se ser multifatorial, sendo descritas causas

como trauma, processos degenerativos, obesidade, características anatômicas,

doenças imunomediadas e conformação dos membros pélvicos (ZELTZMAN et al.,

2005). A inclinação do ângulo do platô tibial (APT) também está relacionada à

RLCCr. A hipótese é que um valor alto do APT amplia o impulso tibial cranial e pode,

portanto, aumentar o estresse colocado sobre o ligamento cruzado cranial (LCCr),

levando à degeneração e posterior ruptura do ligamento (MORRIS; LIPOWITZ,

2001; REIF; PROBST, 2003). O ângulo do platô tibial é definido pelo ângulo formado

entre a superfície do platô tibial e a linha perpendicular ao eixo mecânico da tíbia

(SLOCUM; DEVINE, 1983).

A decisão da escolha do tratamento para a RLCCr depende de vários

fatores. Em cães de pequeno porte observa-se melhora clínica com tratamento

conservador (VASSEUR 1983), já cães acima de 15 kg não respondem bem a este

tipo de tratamento mantendo ou piorando a claudicação e processos dolorosos

degenerativos na articulação afetada, sendo recomendada, para estes animais, a

intervenção cirúrgica (VASSEUR, 2003). Numerosas técnicas cirúrgicas têm sido

desenvolvidas e apesar dos prós e contras de cada procedimento, a melhor técnica

cirúrgica ainda não foi determinada (LAZAR et al., 2005).

O posicionamento radiográfico da tíbia em perfil verdadeiro, caracterizado

pela sobreposição radiográfica dos côndilos femorais e tibiais é fundamental para a

determinação exata do APT, uma vez que a imagem oblíqua compromete o

posicionamento dos pontos de referência no seu cálculo. (REIF et al., 2004).

O objetivo deste estudo é demonstrar que existe diferença no valor do APT

calculado em imagens radiográficas da tíbia posicionada em perfil verdadeiro e

obliquada.

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

Esta revisão descreve a anatomia e funções do ligamento cruzado cranial

(LCCr), etiologia, etiopatogenia, diagnóstico e tratamento da ruptura do ligamento

cruzado cranial (RLCCr), abordando a biomecânica e o cálculo do APT para o

planejamento das osteotomias corretivas.

2.1 ANATOMIA E FUNÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

A articulação do joelho é uma articulação complexa, que permite flexão,

extensão, movimentos laterais e axiais, limitados pelos ligamentos que a compõe

(TATARUNAS; MATERA, 2005). São vários os ligamentos que compõe a articulação

do joelho, cada qual com funções distintas de fornecer estabilidade e neutralizar

forças que atuam sobre a articulação. Os principais ligamentos da articulação do

joelho são os ligamentos colaterais, que são extra-articulares e os ligamentos

cruzados, que são intra-articulares, estes denominados cranial e caudal (Figura 1)

(MUZZI et al., 2003).

Figura 1 – Articulação em flexão de joelho canino, demonstrando: 1a faixa caudo lateral do ligamento cruzado cranial, 1b faixa crânio medial do ligamento cruzado cranial, 2 ligamento cruzado caudal, 3 menisco medial, 4 menisco lateral, 5 tendão extensor digital longo, 6 côndilo femoral medial, 7 tuberosidade tibial

Fonte: Muir (2010)

14

O LCCr tem este nome devido sua origem e inserção no interior do joelho

(VASSEUR, 2003), originando-se na porção caudomedial do côndilo femoral lateral

e inserindo-se na fossa intercondilar da tíbia (EVANS, 1993; HAYASHI et al., 2004).

Devido sua relação anatômica com o ligamento cruzado caudal e sua

orientação espacial com a articulação, o ligamento cruzado cranial é considerado o

principal estabilizador do joelho (LEVINE et al., 2008). É constituído por dois grupos

de fibras ligamentares, a banda crâniomedial e a caudolateral, esta fica tensionada

quando o joelho está em extensão, mas conforme a articulação é flexionada, sua

tendência é afrouxar. A banda crâniomedial mantém-se tensionada, tanto em

extensão quanto em flexão (BUQUERA et al., 2004).

A irrigação sanguínea do joelho é fornecida pela artéria genicular

descendente que tem origem na artéria femoral, ligeiramente abaixo da origem da

artéria safena (MUIR, 2010). O aporte sanguíneo do LCCr é proveniente de vasos

da bainha sinovial proveniente da artéria genicular, sendo que o terço médio dos

ligamentos cruzados são menos vascularizados que a porção proximal e distal, e do

líquido sinovial, que também contribui para a nutrição do LCCr (MOORE; RED, 1996;

MUZZI, 2003).

As funções do LCCr na articulação do joelho são de limitar a hiperextensão,

restringir o deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur e controlar a rotação

interna da tíbia durante a flexão (MOORE; RED, 1996; TATARUNAS; MATERA,

2005).

2.2 ETIOPATOGENIA DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

A ruptura do ligamento cruzado cranial foi relatada pela primeira vez em

1926 por Carlin, que identificou a ruptura em dois cães (VAUGHAN, 2010). É uma

das afecções mais comuns e a principal causa de claudicação em cães (JOHNSON,

J.; JOHNSON, A., 1993; FERRIGNO et al., 2009).

A etiologia da ruptura do ligamento cruzado cranial, ainda não foi totalmente

esclarecida, podendo ser causada por traumas que podem estar associados à

hiperextensão aguda e rotação interna excessiva da articulação ou a saltos seguidos

de queda (VEZZONI et al., 2008), por processos degenerativos em função da idade

15

associados à obesidade, ou seja, acomete, com mais frequência cães com mais de

cinco anos e acima de 15 quilos (VASSEUR et al., 1985). Também pode ser

determinado por doenças autoimunes, em estudo feito por Arnoczky (1996), foi

demonstrada a presença de complexos autoimunes no soro e líquido sinovial de

cães com ruptura espontânea.

Alguns autores acreditam que uma inclinação excessiva do ângulo do platô

tibial, possa ser também um fator predisponente (REIF; PROBST, 2003; ZELTZMAN

et al., 2005; OSMOND et al., 2006; ITO, 2012). Segundo Duerr et al. (2007), a

castração antes de seis meses de idade altera a aparência histológica da placa de

crescimento, resultando em ampliação da placa de crescimento e aumento do

crescimento ósseo longitudinal. O fechamento prematuro da porção caudal da placa

de crescimento e o aumento do crescimento da porção cranial da placa epifisária da

tíbia também são considerados mecanismos também responsáveis pela inclinação

excessiva do ângulo do platô tibial entre os cães de raça grande com RLCCr.

Quando a articulação do joelho, faz o movimento de hiperextensão, o LCCr é

o primeiro a ser submetido à tensão. Quanto maior for o ângulo do platô tibial maior

será essa tensão. A lesão deste ligamento invariavelmente leva ao desenvolvimento

de osteoartrite progressiva do joelho e muitas vezes resulta em danos no menisco

medial. Esta condição frequentemente afeta ambos os joelhos, dentro de um ano do

diagnóstico inicial (KIM et al., 2008).

Foi observada em estudo com 511 cães, a RLCCr contralateral numa taxa

de 38,7% em tempo médio de 57,9 semanas, havendo predisposição maior em cães

jovens em torno de quatro anos de idade, machos e da raça Rottweillers, em relação

aos da raça Golden Retrievers (GRIERSON et al., 2011).

2.3 EPIDEMIOLOGIA DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

Cães de qualquer raça, sexo ou idade podem apresentar claudicação em

decorrência da RLCCr, porém esta afecção é mais frequente em cães de raças

grandes do que raças pequenas (VASSEUR, 1993). Apesar da prevalência desta

afecção ser maior em cães de raça grande, Matera et al. (2007) concluiu em seu

16

estudo que cães de pequeno e médio porte também podem desenvolver esta

afecção.

Segundo pesquisa feita por Morriz e Lipowitz (2001) a RLCCr é frequente

em cães da raça Labrador e tal fato foi associado à inclinação excessiva do ângulo

do platô tibial naqueles cães.

Fêmeas apresentam maior incidência desta afecção, principalmente as

submetidas à castração (LAMPMAN, et al., 2003; TARTARUNAS et al., 2007).

A RLCCr, é observada com mais frequência em cães com mais de cinco

anos de idade, devido a alterações degenerativas que acontecem com o

envelhecimento do animal, em contrapartida com cães jovens que são propensos a

desenvolver a RLCCr por trauma devido à fraca condição física. Cães obesos

também são suscetíveis a desenvolver esta afecção, pois a obesidade causa uma

carga maior na articulação do joelho (VASSEUR, 2003).

2.4 DIAGNÓSTICO DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

O diagnóstico da RLCCr é feito primariamente através do exame físico, onde

o animal deve ser observado durante o movimento, na marcha e na corrida em

trajeto reto, para que alterações nos movimentos possam ser notadas. No caso da

RLCCr, o animal compensa a falta da estabilidade do LCCr, reduzindo a carga sobre

o membro afetado e assumindo uma posição fletida deste membro.

Ao exame físico também são feitos o teste de gaveta e de compressão tibial

(Figura 2 e Figura 3), caso estes testes sejam inconclusivos, artrotomia ou

artroscopia podem confirmar o diagnóstico (VASSEUR, 2003).

17

Figura 2 – Esquema demonstrando o posicionamento correto das mãos para a realização do teste de gaveta, a seta indica o movimento a ser feito na articulação do cão para evidenciar o deslocamento cranial.

Fonte: Vasseur (2003)

Figura 3 - Esquema demonstrando o posicionamento correto das mãos para a realização do teste de compressão tibial, a seta longitudinal indica a flexão total da articulação do tarso e a seta transversal indica o polegar do avaliador posicionado na região anterior da tíbia verificando se há o deslocamento cranial da tíbia.

Fonte: Vasseur (2003)

18

Exames radiográficos, simples são úteis apenas para identificar

anormalidades ósseas, a presença de artrose e descartar outras afecções primárias

à RLCCr (JOHNSON, J.; JOHNSON, A., 1993), porém se realizado com manobra

específica, podem ser utilizados como diagnóstico. Segundo Baraúna Jr. e Tudury

(2007) o exame radiográfico feito sob compressão tibial, (Figura 4), demonstrou ser

altamente específico (100%) e sensível (100%) para confirmar o diagnóstico da

RLCCr, pois nas imagens observa-se o deslocamento da eminência intercondilar em

relação aos côndilos femorais e o deslocamento distal do sesamóide do poplíteo

(Figura 5).

Figura 4 – Posicionamento do membro pélvico com a manobra necessária para realização do exame sob o teste de compressão tibial. A seta branca mostra o estresse exercido no tarso para promover o deslocamento cranial da tíbia, demonstrado pela seta preta.

Fonte: Baraúna Júnior e Tudury (2007).

19

Figura 5 – A imagem A evidencia um exame radiográfico de joelho normal, onde a seta branca demonstra o sesamóide do poplíteo sobreposto ao platô tibial caudal e a seta preta demonstra a eminência intercondilar assumindo sua posição anatômica entre os côndilos femorais. A imagem B evidencia um exame radiográfico de joelho com RLCCr, onde a seta preta indica deslocamento da eminência intercondilar em relação aos côndilos femorais e a seta branca indica deslocamento distal do sesamóide do poplíteo.

Fonte: Baraúna Júnior e Tudury (2007).

O exame de ultrassonografia articular também é uma ferramenta eficaz no

diagnóstico desta afecção, tem a vantagem de não utilizar radiação ionizante,

permite avaliação das estruturas intra-articulares e demonstra com clareza massa

ecogênica na inserção do ligamento que confirma o diagnóstico da RLCCr,

entretanto necessita de transdutores específicos e operador experiente (MUZZI et

al., 2003; OLIVEIRA et al., 2009). A ressonância magnética é um exame eficaz para

este diagnóstico, porém de difícil acesso e alto custo (FERRIGNO et al., 2012)

2.5 TRATAMENTO DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL

A decisão da escolha do tipo de tratamento para a RLCCr, conservador ou

cirúrgico, depende de vários fatores (VASSEUR, 1998).

O tratamento conservador é o mais indicado para cães de pequeno porte e

consiste na restrição das atividades físicas, uso de analgésicos e anti-inflamatórios.

Em seu estudo, Vasseur (1984) descreveu que a maioria dos cães com menos de

15 kg apresentaram melhora com o tratamento conservador, enquanto que dos cães

20

com mais de 15 kg, apenas uma minoria apresentaram melhora com o mesmo

tratamento, sendo recomendada para estes a intervenção cirúrgica.

A primeira técnica cirúrgica de reconstrução do LCCr foi desenvolvida e

descrita por Paatsama, em 1952 e baseia-se na retirada de uma faixa de fáscia lata

da coxa até o côndilo lateral e passagem desta por dois orifícios, um na tíbia

proximal e medial e outro no côndilo lateral do fêmur sendo fixada ao tendão patelar,

substituindo o ligamento rompido. Esta técnica foi a base da reparação cirúrgica do

ligamento cruzado cranial por muitos anos e foi uma modificação da técnica de Hey

Groves que descreveu a primeira técnica de reparação do ligamento cruzado

anterior em joelhos humanos, onde utilizava a fáscia lata em substituição ao

ligamento cruzado anterior rompido (VAUGHAN, 2010). A partir daí várias técnicas

cirúrgicas foram desenvolvidas e a melhor ainda não foi determinada, portanto o

cirurgião deve conhecer a anatomia, a função e a mecânica do LCCr, além dos

princípios de todas as técnicas cirúrgicas para poder escolher a melhor opção para

cada paciente (LAZAR et al., 2005; TARTARUNAS; MATERA, 2005).

Técnicas cirúrgicas tradicionais são divididas em intra-articulares e extra

articulares. As intra-articulares tentam reconstruir o LCCr, usando tecidos autógenos

e enxertos. As técnicas extra articulares utilizam fios de sutura de grosso calibre

para diminuir a instabilidade articular e a mais usada é a sutura fabelo-tibial que

utiliza fios de nylon ou flurocarbono colocados sobre a face lateral da articulação do

joelho. A vantagem das técnicas extra articulares são a redução do tempo cirúrgico,

minimização da invasão articular e melhor resposta clínica a curto prazo, porém os

fios de nylon podem desatar, afrouxar ou romper e com isso avulsionar a fáscia e

comprimir excessivamente as superfícies articulares (SMITH, 2000).

Técnicas cirúrgicas mais atuais são as periarticulares e se baseiam nas

osteotomias corretivas para estabilizar dinamicamente o joelho através de alterações

da geometria óssea e biomecânica do joelho (KIM et al., 2008). As técnicas de

osteotomias mais empregadas para tratamento da RLCCr são osteotomia tibial

cranial em cunha da tíbia (CTWO), a osteotomia de nivelamento do platô tibial

(TPLO) e mais recentemente o avanço da tuberosidade tibial (TTA) (FERRIGNO et

al., 2009).

21

2.5.1 Osteotomias corretivas

Slocum e Devine (1984) descreveram a primeira osteotomia corretiva para o

tratamento da RLCCr, a CTWO em seguida Slocum, B. e Slocum, T. (1993)

descreveram a TPLO. Essas duas técnicas foram desenvolvidas com base na teoria

de que a força que incide sobre o platô tibial é paralela ao fêmur e tem como objetivo

alterar a geometria óssea, reduzindo o APT para que fique entre 0 e 5º, criando

estabilidade dinâmica durante o apoio do membro diminuindo o impulso tibial cranial.

Posteriormente Montavon, Damur e Tepic (2002), desenvolveram a técnica

TTA que visa neutralizar dinamicamente a instabilidade crânio caudal através da

alteração do alinhamento do tendão patelar relativamente ao platô tibial. Segundo

Ferrigno et al. (2009) esta técnica só é indicada para pacientes com APT até 24º

concordando com Vezzoni et al. (2008) que não indica a técnica para cães com APT

superiores a 27º, pois existe limitação no tamanho dos implantes e

consequentemente no avanço da tuberosidade tibial.

2.6 ÂNGULO DO PLATÔ TIBIAL EM CÃES

O ângulo do platô tibial é definido pelo ângulo formado entre a superfície do

platô tibial e a linha perpendicular ao eixo mecânico da tíbia. O ângulo do platô tibial

é um determinante das forças que atuam sobre o ligamento cruzado cranial, portanto

um elevado APT aumenta a tensão no LCCr, contribuindo para a sua ruptura parcial

ou completa (SLOCUM; DEVINE, 1983).

A etiopatogenia da RLCCr ainda não foi totalmente esclarecida,

principalmente quanto ao papel da magnitude do APT. Alguns autores afirmam que

o APT é um fator de risco para esta afecção (MORRIS; LIPOWITZ, 2001; WILKE et

al., 2002), já outros não conseguiram identificar diferenças significativas no APT de

cães com e sem a RLCCr (REIF; PROBST, 2003). Duerr et al. (2007), relatam que

inclinações excessivas do APT, maiores que 35º, podem contribuir para a RLCCr.

Em comparação com o joelho humano, o platô tibial do joelho canino

apresenta inclinação caudal acentuada, esta inclinação aumenta o estresse no

LCCr. Na fase de sustentação do peso durante o passo, a força compressiva da tíbia

22

é paralela ao eixo longitudinal da tíbia e resulta em dois componentes

perpendiculares: a força compressiva articular, perpendicular ao platô tibial e a força

de cisalhamento tíbio femoral cranial, responsável pela translação cranial da tíbia em

relação aos côndilos do fêmur, num plano paralelo ao do platô tibial. Os valores

médios do APT para cães normais se encontram entre 18° e 24° e a amplitude do

impulso tibial cranial depende do grau de inclinação do platô tibial (SLOCUM;

DEVINE, 1983; SLOCUM; DEVINE, 1984; SLOCUM, B.; SLOCUM, T., 1993;

IGLÉSIAS, 2009) (Figura 6).

Figura 6 – A figura demonstra a força articular do joelho que é dividida em dois componentes, a força compressiva articular paralela ao eixo longitudinal da tíbia e a força de cisalhamento cranial.

Fonte: Iglesias (2009)

O objetivo do tratamento da RLCCr através da TPLO é neutralizar o impulso

tibial cranial, reduzindo o ângulo do platô tibial em torno de 5º, pois nesse ângulo

aproximadamente, o impulso tibial cranial é transformado em impulso tibial caudal,

não sendo recomendável nivelar o platô tibial a 0º para atingir a estabilidade

funcional da articulação do joelho, pois pode comprometer o ligamento cruzado

caudal (SLOCUM, B.; SLOCUM, T., 1993)

Corroborando esta informação, Warzee et al. (2001), fizeram um estudo

onde concluíram que um nivelamento do platô tibial de 6,5º foi satisfatório para

23

transformar o impulso tibial cranial em caudal, fazendo com que o ligamento cruzado

caudal se torne o responsável pela estabilização da articulaçao, entretanto o

acentuado ângulo na porção cranial do platô tibial pode acarretar em uma ruptura do

ligamento cruzado caudal.

A mensuração exata do APT é fundamental para o sucesso cirúrgico das

osteotomias (SLOCUM, B.; SLOCUM, T., 1993) e é necessária em cada

planejamento cirúrgico, pois o APT varia entre indivíduos e raças (MORRIS;

LIPOWITZ, 2001).

O cálculo inadequado do platô tibial para o planejamento cirúrgico, pode

levar à rotação excessiva do platô tibial, resultando em risco da ruptura do ligamento

cruzado caudal, em contrapartida uma rotação insuficiente pode não fornecer ao

animal uma estabilidade funcional da articulação, afetando negativamente o

resultado da técnica cirúrgica (REIF et al., 2004)

2.6.1 Cálculo do ângulo do platô tibial

A mensuração do APT é obtida através de imagens radiográficas da tíbia, na

projeção médio lateral do membro pélvico em perfil verdadeiro. Na visualização da

imagem o perfil verdadeiro é confirmado pela sobreposição dos côndilos femorais e

tibiais, a colimação deve obrigatoriamente incluir as articulações do joelho e

tibiotársica (VASSEUR, 2003; GRIERSON et al., 2005).

Slocum e Devine (1983) descreveram a técnica da mensuração do APT

traçando-se três linhas. A primeira linha no eixo mecânico da tíbia que vai do centro

do tarso até a eminência intercondilar, a segunda linha é traçada unindo o ponto

mais cranial ao ponto mais caudal da superfície do platô tibial e por último uma

terceira linha é traçada perpendicular ao eixo longo da tíbia, no ponto de intersecção

das duas primeiras linhas. O ângulo do platô tibial é formado pela junção da

segunda e terceira linha (Figura 7).

24

Figura 7 – Radiografia da articulação do joelho canino em projeção médio lateral demonstrando a

sequência da técnica de medição do APT descrita por Slocum e Devine (1983).

Fonte: O autor (2015)

A preocupação de cirurgiões e pesquisadores é a variação na mensuração

do valor do APT, pois diversos fatores podem influenciar essas variações, como a

presença de osteoartrose na articulação, induzindo a um cálculo errôneo devido às

alterações das referências anatômicas, a experiência do observador e um

posicionamento errado do membro afetado durante a radiografia (REIF et al., 2004;

GRIERSON et al., 2005; TARTARUNA; MATERA, 2008).

O valor do APT na técnica cirúrgica TPLO é de suma importância, pois esta

técnica visa proporcionar estabilidade funcional do joelho durante a fase de apoio do

membro, diminuindo o impulso tibial cranial através da redução do APT. Antes da

cirurgia de TPLO o APT é medido e utilizado para definir a rotação necessária do

platô tibial, para que a superfície articular da tíbia fique com 5º de inclinação. Esta

inclinação transforma o impulso tibial cranial em impulso tibial caudal (SLOCUM, B.;

SLOCUM, T., 1993).

A medida precisa do APT é, portanto, necessária em pacientes clínicos

antes da TPLO e demais osteotomias, para evitar a rotação em excesso ou rotação

insuficiente do platô tibial. Também permite a avaliação radiográfica comparativa

pós-cirúrgica da magnitude do APT (REIF et al., 2004).

25

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29

3 OBJETIVO

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a influência do posicionamento radiográfico no cálculo do ângulo do

platô tibial em cães.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Obter radiografias, em projeções radiográficas médio lateral em perfil

verdadeiro e projeções radiográficas obliquadas, de cães e determinar o valor do

APT.

- Avaliar se houve diferença na média do valor final do APT nas projeções

em perfil verdadeiro e obliquadas.

30

4 ARTIGO

Influência do posicionamento radiográfico no cálculo do ângulo do platô tibial

em cães

31

Influência do posicionamento radiográfico no cálculo do ângulo do platô tibial em cães 1

[Influence of radiographic position in measuring the angle of the tibial plateau in dogs] 2

*S.M. Capelasso1, K.C.I. Yamauchi

2, R. Zanatta

2, R. S. Lemos

2, F.M. Silva

3, M.D. Santos

4 3

Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade de Cuiabá – UNIC – Cuiabá, MT. 4

e-mail: [email protected] 5

6

RESUMO 7

8

Este trabalho tem por objetivo demonstrar que o efeito de um posicionamento radiográfico 9

inadequado do membro pélvico de cães, resultando em imagens obliquadas afeta a 10

mensuração do APT. Foram realizadas duas projeções radiográficas no membro pélvico 11

direito e esquerdo, uma em perfil verdadeiro e a outra com o membro obliquado em 21 cães 12

provenientes do atendimento clínico cirúrgico do Hospital Veterinário da UNIC (HOVET-13

UNIC) em Cuiabá-MT. Os critérios de inclusão foram cães livres de histórico ou afecção 14

ortopédica nos membros pélvicos, pesando entre 15 e 40 quilos, sem predileção por raça ou 15

sexo, entre dois e sete anos. Foram obtidas 42 imagens radiográficas em perfil verdadeiro e 42 16

imagens radiográficas obliquadas. Três observadores com experiência em cálculo do APT 17

fizeram as mensurações. Nos cálculos das imagens em perfil verdadeiro o observador 1 18

obteve uma média de 23,35º ± 2,82, o observador 2 média de 23,88º ± 4,83 e o observador 3 19

média de 24,54º ± 4,01, não sendo encontrada diferença estatisticamente significativa entre o 20

cálculo dos três avaliadores p 0,944 (p ≤ 0,05). Nos cálculos das imagens obliquadas o 21

observador 1 obteve uma média de 21,69º ± 4,22, o observador 2 média de 19,42º ± 5,92 e o 22

observador 3 média de 22,64º ± 5,23 e foi encontrada diferença estatisticamente significativa 23

entre o cálculo dos três observadores p 0,016 (p ≥ 0,05). Com esses dados foi comprovado 24

que a imagem radiográfica obliquada compromete o valor final do cálculo do ângulo do platô 25

tibial em cães, assim um posicionamento correto do membro pélvico, em perfil verdadeiro, 26

deve ser sempre utilizado para a obtenção de imagens com o objetivo de mensurar o valor do 27

APT. 28

29

Palavras chave: membro pélvico; ligamento cruzado cranial; osteotomias; posicionamento ; 30

ruptura. 31

32

ABSTRACT 32

33

This work aimed at demonstrating that of an inadequate radiographic position of pelvic limb 34

of dogs, from a strict lateral radiographic view, resulting in obliquadas images, affects the 35

measurement of the APT . There were two radiographic projections of the right and the left 36

pelvic limb, one in strict lateral radiographic view and another one with inclined hind limb in 37

21 dogs from clinical surgical assistance at Veterinary Hospital of the UNIC (HOVET-UNIC) 38

in Cuiabá-MT. Inclusion criteria were dogs free from pelvic hind limbs orthopedic affection 39

records, weighing between 15 and 40 kilos, without a preference for breed or gender and 40

ageing between two and seven years old. It were obtained 42 radiographic images in strict 41

lateral radiographic view and 42 inclined limb radiographic views. Three observers with the 42

APT calculation experience made measurements. In the calculus for the strict lateral 43

radiographic view the first observer has reached an average of 23,35º ± 2,82, the second 44

observer 23,88º ± 4,83 and the third observer 24,54º ± 4,01. It was not being found 45

significant statistic differences among the calculus of the three evaluators p 0,944, that is to 46

say p ≥ 0,05. In the calculus of the inclined limbs radiographic views the first observer 47

reached an average of 21,69º ± 4,22, the second observer 19,42º ± 5,92 and the third observer 48

22,64º ±. 5,23. It was found significant statistic difference in the calculus of the three 49

observers, p 0,016, that is to say, p ≥ 0,005. The data indicated that the inclined limb 50

radiographic image compromises the final value of the calculation of tibial plateau angle in 51

dogs. Thus a correct positioning of the pelvic limb , in a strict lateral radiographic view, must 52

be always used for obtaining images aiming at measuring the value of APT. 53

54

Keywords: pelvic limbs; cruciate ligaments; osteotomy; positioning; rupture. 55

56

57

INTRODUÇÃO 58

59

A ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCCr) resulta em instabilidade rotacional e 60

translacional da articulação do joelho canino, que leva ao desenvolvimento de osteoartrose 61

(Vasseur e Berry, 1992). Várias são as etiologias da RLCCr e a sua patogênese exata ainda 62

não foi determinada, podendo ser causada por traumas, processos degenerativos (Vasseur, 63

1983), doenças autoimunes (Arnoczky, 1996) e uma inclinação excessiva do ângulo do platô 64

33

tibial, possa ser também um fator predisponente (Reif e Probst, 2003; Zeltzman et al., 2005; 65

Osmond et al., 2006). 66

As osteotomias corretivas se enquadram nas técnicas mais atuais para tratamento da RLCCr 67

em cães, promovendo estabilidade funcional do joelho durante a fase do passo, reduzindo o 68

deslocamento de translação cranial da tíbia, conforme novo conceito de tratamento que 69

preconiza estabilidade dinâmica alterando a geometria óssea da articulação (Kim et al., 2008). 70

Para a escolha do melhor tratamento da RLCCr, em cães, dentro das técnicas de osteotomia 71

corretiva, a mensuração do ângulo do platô tibial (APT) é um importante componente a ser 72

determinado (Reif et al., 2004). 73

A técnica de mensuração do APT foi descrita por Slocum e Devine (1983) e é realizada 74

através de imagens radiográficas da tíbia, em incidência médio lateral em perfil verdadeiro e 75

consiste em traçar três linhas, a primeira linha no eixo mecânico da tíbia que vai do centro do 76

tarso até a eminência intercondilar, a segunda linha é traçada unindo o ponto mais cranial ao 77

ponto mais caudal da superfície do platô tibial e por último uma terceira linha é traçada 78

perpendicular ao eixo longo da tíbia, no ponto de intersecção das duas primeiras linhas. O 79

APT é formado pela junção da segunda e terceira linhas. 80

O posicionamento da tíbia durante o exame radiográfico pode influenciar na aparência dos 81

pontos de referência para determinação do APT e induzir a variação do valor do APT exato, 82

comprometendo a escolha da melhor técnica cirúrgica, ou o sucesso cirúrgico da mesma (Reif 83

et al., 2004). Frente à possibilidade de variação do valor exato do APT em caso de 84

posicionamento radiográfico inadequado, este trabalho propõe avaliar a influência do 85

posicionamento radiográfico obliquado no cálculo do APT em cães. 86

87

MATERIAL E MÉTODOS 88

89

Foi realizado estudo prospectivo, em cães provenientes do atendimento clínico cirúrgico do 90

Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá - HOVET. O trabalho foi submetido à 91

Comissão de Ética de Uso de Animais da Universidade de Cuiabá e aprovado, protocolado 92

sob o número 012/2014. As imagens radiográficas foram realizadas e avaliadas no Setor de 93

Radiologia do Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá (HOVET-UNIC). 94

Foram radiografados 21 animais, sem predileção por raça ou sexo, livres de histórico ou 95

afecção ortopédica em membros pélvicos que comprometeriam o cálculo do ângulo do platô 96

tibial (fraturas de côndilos femorais ou tibiais, trocleoplastia, deformidade tibial secundária a 97

34

má-união), pesando entre 15 e 40 quilos, acima de dois anos de idade. Todos os animais 98

foram sedados/anestesiados para o procedimento radiográfico adequado. O protocolo 99

anestésico utilizado para sedação foi o cloridrato de petidina na dose de 4 mg/kg associado à 100

acepromazina na dose de 0,5 mg/kg por via intramuscular. Após 20 minutos, aqueles animais 101

que não permitiram o posicionamento adequado com este protocolo de sedação foram 102

submetidos à anestesia geral com propofol na dose de 5 mg/kg por via intravenosa. O exame 103

radiográfico foi realizado por meio do aparelho de raios-x marca SAWAE, modelo Altus 104

ST503-HF. Foram obtidas radiografias do membro pélvico direito e esquerdo de cada animal 105

em projeção médio-lateral, conforme metodologia estabelecida por Slocum e Devine (1983), 106

em duas projeções, perfil lateral verdadeiro caracterizada pela sobreposição dos côndilos 107

femorais e tibiais e perfil lateral obliquado caracterizada pela não sobreposição dos côndilos 108

femorais e tibiais. Nas radiografias foram inclusos a articulação do joelho e do tarso. Obtidas 109

as radiografias, três avaliadores com experiência em radiologia realizaram manualmente o 110

cálculo do ângulo do platô tibial, o qual é mensurado a partir da imagem radiográfica 111

utilizando como pontos de referência o centro do tarso, as eminências intercondíleas da tíbia e 112

a extremidade cranial e caudal da superfície do platô tibial (Slocum e Devine, 1983). 113

Cada observador analisou dois grupos, o grupo um foi constituído por 42 valores do ângulo 114

do platô tibial das imagens radiográficas em perfil lateral verdadeiro, sem distinção de 115

membro direito ou esquerdo. O grupo dois foi constituído por 42 valores do ângulo do platô 116

tibial das imagens radiográficas obliquadas, sem distinção de membro direito ou esquerdo. 117

Os resultados foram analisados através do programa computacional SAEG (Sistema para 118

Análises Estatísticas, Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes - UFV - Viçosa, 2007), por 119

análise de variância e as médias comparadas pelo teste de DUNCAN a 5% de probabilidade. 120

Foram comparadas as médias das avaliações do ângulo do platô tibial em perfil e oblíqua, dos 121

três observadores utilizando nível de significância de 5% para todos os testes realizados. 122

123

RESULTADOS 124

125

As médias, desvio padrão e o nível de significância dos ângulos calculados por cada 126

observador nas imagens em perfil e obliqua, estão descritos na tab.1. 127

128

Tabela 1- Média dos cálculos do ângulo do platô tibial, nas imagens em perfil verdadeiro e 129

obliquadas, por cada observador 130

35

Média perfil/desvio Média oblíqua/desvio

Observador 1 23,35 ± 2,82 21,69 ± 4,22

Observador 2 23,88 ± 4,83 19,42 ± 5,92

Observador 3 24,54 ± 4,01 22,64 ± 5,23

Valor p 0,944 0,016

131

Nos cálculos das imagens em perfil verdadeiro os observadores obtiveram as respectivas 132

médias, observador 1 23,35º ± 2,82, observador 2 23,88º ± 4,83 e observador 3 24,54º ± 4,01 133

não sendo encontrado diferença estatisticamente significativa entre o cálculo dos três 134

avaliadores p 0,944. Nos cálculos das imagens em perfil verdadeiro os observadores 135

obtiveram as respectivas médias, observador 1 21,69º ± 4,22, observador 2 de 19,42º ± 5,92 e 136

observador 3 de 22,64º ± 5,23, sendo encontrado diferença estatisticamente significativa entre 137

o cálculo dos três avaliadores p 0,016. 138

139

DISCUSSÃO 140

141

A escolha do tema proposto por este trabalho, deu-se pelo fato da RLCCr ser uma das 142

afecções mais comuns em cães (Johnson, J. e Johnson, A., 1993; Baraúna Júnior e Tudury, 143

2007; Matera et al., 2007), sendo o tratamento cirúrgico o mais recomendado para a maioria 144

dos casos (VASSEUR, 1982), onde as osteotomias corretivas são as técnicas mais atuais e 145

para o planejamento destas técnicas a mensuração correta do APT é um fator que determina o 146

sucesso cirúrgico (SLOCUM, B. e SLOCUM, T., 1993). 147

O critério de inclusão de cães pesando entre 15 e 40 kg e foi determinado com base em 148

estudos que comprovam que esta afecção, apesar de acometer cães de pequeno porte, é mais 149

frequente em cães de grande porte e obesos (Vasseur et al., 1985; Duval et al., 1999; Matera 150

et al., 2007). 151

A seleção de animais acima de dois anos e livre de doenças degenerativas visou evitar 152

alterações das referências anatômicas utilizadas no cálculo, bem como a escolha de todos os 153

observadores com experiência em cálculo do APT visou homogeneizar os resultados, tendo 154

em vista que observadores sem experiência podem mensurar o APT erroneamente, 155

corroborando com Tartaruna et al. (2008) e Grierson et al. (2005). 156

As imagens foram obtidas em animais vivos, sedados ou anestesiados, a sedação foi 157

necessária, pois facilita a manipulação do animal e sua total imobilização, visando obter 158

36

imagens de qualidade em perfil verdadeiro sem a necessidade de repetições desnecessárias, o 159

que evita a exposição do animal a maiores doses de radiação, sendo o que preconiza Ginja e 160

Ferreira, (2002). 161

Não houve diferença significativa na comparação da média do APT, entre os observadores, 162

das imagens em perfil verdadeiro, pois a experiência dos observadores no cálculo do APT, a 163

facilidade da visualização, dos pontos de referência para os cálculos e a padronização da 164

técnica do cálculo preconizada por Slocum e Devine, (1983), facilitaram o cálculo e 165

possivelmente fizeram com que os observadores não fossem induzidos ao erro. Na 166

comparação da média do APT, das imagens obliquas, houve diferença significativa entre os 167

observadores confirmando a hipótese deste trabalho. A imagem obliqua altera os pontos de 168

referência, dificultando sua localização e mesmo com a experiência dos observadores e a 169

facilidade da técnica de cálculo, não foi possível haver homogeneidade na média das 170

mensurações. 171

172

CONCLUSÃO 173

174

Concluiu-se que um posicionamento obliquo da tíbia leva a uma variação significativa da 175

mensuração do ângulo do platô tibial em cães, sendo que um posicionamento adequado com 176

a imobilização total do animal para obter imagens em perfil verdadeiro é necessário para a 177

mensuração correta do ângulo do platô tibial em cães. 178

179

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