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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Marcos Akira Hattori SIMULAÇÃO DE NÃO LINEARIDADES NO CAMPO ACÚSTICO GERADO POR CORPOS COM GRANDES AMPLITUDES DE DESLOCAMENTO Florianópolis 2012

Simulação de Não Linearidades No Campo Acústico Gerado Por Corpos Com Grandes Amplitudes de Deslocamento

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Análise numérica do campo acústico gerado por corpos com grandes amplitudes de oscilação. Simulação acústica e CFD, além de análise analítica.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA

    MECNICA

    Marcos Akira Hattori

    SIMULAO DE NO LINEARIDADES NO CAMPO

    ACSTICO GERADO POR CORPOS COM GRANDES

    AMPLITUDES DE DESLOCAMENTO

    Florianpolis

    2012

  • Marcos Akira Hattori

    SIMULAO DE NO LINEARIDADES NO CAMPO

    ACSTICO GERADO POR CORPOS COM GRANDES

    AMPLITUDES DE DESLOCAMENTO

    Dissertao submetida ao

    Programa de Ps-Graduao da

    Universidade Federal de Santa Catarina

    para a obteno do Grau de Mestre em

    Engenharia Mecnica

    Orientador: Prof. Arcanjo Lenzi, Dr.

    Florianpolis

    2012

  • Ficha de identificao da obra elaborada pelo autor, atravs do

    Programa de Gerao automtica da Biblioteca Universitria UFSC.

    A ficha de identificao confeccionada pela Biblioteca

    Central.

    Tamanho: 7 cm x 12 cm.

    Fonte: Time New Roman 9,5

    Maiores informaes em:

    http://www.bu.ufsc.br/design/Catalogacao.html

  • Marcos Akira Hattori

    Simulao de no linearidades no campo acstico gerado por corpos

    com grandes amplitudes de deslocamento

    Esta dissertao foi julgada adequada para obteno do

    Ttulo de Mestra em Engenharia Mecnica, rea de concentrao

    em Vibraes e Acstica, e aprovada em sua forma final pelo

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica.

    Florianpolis, 21 de dezembro de 2012.

    ________________________

    Prof. Jlio Cesar Passos, Dr.

    Coordenador do Curso

    ________________________

    Prof. Arcanjo Lenzi, Dr.

    Orientador

    Universidade Federal de Santa Catarina

    Banca Examinadora:

    ________________________

    Prof. Cesar Jos Deschamps, Dr.

    Universidade Federal de Santa Catarina

    ________________________

    Prof. Erasmo Felipe Vergara, Dr.

    Universidade Federal de Santa Catarina

    ________________________

    Dr. Vitor Litwinczik

  • Aos meus pais.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, ao meu pai, Shu Hattori, e minha me, Miyako

    Hattori, pela educao, carinho, amor e incentivo aos estudos.

    Ao prof. Arcanjo Lenzi, pela orientao, auxlio durante toda

    execuo deste trabalho, e por me manter sempre motivado

    principalmente nos momentos mais difceis.

    minha namorada, Valmara, pela compreenso referente a

    minha ausncia principalmente na reta final do mestrado, e tambm por

    me tornar uma pessoa melhor.

    Ao Claudio Pellegrini e Emilio Hulse, pelo grande incentivo

    dado na execuo deste trabalho. Sem este apoio dificilmente este

    trabalho seria concludo.

    Aos amigos de trabalho, em especial, Carlos Eduardo,

    Cristiano, Daniel, Mannes e Mikio pelos muitos conselhos e

    ensinamentos.

    Aos amigos de laboratrio, Garricha, Daniel Cataln, Danilo,

    Leandro, Olavo, Zinho, Paulo, Gustavo Martins, Myrria entre muitos

    outros que me ajudaram nos momentos de dificuldades.

    Embraco, por ter financiado o projeto e pela oportunidade de

    trabalho. CAPES, pela bolsa recebida durante o mestrado.

    E a todos aqueles que, embora no mencionados contriburam

    para a realizao deste trabalho, o meu muito obrigado.

  • Ter boa vontade e boa

    inteno no basta para se viver a vida

    humana com rendimento

    evolutivo. Urge ter discernimento

    Waldo Vieira.

  • RESUMO

    Compressores lineares possuem em seu principio de funcionamento

    molas helicoidais as quais vibram com grandes amplitudes de

    movimento. O objetivo deste trabalho modelar, simular e caracterizar

    o campo acstico gerado atravs da vibrao de um componente de

    seo circular com grandes deslocamentos. A incluso dos efeitos de

    grandes deslocamentos eleva a complexidade para soluo analtica do

    problema. Neste trabalho foram inicialmente criados dois modelos

    numricos para descrever o campo acstico gerado por estas fontes. A

    primeira abordagem consiste em um modelo acstico em Elementos

    Finitos que considera o meio fluido linear em combinao com a

    abordagem Euleriana-Lagrangeana Arbitrria para a malha mvel. O

    segundo modelo consiste em uma abordagem de dinmica dos fluidos

    computacional (CFD) para descrever o campo acstico gerado. Os

    efeitos de grandes deslocamentos da fonte tambm so considerados

    para este caso. A validao destes dois mtodos foi realizada utilizando

    dados experimentais disponveis na literatura. Por fim, um terceiro

    modelo foi desenvolvido atravs da implementao equao da onda

    no linear de acstica onde so mostradas as influncias dos efeitos no

    lineares presentes no fluido. A comparao dos resultados obtidos

    mostra boa concordncia entre o modelo acstico linear e o modelo

    CFD. Constata-se que para nmero de Mach pequeno a oscilao

    senoidal de uma fonte com grande amplitude de deslocamento gera um

    campo acstico contendo harmnicas da frequncia fundamental de

    oscilao, as quais se devem s no linearidades geomtricas.

    Palavras-chaves: Acstica no-linear, compressores hermticos;

    grandes deslocamentos.

  • ABSTRACT

    Linear compressors operate with helical springs that vibrate with large

    amplitude of motion. The objective of this work is to model, simulate

    and characterize the sound field generated by vibration of a circular

    section component with large displacements. The inclusion of large

    displacement effects makes the analytical solution too complex. Two

    numerical models were developed to describe the sound pressure field

    generated by the source. The first approach consists of a Finite Element

    acoustic model which considers the linear description to the fluid

    medium and combines the Arbitrary Lagrangian-Eulerian approach to

    the moving mesh. The second model consists of a computational fluid

    dynamics approach (CFD) to describe the generated sound field. The

    effects of sources large displacement are also considered. The

    validation of these two methods was performed using experimental

    results available in the literature. Finally, a third model was developed

    by implementing the nonlinear wave equation where are shown the

    influence of nonlinear effects present in the fluid. A comparison of

    results shows good agreement between the linear acoustic model and

    CFD model. Was observed that for small Mach numbers a sinusoidal

    oscillation from a source with large amplitude displacement generates

    an acoustic field containing harmonics of the fundamental frequency of

    oscillation, which is due to the geometrical non-linearities.

    Keywords: Nonlinear acoustics, hermetic compressor, large

    displacement.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Compressor hermtico do tipo linear. ................................... 34

    Figura 2 - Sistemas de coordenadas utilizadas para o problema de esfera

    oscilante. Fonte: FROST e HARPER (1975) ........................................ 39

    Figura 3 - Modelo idealizado da cavidade acstica, placa e esfera. Fonte:

    ROOZEN, RUTJES e NIJMEIJER (2010). .......................................... 40 Figura 4 - Configurao do experimento, com a placa, esfera de

    poliestireno, microfone e vibrmetro a laser. Fonte: ROOZEN, RUTJES

    e NIJMEIJER (2010). ............................................................................ 41

    Figura 5 - Exemplo de malha no deformada e deformada com as

    coordenadas de referncia e espacial. Fonte: COMSOL USER GUIDE

    (2012). ................................................................................................... 42

    Figura 6 - Condio de entrada do movimento da placa,

    deslocamento, --- velocidade, acelerao. Fonte: ROOZEN,

    RUTJES e NIJMEIJER (2010). ............................................................ 43

    Figura 7 - Espectro de frequncia do sinal de entrada. Fonte: ROOZEN,

    RUTJES e NIJMEIJER (2010). ............................................................ 43

    Figura 8 - Configurao esquemtica do experimento para anlise

    acstica do movimento da placa. Fonte: ROOZEN, RUTJES e

    NIJMEIJER (2010). .............................................................................. 44

    Figura 9 - Comparao entre o auto espectro de presso sonora

    experimental e numrica na posio do microfone. .............................. 45

    Figura 10 - Formao da onda de choque em um tubo pela teoria no

    linear de acstica. Fonte: WALSH (2010). ........................................... 46

    Figura 11 - Comparao da presso sonora em uma cavidade sendo

    excitada na frequncia de ressonncia, utilizando teoria linear e no

    linear de acstica. Fonte: WALSH (2010). ........................................... 47 Figura 12 - Comparao da Perda de Transmisso (Transmission Loss)

    entre o resultado numrico em CFD com resultado experimental. Fonte:

    MIDDELBERG ET. AL. (2004). ........................................................... 48 Figura 13 - Exemplo de malha no deformada (a) e deformada (b),

    mantendo o arranjo estrutural dos elementos. ....................................... 55

    Figura 14 - Domnios utilizados na formulao ALE. .......................... 57

  • Figura 15 - Configurao do escoamento ao redor de um cilindro em

    funo de Reynolds. Fonte: LIENHARD (1966). ................................. 63

    Figura 16 - Fluxograma esquemtico da interao unidirecional. ........ 65

    Figura 17 - Estrutura tpica do volume de controle utilizada no mtodo

    dos volumes finitos. .............................................................................. 66

    Figura 18 - Balano de massa no volume finito. ................................... 67

    Figura 19 - Representao de elemento Hexadrico. Fonte: REZENDE

    (2005). ................................................................................................... 69

    Figura 20 - Exemplo de utilizao de esquema de difuso de

    deslocamento. a) Malha original no deformada. b) Malha com

    Esquema de Difuso de Deslocamento padro. c) Malha com esquema

    de Difuso de Deslocamento meshdisp com fator 3. ............................ 70

    Figura 21 - Consideraes do modelo acstico de Roozen, Rutjes e

    Nijimeijer (2010). ................................................................................. 71 Figura 22 - Condies de contorno do modelo acstico FEM. ............. 73

    Figura 23 - Condies de contorno do modelo numrico CFD. ........... 76

    Figura 24 - Configurao de malha do modelo laminar CFD. .............. 77

    Figura 25 - Espectro de velocidade de placa oscilante. ......................... 77 Figura 26 - Espectro de presso na posio do microfone. ................... 78

    Figura 27 - Modelo bidimensional representativo do caso simplificado

    de mola. ................................................................................................. 79

    Figura 28 - Geometria do modelo e posies de pontos referentes

    medio de presso. ........................................................................... 80

    Figura 29 - Configurao de malha utilizada no modelo acstico FEM.

    .............................................................................................................. 81 Figura 30 - Configurao de malha utilizada no modelo laminar CFD. 81

    Figura 31 - Condio imposta de movimento do corpo oscilante.

    Acelerao e deslocamento. .................................................................. 83

    Figura 32 - Funo excitao em termos de acelerao aplicada nos

    contornos acstico do corpo oscilante................................................... 85

    Figura 33 - Simulao do campo de presso sonora gerado pelo

    movimento do corpo variando da posio de extrema esquerda para

    extrema direita, no perodo entre 1,35 a 1,354 segundos. ..................... 86

    Figura 34 - Presso sonora no ponto A e acelerao do corpo oscilante.

    .............................................................................................................. 87

  • Figura 35 - Resposta simulada da presso sonora no ponto A com e sem

    no linearidade geomtrica. ................................................................... 87

    Figura 36 - a) modelo com no linearidade geomtrica com a fonte

    partindo da posio central. b) modelo linear com a fonte deslocada 8

    para esquerda. c) modelo linear com a fonte deslocada 8 para

    direita .................................................................................................... 88

    Figura 37 - Predio numrica da presso sonora no Ponto A. ............. 88

    Figura 38 - Comparao entre o modelo no linear e o linear do espectro

    de presso no ponto A. .......................................................................... 89

    Figura 39 - Comparao do espectro de presso nas posies A, B e C.

    ............................................................................................................... 90

    Figura 40 - Comparao da reposta de presso no tempo nas posies A,

    B e C. ..................................................................................................... 90

    Figura 41 - Funo de entrada do corpo oscilante em termos de

    deslocamento. a) Auto espectro da funo de entrada, e b) variao com

    o tempo. ................................................................................................. 91

    Figura 42 - Comparao do espectro de presso na posio entre as

    abordagens CFD e acstica FEM. ......................................................... 92

    Figura 43 - Comparao da resposta de presso acstica na posio A ao

    longo do tempo entre as abordagens CFD e acstica FEM. .................. 92

    Figura 44 - Regies do domnio para construo da malha semi-

    estruturada. ............................................................................................ 93

    Figura 45 - Configurao de malha (A) utilizada no modelo CFD. ...... 94 Figura 46 - Configurao de malha (B) utilizada no modelo CFD. ...... 95

    Figura 47- Configurao de malha (C) utilizada no modelo CFD. ....... 95

    Figura 48 - Configurao de malha (D) utilizada no modelo CFD. ...... 96

    Figura 49 - Comparao do espectro de frequncia calculada

    considerando regime laminar e o modelo de turbulncia k . ............ 96

    Figura 50 - Ampliao da Figura 49 na regio de interesse. ................. 97

    Figura 51 - Comparao da resposta de presso no domnio do tempo

    considerando regime laminar e o modelo de turbulncia k . ............ 97

    Figura 52 - Representao da onda senoidal e distribuio de densidade

    ao longo da onda. .................................................................................. 99 Figura 53 - Distoro da onda devido diferena de velocidade de

    partcula no momento da compresso e rarefao. .............................. 100

  • Figura 54 - Representao do modelo de tubo com formulao de

    Westervelt. .......................................................................................... 105

    Figura 55 - Presso acstica radiada na posio x=1 m. ..................... 106

    Figura 56 - Presso acstica radiada na posio x=9 m. ..................... 107

    Figura 57 - Presso acstica radiada em na posio x=16m .............. 107

    Figura 58 - Espectro de frequncia da presso radiada na posio x=1 m.

    ............................................................................................................ 108

    Figura 59 - Espectro de frequncia da presso radiada na posio x=9 m.

    ............................................................................................................ 108

    Figura 60 - Espectro de frequncia da presso radiada na posio x=16

    m. ........................................................................................................ 109

    Figura 61 - Presso acstica ao longo do tubo. ................................... 110 Figura 62 - Presso acstica em x=16 m com excitao P=10 Pa. ..... 110

    Figura 63 - Posio do ponto A em relao ao centro da circunferncia

    oscilante. ............................................................................................. 111

    Figura 64 - Presso sonora no ponto A. Comparao entre a abordagem

    no linear de Westervelt e linear. ........................................................ 112

    Figura 65 - Espectro de frequncia da presso sonora no ponto A.

    Comparao entre a abordagem no linear de Westervelt e linear. .... 112 Figura 66 - Geometria B com duas fontes oscilantes. ......................... 114

    Figura 67 - Configuraes de malhas utilizadas nos modelos CFD. (a)

    uma fonte. (b) duas fontes. .................................................................. 115 Figura 68 - Espectro da presso no ponto A calculada para diferentes

    amplitudes de deslocamento da fonte. ................................................ 117

    Figura 69 - Resposta de presso no domnio do tempo para diferentes

    amplitudes. .......................................................................................... 117

    Figura 70 - Espectro de presso no ponto A calculada para diferentes

    frequncias de oscilao da fonte. ....................................................... 118

    Figura 71 - Resposta de presso no domnio do tempo para diferentes

    amplitudes. .......................................................................................... 118

    Figura 72 - Espectro de presso no ponto A calculada para diferentes

    fluidos. ................................................................................................ 119

    Figura 73 - Resposta de presso no domnio do tempo para diferentes

    fluidos. ................................................................................................ 119

  • Figura 74 - Espectro de presso no ponto A considerando uma e duas

    fontes. .................................................................................................. 120

    Figura 75 - Resposta de presso no domnio do tempo para os casos com

    uma e com duas fontes. ....................................................................... 120

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Propriedades do ar. ............................................................... 75

    Tabela 2- Caractersticas das malhas computacionais. .......................... 94

    Tabela 3 - Incremento de tempo de cada frequncia de excitao para ar.

    ............................................................................................................. 116

    Tabela 4 - Propriedades dos fluidos de trabalho. ................................ 116

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CFD Computational Fluid-Dynamics

    FEM Finite Element Method

    ALE Arbitrary Lagrangean Eulerian

    DNS Direct Numerical Method

    LES Large Eddy Simulation

    DES Detached Eddy Simulation

    RANS Reynolds-Average Navier-Stokes

    APE Acoustic Perturbation Method

    FVM Finite Volume Method

    CV Control Volume

    NRBC Non-Reflecting Boundary Condition

  • LISTA DE SMBOLOS

    Nmero de Mach

    Amplitude

    Comprimento caracterstico

    Nmero de onda fundamental

    Velocidade do som no meio

    Integral das foras atuantes

    Componente normal da fora

    Massa

    Deslocamento

    Presso sonora

    Direo normal

    Presso total

    Presso do meio

    Densidade local

    Densidade do meio

    Entropia do meio

    - Tempo

    Velocidade de partcula do fluido

    Domnio material

    Domnio de referncia

    Domnio espacial

    Funo transformao

    Funo transformao

    Nmero de Reynolds

    Velocidade mdia relativa entre o objeto e o fluido

    Dimenso caracterstica

    Viscosidade dinmica

    Viscosidade turbulenta

    Taxa de dissipao de energia cintica turbulenta

    Nmero de Prandtl

    Pontos de integrao do volume finito de massa

    Rigidez da malha

    Deslocamento relativo aos locais anteriores da malha

  • Frequncia angular

    Frequncia de amostragem

    Frequncia mxima de interesse

    Amplitude

    Potencial de velocidade

    Parmetro no linear

    Razo entre os calores especficos

    Absoro linear no fluido

    Coeficiente de no linearidade

    Difusividade do som

    - Distncia de formao da onda de choque

    Funo de Bessel

    Fonte dipolo

    Fonte monopolo

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ........................................................................... 33

    1.1. Objetivos ............................................................................... 35

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ................................................... 36

    2.1. Introduo .............................................................................. 36

    2.2. Modelo de Frost e Harper ...................................................... 37

    2.3. Modelo de Roozen, Rutjes e Nijmeijer ................................. 40

    2.4. Acstica no linear em fluidos .............................................. 45

    2.5. Abordagem CFD em acstica ................................................ 47

    3. ABORDAGENS NUMRICAS DO CAMPO ACSTICO

    GERADO POR GRANDES AMPLITUDES DE

    DESLOCAMENTO ............................................................................ 51

    3.1. Introduo .............................................................................. 51

    3.2. Formulao pela acstica clssica ......................................... 52

    3.2.1. Equao do estado ......................................................... 52

    3.2.3. Equao da quantidade de movimento .......................... 54

    3.2.4. Equao da onda linear .................................................. 54

    3.2.5. Abordagem Euleriana-Lagrangeana Arbitrria ............. 54

    3.3. Formulao pela dinmica dos fluidos computacional .......... 59

    3.3.3. Acoplamento fluido-estrutura ........................................ 64

    3.3.4. Metodologia numrica ................................................... 65

    3.3.4.1. Acoplamento presso-velocidade .................................. 67

    3.3.4.2. Funes de forma .......................................................... 68

    3.3.4.3. Fronteiras mveis .......................................................... 69

    3.4. Validao de resultados ......................................................... 70

    3.4.1. Configurao do modelo numrico acstico FEM ........ 71

  • 3.4.2. Simulaes em CFD ...................................................... 75

    3.4.3. Resultados ...................................................................... 77

    3.5. Anlise dos efeitos das grandes amplitudes de

    deslocamento para o caso simplificado de mola ................................ 78

    3.5.2. Definio do incremento de tempo ................................ 81

    3.5.3.1. Condies de contorno .................................................. 82

    3.5.3.2. Fronteira mvel .............................................................. 84

    3.6. Resultados .............................................................................. 85

    3.6.1. Resultados do modelo acstico FEM .................................... 85

    3.7. Simulao CFD com modelo de turbulncia ............... 92

    4. ACSTICA NO LINEAR EM FLUIDOS .............................. 98

    4.1. Introduo .............................................................................. 98

    4.2. Equaes da acstica no linear .......................................... 100

    4.3. Soluo de Fubini ................................................................ 103

    4.4. Aplicao numrica e verificao da equao de

    Westervelt ........................................................................................ 104

    5. AVALIAO POR CFD DO CAMPO ACSTICO

    GERADO POR UM DISCO TPICO DE UMA MOLA DE

    COMPRESSOR ................................................................................. 114

    5.1. Introduo ............................................................................ 114

    5.2. Geometria e malha ............................................................... 114

    5.3. Condies de contorno e iniciais ......................................... 115

    5.4. Anlises ............................................................................... 115

    5.5. Resultados ............................................................................ 116

    6. CONCLUSES .......................................................................... 122

    6.1. Sugestes para trabalhos futuros ......................................... 123

  • 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................... 123

  • 33

    1. INTRODUO

    Em um mercado industrial de alta competitividade o contnuo

    desenvolvimento e aperfeioamento tecnolgico tm papel fundamental

    na sobrevivncia das empresas. Diante disso, as preocupaes com o

    comportamento acstico de equipamentos tm crescido a cada dia e o

    sucesso ou o fracasso de um produto pode ser fortemente afetado pelos

    nveis de rudo gerados pelo mesmo.

    Um importante equipamento que conhecido por ser um

    emissor de rudo o compressor. Nos ltimos 30 anos diversos estudos

    foram realizados a respeito deste produto. Sangoi (1983) apresenta um

    estudo das fontes de rudo e vibraes em compressores hermticos

    dando incio a vrios outros trabalhos, entre os quais podem ser citados

    Diesel (2000), Carmo (2001), Santos (2003) e Lopes (2006), que

    contriburam para melhorar as caractersticas acsticas dos mesmos.

    Dentre suas diversas aplicaes tem-se o uso em sistemas de

    refrigerao que utilizam a compresso mecnica do vapor como

    mtodo de refrigerao. De forma geral, os compressores podem ser

    classificados em dois tipos: mquinas de deslocamento positivo e

    mquinas roto-dinmicas. As mquinas roto-dinmicas se caracterizam

    por fornecerem quantidade de movimento ao fluido atravs do

    movimento rotativo de um rotor provido de vrias ps. O compressor de

    deslocamento positivo por sua vez submete o fluido a uma variao de

    volume. Durante seu funcionamento, uma cavidade se abre

    possibilitando a entrada do fluido atravs de um orifcio. Em seguida a

    cavidade se fecha e aprisiona o fluido, o qual conduzido a um orifcio

    de sada em um processo de reduo de volume. Desta forma, todo

    compressor de deslocamento positivo produz um escoamento peridico

    ou pulsante (PREZ-SEGARRA e RIGOLA, 2005). Dentro da

    classificao de compressores de deslocamento positivo pode-se citar o

    compressor linear que opera atravs do movimento de um pisto ao

    longo de uma trajetria linear para comprimir o gs. Um exemplo de um

    compressor hermtico fabricado pela Empresa Brasileira de

    Compressores S/A mostrado na Figura 1.

  • 34

    Figura 1 - Compressor hermtico do tipo linear.

    Dentre as fontes de rudo de um compressor tem-se:

    escoamento pulsante do gs de refrigerao, foras de compresso do

    gs no cilindro, impacto entre partes mveis e foras geradas pelo

    campo eletromagntico. Dentre as vrias fontes de rudo e vibrao, este

    trabalho foi motivado pela necessidade de conhecimento mais profundo

    do rudo gerado por uma mola helicoidal usada em alguns modelos de

    compressores, a qual vibra com grandes amplitudes.

    Ainda que sejam conhecidos diversos mtodos gerais de

    controle de rudo, realizar uma investigao criteriosa de modo a obter

    uma maior compreenso deste problema especfico pode se tornar uma

    opo importante por se tratar de um produto de alta competitividade no

    mercado. Para tanto, a modelagem do componente mola vibrando com

    grandes amplitudes apresenta como uma poderosa ferramenta neste

    processo investigatrio de compreenso do comportamento acstico

    gerado pelo mesmo.

    O objetivo de estudar o campo acstico gerado pela vibrao de

    molas helicoidais consiste em conhecer seu comportamento a fim de

    posteriormente determinar solues adequadas para atenuar ou inibir o

    rudo gerado por este componente.

    No Captulo 2 ser apresentada uma breve reviso bibliogrfica,

    destacando dois principais trabalhos relacionados gerao de campo

    acstico por fontes com grandes amplitudes de deslocamento. Alm

  • 35

    disso, so apresentados tambm alguns trabalhos que abordam a

    formulao da equao da onda no linear e aplicaes de CFD

    (Computational Fluid-Dynamics) em problemas de acstica. O Captulo 3 apresenta e discute dois procedimentos numricos

    utilizados para descrever o campo acstico gerado por fontes com

    grandes amplitudes de deslocamento. Ainda neste captulo feita a

    anlise do efeito gerado por este tipo de fonte.

    O quarto captulo apresenta os efeitos da no linearidade

    presente no fluido, mostrando possveis contribuies ao campo acstico

    para o caso analisado.

    No Captulo 5 feita uma anlise numrica atravs da

    abordagem CFD verificando a influncia de alguns parmetros comuns

    aplicao de compressores.

    Finalmente no Captulo 6 so apresentadas as concluses e

    sugestes para trabalhos futuros.

    1.1. Objetivos

    Este trabalho, em mbito geral, objetiva modelar, simular e

    caracterizar o campo acstico gerado pela vibrao de um componente

    de seo circular com grandes deslocamentos em movimento de

    translao.

    Os objetivos especficos so:

    conhecer o comportamento acstico causado por oscilao de objetos com grandes amplitudes de deslocamento;

    desenvolver e verificar um modelo numrico por FEM bidimensional que represente satisfatoriamente os efeitos de

    grandes amplitudes de deslocamento da fonte;

    desenvolver um modelo numrico em CFD, bidimensional, que represente as flutuaes de presso acstica no fluido causada

    pela oscilao com grandes deslocamentos da fonte;

    analisar possveis contribuies de no linearidades do fluido presente ao campo acstico;

    avaliar efeitos de parmetros comuns aplicao de compressores no campo acstico gerado pelas grandes

    amplitudes de deslocamento da fonte.

  • 36

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Introduo

    O objetivo principal deste captulo apresentar o estado da arte

    no que diz respeito ao estudo do campo acstico gerado por fontes com

    grandes amplitudes de deslocamento. Pode-se afirmar que a literatura

    tcnica referente a este assunto no vasta.

    A radiao acstica de corpos oscilantes usualmente tratada

    como um fenmeno linear onde as amplitudes de vibrao dos corpos

    so pequenas comparadas s suas dimenses. Entretanto, no caso em

    que as amplitudes de vibrao dos corpos no podem ser consideradas

    em um sistema fixo de coordenadas, surgem efeitos de no linearidade

    no campo acstico.

    Na literatura clssica de acstica, as fontes sonoras so

    normalmente consideradas tendo pequena amplitude de deslocamento, o

    que resulta em um campo acstico relacionado linearmente com a

    amplitude de movimento. Para fontes acsticas considerando os efeitos

    de grandes amplitudes, foram encontrados poucos estudos que abordam

    tal tema. Devido a isto, esta seo ir expor os resultados de dois artigos

    que abordam este assunto. O primeiro trabalho foi publicado por Frost e

    Harper (1975) com uma abordagem fundamentada na soluo da

    equao de movimento, vlida para um limite de pequeno nmero de

    Mach. Nesta abordagem foram usadas aproximaes assintticas, e no

    foram considerados os efeitos das no linearidades do fluido. A

    distoro harmnica se deve inteiramente s grandes amplitudes de

    movimento do objeto. O segundo trabalho, publicado recentemente por

    Roozen, Rutjes e Nijmeijer (2010), apresenta uma abordagem numrica

    e experimental do mesmo fenmeno (grandes deslocamento de fonte)

    tambm para nmero de Mach pequeno. Roozen et. al (2010) chama o

    efeito da distoro harmnica de no linearidade acstica geomtrica. A

    abordagem numrica feita atravs do Mtodo dos Elementos Finitos

    (FEM Finite Element Method), utilizando comportamento linear para o fluido em combinao com o mtodo da malha mvel. Uma anlise

    experimental demonstra a validade da tcnica de anlise para o

    fenmeno de no linearidade acstica geomtrica. Os estudos apresentados nestas publicaes sero abordados

    mais detalhadamente em funo da afinidade com o tema desta

    dissertao. Grande parte dos estudos relacionados acstica no linear

    focada em fenmenos onde a no linearidade causada pelo fluido,

  • 37

    efeito conhecido tambm por fenmeno de amplitude finita (finite

    amplitude wave).

    2.2. Modelo de Frost e Harper

    Frost e Harper (1975) analisaram a radiao sonora de

    superfcies oscilando com grandes amplitudes e pequeno nmero de

    Mach. O efeito de no linearidade acstica discutido aqui se refere ao campo acstico gerado o qual no corresponde exatamente ao

    movimento da fonte, ou seja, uma fonte que apresenta um movimento

    senoidal gera um campo acstico no proporcional a este movimento.

    Tal fenmeno possvel devido s grandes amplitudes de deslocamento

    da fonte. Ao ser tratado como grande deslocamento significa que o

    movimento no pode ser adequadamente especificado como uma

    pequena perturbao no espao fixo de coordenadas.

    importante salientar que as no linearidades acsticas

    geomtricas so diferentes das no linearidades presentes na equao do

    movimento e equao do estado. As no linearidades das duas equaes

    citadas devem-se aos efeitos do fluido e constituem a maior parte da

    literatura de acstica no linear. Efeito conhecido tambm por

    fenmenos de amplitude finita.

    O trabalho de Frost e Harper demonstra atravs de uma anlise

    assinttica que para pequenos valores de nmero de Mach o movimento

    harmnico simples de um corpo rgido gera um campo acstico rico em

    harmnicas quando a amplitude de oscilao grande. Os autores

    mostram estes efeitos atravs de dois exemplos de movimentos

    harmnicos de uma esfera impermevel. Trata-se de uma esfera de raio

    pulsando com amplitude e uma esfera tambm de raio oscilando com amplitude . Estes dois movimentos representam fontes sonoras do tipo monopolo e dipolo, respectivamente. Segundo os autores, o

    contedo espectral rico em harmnicas atribudo fundamentalmente ao

    movimento da condio de contorno e no s no linearidades no fluido.

    Os resultados de Frost e Harper foram obtidos utilizando o

    mtodo das expanses assintticas combinadas (Matched Asymptotic Expansions), para fazer a conexo entre o campo acstico distante da

    fonte e o campo prximo fonte, que por sua vez apresentam

    comportamentos distintos. Ou seja, o mtodo aplicvel para problemas

    de irradiao acstica de fontes com grandes deslocamentos e pequeno

    nmero de Mach, e adequado para separar os efeitos de grandes

    deslocamentos dos efeitos de no linearidade no fluido.

  • 38

    A formulao considera que a estrutura gera um campo acstico

    que se deve a um movimento harmnico simples do corpo

    tridimensional, onde o movimento ocorre em um fluido sem viscosidade

    e em repouso. Considera tambm que a amplitude do movimento da

    estrutura da ordem do comprimento caracterstico do corpo. A

    restrio de um nmero de Mach pequeno leva a considerar que em todos os pontos do fluido a velocidade de partcula pequena em

    comparao com a velocidade do som . Esta restrio est diretamente relacionada com a amplitude e frequncia da superfcie oscilante. Para

    os casos clssicos de problemas de acstica, trabalha-se com uma faixa

    ampla de frequncias, porm a amplitude do movimento da fonte

    suficientemente pequena para justificar tal restrio. O interesse da

    pesquisa apresentada neste trabalho, entretanto, est no fenmeno onde

    a amplitude de oscilao da fonte da mesma ordem de sua dimenso

    caracterstica. Em tais casos a equao do movimento linearizada ainda

    vlida desde que respeitado a restrio do nmero de Mach. O nmero de Mach na superfcie oscilante, Mc, dado por

    (

    ) ( ) (2.1)

    onde representa a amplitude de oscilao, o comprimento

    caracterstico do corpo, o nmero de onda fundamental

    e a

    velocidade do som no meio.

    Considera-se o limite quando

    ( ) e (

    ) (2.2)

    ou ainda

    (2.3)

    De forma geral os autores propem a obteno de uma soluo

    assinttica da equao no linear do movimento sujeita a uma condio

    de contorno dependente do tempo e associado ao movimento da superfcie radiante.

    A caracterstica incomum deste problema refere-se condio

    de contorno no ser linearizada, ou seja, no pode ser considerada como

    uma pequena amplitude de deslocamento e aproximada como uma

    superfcie fixa no espao. Em cada instante de tempo a componente

  • 39

    normal de velocidade do fluido deve ser igual componente normal de

    velocidade da superfcie rgida em cada ponto da superfcie oscilante.

    A partir da equao de movimento, so definidas variveis

    adimensionais e duas regies de interesse para construir a expanso

    assinttica:

    a) Regio prxima: a regio da ordem da dimenso caracterstica do corpo.

    b) Regio distante: a regio da ordem de grandeza do comprimento de onda.

    Dividindo a abordagem em duas regies so obtidas solues

    especficas para cada uma delas. A soluo obtida a partir da

    aproximao da regio prxima consiste em uma relao no linear

    entre o movimento do corpo rgido e o fluido circundante. A construo

    da abordagem na regio distante feita com o objetivo de obter uma

    soluo que apresente a forma pela qual as distores harmnicas da

    soluo interna se propagam no campo acstico distante da fonte.

    A soluo aplicada para o caso da uma esfera oscilante tendo

    um sistema de coordenadas fixo no espao e outro fixo em relao ao

    corpo (Figura 2).

    Figura 2 - Sistemas de coordenadas utilizadas para o problema de esfera

    oscilante. Fonte: FROST e HARPER (1975)

    Atravs de mtodos assintticos os autores obtm uma

    formulao dada em termos do potencial de velocidade que define a

    ordem de grandeza da varivel acstica em posies afastadas da fonte.

    Para o caso da esfera oscilante com grandes amplitudes, os autores

    concluem que em um ponto localizado no eixo de oscilao distante da

  • 40

    fonte, o sinal de mxima intensidade a da frequncia fundamental de

    oscilao da fonte. No entanto, no plano de simetria normal ao eixo de

    oscilao da fonte, o sinal de maior intensidade a segunda harmnica

    da frequncia fundamental.

    2.3. Modelo de Roozen, Rutjes e Nijmeijer

    Roozen et al. (2010) apresentam um estudo da radiao sonora

    de corpos rgidos oscilantes com grandes amplitudes e baixo nmero de

    Mach. Este trabalho foi aplicado visando compreender os efeitos fsicos

    da no linearidade geomtrica de uma placa em movimento harmnico.

    Um modelo em elementos finitos (Figura 3) foi desenvolvido e validado

    por meio de experimentos (Figura 4) no qual foi medida a presso

    sonora irradiada pela placa oscilando com grandes amplitudes de

    deslocamento. A resposta de uma esfera de poliestireno pendurada

    prxima placa, sendo excitada pelas ondas sonoras radiadas pela placa,

    tambm medida. O objetivo deste experimento foi demonstrar a

    validade do modelo em elementos finitos para predizer o campo acstico

    no linear quanto excitao de estruturas secundrias prximas ao

    corpo vibrante.

    Figura 3 - Modelo idealizado da cavidade acstica, placa e esfera. Fonte:

    ROOZEN, RUTJES e NIJMEIJER (2010).

  • 41

    Figura 4 - Configurao do experimento, com a placa, esfera de poliestireno,

    microfone e vibrmetro a laser. Fonte: ROOZEN, RUTJES e NIJMEIJER

    (2010).

    A partir desta configurao de experimento os efeitos de no

    linearidade geomtrica so estudados em detalhe, tanto

    experimentalmente quanto numericamente.

    O modelo de elementos finitos desenvolvido descreve a

    radiao acstica de corpos oscilando com grandes amplitudes de

    deslocamento. As grandes amplitudes causam efeitos de no linearidade

    geomtrica que resultam em campos acsticos ricos em harmnicas,

    embora o fluido ainda se comporte linearmente. A abordagem numrica

    utilizou a formulao Lagrangeana-Euleriana Arbitrria para representar

    os efeitos da no linearidade geomtrica, por meio da malha mvel

    adaptativa. Desta forma, os efeitos no lineares se concentram na no

    linearidade geomtrica da grande amplitude do corpo e admite-se o

    fluido como modelo linear.

    Segundo os autores, a aplicabilidade deste modelo somente

    vlida para pequenos nmeros de Mach acstico, de forma anloga ao trabalho de Frost e Harper (1975). Para que as no linearidades do fluido

    possam ser desconsideradas admite-se que o valor do nmero de Mach

    acstico seja muito menor que um.

    Portanto, o domnio acstico do modelo que compreende o

    volume de ar ao redor do corpo oscilante calculado utilizando a

    equao harmnica de Helmholtz no domnio do tempo.

    A estrutura secundria representada pela esfera de poliestireno

    no experimento modelada como um corpo rgido. A equao utilizada

    para calcular o deslocamento global da estrutura

    (2.4)

  • 42

    onde a massa do corpo rgido, ( ) so os deslocamentos globais em cada direo e a integral das foras que atuam na superfcie da estrutura secundria. A forca componente normal da fora dada por

    (2.5)

    onde representa a direo normal superfcie e , a presso sonora. Para permitir o movimento do corpo com grande deslocamento

    utilizado neste modelo o mtodo da Malha Mvel. Consiste em

    redefinir a malha ao longo do tempo, adaptando-se s caractersticas da

    nova geometria. Uma malha deformada pode ser til no caso do limite

    do seu domnio computacional estar movendo-se com o tempo, ou

    deformando-se com uma funo. Neste caso, a formulao

    Lagrangeana-Euleriana Arbitrria usada para permitir a resoluo do

    problema envolvendo grandes deslocamentos.

    A tcnica utilizada neste modelo fez uso de uma coordenada

    espacial ( ) e outra coordenada do n da malha na condio inicial no deformada ( ). Para descrever a coordenada espacial ( ) no mesmo n da malha na configurao deformada aps um instante so utilizadas as seguintes funes,

    ( ) ( ) ( ) (2.6)

    Essas funes fazem a transformao de coordenadas para

    relacionar os dois quadros. Na Figura 5 so representadas as duas

    coordenadas na condio no deformada e deformada.

    Figura 5 Exemplo de malha a) no deformada e b) deformada com as

    coordenadas de referncia e espacial. Fonte: COMSOL USER GUIDE (2012).

    O movimento da placa dado na forma de condio de

    contorno de acelerao prescrita no contorno do domnio acstico. O

    sinal de entrada do modelo representado na Figura 6.

    a) b)

  • 43

    Figura 6 - Condio de entrada do movimento da placa, deslocamento, ---

    velocidade, acelerao. Fonte: ROOZEN, RUTJES e NIJMEIJER (2010).

    Observa-se que o sinal mostrado na Figura 7 representa uma

    composio de harmnicas e no de um sinal tonal. O sinal de

    deslocamento que aparenta ser uma funo senoidal pura no domnio do

    tempo perde a forma de uma onda pura medida que derivado para

    velocidade e acelerao. O sinal de acelerao usado como entrada para

    representar o movimento da placa representa uma composio de

    harmnicas mpares conforme a caracterstica do prprio sinal de

    entrada, sendo a frequncia fundamental do movimento 3,52Hz. Esta

    condio pode ser observada no espectro de frequncia do sinal,

    mostrado na Figura 7.

    Figura 7 - Espectro de frequncia do sinal de entrada. Fonte: ROOZEN,

    RUTJES e NIJMEIJER (2010).

  • 44

    Os resultados da simulao foram validados atravs de dados

    experimentais obtidos na bancada mostrada de forma esquemtica na

    Figura 8.

    Figura 8 Configurao esquemtica do experimento para anlise acstica do

    movimento da placa. Fonte: ROOZEN, RUTJES e NIJMEIJER (2010).

    As simulaes foram realizadas utilizando a condio de

    entrada da placa mostrada na Figura 7. A acelerao aplicada no

    contorno do domnio acstico que por sua vez fora o deslocamento da

    placa sobre a malha. Nas simulaes, foi calculado o campo de presso

    sonora em volta da placa em movimento, assim como o movimento da

    esfera.

    O resultado obtido pelos autores apresentado na Figura 9, que

    mostra o espectro de presso sonora na posio do microfone obtido

    atravs da simulao no linear e pelo experimento. Nota-se a presena

    de harmnicas pares que no fazem parte do sinal de entrada. O

    surgimento dos novos harmnicas atribudo no linearidade

    geomtrica. Devido grande amplitude de deslocamento, as superfcies

    que geram a presso sonora encontram-se em posies distintas em

    relao ao microfone durante a acelerao e desacelerao. Segundo os

    autores, isso causa diferenas no comportamento da presso medida

    durante a compresso e rarefao ao longo do tempo. O sinal da resposta

    obtida uma funo assimtrica no tempo que s pode ser descrito por

    meio de harmnicos pares e mpares. O pico que se encontra entre o

    terceiro e quarto harmnico na resposta experimental, segundo os

  • 45

    autores, se trata de rudo de fundo, uma vez que o mesmo captado

    tambm quando no h movimento da placa.

    Figura 9 Comparao entre o auto espectro de presso sonora experimental e

    numrica na posio do microfone.

    Em ambos os trabalhos apresentados nesta Seo, a anlise

    limitada pela condio de pequeno nmero de Mach. Anlises em que o

    nmero de Mach ultrapassa a condio imposta exigem uma formulao mais completa da equao da onda considerando os efeitos cumulativos.

    2.4. Acstica no linear em fluidos

    Fenmenos acsticos onde a teoria linear da onda no mais

    representa satisfatoriamente o problema devido a elevados nveis de

    presso sonora so conhecidos como ondas de amplitude finita (finite

    amplitude wave). As teorias para propagao de ondas de amplitude finita foram inicialmente discutidas no sculo 18 e incio do sculo 19

    por Euler, Poisson e Lagrange (HAMILTON e BLACKSTOCK, 1998).

    A partir de ento o interesse pela acstica no linear vem crescendo

    expressivamente.

    Um dos fenmenos no lineares mais importantes na

    propagao de ondas de amplitudes finitas a deformao da onda. Esse

    efeito mais acentuado quanto maior a frequncia das ondas, portanto, o

    estudo da no linearidade acstica tem se tornado importante em

    aplicaes de alta frequncia como o caso de ultrassom. No trabalho de

    Liu et. al (2000) foram estudadas os efeitos no lineares na propagao

  • 46

    de ondas de amplitude finita em frequncias e amplitudes de aplicaes

    biomdicas de equipamentos de ultrassom. Observou-se que devido aos

    efeitos no lineares a distncia de alcance das ondas do equipamento era

    reduzida. Outros trabalhos como os realizados por Cai e degard (2000)

    e Hoffelner et. al (2001) fazem uma abordagem no linear em

    problemas envolvendo ultrassom utilizando a equao de Kuznetsov

    (KUZNETSOV, 1971). No entanto, as no linearidades no se limitam

    somente s altas frequncias. A gerao de ondas de amplitude finita

    ocorre tambm em campos acsticos onde ocorrem ressonncias, como

    o caso de uma cavidade, podendo tambm estar presente na propagao

    de ondas a longas distncias.

    Walsh (2007) aplicou a equao da onda no linear de

    Kuznetsov e demonstrou numericamente a diferena entre a abordagem

    linear e no linear no caso de um tubo com comprimento suficiente

    longo para formao da onda de choque (Figura 10). O autor apresenta

    uma comparao da presso sonora radiada em uma cavidade quando

    excitada na frequncia de ressonncia usando a formulao linear e no

    linear (Figura 11). Atravs da soluo analtica de Fubini (HAMILTON

    e BLACKSTOCK, 1998) feita a validao do modelo numrico.

    Figura 10 Formao da onda de choque em um tubo pela teoria no linear de

    acstica. Fonte: WALSH (2010).

  • 47

    Figura 11 Comparao da presso sonora em uma cavidade sendo excitada na

    frequncia de ressonncia, utilizando teoria linear e no linear de acstica.

    Fonte: WALSH (2010).

    Rasmussen (2009) faz uma anlise detalhada comparando

    diferentes modelos de equao da onda no linear aplicados para gases

    perfeitos e outros fluidos. A fim de avaliar a preciso das equaes de

    onda, suas solues so comparadas s formulaes lineares das quais

    elas derivam.

    2.5. Abordagem CFD em acstica

    A utilizao de CFD (Computational Fluid-Dynamics) na

    abordagem de problemas de acstica tem sido largamente utilizada nas

    ltimas dcadas. Diversas teorias bastante conhecidas como a Analogia

    Acstica de Lighthill e suas variaes vm sendo aplicadas com sucesso

    no campo da acstica. No entanto, observa-se que o foco das aplicaes

    de CFD na rea de acstica est mais especificamente no campo da

    aeroacstica, onde a fonte sonora est relacionada ao desprendimento de

    vrtices no escoamento. Publicaes relacionadas aeroacstica so

    inmeras, na qual podem ser citados os trabalhos de Liu (2012), Wu

    (2011), Carlos (2010) e Verhoeven (2011), que procuram predizer o

    rudo gerado pelo escoamento de um fluido interagindo com uma

    estrutura associada.

  • 48

    Middelberg et al. (2004) utilizaram a abordagem CFD para

    predizer o comportamento acstico de mufflers (silenciadores ou filtros

    acsticos). Ao fluxo de entrada do filtro aplicada uma flutuao de

    presso na faixa de frequncia de interesse observando, assim, o quanto

    a presso atenuada na sada do filtro. Utilizou o modelo de turbulncia

    para predizer os efeitos de turbulncia no fluido. O resultado obtido comparado aos resultados experimentais de Selamet e Radavich

    (1997) mostrando que a abordagem de CFD pode ser utilizada para

    predizer o comportamento acstico de mufflers com diferentes

    configuraes de volume (Figura 12). Observou-se que a concordncia

    entre a abordagem CFD e a experimental melhor para frequncias

    abaixo de 1 .

    Figura 12 - Comparao da Perda de Transmisso (Transmission Loss) entre o

    resultado numrico em CFD com resultado experimental. Fonte:

    MIDDELBERG ET. AL. (2004).

    Entende-se que a simulao numrica por meio de CFD para

    predio de irradiao acstica de estruturas no interessante em boa

    parte dos casos devido maior complexidade computacional envolvida.

    A abordagem utilizando teorias da prpria acstica baseada na equao

    da onda so mais prticas e computacionalmente menos onerosas.

    A propagao de ondas sonoras e o rudo gerado pelo

    escoamento pode muito bem ser representado pelas equaes

    fundamentais de continuidade, de conservao da quantidade de

    movimento e de energia combinados com a equao do estado. Estas

  • 49

    equaes do origem s equaes de Navier Stokes. A grande vantagem

    da abordagem CFD a capacidade de considerar fontes de rudo

    oriundas do escoamento. No entanto, sua utilizao para abordar

    problemas com fontes de origem mecnica continua sendo vlida,

    exemplo disso so os problemas considerando acoplamento fluido-

    estrutura.

  • 50

  • 51

    3. ABORDAGENS NUMRICAS DO CAMPO ACSTICO GERADO POR GRANDES AMPLITUDES DE

    DESLOCAMENTO

    3.1. Introduo

    Este captulo apresenta a anlise do efeito das grandes

    amplitudes de deslocamento no campo acstico gerado. Neste problema

    as no linearidades concentram-se nas condies de contorno, uma vez

    que o meio fluido tratado de forma linear. A anlise deste efeito

    realizada por meio de duas abordagens numricas diferentes. A primeira

    abordagem em um modelo acstico baseado na equao da onda. A

    representao do campo acstico gerado por fontes oscilando com

    grandes deslocamentos baseada na abordagem utilizada por Roozen e

    Nijmeijer (2010). Neste modelo numrico utilizou-se o Mtodo dos

    Elementos Finitos, sendo o domnio acstico modelado apresentando

    comportamento linear e atravs da ferramenta numrica do mtodo da

    malha mvel, so considerados os efeitos de grandes deslocamentos. O

    segundo modelo numrico consiste na utilizao da teoria de dinmica

    dos fluidos computacional (CFD) para predizer o campo de presso

    gerado. Em ambos os casos tem-se interesse no campo acstico prximo

    da fonte.

    Inicialmente, so descritas a fundamentao terica e

    particularidades do modelo acstico FEM e do modelo CFD. Para a

    anlise acstica so detalhadas a obteno da equao da onda linear e a

    formulao Euleriana Lagrangeana Arbitrria, que permite a

    considerao das grandes amplitudes de deslocamento da fonte. Em

    seguida, ser descrita a utilizao da abordagem CFD para problemas de

    acstica, alm de mtodos computacionais para CFD, o modelo de

    turbulncia , entre outras consideraes sobre a metodologia numrica adotada.

    Na etapa seguinte, os resultados numricos e experimentais de

    Roozen e Nijmeijer (2010) so utilizados para efeitos de comparao

    para verificao das abordagens numricas. E, finalmente, as duas

    abordagens so utilizadas para analisar os efeitos das grandes

    amplitudes de deslocamento da fonte no caso simplificado de uma mola.

  • 52

    3.2. Formulao pela acstica clssica

    Pode-se afirmar que a formulao para acstica clssica que

    descreve a propagao de uma onda j foi estudada exaustivamente no

    meio acadmico. Entretanto, a deduo da equao linear da onda ser

    aqui reapresentada salientando as condies e consideraes limitantes

    da equao da onda.

    A equao da onda clssica permite a obteno da presso no

    fluido gerada por uma fonte de vibrao respeitando as devidas

    restries impostas na sua formulao.

    A obteno da equao da onda se d por meio das equaes

    do estado, de conservao da massa e da conservao da quantidade de

    movimento. Para obteno da formulao da equao da onda clssica,

    so feitas algumas consideraes:

    O fluido no apresenta comportamento viscoso

    A propagao da onda um processo adiabtico

    A amplitude de onda sonora relativamente pequena, de modo que as variaes de densidade do meio so pequenas quando

    comparadas ao seu valor de equilbrio.

    Essas hipteses so consideradas no desenvolvimento da

    equao da onda vlida para comportamento linear com a amplitude, e

    sem perdas. Trata-se de tima aproximao para ondas de pequenas

    amplitudes e baixos nveis de presso sonora.

    3.2.1. Equao do estado

    A equao do estado uma equao termodinmica que

    descreve o estado da matria sob um conjunto de condies fsicas.

    Trata-se de uma equao constitutiva a qual prov uma relao entre

    funes do estado associados com a matria, tais como temperatura,

    presso, densidade, energia interna, entropia e entalpia.

    Observando que os processos acsticos considerados nesse

    equacionamento so aproximadamente isentrpicos, a troca de energia

    trmica entre camadas adjacentes do fluido e as perdas viscosas so

    desprezadas. Nessas condies, a entropia do fluido permanece

    aproximadamente constante. Desta forma, pode-se escrever uma relao

    entre a presso sonora e a densidade, considerando entropia constante

    utilizando uma expanso em srie de Taylor

  • 53

    (

    )

    ( )

    (

    )

    ( ) (3.1)

    sendo e a presso total e do meio, respectivamente, a densidade local, e a densidade do meio e a entropia do meio. As derivadas parciais desta expanso so constantes

    determinadas para compresso isentrpica e expanso do fluido em

    torno de sua densidade de equilbrio.

    Considerando acstica linear, apenas os termos de primeira

    ordem da expanso so considerados. Obtm-se assim, uma relao

    linear entre a flutuao de presso e a mudana de densidade. Na Seo

    3.2 o desenvolvimento da equao da onda feito considerando termos

    adicionais da expanso de Taylor, onde o processo de compresso e

    rarefao na onda acstica tem relao no linear com a presso.

    A primeira derivada da presso em relao densidade

    representa o quadrado da velocidade do som no meio.

    (3.2)

    3.2.2. Equao da Continuidade

    Tambm conhecida por equao da conservao da massa, a

    equao da continuidade relaciona a taxa de variao da massa no

    interior de um elemento de volume infinitesimal. Esta fornece uma

    relao entre a velocidade de partcula do fluido com sua densidade instantnea, dada por

    ( ) . (3.3)

    A introduo da equao da continuidade na obteno da

    equao da onda linear se d pela linearizao das grandezas acsticas

    que apresentam pequenas variaes em torno dos valores de equilbrio.

    Neste caso, a variao de densidade na perturbao acstica

    considerada pequena o suficiente para ser desprezada e a equao da

    continuidade pode, ento, ser escrita na forma

    (3.4)

  • 54

    Atravs da relao termodinmica do Estado com entropia

    constante, uma variao infinitesimal da presso pode ser expressa por

    (3.5)

    e a equao da continuidade assume a seguinte forma:

    . (3.6)

    3.2.3. Equao da quantidade de movimento

    As equaes da conservao da quantidade de movimento so

    deduzidas a partir de um balano de foras/quantidade de movimento

    referente a um volume infinitesimal de fluido. Desprezando as foras de

    campo e as viscosas, estas equaes podem ser escritas na forma

    . (3.7)

    Desprezando os termos convectivos da derivada da velocidade

    de partcula, , em relao ao tempo e para pequenas variaes de densidade em relao do meio, obtm-se

    (3.8)

    3.2.4. Equao da onda linear

    A fim de se eliminar o termo das equaes 3.6 e 3.8, aplicam-se as derivadas cruzadas obtendo-se, assim, a equao da onda

    linearizada,

    . (3.9)

    3.2.5. Abordagem Euleriana-Lagrangeana Arbitrria

    Anlises de objetos vibrantes com grandes amplitudes

    necessitam ser tratados como problema de fronteira mvel, em que a

    superfcie do domnio movimenta-se induzindo uma modificao

    geomtrica do domnio ao longo do tempo. No presente trabalho, a

    estratgia adotada consiste em modificar unicamente a posio dos ns

  • 55

    ao longo do tempo sem alterar o arranjo estrutural de elementos que

    constituem a malha. Esta abordagem mostrada na Figura 13. Nesse

    contexto, estabelecida uma formulao que considera um algoritmo de

    malha mvel.

    Figura 13 Exemplo de malha no deformada (a) e deformada (b), mantendo o

    arranjo estrutural dos elementos.

    As equaes diferenciais que regem o comportamento de um

    fenmeno fsico so normalmente formuladas ou em um sistema de

    coordenadas espacial com eixo de coordenadas fixo no espao, ou em

    sistemas de coordenadas materiais fixados no material com suas

    configuraes de referncia e acompanhando a deformao do material.

    Este primeiro caso se refere formulao Euleriana, e o segundo conhecido como formulao Lagrangeana. No entanto, para permitir a

    representao de grandes amplitudes de deslocamentos da fonte

    utilizada a abordagem conhecida como formulao Euleriana-

    Lagrangeana Arbitrria (ALE - Arbitrary Lagrangean-Eulerian) que

    combina as vantagens das abordagens Euleriana e Lagrangeana.

  • 56

    Entre a abordagem Lagrangeana, citam-se, por exemplo, os

    mtodos onde a malha move-se juntamente com o escoamento. Nesta

    formulao define-se uma regio material formada por um conjunto de

    partculas de fluido, denominado volume de controle Lagrangeano, ou

    uma regio do material. Alm de problemas de escoamentos de fluido,

    esta abordagem utilizada tambm em modelos de mecnica estrutural

    que abordam uma possvel anisotropia de materiais, normalmente

    slido, que so mais convenientes de simular usando coordenadas

    materiais. A formulao Lagrangeana faz com que as propriedades

    anisotrpicas do material sejam independentes da orientao espacial do

    material (COMSOL USER GUIDE, 2012).

    J na formulao Euleriana, define-se uma regio fixa no

    espao que no se deforma em relao ao tempo onde o comportamento

    do domnio ser estudado. Um problema inerente formulao

    puramente Euleriana refere-se ao fato de que esta no pode tratar do

    movimento dos limites do domnio, uma vez que as grandezas fsicas

    referem-se a pontos fixos no espao enquanto que o conjunto de pontos

    espaciais dentro dos limites do domnio muda com o tempo. Portanto,

    para permitir o movimento das fronteiras a equao Euleriana necessita

    ser reescrita de forma a descrever todas as grandezas fsicas em

    funo de um sistema de coordenadas em que as fronteiras so fixas, no

    caso, as coordenadas da malha. No sistema de coordenadas da malha, o

    domnio fixo e h um mapa de uma-a-uma coordenada da malha para a

    atual coordenada espacial do domnio. Caso contrrio, o sistema de

    coordenadas da malha poderia ser definido livremente e separado de

    ambos os sistemas espaciais e materiais.

    Reescrevendo a equao desta maneira, em uma malha

    movimentando-se livremente, resulta no mtodo Euleriano-Lagrangeano

    Arbitrrio. No caso especial onde o mapa da coordenada da malha para

    a coordenada espacial segue a deformao do material, o mtodo

    Lagrangeano restaurado. De modo semelhante, quando o mapa o

    mapa identidade, o mtodo ALE se torna inteiramente Euleriano.

    O mtodo ALE , desta forma, um mtodo intermedirio entre o

    Lagrangeano e o Euleriano que combina os melhores recursos dos dois.

    Permite o movimento dos limites sem a necessidade do movimento da

    malha para seguir o material. Basicamente, o mtodo consiste em

    reescrever as equaes de movimento do fluido de modo a compreender

    a movimentao da geometria e, por consequncia, da malha. Esta

    reformulao feita por meio de um remapeamento do domnio,

    partindo de uma configurao inicial para uma configurao final,

    ocorrida em um dado perodo.

  • 57

    Antes de fundamentar matematicamente a formulao ALE

    vlido ressaltar as seguintes definies:

    Domnio espacial o domnio comum, fixo, global, definido pelo sistema de coordenadas global. Na formulao ALE o

    sistema de coordenadas espaciais em si fixo, embora a

    coordenada espacial de um n ou de uma malha possa ser

    funo do tempo.

    Domnio material definido pelo sistema de coordenadas que identifica pontos materiais por suas coordenadas espaciais em

    uma configurao de referncia.

    Domnio referencial define os pontos da geometria original atravs do sistema de coordenada espacial.

    Baseando-se em Fortes (2008) ser descrita a variao no tempo

    das propriedades macroscpicas do fluido em um referencial movendo-

    se com velocidade arbitrria e utilizando a formulao ALE.

    Considerando os domnios, material como , de referncia como e espacial como , mostrados na Figura 14, na formulao ALE os domnios e apresentam movimento, enquanto est fixo.

    Figura 14 Domnios utilizados na formulao ALE.

    Quando uma partcula de fluido que ocupa o domnio se move para um ponto em um dado instante de tempo no domnio espacial, o movimento de um fluido pode ser descrito por uma

    transformao tal que ( ). Define-se, assim, a velocidade da partcula do fluido no domnio espacial como

  • 58

    |

    ( ). (3.10)

    De forma anloga, seja a transformao que descreve o movimento de um ponto no domnio para um ponto no domnio , tal que a velocidade do ponto no domnio espacial pode ser definida como

    |

    ( ). (3.11)

    Define-se agora uma propriedade expressa como funo de ( ) ou ( ), ou seja, expressa atravs de uma descrio material (Lagrangeana) ou espacial (Euleriana). A expresso como funo de ( ) chamada de descrio referencial na formulao ALE. Considerando as seguintes derivadas temporais

    ( )|

    ( ( ) )|

    |

    ( )

    | ( ) ,

    (3.12)

    ( )|

    ( ( ) )|

    |

    ( )

    | ( )

    (3.13)

    subtraindo (3.13) de (3.12), obtm-se

    |

    | (( ) ) (3.14)

    que consiste na derivada material, ou substantiva, da propriedade em um referencial que se move com velocidade . Nota-se que na formulao Lagrangeana o domnio referencial

    se desloca com a mesma velocidade do domnio material, ou seja, e, portanto, a variao no tempo da propriedade nos domnios referencial e material a mesma.

    Na descrio Euleriana tem-se que o domnio referencial est

    fixo em relao ao domnio espacial, tal que, e, portanto, a expresso da variao no tempo de no domnio material dada por

  • 59

    |

    | ( ) , (3.15)

    a qual corresponde derivada material de utilizando-se uma descrio Euleriana.

    3.3. Formulao pela dinmica dos fluidos computacional

    De forma geral, o fenmeno acstico ou aeroacstico pode ser

    expresso por meio das equaes de conservao da massa, da

    quantidade de movimento e energia combinada ao estado inicial. No

    entanto, segundo Wu (2011), a abordagem de problemas acsticos por

    meio de CFD no deve ser feita simplesmente utilizando os cdigos de

    dinmica dos fluidos computacional e resolvendo as equaes

    incompressveis de Navier Stokes. Existem distines entre o

    comportamento acstico prximo e distante da fonte. Alm disso,

    algumas caractersticas e objetivos do problema acstico costumam ser

    diferentes da maioria das abordagens encontradas em CFD.

    A abordagem fluidodinmica no problema da gerao de rudo

    implica na capacidade de resolver problemas de turbulncia com uma

    considervel preciso. Por definio, o modelamento de problemas

    acsticos por meio das equaes de Navier Stokes dependente do

    tempo e o seu tratamento deve ser feito considerando a devida escala de

    tempo relevante anlise sonora. Uma vez que se est interessado na

    resposta acstica, as simulaes devem considerar uma resoluo

    prpria para a faixa do espectro de interesse. Em aeroacstica,

    normalmente necessria a abordagem envolvendo toda a faixa do

    espectro de frequncia sensvel ao ouvido humano.

    Outro desafio na predio numrica da onda sonora deve-se ao

    fato de que estas possuem muito menos energia que as flutuaes do

    escoamento do fluido. Segundo Biswas e Ohtomi (2008), a energia

    sonora irradiada consideravelmente menor que a energia mecnica de

    um problema de escoamento. O procedimento numrico necessrio para

    resolver problemas de escoamento aliado ao campo acstico deve ter

    uma preciso considervel a fim de se evitar rudo numrico na resposta.

    A irradiao de energia acstica para um campo distante da

    fonte tambm pode se tornar um desafio neste tipo de modelagem. As

    perturbaes do fluido em uma anlise de escoamento geralmente

    decaem rapidamente medida que se afastam da fonte geradora,

    enquanto que as ondas acsticas possuem um decaimento lento

    atingindo os contornos do domnio acstico (WU, 2011). A modelagem

  • 60

    numrica de tais fenmenos requer tambm a introduo de fronteiras

    artificiais para evitar as reflexes de ondas sonoras que retornam ao

    domnio de clculo e que poderiam contaminar a soluo.

    De forma geral, pode-se definir a abordagem de problemas

    acsticos em dois tipos: a abordagem direta e a hbrida. A abordagem

    direta resolve simultaneamente o escoamento do fluido e o campo

    acstico. Comumente utilizada em problemas de aeroacstica, a

    abordagem direta requer grandes recursos computacionais. J a

    abordagem hbrida, amplamente utilizada a fim de simplificar tais

    solues dividindo artificialmente o problema em campo prximo e

    campo distante.

    Dentre os principais mtodos computacionais utilizados para a

    resoluo de escoamentos turbulentos tem-se o Mtodo Numrico

    Direto (Direct Numerical Method DNS), Large Eddy Simulation (LES),

    Detached Eddy Simulation (DES) e o Reynolds-Averaged Navier-

    Stokes (RANS). As fontes acsticas obtidas podem tambm ser

    aplicadas a uma segunda soluo a qual envolve a radiao e

    propagao em campos distantes atravs dos mtodos das equaes de

    FW-H (FFOWCS e HAWKINGS, 1969), equaes linearizadas de

    Euler (LEE) (CHEN, HUANG e ZHANG, 2009) ou Acoustic

    Perturbation Method (APE) (EWERT e SCHRDER, 2003). Em

    seguida ser apresentado um resumo de alguns dos mtodos citados.

    I. DNS (Direct Numerical Simulation): A DNS ou a Simulao Numrica Direta a simulao em dinmica dos fluidos

    computacional onde as equaes de Navier Stokes so

    resolvidas sem o acoplamento de nenhum outro modelo,

    inclusive modelos de turbulncia. Este mtodo representa uma

    valiosa ferramenta no estudo e entendimento das propriedades

    fundamentais da turbulncia. Entretanto, para resoluo de

    todos os parmetros faz-se necessria uma discretizao

    suficientemente refinada da malha. Alm disso, requer uma

    resoluo numrica extremamente alta devido ampla faixa de

    comprimentos de onda e escala de tempo. Wesseling (2000)

    demonstra que a quantidade de elementos de malha

    proporcional a aproximadamente , ou seja, para um escoamento com nmero de Reynolds da ordem de 10

    5 so

    necessrias cerca de 1010

    clulas de malha, que uma

    quantidade insustentvel para a infraestrutura computacional

    atual usualmente disponvel nos laboratrios de pesquisa. Este

    fator limita sua aplicao a problemas com nmeros de

    Reynolds moderados e geometrias simplificadas, sendo,

  • 61

    portanto, invivel para a maioria das aplicaes prticas da

    engenharia.

    II. LES - Large Eddy Simulation: A formulao LES uma abordagem capaz de modelar fluxos turbulentos baseada na

    teoria de Kolmogov. A teoria de Kolmogov calcada na

    condio onde o comportamento do fluido passa a ser universal

    e a homogeneidade e isotropia so assumidas. Nesse processo, a

    energia cintica transferida em forma de cascata das grandes

    escalas s menores onde finalmente a energia passa a ser

    dissipada por efeitos viscosos (FREIRE, ILHA e COLAO,

    2006). A abordagem LES se torna prtica para resolver somente

    problemas com grandes escalares. Segundo Liu (2012), a regio

    de parede nesse caso necessita uma representao de malha

    extremamente fina, no somente na direo perpendicular, mas

    tambm paralela parede. Em funo desta caracterstica a

    formulao LES, apesar de ser menos onerosa que a DNS em

    termos de recurso computacional, ainda demanda considervel

    custo quando comparada ao RANS (Reynolds Averaged Navier-

    Stokes). III. Equaes Mdias de Reynolds (RANS): Na soluo de

    problemas de escoamento, quando se observam escalas de

    tempo muito superiores s escalas das flutuaes turbulentas, o

    escoamento pode exibir caractersticas mdias. Em geral, estes

    modelos de turbulncia procuram modificar as equaes

    originais de Navier Stokes, introduzindo quantidades mdias e

    flutuantes, produzindo assim as Equaes Mdias de Reynolds

    (RANS). Estas equaes resolvem as quantidades mdias do

    escoamento enquanto modelam os efeitos da turbulncia sem

    necessariamente resolver as flutuaes da mesma

    (WESSELING, 2000). Os modelos de turbulncia baseados nas

    equaes mdias de Reynolds so conhecidos como modelos

    estatsticos devido ao procedimento empregado na obteno do

    sistema de equaes. O mtodo RANS reduz drasticamente o

    esforo computacional, quando comparado simulao

    numrica direta (DNS) e simulao de grandes escalas (LES),

    sendo, por este motivo, empregada na maioria dos clculos

    prticos de engenharia. Contudo, este procedimento introduz

    termos adicionais desconhecidos, contendo produtos das

    flutuaes de turbulncia. Estes termos, chamados de tenses

    turbulentas ou tenses de Reynolds, so desconhecidos e devem

    ser modelados por equaes adicionais, de quantidades

  • 62

    conhecidas. Isto implica na existncia de um nmero suficiente

    de equaes para todos os termos desconhecidos, incluindo o

    tensor de tenses de Reynolds. As equaes utilizadas no

    processo de fechamento definem o tipo de modelo de

    turbulncia (CFX V.10 MANUAL GUIDE, 2005).

    3.3.1. Nmero de Reynolds

    A determinao do regime de um escoamento frequentemente

    feita atravs do nmero de Reynolds. Este nmero adimensional

    relaciona as foras de inrcia com as foras viscosas, definido por

    (3.16)

    sendo a densidade, a velocidade caracterstica, dimenso caracterstica e a viscosidade. No entanto, no caso analisado aqui, no h um escoamento propriamente dito. O fluido sofre perturbaes

    devido vibrao de uma fonte oscilando com grandes amplitudes de

    deslocamento. No estudo de escoamento atravs de um cilindro

    definem-se diversas condies de regime para diferentes faixas de

    Reynolds, conforme Figura 15. Porm, esta anlise no se aplica no caso

    estudado nessa dissertao para determinao do regime operante, uma

    vez que a estrutura oscila dentro de um fluido em repouso. Adotou-se a

    considerao regime laminar para descrever o comportamento fluido.

    No decorrer do trabalho mostrado uma comparao considerando

    regime laminar e a utilizao do modelo de turbulncia com uma configurao de malha de maior refino.

  • 63

    Figura 15 - Configurao do escoamento ao redor de um cilindro em funo de

    Reynolds. Fonte: LIENHARD (1966).

    3.3.2. O modelo de turbulncia

    O modelo um dos modelos de turbulncia mais utilizados para aplicaes industriais. Sua implementao est presente

    na maioria dos cdigos CFD de uso geral e, atualmente, o modelo

    padro usado na indstria, principalmente pelas caractersticas de

    estabilidade, robustez numrica e capacidade de predio comprovada.

    Para simulaes generalizadas mostra-se robusto e preciso (CFX V.10

    MANUAL GUIDE). Por estes motivos adotou-se o modelo de

    turbulncia na realizao das simulaes deste trabalho. Neste modelo, representa a energia cintica turbulenta e definida como a soma das energias cinticas dos componentes normais

    do tensor de Reynolds, ou seja, ( ) . a taxa de dissipao turbulenta. A viscosidade turbulenta modelada conforme

    a seguinte equao:

    (3.17)

    onde uma constante, semelhante a , que vale .

    A equao de transporte da energia cintica ( ) dada por

  • 64

    ( )

    ( ) *(

    ) + (

    )

    (3.18)

    A equao de transporte

    ( )

    ( ) *(

    ) +

    (

    )

    (3.19)

    sendo e so constantes que valem 1,44 e 1,92, respectivamente. Pr o nmero de Prandlt turbulento igual a 1 para a energia cintica

    ( ) e 1,3 para a taxa de dissipao ( ).

    3.3.3. Acoplamento fluido-estrutura

    A aplicao do acoplamento fluido-estrutura est dividida em

    duas metodologias de soluo, a particionada (one-way) e a monoltica (two-way) (TEIXEIRA, 2001). Na metodologia particionada, as equaes governantes do meio fluido e estrutura so

    integradas no tempo alternadamente, de forma isolada. J na monoltica,

    os campos so tratados como uma nica anlise, permitindo avano

    simultneo para os dois domnios.

    Neste trabalho, foi utilizada a metodologia particionada que

    considerada a mais simples. A troca de informaes se d apenas em

    uma direo. As solues da simulao estrutural so calculadas, e em

    seguida, servem de condio de contorno para a simulao

    fluidodinmica. A comunicao entre as anlises realizada atravs da

    superfcie onde ocorre a interao de ambos os modelos, obedecendo

    somente um sentido, o da estrutural para a fluidodinmica. Na Figura 16

    apresentado um fluxograma esquemtico da dinmica de interao

    one-way.

  • 65

    Figura 16 - Fluxograma esquemtico da interao unidirecional.

    A grande maioria das simulaes envolvendo acoplamento

    fluido-estrutura segue o sentido contrrio do mostrado na Figura 16, ou

    seja, os resultados da anlise fluidodinmica so utilizados como

    entrada para a anlise estrutural. Neste trabalho, o acoplamento

    utilizado a fim de facilitar a aplicao de deslocamento, velocidade ou

    acelerao no contorno da superfcie de interface.

    3.3.4. Metodologia numrica

    A soluo analtica das equaes de Navier-Stokes torna-se

    invivel para grande parte dos problemas prticos de engenharia. Para

    obteno dos resultados de flutuao de presso ou escoamentos em

    condies no triviais, uma aproximao numrica pode ser adotada

    com o intuito de resolver o conjunto de equaes algbricas que

    descrevem o fenmeno.

    O cdigo CFD empregado nesta simulao adota a aproximao

    pelo Mtodo dos Volumes Finitos (FVM Finite Volume Method) para a discretizao das equaes governantes, resolvendo-as para pequenos

    domnios denominados volumes de controle (CV).

    A aproximao realizada pelo mtodo numrico envolve a

    discretizao do domnio espacial em volumes de controle finitos

    utilizando-se de uma malha computacional. As equaes governantes

    so integradas para cada volume de controle, de forma que as variveis

    relevantes, como massa e energia, sejam conservadas discretamente para

    cada volume de controle. No mtodo FVM o volume de controle

    formado pelo somatrio dos sub volumes de controle adjacentes que

    envolvem o n.

    Na Figura 17 mostrada uma estrutura tpica de malha com

    espessura unitria. A superfcie do volume de controle finito

  • 66

    representada pela rea hachurada, sendo que as solues das variveis e

    propriedades do fluido ficam armazenadas nos ns.

    Figura 17 Estrutura tpica do volume de controle utilizada no mtodo dos

    volumes finitos.

    Sendo a equao diferencial da conservao da massa (equao

    da continuidade), dada por:

    ( )

    ( )

    (3.20)

    para se chegar aproximao numrica atravs da integrao no volume

    finito, realiza-se a integrao sobre o volume mostrado na Figura 18,

    obtendo-se

    * ( )

    ( )

    +

    (3.21)

    [ | | ]

    [ | ]

    (3.22)

    sendo e so os pontos de integrao.

  • 67

    Figura 18 - Balano de massa no volume finito.

    Considerando que o fluxo de massa avaliado no meio da face do

    volume de controle representa a mdia de variao na face, pode-se

    escrever a equao aproximada para o volume :

    | |

    |

    |

    (3.23)

    Nos tpicos seguintes sero apresentados detalhes, obtidos de

    ANSYS (2012), a respeito da obteno das equaes governantes e

    abordagem de soluo numrica.

    3.3.4.1. Acoplamento presso-velocidade

    Na resoluo numrica de uma nica equao diferencial a

    incgnita localizada no centro do volume de controle, porm, no caso

    de mais de uma equao existem diferentes mtodos disponveis para o

    acoplamento das incgnitas. Segundo Coelho (2006) o desafio do estudo

    do acoplamento entre presso e velocidade consiste em determinar um

    campo de presses que quando inserido nas equaes do movimento,

    origine um campo de velocidades que satisfaa a equao da

    conservao da massa, ou seja, existe um forte acoplamento entre a

    presso e a velocidade, causando assim dificuldades para a soluo do

    sistema de equaes.

    Entre os mtodos de acoplamento mais difundidos destaca-se a

    famlia de algoritmos SIMPLE. Baseia-se na utilizao de uma relao

    entre correes de velocidade e presso de forma a reorganizar a

  • 68

    equao da continuidade em termos de um clculo de correo de

    presso (MENDES, 2007). No cdigo comercial CFX, uma estratgia

    similar adotada considerando as alteraes propostas por Rie e Chow

    (1982) para a discretizao dos fluxos de massa, evitando o

    desacoplamento e as modificaes de Majumdar (1988) para remover a

    dependncia da soluo em estado estacionrio em relao aos passos de

    tempo (CFX V.14 MANUAL GUIDE, 2012).

    3.3.4.2. Funes de forma

    Segundo Rezende (2005), funes de forma, ou funes de

    peso, so funes que descrevem como uma determinada propriedade

    varia em cada elemento, sendo contnuas e diferenciveis no mesmo. A

    varivel varia em relao a um elemento de controle da seguinte forma:

    (3.24)

    onde representa a funo de forma para o n de ndice e o valor de no n , considerando o somatrio sobre todos os ns de um elemento. As propriedades principais de uma funo de forma incluem:

    no n {

    . (3.25)

    No software Ansys CFX utilizado neste trabalho, as funes de forma implementadas so funes trilineares e so utilizadas para

    calcular diversas variveis geomtricas. A Equao 3.24 e a Figura 19

    ilustram um exemplo da funo de forma para um elemento hexadrico.

    ( ) ( )( )( )

    ( ) ( )( )

    ( ) ( )

    ( ) ( ) ( )

    ( ) ( )( )

    ( ) ( )

    ( )

    ( ) ( ) (3.26)

  • 69

    Figura 19 - Representao de elemento Hexadrico. Fonte: REZENDE (2005).

    As funes de forma so tambm empregadas no clculo de

    diversas outras variveis, como vetores e reas de superfcies.

    3.3.4.3. Fronteiras mveis

    A condio essencial para a representao numrica transiente

    de campo acstico gerado por fontes com grandes amplitudes de

    deslocamento a utilizao de malhas mveis. Esta condio

    necessria uma vez que o domnio computacional encontra-se em

    constante mudana devido ao movimento da fonte.

    O problema envolvendo movimento da fronteira abordado

    atravs da metodologia de malha deformada (deformed mesh). No

    cdigo comercial ANSYS CFX o movimento pode ser imposto ou pode

    ainda ser uma parte implcita da simulao acoplada de interao fluido-

    estrutura. A especificao de movimento dos ns nas regies de

    contorno, ou subdomnios da malha, pode ser imposta por funes. O

    movimento do restante dos ns determinado pelo modelo de

    movimento de malha, que neste caso limitado pelo modelo conhecido

    como Difuso de Deslocamento (Displacement Diffusion) (ANSYS,

    2012). Por meio deste modelo o deslocamento aplicado sobre os limites

    do domnio difundido para outros pontos da malha atravs da seguinte

    relao

    ( ) (3.27

  • 70

    em que o deslocamento relativo aos locais anteriores da malha e a rigidez da malha, que determina o grau com que as regies dos ns se movem. Esta equao resolvida no incio de cada passo de

    iterao ou tempo de estado estacionrio.

    A definio inadequada de um esquema numrico para soluo

    da equao de difuso de deslocamento da malha pode acarretar

    situaes onde a malha se dobre gerando valores de volume negativo ou tambm malhas de cantos afiados. A Figura 20 mostra um exemplo

    do uso de dois esquemas diferentes difuso de deslocamento para a

    malha.

    Figura 20 - Exemplo de utilizao de esquema de difuso de deslocamento. a)

    Malha original no deformada. b) Malha com Esquema de Difuso de

    Deslocamento padro. c) Malha com esquema de Difuso de Deslocamento

    meshdisp com fator 3.

    3.4. Validao de resultados

    Os resultados numrico e experimental do trabalho de Roozen, Rutjes e Nijmeijer (2010) sero usados para verificao das duas

    abordagens numricas utilizadas neste trabalho. Os modelos numricos

    tm como objetivo predizer o rudo gerado por corpos com grandes

    amplitudes de oscilao. A descrio do problema de Roozen foi

    abordada em detalhes na Seo 2.3. O mesmo problema reproduzido

  • 71

    pelas abordagens, acstica FEM e CFD, e os resultados confrontados

    com a anlise experimental e tambm numrica.

    Os modelos considerados nesta dissertao so todos modelos

    2D. Estudos mostram que a considerao da geometria 2D para modelos

    simtricos apresentam boa concordncia com resultados experimentais.

    Takahashi et. al. (2010) mostrou que podem ser obtidos resultados

    bastante prximos ao serem utilizados modelos 2D e 3D na predio do

    rudo aerodinmico de bordas (edge tones), concluindo que a aproximao 2D adequada na determinao de rudos tonais. Liu

    (2012) tambm fez uma anlise comparativa das abordagem 2D e 3D na

    anlise do rudo gerado por um apito utilizando a abordagem CFD. Seus

    resultados indicam boa concordncia com o modelo experimental, e o

    autor recomenda a abordagem 2D em funo dos ganhos em tempo e

    custo computacional.

    A Figura 21 mostra as consideraes do modelo numrico

    acstico de Roozen. Com exceo da base, todas as paredes do modelo

    so definidas como parede no reflexiva. A base foi definida como

    parede rgida. Foram utilizadas as propriedades do ar

    e .

    Figura 21 Consideraes do modelo acstico de Roozen, Rutjes e Nijimeijer

    (2010).