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SIMULAÇÃO FÍSICA E MATEMÁTICA DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO COM FLUIDOS DE BASE POLIMÉRICA Maria Aparecida de Melo Tese em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação conjunta dos Professores Elizabete Fernandes Lucas e Flávio Dickstein. Rio de Janeiro Julho, 2008

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SIMULAÇÃO FÍSICA E MATEMÁTICA DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO COM FLUIDOS DE BASE

POLIMÉRICA

Maria Aparecida de Melo

Tese em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de

Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em

Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação conjunta dos

Professores Elizabete Fernandes Lucas e Flávio Dickstein.

Rio de Janeiro

Julho, 2008

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iii

Melo, Maria Aparecida de Simulação física e matemática do processo de recuperação de petróleo com fluidos de base polimérica / Maria Aparecida Melo – Rio de Janeiro, 2008. xii,161f.:il Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA, 2008. Orientadores: Elizabete Fernandes Lucas e Flavio Dickstein 1.Polímero. 2.Dimensionamento. 3.Recuperação Avançada de Petróleo. 4.Simulação física. 5. Simulação matemática. 6. Injeção de polímeros. I. Lucas, Elizabete Fernandes (Orient). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano. III. Título.

iv

Esta Tese de Doutorado foi desenvolvida nos

Laboratórios do Instituto de Macromoléculas

Professora Eloísa Mano (IMA) da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro de

Pesquisa da Petrobras - CENPES.

v

Parte deste trabalho foi apresentada nas seguintes reuniões científicas, com publicação nos respectivos anais. 1) SPE Latin American and Caribbean Petroleum Engineering Conference held in

Buenos Aires, Argentina, 15–18 April 2007. Silva, I. P. G., Melo, M. A., Luvizotto, J.

M., Lucas, E. F., Polymer Flooding: A Sustainable Enhanced Oil Recovery in the

Current Scenario, SPE 107 727.

2) SPE/DOE Thirteenth Symposium on Improved Oil Recovery held in Tulsa,

Oklahoma, 13–17 April 2002, Melo, M. A., Silva, I. P. G., Godoy, G. M.; Polymer

Injection Projects in Brazil: Dimensioning, Field Application and Evaluation,

SPE 75 194,.

Parte deste trabalho foi aceito para publicação nos seguintes periódicos 1) M. A. Melo and E. F. Lucas, “Characterization and selection of polymer for use in

future research on improved oil recovery”. Chemistry & Chemical Technology, ISSN

1996-4196, Lviv Polytechnic National University, Ukraine

2) M. A. Melo, E. F. Lucas, F. Dickstein, I. P. G. Silva, “Avaliação de traçador para

caracterização de reservatórios de petróleo”. Boletim Técnico da Produção de

Petróleo, ISSN 1809-6751, Petrobras.

Parte deste trabalho será submetida para publicação nos seguintes periódicos. 1) Journal of Petroleum Science & Engineering (0920-4105 – A, Internacional Eng. I)

vi

Nunca diga para Deus que você tem um

grande problema, diga sim para o problema

que você tem um grande Deus.

Júlio Heringer.

vii

Aos meus pais Geraldo e Lia,

a meu esposo Alcino,

e aos meus filhos Arthur e Victor

viii

Agradecimentos

A Deus pela força que me deu em todas as etapas desta jornada. À Petrobras pela oportunidade de fazer o Doutorado. Ao IMA pelo apoio durante o curso. Aos orientadores Prof. Elizabete Fernandes Lucas (UFRJ/IMA) e Prof. Flávio Dickstein (UFRJ/IM) pela orientação e apoio. Ao Gerente Geral do PDEDS/CENPES Ricardo Castello Branco pelo apoio, confiança e incentivo à pesquisa. À Gerente da Química/CENPES Maria Cristina Espinheira Saba, pela confiança, oportunidade e apoio. Ao atual Gerente da Química/CENPES Mauro Rocha Evangelho pelo confiança e apoio. Ao Dr. Roberto Francisco Mezzomo pela transmissão do conhecimento técnico, incentivo a pesquisa e apoio pessoal. Ao meu grupo Ivonete Pereira Gonzalez da Silva, Amaury de Azevedo Aguiar e Viviane Rezende Prates pelo carinho, amizade, colaboração, apoio e compreensão em todos os momentos. A minha família, principalmente meu esposo Alcino Resende de Almeida e aos nossos filhos Arthur e Victor pelo carinho, apoio, colaboração e compreensão. A nossa supervisora Roberta Hadad Cintra pela colaboração e apoio. À equipe da Química/CENPES. A todos que contribuíram para a realização deste trabalho.

ix

Resumo da Tese apresentada ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa

Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro com parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Doutor em Ciência (D.Sc.), em Ciência e Tecnologia de

Polímeros.

SIMULAÇÃO FÍSICA E MATEMÁTICA DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO COM FLUIDOS DE BASE POLIMÉRICA

Maria Aparecida de Melo

Orientadores: Elizabete Fernandes Lucas

Flávio Dickstein

No final do século XX houve um crescimento marcante da consciência da sociedade

em relação à degradação do meio ambiente, decorrente do processo de

desenvolvimento. As pressões pelo desenvolvimento sustentável e pela

responsabilidade sócio-ambiental têm feito com que as indústrias de extração de

petróleo busquem a ecoeficiência, que é produzir cada vez mais com o menor

impacto possível ao meio ambiente. O processo de injeção de polímero já se destaca

neste contexto como um método sustentável, cujos resultados associam o aumento

efetivo da produção de óleo com a redução da circulação de água. Porém, o

processo carece ainda de um melhor entendimento dos fenômenos envolvidos e de

uma modelagem mais fidedigna destes, buscando um melhor dimensionamento do

banco a ser injetado e reduzindo os resíduos gerados. Nesta Tese, adotou-se um

modelo que consiste na equação clássica de difusão e convecção acrescida dos

termos da isoterma de Langmuir para descrever a adsorção na rocha e de um termo

fonte para descrever os fenômenos de consumo do banco ao longo do percurso.

Este modelo consiste em uma equação diferencial parcial do tipo parabólica, não-

homogênea, não-linear e com termo de fonte, que não apresenta solução analítica.

Nesta Tese, desenvolveu-se uma solução híbrida a partir do método das

características. A validação do modelo foi realizada por meio de análises

paramétricas, de comparação com soluções analíticas parciais e com dados

experimentais. A contribuição desta Tese reside no desenvolvimento de uma

metodologia abrangente para identificação e quantificação dos fenômenos

envolvidos no processo de injeção de soluções poliméricas, que será valiosa na

especificação do produto mais adequado e no dimensionamento do banco para

aplicações de campo, com foco na ecoeficiência.

x

Abstract of Thesis submitted to the Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa

Mano of Universidade Federal do Rio de Janeiro as partial fulfillment for the degree of

Doctor in Science (D.Sc.), in Science and Technology of Polymers.

PHYSICAL AND MATHEMATICAL SIMULATION OF ENHANCED OIL RECOVERY USING POLIMERIC FLUIDS

Maria Aparecida de Melo

Orientadores: Elizabete Fernandes Lucas

Flávio Dickstein

Since the end of the century XX there has been a remarkable growth of the

conscience of the society with respect to the degradation of the environment due to

the development process. The pressures for a sustainable development, and for a

social-environmental responsibility, are causing the petroleum extraction industries to

pursue the ecoefficiency, that is, to produce more with as smallest as possible

impact in the environment. The polymer injection process already stands out as a

sustainable method, whose results associate the effective increase in oil production

with the reduction in water circulation. However, the process still lacks of a better

understanding and a reliable modeling of the involved phenomena, aiming at a better

design of the bank to be injected and reducing the generated residues. In the present

Thesis, it was adopted a model that consists of the classic convection-diffusion

equation with added term for the Langmuir isotherm, to describe the adsorption in the

rock, and a source term to describe the phenomenon of consumption of the bank

along the path. This model represents a nonhomogeneous, nonlinear partial

differential equation of parabolic type, with a source term. This equation does not

have an analytical solution. In this Thesis, it was developed a hybrid solution based

on the method of the characteristics. The model validation has been accomplished

through parametric analysis, and comparison against partial analytical solutions and

experimental data. The contribution of this Thesis resides in the development of a

comprehensive methodology to identify and quantify the phenomena involved in the

process, which will be valuable for selecting the most adequate polymer and

designing the polymer bank to field applications aiming at ecoefficiency.

xi

SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1

2. OBJETIVO...............................................................................................................6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................7

3.1 Recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos ...........................................7

3.2 Especificação dos polímeros usados em recuperação de petróleo ..................13 3.2.1 Tipo de polímero ..................................................................................................14 3.2.2 Forma física .........................................................................................................16 3.2.3 Matéria ativa ........................................................................................................18 3.2.4 Teor de água .......................................................................................................18 3.2.5 Grau de hidrólise.................................................................................................18 3.2.6 Estabilidade (Termogravimetria (TGA)) ..........................................................19

3.3 Propriedades das soluções poliméricas.................................................................20 3.3.1 Massa molar viscosimétrica média ..................................................................20 3.3.2 Distribuição de massa molar.............................................................................20 3.3.3 Desempenho reológico ......................................................................................21

3.4 Fenômenos de interação: solução polimérica /reservatório ...............................25 3.4.1 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) ......26 3.4.2 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento) ...28

3.5 Simuladores atualmente disponíveis ......................................................................33 4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................36

4.1 Produtos químicos ......................................................................................................36

4.2 Equipamentos utilizados ............................................................................................37

4.3 Metodologia..................................................................................................................39 4.3.1 Seleção do polímero ..........................................................................................39 4.3.2 Caracterização das amostras de PHPA .........................................................39 4.3.3 Determinação da concentração de iodeto de potássio em solução...........44 4.3.4 Ensaios de avaliação da interação polímero-reservatório ...........................44 4.3.5 Seleção dos elementos para a elaboração do modelo matemático...........48 4.3.6 Seleção das equações matemáticas...............................................................50 4.3.7 Implementação do simulador............................................................................52 4.3.8 Validação do simulador .....................................................................................52

xii

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................53

5.1 Caracterização do reservatório .............................................................................53

5.2 Caracterização e seleção do polímero.................................................................55

5.3 Modelo matemático .................................................................................................66

5.4 Solução do modelo ..................................................................................................68

5.5 Implementação do simulador.................................................................................72

5.6 Validação do simulador...........................................................................................74 5.6.1 Avaliação qualitativa de acordo com as hipóteses adotadas ......................75 5.6.2 Calibração do modelo com solução analítica parcial....................................89

5.6.2.1 Solução analítica para o caso de pura retenção mecânica ...............................89 5.6.2.2 Solução analítica para o caso de pura dispersão.............................................91 5.6.2.3 Solução analítica para o caso de pura adsorção física .....................................94

5.6.3 Calibração do modelo com dados experimentais: Traçadores ...................97

5.7 Modelagem do fluxo de polímero: problema inverso .........................................108 5.7.1 Preparação e execução dos testes ...............................................................108 5.7.2 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) ....112 5.7.3 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento) .116

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................131

7- SUGESTÕES......................................................................................................133

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................134

1

1. INTRODUÇÃO No final do século XX houve um crescimento marcante da consciência da sociedade

em relação à degradação do meio ambiente, decorrente do processo de

desenvolvimento. Hoje existe uma consciência de que a matriz energética mundial

atual, que tem como componente principal os combustíveis fósseis, precisa ser

revista e diversificada com o objetivo de conservar o meio ambiente e garantir uma

qualidade de vida para as gerações futuras. Em conseqüência desta consciência

surgem iniciativas na busca de energia a partir de fontes alternativas limpas e

renováveis [1,2].

Porém, apesar desta busca crescente por fontes limpas e renováveis de energia, o

petróleo ocupará ainda uma posição importante na matriz energética mundial por

algum tempo. O mais importante neste momento não é a consciência da gravidade

das mudanças climáticas pelas quais o nosso planeta está passando, mas a

consciência da responsabilidade da sociedade nestas mudanças. Como

conseqüência, fica claro que os modelos de desenvolvimento seguidos até o

momento precisam ser revistos e como reação surge o conceito de novos modelos

para integrar o chamado desenvolvimento sustentável, cuja expressão se tornou

uma das mais utilizadas pelas indústrias a partir da década de 90 [1].

As pressões internas e externas por parte de ambientalistas, cientistas, sociedade,

instituições, governos etc. pelo desenvolvimento sustentável e pela responsabilidade

sócio-ambiental, levou a indústria de extração de petróleo a se juntar com as demais

na busca da ecoeficiência, que é produzir cada vez mais, com o menor impacto

possível no meio ambiente. As indústrias passaram, então, a aumentar seu empenho

na redução da geração de resíduos e priorizando o reaproveitamento e a reciclagem

[1,2].

Desta forma, o desafio das indústrias passa a ser abastecer a sociedade de forma

sustentável. Neste contexto, uma das principais preocupações está na redução do

consumo da água industrial. Levando em consideração o aumento vertiginoso da

população, o aumento da poluição dos corpos hídricos devido a resíduos da

agricultura, indústria e das cidades, os desperdícios e a previsão da ONU

2

(Organização das Nações Unidas) de que até o ano de 2025 duas em cada três

pessoas no planeta sofrerão com a falta de água, a preocupação com este recurso

natural vital é ainda mais fundamental. Além disso, a água industrial acaba servindo

de veículo para os resíduos industriais, transportando-os e contaminando a

superfície e outros corpos hídricos superficiais ou subterrâneos. A crescente

consciência ecológica e o rigor cada vez maior da legislação ambiental têm levado as

indústrias a se preocuparem com o assunto e a buscar alternativas para esse

descarte [3].

O processo de injeção de polímero já se destaca neste contexto como um método

sustentável de recuperação avançada de petróleo, cujo princípio se baseia na

injeção de um banco de solução polimérica, devidamente dimensionado, no poço

injetor, que percorre o reservatório no sentido dos poços produtores e cujos

resultados associam o aumento efetivo da produção de óleo com a redução da

circulação de água [4]. Estes resultados são conseqüência da interação físico-

química do polímero com o sistema reservatório - rocha e fluidos [5-10]. Para que

isso aconteça o banco de polímero deve percorrer a formação atendendo seu

objetivo e sendo consumido ao longo do percurso de tal forma que, no final, chegue

ao poço produtor a menor quantidade possível de resíduos para serem descartados,

atendendo assim os fundamentos da ecoeficiência.

O princípio básico envolvido no processo de recuperação de petróleo usando

polímero baseia-se no aumento da viscosidade da fase deslocante água,

normalmente muito fluida, aproximando-a da viscosidade da fase deslocada óleo,

normalmente muito viscosa, melhorando assim a eficiência de varrido, e por

conseqüência, a recuperação de óleo. Apesar do princípio envolvido no processo ser

relativamente simples, o sucesso do mesmo depende basicamente de dois pontos

críticos: 1) a escolha do polímero adequado ao reservatório alvo e 2) o

dimensionamento do banco polimérico a ser injetado.

A escolha do polímero é normalmente feita a partir das características da molécula e

do sistema reservatório e é confirmada em testes laboratoriais específicos para este

fim [11,12]. O dimensionamento do banco polimérico, que é o objetivo desta Tese,

carece ainda de melhoria, como a necessidade de uma ferramenta matemática

3

adequada, isto é, mais completa e realista no que se refere aos mecanismos de

interação do polímero com o sistema reservatório, a fim de aperfeiçoar o processo e

reduzir os resíduos gerados. O dimensionamento é um ponto crítico do processo e

deve atender aos objetivos técnico (atender ao processo físico-químico), econômico

(menor quantidade de polímero e, portanto, menor custo) e ambiental (menor

quantidade de resíduos gerados) [12-19].

Uma das grandes dificuldades da indústria de petróleo é a impossibilidade de se

estudar o processo de recuperação em escala real devido aos grandes volumes e

tempos envolvidos e à inacessibilidade dos reservatórios. Isto faz com que o

problema tenha que ser estudado numa escala menor de laboratório, em modelos

reduzidos, e transferidos para uma escala real através de simuladores que são

ferramentas matemáticas que devem incorporar os fenômenos de transporte típicos

do reservatório. Os simuladores disponíveis atualmente são ferramentas robustas

que incorporam com grande precisão as características de geometria e propriedades

permo-porosas do reservatório, e descrevem bem o processo de injeção de água

(recuperação secundária) onde não ocorre nenhuma modificação química ou físico-

química no reservatório. Algumas versões modelam também processos de

recuperação avançada como o método de injeção de polímero onde essas

modificações são relevantes. Um ponto importante é que os fenômenos de interação

rocha-solução polimérica, estudados nesta Tese, são dados de entrada para estudos

de viabilidade técnico-econômica destas simulações. [14-19].

O objetivo desta Tese é desenvolver uma ferramenta computacional (simulador)

para a fase de laboratório, com uma modelagem mais completa e realista do

processo, através da modelagem física e matemática do escoamento da solução

polimérica em meios porosos, necessária na avaliação do polímero mais adequado ao reservatório candidato e ao dimensionamento do banco de

solução polimérica a ser injetado para recuperação de petróleo, pontos que são hoje

definidos de forma semi-empírica.

A primeira fase do trabalho consistiu em uma revisão sobre a recuperação de

petróleo usando fluidos políméricos para definição dos mecanismos de atuação

durante o processo de escoamento em meios porosos. Nesta fase foram

4

determinados também os parâmetros a serem considerados pela modelagem

matemática. A segunda fase do trabalho consistiu na escolha do modelo de

transporte que incorporasse os mecanismos levantados na primeira fase. A terceira

fase consistiu inicialmente na proposição de solução matemática para o modelo

acima, seguida da implementação de uma ferramenta computacional

correspondente e da validação desta ferramenta via soluções analíticas parciais do

modelo simplificado. Finalmente, a quarta fase compreendeu os testes de laboratório

usando soluções de traçadores e polímeros no modelo reduzido do sistema

reservatório (rocha, fluidos, temperatura e pressão do reservatório alvo) que foi

selecionado mediante critérios específicos para aplicação do processo. Com estes

testes foram identificados e quantificados (pelo confronto com o modelo e sua

solução) os parâmetros de interação rocha-fluido. Esta quantificação é realizada de

maneira integrada, ao contrário dos procedimentos convencionais.

A metodologia aqui apresentada, portanto, ajudará futuramente na especificação do polímero mais adequado e no dimensionamento (mudança de escala) do

banco para as aplicações de campo, além de fornecer dados para estudos de

viabilidade técnica e econômica dos projetos de campo com os simuladores

comerciais disponíveis.

O ineditismo desta Tese reside no desenvolvimento de uma metodologia integrada,

envolvendo simulação física e matemática, para identificação e quantificação dos

fenômenos de interação rocha-fluido para o método de recuperação de petróleo

usando fluidos poliméricos. Isso permitirá um dimensionamento mais fidedigno do

processo em campo.

Esta metodologia envolve a implementação de uma ferramenta computacional

(simulador) a partir do desenvolvimento de uma solução numérica híbrida baseada

no método das características e em diferenças finitas, para a resolução da equação

clássica proposta na literatura para modelar o fenômeno de transporte do banco

polimérico em meios porosos. A equação em questão é a de convecção-difusão.

Trata-se de uma equação diferencial parcial parabólica, acrescida do termo da

adsorção de Langmuir para representar a adsorção reversível e um termo fonte para

5

representar a adsorção irreversível. A equação assim constituída é uma equação

não-homogênea, não-linear e que não possui solução analítica.

A quantificação dos fenômenos foi feita através da determinação dos parâmetros do

modelo matemático através do confronto da solução com os dados laboratoriais

usando o conceito de problema inverso.

A abordagem dada, neste trabalho, ao aperfeiçoar o dimensionamento do banco de

fluidos poliméricos para recuperação de petróleo, representa uma parcela de

contribuição neste processo da busca pela ecoeficiência.

6

2. OBJETIVO

O objetivo geral desta Tese é, através da modelagem física e matemática do

escoamento de fluidos poliméricos em meios porosos, desenvolver uma ferramenta

computacional (simulador) para a fase de laboratório, com uma abordagem mais

completa e realista do processo, a fim de auxiliar na especificação do polímero mais adequado ao reservatório candidato e no dimensionamento do banco a

ser injetado para recuperação de petróleo, o que hoje é feito de forma semi-

empírica.

Os objetivos específicos são:

1-Revisão do processo de recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos e

caracterização dos polímeros usados para este fim. Definição dos mecanismos

envolvidos no escoamento de um banco de fluido polimérico em meios porosos.

Determinação dos parâmetros a serem considerados pela modelagem matemática.

2-Proposição de um modelo matemático de transporte mais completo e realista, que

englobe os fenômenos levantados na primeira fase.

3-Desenvolvimento de uma solução matemática para a modelagem adotada.

4-Implementação de uma ferramenta computacional com o modelo proposto e a

solução desenvolvida.

5-Validação desta ferramenta via soluções analíticas parciais do modelo simplificado

e com dados experimentais de traçadores.

6-Planejamento e execução criteriosa de testes de laboratório representativos para o

estudo dos fenômenos envolvidos.

7-Ajuste do simulador desenvolvido aos resultados da modelagem física de

reservatório em laboratório de forma a obter os parâmetros relevantes para o

processo.

A metodologia aqui apresentada, portanto, ajudará futuramente na especificação do polímero mais adequado ao reservatório alvo e no dimensionamento (mudança de escala) do banco para as aplicações de campo, além de fornecer

dados para estudos de viabilidade técnica e econômica dos projetos de campo com

os simuladores comerciais disponíveis.

7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão bibliográfica desta Tese irá englobar: (1) um breve histórico sobre

recuperação de petróleo, envolvendo fluidos contendo polímeros; (2) a

caracterização de polímeros e suas propriedades em solução; (3) as interações

rocha-fluido, as quais influenciam o processo de recuperação do petróleo; e (4) as

ferramentas matemáticas que visam simular o processo de recuperação avançada e

estimar, de modo mais preciso possível, o tipo e a quantidade de fluido a ser utilizado

em determinada região produtora de petróleo.

3.1 Recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos O petróleo aparece como componente básico de milhares de itens que vão dos

chicletes aos bichos de pelúcia, dos pneus aos computadores. Além do seu emprego

como combustível - uso majoritário, 90% - ele aparece como insumo essencial na

indústria petroquímica atual, gerando itens que causaram uma revolução nos hábitos

do homem moderno, principalmente, com o uso dos descartáveis [20]. Desdobrado

em mais de seis mil produtos, o petróleo é citado desde a antiguidade e tornou-se

indispensável nas sociedades modernas, dentro do modelo atual. Esta demanda

energética crescente, e a conseqüente dependência do petróleo, principalmente dos

países mais desenvolvidos como, por exemplo, os EUA, onde o consumo de energia

per capita é cerca de cinco vezes maior que a média mundial, tem feito com que o

petróleo se torne um bem estratégico e tem influenciado o panorama geopolítico

internacional [21].

Apesar da predominância dos itens derivados do petróleo no nosso dia a dia, poucas

vezes pensamos no desafio enfrentado para a sua obtenção. Devido às

características de esgotamento do petróleo, aumenta cada vez mais a necessidade

da utilização de técnicas mais eficientes de extração a partir do reservatório de

origem [4-10]. O desafio da produção de petróleo, no sentido de atender à demanda

nacional, torna-se ainda mais crítico quando se considera o fato das novas

descobertas revelarem petróleo localizado em reservatórios subterrâneos sob

lâminas d’água cada vez maiores (>2000 metros da superfície marinha - águas

profundas) [20].

8

O petróleo, definido como uma mistura de hidrocarbonetos, pode ser encontrado na

natureza sob a forma gasosa (gás natural), sólida (asfalto) e líquida (óleo cru), e é

formado a partir da matéria orgânica remanescente do zooplâncton e do fitoplâncton

numa condição termodinâmica adequada (temperatura e pressão elevados) e numa

escala de tempo geológica (longo período de milhares de anos). Após o processo de

formação, o petróleo se acumula no subsolo em rochas porosas, chamadas rochas-

reservatório, situadas entre rochas selantes, que são impermeáveis ao petróleo e,

por isso evitam que o mesmo se espalhe nas camadas adjacentes, o que

impossibilitaria a extração do mesmo pelo homem por meios de poços perfurados da

superfície até a acumulação de petróleo (Figura 1) [22,23].

Figura 1: Esquema representativo de um reservatório de petróleo [22]

Como a extração do petróleo se dá através da perfuração de poços de diâmetro

extremamente reduzido em comparação com a extensão do reservatório, para que o

óleo escoe da rocha-reservatório até o poço produtor são necessárias, além da

abundância do hidrocarboneto, condições favoráveis de produção. Predominam

nestas condições: as características físico-químicas do óleo, principalmente

viscosidade; as características permoporosas da rocha (porosidade, permeabilidade,

distribuição de tamanho de poros etc.) e as condições termodinâmicas de

temperatura e pressão do reservatório [22,23].

9

Para um reservatório produzir é necessário dispor de certa “energia” para que o

petróleo consiga vencer toda a resistência oferecida pelos canais porosos, com suas

tortuosidades e estrangulamentos, e se desloque para os poços de produção.

Quando essa energia faz parte do reservatório ela recebe o nome de energia

primária ou natural, e é o resultado de todas as situações e circunstâncias pelas

quais a jazida passou até se formar completamente. A recuperação de óleo

utilizando pressões naturais é chamada de Recuperação Primária, mesmo quando o

óleo, após chegar ao poço produtor, tenha que ser elevado para a superfície por

meios artificiais [22,23].

Os reservatórios cujos mecanismos naturais são pouco eficientes e que, por

conseqüência, retêm grandes quantidades de hidrocarbonetos após a exaustão da

sua energia natural são fortes candidatos à utilização de processos de recuperação

adicional. Esses processos são chamados de Métodos de Recuperação Secundária

que, de uma maneira geral, tentam interferir nos aspectos do reservatório que

favorecem a alta retenção de petróleo. Baseados na idéia de que as baixas

recuperações eram resultado de baixas pressões nos reservatórios, as primeiras

experiências buscavam fornecer pressão ao reservatório por meio da injeção de um

fluido, cuja finalidade era deslocar o fluido residente no meio poroso e ocupar o

espaço deixado pelo mesmo [22]. A Recuperação Secundária, apesar de muito

utilizada mundialmente, tem um potencial limitado e, a partir de certo estágio da

produção, deixa de ser economicamente viável [8-10].

Com o desenvolvimento da Engenharia de Petróleo, percebeu-se que nem sempre o

aspecto mais crítico do fluxo do petróleo nos meios porosos é a baixa pressão; a

simples injeção de fluidos para deslocar outros fluidos nem sempre resulta em

sucesso. Por isso, criou-se a Recuperação Terciária ou Recuperação Avançada de

Petróleo, que, por estar cronologicamente situada após as recuperações primária e

secundária, tem como objetivo aumentar a quantidade total de óleo retirado do

reservatório, cuja média mundial varia de 10% a 50%, conforme pode ser visto na

Figura 2 [8-10].

10

As baixas recuperações resultantes de um processo convencional de injeção de

fluidos (Recuperação Secundária) podem ser creditadas, basicamente, a dois fatores

principais: alta viscosidade do óleo do reservatório (forças viscosas); e elevadas

tensões de natureza eletroquímica (chamadas tensões interfaciais, forças capilares)

entre o fluido injetado, o óleo e a rocha.

A recuperação de petróleo pressupõe na grande maioria das vezes uma fase

injetada com o objetivo de deslocar o óleo e o fator de recuperação final é uma

função de duas eficiências desta fase deslocante: a eficiência de varrido, ligada às

forças viscosas; e a eficiência de deslocamento (arraste) do óleo na área varrida,

ligada às forças capilares. Estes dois aspectos definem os pontos de ataque da

Recuperação Avançada de Petróleo que, apesar de também utilizar a injeção de

fluidos, como a Recuperação Secundária, causa modificações na natureza físico-

química e/ou termodinâmica nos fluidos e nas interações entre eles e o reservatório,

por meio do uso de métodos térmicos, miscíveis, químicos, microbiológicos etc. [8-

10].

Figura 2: Métodos de recuperação de petróleo e suas eficiências na recuperação [8]

11

Dentro do grupo de métodos químicos da Recuperação Avançada de Petróleo

encontra-se a injeção de soluções de polímeros hidrossolúveis sintéticos ou naturais,

cujo princípio é aumentar a viscosidade da água de injeção (fase deslocante) no

sentido de aproximá-la da viscosidade do óleo (fase deslocada), obtendo-se uma

“Razão de Mobilidade” favorável entre as fases, o que aumenta a eficiência de

varrido e, por conseqüência, a recuperação de óleo (Figura 3). A mobilidade (λ) de

um fluido é definida como a relação entre sua permeabilidade efetiva (k) na rocha

reservatório e a sua viscosidade (μ). A mobilidade do óleo (fluido deslocado) é dada

por λo = ko/μo e a da água (fluido injetado) por λw = kw/μw. A razão de mobilidade (M)

é definida pela razão λw/λo. Quanto menor a razão de mobilidade mais favorável é a

recuperação de óleo. Neste sentido, o polímero age reduzindo a mobilidade da água

por dois fatores: 1) pelo aumento da viscosidade da fase aquosa, e 2) pela redução

da permeabilidade do reservatório, causada pela adsorção / retenção do polímero

nas gargantas dos poros da rocha-reservatório [5, 8-10].

Como a adição de substâncias de base polimérica na água de injeção aumenta seu

potencial de recuperação de petróleo, através da correção da diferença de

viscosidade óleo/água, durante algum tempo este método foi denominado pela

literatura como recuperação de água melhorada.

Como já foi dito, apesar do princípio envolvido na injeção de polímero ser simples e

de fácil entendimento, o sucesso do método nos campos de petróleo está

diretamente relacionado à seleção e dimensionamento do “banco” de solução polimérica a ser injetado, o que é hoje determinado a partir de testes laboratoriais

de forma empírica, em função da inexistência de uma ferramenta computacional

(simulador) que associe as características do polímero ao seu comportamento em

fluxo em condições de reservatório de petróleo.

12

Figura 3: Eficiência de varrido em função da razão de mobilidade entre as fases

deslocada (óleo) e deslocante: (A) água e (B) solução polimérica [8]

Apesar da utilização da injeção de soluções poliméricas para recuperação de

petróleo ser muito antiga (década de 60), este método enfrenta ainda hoje dois

grandes desafios para a sua expansão: (1) o desenvolvimento de novas substâncias

mais resistentes e com melhor desempenho de espessamento em ambiente salino,

como é o caso dos campos offshore, onde injeta-se a água do mar devido a sua

disponibilidade e a proibição ambiental do uso de água doce para este fim, e (2) o

dimensionamento do “banco” a ser injetado, onde “banco” representa uma

quantidade finita de solução polimérica com concentração e volume definidos.

A busca de novas substâncias, primeiro desafio, tem sido abordada pela literatura,

onde, em função das especificações físico-químicas necessárias a esta aplicação,

são selecionados os tipos de polímero (sintético ou natural) com maior poder

espessante ou desempenho reológico em ambientes salinos. Esta especificação, ou

seja a determinação da conformação, massa molar, distribuição de massa molar,

grau de hidrólise etc, deve ser feita de forma que o banco de polímero atenda ao seu

objetivo técnico de se propagar de forma uniforme e constante dentro do

reservatório, deslocando o banco de óleo sem os problemas indesejáveis de

13

entupimentos localizados ao redor do poço injetor, que ocorrem quando as

moléculas de polímero são muito maiores que as gargantas dos poros ou quando

existe uma incompatibilidade físico-química com a rocha.

O dimensionamento do banco polimérico tem como objetivo definir uma

quantidade suficiente para percorrer todo o reservatório cumprindo seu objetivo

técnico de deslocamento do óleo, chegando o mínimo possível no poço produtor,

evitando assim descartes de água com resíduo polimérico, o que resulta em

problemas ambientais e gastos adicionais, cumprindo também os objetivos

ambientais e econômicos.

3.2 Especificação dos polímeros usados em recuperação de petróleo

A indústria de polímeros evoluiu muito nos últimos anos e hoje são conhecidos

inúmeros polímeros solúveis em água, alguns deles já disponíveis no mercado.

Porém, a grande maioria destes produtos não é usada na indústria do petróleo por

várias razões, sendo o custo a principal delas. Os polímeros atualmente em uso nas

técnicas de recuperação avançada de petróleo pertencem, basicamente, a duas

categorias: os biopolímeros (polissacarídeos) e os polímeros sintéticos

(poliacrilamidas parcialmente hidrolisadas). A segunda categoria praticamente

dominou o mercado (cerca de 90% das aplicações de campo) até o momento pelo

fato dos biopolímeros ainda não possuírem preços competitivos e pelo fato de toda

produção disponível no mercado ser totalmente absorvida pelas indústrias de

alimento e de cosmético [5, 8-10].

A caracterização e avaliação de algumas propriedades de polímeros são

extremamente importantes para definir o comportamento dos polímeros nas

condições de reservatório. O desconhecimento de características, tais como,

distribuição de massa molar, macroestrutura, conformação molecular, estrutura das

cadeias, interações químicas e estabilidades que regem o comportamento do

polímero em solução e sua interação com a superfície sólido-líquido tem tornado a

seleção de polímeros para aplicações em reservatório uma área muito empírica. Isso

tem gerado muitas contradições na literatura e tem prejudicado também o

desenvolvimento de novos produtos [8]. Na realidade, todas as propriedades do

14

polímero que se desejam num processo de recuperação de petróleo, como

injetividade, estabilidade, propriedades reológicas e fenômenos de transporte estão

diretamente ligadas às características das moléculas de polímero como massa

molar, distribuição de massa molar, grau de hidrólise etc. [5, 8-10].

A Tabela I apresenta os parâmetros que fazem parte da especificação básica de um

polímero para recuperação de petróleo. Estes parâmetros fazem parte da

especificação e das características intrínsecas do polímero para a aplicação em

recuperação de petróleo [5-10].

Tabela I: Parâmetros e seus respectivos métodos de determinação [5-11]

Parâmetro Método

1 Tipo de polímero Análise elementar orgânica

2 Forma física Sólida ou líquida

3 Matéria ativa Análise elementar orgânica

4 Teor de água Gravimetria

5 Grau de hidrólise Análise elementar orgânica

6

Carcterísticas intrínseca do

polímero (base seca)

Estabilidade Termogravimetria (TGA)

3.2.1 Tipo de polímero

A Figura 4 apresenta as estruturas químicas dos dois polímeros mais usados em

recuperação de petróleo: poliacrilamida parcialmente hidrolisada, polímero sintético,

e goma xantana, um polissacarídeo microbiano.

15

Figura 4: Fórmulas do polímero sintético (poliacrilamida parcialmente hidrolisada), à

esquerda, e do biopolímero (goma xantana) [8, 9, 24-29]

Os biopolímeros, mais precisamente os polissacarídeos de origem microbiana,

constituem-se de carboidratos de elevadas massas molares, podendo atingir a casa

dos milhões. Sua obtenção se dá através da fermentação dos carboidratos por

microorganismos do tipo Xanthomonas Campestris (goma xantana) ou Sclerotium

Rolssii (escleroglucana) [25-27]. Eles possuem como característica uma estrutura

não-iônica ou fracamente iônica.

Já os polímeros sintéticos, particularmente as poliacrilamidas, são obtidos a partir da

acrilamida, através da reação de copolimerização em solução aquosa na presença

de radicais livres. Esta reação resulta em hidrólise parcial controlável do grupo amido

para carboxílico geralmente neutralizado com NaOH. Esta hidrólise confere a este

polímero um pronunciado caráter iônico. Este polímero tem como característica uma

estrutura fortemente iônica e, como o biopolímero, pode atingir massas molares da

ordem de milhões. Estes dois tipos de polímeros possuem propriedades distintas,

sendo que algumas delas, dependendo do ponto de vista, podem ser encaradas

como vantagens ou desvantagens. A opção entre um deles vai depender sempre

destas propriedades frente às características (temperatura e salinidade) do

reservatório. A Figura 5 mostra a faixa de aplicação dos polímeros sintéticos e dos

biopolímeros [28].

CH2 CH CH2 CH

C = 0 C = 0

NH2 O-M+Y X

CH2 CH CH2 CH

C = 0 C = 0

NH2 O-M+Y X

CH2 CH CH2 CH

C = 0 C = 0

NH2 O-M+Y X

16

Figura 5: Faixa de aplicação (temperatura e salinidade) dos polímeros sintéticos

(poliacrilamidas) e biopolímeros (goma xantan e scleroglucan) [28]

3.2.2 Forma física

Os polímeros podem se apresentar de duas formas diferentes: pó ou líquida [5-11].

Apesar da forma em pó ter sido usada com sucesso nas primeiras experiências de

polímero em campo, os problemas operacionais nas etapas de preparação, diluição

e injeção e um tempo de solubilidade relativamente grande, fez com que a indústria

de petróleo procurasse novas formas.

A forma líquida, dependendo da característica físico-química do produto soluto /

solvente, classifica-se em solução, emulsão e dispersão. Na forma de solução, a

molécula de polímero está dissolvida em água, com sua molécula totalmente

estendida, e com seu poder espessante no máximo [6]. Por isso, a viscosidade da

solução aumenta muito, principalmente nos casos de massas molares elevadas,

dificultando assim o seu manuseio [6-8]. Este fato faz com que o teor de matéria

0

5

10

15

20

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

Temperatura (º C)

Salin

idad

e T

otal

(%)

Poliacrilamida

Biopolímero(Goma Xantan, Scleroglucan)

Produtos especiais

Polímeros sintéticos.

17

ativa das soluções varie de 3 a 20% no máximo o que torna esta forma líquida pouco

atraente do ponto de vista econômico [6, 11].

Já nas formas de emulsão ou dispersão, a molécula da poliacrilamida encontra-se

finamente suspensa em uma fase líquida contínua, normalmente um óleo mineral,

em presença de agentes emulsionantes / dispersantes. Estes agentes repelem a

molécula de polímero (polieletrólito), fazendo com que as mesmas se retraiam

formando um emaranhado [28]. Isto faz com que a viscosidade do polímero, nesta

condição, caia drasticamente em relação à condição de solução, onde a molécula

encontra-se com o seu comprimento máximo e, portanto viscosidade máxima. Este

comportamento permite que os fabricantes alcancem matérias ativas da ordem de

30 e 50% para as formas de emulsão e dispersão, respectivamente [6]. A Tabela II

apresenta a comparação entre as características da poliacrilamida na forma de pó

com a forma líquida (emulsão / dispersão). Apesar do ganho operacional na

preparação do polímero na forma líquida (emulsão / dispersão) em campo (menor

tempo de solubilização e equipamentos de superfície mais simples), a evolução

tecnológica do produto seco associado ao seu baixo custo faz com que a forma em

pó continue sendo a mais usada [5-11]. É importante lembrar neste caso que as

características (propriedades físicas e reológicas) finais da solução polimérica são as

mesmas, independentemente da forma original ser líquida ou pó.

Tabela II: Comparação entre o polímero na forma de pó e na forma líquida [5-11]

Seco Líquido

Forma pó emulsão dispersão

Matéria ativa (%) 100 30 50

Validade 1 ano 6 meses 6 meses

Solvente - óleo mineral óleo mineral

Solubilidade 6 a 12 h 20 min. a 2 h 20 min. a 2 h

Custo baixo alto alto

18

3.2.3 Matéria ativa

A determinação da matéria ativa pode ser feita por meio da análise elementar

orgânica, que caracteriza os principais elementos (carbono, hidrogênio, oxigênio e

nitrogênio). A análise é feita com o objetivo de avaliar o grau de pureza do polímero.

Esta determinação é importante tanto na fase de pesquisa ou seleção do polímero

quanto posteriormente na fase de aplicação em campo, como controle de qualidade

do processo [11].

3.2.4 Teor de água

A avaliação do teor de água, feita por gravimetria tem como objetivo avaliar o grau e

a velocidade de absorção de água do polímero para definir os cuidados necessários

em duas fases: (1) manipulação do produto em laboratório, para aumento da

precisão dos dados gerados; e (2) aplicação em campo, para definição dos

equipamentos de superfície necessários à pré-diluição do polímero a ser injetado

[11].

3.2.5 Grau de hidrólise

A poliacrilamida é um polímero sintético cuja estrutura química é mostrada na Figura

6. A primeira parte da molécula [CONH2] representa o grupo amido e a segunda

parte [CO2 – M+] o grupo carboxílico, que confere à molécula o caráter iônico [5, 8, 9,

25,26]. A letra M+ representa os cátions sódio (Na+) ou potássio (K+), e as letras X e

Y representam o número dos grupos carboxílicos e amido, respectivamente. Estas

poliacrilamidas têm caráter aniônico visto que as moléculas catiônicas são

fortemente atraídas pelas cargas negativas presentes na superfície de meio poroso,

sofrendo uma adsorção instantânea que pode reduzir drasticamente a

permeabilidade do mesmo, podendo em alguns casos chegar ao entupimento total.

19

Figura 6: Estrutura química da poliacrilamida parcialmente hidrolisada [8, 9, 24-29]

Os dois parâmetros grau de hidrólise (Gh) e massa molar (MM) são os que

caracterizam a poliacrilamida. Quando a molécula é composta apenas pelo grupo

amido (X=0), o polímero é denominado de poliacrilamida, e quando ela é composta

pelos dois grupos (X ≠ 0), de poliacrilamida parcialmente hidrolisada, com grau de

hidrólise (Gh) definido como: Gh = X / (X+Y), onde 0 ≤ Gh ≤ 1. A poliacrilamida é

obtida inicialmente com um grau de hidrólise igual a 0%, ou seja, a molécula é

composta somente pelo amido (X=0 e Y=1,0). Depois parte do grupo amido passa

para carboxílico, a partir da hidrólise alcalina, através de uma reação controlável [5,

8, 9]. O grau de hidrólise pode variar de 0% a 90% dependendo do tipo de aplicação

do polímero.

3.2.6 Estabilidade (Termogravimetria (TGA))

Durante a fase de estocagem e armazenamento é importante garantir uma boa

estabilidade à umidade e à temperatura. Uma estabilidade de aproximadamente 1

ano é garantida através de um acondicionamento do produto em embalagens

herméticas e em ambientes com temperaturas inferiores a 30º C.

CH2 CH CH2 CH

C = 0 C = 0

NH2 O-M+Y X

20

3.3 Propriedades das soluções poliméricas

3.3.1 Massa molar viscosimétrica média

A viscosidade intrínseca é correlacionada ao tamanho e extensão da molécula de

polímero daquela solução em particular. Ela pode ser usada para determinar a

massa molar viscosimétrica média de polímeros supostamente homogêneos e

lineares, como é o caso de polímeros usados em recuperação avançada de petróleo,

cujas massas molares variam em média de 5 a 30 x 106 g/mol [9]. Para o cálculo da

massa molar a partir de dados de viscosidade intrínseca utiliza-se a equação de

Mark-Houwink [11]. As constantes K e n são obtidas previamente por algum outro

método independente como, por exemplo, pressão osmótica, espalhamento de luz

etc, em condições específicas para cada polímero, temperatura e salinidade do

solvente. Nas aplicações de recuperação de petróleo estes parâmetros normalmente

são medidos a 25oC e 3% de NaCl (salinidade próxima à da água do mar que é o

fluido de injeção mais utilizado). O valor de massa molar média mais indicado para

utilização em recuperação de petróleo é função das características permoporosas da

rocha reservatório [8-11].

3.3.2 Distribuição de massa molar

De modo simplificado, a pré-seleção do polímero pode ser feita por meio de uma

relação entre sua massa molar e a permeabilidade média do reservatório. Porém,

tanto os poros do reservatório quanto a massa molar do polímero apresentam uma

distribuição de tamanho. Assim, segundo sugestão de alguns autores [8,9], um

estudo mais detalhado sobre estes dois parâmetros teria que incluir uma avaliação

estatística entre estas distribuições e não os valores médios. Apesar da

determinação da distribuição de massa molar através do método de cromatografia de

exclusão por tamanho ser hoje razoavelmente bem desenvolvido, este é um método

relativo e pressupõe uma calibração prévia. Existe uma limitação com relação aos

padrões quando se trabalha com polímeros de massas molares muito altas, acima de

1 x 106, como é o caso dos polímeros usados em recuperação de petróleo. Por isso,

apesar deste parâmetro ser de grande importância, ainda não é possível obtê-lo de

modo preciso com as técnicas atualmente disponíveis [8, 9, 30-34].

21

3.3.3 Desempenho reológico

Como o objetivo do polímero nos processos de recuperação de petróleo é espessar

ou aumentar a viscosidade da água injetada no reservatório, o estudo do

comportamento reológico das soluções de polímero é fundamental para viabilização

do processo. Como os polímeros usados em recuperação de petróleo são

polieletrólitos, isto é, macromoléculas eletricamente carregadas, seu comportamento

reológico está associado a fatores como natureza química e, conseqüente, interação

eletroquímica do sistema polímero / solvente, além de massa molar, distribuição de

massa molar e concentração do polímero. Como já citado na literatura, a solução

polimérica deve possuir um comportamento pseudoplástico (power law ou lei de

potência) [5-11, 25, 26], onde a viscosidade do polímero diminui com o aumento da

taxa de cisalhamento. O modelo matemático mais aceito para descrever este

comportamento é o modelo Ostwald ou modelo de potência, no qual a equação da

viscosidade é definida conforme Equação 1. Neste modelo, os parâmetros R e n são

constantes denominadas, índice de consistência e comportamento de fluxo,

respectivamente. A consistência representa a resistência do fluido em apresentar um

deslocamento relativo no seu interior e o comportamento de fluxo indica o

afastamento do fluido do modelo newtoniano [5-9, 25-27, 35-40].

n

dxdvR ⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=σ (1)

onde:

σ = tensão de cisalhamento, Pa

dv/dx = taxa de cisalhamento, s-1

R = constante, índice de consistência, Pa.sn

n = constante, índice de comportamento de fluxo

Os índices de consistência e de comportamento de fluxo podem ser medidos a partir

da viscosidade aparente usando o viscosímetro Brookfield LVT/ULA. De acordo com

a literatura, os estudos reológicos para aplicação de campo devem ser feitos a 7 s-1,

que é comparável ao cisalhamento no reservatório, isto é, em baixas vazões [8,9].

Nesta taxa de cisalhamento, a viscosidade da solução aumenta com o grau de

hidrólise, com a concentração, com a massa molar e cai com o cisalhamento e com

a salinidade do meio.

22

Nas injeções de polímero para correção de mobilidade o grau de hidrólise da

poliacrilamida fica normalmente em torno de 25%. A escolha deste valor pode ser

explicada, de forma qualitativa, na Figura 7, onde podemos notar que a

poliacrilamida atinge seu poder viscosificante máximo próximo de 30%; a partir daí, a

viscosidade passa a cair com o aumento do grau de hidrólise. Porém, como foi dito

no item anterior, uma hidrólise indesejável (degradação química) pode ocorrer ao

longo do seu percurso no meio poroso [9, 24-28] (Figura 8), por isso deve-se usar

25% como segurança em vez de 30%. Além disso, os cátions divalentes como cálcio

e magnésio podem causar a precipitação da poliacrilamida com grau de hidrólise

maior ou igual a 35% [5, 8, 9]. Esta reação de precipitação é uma função da

temperatura, do grau de hidrólise e da concentração dos íons divalentes.

Figura 7: Variação da viscosidade da solução de poliacrilamida parcialmente

hidrolisada em função do grau de hidrólise [41]

23

Figura 8: Variação do grau de hidrólise da poliacrilamida inicialmente não-hidrolisada

como função do tempo e da temperatura (1000 ppm em solução salina) [9]

Conforme Figura 9, a viscosidade da solução aumenta com a massa molar e diminui

com o cisalhamento e com a salinidade. Na Figura 10 observa-se a variação da

viscosidade com o tipo de polímero e com a concentração para um cisalhamento

constante.

Em trabalhos mais recentes os autores têm demonstrado uma preocupação com a

componente elástica do fluido devido à característica viscoelástica dos polímeros.

Esta componente elástica está ligada à capacidade do polímero de passar por locais

menores que sua dimensão principal, como é o caso das gargantas de poros, sem

sofrer degradação (romper a molécula). Estudos já demonstraram que a eficiência

do polímero na recuperação de óleo está relacionada à resistência à compressão /

estiramento, seguida de uma expansão em poros maiores para aumentar a

capacidade de arraste [9, 27, 28, 35-40]. A relação entre a viscosidade e a

concentração das soluções poliméricas na grande maioria dos casos é muito bem

descrita por um polinômio de grau 3 [8,9].

24

Figura 9: Reologia da poliacrilamida, efeito da salinidade, da massa molar, em 25ºC

(cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro Brookfield LVT/ULA): massa molar de

A = 3 x 106 e B = 55 x 106 [9]

Figura 10: Reologia dos polímeros usados em recuperação de petróleo em água 1%

NaCl e em 23 oC (cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro Brookfield LVT/ULA) [9]

25

3.4 Fenômenos de interação: solução polimérica /reservatório

O objetivo da injeção de fluidos poliméricos para recuperação de petróleo é modificar

as propriedades da água circulada resultando num aumento da eficiência de varrido

e por conseqüência da recuperação de óleo. Para o sucesso do processo é crucial o

conhecimento dos mecanismos que regem o escoamento da solução polimérica em

meios porosos, de forma a atender o processo e gerar o mínimo possível de resíduo

no poço produtor para ser descartado [8-9, 42-47]. Reservatórios de petróleo são, a

grosso modo, meios porosos subterrâneos confinados (pressurizados) onde são

encontrados basicamente hidrocarbonetos e água. Na época da descoberta do

reservatório, a água pode estar apenas como fase intersticial, como fase imóvel

(água conata), ou também na base do reservatório como um aqüífero. Como a

pressão do reservatório normalmente não é suficiente para fazer o óleo fluir ou

escoar do poro de origem para o poço, o procedimento convencional mais

empregado é a injeção de água para deslocar o óleo e ocupar o local do mesmo no

reservatório aumentando assim a saturação de água do reservatório [6-11, 25-27].

Como a injeção de polímeros para recuperação de petróleo normalmente ocorre num

estágio avançado de produção do campo, a solução polimérica percorre os caminhos

já definidos pela fase água interagindo com a mesma na presença da fase óleo. Na

prática, os fenômenos de interação rocha/fluidos são medidos em testes de

escoamento, que correspondem a uma simulação física do processo em campo, isto

é, tenta-se reproduzir, em escala reduzida, os fenômenos físicos, usando para isso a

rocha, os fluidos (água e óleo), a temperatura e a pressão do reservatório candidato

[42-47]. Um teste de escoamento típico envolve a medição de pressão e vazão em

linha (on line) e a avaliação posterior do efluente. A avaliação do efluente é função

do objetivo do teste e, normalmente, envolve a medição de concentrações,

viscosidade, pH etc. A partir dos parâmetros medidos calculam-se os parâmetros de

interesse, que no caso do polímero se dividem em dois grupos: 1) aqueles

calculados a partir dos dados de pressão e 2) aqueles calculados a partir do balanço

mássico do efluente [25-27]. Na realidade a alteração da pressão é uma

conseqüência dos fenômenos de interação rocha/solução polimérica, portanto, os

fenômenos calculados a partir da pressão são função dos parâmetros de interação

rocha/fluidos.

26

3.4.1 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real)

Fator de resistência

O fator de resistência (Fr), definido pela razão entre a mobilidade da água e a

mobilidade do polímero (Equação 2), é um parâmetro usado para descrever a

redução da mobilidade da solução polimérica durante a passagem do banco de

polímero em relação à mobilidade da água. A mobilidade de um fluido em meios

porosos é definida pela razão entre a permeabilidade da rocha pela viscosidade do

fluido. A redução da mobilidade do polímero é causada não só pelo aumento da

viscosidade, mas também pela diminuição da permeabilidade da formação causada

pela retenção de moléculas de polímero nas gargantas de poros. Esta retenção

causa uma pequena modificação na porosidade em relação à porosidade inicial,

mas como conseqüência tem-se uma grande modificação nos fenômenos

interfaciais, com aumento de pressão e redução da permeabilidade [5-10].

pKp

wKw

pwFr μ

μλλ .== (2)

onde:

Fr = fator de resistência

λw = mobilidade da água, mD/cP

λp = mobilidade do polímero, mD/cP

Kw= permeabilidade da água, mD

Kp= permeabilidade do polímero, mD

μw = viscosidade da água, cP

μp = viscosidade do polímero, cP

Fator de resistência residual

O fator de resistência residual (Frr), definido pela razão entre a mobilidade da água

antes e depois da passagem do polímero (Equação 3) é um parâmetro usado para

descrever apenas a redução da permeabilidade do reservatório após a passagem do

polímero [5-10]

27

PaPd

KwdKwa

Kwdw

wKwa

wdwaFrr ====

μμλ

λ . . (3)

onde:

Frr = fator de resistência residual

λwa = mobilidade da água antes do polímero, mD/cP

λwd = mobilidade da água depois do polímero, mD/cP

Kwa= permeabilidade da água antes do polímero, mD

Kwd= permeabilidade da água depois do polímero, mD

μw = viscosidade da água, cP

Pa = pressão durante o fluxo de água antes da passagem do polímero, psi

Pd = pressão durante o fluxo de água depois da passagem do polímero, psi

Apesar da importância do fator de resistência (Fr) na definição da capacidade do

polímero em arrastar óleo no momento da passagem do banco, este não é um

parâmetro muito usado por causa da limitação operacional na medida da

permeabilidade do polímero em fluxo. O fator de resistência é uma função da

permeabilidade do polímero que, por sua vez, é calculada a partir da lei de Darcy [8-

9] usando uma viscosidade interpolada no reograma viscosidade versus

cisalhamento, a partir de cisalhamento estimado para reservatório, via correlações

empíricas. Como visto anteriormente, o polímero tem um comportamento

pseudoplástico, ou seja, a permeabilidade do polímero é uma função do

cisalhamento a que está submetido. Um ponto crítico é a definição do cisalhamento

no reservatório e sua correlação com o do viscosímetro rotacional. Apesar de muitos

artigos terem sido publicados sobre o assunto, este ainda é um ponto de discussão.

Por isso, o fator de resistência residual (Frr) é mais usado em detrimento do fator de

resistência (Fr), principalmente para comparações de dados de laboratório com os

dados de campo, pelo fato do cálculo do Frr ser simples, direto (relação entre as

pressões, Equação 3) e isento de simplificações [5-11].

28

3.4.2 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento)

A Figura 11 mostra um esquema dos fenômenos envolvidos no escoamento de

fluidos poliméricos para recuperação de petróleo.

1

2

3

4

Dispersão

Adsorção físico-química

Retenção mecânica

Volume poroso inacessível

Figura 11: Esquema dos fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos

poliméricos para recuperação de petróleo

O primeiro fenômeno – dispersão - é típico de escoamento em meios porosos. O

meio poroso funciona como um difusor criando uma zona de transição entre a

solução injetada original e o solvente. O segundo fenômeno – adsorção físico-

química – também conhecido como fenômeno de troca iônica depende da afinidade

eletroquímica entre o produto e a rocha reservatório e pode ocorrer com qualquer

produto que apresente esta afinidade. Já os dois últimos fenômenos são típicos de

macromoléculas como é o caso dos polímeros usados em recuperação de petróleo.

O terceiro fenômeno – retenção mecânica - é função do tamanho relativo entre as

moléculas de polímero e as gargantas de poros do reservatório. O quarto fenômeno

29

– volume poroso inacessível – é típico de escoamento de macromoléculas em meios

porosos. As moléculas maiores não conseguem entrar nos poros menores,

chamados então de volume poroso inacessível, que reduz o volume poroso útil para

o polímero. Em seguida apresenta-se um pouco mais de cada um destes fenômenos

de forma independente.

1) Dispersão

A dispersão hidrodinâmica está relacionada ao espalhamento do banco de solução

polimérica, com formação de uma zona de transição (ou zona de mistura), entre os

fluidos deslocante e deslocado. A dispersão pode ser decomposta em duas partes: a

dispersão mecânica e a difusão molecular. A dispersão mecânica resulta do

movimento individual, randômico, das partículas do fluido, com suas variações de

velocidade ao longo de caminhos irregulares (tortuosidades) nos poros da rocha

reservatório. A difusão molecular ocorre devido aos gradientes de concentração

através da superfície perpendiculares à direção principal do fluxo. O efeito da difusão

molecular na dispersão hidrodinâmica é desprezível, a não ser que o deslocamento

se dê a baixas velocidades. Em termos práticos, a dispersão causa um

espalhamento do banco, resultando num adiantamento no tempo de irrupção,

redução do tamanho do pico do perfil de concentração e atraso no tempo de

chegada desse pico. O coeficiente de dispersão é definido pela Equação 4 e 5.

Kd = D + α vn (4)

ϕα

ϕu Ea .= (5)

onde:

Kd = coeficiente de dispesão efetivo (Ea/ϕ ), m²/s

D = coeficiente aparente de difusão molecular no meio poroso, m²/s

α = constante de dispersão (dispersividade), m

v = velocidade intersticial (u/ϕ ), m/s

n = coeficiente adimensional, usualmente muito próximo da unidade.

30

Ea = coeficiente de dispersão axial, m²/s

u = velocidade de Darcy, m/s

ϕ = porosidade, fração

A dispersividade (α) depende do meio poroso e da razão de viscosidade dos fluidos

deslocante e deslocado. O termo difusivo (D) depende das características do produto

e é usualmente muito pequeno em relação ao termo dispersivo (αvn), salvo em

velocidades de escoamento extremamente baixas [55-57]. Em velocidades de fluxo

típicas de reservatório, o termo dispersivo excede o termo difusivo de

aproximadamente duas ordens de magnitude. Por isso, D é normalmente suposto

igual a zero para velocidades típicas de recuperação de petróleo [55-60]. Para

velocidades típicas de reservatório n é normalmente considerada igual à unidade.

2) Adsorção físico-química (reversível)

A adsorção físico-química é um fenômeno de superfície onde as cargas negativas da

superfície da rocha são atraídas pelas cargas positivas do polímero [48-56].

A adsorção físico-química, ao contrário da retenção mecânica, é mais difícil de ser

determinada, tanto em termos experimentais quanto na escolha de um modelo

matemático que a traduza pelo seu caráter reversível. O fenômeno ocorre durante a

passagem do banco pelo meio poroso. A adsorção causa um atraso no perfil de

concentração. Porém, como existe outro fenômeno, associado às macromoléculas,

chamado volume poroso inacessível, que ocorre concomitantemente e que adianta a

chegada do banco, na prática eles se anulam e não é possível determinar/quantificar

a adsorção físico-química somente analisando a posição do perfil de concentração

no eixo do tempo. É necessário conhecer com mais detalhes a equação matemática

que descreve o fenômeno [61-70].

Um dos modelos mais bem aceitos para descrever o fenômeno de adsorção físico-

química e que ajusta o maior número de isotermas experimentais é a chamada

isoterma de Langmuir descrita na Equação 6.

31

).1(

..)(CKe

CKeNoCN+

= (6)

onde:

C = concentração, kg/m³

N(C) = adsorção do polímero na rocha reservatório, kg (polímero)/kg (rocha)

No = adsorção máxima (constante), kg (polímero)/kg (rocha)

Ke = constante de adsorção, m³/kg

3) Retenção mecânica (irreversível)

O termo adsorção é normalmente utilizado de forma genérica para designar a ação

conjunta da retenção mecânica (adsorção irreversível) e da adsorção físico-química

(adsorção reversível), apesar do uso desta nomenclatura vir mudando com os

autores mais recentes. A adsorção mecânica recebe também outros nomes na

literatura como filtração das moléculas de polímero nas gargantas dos poros da

rocha reservatório [8,9].

Devido à sua irreversibilidade a adsorção mecânica é mais fácil de ser determinada,

tanto em termos experimentais quanto em termos do modelo matemático que a

traduza.

Em termos experimentais podemos determinar em laboratório uma curva chamada

de isoterma de adsorção, onde temos uma relação entre a concentração do polímero

e a adsorção medida em termos de massa de polímero por grama de rocha. Cada

ponto desta curva é determinado fazendo-se um balanço mássico entre o perfil de

concentração injetado e o produzido num teste de fluxo, ou seja, cada ponto desta

curva é um teste de fluxo independente.

A adsorção mecânica (irreversível) varia com o tipo de polímero (massa molar e grau

de hidrólise) e com o tipo de rocha (permeabilidade e distribuição das gargantas de

poros) e com a concentração da solução. Na prática a adsorção mecânica é um

mecanismo de consumo e, portanto, pode ser traduzida matematicamente por um

termo fonte (sorvedouro) função da concentração.

32

4) Volume poroso inacessível

Muitos autores observaram, em experimentos de laboratório, que, quando não havia

adsorção/retenção, as moléculas de polímero eram transportadas no meio poroso

com mais velocidade do que as chamadas substâncias traçadores, que são

substâncias que não interagem com o reservatório e, portanto caminham com a

mesma velocidade do solvente, neste caso, a água [8, 9, 71-73]. Este fenômeno de

adiantamento das moléculas de polímero é explicado pelo fato do polímero ser uma

macromolécula, cujo tamanho é da mesma ordem de grandeza das gargantas dos

poros do reservatório. Na realidade, tanto as gargantas de poros, quanto a molécula

não possuem tamanhos absolutos e sim uma distribuição de valores. Assim,

estatisticamente, tem-se uma combinação de tamanhos de molécula para passar em

uma combinação de tamanhos de garganta de poros. Quando o tamanho da

molécula é igual ou maior que o da garganta do poro, ela não passa por este poro e

ele é classificado como volume poroso inacessível ou excluído. O volume inacessível

é normalmente apresentado em percentual do volume poroso total. Este parâmetro

define o volume poroso efetivo para o polímero percorrer na aplicação de campo.

Isso, por um lado, pode parecer uma vantagem, pois reduz a quantidade de polímero

necessário reduzindo o custo do processo. Por outro lado, quando este parâmetro é

muito grande pode inviabilizar o processo de campo. Este parâmetro pode ser

reduzido quando se ajusta a relação entre o tamanho da molécula do polímero ao

tamanho das gargantas de poros em simulações físicas de laboratório. Analisando

este fenômeno de forma individual, segundo a literatura, ele pode ser calculado a

partir do balanço mássico de um volume poroso que se encontra na amostra no

momento da virada do fluxo para a água [71], ou seja, se o volume de solução

polimérica produzido a partir deste momento for correspondente a 90% do volume

poroso, significa que 10% do volume encontra-se ocupado por água e não por

solução polimérica, correspondendo ao volume inacessível [5-9, 71-73]. Na prática

este parâmetro só pode ser calculado diretamente a partir do deslocamento

(adiantamento) do perfil de concentração na saída do experimento de laboratório em

meios porosos quando a adsorção/retenção for nula. Os fenômenos de adsorção e

retenção atrasam o perfil e, portanto, mascaram ou inviabilizam o cálculo do volume

poroso inacessível apenas pela análise da posição do perfil de concentração de

saída nos testes de escoamento em meios porosos.

33

3.5 Simuladores atualmente disponíveis Uma das grandes dificuldades da indústria de petróleo é a impossibilidade de se

estudar o processo de recuperação em escala real devido aos grandes volumes e

tempos envolvidos e à inacessibilidade dos reservatórios. Para solucionar o

problema são utilizados os simuladores que, por sua vez, podem ser classificados

em simuladores físicos ou matemáticos. No caso do reservatório de petróleo os

simuladores físicos são os modelos reduzidos de laboratório que utilizam amostras

de rocha e fluidos (óleo e água) e reproduzem a temperatura, as pressões (fluxo e

confinamento), as saturações e as vazões do reservatório em estudo. Já os

simuladores matemáticos são ferramentas computacionais, construídas a partir de

modelagem específica, para prever o comportamento do reservatório em diferentes

momentos da vida produtiva do reservatório (Figura 12), usando como dados de

entrada os dados levantados na modelagem física acoplados com os dados de

campo. Desta forma, o simulador matemático permite a mudança de escala do

laboratório para o campo. Estes simuladores permitem ao usuário fazer estudos de

viabilidade técnico-econômica do processo em campo através do levantamento de

mapas de pressão e saturação em relação ao tempo e ao espaço.

Figura 12: Fases da vida de um reservatório de petróleo [75]

34

O desenvolvimento de um simulador passa por várias etapas, como ilustrado

esquematicamente na Figura 13 [74]:

1-Na primeira etapa conceitua-se o problema que se deseja representar

matematicamente. Esta conceituação deve ser feita em consonância com o estado

da técnica;

2- Na segunda etapa são feitas as suposições e simplificações compatíveis com o

grau de sofisticação que se espera do modelo;

3- Na terceira etapa formulam-se as equações que descrevem o problema alvo, o

que é feito considerando-se as hipóteses adotadas;

4- A quarta etapa constitui a solução matemática do modelo;

5- Na quinta etapa um simulador, ou ferramenta computacional, é implementado

para viabilizar e agilizar a etapa seguinte de validação da solução;

6- Na sexta etapa verifica-se, então, a validade do simulador com soluções

existentes. Os resultados do simulador podem ser comparados com:

soluções analíticas ou resultados reais;

resultados experimentais obtidos através de modelos físicos de laboratório

(simulação física) e

simuladores convencionais já calibrados ou consagrados pela literatura para

simulação do problema. Caso a validade seja verificada, o simulador estará

pronto para simular os fenômenos desejados. Caso contrário, volta-se para

um novo ciclo em que novamente são analisadas as hipóteses adotadas ou

até mesmo a conceituação do problema.

35

1 2 3 4

não

6 5

sim

Conceituação problema

(estado da técnica)Hipóteses

Uso do simulador para problemas reais

Implementação simulador

Equacionamento matemático

(modelo)

Solução matemática

Validação da solução (solução existente)?

Figura 13: Esquema para desenvolvimento de um simulador [74]

A complexidade dos simuladores de reservatório em função de um grande número

de equações e variáveis envolvidas praticamente inviabiliza o uso de soluções

analíticas e privilegia as soluções numéricas, ou, no máximo, híbridas. Isso traz

como desvantagem uma dispersão numérica muito grande, que muitas vezes

inviabiliza o estudo de alguns fenômenos de transporte, como por exemplo, a

dispersão física.

36

4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Produtos químicos Na elaboração desta Tese foram utilizados os seguintes produtos.

A) Polímeros:

Durante o desenvolvimento desta Tese, foram usadas diversas amostras comerciais

de poliacrilamida parcialmente hidrolisada (PHPA) de características distintas. A

Tabela III apresenta a identificação comercial destas amostras. É importante

ressaltar que os testes finais de escoamento em meios porosos foram realizados

com o polímero Flopaam 3230S.

Tabela III: Identificação comercial das amostras de PHPA utilizadas

Código Procedência Forma Pureza (%) Flopaam 2030S

Flopaam 2130S

Flopaam 2230S

Flopaam 2435S

Flopaam 2630S

Flopaam 3230S

Flopaam 0430S

Floerger (França)

99 %

B) Reagentes, solventes e materiais

1) Ácido acético glacial - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como

recebido;

2) Água destilada e água de injeção e formação de reservatório de petróleo;

3) Acetona - Procedência Merck; grau de pureza: PA usado como recebido;

4) Hipoclorito de sódio - Procedência Merck; grau de pureza: 5%; usado como

recebido;

5) Iodeto de potássio - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como

recebido;

6) Tolueno - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como recebido;

7) Metanol - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como recebido;

8) Amostras de rocha de reservatório de petróleo brasileiro.

37

4.2 Equipamentos utilizados Na elaboração desta Tese foram utilizados os seguintes equipamentos do CENPES /

Petrobras.

A)Caracterização físico-química:

1)Agitador mecânico IKA Eurostar Digital com pás específicas anti-cisalhamento

2)Analisador Elementar C-H-N Perkin Elmer, modelo 2400

3)Analisador Termogravimétrico – Perkin Elmer, modelo TGA 7

4)Balança Analítica Mettler-Toledo AE200

5)Balança semi-analítica Mettler-Toledo PG5002S

6)Brookfield LVT, sensor ULA

7)Reômetro Haake RheoStress RS 600, sensor DG 41

8)Densímetro DMA 4500 Anton Paar

9)Porosímetro Corelab modelo 3020

10)Permeâmetro Corelab PE DA TR

11)Medidor de pH Thermo Orion 290

12)Micropipeta Eppendorf Reference 100-1000 uL

13)Estufa a vácuo Fischer Scientific, modelo LS

14)Medidor de O2 dissolvido – HACH Sension6

15)Banho Brookfield TC 500

16)Banho refrigerador de gelo seco e acetona

17)Liofilizador e Balões de liofilização (destilação) de 250 mL

18)Analisador Elementar da Perkin Elmer, modelo 240 C

19)TGA-7 da Perkin-Elmer,

20)Extrator soxhlet

21)Espectrofotômetro HP 8452 A

B)Sistema de fluxo Petrobras composto pelos equipamentos:

1)Estufa Nova Ética

2)Bomba de vácuo Edwards, modelo E2M2

3)Transdutores de Pressão Yokogawa EJA 110A

4)Coletor automático Foxy 200

5)Calibrador de pressão Druck

38

6)Bomba hidropneumática Flutrol

7)Core Holder Phonix Instruments (até 10000 psi)

8)Vasos de transferência em acrílico

C) Informática:

1) Hardware

Notebook IBM Thinkpad X60s (170249PSM)

Sistema Operacional: Windows® XP Professional BR Autêntico

Processador: Intel® Core™ Duo L2400(1.66GHz,Cache

L2:2MB,FSB:667MHz)tec.móvel Intel® Centrino®

Memória (padrão/máximo): 2GB

Disco Rígido: 60GB (5400 rpm)

Tela/Monitor: 12.1" XGA (1024x768) TFT

Rede/Modem: Gigabit Ethernet / 56K padrão V.90

Outros: Wireless Intel® 3945ABG integrado

Unidade Combo CD-RW/DVD-ROM portátil USB 2.0 (40Y8668)

Memória 1GB PC2-5300 CL5 667MHz DDR2-SDRAM SODIMM (40Y7734)

Fonte de Alimentação AC/DC Combo 90W ( 40Y7632 )

ThinkPad - Ultrabase para X6 (40Y8116)

Bateria Extra-Life ThinkPad X60 series

2) Software

Ambiente de desenvolvimento: Delphi 5.0

39

4.3 Metodologia

A descrição da metodologia abrange a seleção/caracterização/especificação dos

polímeros, a seleção dos elementos que descrevem o deslocamento de fluido em

meio poroso, a seleção das equações matemáticas básicas para compor o modelo

matemático utilizado no simulador e os ensaios laboratoriais de injeção de fluidos

poliméricos em meios porosos, os quais têm como objetivo validar o modelo

matemático desenvolvido.

4.3.1 Seleção do polímero

A seleção do polímero englobou três etapas: 1) seleção do tipo de produto, 2)

seleção da forma física e 3) especificação do produto no que se refere à massa

molar e grau de ionicidade. A seleção do tipo de polímero e da forma física foi feita

em função do mercado, ou seja, custo e disponibilidade, já a especificação do

polímero foi feita confrontando-se as características do polímero com as

características do reservatório alvo.

4.3.2 Caracterização das amostras de PHPA

Foram obtidas sete amostras comerciais de PHPA apresentando massas molares e

graus de hidrólise distintos. A Tabela IV apresenta um resumo das análises

realizadas para caracterização do polímero.

4.3.2.1 Matéria ativa (%)

A matéria ativa dos polímeros foi obtida por gravimetria, precipitando-se o polímero

na forma de solução aquosa com acetona. O precipitado foi então filtrado e levado a

peso constante em estufa. A matéria ativa foi calculada pela relação entre a massa

final, (após precipitação / filtragem / secagem) pela massa inicialmente pesada.

40

4.3.2.2 Grau de hidrólise (%)

O método citado pela literatura para determinação do grau de hidrólise, via titulação,

fornecia um erro associado muito grande. Por isso utilizou-se um método via análise

elementar de nitrogênio para determinação deste parâmetro. Neste método,

calculou-se o percentual de nitrogênio na fórmula original da Poliacrilamida (Figura

6, página 19) supondo um grau de hidrólise igual a 0 (zero). Em seguida mediu-se o

percentual de nitrogênio por um analisador elementar da Perkin Elmer com erro de

0,3 % absoluto. O grau de hidrólise foi calculado pela relação entre o percentual de

nitrogênio medido pela análise elementar pelo percentual de nitrogênio calculado

pela fórmula original com 0 (zero) % de grau de hidrólise.

Tabela IV: Caracterização das amostras de polímeros estudados

PARÂMETRO ANÁLISE MÉTODO1 Matéria ativa (%) Gravimetria -

2 Grau de hidrólise (%) Análise elementar -

3 Teor de água (%) Liofilização -

4 Estabilidade Termogravimetria (TGA) -

5 Preparo de solução Velocidade e tempo de solubilização Norma API [11]

6 Qualidade da solução Filtrabilidade Norma API [11]

7 Massa molar Viscosidade intrínseca Norma API [11]

8 pH(1%,25oC) Potenciometria -

9 Reologia Brookfield LVT, 7,5 s-1 Norma API [11]

10 Estabilidade em reservatório Brookfield LVT, 7,5 s-1 Norma API [11]

11 Degradação mecânica Brookfield LVT, 7,5 s-2 Norma API [11]

12 Concentração polímero Espectrofotômetria Norma API [11]

Pó (base seca)

Solução polimérica

ETAPA

(A) Caracterização

produto original

(B) Propriedades

solução aquosa

4.3.2.3 Teor de água (%)

O teor de água foi determinado por liofilização. Na liofilização, que é um processo de

secagem e de eliminação de substâncias voláteis em baixa temperatura e sob

pressão reduzida, inicialmente foi pesada com precisão uma massa de amostra do

polímero entre 5 a 10g em balão de liofilização previamente seco em estufa. Em

seguida congelou-se a amostra utilizando banho de gelo seco e acetona. Deixou-se

a amostra durante 5 a 10 minutos dentro do isopor com gelo seco para assegurar o

congelamento total da amostra. Colocou-se a amostra no condensador e esperou-se

41

5 minutos para que a temperatura do condensador atingisse -40º C. Colocou-se a

amostra sob baixa pressão com uma bomba de vácuo e aguardou-se a pressão

atingir 10-1 mbar. Pesou-se o balão com resíduo. Esta operação foi repetida até que

as duas pesadas consecutivas não diferissem em mais de 5% relativo. Desta forma

foi calculado o teor de água pela diferença entre os pesos inicial e final.

4.3.2.4 Análise termogravimétrica (TGA)

Nas análises de termogravimetria foi empregada uma termobalança TGA-7 da

Perkin-Elmer, a uma velocidade de aquecimento de 5 °C/min, no intervalo de 30 °C

a 150 °C, utilizando uma quantidade de amostra em torno de 10 mg em atmosfera

de nitrogênio.

4.3.2.5 Preparo das dispersões aquosas para ensaios em solução

Todas as soluções foram preparadas de acordo com a Norma American Petroleum

Institute - API (Recommended practices for evaluation of polymers used in enhanced

oil recovery operations, 1990), a partir de uma solução estoque de 5000 ppm,

tomando-se todos os cuidados recomendados com relação à agitação, velocidade,

tempo total de solubilização etc. [11].

4.3.2.6 Qualidade da solução (filtrabilidade)

A qualidade ou homogeneidade de todas as soluções usadas foi verificada através

do teste de filtrabilidade (Norma API) [11], onde as amostras foram submetidas a

uma filtração por um filtro de aço de 10 micrometros, a uma vazão controlada e

monitoramento da pressão. O aumento da pressão indica a presença de

heterogeneidade, também conhecido como “grumos” ou “olho de peixe” na solução.

Quando o aumento de pressão era observado, a solução era descartada, iniciando-

se o preparo de uma nova solução conforme indicação da norma. Este procedimento

foi realizado em todas as soluções como pré-condicionamento para os testes de

interação polímero com o reservatório.

42

4.3.2.7 Determinação de massa molar

Os valores de massa molar das amostras de polímero foram determinados por meio

de análises de viscosidade intrínseca, seguindo a Norma API [11], a fim de

confrontar os valores fornecidos pelo fabricante e estimar a massa molar

viscosimétrica média. A massa molar foi calculada usando a equação de Mark-

Houwink-Sakurada ([η] = K x (MM)a). As constantes K e a foram retirados da Norma

API RP 63 1990 [11], onde foram determinados de forma independente para uma

poliacrilamida de 30% de grau de hidrólise e um solvente com 3% de salinidade, que

é próximo da salinidade do reservatório alvo. Os valores de K e a foram 6,75x10-5 e

0,830, respectivamente [11].

4.3.2.8 Determinação de pH

Foram realizadas análises de pH em todas soluções preparadas com as sete

diferentes amostras de PHPA em todas as fases do trabalho experimental.

4.3.2.9 Ensaio reológico

O estudo reológico foi conduzido em viscosímetro Brookfield LVT/ULA, por ser o

mais citado pela literatura para aplicações de campo [11]. Foram efetuadas curvas

de viscosidade em função da concentração para polímeros de diferentes massas

molares, grau de hidrólise e salinidades do solvente e em presença de alguns íons

divalentes, aos quais, o polímero, pela sua característica de polieletrólito, é

extremamente sensível. Estas curvas foram levantadas num cisalhamento de 7,3 s-1,

conforme recomendado pela literatura [8-10], por ser este um cisalhamento baixo,

próximo ao praticado no reservatório. Os ensaios foram inicialmente feitos em

condições padrão de água destilada e 25º C e depois nas condições do reservatório

alvo com água de injeção e 50º C.

4.3.2.10 Ensaio de estabilidade em reservatório

Foi realizado um teste de estabilidade da solução polimérica em condições do

reservatório alvo, ou seja, foi feito o reograma do polímero na água de injeção e

43

temperatura do campo (50ºC) e no cisalhamento de 7,3 s-1, considerado pela

literatura como típico de reservatório utilizando o viscosímetro Brookfield LVT/ULA.

4.3.2.11 Ensaio de degradação mecânica

Ensaios de degradação mecânica (cisalhamento) conforme a Norma API foram

também realizados. As soluções poliméricas foram submetidas a um fluxo (altas

vazões) pressurizado através de um tubo capilar em diferentes velocidades,

variando-se as pressões de injeção, conforme esquema da Figura 14. Como a

velocidade do teste é muito alta, acima da vazão máxima da bomba do teste de

fluxo, a norma recomenda o uso de gás (nitrogênio) para empurrar a solução

polimérica contido na garrafa, forçando-a a passar pelo capilar em velocidades muito

altas. O cisalhamento foi então calculado em função do diâmetro do capilar e das

vazões: cisalhamento = 4 x vazão / ( π x (raio do capilar)3 ). Através da monitoração

da viscosidade Brookfield LVT/ULA antes e depois do fluxo, levantou-se uma curva

de percentagem de queda da viscosidade em função do cisalhamento. Um

procedimento similar foi feito para determinar a degradação mecânica durante o

escoamento no meio poroso.

Figura 14: Esquema dos equipamentos usados no teste de degradação ao

cisalhamento [11]

44

4.3.2.12 Determinação da concentração de polímero em solução

A determinação da concentração de polímero (PHPA) nos efluentes dos testes de

fluxo foi realizada usando o método turbidimétrico conforme Norma API [11]. Neste

método, o polímero reage com o hipoclorito de sódio resultando em um precipitado

insolúvel que turva a solução permitindo a determinação da concentração do

polímero por turbidimetria utilizando o Espectrofotômetro HP 8452 A.

4.3.3 Determinação da concentração de iodeto de potássio em solução

A determinação de concentração do iodeto de potássio, usado como substância

traçadora, foi realizada pelo método potenciométrico, nos efluentes dos testes de

fluxo com e sem a presença de polímero.

4.3.4 Ensaios de avaliação da interação polímero-reservatório

Os ensaios de interação (Tabela V) polímero-reservatório envolveram: 1) a análise

da adsorção estática, e 2) a simulação física do deslocamento de fluido em meios

porosos. Nos dois casos foi necessário fazer uma preparação da rocha reservatório

a ser usada.

Tabela V: Testes de interação rocha–fluidos

PARÂMETRO ANÁLISE MÉTODO

Adsorção estática1

Adsorção físico-química Espectrofotômetria / Gravimetria Norma API [11]

1Dispersão

2 Retenção mecânica

3Adsorção físico-química

4Volume poroso inacessível

Sistema de Fluxo Norma API [11]

ETAPA

Interação polímero -

reservatório Simulação física

A adsorção estática é feita com a rocha reservatório original para preservar as

características litológicas da mesma, porém no estado desagregado. A

desagregação da rocha é feita usando um equipamento específico chamado

“moinho de mandíbula” que separa os grãos, mantendo sua integridade. Após a

desagregação a norma recomenda uma separação granulométrica para remover o

45

material muito fino, denominado silte, que é conseqüência da desagregação do

cimento natural que une os grãos e pode prejudicar a análise. A modelagem física

em laboratório, ou seja, os testes de fluxo em meio poroso são feitos para

determinação dos parâmetros de interação rocha-fluidos em condições dinâmicas

similares às que ocorrem na recuperação. Estes testes são feitos em amostras do

reservatório coletadas na fase de perfuração dos poços numa operação denominada

de “testemunhagem”. Pelas dificuldades de se trabalhar com amostras preservadas,

a comunidade científica trabalha com a amostra reconstituída como no caso desta

Tese. Neste caso a amostra de rocha, após a sua coleta em campo, é submetida a

uma limpeza do óleo e do sal num extrator soxhlet, utilizando tolueno e metanol,

respectivamente (Norma API – RP 40). Depois de secas, as amostras são

submetidas à determinação da permeabilidade absoluta ao ar (N2) e porosidade. As

amostras, de aproximadamente cinco centímetros cada, são separadas em grupos

de acordo com as propriedades permoporosas mais próximas. Em seguida,

determina-se a ordem mais conveniente desta série de amostras, baseada numa

série harmônica [76]. A amostra ou série de amostras selecionada é então

encapsulada com resina do tipo epóxi ou em camisa de aço como no caso desta

Tese, conforme mostrado na Figura 15. Nesta condição (encapsulada), determina-se

a permeabilidade absoluta ao ar (N2) e a porosidade da amostra ainda seca. As

amostras são saturadas com água de formação e depois com óleo, quando são

determinadas a permeabilidade absoluta à água (100% água) e efetiva ao óleo

(água e óleo). Neste momento, a amostra representa a condição inicial do

reservatório onde temos o óleo na saturação de óleo inicial (Soi) e água na

saturação de água conata ou inicial (Swi).

Adsorção estática

Uma vez que não é possível a determinação da adsorção físico-química a partir do

efluente do teste de fluxo devido ao caráter de reversibilidade deste fenômeno, ou

seja, ele ocorre (adsorção e desorção) em tempo real durante a passagem do

banco, é comum fazer-se o teste de adsorção estática para ter uma idéia deste

parâmetro. O teste de adsorção estática foi feito de acordo com a Norma API [11].

Nesse teste, amostras de rochas inconsolidadas e previamente secas foram

colocadas em contato com a solução polimérica e, após um tempo de equilíbrio, a

46

concentração final da solução foi medida e comparada com a concentração inicial. A

adsorção físico-química foi então calculada (em microgramas de polímero por grama

de rocha) pela razão entre a diferença das concentrações inicial e final pela massa

total de rocha utilizada. O procedimento foi feito utilizando-se soluções poliméricas

de diferentes concentrações, possibilitando a construção de uma curva de adsorção

em função da concentração. Os dados obtidos foram então ajustados pela isoterma

de Langmuir que é o modelo matemático mais conhecido e aceito para representar o

fenômeno e sua reversibilidade. As concentrações foram medidas por

Espectrometria [11] e as amostras de rocha e de solução polimérica foram medidas

ao longo do método por gravimetria.

Simulação física

Foram realizados vários testes de fluxo, usando a Norma API [11], para calcular

apenas a dispersão no caso das substâncias traçadoras e calcular a dispersão, a

adsorção física, a retenção mecânica e o volume poroso inacessível no caso das

soluções poliméricas. Nestes testes foram reproduzidas em escala reduzida de

laboratório as condições do reservatório alvo, ou seja, tipo de rocha, tipos de fluidos

(água e óleo) e condições termodinâmicas de temperatura e pressão. As soluções

de traçador e de polímero foram injetadas no meio poroso em diferentes vazões e

concentrações. Foram realizadas medições de pressão e vazão em tempo real e a

avaliação de concentração, viscosidade e pH no efluente após o teste. A partir do

perfil de concentração, calculou-se a dispersão, a adsorção físico-química, a

retenção mecânica e o volume poroso inacessível.

Os testes de fluxo foram realizados em um sistema de fluxo (Figura 16) onde uma

bomba de vazão constante injeta os fluidos de interesse selecionados através de um

jogo de válvulas. O(s) fluido(s) injetado(s) percorre(m) o modelo físico reduzido do

reservatório que fica confinado em uma camisa de aço que simula a pressão das

camadas superiores. Os parâmetros pressão, vazão e temperatura são monitoradas

ao longo do teste e o efluente é coletado para posterior análise.

47

Figura 15: Foto da camisa de aço (Core Holder) para encapsulamento ou

confinamento da amostra de rocha reservatório

Figura 16: Foto dos equipamentos usados nos testes de escoamento em meios

porosos.

48

4.3.5 Seleção dos elementos para a elaboração do modelo matemático

O primeiro passo na elaboração de um modelo matemático diz respeito à seleção

dos elementos de contribuição significativa para o fenômeno que se pretende

simular. A Figura 17 apresenta uma relação desses elementos, com base na revisão

bibliográfica realizada. Os modelos matemáticos descritos na literatura não

consideram a adsorção de forma adequada nem o volume poroso inacessível, os

quais estão diretamente relacionados à influência da presença de macromoléculas

no fluido, bem como a sua massa molar e conformação. A descrição de cada um dos

quatro elementos selecionados já foi apresentada no item Revisão Bibliográfica.

Neste item serão mostrados os efeitos de cada um dos fenômenos no perfil de

concentração final obtido na saída do meio poroso.

Causa Efeito

1

2

3

4

Retenção mecânica

Consome o banco irreverssível

Volume poroso inacessível

Adianta o banco Reduz o volume poroso

DispersãoEspalha o banco zona de transição

Adsorção físico-química

Atrasa o banco reversível

Figura 17: Esquema dos fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos

poliméricos para recuperação de petróleo

No deslocamento de macromoléculas em meios porosos, os principais fenômenos

associados ao fluxo, ou, em outras palavras, à convecção, além da dispersão, são a

adsorção físico-química, a retenção mecânica e o volume poroso inacessível, os dois

primeiros fenômenos são comuns a qualquer produto, já os dois últimos são típicos

49

de macromoléculas como é o caso dos polímeros usados em recuperação de

petróleo.

1) Dispersão - é típico do escoamento em meios poroso e depende da rocha e dos

fluidos. O meio poroso funciona como um difusor criando uma “zona de transição”

entre a solução injetada original e o solvente. O efeito final da dispersão é o

espalhamento do banco, ou seja, ele cria uma zona de transição entre o banco da

solução polimérica e o solvente, resultando no adiantamento do tempo de irrupção

do banco, na redução do tamanho do pico do perfil de concentração e atraso no

tempo de chegada desse pico.

2) Adsorção físico-química – também conhecido como fenômeno de troca iônica,

depende da afinidade eletroquímica entre o produto e a rocha reservatório. Este é

um fenômeno de superfície, reversível e dependente da concentração. O efeito final

da adsorção físico-química é o atraso do banco de polímero.

3) Retenção mecânica - é função do tamanho relativo entre as moléculas de

polímero e as gargantas de poros do reservatório. O efeito final da retenção é uma

diminuição da massa total injetada.

4) Volume poroso inacessível – é típico de escoamento de macromoléculas em

meios porosos. As moléculas maiores não conseguem entrar nos poros menores,

chamados então de volume poroso inacessível, cujo efeito final é a redução do

volume poroso útil para o banco de polímero com conseqüente redução do tempo de

chegada da frente.

50

4.3.6 Seleção das equações matemáticas

Três equações foram selecionadas para a elaboração do modelo matemático a ser

aplicado nos ensaios de simulação, uma vez que, apesar de cada uma delas

descrever de modo satisfatório os comportamentos a que se propõem, nenhuma

delas, isoladamente, é satisfatória para descrever o deslocamento de fluido

polimérico em meio poroso. As três equações selecionadas foram: (1) equação de

difusão e convecção convencional; (2) isoterma de Langmuir; e (3) equação do

termo fonte.

A equação matemática selecionada como ponto de partida para o desenvolvimento

do modelo foi a equação de difusão e convecção convencional (Equação 7), que é

uma equação diferencial parcial que descreve o transporte de uma substância (o

soluto) conservativa e não-reativa em um fluido de densidade e viscosidade

constantes.

0=∂∂−

∂∂

+∂∂

xC Ea

xC u

tC

2

2

ϕϕ (7)

Nesta equação, C é a concentração do soluto, u/φ é a velocidade intersticial, e Ea é

o coeficiente de dispersão axial. O fluxo total da substância em solução considera

dois fenômenos: a convecção, representada pelo termo que contém a velocidade

intersticial, e a dispersão, por meio do termo que contém o coeficiente de dispersão.

A convecção relaciona-se ao deslocamento global do fluido, causado por um

gradiente de pressão.

Geralmente, soluções da equação de difusão-convecção para fluxo linear são

satisfatórias para descrever deslocamento miscível de água por um banco de

solução de algum produto químico em modelos de laboratório, desde que não ocorra

adsorção do soluto na rocha ou reação de consumo do mesmo com a água ou com

a rocha, isto é, a equação, nesta forma, não é adequada para o caso de fluidos

contendo polímero.

51

A Equação 7, assim constituída, é bem conhecida e tem solução analítica (exata). A

isoterma de Langmuir (Equação 6) é um modelo simples, baseado na teoria da

adsorção da camada monomolecular e com uma grande concordância com a grande

maioria das isotermas experimentais. Esta equação representa o fenômeno da

adsorção física ou reversível e será usado nesta Tese para descrever este

fenômeno porque, além de ser a equação mais bem aceita das isotermas

experimentais usadas para descrever o fenômeno da adsorção de uma forma geral,

esta se ajusta muito bem à isoterma típica de adsorção obtida experimentalmente

para polímero (poliacrilamida) em meios porosos [48].

A equação do termo fonte (Equação 8) é função da concentração e é adequada para

descrever a adsorção irreversível. O termo fonte é função da concentração da

solução em condições termodinâmicas constantes. A função f(C) pode assumir

diferentes valores de acordo com as características do fenômeno em estudo e ser

determinado experimentalmente através de práticas laboratoriais relativamente

simples.

)(CfK tC

−=∂∂ (8)

A equação de difusão e convecção convencional acrescida dos termos da isoterma

de Langmuir e do termo fonte (Equação 9) foi matematicamente solucionada como

parte do desenvolvimento desta Tese, o que está descrito no item Resultados e

Discussões.

)()()1( CfKtCNAmr

xC Ea

xC u

tC

2

2

−=∂

∂−+

∂∂−

∂∂

+∂∂

ϕϕρ

ϕϕ (9)

52

4.3.7 Implementação do simulador

Uma vez delineado o método matemático devidamente solucionado, foi

desenvolvida uma ferramenta computacional (Simulador) em Delphi, que considera

os elementos listados na Tabela VI.

Tabela VI: Parâmetros de entrada do simulador

# Parâmetro Símbolo Unidade (SI)

1 Diâmetro D m

2 Comprimento L m

3 Porosidade φ Fração

4 Massa específica da rocha ρr kg/m3

5 Vazão de injeção Q m³/s

6 Concentração do banco Cb kg/m3

7 Concentração irrelevante Cff kg/m3

8 Volume do banco Vb % volume poroso

9 Volume poroso injetado total VPI % volume poroso

10 Coeficiente de dispersão axial Ea m2/s

11 Constante de adsorção Ke m3/kg

12 Adsorção máxima No kg/Kg

13 Constante do termo fonte Kr (kg/m3)1-m/s

14 Ordem termo fonte m .................

4.3.8 Validação do simulador

A validação do simulador foi realizada em quatro etapas: (1) avaliação qualitativa

dos fenômenos de acordo com as hipóteses preliminares; (2) calibração do modelo

com soluções analíticas parciais; (3) calibração do modelo com resultados

experimentais de teste de fluxo com substâncias traçadoras.

53

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste item serão apresentados os resultados da caracterização do reservatório e a

pré-seleção do polímero para os ensaios de fluxo em meios porosos. O

desenvolvimento do modelo matemático, sua validação, calibração, aplicação em

ensaios de fluxo em meio poroso com substâncias traçadores e com as soluções

políméricas completam este capítulo.

5.1 Caracterização do reservatório A caracterização do reservatório foi feita usando critérios básicos definidos pela

literatura [8,9,27]. Estes critérios variam um pouco dependendo da fonte de onde

eles são extraídos. A primeira coluna da Tabela VII apresenta os parâmetros a

serem avaliados, e a segunda, o valor médio destes critérios citados na literatura

mencionada. A terceira coluna apresenta os valores destes parâmetros relativos ao

reservatório alvo desta Tese, localizado no Nordeste Brasileiro. Como podemos

observar na Tabela VII, o reservatório selecionado não é um candidato ideal, porém

apresenta-se dentro dos limites de aceitação para a aplicação de injeção de

polímero para recuperação de petróleo.

Para o método de injeção de polímeros, a temperatura e a salinidade são os dois

principais parâmetros limitantes, pois, acima de certos valores, o polímero pode

sofrer degradações térmica e salina e colocar em risco o sucesso da operação. As

características do óleo (viscosidade e grau API) também são importantes para a

seleção adequada do polímero a ser injetado, mediante a correção de viscosidade

que se pretende alcançar. Outros parâmetros importantes são a saturação de óleo

remanescente, que tem que estar acima de um valor mínimo, e a razão de

mobilidade (ou viscosidade) água/óleo, a qual será ajustada através da adição do

polímero na fase aquosa, permitindo o aumento da eficiência de varrido e, por

conseqüência, a recuperação de óleo [6-10]. Esta atuação será tão mais eficiente

quanto maior for a razão de mobilidade do campo antes da aplicação do polímero.

54

Tabela VII: Caracterização do reservatório alvo desta Tese

# Parâmetros - Literatura Reservatório alvo Resultado

1 Temperatura (°C) máx 80 50 bom

2 Salinidade total (ppm) máx 50.000 30.000 bom

3 Viscosidade óleo (cp) máx 80 50 bom

4 Grau API (óleo) mín 25 22 razoável

5 Saturação de óleo móvel (%) mín 10 32,2 bom

6 Permeabilidade (mD) mín 100 100 bom

7 Razão de Mobilidade água/óleo mín 1 21 bom

8 Tipo de Rocha - arenito arenito bom

9 Heterogeneidade - baixa alta ruim

10 Teor argilas (%) - baixo alto ruim

11 Capa de gás - inexistente inexistente bom

12 Aquífero natural - inexistente inexistente bom

13 Fraturas naturais - inexistente inexistente bom

As características do reservatório, tais como tipo de rocha, permeabilidade, ausência

de capa de gás, de aqüíferos e de fraturas naturais, devem estar dentro do

recomendado pela literatura [8,9,27] para este tipo de processo. O alto teor de

argilas pode aumentar sensivelmente a adsorção físico-química do polímero na

rocha, gerando um aumento de pressão e, em casos extremos, podendo levar ao

entupimento do reservatório [8-10]. Este problema pode ser eliminado, ou

minimizado, através dos testes de laboratório para adequação do polímero às

condições da rocha. A heterogeneidade muito alta é uma preocupação em todos os

métodos de recuperação avançada, particularmente no caso de polímeros, onde se

busca uma melhoria da eficiência de varrido [5-10, 25-27].

Portanto, a injeção de polímero, assim como os demais métodos de recuperação

avançada, exigem que alguns critérios básicos sejam atendidos para que o processo

obtenha sucesso.

No caso do reservatório alvo desta Tese, três parâmetros ficaram fora da

especificação. Destes três parâmetros o que mais preocupa é o alto teor de argila

que pode resultar numa alta adsorção físico-química e aumentar demasiadamente a

pressão do reservatório, levando a uma perda de injetividade que venha a

55

comprometer o processo tanto do ponto de vista operacional como técnico. Apesar

disto, as características da rocha reservatório selecionada satisfazem às condições

necessárias para ensaios de fluxo em meio poroso.

5.2 Caracterização e seleção do polímero

Por uma questão de mercado (custo e disponibilidade), nesta Tese, optou-se por

trabalhar com um polímero sintético, mais especificamente com a poliacrilamida

parcialmente hidrolisada (PHPA) aniônica, que corresponde ao produto usado em

mais de 95% das aplicações mundiais. Por uma questão de facilidade de manuseio,

foi selecionada, para todas as amostras, a forma física seca (pó) e a carga aniônica,

para reduzir a adsorção físico-química na rocha reservatório, conforme sugestão da

literatura [5-11,24-27]. Para garantia da reprodução dos resultados optou-se por

solicitar amostras oriundas de um único fabricante, no caso a Floerger (França),

reconhecido no mercado por ter uma linha de produtos especifica para a

recuperação de petróleo [78]. Os polímeros adquiridos foram caracterizados para,

com base nessas características, ser selecionada uma amostra para a realização

dos ensaios de fluxo em meios porosos para validação modelo matemático. A

Tabela VIII apresenta os resultados da caracterização das amostras de PHPA

adquiridas para esta Tese. Estes resultados confirmaram os valores fornecidos pelo

fabricante.

Tabela VIII: Caracterização das amostras de PHPA

Amostras de

Flopaam

Matéria ativa (%)

Grau de hidrólise

(%)

Massa molar

(g/mol)

Teor de água (%)

Estabilidade à temp. (oC) (*)

PH (1%, 25ºC)

Viscosidade intrínseca (mL/g) (**)

2030S >99 25 5,00E+05 <1 160 7,5 - 2130S >99 25 3,00E+06 <1 160 7,5 - 2230S >99 25 5,00E+06 <1 160 7,5 -

3230S >99 30 5,00E+06 <1 160 7,5 10 0430S >99 10 1,00E+07 <1 160 7,5 - 2435S >99 25 1,20E+07 <1 160 7,5 -

2630S >99 25 1,60E+07 <1 160 7,5 - (*) Temperatura do início da degradação obtida em TGA (curvas no Anexo 1). (**) Os valores das constantes K e a, 6.75E-05 e 0.830, respectivamente foram retirados da Norma API RP 63 1990 [11].

56

Os polímeros apresentaram teores de matéria ativa de 99 %, confirmando a alta

qualidade dos produtos, compatíveis com a utilização em reservatório de petróleo.

Os resultados de grau de hidrólise e massa molar mostram que as amostras

apresentam características distintas as quais serão avaliados através do

comportamento reológico de suas soluções. A qualidade ou homogeneidade de

todas as soluções usadas foi verificada através do teste de filtrabilidade (Norma API)

[11]. A Figura 18 apresenta os resultados do teste de filtrabilidade de soluções de

1000 ppm do polímero de mais alta massa molar (Flopaam 2630) e do polímero de

mais baixa massa molar (Flopaam 2030) e da água destilada como referência. Estes

polímeros apresentaram soluções homogêneas sem resíduos insolúveis, ou seja, de

boa qualidade através de uma curva de pressão ligeiramente crescente com o tempo

sem saltos ou tortuosidades abruptas. Este procedimento foi seguido em todas as

amostras como um pré-condicionamento para as demais análises. As soluções

poliméricas dos demais polímeros também apresentaram soluções homogêneas

sem resíduos insolúveis com curvas localizadas entre a de mais alta e a de mais

baixa massa molar (Figura 18).

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

Tempo (h)

Pres

são

(kPa

)

Água destilada - 0 ppm polímero

Água de injeção - 1000 ppm: alta MM - Flopaam 2630S

Água de injeção - 1000 ppm: baixa MM - Flopaam 2030S

Figura 18: Resultado de testes de filtração das soluções de polímeros Flopaam 2630

(alta massa molar) e Flopaam 2030 (baixa massa molar) e da água destilada a 25oC.

57

A Figura 19 apresenta a variação do índice de consistência (Equação 1) em função

de concentração para soluções aquosas do polímero preparada com PHPA de

diferentes massas molares e graus de hidrólise. As análises foram realizadas a 25ºC

e taxa de cisalhamento de 7,3 s-1, em viscosímetro Brookfield LVT-ULA. O valor de

7,3 s-1, utilizado para taxa de cisalhamento segue a recomendação da literatura [8-

10], por ser este um cisalhamento próximo daquele que ocorre no fluxo em

reservatório. Analisando somente as curvas das soluções dos polímeros com grau de

hidrólise de 25%, observa-se, como esperado [8-10], que o índice de consistência

aumenta mais acentuadamente com o aumento da concentração para amostras de

massa molares mais elevadas. Comparando-se as soluções de polímero de mesma

massa molar (5x106 g/mol) e graus de hidrólise distintos, 30% e 25%,

respectivamente Flopaam 3230S e Flopaam 2230 S, observa-se que são alcançados

valores mais elevados de viscosidade, para uma mesma concentração, para a

amostra com maior grau de hidrólise, como conseqüência da maior intensidade de

repulsão eletrostática no novelo polimérico que induz a um aumento mais acentuado

do volume hidrodinâmico da molécula [8-10,24-26].

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 200 400 600 800 1000 1200Concentração (ppm)

Índi

ce d

e C

onsi

stên

cia

(cP)

Flopaam 2030-S (MM = 500 mil, GH = 25%)

Flopaam 2130-S (MM = 3 milhões, GH = 25%)

Flopaam 0430-S (MM = 10 milhões, GH = 10%)

Flopaam 2230-S (MM = 5 milhões, GH = 25%)Flopaam 3230-S (MM = 5 milhões, GH = 30%)

Flopaam 2435-S (MM = 12 milhões, GH = 25%)

Flopaam 2630-S (MM = 16 milhões, GH = 25%)

Figura 19: Reologia de PHPA em água destilada, a 25oC (cisalhamento= 7,3 1/s -

viscosímetro Brookfield LVT/ULA), em função da massa molar e do grau de hidrólise

58

Uma vez que o valor de viscosidade é de extrema importância para as operações de

injeção de fluidos aquosos em reservatórios de petróleo e que esta varia em função

de diferentes parâmetros (tais como, massa molar, grau de hidrólise e concentração),

foi feito um ajuste matemático utilizando os dados da Figura 19. Apesar do número

de experimentos ser pequeno para se fazer um ajuste matemático preciso, o ajuste

linear entre os três parâmetros de forma simultânea dá uma idéia dos pesos relativos

destes parâmetros sobre o valor final da viscosidade. Essa indicação é dada pelo

valor dos coeficientes da Equação 10, que representa um ajuste linear da

viscosidade (μ) em relação à massa molar (MM), grau de hidrólise (GH) e

concentração (C). Pode-se notar que a massa molar é o parâmetro de maior peso no

valor final da viscosidade seguido do grau de hidrólise e, por fim, da concentração.

Esta análise confirma a importância da fase de especificação/seleção do polímero

adequado para os processos de campo.

μ = 24,02 MM + 12,57 GH + 0,43 C - 480,15 (10)

A partir dos dados apresentados foi feita uma pré-seleção do polímero a ser usado

nos testes de fluxo nas condições do reservatório alvo já selecionado. Como o tipo

de produto (PHPA), a carga iônica (aniônica), a forma física (pó) e o fornecedor

(Floerger) já estavam selecionados, restava escolher ainda o grau de hidrólise e a

massa molar. Com relação à massa molar, em princípio, quanto maior for esse valor,

maior será a viscosidade do fluido com menor consumo de polímero. Entretanto, a

faixa geralmente usada em operações de injeção de fluido em reservatório de

petróleo é de 1x106 a 30x106 g/mol [9]. A seleção do valor aproximado de massa

molar mais indicado para uma operação pode ser baseada no valor de

permeablidade média da rocha reservatório em questão. De um modo relativamente

simples, é fácil imaginar que meios porosos com valores de permeabilidade muito

baixos, o que, de certa forma, está relacionado ao tamanho dos poros, podem ser

parcial ou completamente bloqueados (trapeamento mecânico) por moléculas de

polímeros que apresentem massas molares muito elevadas, por exemplo, no valor

limite da faixa apresentada anteriormente (30x106 g/mol). Por esse motivo, as

amostras de Floopam apresentando massas molares ≥ 10 milhões g/mol estão

descartadas, apesar dos altos valores de viscosidade atingidos. Dentre as quatro

59

amostras restantes, a que apresenta maior valor de viscosidade, para uma mesma

concentração, é a Flopaam 3230S, com valor de grau de hidrólise de 30%. A partir

desta avaliação, a Flopaam 3230S foi pré-selecionada para a realização dos ensaios

de fluxo em meio poroso, uma vez que o valor de 30% de grau de hidrólise é o limite

de ganho de viscosidade em função do aumento do grau de hidrólise, como descrito

na literatura [41] (Figura 7). Deste modo, não foi necessária a solicitação de

amostras de PHPA adicionais para dar continuidade ao processo de pré-seleção do

polímero.

A partir desta pré-seleção, a amostra de Flopaam 3230S foi submetida a outros

ensaios mais específicos de caracterização e comportamento reológico e de

interação rocha-fluido. Caso algum comportamento/característica encontrado para o

polímero pré-selecionado não satisfaça os requisitos necessários para injeção do

fluido, o estudo deverá retornar a esta etapa de pré-seleção. Assim, os resultados

dos testes apresentados a seguir, que avaliam a influência da temperatura, da

presença de íons e do cisalhamento sobre a viscosidade da solução, e que

complementam a caracterização do polímero, foram realizados somente para a

amostra Flopaam 3230S, a que foi pré-selecionada.

A Figura 20 mostra a estabilidade da solução de polímero em água destilada em

relação à temperatura: 25º C (condição padrão) e 50º C (temperatura do reservatório

alvo). Ensaios na temperatura de 50ºC devem ser realizados, pois esta corresponde

à temperatura do reservatório onde a solução polimérica será injetada. Os resultados

mostram que a viscosidade da solução cai ligeiramente (14%) com o aumento da

temperatura, entretanto essa variação pode influenciar o resultado da operação de

campo. Por isso, todos os ensaios realizados posteriormente foram a 50ºC.

Devido às características do reservatório alvo, faz-se necessário avaliar o

comportamento da solução polimérica, não só na temperatura de 50ºC, como

também na presença de íons presentes na água de injeção para manter o equilíbrio

iônico no meio. Apesar da água de formação possuir outros íons, tais como cálcio e

magnésio, o íon sódio é o que está presente em maior quantidade.na água de

injeção. Ensaios de viscosidade em função da concentração foram realizados para a

solução de Flopaam 3230S em água pura e em água de injeção a 50ºC.

60

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 200 400 600 800 1000 1200

Concentração (ppm)

visc

osid

ade

apar

ente

(cP)

Água destilada, 25°C

Água destilada, 50°C

Figura 20: Reologia do polímero Flopaam 3230S em água destilada, a 25ºC e 50ºC

(cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro Brookfield LVT/ULA)

A Figura 21 mostra o comportamento da viscosidade em função da concentração

para soluções do polímero Flopaam 3230S nas condições do reservatório alvo,

comparado às condições padrão. Pode-se observar que o sistema nas condições do

reservatório alvo apresenta valores de viscosidade muito inferiores àqueles obtidos

em condições padrão. Esta queda sofre certa interferência do aumento da

temperatura, como observado na Figura 20, entretanto, a maior contribuição para a

queda acentuada reside na presença dos íons na água de injeção, os quais

interagem com as cargas negativas presentes ao longo da cadeia do polímero,

neutralizando o efeito de expansão macromolecular [8-10].

61

0

30

60

90

120

150

180

210

0 200 400 600 800 1000 1200

Concentração (ppm)

Visc

osid

ade

apar

ente

(cP) Condição padrão: água destilada, 25°C

Condição reservatório: água injeção, 50°C

Figura 21: Reologia do polímero Flopaam 3230S em condições do reservatório alvo,

água de injeção e 50oC (cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro LVT/ULA)

Após a avaliação da influência da temperatura e da salinidade, o terceiro fator mais

importante é a degradação ao cisalhamento. Esta degradação ocorre em duas

situações distintas: 1) quando o polímero escoa da superfície até a chegada no meio

poroso; e 2) quando o polímero é submetido ao fluxo em meios porosos com suas

tortuosidades e estrangulamentos nas gargantas de poros. A primeira etapa

representa a perda de viscosidade devido ao rompimento das cadeias poliméricas

causado pelo esforço mecânico de estiramento durante o escoamento, levando-se

em conta a passagem da solução por pontos de restrição, tais como bombas e

válvulas. A degradação em linha foi avaliada em laboratório submetendo a solução

polimérica a um fluxo (altas vazões) pressurizado, em um tubo capilar em diferentes

velocidades, variando-se a pressão. A degradação em meio poroso foi feita com

vazões típicas de reservatório (vazões baixas), durante os testes de escoamento em

meios porosos e os resultados serão apresentados juntamente com os resultados

dos testes de fluxo no final (item 5.7.3, página 118). A Figura 22 apresenta os

resultados de viscosidade em função da taxa de cisalhamento, para soluções

poliméricas de Flopaam a 1000 ppm em água de injeção e a 50ºC, previamente

submetidas a diferentes condições de cisalhamento em tubo capilar a 25ºC.

62

Observa-se que a perda de viscosidade pode ser considerada desprezível, mesmo

quando a solução foi submetida a taxas de cisalhamento tão elevadas quanto

165.000 s-1, significando que o comportamento do polímero também foi satisfatório

em relação a mais esta característica.

0,1

1

10

100

0,1 1 10 100Taxa de Cisalhamento (1/s)

Visc

osid

ade

(cP)

Solução originalCisalhamento (1/s) = 51.029Cisalhamento (1/s) = 85.752Cisalhamento (1/s) = 109.765Cisalhamento (1/s) = 165.092

Figura 22: Degradação mecânica do polímero Flopaam 3230S, 1000 ppm, quando

submetido à passagem em restrições de linhas e válvulas em 25oC

(Viscosidade: 7,3 1/s - viscosímetro LVT/ULA, 50ºC)

Após a avaliação do polímero em relação às estabilidades térmica, salina e

mecânica (cisalhamento), é necessário avaliar a interação do polímero com o

reservatório. A literatura [5-10,24-29] é unânime ao considerar a importância da

adsorção de uma forma global no processo de injeção de polímero para recuperação

de petróleo. Este é o principal parâmetro de controle do processo e precisa,

portanto, ser conhecido e quantificado previamente em laboratório para garantir as

etapas de dimensionamento / acompanhamento / avaliação. A adsorção

propriamente dita se divide em retenção mecânica (irreversível) e adsorção físico-

química (reversível). A adsorção irreversível, relacionada aos tamanhos relativos da

molécula de polímero e das gargantas de poro, é facilmente determinada através do

balanço mássico do banco de polímero num teste de fluxo convencional. Já a

adsorção físico-química, ligada às naturezas química e físico-química do polímero e

63

da rocha, não é fácil de ser medida experimentalmente em testes de fluxo [8-10] e,

por isso, vem sendo um ponto de ataque da literatura. Alguns autores sugerem a

determinação de forma estática [9]. Seguindo esta tendência, nesta Tese, o primeiro

parâmetro de interação rocha fluido avaliado foi a adsorção físico-química ainda em

condições estáticas. A solução de Flopaam 3230S foi avaliada quanto à adsorção

físico-química, em dois tipos de rocha, em função da concentração. O ensaio

realizado foi do tipo estático, tendo sido obtidos três pontos para o reservatório alvo

e somente um ponto para a rocha Berea [9]. As amostras de rochas inconsolidadas

e previamente secas foram colocadas em contato com a solução polimérica e, após

um tempo de equilíbrio, a concentração final da solução foi medida e comparada

com a concentração inicial [11].

A Figura 23 apresenta os resultados experimentais e as respectivas curvas

ajustadas pela equação de Langmuir. Pode-se notar que a equação de Langmuir

ajusta-se bem aos pontos experimentais mostrando a adequação deste modelo para

representar este tipo de fenômeno que ocorre no reservatório alvo. A isoterma

referente ao afloramento Berea foi traçada por esta rocha ser considerada e adotada

por vários autores como uma referência para representar rocha reservatório

homogênea e razoavelmente limpa em termos do teor de argila [5-10]. A faixa de

adsorção encontrada, em geral, para os reservatórios também é evidenciada na

Figura 23 na concentração de 1000 ppm de solução, para servir de referência [9]. A

curva de adsorção físico-química, obtida com base método estático [11] para o

polímero Flopaam 3230S no reservatório alvo, está um pouco acima da curva do

mesmo polímero no afloramento Berea e encontra-se na extremidade superior da

faixa descrita pela literatura [9], indicando que, provavelmente, os valores da

adsorção físico-química a serem ajustados no teste de fluxo também deverão ser

altos.

O grande esforço de vários autores em investigar este tipo de análise, como

demonstrado pela literatura [5-11, 25-27], deve-se ao fato de se acreditar que seja

possível, através da normalização pela área superficial, aplicar para rocha

consolidada o valor de adsorção encontrado para a rocha inconsolidada. Este

artifício seria de grande utilidade mediante a dificuldade de se levantar a Isoterma de

Langmuir em condição de fluxo, devido ao caráter reversível da adsorção físico-

64

química e/ou à presença de volume poroso inacessível [8-10]. Porém, devido ao erro

na determinação da área superficial, esta metodologia não satisfaz às necessidades

de campo. Espera-se, como desenvolvimento desta Tese, atender a tais

necessidades de modo mais preciso.

Qualitativamente existe uma correlação entre o alto teor de argila mencionado na

Tabela VII (página 54) para o reservatório alvo e o alto valor de adsorção físico-

química encontrada nesta análise de adsorção estática

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Concentração (ppm)

Ads

orçã

o ( μ

g/g)

Berea

Reservatório alvo

Faixa da literatura para adsorção estática [9]

Figura 23: Adsorção estática do polímero Flopaam 3230S na rocha desagregada do

reservatório alvo

Uma vez que a amostra Flopaam 3230S será utilizada nos ensaios em meio poroso,

outras informações mais específicas desta amostra foram obtidas do fabricante [78].

A Tabela IX apresenta as propriedades físico-químicas do polímero Flopaam 3230S.

Estas propriedades são importantes para o manuseio correto do produto nas etapas

de transporte, estocagem e preparo da solução polimérica em laboratório e em

campo.

65

Tabela IX: Propriedades físico-químicas do polímero Flopaam 3230S [78]

Parâmetro físico-químico Valor Aspecto pó branco Odor sem cheiro Granulometria (mesh) 10 - 100 mesh Densidade aparente (g/cm3) 0,65

5,0 g/L ……1200 2,5 g/L…… 450 Viscosidade Brookfield (LVT, 30 rpm, 25o C) (cP) 1,0 g/L..……180

Dissolução máxima (ppm) 10000 Concentração usual de solução estoque (ppm) 5000 Tempo de dissolução (minutos) 60 Estabilidade do pó a 25oC (*) (dias) 360 Estabilidade da solução em água deionizada (dias) 10 (*) A poliacrilamida na forma de pó é higroscópica e por isso deve ser estocada em locais secos com temperatura abaixo de 35ºC

66

5.3 Modelo matemático

Como descrito no item 4.3.6 a equação matemática selecionada como ponto de

partida para o desenvolvimento do modelo foi a equação de difusão e convecção

convencional (Equação 7). Esta equação é bem conhecida e tem solução analítica

(exata).

0=∂∂−

∂∂

+∂∂

xC Ea

xC u

tC

2

2

ϕϕ (7)

onde se tem:

1) tC

∂∂ - termo variação temporal;

2) xC u

∂∂

ϕ - termo convectivo;

3) xCEa

2

2

∂∂

ϕ - termo da dispersão;

O modelo matemático escolhido para descrever os fenômenos envolvidos no

deslocamento de um banco de solução polimérica em meios porosos é a equação

clássica de difusão e convecção acrescida de dois termos: 1) a isoterma de Langmuir

e 2) um termo fonte (Equação 9).

)()()1( CfKrtCNAmr

xCEa

xC u

tC

2

2

−=∂

∂−+

∂∂−

∂∂

+∂∂

ϕϕρ

ϕϕ (9)

onde se tem:

1) tC

∂∂ - termo variação temporal;

2) xC u

∂∂

ϕ - termo convectivo;

3) xC Ea

2

2

∂∂

ϕ - termo da dispersão;

67

4) tCNAmr

∂∂− )()1(

ϕϕρ - isoterma de Langmuir;

).1(..)(

CKeCKeNoCN

+=

5) )(CfKr - termo fonte; mCCf =)(

O modelo adotado nesta Tese é então representado por uma equação diferencial

parcial do tipo parabólica, não-homogênea, não-linear e com termo de fonte. Esta

equação descreve o deslocamento miscível, estável, sem os efeitos de segregação

gravitacional e de irregularidade da frente de avanço, de um fluido por outro. As

hipóteses usuais de incompressibilidade dos fluidos e inalterabilidade das

características da rocha como porosidade e permeabilidade são também

incorporadas. A equação, assim descrita, não tem solução analítica, e será o ponto

de estudo desta Tese.

68

5.4 Solução do modelo

A solução do modelo consistiu de três etapas: 1) rearranjo da Equação 9, 2)

aplicação do método das características, 3) aplicação do método numérico.

1) Rearranjo da equação:

Na Equação 9, a isoterma de Langmuir, que nos fornece a variação da fração

adsorvida é função da concentração:

).1(.)(

CKeCKe

NoCN

+= (6)

Retornando agora ao termo da adsorção da Equação 6 tem-se:

tC

CKeKeNo

tCN

∂∂

+=

∂∂ .

).1(..)(

2 (11)

A Equação 9 pode ser rearranjada da seguinte maneira:

m2

2

CCg

KrxC

CgEa

xC

Cgu

tC .

)(.

)(.)(.−

∂∂=

∂∂

+∂∂

ϕϕ (12)

onde:

2).1(..)1(.1)(

CKeKeNorCg

+−

+=ϕ

ϕρ (13)

2) Aplicação do método das características:

Apesar do método das características ter sido originalmente desenvolvido para

resolver equações diferenciais hiperbólicas, o método foi usado neste trabalho como

base para a elaboração do método numérico utilizado. A justificativa para tal

procedimento é que o efeito de dispersão no escoamento do polímero é pequeno.

69

Referências ao uso desta técnica para equações parabólicas já foram feitas

anteriormente [53,54]. Através do método das características, transformamos a

Equação 9 em um sistema de equações diferenciais mais fácil de resolver. Para isto,

toma-se inicialmente o conceito de derivada material para fluxo unidimensional como

descrito na Equação 14.

dtdx

xC

tC

dtdC .

∂∂

+∂∂

= (14)

Em seguida, considera-se um conjunto de pontos que viajam junto com o fluido-base

(solvente). Associa-se a cada um deles, em qualquer momento do percurso, uma

abscissa, um instante e uma concentração. Desta forma, o acompanhamento do

deslocamento de pontos ao longo do caminho de interesse descreveria o perfil de

concentração ao longo deste mesmo trajeto.

O termo )/( tC ∂∂ representa a variação da concentração de um ponto ao longo do

tempo, quando o observador se localiza num ponto fixo. Já )/( dtdC representa a

variação da concentração deste mesmo ponto ao longo do tempo, quando o

observador viaja junto com o ponto.

Ao se comparar as Equações 14 e 12, tem-se como resultante o seguinte sistema de

equações:

mCCg

KxC

CgEa

dtdC .

)(.

)(. 2

2

−∂∂

(15)

)(. Cgu

dtdx

ϕ= (16)

Pode-se notar que o sistema de Equações 15 e 16 ainda é não-linear, o que, à

primeira vista, poderia indicar que o método das características não foi de grande

ajuda. Porém, como será visto a seguir, a formulação encontrada permitiu construir o

método numérico para a solução do problema.

70

3) Aplicação do método numérico

Baseado no sistema de equações obtido no item anterior e no conceito de pontos

viajantes no fluido-base (solvente) passou-se, então, à concepção do método

numérico propriamente dito.

Inicialmente, foi estabelecido um sistema de coordenadas (x,t), no qual foi

desenhada uma malha contendo q subdivisões. A condição inicial, eixo t = 0, e as

condições de contorno são conhecidas.

Condição inicial:

Eixo t = 0

C(0,0) = Cb (17)

C(x,0) = 0 (18)

Condições de contorno:

Eixo x = 0

C(0, t ≤ tb) = Cb (19)

C(0, t > tb) = 0 (20)

Eixo x = - Δx

C( - Δx, t < tb) = Cb (21)

C( - Δx, t ≥ tb) = 0 (22)

onde:

tb é o tempo necessário para a injeção do banco polimérico.

O eixo auxiliar (x = - Δx) corresponde ao ponto imediatamente fora do início do meio

poroso, ou seja, o fluido que, no instante seguinte, estará entrando no meio poroso e

será usado no cálculo da derivada segunda.

O método se desenvolve com o cálculo da nova posição e da nova concentração de

cada ponto no incremento de tempo seguinte, usando para isso as fórmulas das

diferencias finitas correspondentes às equações estabelecidas pelo método das

71

características, onde “i” corresponde ao índice que identifica o ponto e “n” ao

respectivo tempo (Equações 23 e 24).

xCx n

in

i

n

i gut 1

1 ))(.

( −

− +Δ=ϕ

(23)

CCCCCCC

CC n

imn

in

i

ni

ni

n

i

n

ini

ni

n

i

n

ini

ni

n

i

n

i gk

xxxxxxgEat 11

111

1

1

1

1

111

11

11

11

11 )(.

)()](2[

)(.{ −−

−−−

−−+

−−

+−

−−

+− +−

−−

−Δ=

ϕ (24)

Assim, a nova condição (posição e concentração) de cada ponto é então calculada,

tomando-se como referência básica sempre a concentração deste ponto no tempo

anterior. Esta consideração foi feita levando-se em conta o tipo de não linearidade

apresentada pelo problema, onde cada ponto com uma velocidade proporcional à

concentração do mesmo no ponto de origem, correspondendo a um atraso causado

pelo termo da adsorção.

Desta forma, a concentração no tempo anterior aparece tanto no cálculo da nova

posição, quanto da nova concentração. O termo da derivada segunda,

correspondente ao efeito da dispersão, é calculado de forma explícita, também no

intervalo de tempo anterior.

72

5.5 Implementação do simulador

Uma vez delineado o método numérico, foi desenvolvida uma ferramenta

computacional (Simulador) em Delphi. Esta ferramenta de cálculo servirá para validar

a metodologia de cálculo empregada para resolver o problema, comparando-a com

soluções analíticas e resultados experimentais. A Tabela X mostra os dados de

entrada do simulador.

Tabela X: Dados de entrada do simulador

# Parâmetro Símbolo Unidade (SI)

1 Diâmetro D m

2 Comprimento L m

3 Porosidade φ fração

4 Massa específica da rocha ρr kg/m3

5 Vazão de injeção Q m³/s

6 Concentração do banco Cb kg/m3

7 Concentração irrelevante Cff kg/m3

8 Volume do banco Vb % volume poroso

9 Volume poroso injetado total VPI % volume poroso

10 Coeficiente de dispersão Ea m2/s

11 Constante de adsorção Ke m3/kg

12 Adsorção máxima No Kg/kg

13 Constante do termo fonte Kr (kg/m3)1-m /s

14 Ordem termo fonte m .................

15 Número de malhas N ..................

16 Constante (H) H ..................

17 Constante (Delta X) Dx ..................

18 Número de Peclet Pe ..................

Os quatro primeiros parâmetros (D, L, φ, ρr) são relativos à amostra de rocha a ser

estudada. Os dois primeiros parâmetros (diâmetro e comprimento) estão

relacionados à geometria da amostra e os outros dois (porosidade e massa

específica) estão relacionados às características permoporosas.

73

Os outros cinco parâmetros (Q, Cb, Cff, Vb e VPI) referem-se ao banco de solução

polimérica a ser injetada. Os parâmetros Cb e Vb (concentração e volume do banco)

definem a quantidade de solução polimérica a ser injetada. O VPI é definido como o

volume de fluido injetado até aquele momento, dividido pelo volume poroso da

amostra e corresponde ao tempo adimensional.O volume poroso injetado total refere-

se ao total de fluido injetado na amostra desde o início do teste, considerando o

volume do banco de solução polimérica acrescido do volume de água injetado após o

banco. A concentração irrelevante (Cff) é o valor da concentração onde o programa

faz o corte e cessa as iterações.

Os parâmetros seguintes (Ea, Ke, No, Kr e m) referem-se aos fenômenos de

interação rocha-fluidos considerados na Figura 17.

A constante de dispersão axial (Ea) define a intensidade da dispersão no

experimento.

Os parâmetros constantes de adsorção e adsorção máxima (Ke e No) determinam a

intensidade da adsorção reversível ou adsorção físico-química definida pela isoterma

de Langmuir.

Os parâmetros Kr e m referem-se à constante do termo fonte e à ordem do

fenômeno (em relação à concentração), respectivamente, os quais descrevem o

fenômeno da retenção mecânica ou adsorção irreversível.

N representa o número de pontos do programa e H e Dx são constantes de

otimização internas do programa. O número de Peclet, que será descrito no item a

seguir, não é um dado de entrada do programa, mas, devido à sua importância na

interpretação do problema, é sempre importante que o usuário o calcule antes de

proceder a um ciclo de análise e a interpretação desses resultados.

74

5.6 Validação do simulador

Antes de se proceder à validação do simulador propriamente dita, será introduzido

um parâmetro adimensional conhecido como número de Peclet (Pe), que mede a

relação entre a convecção e a dispersão no transporte de um produto (banco de

polímero) em meio poroso (Equação 25). Quanto mais difusivo o escoamento (maior

a dispersividade (α)) menor o número de Peclet e, quanto mais convectivo o

escoamento (menor a dispersividade (α)) maior o número de Peclet. A Figura 24 [53,

77-80] mostra uma faixa de Pe para laboratório e uma fixa de Pe para campo, ou, em

outras palavras, a dependência entre a constante de dispersão (α) e a escala do

deslocamento em que este parâmetro foi medido [53, 77-80]. Na literatura

encontram-se algumas medidas de Pe no laboratório e no campo, como pode ser

observado na Tabela XI, onde o autor apresenta alguns valores de Pe coletados na

literatura.

EaLu L Pe ==

α (25)

Onde:

L = comprimento do modelo, m

α = dispersividade

u = velocidade, m/s

Ea = coeficiente de dispersão axial, m2/s

Tabela XI: Valores do número de Peclet para diferentes fontes da literatura [53]

Número de Peclet Tipo de Teste Referência

6600 Campo 80, 88, 89

364 571 667

Laboratório 90

261 Laboratório 91, 92

9 Campo 93

75

Figura 24: Correlação entre a constante de dispersão ou dispersividade (α) de campo

e de laboratório e as respectivas distâncias em que foram medidas [53, 60]

5.6.1 Avaliação qualitativa de acordo com as hipóteses adotadas

Inicialmente foi feita uma avaliação qualitativa do simulador para verificar apenas a

resposta do modelo em relação a cada um dos fenômenos considerados, de acordo

com a Figura 17 (página 48), usando diferentes conjuntos de valores para os

parâmetros estabelecidos previamente. A Tabela XII apresenta os conjuntos de

valores alimentados no simulador, identificando as figuras que contêm os respectivos

resultados obtidos como resposta do simulador a cada alimentação de dados.

76

Tabela XII: Parâmetros de entrada do simulador # Símbolo (SI)1 D m 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378

2 L m 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853

3 φ ................ 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789

4 ρr kg/m³ 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03

5 Q m³/s 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09

6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001

8 Vb % VP 0,10 0,50 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

9 VPI % VP 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00

10 Ea m²/s - - - - - - - - -

11 Ke m³/kg - - - 0,01 0,04 0,08 - -

12 No kg/kg - - - - - - - -

13 kr (kg/m3)1-m/s - - - - - - - 1,00E-05

14 m ................ - - - 2 1 0 - - - - 2

15 N - 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

16 H - 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

17 Dx - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

18 Peclet - - - - - - - - - - 706 71

3,00; 30,00; 50,00 (E-05)

1,00; 10,00; 100,00 (E-06)

3,0; 15,0; 30,0 (E-09)

Figura 25 Figura 26, 27, 28 Figura 29, 30, 31 Figura 33, 34

Continuação da Tabela XII: Parâmetros de entrada do simulador # Símbolo (SI)1 D m 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378

2 L m 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853

3 φ ................ 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789

4 ρr kg/m³ 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03

5 Q m³/s 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09

6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001

8 Vb % VP 1,00 1,00 1,00 0,10 0,10 0,10 0,50 0,50 0,50 1,00 1,00 1,00

9 VPI - 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00

10 Ea m²/s 3,00E-09 1,50E-08 3,00E-08 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08

11 Ke m³/kg 0,01 0,04 0,08 0,01 0,04 0,08 0,01 0,04 0,08 0,01 0,04 0,08

12 No kg/kg 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04

13 Kr (kg/m3)1-m/s - - - 1E-06 5E-05 1E-04 1E-06 5E-05 1E-04 1E-06 5E-05 1E-04

14 m ................ - - - 2 2 2 2 2 2 2 2 2

15 N - 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

16 H - 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

17 Dx - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

18 Peclet - 706 141 71 706 353 71 706 353 71 706 353 71

Figura 39

3,00E-04

Figura 40 Figura 41Figura 35, 36, 37

A Figura 25 mostra o efeito do tamanho do banco de polímero sobre o volume

poroso injetado, supondo a dispersão, a adsorção físico-química e a retenção

mecânica iguais a zero. Esta simulação prevê o uso de um volume poroso de água

injetada após a injeção do banco de fluido teste. Pode-se notar que as frentes de

avanço dos três bancos têm o mesmo tempo de residência no meio poroso. Por

outro lado, o tempo total de permanência na rocha é proporcional ao tamanho do

banco, expresso em porcentagem de volume poroso.

77

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Volume banco: 0,10 VP - 100 pontosVolume banco: 0,10 VP - 200 pontosVolume banco: 0,50 VP - 100 pontosVolume banco: 0,50 VP - 200 pontosVolume banco: 1,00 VP - 100 pontosVolume banco: 1,00 VP - 200 pontos

Figura 25: Efeito do tamanho do banco nos perfis de concentração obtidos na saída

do meio poroso, supondo, dispersão = 0, retenção mecânica = 0 e

adsorção físico-química = 0

A Figura 26 mostra o efeito da retenção mecânica (irreversível), considerando-se

tanto a dispersão quanto a adsorção físico-química iguais a zero. Os bancos de

polímero são consumidos proporcionalmente ao valor da constante do termo fonte

para um mesmo valor da ordem da reação (no caso da Figura 26 igual a 2) conforme

previsto na Figura 17.

As Figuras 26, 27 e 28 apresentam o efeito da retenção mecânica para as ordens de

reação de 2, 1 e 0, respectivamente. Observa-se que, para os mesmos valores do

termo fonte (Kr), a queda da concentração em relação ao tempo é maior da ordem

zero para a ordem 2.

78

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Kr= 1,0E-6, m= 2 - 100 pontosKr= 1,0E-6, m= 2 - 200 pontosKr= 10,0E-6, m= 2 - 100 pontosKr= 10,0E-6, m= 2 - 200 pontosKr=100,0E-6, m= 2 - 100 pontosKr=100,0E-6, m= 2 - 200 pontos

Figura 26: Efeito da retenção mecânica (ordem = 2) nos perfis de concentração (1

PV), considerando dispersão = 0, adsorção físico-química = 0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada Kr= 1,0E-6, m= 1

Kr= 10,0E-6, m= 1Kr= 100,0E-6, m= 1

Figura 27: Efeito da retenção mecânica (ordem = 1) nos perfis de concentração

(1 VP), considerando dispersão = 0, adsorção físico-química = 0

79

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada Kr= 1,0E-6, m= 0

Kr= 10,0E-6, m= 0

Kr= 100,0E-6, m= 0

Figura 28: Efeito da retenção mecânica (ordem = 0) nos perfis de concentração

(1 VP), considerando dispersão = 0, adsorção físico-química = 0

Da mesma forma, na Figura 29 observa-se o efeito da adsorção físico-química,

considerando a dispersão e a retenção mecânica iguais a zero. Neste caso, os

bancos de polímero sofrem um atraso no eixo do tempo proporcionalmente aos

valores da constante de adsorção e da adsorção máxima, conforme previsto na

Figura 17. Figuras 29, 30 e 31 apresentam o efeito da adsorção física (reversível)

para as constantes de adsorção iguais a 0,01, 0,04 e 0,08 respectivamente.

Observa-se que o atraso no banco de polímero aumenta com o aumento da

constante de adsorção.

A Figura 32 mostra as isotermas de Langmuir correspondentes (obtidas da Equação

6) e ilustra para uma mesma adsorção máxima o efeito da constante de adsorção na

forma dessas isotermas. Quanto maior a constante de adsorção menor é a

concentração necessária para saturar a superfície da rocha (atingir a adsorção

máxima). Logo, quanto maior a constante de adsorção (Ke), maior a adsorção para

uma mesma concentração e, daí, mais produto ficará retido atrasando mais o banco.

80

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ke = 0,01 e No = 30,0E-06

Ke = 0,01 e No = 300,0E-06

Ke = 0,01 e No = 500,0E-06

Figura 29: Efeito da adsorção físico-química (constante de adsorção = 0,01) nos

perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0 e retenção mecânica = 0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ke = 0,04 e No = 30,0E-06

Ke = 0,04 e No = 300,0E-06

Ke = 0,04 e No = 500,0E-06

Figura 30: Efeito da adsorção físico-química (constante de adsorção = 0,04) nos

perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0 e retenção mecânica = 0

81

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ke = 0,08 e No = 30,0E-6

Ke = 0,08 e No = 300,0E-6

Ke = 0,08 e No = 500,0e-6

Figura 31: Efeito da adsorção físico-química (constante de adsorção = 0,08) nos

perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0 e retenção mecânica = 0

0,E+00

1,E-05

2,E-05

3,E-05

4,E-05

5,E-05

6,E-05

7,E-05

8,E-05

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0

Concentração (kg/m³)

Ads

orçã

o (k

g/kg

)

No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,01 m³/kg

No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,10 m³/kg

No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 1,00 m³/kg

Figura 32: Isoterma de adsorção de Langmuir (Equação 6) efeito da constante de

adsorção (Ke)

82

A Figura 33 apresenta o resultado do efeito da dispersão, considerando os demais

fenômenos iguais a zero. Pode-se notar que os bancos de polímero sofrem um

espalhamento no eixo do tempo proporcional ao valor do coeficiente de dispersão

axial (Ea), conforme previsto na Figura 17. Pode-se notar também que, apesar do

banco sofrer um espalhamento, com a criação de uma zona de transição, o ponto

balizador (C/Co = 0,50 e VPI = 1,00) se mantem, ou seja, não há deslocamento do

banco no eixo dos tempo devido à dispersão.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Difusividade (Ea) (m²/s)= 3,0E-9, Pe= 706

Difusividade (Ea) (m²/s)= 15,0E-9, Pe= 141

Difusividade (Ea) (m²/s)= 30,0E-9, Pe= 71

Figura 33: Efeito da dispersão nos perfis de concentração (1 Vp) considerando as

adsorções reversível e irreversível iguais a zero

O fenômeno da dispersão estará sempre presente no escoamento em meios

porosos ao contrário da retenção mecânica (irreversível) e da adsorção físico-

química (reversível) que podem ou não estar presentes, por isso as próximas figuras

avaliam a combinação da dispersão com estes dois parâmetros. A Figura 34

apresenta o efeito conjunto da dispersão e da retenção mecânica nos perfis de

concentração (1 VP) considerando a adsorção físico-química (reversível) igual a 0.

Neste caso, o perfil de concentração apresenta a mesma simetria e a mesma

posição no eixo do tempo do perfil com apenas dispersão, porém é observada uma

redução na altura deste perfil, correspondente à perda de massa devido à retenção.

83

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Kr = 10,00E-06, M = 2,00Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Kr = 10,00E-06, M = 2,00Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Kr = 10,00E-06, M = 2,00,

Figura 34: Efeito conjunto da dispersão e da retenção mecânica nos perfis de

concentração (1 Vp) considerando a adsorção físico-química (reversível) igual a zero

As Figuras 35, 36 e 37 apresentam o efeito da dispersão e da adsorção físico-

química, considerando a retenção mecânica (irreversível) igual a 0. Neste caso, o

perfil de concentração não apresenta a mesma simetria e a mesma posição no eixo

do tempo do perfil com apenas dispersão. Além do perfil se deslocar no eixo do

tempo proporcionalmente aos valores da constante de adsorção o banco sofre uma

modificação na sua forma onde destacamos uma redução na parte superior

esquerda do pico do banco compensado em termos de forma (massa) por um

alongamento na parte inferior direita (traseira) do banco. Fisicamente, esta redução

no início do perfil se deve à saída de massa da fase aquosa para alimentar os sítios

eletroquímicos devido à adsorção física. De forma similar, o alongamento da parte

traseira da curva se deve ao efeito inverso (desorção) das moléculas presas aos

sítios e retorno das mesmas à fase aquosa devido ao caráter reversível do

fenômeno da adsorção física. Confirmando esta característica assimétrica a Figura

38 apresenta uma comparação entre o perfil da Figura 37 com a maior dispersão (Ea

= 30,0E-9, Pe= 71) e a maior adsorção físico-química (Ke = 0,08, No = 30,0E-05),

considerando a retenção mecânica (irreversível) igual a 0, com o perfil

correspondente com apenas dispersão (Ea = 30,0E-9, Pe= 71) da Figura 33.

84

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Ke = 0,01, No = 30,0E-05Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Ke = 0,01, No = 30,0E-05Ea = 30,0E-9 (Pe= 76), Ke = 0,01, No = 30,0E-05Série7

Figura 35: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,01) nos perfis de

concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Ke = 0,04, No = 30,0E-05Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Ke = 0,04, No = 30,0E-05Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,04, No = 30,0E-05

Figura 36: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,04) nos perfis de

concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero

85

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Ke = 0,08, No = 30,0E-05Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Ke = 0,08, No = 30,0E-05Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,08, No = 30,0E-05

Figura 37: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,08) nos perfis de

concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,08, No = 30,0E-05Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,00, No = 00,0E-05: posição corretaEa = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,00, No = 00,0E-05: deslocado

Figura 38: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,08) nos perfis de

concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero

86

Na Figura 39 observam-se os perfis de concentração da solução polimérica de um

banco de 1,0 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e

irreversível diferentes de zero e com valores máximos, médios e mínimos, conforme

a Tabela IX . A Figura 40 mostra perfis similares aos da Figura 39 para um banco de

0,5 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível

com valores máximos, médios e mínimos, conforme a Tabela IX. Os perfis exibidos

na Figura 40 também são similares aos da Figura 39, só que para um banco de 0,1

volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível

com valores máximos, médios e mínimos, conforme a Tabela IX. Neste último caso,

observa-se que o banco de 0,1 volume poroso não chega ao seu destino em

concentrações perceptíveis para valores máximos das constantes dos fenômenos. A

observação das Figuras 39, 40 e 41 evidencia a existência de uma sinergia dos três

fenômenos, em termos da mudança da forma do perfil de concentração, e um

aumento do consumo do banco proporcional aos valores destes fenômenos.

Figura 39: Perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 1,0 volume

poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Valores fenômenos: mínimoValores fenômenos: médioValores fenômenos: máximo # Mínimo Médio Máximo

1 VB 1,00 1,00 1,00

2 Ea m²/s 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08

3 Pe ................ 706 353 71

4 Ke m³/eq 0,01 0,04 0,08

5 No eq/m² 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04

6 m ................ 2 2 2

7 Kr m³/(eq.s) 1E-06 5E-05 1E-04

87

Figura 40: Perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 0,5 volume

poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível

Figura 41: Perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 0,1 volume

poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Valores fenômenos: mínimoValores fenômenos: médioValores fenômenos: máximo # Mínimo Médio Máximo

1 VB 0,50 0,50 0,50

2 Ea m²/s 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08

3 Pe ................ 706 353 71

4 Ke m³/eq 0,01 0,04 0,08

5 No eq/m² 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04

6 m ................ 2 2 2

7 Kr m³/(eq.s) 1E-06 5E-05 1E-04

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Valores fenômenos: mínimo

Valores fenômenos: médio# Mínimo Médio Máximo

1 VB 0,10 0,10 0,10

2 Ea m²/s 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08

3 Pe ................ 706 353 71

4 Ke m³/eq 0,01 0,04 0,08

5 No eq/m² 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04

6 m ................ 2 2 2

7 Kr m³/(eq.s) 1E-06 5E-05 1E-04

88

Assim, concluindo, as Figuras de 25 a 37 e de 39 a 41 mostram uma

correspondência qualitativa entre os resultados encontrados com o simulador

desenvolvido nesta Tese e os efeitos esperados de cada um dos três primeiros

fenômenos conforme descrito na Figura 17, faltando, então o quarto e último

fenômeno (volume poroso inacessível). O volume poroso inacessível, assim como a

adsorção física (reversível) é um ponto crítico nos estudos mecanicistas do

escoamento de polímeros em meios porosos e será quantificado nesta Tese de uma

forma particular não-convencional. Como a adsorção física além de causar uma

assimetria no banco, atrasa o mesmo, existem dois efeitos para um mesmo

fenômeno. Neste caso, a idéia é ajustar a adsorção física de acordo com a forma do

banco, independente da posição deste banco no eixo do tempo. Após o ajuste da

forma, a diferença entre a posição real do banco e a posição simulada pelo modelo

corresponderá ao volume poroso inacessível em termos de porcentagem de volume

poroso.

O resultado deste item incentivou a continuação do trabalho no sentido de buscar

identificar e quantificar estes quatro fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos

poliméricos em meios porosos para recuperação de petróleo, usando o conceito de

problema inverso uma vez que cada um dos fenômenos em questão tem um efeito

bem definido e distinto dos demais. A definição de problema inverso mais conhecida

e abrangente é “Resolver um problema inverso é determinar causas desconhecidas

a partir de efeitos desejados ou observados”, pressupõe, no mínimo, um

conhecimento qualitativo do problema em estudo [94, 95].

89

5.6.2 Calibração do modelo com solução analítica parcial

Não há solução analítica para o modelo considerando todos os fenômenos, porém,

existem soluções analíticas parciais. Neste item, serão comparados os resultados da

solução semi-analítica aqui adotada com as soluções analíticas parciais do modelo

(56,57).

5.6.2.1 Solução analítica para o caso de pura retenção mecânica

Quando não existem dispersão nem adsorção física, somente retenção mecânica, a

Equação 9 se reduz à Equação 26, que pode ser resolvida usando o método das

características (Anexo 3), onde temos, para a ordem 2 (f(C)=C²), como solução as

equações de 27 a 29..

)(CfKxC u

tC

r−=∂∂

+∂∂

ϕ (26)

t u xb .ϕ

= (27)

xb ≥ x ≥ xb – L.Vb; xCo

uKr

Co C...1 ϕ

+= (28)

x > xb ou x < xb – L.Vb; 0= C , (29)

A Figura 42 apresenta a variação da concentração em função da distância para

ordem da retenção igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr) para a solução

analítica. Este gráfico explicita a importância da constante de retenção (Kr) na queda

inicial da concentração. De modo análogo, a Figura 43 apresenta os perfis de

concentração em função do volume poroso injetado para ordem da retenção igual a 2

e diferentes constantes de retenção (Kr), obtidos através do modelo da Tese (já

apresentados na Figura 26) e agora confrontados com aqueles obtidos pela solução

analítica acima.

90

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

0 100 200 300 400 500 600

Distância (m)

Con

cent

raçã

o (k

g/m

³)

Kr = 1,00E-06, m = 2Kr = 10,00E-06, m = 2Kr = 100,00E-06, m = 2

Figura 42 Variação da concentração em função da distância para ordem da retenção

igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr) (solução analítica)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Modelo da Tese: Kr= 1,0E-06, m= 2Solução analítica: Kr= 1,0E-06, m=2Modelo da Tese: Kr= 10,0E-06, m= 2Solução analítica: Kr= 10,0E-06, m= 2Modelo da Tese: Kr=100,0E-6, m= 2Solução analítica: Kr=100,0E-6, m= 2

Figura 43 Variação da concentração em função do volume poroso injetado

para ordem da retenção igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr) (modelo

da Tese – Figura 26 e da solução analítica)

91

5.6.2.2 Solução analítica para o caso de pura dispersão

Neste item, serão comparados os resultados da solução da Tese com uma solução

analítica da equação clássica de difusão e convecção descrita na literatura (53).

0=∂∂−

∂∂

+∂∂

xC Ea

xC u

tC

2

2

ϕϕ (7)

Para fazer uma conexão entre a faixa de número de Peclet da literatura (Figura 24,

Tabela XI) e os dados deste item, a Figura 44 apresenta os resultados obtidos a

partir da solução analítica da Equação 7 para valores de Peclet cobrindo a faixa

levantada pela literatura. A Tabela XIII apresenta os parâmetros de entrada da

simulação com a solução analítica (Equação 7) e com modelo desta Tese, em ambos

os casos considerando apenas a dispersão.

Figura 44: Resultados do modelo matemático Equação 7 (solução analítica) para

valores de número de Peclet cobrindo a faixa da literatura

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Caso 1: Pe = 7.062Caso 2: Pe = 706Caso 3: Pe = 71

92

Tabela XIII: Parâmetros de entrada dos simuladores do modelo da Equação 7

(solução analítica pura dispersão) e do modelo desta Tese

# Símbolo (SI) Caso 1 Caso 2 Caso 3 1 D m 0,0378 0,0378 0,0378

2 L m 0,285328 0,285328 0,285328

3 φ ........ 0,1789 0,1789 0,1789

4 ρr kg/m³ 2600 2600 2600

5 Q m³/s 8,333E-08 8,333E-08 8,333E-09

6 Cb kg/m³ 1 1 1

7 Cff kg/m³ - - -

8 Vb % VP 1 1 1

9 VPI % VP 4 4 4

10 Ea m²/s 3,00E-09 3,00E-08 3,00E-07

11 Ke m³/eq - - -

12 No kg/kg - - -

13 Kr (kg/m3)1-m /s - - -

14 m ......... - - -

15 N - 50 50 50

16 H - 2 2 2

17 Dx - 1 1 1

18 Peclet - 7.060 706 71

Observando-se as Figuras 45 a 47 pode-se fazer uma comparação do modelo desta

Tese com a solução analítica considerando apenas a dispersão, para números de

Peclet = 7.062, 706 e 78 típicos de laboratório e de campo conforme Figura 24 e

Tabela XI.

As Figuras de 45 a 47 mostram uma grande concordância entre os resultados do

modelo desta Tese e aqueles da solução analítica considerando apenas a

dispersão, a partir de uma discretização de 50 pontos.

93

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Caso 1: Pe = 7.062Solução exataModelo Tese: 30 pontosModelo Tese: 50 pontosModelo Tese: 100 pontos

Figura 45: Comparação do método semi-analítico desenvolvido nesta Tese com a

solução analítica considerando apenas a dispersão, para Peclet = 7.062

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Caso 1: Pe = 706Solução exataSolução Tese: 30 pontosSolução Tese: 50 pontosSolução Tese: 100 pontos

Figura 46: Comparação do método semi-analítico desenvolvido nesta Tese com a

solução analítica considerando apenas a dispersão, para Peclet = 706

94

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Caso 1: Pe = 71Solução exataSolução Tese: 30 pontosSolução Tese: 50 pontosSolução Tese: 100 pontos

Figura 47: Comparação do método semi-analítico desenvolvido nesta Tese com a

solução analítica considerando apenas a dispersão, para Peclet = 71

5.6.2.3 Solução analítica para o caso de pura adsorção física

Quando não existem dispersão nem retenção mecânica, somente adsorção física, a

Equação 9 se reduz à Equação 30, que pode ser resolvida usando o método das

características (Anexo 4), onde temos como solução as Equações de 31 a 33. As

Figuras 48 a 50 apresentam os perfis de concentração obtidos através do modelo da

Tese e da solução analítica para o caso onde só existe adsorção física, onde

também se observa uma grande concordância entre os resultados do modelo desta

Tese e aqueles da solução analítica.

tCNr

xC u

tC

∂∂−

−=∂∂

+∂∂ )()1(

ϕϕρ

ϕ (30)

t Cg

u xb .)(.ϕ

= (31)

xb ≥ x ≥ xb – L.Vb; Cb C = (32) x > xb ou x < xb – L.Vb 0= C , (33)

95

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Modelo da Tese: Ke = 0,01 e No = 30,0E-06Solução analítica: Ke = 0,01 e No = 30,0E-06Modelo da Tese: Ke = 0,01 e No = 300,0E-06Solução analítica: Ke = 0,01 e No = 300,0E-06Modelo da Tese: Ke = 0,01 e No = 500,0E-06Solução analítica: Ke = 0,01 e No = 500,0E-06

Figura 48: Perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese (já

apresentados na Figura 29) e da solução analítica, considerando somente a

adsorção físico-química (Ke= 0,01)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Modelo da Tese: Ke = 0,04 e No = 30,0E-06Solução analítica: Ke = 0,04 e No = 30,0E-06Modelo da Tese: Ke = 0,04 e No = 300,0E-06Solução analítica: Ke = 0,04 e No = 300,0E-06Modelo da Tese: Ke = 0,04 e No = 500,0E-06Solução analítica: Ke = 0,04 e No = 500,0E-06

Figura 49: Perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese (já

apresentados na Figura 30) e da solução analítica, considerando somente a

adsorção físico-química (Ke= 0,04)

96

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inje

tada

Modelo da Tese: Ke = 0,08 e No = 30,0E-6Solução analítica: Ke = 0,08 e No = 30,0E-6Modelo da Tese: Ke = 0,08 e No = 300,0E-6Solução analítica: Ke = 0,08 e No = 300,0E-6Modelo da Tese: Ke = 0,08 e No = 500,0E-6Solução analítica: Ke = 0,08 e No = 500,0E-6

Figura 50: Perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese (já

apresentados na Figura 31) e da solução analítica, considerando somente a

adsorção físico-química (Ke= 0,08)

Desta forma, neste item, além de uma grande concordância entre os resultados do

modelo desta Tese e aqueles das três soluções analíticas, com os três fenômenos

individualmente, pode-se observar também nas Figuras de 45 a 47 uma boa

convergência dos resultados do modelo a partir de 50 pontos.

97

5.6.3 Calibração do modelo com dados experimentais: Traçadores

Traçadores, por definição, são substâncias de natureza das mais variadas, utilizadas

para marcar / etiquetar fisicamente determinada batelada de fluido tornando sempre

possível a sua identificação a posteriori, isto é, após percorrer um determinado

percurso. Essa definição é ampla e se aplica a várias áreas onde o traçador é

empregado como: medicina, meio ambiente, processos industriais, engenharia

sanitária, indústria de petróleo e outros. Essa identificação, associada aos

fenômenos de transporte, permite caracterizar hidrodinamicamente os canais

percorridos. No caso da indústria de petróleo, a inascessibilidade dos reservatórios e

a inexistência de qualquer outra ferramenta que percorra efetivamente os canais da

formação rochosa faz com que o traçador seja a ferramenta de caracterização mais

importante até o momento, e torna o seu uso imprescindível nas avaliações dos

métodos de recuperação de petróleo como, por exemplo, o uso de soluções

poliméricas tanto em laboratório como em campo. As primeiras aplicações de

traçadores em reservatórios de petróleo datam da década de 50 e foram de caráter

apenas qualitativo, tendo como objetivo principal a identificação da existência de

comunicação entre poços [81, 82]. A partir da década de 60, o uso do traçadores

passa a ter um enfoque também quantitativo [6]. Para que o traçador possa fornecer

informações quantitativas em campo é imprescindível que ele atenda aos requisitos

de um bom traçador [86, 87 e 88], o que pode ser avaliado através da simulação

física e matemática em laboratório. Como as substâncias traçadoras não interagem

com o meio poroso, no escoamento deste fluido, apenas os mecanismos de

convecção e de dispersão estão presentes, assim a dispersividade (Equação 5) é o

principal parâmetro a ser medido nos testes de fluxo em laboratório.

Com o objetivo de determinar a dipersividade (α, Equação 4, página 29) em

diferentes condições (velocidade, saturação e permeabilidade) usando o modelo

matemático selecionado, foram realizados 10 testes físicos de deslocamento em 5

amostras. A Tabela XIV apresenta os dados das amostras usadas nos testes. A

Tabela XV apresenta os parâmetros de entrada do simulador (1 a 7), o coeficiente

de dispersão (8) ajustado pelo modelo de pura dispersão e pelo modelo da Tese, e

também o número de Peclet (18) e a dispersividade (19), calculada a partir do

coeficiente de dispersão ajustado. A Tabela XVI apresenta um resumo da

98

programação destes 10 testes e dos respectivos coeficientes de dispersão

calculados a partir do ajuste dos pontos experimentais com o modelo matemático

descrito.

Tabela XIV: Dados das amostras de rocha usadas nos testes de fluxo com traçador

# Parâmetro Símbolo Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

1 Rocha -

2 Ägua saturação da amostra -

3 Água injeção -

4 Diâmetro (m) D 0,03780 0,03780 0,03770 0,03790 0,03780

5 Área (m²) A 0,00112 0,00112 0,00112 0,00113 0,00112

6 Comprimento (m) L 0,22990 0,31640 0,28810 0,23550 0,28530

7 Volume total (m³) Vt 0,00026 0,00036 0,00032 0,00027 0,00032

8 Volume poroso (m³) Vp 0,00003 0,00006 0,00007 0,00005 0,00006

9 Porosidade (%) φ 13,28 18,02 21,88 17,05 17,88

10 Permeabilidade ao ar (mD) Kar 330 261 278 473 681

11 Permeabilidade à água (mD) Kw 200 260 270 460 630

12 Permeabilidade óleo (mD) Ko _ _ _ _ 210

13 Volume óleo inicial (m³) Voi _ _ _ _ 0,000040

14 Saturação óleo inicial (%Vp) Soi _ _ _ _ 69,9

15 Volume óleo recuperado (m³) Vo rec. _ _ _ _ 0,000019

16 Recuperação (%Vp) R(Vp) _ _ _ _ 33,37

17 Recuperação (%Voi) R(Voi) _ _ _ _ 47,75

18 Saturação óleo residual (%) Sor _ _ _ _ 36,51

reservatório alvo

formação (reservatório alvo)

injeção (reservatório alvo)

A Tabela XV, além dos dados de entrada dos simuladores apresenta também os

valores do número de Peclet e da constante de dispersão ou dispersividade (α) para

cada teste com traçador. O valores de Peclet estão dentro do previsto pela Figura 24

e Tabela XI. Os valores da dispersividade foram calculados para cada teste. Como

os conjuntos de testes 5-7 e 8-10 foram realizados nas mesmas condições, isto é

mesma amostra, mesma relação de viscosidade dos fluidos deslocante e deslocado

e mesma saturação (100% água e Sor respectivamente), a dispersividade deve ser a

mesma para cada um dos testes destes conjuntos. A Tabela XI mostra que estes

valores são bem próximos e que o desvio final encontrado entre os valores da

99

dispersividade dentro de cada grupo retrata o erro do experimento como todo. O

valor da dispersividade é maior na condição de Sor, mostrando uma maior

heterogeneidade neste caso que na condição de 100% saturado com água. Os

valores da dispersividade medidos neste trabalho para o campo alvo variaram de

0,40 a 2,50 cm, um pouco acima da faixa descrita na literatura para o Berea que é

de 0,15 a 0,25 cm [79, 85 e 86], o que confirma a heterogeneidade do campo alvo.

Após o deslocamento do banco de solução de traçador pelo modelo físico, o efluente

do teste foi coletado e analisado, gerando o perfil de concentração do traçador ao

longo do tempo (volume poroso injetado) na face de saída da amostra (Figuras de

51 a 60). Este perfil experimental foi então comparado com o perfil gerado pelo

modelo matemático tendo como dados de entrada os valores da Tabela XV e como

parâmetro de ajuste o coeficiente de dispersão efetivo (Kd = Ea/φ, Equação 4,

página 29). Os valores de Kd foram determinados num processo de tentativa e erro

(problema inverso).

As Figuras de 51 a 60 apresentam um alongamento não previsto e, portanto, não

previsto pelo modelo. Segundo a literatura, no caso das substâncias traçadoras, que

não interagem com sistema reservatório (rocha e fluidos) como um todo, este

alongamento é explicado pelo fato destas substâncias traçadoras, geralmente íons

de pequeno diâmetro muito solúveis, como é o caso do iodeto usado neste trabalho,

entrarem com facilidade em poros pequenos não permeáveis. Em outras palavras,

poros com apenas uma entrada permitem que parte do traçador entre com

facilidade, entretanto sua saída não é tão simples pelo fato de estes poros não

fazerem parte da corrente principal de fluxo e sim de uma chamada “corrente

secundária” [83, 84].

100

Tabela XV: Dados de entrada do simulador para cada teste de traçador

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10

# Amostra A1 A2 A3 A4

1 D m 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378

2 L m 0,2299 0,3164 0,2881 0,2355 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853

3 φ ................ 0,1327 0,1803 0,2188 0,1709 0,1782 0,1789 0,1789 0,1413 0,1413 0,1413

4 ρr kg/m³ 2,7E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03

5 Q m³/s 8,33E-09 8,33E-09 8,33E-09 8,33E-09 5,00E-08 8,33E-09 1,67E-09 5,00E-08 8,33E-09 1,67E-09

6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001

8 Vb % Vp 1,01 0,97 1,01 1,02 0,93 1,01 1,24 3,02 2,85 2,73

9 VPI % Vp 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00

10 Ea m²/s 5,00E-08 3,00E-08 3,00E-08 5,00E-08 3,5E-07 5E-08 1,33E-08 9,96E-07 1,86E-07 3,32E-08

11 Ke m³/kg - - - - - - - - - -

12 No kg/kg - - - - - - - - - -

13 kr (kg/m3)1-m /s - - - - - - - - - -

14 m ................ - - - - - - - - - -

15 N - 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50

16 H - 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

17 Dx - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

18 Peclet - 34 78 71 35 36 42 32 13 11 13

19 α cm 0,67 0,40 0,40 0,67 0,79 0,67 0,90 2,23 2,50 2,24

Teste

A5 (100% água) A5 (Sor)

Tabela XVI: Programação dos dez testes com traçador

TesteVazão

Q (cm³/h) AmostraPermeabilidade a água

Kw (mD) Saturação Kd (cm²/s)

T1 30 A1 200 0,003770

T2 30 A2 260 0,001660

T3 30 A3 270 0,001370

T4 30 A4 460 0,002920

T5 6 0,000743

T6 30 0,002790

T7 180 0,019600

T8 6 0,002350

T9 30 0,013200

T10 180 0,070500

A5 630 óleo residual

100% água

100% água630A5

101

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Pontos experimentais

Solução exataModelo da Tese

Figura 51: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de

laboratório (Teste T1)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Pontos experimentais

Solução exataModelo da Tese

Figura 52: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico

de laboratório (Teste T2)

102

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Pontos experimentais

Solução exataModelo da Tese

Figura 53: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de

laboratório (Teste T3)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Pontos experimentais

Solução exataModelo da Tese

Figura 54: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico

de laboratório (Teste T4)

103

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

Pontos experimentaisSimulação matemáticaModelo da Tese

Figura 55: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de

laboratório (Teste T5)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Pontos experimentais

Solução exataModelo da Tese

Figura 56: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico

de laboratório (Teste T6)

104

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

Pontos experimentais

Solução exata

Série3

Figura 57: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de

laboratório (Teste T7)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

Pontos experimentais

Solução matemáticaModelo da Tese

Figura 58: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico

de laboratório (Teste T8)

105

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

Pontos experimentais

Solução exataSolução da Tese

Figura 59: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de

laboratório (Teste T9)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

Pontos experimentais

Solução exataModelo da Tese

Figura 60: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico

de laboratório (Teste T10)

106

Uma relação linear entre o coeficiente de dispersão K e a velocidade v pode ser

visualizada na Figura 61, como era de se esperar de acordo com a Equação 2. A

Figura 61 mostra também que, para uma mesma substância traçadora, mesma

rocha e mesma velocidade, a condição de óleo residual apresenta um coeficiente de

dispersão maior que a condição de rocha 100% saturada com água de injeção. A

Figura 62 apresenta a variação do coeficiente de dispersão efetivo (KD) com a

permeabilidade da rocha à água, medida pela equação de Darcy [15]. Não foi

observada, neste trabalho, uma correlação entre o coeficiente de dispersão e a

permeabilidade.

1,00E-04

1,00E-03

1,00E-02

1,00E-01

1,00E+00

1,00E-05 1,00E-04 1,00E-03 1,00E-02 1,00E-01 1,00E+00

Velocidade (cm/s)

Coe

ficie

nte

de d

ispe

rsão

efe

tivo

(cm

²/s) 100% água

Óleo residual

Figura 61: Variação do coeficiente de dispersão efetivo (Kd) com a velocidade na

condição de 100% saturada com água e na saturação de óleo residual

107

0,00000

0,00100

0,00200

0,00300

0,00400

0,00500

0,00600

0,00700

0,00800

0,00900

0,01000

100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00

Permeabilidade à água (mD)

Coe

ficie

nte

de d

ispe

rsão

(cm

²/s)

Amostras 100 % água

Figura 62: Variação do coeficiente de dispersão efetivo (Kd) com a permeabilidade

na condição de 100% saturada com água

108

5.7 Modelagem do fluxo de polímero: problema inverso 5.7.1 Preparação e execução dos testes

Nos preparativos para os testes de fluxo com polímero foram feitas considerações

quanto aos seguintes aspectos: (1) permeabilidade da rocha, (2) saturação da rocha,

(3) avaliação do modelo físico, (4) pré-condicionamento do polímero, (5)

concentração do polímero e (6) volume do banco.

1) Permeabilidade da rocha: O reservatório selecionado possui um larga faixa de

permeabilidade / porosidade devido ao alto grau de heterogeneidade, porém, neste

item, optou-se por trabalhar numa faixa de permeabilidade baixa com o objetivo de

maximizar os fenômenos em estudo. Em outras palavras, a redução da

permeabilidade traz como conseqüências: (1) o aumento da área superficial e,

portanto, aumento da adsorção físico-química; (2) a redução das gargantas de poros

e, portanto, o aumento da retenção mecânica; (3) a redução do tamanho dos poros

e, portanto, o aumento de volume poroso inacessível (tornando o volume poroso

acessível menor). A dispersão, de acordo com a literatura [79, 81, 82] e com os

resultados do item anterior, está muito mais ligada à forma (irregularidade e

tortuosidade) dos poros do que à permeabilidade propriamente dita.

2)Saturação da rocha: O objetivo deste item é selecionar e quantificar os

fenômenos envolvidos no deslocamento do banco de solução polimérica durante a

recuperação terciária (métodos especiais) ou secundária (junto com a água), onde o

polímero presente na fase aquosa percorre o meio poroso interagindo físico-

quimicamente com a rocha sem interagir química ou físico-quimicamente com o

óleo. Além disso, como o objetivo deste trabalho é estudar os mecanismos de

interação do polímero com a rocha e não avaliar a eficiência de recuperação do

polímero devido à correção de viscosidade da água optou-se por trabalhar com a

rocha saturada apenas com a água de formação, sem a fase óleo.

109

3) Avaliação do modelo físico: No caso do uso de polímero, ao contrário do

traçador, as mudanças ocorridas no reservatório, tais como aumento da viscosidade

da fase deslocante, adsorção físico-química na superfície da rocha e retenção

mecânica do polímero nas gargantas de poros, resultam num aumento de pressão.

Uma vez que este aumento de pressão, controlado, é interessante para o

reservatório e faz parte do mecanismo de atuação do polímero, a pressão passa a

ser um parâmetro extremamente importante para o processo. De acordo com a

equação de Darcy (Equação 34), desenvolvida originalmente na cidade de Dijon na

França [94] e extensamente aplicada nas áreas onde se trabalha com escoamento

em meios porosos, como a indústria de petróleo, existe uma relação linear entre a

vazão de injeção e a pressão resultante devido à resistência ao fluxo. Na prática isso

é relativamente fácil de ser medido usando o esquema da Figura 63. Porém, em

alguns casos, onde outros fenômenos ocorrem na amostra (como, por exemplo,

inchamento das argilas contidas no cimento que liga os grãos devido a

incompatibilidades entre este e o fluido de injeção, ou migração de finos devido ao

caráter pouco consolidado da rocha que pode obstruir os poros), pode ocorrer uma

alteração no perfil de pressão que pode prejudicar a avaliação da pressão resultante

apenas da resistência ao fluxo. Por isso, neste item, antes dos testes de injeção de

polímero, as amostras foram submetidas ao fluxo com água para verificação do

comportamento das mesmas em relação à lei de Darcy. A Figura 64 apresenta os

resultados correspondentes. As amostras apresentaram um comportamento linear,

compatível com a lei de Darcy, o que as tornam adequadas para os testes de fluxo

em meios porosos usando soluções poliméricas.

pAQ Δ= . (34) onde: Q = vazão de injeção

Δp = pressão devido à resistência ao fluxo

A = constante que é função da permeabilidade e da geometria da amostra, e da

viscosidade do fluido injetado.

110

Figura 63: Esquema de fluxo simplificado para verificação da Lei de Darcy

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

0 50 100 150 200 250

Vazão (cm³/h)

Pres

são

(psi

)

Lei de Darcy: amostra Teste 1: 138 mD

Lei de Darcy: amostra Teste 2: 106 mD

Figura 64: Verificação da lei de Darcy para as amostra a serem submetidas aos

testes de injeção de polímeros

4) Pré–condicionamento do polímero: As soluções do polímero Flopaam 3230S

foram filtradas numa vazão de 6 cm³/h num filtro de 7 μm, conforme recomendação

da Norma API como pré-condicionamento para os testes de fluxo [11, 27].

5) Concentração do polímero: A concentração de injeção foi escolhida em 1000

ppm por ser esta a concentração média usada nos testes de campo de injeção de

polímero para correção de mobilidade que varia de 500 a 1500 ppm e por ser esta a

concentração mais usada como referência nos testes descritos na literatura [8-9].

111

6) Volume do banco: Os valores do volume do banco de polímero injetado em

campo não ultrapassa 1 volume poroso, pelo fato dos volumes e tempos de

reservatório serem muito grandes, o que pode inviabilizar o processo

operacionalmente ou economicamente. Porém, os valores definidos neste trabalho

foram bem maiores para garantir uma boa estabilização dos fenômenos

Neste trabalho são apresentados dois testes de fluxo com injeção de soluções

poliméricas. As duas amostras têm permeabilidades próximas e em ambas foram

injetados banco de solução polimérica do polímero Flopaam 3230S, com

concentrações de 1000 e 600 ppm e com volumes de aproximadamente 6,00

volumes porosos. A Tabela XVII apresenta os dados geométricos e de

permoporosidade das amostras usadas nestes testes com polímero. Os ensaios

foram realizados numa temperatura de 50º C, que é a temperatura do reservatório

alvo. A avaliação destes testes, conforme descrito no item 3.4, foi dividida em duas

etapas: 1) parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) e 2)

parâmetros calculados a partir do perfil de concentrações (pós-processamento ou

problema inverso). Estas duas etapas estão descritas a seguir, respectivamente,

nos itens 5.7.2 e 5.7.3.

Tabela XVII: Dados das amostras de rocha usadas nos testes com polímero

# Parâmetro Símbolo Amostra P1 Amostra P2

1 Rocha - reservatório alvo reservatório alvo

2 Água saturação da amostra - formação formação

3 Água injeção - injeção injeção

4 Diâmetro (cm) D 3,78 3,78

5 Área (cm²) A 11,22 11,23

6 Comprimento (cm) L 6,92 7,25

7 Volume total (cm³) Vt 77,66 81,44

8 Volume poroso (cm³) 17,74 14,70

9 Porosidade (%) φ 22,84 18,05

10 Permeabilidade ar (mD) Kar 169 130

11 Permeabilidade água (mD) Kw 138 106

112

5.7.2 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real)

As Figuras de 65 a 67 apresentam os perfis de pressão ao longo dos dois testes (P1

e P2). Na realidade, são apresentadas as diferenças de pressão entre o ponto onde

o transdutor está localizado e a pressão atmosférica que é o ponto de coleta do

efluente. No primeiro teste (P1 – Figura 65) foi medida apenas a pressão na entrada

e no segundo (P2), foram medidas as pressões na entrada e no ponto médio, com o

objetivo de verificar possíveis tamponamentos localizados no início ou ao longo da

amostra, comprometendo, desta forma, a análise. Os resultados com o modelo físico

P2 encontram-se expressos em termos de diferença de pressão (Figura 65 e 66) e

diferença de pressão normalizada (Figura 67).

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

Dife

renç

a de

pre

ssão

(psi

)

Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Diferença de pressão (psi)

Figura 65: Perfil de diferença de pressão medida ao longo do teste de injeção de

polímero no modelo físico P1 (Teste P1)

113

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

Dife

renç

a de

pre

ssão

(psi

)

Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Diferença de pressão na entrada (psi)

Deferença de pressão no ponto médio (psi)

Figura 66: Perfis de diferença de pressão medida ao longo do teste de injeção de

polímero no modelo físico P2 (Teste P2)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Pres

são

/ Pre

ssão

máx

ima

Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Diferença de pressão na entrada (normalizada)

Diferença de pressão no ponto médio (normalizada)

Figura 67: Perfis de diferença de pressão normalizados medidos ao longo do teste

de injeção de polímero no modelo físico P2 (Teste P2)

114

As Figuras de 65 a 67 apresentam também os perfis teóricos correspondestes aos

testes supondo um deslocamento pistão (sem dispersão, sem adsorção, sem

retenção mecânica e sem volume poroso inacessível) somente para posicionar o

fluxo para a análise da pressão. Nas curvas de pressão existem três etapas

distintas, sendo que a primeira consiste de um trecho linear com uma inclinação

maior e corresponde à entrada do banco de polímero no meio poroso ocupando os

lugares então preenchidos pela água. Essa troca de fluidos causa uma turbulência

interna que gera um aumento mais acentuado de pressão. O segundo, um trecho

também linear, porém com uma inclinação menor, corresponde ao deslocamento do

banco de polímero no meio poroso. Nesse estágio, o polímero passa a escoar num

ambiente já saturado por ele próprio, onde existe uma interação entre as próprias

moléculas do polímero reduzindo um pouco a pressão em comparação com a etapa

anterior. No terceiro e último trecho, a pressão cai imediatamente após o fim da

injeção do banco de polímero e reinício da injeção de água, tendendo para um valor

constante diferente do inicial. Este valor de pressão residual é importante e vai medir

a modificação residual do polímero no reservatório. O valor do fator de resistência

(Equação 2) é mais difícil de ser analisado uma vez que a pressão resultante

durante a passagem do polímero está vinculada à viscosidade do polímero nesta

condição de fluxo, o que é bastante discutido na literatura pela relação desta

viscosidade com o cisalhamento no meio poroso e ao fato do polímero ser um fluido

pseudoplástico [8,9]. Por isso, o parâmetro menos polêmico e, portanto, mais usado

é o fator de resistência residual (Equação 3) que depende apenas das pressões

durante o fluxo de água antes e depois do fluxo do polímero e é uma conseqüência

da massa de polímero retida irreversivelmente (retenção mecânica) na rocha

reservatório. A Tabela XVIII apresenta faixas de retenção mecânica na rocha

reservatório e do fator de resistência residual correspondente [9] para a goma

xantana e para a poliacrilamida parcialmente hidrolisada. A Tabela XIX apresenta os

valores do fator de resistência (fórmula simplificada) e fator de resistência residual

para os dois testes de injeção de polímero usado neste trabalho.

115

Tabela XVIII: Faixas de retenção mecânica do polímero na rocha reservatório e

conseqüente fator de resistência residual (Frr) da literatura [9]

Retenção mecânica Frr

Polímero μg/g −

Observação

0-7 1-1.5 Baixa adsorção / Frr muito bom

7-21 1-2.5 Baixo / bom (Campo)

21-42 2-4.0 Alto / nível acima do normal Goma Xantana

42+ 4-10+ Muito alto para qualquer aplicação

7-14 1.5-2 Baixo / muito bom

2-5 Baixo / bom (Campo) 14-28

5-20 Alto / nível acima do normal (campo)

28-42 3-10 Muito alto

PHPA

49+ 50+ Muito alto para qualquer aplicação

Tabela XIX: Valores do fator de resistência e do fator de resistência residual dos

testes de fluxo com polímero

# Parâmetro Teste P1 Teste P2

Entrada Entrada Ponto médio

1 Pressão inicial, Pi (psi) 0,1 0,09 0,045

2 Pressão máxima, Pm (psi) 1,46 1,41 0,64

3 Pressão final, Pf (psi) 0,18 0,18 0,084

4 Pressão máxima / pressão inicial (Pm / Pi) 14,6 15,67 14,22

5 Fator resistência residual, Frr (Pf / Pi) 1,8 2 1,87

6 Retenção mecânica (μg/g) 68 40

Os valores dos fatores de resistência residual para os dois testes (P1 e P2) ainda

estão dentro da faixa média aceitável para laboratório, de acordo com a Tabela

XVIII. É importante lembrar, porém, que, neste trabalho, procurou-se trabalhar com

uma permeabilidade na faixa inferior ao valor recomendado, o que pode ter elevado

um pouco o nível de retenção nas gargantas de poros. Além disso, foram realizadas

injeções de bancos muito grandes para garantir a estabilização dos fenômenos.

116

As curvas de pressão e os fatores de resistências medidos na entrada e no ponto

médio da amostra no testes P2 mostraram que não houve entupimento localizado

nem no início nem ao longo do meio poroso, confirmando uma retenção mecânica

uniforme ao longo da amostra P2.

5.7.3 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento)

Ao contrário do caso da pressão, que é lida em tempo real ao longo do teste, não

existe, no momento, nenhuma ferramenta que permita o monitoramento do perfil de

concentração durante o percurso do banco no meio poroso. A opção, neste caso é

trabalhar com o chamado problema inverso. Como já foi dito, a definição de

problema inverso mais conhecida e abrangente é “Resolver um problema inverso é

determinar causas desconhecidas a partir de efeitos desejados ou observados”,

conforme Figura 68, [95]. O problema inverso é formulado como um problema de

otimização não-linear, onde a função objetivo é definida como a diferença quadrática

entre dados experimentais e dados obtidos através de um modelo matemático de

transporte [95, 96]. Assim, neste trabalho, comparamos a solução dada pelo modelo

matemático selecionado mediante os dados de entrada da programação dos testes

de laboratório e ajustando o modelo matemático aos dados experimentais para cada

um dos fenômenos atuantes, mediante o efeito e a intensidade observada para cada

um deles.

Problema direto Modelagem física

Problema inverso Modelagem matemática

PARÂMETROS causas

DADOS OBSERVADOS

efeitos

Figura 68: Representação esquemática de problema inverso [95,96]

117

Desta forma, nesta Tese, os parâmetros associados aos fenômenos de interação

rocha-fluidos foram calculados a partir do ajuste do modelo selecionado aos dados

experimentais. Os fenômenos foram ajustados de forma independente e na seguinte

ordem: 1) Dispersão, 2) Retenção mecânica, 3) Adsorção reversível e 4) Volume

poroso inacessível. Avaliamos em paralelo os testes P1 e P2. As Figuras 69 e 70

apresentam os perfis de concentração experimentais na saída do meio dos modelos

P1 e P2, respectivamente após os testes de fluxo de um banco de solução

polimérica. Esta figura apresenta também dois balizadores para servir de referências

no posicionamento dos perfis. O primeiro é o ponto de metade da concentração e de

um volume poroso. Este é um ponto de referência quando o banco sofre ou não

dispersão. Desde que o banco não sofra nenhuma alteração no eixo do tempo, ou

seja, não atrase nem adiante. O outro balizador é o perfil de concentração teórico

ideal supondo o deslocamento pistão do banco sem as interferências dos

fenômenos de dispersão, adsorção física, retenção mecânica e volume poroso

inacessível. A Tabela XX apresenta os dados de entrada do simulador matemático

para os dois Testes P1 e P2 de polímero, já otimizados.

Tabela XX: Dados de entrada do simulador para os Testes P1 e P2

# Teste P1 Teste P2 # Amostra P1 P2

Polímero Polímero 1 D m 0,0378 0,0378 2 L m 0,0692 0,0725 3 φ ................ 0,24 0,18 4 ρr kg/m³ 2,6E+03 2,6E+03 5 Q m³/s 1,67E-09 1,67E-09 6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 8 Vb Vp 6,04 4,78 9 VPI Vp 10,00 10,00

10 Ea m²/s 1,00E-09 2,00E-09 11 Ke m³/kg 2,80E-01 2,40E-01 12 No kg/kg 300, 0E-06 200, 0E-06 13 kr (kg/m3)1-m /s 1,00E-05 1,00E-05 14 m ................ 2 2 15 N - 100 100 16 H - 2 2 17 Dx - 1 1 18 Peclet - 103 54 19 α cm 0,07 0,13 20 VPIn Vp 0,10 0,35

118

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial 1o Balizador: Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão

Perfil experimental

Figura 69: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P1 (Teste P1)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil experimental

Figura 70: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P2 (Teste P2)

119

1) Dispersão:

O primeiro fenômeno ajustado foi a dispersão. Como ponto de partida para os

valores do coeficiente de dispersão axial (Ea), era sabido do item anterior que a

dispersividade, que é uma característica da rocha e dos fluidos (deslocante e

deslocado), variou de 0,40 (Pe= 71) a 0,90 (Pe= 32) para a rocha do reservatório

alvo saturada apenas com água e no deslocamento do traçador que é uma molécula

com mais mobilidade que o polímero. Como o polímero é uma molécula maior, com

menos mobilidade, era esperado, para a mesma condição - mesmo tipo de rocha,

mesma saturação (100 % água) e mesma velocidade - que o coeficiente de

dispersão fosse um pouco menor que aquele encontrado para o traçador. Assim, no

ajuste do polímero, partiu-se de dispersividade de 0,40 (Pe = 71 - Traçador) e o valor

final ajustado final foi de 0,07 (Pe= 103 – Teste P1) (Tabela XX). Como era previsto,

o coeficiente de dispersão (Ea) para o polímero foi menor do que o dos traçadores

nas mesmas condições. Só para ilustrar, a Figura 71 apresenta as curvas

correspondentes à dispersividade mínima encontrada para os traçadores e a

dispersividade encontrada para o polímero para as mesmas condições. Como o

efeito da dispersão é o espalhamento do banco traduzido na inclinação (de forma

simétrica) da frente e da traseira, o ajuste do modelo nesta etapa consistiu na busca

do valor do coeficiente de dispersão axial que correspondesse à inclinação dos

dados experimentais dos Testes P1 e P2. A Figura 72 apresenta o perfil de

concentração deste ajuste para o Teste P1 inicialmente no local correto conforme o

resultado do modelo e depois deslocado no eixo do tempo com o objetivo apenas

didático e elucidativo. A Figura 73 apresenta o perfil de concentração deste ajuste

para o Teste P2. Levando em consideração que os dois testes trabalharam com o

mesmo sistema: mesma rocha, amostra de mesmo comprimento, mesmos fluidos de

reservatório, mesma temperatura, mesma velocidade de fluxo, e com o escoamento

de mesmos fluidos (solução polimérica), era esperado que a dispersividade

(coeficiente de dispersão) dos dois testes fosse bem próxima. Porém, como o

segundo teste tem uma concentração de polímero menor, o que implica numa menor

viscosidade e, portanto maior mobilidade, ele apresenta um coeficiente de dispersão

axial maior que o Teste P1.

120

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Modelo matemático: só dispersão: dispersividade (traçador mínimo) = 0,40 cm, Pe = 71

Modelo matemático: só dispersão: dispersividade (polímero Teste P1) = 0,07 cm, Pe = 103

Figura 71: Perfis de concentração teóricos supondo apenas a dispersão e os valores

de dispersividade mínimo encontrados para o traçador e do polímero

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão

Perfil experimental

Modelo matemático: só dispersao: local correto

Modelo matemático: só dispersao: deslocado no eixo do tempo

Figura 72: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P1 (Teste P1), ajuste do fenômeno da dispersão

121

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Perfil experimental

Modelo matemático: dispersão + retenção macânica

Figura 73: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P2 de laboratório (Teste P2), ajuste do fenômeno da dispersão

2) Retenção mecânica:

O segundo ajuste foi a retenção mecânica. De acordo com a Tabela XVIII, a

retenção mecânica dada em microgramas de polímero por grama de rocha não

deveria ultrapassar o valor de 30. Acima deste valor, podem ocorrer problemas de

entupimento no meio poroso. Neste trabalho, o balanço mássico convencional

indicou uma retenção de 59 para o Teste P1 e 40 para o Teste P2, valores bem

acima do recomendado. É importante lembrar que se trabalhou em condições

extremas de baixa permeabilidade e volume do banco grande justamente para

aumentar os efeitos dos fenômenos. Outro ponto importante da retenção mecânica é

a ordem do fenômeno em relação à concentração. As Figuras 26, 27 e 28

apresentam a queda do perfil de concentração em relação à retenção mecânica para

as ordens 0, 1 e 2. Como a retenção é uma função da concentração e no caso das

macromoléculas, quanto maior a concentração maior a retenção e este fenômeno

cai com a redução da concentração, foi escolhido a ordem 2 para a cinética deste

fenômeno. Como o efeito da retenção mecânica é a redução da concentração, o

ajuste do modelo nesta etapa consistiu na busca do valor do coeficiente de retenção

122

que correspondesse à redução do perfil de concentração dos dados experimentais

dos Testes P1 e P2. As Figuras 74 e 75 apresentam os perfis de concentração do

ajuste da retenção mecânica, já acrescido da dispersão, no caso da Figura 74

inicialmente no local correto conforme o resultado do modelo e depois deslocado no

eixo do tempo com o objetivo apenas didático e elucidativo. Pelo ajuste do modelo

da Tese, a taxa de retenção mecânica (Kr) dada em (kg/m3)1-m /s, é a mesma para

os dois testes. Neste caso acredita-se que apesar da concentração do segundo

teste (P2) ser menor, o que deveria implicar numa redução desta taxa de retenção, a

permeabilidade da amostra deste segundo teste (P2) é menor o que implica num

aumento da taxa. Desta forma acredita-se que houve uma compensação e a taxa de

retenção resultante para os dois testes foi a mesma. Porém, de acordo com a Tabela

XIX a retenção mecânica residual dada em microgramas de polímero por gramas de

rocha (μg/g), ou seja, a quantidade de massa de polímero que ficou retida na

amostra após a passagem do polímero é menor na segunda amostra, pelo fato do

segundo teste ter um volume do banco menor que o do primeiro teste (P1).

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00Pulso teórico: deslocamento ideal, pistãoPerfil experimentalModelo matemático: dispersão + retenção: local corretoModelo matemático:: dispersao + retenção deslocado no eixo do tempo

Figura 74: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P1 (Teste P1), ajuste do fenômeno da retenção mecânica e da dispersão

123

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Perfil experimental

Modelo matemático: dispersão + retenção macânica

Figura 75: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P2 (Teste P2), ajuste do fenômeno da retenção mecânica e da dispersão

3) Adsorção físico-química:

A adsorção físico-química é um dos principais pontos de ataque desta Tese, pois

não há como avaliar este parâmetro analisando de forma isolada o perfil de

concentração, uma vez que ele é reversível e a alteração causada por ele é o atraso

do perfil de concentração. Para substâncias comuns o método de análise do

deslocamento do perfil no eixo do tempo é aplicável. Porém, para as

macromoléculas, principalmente as de alta massa molar como é o caso dos

polímeros usados em recuperação de petróleo, existe o quarto parâmetro chamado

de volume poroso inacessível, que tem como consequência o adiantamento do

banco. Estes dois efeitos se somam e não há como distingui-los, muito menos

mensurá-los em condições normais. No método empregado nesta Tese o ajuste do

modelo nesta etapa consistiu na busca do valor da adsorção máxima e da constante

de adsorção que correspondesse ao melhor ajuste do perfil de concentração dos

dados experimentais dos Testes P1 e P2, olhando apenas a forma (assimétrica) do

perfil e não o atraso no eixo do tempo.

124

Como neste caso são dois parâmetros a serem ajustados (No e Ke) buscou-se

estimar um deles, no caso a constante de adsorção (Ke) de forma independente. De

acordo com a Figura 76, o fator de retardo g(C), que aparece na modelagem

aumenta com concentração até um valor de concentração igual a 1. A partir daí

ocorre uma mudança de comportamento, isso define que a faixa de variação de Ke é

de 0 a 1 (Figura 77). Alem disso o teste de adsorção estático (Figura 23), onde se

usou o mesmo sistema polímero/reservatório, o valor de Ke foi de 0,24. Na realidade

a constante Ke está ligada ao equilíbrio do sistema, que nos dois casos é o mesmo,

o que muda é a adsorção máxima, que no caso do teste estático (rocha

inconsolidada) é maior em função da maior área exposta. Sendo assim, neste

trabalho usamos o valor de Ke = 0,24 também para o ajuste dos testes de fluxo. As

Figuras 78 e 79 apresentam os perfis de concentração do ajuste da adsorção física,

já acrescido da dispersão, e da retenção mecânica no local correto conforme a saída

do modelo.

O ajuste final do modelo gerou um perfil de mesma forma e mesma posição no eixo

do tempo dos dados experimentais. Pelo ajuste do modelo da Tese (Tabela XX), os

resultados mostraram uma adsorção físico-química de 300E-06 kg de polímero por

Kg de rocha para o Teste P1 e de 200E-06 kg de polímero por Kg de rocha para o

Teste P2. Estes valores são altos comparados o valor da retenção máxima (Tabela

XVIII) aceitável para aplicação de recuperação de petróleo que é de 30E-06. Tem

que se levar em conta que, esta adsorção é reversível e, portanto não implica em

perda de massa do banco de polímero ao longo do percurso. Porém, esta adsorção

implica no aumento de pressão durante o deslocamento do banco e, portanto no

fator de resistência, que, se for muito alto pode também inviabilizar o processo.

125

Figura 76: Variação do fator de retardo (g ( C)) com a constante de adsorção

físico-química (Ke)

Figura 77: Variação da adsorção em função da concentração para diferentes

constantes de adsorção físico-química (Ke)

0,E+00

5,E-06

1,E-05

2,E-05

2,E-05

3,E-05

3,E-05

4,E-05

4,E-05

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0

Concentração (kg/m³)

Ads

orçã

o (k

g/kg

)

No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,10 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,20 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,30 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,40 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,50 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,60 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,70 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,80 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,90 m³/kgNo = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 1,00 m³/kg

Adsorção estáticaCampo alvoKe = 0,24

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

Constante de adsorção físico-química, Ke, (m³/kg)

Fato

r de

reta

rdo

do b

anco

(g (C

))Adsorção máxima: No = 30, 0E-06

Adsorção máxima: No = 300, 0E-06

Adsorção máxima: No = 500, 0E-06

126

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil experimentais

Modelo matemático: Ke -= 0,24, No = 300E-06 - no local do modelo

Figura 78: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P1 (Teste P1), ajuste do fenômeno da adsorção física

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil experimentais

Modelo matemático: dispersão + retenção mecânica

Ke -= 0,24, No = 200E-06 - deslocado

Ke -= 0,24, No = 200E-06 - no local do modelo

Figura 79: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P2 (Teste P2), ajuste do fenômeno da adsorção física

127

4) Volume poroso inacessível:

Conforme Figura 17, o volume poroso inacessível causa apenas o atraso do banco

no eixo do tempo, o grande problema de quantificá-lo em métodos convencionais é

diferenciá-lo do efeito da adsorção física, que atrasa o banco. O método descrito

nesta Tese quantifica os três primeiros fenômenos e posiciona o banco no eixo do

tempo preliminarmente, em seguida, propõe uma forma particular e não

convencional para quantificar este quarto mecanismo. Nesta quantificação, o volume

poroso inacessível é determinado pela diferença resultante no eixo do tempo entre o

perfil gerado pelo programa e o perfil experimental (Tabela XXI e Figura 80). Esta

consideração fecha a metodologia descrita nesta Tese.

Tabela XXI: Cálculo do volume poroso inacessível nos Testes P1 e P2

Teste P1 Teste P2

Figura78 Figura 79

1 Modelo da Tese 0,40 0,35

2 Pontos experimentais 0,30 0,00

3 Volume poroso inacessível 0,10 0,35

Posição do perfil#

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil experimentais

Modelo matemático: dispersão + retenção mecânica

Ke -= 0,24, No = 200E-06 - deslocado

Ke -= 0,24, No = 200E-06 - no local do modelo

Volume porosoinacessível = 0,35 VP

Figura 80: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico

P2 (Teste P2), ajuste do volume poroso inacessível

128

5) Degradação mecânica do polímero em fluxo em meio poroso:

Após a quantificação dos fenômenosl, para completar a análise dos testes e

proceder à interpretação dos resultados, foi feito a análise da degradação mecânica,

conforme proposto no item 5.2 (Caracterização e seleção do polímero). A

degradação mecânica ocorre quando o polímero é submetido ao fluxo em meios

porosos com suas tortuosidades e estrangulamentos nas gargantas de poros onde o

polímero é submetido nos testes de fluxo. A eficiência do polímero na recuperação

de óleo está relacionada à resistência à compressão / estiramento, seguida de uma

expansão em poros maiores para aumentar a capacidade de arraste [9, 27,28, 35-

40]. Esta degradação em meio poroso foi feita durante os testes de escoamento em

meios porosos, com vazões típicas de reservatório (vazões baixas). As Figuras 81 e

83 apresentam os pontos de coleta no efluente dos Testes P1 e P2 para a

determinação da viscosidade. As Figuras 82 e 84 apresentam os resultados de

viscosidade em função da taxa de cisalhamento, para soluções poliméricas de

Flopaam 3230S a 1000 e 600 ppm, respectivamente em água de injeção e a 50º C,

previamente submetidas aos testes de fluxo. Observa-se que, na Figura 82, as

amostras 1 e 6 possuem as menores viscosidades por estarem nas extremidades do

perfil, isto é, no início e no final do banco. As quatro amostras restantes apresentam

uma tendência definida. De forma decrescente as primeiras amostras apresentam

uma maior queda na viscosidade devido à interação com o meio poroso. Na

proporção em que a rocha vai ficando mais saturada com o polímero, as amostras

seguintes vão sofrendo um menor cisalhamento em função da redução do atrito

devido a uma lubrificação da rocha causada pelo próprio polímero. A redução da

viscosidade é conseqüência da perda de massa devido à retenção mecânica e da

quebra das cadeias devido ao cisalhamento durante o escoamento do banco. A

Figura 84 (Teste P2) mostra um comportamento semelhante ao da Figura 82 onde

as primeiras amostras possuem uma queda maior na viscosidade que as últimas em

função da maior interação das primeiras com o meio poroso. É importante lembrar

que os testes foram realizados em concentrações altas e em rochas de baixa

permeabilidade o que maximiza o efeito da degradação mecânica.

129

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial 1o Balizador: Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão

Pontos experimentais

1

2 3 4 5

6

Figura 81: Esquema de coleta para determinação da viscosidade do efluente do

Teste P1

1

10

100

1000

1 10 100 1000

Cisalhamento, s-1

Visc

osid

ade,

cP

Solução original1) Volume poroso injetado = 1,632) Volume poroso injetado = 2,863) Volume poroso injetado = 3,894) Volume poroso injetado = 5,055) Volume poroso injetado = 6,186) Volume poroso injetado = 7,38

Figura 82: Determinação da viscosidade das amostras coletadas nos pontos de

coleta da Figura 80, Viscosímetro Brookfield LVDVIII, CP40, 50º C

130

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Volume Poroso Injetado

Con

cent

raçã

o / C

once

ntra

ção

inic

ial Perfil de concentração teórico: ideal (pistão)

Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00

Perfil de concentração teste P2: polímero

Figura 83: Esquema de coleta para determinação da viscosidade do efluente do

Teste P2

1

10

100

1000

1 10 100 1000

Cisalhamento, s-1

Visc

osid

ade,

cP

Solução original

1) Volume poroso injetado = 1,70

2) Volume poroso injetado = 3,34

3) Volume poroso injetado = 4,97

Figura 84: Determinação da viscosidade das amostras coletadas nos pontos de

coleta da Figura 81 (Teste P2), Viscosímetro Brookfield LVDVIII, CP40, 50º C

131

6. CONCLUSÕES 1)A ferramenta computacional desenvolvida nesta Tese foi apropriada para a

simulação matemática dos testes de fluxo do processo de produção de petróleo

usando fluidos poliméricos.

2)O modelo matemático desenvolvido auxiliará na seleção e dimensionamento do

banco de polímero a ser usado no campo.

3)O sistema reservatório/polímero (reservatório do nordeste brasileiro /

poliacrilamida parcialmente hidrolisada) selecionado foi satisfatório para o

levantamento de dados necessários à alimentação do modelo matemático.

4)A consideração dos fenômenos de dispersão, adsorção físico-química, retenção

mecânica e volume poroso inacessível permitiu desenvolver um modelo matemático

aplicado para a seleção e dimensionamento do banco de fluido para operações de

recuperação de petróleo.

5)O modelo matemático, constituído da equação de difusão e convecção acrescida

do termo da adsorção de Langmuir e do termo fonte, representa, de modo

satisfatório, os fenômenos de dispersão, adsorção físico-química, retenção

mecânica e volume poroso inacessível.

6) A avaliação paramétrica qualitativa foi importante para confirmar a resposta do

modelo aos efeitos de cada fenômeno previsto na fase de conceituação do

problema.

7)O modelo matemático desenvolvido apresentou uma excelente concordância com

as soluções analíticas da equação de fluxo quando se considera apenas a retenção

mecânica, a difusão e a adsorção física, respectivamente.

8)O modelo matemático também apresentou uma excelente concordância com os

dados experimentais do teste de fluxo usando apenas traçador. Nesta etapa foi

passível também fazer um estudo independente dos valores da dispersão em função

132

da permeabilidade do modelo, da velocidade de fluxo e das saturações de água

(100% água) e de óleo (óleo residual).

9)A metodologia de problema inverso, que é hoje uma área de intensa pesquisa e de

grande importância científica na solução de problemas de diversas áreas, permitiu

estabelecer uma nova abordagem para determinação dos fenômenos de interação

rocha-fluido de forma simultânea e integrada, onde destacamos:

a quantificação da retenção mecânica através de um taxa de retenção dada

em m³/(kg.s) que permite a comparação com outros testes de fluxo e a

extrapolação para casos de campo de forma consistente em vez da

determinação convencional de retenção mecânica em microgramas de

polímero por gramas de rocha de forma independente que não leva em

consideração a concentração, o tamanho do banco etc.

a avaliação da adsorção físico-química, que, pela sua característica de

reversibilidade é impossível de ser avaliada, mesmo independente dos

demais fenômenos, por outra forma que não seja a de problema inverso. Esta

metodologia é mais precisa e menos trabalhosa que as descritas pela

literatura até o momento para este fenômeno.

uma nova abordagem para avaliação do volume poroso inacessível de forma

integrada com os demais fenômenos de interação rocha-fluidos.

133

7- SUGESTÕES

1) Planejar uma série de experimentos de laboratório usando a teoria de

planejamento de experimento para avaliar melhor a interdependência dos

parâmetros de controle de cada um dos fenômenos entre si e entre as

características da rocha e da molécula do polímero.

2) Implementar o ajuste automático no simulador híbrido para otimizar o uso do

mesmo.

3) Construir o modelo radial para completar o trabalho de dimensionamento de

campo.

4) Construir modelo five spot para campo, por exemplo, usando o método similar

ao de Abbaszadeh-Dehghani, onde ele primeiro desenha as linhas de fluxo e

depois aplica a solução de difusão e convecção para cada um dos canais, no

caso dele, sem considerar a adsorção. No caso do escoamento de polímero,

incluindo a adsorção físico-química (reversível) e a retenção mecânica

(irreversível).

134

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142

Anexo 1: Curvas de análises termogravimétricas (TGA) dos polímeros estudados

143

144

Anexo 2: Resultado de testes de filtração das soluções de polímeros Flopaam

usados nesta Tese e da água destilada a 25oC.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

Tempo (h)

Pres

são

(kPa

)

Água destilada - 0 ppm polímeroÁgua de injeção - 1000 ppm: alta MM - Flopaam 2630SÁgua de injeção - 1000 ppm: baixa MM - Flopaam 2030SÁgua de injeção - 1000 ppm: Flopaam 2435SÁgua de injeção - 1000 ppm: Flopaam 2230SÁgua de injeção - 1000 ppm: Flopaam 3230SÁgua de injeção - 1000 ppm: Flopaam 2130SÁgua de injeção - 1000 ppm: Flopaam 2030S

145

Anexo 3: Solução analítica para o caso de pura retenção mecânica

t Xb

C = 0

C

C = 0

0 x

Esquema do deslocamento do banco no meio poroso para o caso de pura retenção

mecânica

Para o caso de pura retenção mecânica a Equação (9) se reduz à Equação (26).

mr CK

xC u

tC

−=∂∂

+∂∂

ϕ (26)

Resolvendo pelas características:

Sx

xC

St

tC

SC

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

=∂∂ .. (35)

xC u

tCCK m

r ∂∂

+∂∂

=−ϕ

(36)

Comparando as Equações 35 e 36 temos:

mr CK

SC

−=∂∂ e 1=

∂∂

St (37 e 38)

146

ϕu

Sx

=∂∂ e

ϕu

tx

=∂∂ (39 e 40)

Assim,

ϕu

tx

=∂∂ ; t = 0 ; x = 0``` (41)

uCKr

xC mϕ

−=∂∂ t = 0 ; C = Co (42)

Para ordem de retenção mecânica igual a 0 (zero):

uCKr

dxdC 0ϕ

−= ; donde Cou

xKr C +−=ϕ (43 e 44)

dtu dx .ϕ

= ; donde tu x .ϕ

= (45 e 46)

,x > xb ou x < xb – L.Vb; 0= C

(47)

xb ≥ x ≥ xb –L.Vb; u

xKrCo C ϕ−= e xu t .

ϕ= (48 e 49)

Para ordem de retenção mecânica igual a 1 (um):

dxu

CKr dC .1ϕ

−= (50)

dxu

Kr CdC .ϕ

−= (51)

Cou

xKr C +−=ϕln (52)

x > xb ou x < xb – L.Vb; 0= C (53)

xb ≥ x ≥ xb –L.Vb; uxKr

eCo Cϕ

−= . (54)

147

Para ordem de retenção mecânica igual a 2 (um):

uCKr

dxdC 2ϕ

−= (55)

dxu

Kr CdC .2

ϕ−= (56)

xu

KrCo

C

ϕ−=−

11 (57)

x > xb ou x < xb – L.Vb 0= C (58)

xb ≥ x ≥ xb –L.Vb;

uCoxK

CoCϕ

+=

1 (59)

148

Anexo 4: Solução analítica para o caso de pura adsorção físico-química

t Xb

C = 0

C

C = 0

0 x

Esquema do deslocamento do banco no meio poroso para o caso de pura adsorção

físico-química

Para o caso de pura adsorção físico-química a Equação (9) se reduz à Equação

(60).

xC

Cgu

tC

∂∂

−=∂∂ .

)(ϕ (60)

Resolvendo pelas características:

Sx

xC

St

tC

SC

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

=∂∂ .. (61)

xC

Cgu

tC

∂∂

−∂∂

= .)(

(62)

149

Comparando as Equações 61 e 62 temos:

0=∂∂

SC e 1=

∂∂

St (63 e 64)

)(Cgu

Sx

ϕ=

∂∂ `e

)(Cgu

tx

ϕ=

∂∂ (65 e 66)

)(Cg

u tx

ϕ=

∂∂ ; t = 0, x = 0 (67)

0=∂∂

SC ; t = 0, x = Co (68)

0= dC ; C = Co (69)

dtCg

u dx)(ϕ

= ; (70)

ctedtCg

u x +=)(ϕ

; x = 0; t = 0; cte = 0 (71)

tCg

u x)(ϕ

= (72)

x > xb ou x < xb – L.Vb 0= C (73) xb ≥ x ≥ xb –L.Vb; CoC = (74)

2).1(..)1(.1)(

CKeKeNorCg

+−

+=ϕ

ϕρ (75)

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