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2 Simulado Extra Peça Prático-Profissional Determinados Agentes Fiscais do Poder Executivo relataram ao Presidente do Sindicato que estão insatisfeitos com a grave situação que tomou conta do Estado no último ano. Primeiro, os salários estão atrasados há mais de 04 meses e não há por parte da administração pública qualquer expectativa de pagamento ou parcelamento. Segundo, os postos de fiscalização instalados nas zonas limítrofes com outros estados encontram-se sob precárias condições laborais, e tem comprometido inclusive o cumprimento das normas de saúde e segurança do servidor. Inconformados com a grave situação, os servidores sinalizam à administração pública e ao sindicato que irão paralisar as atividades no fim do mês até que haja melhorias para o cargo que exercem. Imediatamente, o sindicato da categoria procura realizar uma interlocução com o Governo para a solução da crise instalada, mas não obtém qualquer sucesso. Por outro lado, a entidade toma conhecimento da inexistência por parte Congresso Nacional da regulamentação do direito de greve dos servidores público até os dias de hoje. Nessa seara, e visando dar amparo aos seus filiados, o sindicato procura você para obter a melhor orientação jurídica e eventuais providências a serem tomadas. Na qualidade de advogado do sindicato, elabore a peça processual cabível para garantir aos servidores direito fundamental constitucional. (Valor: 5,00)

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Simulado Extra

Peça Prático-Profissional Determinados Agentes Fiscais do Poder Executivo relataram ao Presidente do Sindicato que estão insatisfeitos com a grave situação que tomou conta do Estado no último ano. Primeiro, os salários estão atrasados há mais de 04 meses e não há por parte da administração pública qualquer expectativa de pagamento ou parcelamento. Segundo, os postos de fiscalização instalados nas zonas limítrofes com outros estados encontram-se sob precárias condições laborais, e tem comprometido inclusive o cumprimento das normas de saúde e segurança do servidor.

Inconformados com a grave situação, os servidores sinalizam à administração pública e ao sindicato que irão paralisar as atividades no fim do mês até que haja melhorias para o cargo que exercem. Imediatamente, o sindicato da categoria procura realizar uma interlocução com o Governo para a solução da crise instalada, mas não obtém qualquer sucesso.

Por outro lado, a entidade toma conhecimento da inexistência por parte Congresso Nacional da regulamentação do direito de greve dos servidores público até os dias de hoje.

Nessa seara, e visando dar amparo aos seus filiados, o sindicato procura você para obter a melhor orientação jurídica e eventuais providências a serem tomadas. Na qualidade de advogado do sindicato, elabore a peça processual cabível para garantir aos servidores direito fundamental constitucional. (Valor: 5,00)

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Questões discursivas 1. Lei do Estado “Y”, editada em abril de 2012, com base no Art. 215, § 1° da Constituição da República, regulamenta a chamada rinha de galo, prática popular onde dois galos se enfrentam em lutas e espectadores apostam no galo que acreditam ser o vencedor. Comumente, os dois galos saem com muitos ferimentos da contenda, e não raras vezes algum animal morre ou adquire sequelas permanentes que recomendam seu abate imediato. A Associação Comercial do Estado “Y” ajuíza ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal em que pleiteia a declaração de inconstitucionalidade da referida lei estadual. Em defesa da norma, parlamentar que votou pela sua aprovação, diz, em entrevista a uma rádio local, que a prática da conhecida briga de galos é comum em várias localidades rurais do Estado “Y”, ocorrendo há várias gerações. Além do mais, animais, especialmente aves, são abatidos diariamente para servir de alimento, o que não ocorreria com as aves destinadas para as rinhas. Responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Quanto ao mérito do pedido, é cabível a declaração de inconstitucionalidade da lei do Estado “Y”, que regulamenta a chamada rinha de galo?

B) Há regularidade na legitimidade ativa da ação?

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2. Considere uma lei federal que aumentou a alíquota de determinado tributo, mas sem dispor expressamente que a nova alíquota só poderia ser cobrada no exercício financeiro seguinte. Suponha que uma turma de determinado Tribunal Regional Federal esteja julgando, em grau de recurso, um mandado de segurança impetrado por um contribuinte que se insurgiu contra a cobrança do tributo no mesmo ano em que fora instituído. Diante desse quadro, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Pode a turma do TRF, ao julgar o caso, estabelecer que a nova alíquota só poderá ser cobrada no ano seguinte?

b) Qual é o princípio que fundamenta a cláusula de reserva de plenário?

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3. O Estado X, integrante da República Federativa do Brasil, foi agraciado com o anúncio da descoberta de enormes jazidas de ouro, ferro, estanho e petróleo em seu território. As jazidas de minério estão todas

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localizadas no Município de Alegria e as de petróleo, no Município de Felicidade, ambos localizados no Estado X. Tendo em vista o disposto no ordenamento jurídico nacional, responda aos itens a seguir.

A) A qual ente federativo pertencem os recursos naturais recentemente descobertos? Os demais entes, em cujos territórios se deu a descoberta, recebem alguma participação no resultado da exploração desses recursos?

B) Um dos entes federativos (Estado ou Município), insatisfeito com a destinação dos recursos naturais descobertos em seu território, pode, à luz do nosso ordenamento, propor a secessão, a fim de se constituir em ente soberano, único titular daqueles recursos? Caso positiva a resposta, qual o procedimento a ser seguido? O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

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4. A Assembleia Legislativa do Estado X elaborou Lei Estadual que determina que os veículos apreendidos pelas polícias militar e civil, caso não sejam reclamados no período de três anos, serão levados a hasta pública, repartindo-se o produto do leilão entre o Estado e o Município. O Governador do Estado, preocupado com a constitucionalidade da lei, visto que ela atingirá patrimônio privado, consulta o Procurador Geral do Estado. Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir.

A) A Lei Estadual está de acordo com as normas da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ? (Valor: 0,65)

B) O Governador do Estado X pode propor, perante órgão da União, alguma medida judicial visando à impugnação da Lei Estadual? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

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Correção Simulado Determinados Agentes Fiscais do Poder Executivo Estadual relataram ao Presidente do Sindicato que estão insatisfeitos com a grave situação que tomou conta do Estado no último ano. Primeiro, os salários estão atrasados há mais de 04 meses e não há por parte da administração pública qualquer expectativa de pagamento ou parcelamento. Segundo, os postos de fiscalização instalados nas zonas limítrofes com outros estados encontram-se sob precárias condições laborais, e tem comprometido inclusive o cumprimento das normas de saúde e segurança do servidor.

Inconformados com a grave situação, os servidores sinalizam à administração pública e ao sindicato que irão paralisar as atividades no fim do mês até que haja melhorias para o cargo que exercem. Imediatamente, o sindicato da categoria procura realizar uma interlocução com o Governo para a solução da crise instalada, mas não obtém qualquer sucesso.

Por outro lado, a entidade toma conhecimento da inexistência por parte Congresso Nacional da regulamentação do direito de greve dos servidores público até os dias de hoje.

Nessa seara, e visando dar amparo aos seus filiados, o sindicato procura você para obter a melhor orientação jurídica e eventuais providências a serem tomadas. Na qualidade de advogado do sindicato, elabore a peça processual cabível para garantir aos servidores direito fundamental constitucional. (Valor: 5,00)

Meus amigos, olha só que questão interessante. Estamos diante de uma violação de direito fundamental. Determinados servidores, diante de condições adversas para o exercício de suas atividades, pretendem exercer o direito fundamental de greve. Ocorre que, não há no âmbito do serviço público a regulamentação desse direito, tendo em vista a morosidade do Congresso Nacional nesse processo.

O que se têm, na prática, é uma falta de norma regulamentadora que inviabiliza o exercício do direito de greve, enquanto norma constitucional de eficácia limitada (segundo a classificação do prof. José Afonso da Silva). Ora, diante da falta de norma regulamentadora para garantia de direito subjetivo fundamental cabe um Mandado de Injunção. E, neste caso, estamos diante de direitos coletivos (servidores agentes fiscais do Estado), de modo que poderá ser impetrado pelo sindicato um Mandado de Injunção de natureza coletiva.

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Prof... e não caberia uma ADO? NÃO. A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão é medida de processo objetivo. Não há parte em sentido estrito. Há, em verdade, um legitimado próprio do art. 103 da CRFB/88, mas que ingressa com ação para tutelar objetivamente o sistema constitucional. O objetivo aqui é garantir a supremacia da Constituição.

No caso da questão, esta deixa claro que a violação é de direito subjetivo fundamental (agentes fiscais enquanto servidores públicos). Há uma lide a ser proposta pelo sindicato para satisfação de direito fundamental desses servidores. Estaremos diante de um caso concreto, com pretensão resistida de interesses do ponto de vista processual. Trata-se de uma medida de processo subjetivo.

Régua de correção:

Item - Peça Mandado de Injunção Coletivo Pontuação Endereçamento: a competência fica a cargo do Supremo Tribunal Federal (0,30), nos termos do art. 102, I, q, da CRFB/88 (0,10) “Exmo. Senhor Doutor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal”

0,00 a 0,40

Identificação da Peça: Mandado de Injunção Coletivo (0,40) nos termos do art. 5°, LXXI, da CRFB/88, art. 2° e art. 12, III, ambos da Lei n° 13.300/16.

0,00 a 0,40

Legitimidade ativa: Sindicato dos Agentes Fiscais (0,20), nos termos do art. 12, III, da Lei n° 13.300/16 (0,10) + demonstrar a pertinência temática (0,20) Legitimidade Passiva: Congresso Nacional (0,20)

0,00 a 0,70

Fundamentação jurídica: 1. Apresentar a base constitucional que fundamenta o Mandado

de Injunção Coletivo - art. 5°, LXXI, da CRFB/88 (0,10), além da base infraconstitucional - art. 2°, da Lei n° 13.300/16.(0,10)

2. Informar que estamos diante de comando constitucional que garante direito subjetivo fundamental – exercício do direito de greve (0,50), nos termos do art. 37, VII, da CRFB/88 (0,30);

3. Dizer que estamos diante de norma constitucional de eficácia limitada que está pendente de regulamentação. (0,50)

4. Afirmar que se trata de ato omissivo e mora do Congresso Nacional na regulamentação do tema (0,50), e que tal omissão é inconstitucional devendo ser combatida por meio do Mandado de Injunção Coletivo (0,50)

0,00 a 2,50

Pedidos e requerimentos:

a) a notificação da autoridade omissa, no endereço fornecido na inicial, para que, querendo, preste as informações que entender pertinentes; (0,10)

b) que seja dado ciência do ajuizamento desta ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada; (0,10)

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c) a intimação do Ministério Público; (0,10)

d) que o pedido seja ao final julgado procedente, para fins de viabilizar o exercício do direito de greve dos servidores e, sendo o caso, aplicação analógica da Lei n° 7.783/89; (0,40)

e) a condenação ao pagamento de custas processuais; (0,10)

f) a juntada de documentos em anexo. (0,10)

Desfecho: Indicação do valor da causa; Local e Data... Advogado OAB (0,10)

1. Lei do Estado “Y”, editada em abril de 2012, com base no art. 215, § 1° da Constituição da República, regulamenta a chamada rinha de galo, prática popular onde dois galos se enfrentam em lutas e espectadores apostam no galo que acreditam ser o vencedor. Comumente, os dois galos saem com muitos ferimentos da contenda, e não raras vezes algum animal morre ou adquire sequelas permanentes que recomendam seu abate imediato. A Associação Comercial do Estado “Y” ajuíza ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal em que pleiteia a declaração de inconstitucionalidade da referida lei estadual. Em defesa da norma, parlamentar que votou pela sua aprovação, diz, em entrevista a uma rádio local, que a prática da conhecida briga de galos é comum em várias localidades rurais do Estado “Y”, ocorrendo há várias gerações. Além do mais, animais, especialmente aves, são abatidos diariamente para servir de alimento, o que não ocorreria com as aves destinadas para as rinhas. Responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Quanto ao mérito do pedido, é cabível a declaração de inconstitucionalidade da lei do Estado “Y”, que regulamenta a chamada rinha de galo?

B) Há regularidade na legitimidade ativa da ação?

A) É sim cabível a declaração de inconstitucionalidade no caso em exame. Embora a CRFB/88 estabeleça que o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, estas não podem ocorrer sob condições ou práticas que submetam os animais a crueldade. Trata-se do comando constitucional do art. 225, § 1° da CRFB/88.

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Inclusive, aqui, temos a novidade EC 96/2017. Ela foi “inspirada” com base na discussão das vaquejadas e sistemas de rodeio. (sem adentrar nas especificidades do caso concreto) para fins de prova leve o entendimento:

(...) Não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (art. 225, § 1º)

No caso prático, havendo prática maus tratos e condições que levem os animais à crueldade, há violação ao disposto constitucional. E, aqui, pelo princípio da unidade da Constituição e/ou o princípio da especialidade, o Estado não pode estabelecer regramento diverso do texto da CRFB/88. Não é possível norma estadual que proteja manifestações culturais que submetam animais à crueldade.

B) Não. Isto porque, o art. 103, IX, da Constituição combinado com o art. 2º, IX, da Lei 9.868/99 traz regra no sentido de que a entidade de classe deve ser de âmbito nacional para que se possa ajuizar uma ADI. Tal fato não aconteceu, tendo em vista que a associação é entidade de classe de âmbito estadual.

Régua de correção: Item Pontuação A) Sim. Incidência do Art. 225, § 1°, VII da Constituição (0,30). Pelos princípios da unidade da Constituição OU da especialidade não se pode ter uma manifestação cultural que submeta os animais à crueldade (0,35).

0,65

B) Não. A Associação Comercial do Estado “Y” não é entidade de classe de âmbito nacional (0,30), como exige o Art. 103, IX da CRFB OU Art. 2º, IX da Lei 9868/99 (0,30).

0,60

2. Considere uma lei federal que aumentou a alíquota de determinado tributo, mas sem dispor expressamente que a nova alíquota só poderia ser cobrada no exercício financeiro seguinte. Suponha que uma turma de determinado Tribunal Regional Federal esteja julgando, em grau de recurso, um mandado de segurança impetrado por um contribuinte que se insurgiu contra a cobrança do tributo no mesmo ano em que fora instituído. Diante desse quadro, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

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a) Pode a turma do TRF, ao julgar o caso, estabelecer que a nova alíquota só poderá ser cobrada no ano seguinte?

b) Qual é o princípio que fundamenta a cláusula de reserva de plenário?

A) Caso o órgão fracionário (turma do TRF) entenda que a nova alíquota só poderá ser cobrada no ano seguinte ao da sua majoração, ela estará proferindo decisão no sentido que sua cobrança imediata será inconstitucional (violação o art. 150, III, “b”).

Nesse caso, para que haja declaração de inconstitucionalidade o órgão fracionário deve observar a cláusula de reserva de plenário, nos termos do art. 97 da CRFB/88 (combinado com art. 948 e 949 NCPC). Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

Outrossim, a Turma deverá observar o entendimento da súmula vinculante n. 10, editada pelo STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

B) Trata-se do princípio da presunção de constitucionalidade das leis. De acordo com o art. 97 “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. (art. 97, CRFB).

Régua de correção:

Item Pontuação a) Não, pois deve observar a cláusula de reserva de plenário. Súmula vinculante n. 10. (0,40 = fundamento correto e indicação da norma / 0,2 = indicou também o art. 97 / 0,2 = indicou, além dos demais, a súmula.)

0,80

b) Presunção de constitucionalidade das leis. 0,45

3. O Estado X, integrante da República Federativa do Brasil, foi agraciado com o anúncio da descoberta de enormes jazidas de ouro, ferro, estanho e petróleo em seu território. As jazidas de minério estão todas localizadas no Município de Alegria e as de petróleo, no Município de

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Felicidade, ambos localizados no Estado X. Tendo em vista o disposto no ordenamento jurídico nacional, responda aos itens a seguir.

A) A qual ente federativo pertencem os recursos naturais recentemente descobertos? Os demais entes, em cujos territórios se deu a descoberta, recebem alguma participação no resultado da exploração desses recursos?

B) Um dos entes federativos (Estado ou Município), insatisfeito com a destinação dos recursos naturais descobertos em seu território, pode, à luz do nosso ordenamento, propor a secessão, a fim de se constituir em ente soberano, único titular daqueles recursos? Caso positiva a resposta, qual o procedimento a ser seguido? O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

A) A Constituição Federal de 1988 assevera em seu art. 20, IX, alínea d, que são bens da União os recursos minerais, inclusive os do subsolo. Em igual sentido, o art. 176, da CRFB/88, estabelece que as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União. Portanto, as jazidas de ouro, ferro, estanho e petróleo recentemente descobertas pertencem à União.

Não obstante, tem-se a previsão do Art. 20, § 1º, que assegura aos Estados e aos Municípios participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

Nesse sentido, o Estado “X” e os Municípios de Alegria e Felicidade têm participação assegurada no resultado ou compensação financeira pela exploração de recursos em seus territórios.

B) Não é possível o direito de secessão na nossa ordem jurídica constitucional. O art. 1º da CRFB/88 estabelece que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Esse vínculo é indissolúvel, não podendo ser rompido.

Régua de correção:

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Item Pontuação A1) Os recursos naturais recentemente descobertos pertencem à União (0,30), conforme os artigos 20, IX OU 176 da Constituição Federal (0,10)

0,40

A2) Sim, é assegurada aos Estados e aos Municípios participação no resultado da exploração no respectivo território (0,35), conforme previsão constante do Art. 20, § 1º, da Constituição Federal (0,10).

0,45

B) Não. A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, ficando, portanto, vedada a secessão (0,30), nos termos do Art. 1º OU 18, da Constituição Federal. (0,10) Obs.: a mera citação do artigo não pontua.

0,40

4. A Assembleia Legislativa do Estado X elaborou Lei Estadual que determina que os veículos apreendidos pelas polícias militar e civil, caso não sejam reclamados no período de três anos, serão levados a hasta pública, repartindo-se o produto do leilão entre o Estado e o Município. O Governador do Estado, preocupado com a constitucionalidade da lei, visto que ela atingirá patrimônio privado, consulta o Procurador Geral do Estado. Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir.

A) A Lei Estadual está de acordo com as normas da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ? (Valor: 0,65)

B) O Governador do Estado X pode propor, perante órgão da União, alguma medida judicial visando à impugnação da Lei Estadual? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Meus amigos, essa foi uma questão muito tranquila. Era para gabaritar e garantir pontuação máxima aqui. (rs). A questão tratou de tema de repartição de competências, tem que ir no art. 21 e 22 da Constituição.

A) Não. Isto porque, o caso prático aborda tema de competência privativa da União, nos termos do art. 22, I, CRFB/88. Legislar sobre Direito Civil (perda de propriedade, trata-se de competência legislativa da União. Nesse sentido, há no caso em exame um vício formal de constitucionalidade, tendo em vista que a norma Estadual violou texto da CRFB/88. (seria possível mencionar também o art. 22, XI, da CF/88, que determina ser de competência privativa da União edição de lei sobre trânsito e transporte).

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B) Sim. Diante da existência de vício formal de constitucionalidade da Lei Estadual, o Governador é parte legítima (demonstrada a pertinência temática) para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI. No caso, a competência será do STF, de acordo com art. 102, inciso I, a; art. 103 da CRFB/88 e art. 1º da Lei nº 9.868/99.

Régua de correção:

Item Pontuação A1) Legislar sobre Direito Civil é competência privativa da União (0,25), de acordo com art. 22, I, CRFB/88 (0,10) e, no caso prático, há vício formal de constitucionalidade (0,10).

Há também a incidência do art. 22, XI, da CF/88, que determina ser de competência privativa da União edição de lei sobre trânsito e transporte. (0,20) Obs.: a mera citação do artigo não pontua.

0,65

A2) É possível a propositura da ADI perante o STF (0,30), de acordo com 102, inciso I, a, CRFB/88 (0,15); há vício formal de constitucionalidade e o Governador é parte legítima (com presença de pertinência temática (0,20), art. 103 da CRFB/88 e a Lei nº 9.868/99. (0,10)

0,60

(...)

E assim concluímos nosso simulado extra. Espero que tenham gostado. ;)

Continuem firmes no propósito.

Um forte abraço a todos e até a próxima.

Prof. Diego Cerqueira