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Sindicalismo e Anarquismo

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Autor : Kropotkin

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SINDICALISMO E ANARQUISMOPiotr Alexeyevich KropotkinAteneu Diego Gimnez2010Edio original:Syndicalism and AnarchismBlack Flag, n. 210, p. 24-27Londres, 1997Traduo e diagramao:Ateneu Diego GimnezCOB-AITPiracicaba, 2010http://ateneudiegogimenez.wordpress.comhttp://cob-ait.nethttp://www.iwa-ait.orgAseguinte, atondesabemos, aprimeiratraduoeminglsdesteartigo, baseada na reimpresso alem publicada em junho de 1977 por Die Anarchistische Vereinigung Nordeutschland (Unio Anarquista do Norte da Alemanha), que foi uma reimpresso direta do artigo de Der Syndicalist (Berlin) em 1908, originalmente de Les Temps Nouveaux. Foi traduzida por J. Goddard e revista por K. Guenther em 1994. Ns a estamos publicando porque, apesar de datada, ela ainda possui muitos pontos relevantes para hoje.SINDICALISMO E ANARQUISMOPor todos os lados, as pessoas sempre esto nos perguntando Oque sindicalismo e qual sua relao com o anarquismo?. Aqui ns iremos fazer o nosso melhor para responder estas questes.Sindicalismo somente umnovo nome parauma velha ttica na qual os trabalhadoresdaGrBretanhaserefugiaramcomsucessoporbastantetempo: a ttica da Ao Direta, e da luta contra o Capital na esfera econmica. Esta ttica, de fato, era sua arma favorita. No possuindo o direito de votar, os trabalhadores britnicos na primeira metade do sculo dezenove conquistaram importantes ganhos econmicos e criaram uma forte organizao de unio de ofcios por meio do uso de apenas esta arma, e at mesmo foraram as classes dominantes a reconhecerem suas demandas com legislao (incluindo uma extenso da franquia).Logo, a Ao Direta provou, tanto ao alcanar resultados econmicos como ao extrair concesses polticas, ser uma arma significativa na arena econmica.Na Inglaterra, a influncia desta ideia foi to forte que nos anos de 1830 a 1831 Robert Owententoufundar uma grande unio nacional, e uma organizao de trabalhadoresinternacional,que,usandodeaodireta, irialutarcontraocapital. Medos prematuros de perseguio pelo governo britnico o foraram a abandonar esta ideia.Istofoi seguidopelomovimentocartista, queusouaspoderosas, extensase parcialmente secretas organizaes operrias da poca para ganhar concesses polticas considerveis. Neste momento, os trabalhadores receberam sua primeira lio em poltica: muito em breve eles perceberam que, apesar deles apoiarem a agitao poltica com todos os meios ao seu dispor, esta agitao no lhes conquistava nenhuma vantagemeconmicaalmdaquelasqueelesmesmosforavamosempregadorese legisladores a concederem atravs de greves e revoltas. Eles perceberam o quo intil era esperar que srias melhorias para suas condies de vida chegassemdo parlamento.Os trabalhadores franceses chegarama exatamente a mesma concluso: a revoluo de 1848 que tinha dado Frana uma repblica os convenceu da completa improficuidadedaagitao polticaeat mesmodas vitrias polticas; as nicas mudanasfundamentais s condies de vidados trabalhadoresso aquelasque as classes dominantes so foradas a conceder por Ao Direta.Arevoluodeuaosfrancesesoutralio. Elesviramoquocompletamente desamparados estavam quando se tratava de descobrir a respeito de novas formas de produo que assegurariam para os trabalhadores a sua parte e trariam o fim de sua explorao pelo Capital. Eles viram este desamparo tanto na Comisso de Luxemburgo, que se reuniu entre Abril e Junho de 1848, quanto na Cmara especial escolhida para estudar esta questo em 1849, da qual mais de 100 deputados social-democratas participaram. A partir disto, eles perceberam que os prprios trabalhadores tinham que desenvolver as vias principais da revoluo social, as quais eles devem trilhar se quiserem ter sucesso.O uso da ao direta pelo Trabalho contra o Capital e a necessidade de que os prprios trabalhadores desenvolvam as formas de organizao econmica com as quais 1seja eliminada a explorao capitalista: estas foram as duas lies principais recebidas pelos trabalhadores, especialmente nos dois pases com a indstria mais desenvolvida.Quando, ento, nos anos 1864/66 a velha ideia de Robert Owen foi percebida e uma organizao internacional de trabalhadores foi estabelecida, esta nova organizao adotouambos os princpios fundamentais acima. Como aAssociao Internacional dos Trabalhadores (AIT) tinha sido trazida existncia por representantes das unies de ofcios britnicas e por trabalhadores franceses (principalmente seguidores de Proudhon), que tinham comparecido segunda Exibio MundialemParis, elaproclamouqueaemancipaodostrabalhadoresdevesera tarefa dos prprios trabalhadores e que da em diante os capitalistas teriam que ser combatidos com greves massivas, apoiadas internacionalmente.Em seguida a isto, os primeiros dois atos da Internacional foram duas destas greves massivas, causando uma enorme agitao na Europa e um medo salutar pela classe mdia: uma greve em Paris, apoiada pelas unies de ramo britnicas, a outra no ramo de construo genovs, apoiada por trabalhadores franceses e britnicos.Almdisso, os congressos dos trabalhadores daInternacional no mais se preocupavam em discutir as besteiras com as quais as naes eram entretidas por seus governantes em instituies parlamentares. Eles discutiram a questo fundamental da reconstruorevolucionriadasociedadeecolocaramemprticaaquelaideiaque desdeentoprovousertofrutfera: aideiadaGreveGeral. Quantoaqualforma poltica a sociedade tomaria aps a revoluo social, as federaes dos pases latinos se posicionaram abertamente contra a ideia de Estados centralizados. Elas enfaticamente sedeclararamafavordeumaorganizaobaseadaemumafederaodecomunas livres e regies agrcolas, as quais desta forma se livrariam da explorao capitalista e porestabase, por basedecombinaofederal, formariamunidadesterritoriaise nacionais maiores.Ambos os princpios bsicos do sindicalismo moderno, a ao direta e a elaborao cuidadosa de novas formas de vida social, esto baseados nas federaes de sindicatos: desde o comeo, ambos eram os princpios condutores da AIT.Mesmo ento dentro da Associao, entretanto, havia duas correntes de opinio diferentes no tocante atividade poltica que dividiam os trabalhadores de diferentes naes: a latina, e a alem.Os franceses dentro da Internacional eramprincipalmente apoiadores de Proudhon, cujaideiaprincipal eracomo se segue: aremoo do aparato estatal burgus,para ser substitudo pela prpriaorganizaooperriade unies de ramo, que regularo e organizaro tudo que essencial para a sociedade. So os trabalhadoresquetmqueorganizaraproduodasnecessidadesvitais, ajustae imparcialtrocadetodososprodutosdotrabalhohumano, esuadistribuioeseu consumo. E se eles fizerem isso, ns veremos que restar muito pouco para o Estado fazer. A produo de todas as coisas que so necessrias, e uma mais equitativa troca e consumo de produtos, so problemas que somente os trabalhadores podem resolver. Se elespodemfazertudoisto, oquerestaaserfeitopelosgovernosexistentesesua hierarquiadefuncionrios?Nadaqueostrabalhadoresnopossamorganizareles mesmos.Mas entre os fundadores franceses da Internacional havia aqueles que tinham 2lutado pela repblica e pela comuna. Eles insistiam que a atividade poltica no deve ser ignorada e que ela no desimportante para os proletrios quer eles vivam sob uma monarquia, uma repblica ou uma comuna. Eles sabiampor sua prpria experincia que o triunfo dos conservadores ou dos imperialistas significava represso emtodasasdireeseumenormeenfraquecimentodopoderdostrabalhadoresde combater a poltica agressiva dos capitalistas. Eles no eram indiferentes poltica, mas eles se recusavam a ver um instrumento para a libertao da classe operria na agitao eleitoral ou em sucessos, ou em todo o vai e vem dos partidos polticos. De acordocomisso, ostrabalhadoresfranceses, espanhiseitalianosconcordaramem inserir as seguintes palavras nos estatutos da Internacional: Toda atividade poltica deve ser secundria econmica.Entre os trabalhadores britnicos havia um nmero de cartistas que apoiavam a lutapoltica. Eosalemes, diferentementedosfranceses, aindanohaviamtidoa experinciadeduasrepblicas. ElesacreditavamnoparlamentovindourodoReich alemo. Mesmo Lasalle como ele agora conhecido depositava alguma f em um Kaiser socialista da Alemanha unida que ele via se levantar.Porcausadisto, nemosbritnicosnemosalemesqueriameliminaraao parlamentar, na qual eles ainda acreditavam, e inseriramnos textos ingleses e alemes dos mesmos estatutos: Como ummeio, todaatividade polticadeveser secundria econmica.Logo foi ressuscitada a velha ideia da confiana em um parlamento burgus.Depois que a Alemanha triunfou sobre a Frana na guerra de 1870-71 e 35.000 proletrios, a nata da classe operria francesa, foram assassinados depois da queda da Comuna pelos exrcitos da burguesia, e quando a AIT havia sido banida na Frana, Marx e Engels e seus apoiadores tentaramreintroduzir a atividade poltica na Internacional, na forma de candidatos operrios.Como resultado, uma ciso ocorreuna Internacional, que at ento havia levantadoesperanastoaltasentreosproletriosecausadotantopavorentreos ricos.As federaes dos pases latinos, da Itlia, da Espanha, do Jura e da Blgica Oriental (e um pequeno grupo de refugiados da Frana) rejeitaram o novo rumo. Elas formaram suas prprias unies separadas e desde esta poca se desenvolveram mais e mais na direo do sindicalismo revolucionrio e do anarquismo, enquanto a AlemanhatomouafrentenodesenvolvimentodoPartidoSocial Democrata, ainda mais depois que Bismarck introduziu o direito universal de votar emeleies parlamentares aps a vitria na guerra do recm estabelecido Reich alemo.QuarentaanosagorasepassaramdesdeestadivisonaInternacional ens podemos julgar o resultado. Mais tarde, ns vamos analisar as coisas em mais detalhes mas mesmo agora ns podemos apontar para a completa falta de sucesso durante estes 40anosdaqueles quedepositaramsuafnoqueeleschamaramde a conquistado poder poltico dentro dos Estados burgueses existentes.Ao invs de conquistar este Estado, como eles acreditavam, eles foram conquistados por ele. Eles so suas ferramentas, ajudando a manter o poder da classe altaemdiasobreos trabalhadores. Eles soasferramentas leaisdaIgreja, do Estado, do Capital e da economia de monoplio. Mas por toda a Europa e a Amrica 3ns estamos vendo umnovo movimento entre as massas, uma nova fora no movimentooperrio, umaquevoltaaosvelhosprincpiosdaInternacional,daao direta e da luta direta dos trabalhadores contra o Capital, e os trabalhadores esto percebendo que eles sozinhos devem se libertar no o parlamento.Obviamente, isto ainda no anarquismo. Ns vamos mais longe. Ns afirmamos que os trabalhadores s iro atingir sua libertao quando eles se livrarem da percepo da centralizao e da hierarquia, e do engodo dos funcionrios nomeados pelo Estado que mantm a lei e a ordem lei feita pelos ricos direcionada contra os pobres,eordemsignificandoasubmissodospobresperanteosricos. Atquetais fantasias e delrios tiverem sido jogados ao mar, a emancipao dos trabalhadores no ser alcanada.Mas durante estes 40 anos, os anarquistas, junto com aqueles trabalhadores que tomaram sua libertao em suas prprias mos, fazendo uso da Ao Direta como o meio preparatrio para a batalha final do Trabalho explorado contra at o dia atual o triunfante Capital, lutaram contra aqueles que entreteram os trabalhadores com campanhas eleitorais infrutferas. Todo este tempo eles estiveram ocupados entre as massas trabalhadoras, para acordar nelas o desejo de desenvolver os princpios para a tomada das docas, das ferrovias, das minas, das fbricas, dos campos e dos armazns pelossindicatos, paranoseremmaisadministradosnosinteressesdeunspoucos capitalistas mas no interesse de toda a sociedade.FoidemonstradocomonaInglaterradesdeosanos1820-30, enaFranaem seguida malsucedida revoluo poltica de 1848, os esforos de uma importante seo dostrabalhadoresestiveramdirecionadosparacombateroCapital usandoaAo Direta, e com a criao da organizao operria necessria para isto.Tambmfoi demonstrado como, entre 1866 e 1870, esta ideia foi a mais importante dentro da recm estabelecida Associao Internacional dos Trabalhadores mas tambm como, em seguida derrota da Frana pela Alemanha em 1871 e queda da Comuna de Paris, os elementos polticos tomarama dianteira dentro da Internacional atravs deste colapso de suas foras revolucionrias e temporariamente se tornou o fator decisivo no movimento operrio.Desde esta poca, ambas as correntes se desenvolveramgradualmente na direo de seus prprios programas. Partidos trabalhistas foram organizados em todos os Estados constitucionais e fizeram tudo em seu poder para aumentar o nmero de seus representantes parlamentares omais rpidopossvel. Desdebemno comeo poderia ser visto como, com representantes que corriam atrs de votos, o programa econmicosetornariagradualmentemenosimportante; nofimestandolimitadoa completar as limitaes triviais nos direitos dos empregadores, da em diante dando ao sistemacapitalistanovaforaeajudandoaprolongaraantigaordem. Aomesmo tempo, aqueles polticos socialistas que competiramcomos representantes do radicalismo burgus pela captura dos votos dos trabalhadores ajudaram, mesmo contra suas intenes, a amaciar o caminho para uma vitoriosa reao ao redor da Europa.Toda sua ideologia, as ideias e os ideais que eles espalharam entre as massas, estava focada em um objetivo. Eles eram apoiadores convictos da centralizao estatal, se opunham autonomia local e independncia de pequenas naes e planejavam uma filosofia de histria para apoiar suas concluses. Eles despejavam gua fria nas 4esperanasdasmassasenquantopregavamparaelas, emnomedomaterialismo histrico, que nenhuma mudana fundamental emuma direo socialista seria possvel seonmerodecapitalistasnodiminusseatravsdecompetiomtua. Completamente fora de suas observaes est o fato que to bvio em todos os pases industrializados hoje: que os britnicos, os franceses, os belgas e os outros capitalistas, por meio da facilidade com que eles exploram pases que no possuem uma indstria desenvolvida prpria, hoje controlam o trabalho de centenas de milhes de pessoas na Europa Oriental, na sia e na frica. O resultado que o nmero dessas pessoas nos principaispasesindustrializadosdaEuropaquevivemdotrabalhodosoutrosno decresce gradualmente de maneira alguma. Longe disso. De fato, ele aumenta em uma taxa constante e alarmante. E com o crescimento deste nmero, o nmero de pessoas com um interesse na capitulao do Estado capitalista tambm aumenta. Finalmente, aqueles que falam mais alto da agitao poltica para a conquista do poder nos Estados existentes se opem ferozmente a qualquer coisa que possa danificar suas chances de conquistar o poder poltico. Qualquer umque se atrevesse a criticar sua ttica parlamentar era expulso dos congressos socialistas internacionais. Eles desaprovavam as greves e mais tarde, quando a ideia da Greve Geral penetrava at mesmo em seus prprioscongressos, elescombatiamaideiaferozmentecomtodososmeiosaoseu dispor.Taistticasforamperseguidasporcompletos40anos, massomentehojese tornou claro para todo mundo que os trabalhadores ao redor da Europa j tiveram o bastante. Com desgosto, muitos trabalhadores vieram a rejeit-las. Esta a razo por que ns agora estamos ouvindo falar tanto sobre sindicalismo.Entretanto, durante estes 40 anos, a outra corrente, a que defende a luta direta daclassetrabalhadoracontraoCapital, tambmcresceuesedesenvolveu; elase desenvolveu apesar da perseguio governamental de todas as direes e a despeito de dennciapor polticos capitalistas. Seriainteressanteconceber o desenvolvimento constantedestacorrenteeanalisarsuasconexesintelectuaisassimcomopessoais com os partidos social-democratas por um lado, e com os anarquistas por outro. Mas agora no a hora para a publicao deste trabalho; com todas as coisas expostas talvezmelhorqueelenotenhasidoescritoainda. Aatenoseriavoltada paraa influncia de personalidades, quando influncia das maiores correntes do pensamentomodernoeaocrescimentodaautoconfianaentreostrabalhadoresda AmricaedaEuropa, umaautoconfianaganhadaindependentementedelderes intelectuais, que uma ateno especial deve ser direcionada para que se seja capaz de escrever uma histria real do sindicalismo.Tudo o que ns agora temos a dizer sobre isso so os simples fatos de que de maneira completamente independente dos ensinamentos dos socialistas, onde as massas trabalhadoras estavam reunidas nos principais centros industriais, que estas massas mantiveram a tradio de suas organizaes de ofcio de tempos anteriores, organizando-setantoabertamentequantosecretamente, enquantoduranteotempo inteiro cresciamemfora, parafrear aexplorao eaarrognciacrescentes dos empregadores. Aomesmotempoemqueas massas trabalhadoras organizadas se tornavammaioresemaisfortes, setornandocientesdalutaprincipalquedesdeo tempo da grande revoluo francesa tem sido o verdadeiro propsito da vida dos povos 5civilizados, suas tendncias anticapitalistas se tornaram mais claras e mais certas.Durante os ltimos 40 anos, anos nos quais os lderes polticos em diferentes pases usaram os meios mais amplos o possvel para tentar prevenir todas as revoltas operrias e para suprimir qualquer uma de carter ameaador, ns vimos as revoltas operrias se estenderem para ainda mais alm, se tornando sempre mais poderosas, e os objetivos operrios sendo expressados mais e mais claramente. Sempre crescentemente, elasperderamocarterdemerosatosdedesespero; emqualquer momentoemquetemoscontatocomostrabalhadores, maisemaisnsouvimosa opinio prevalente expressada, que pode ser resumida nas poucas palavras seguintes: Abramcaminho, cavalheirosdaindstria! Sevocsnoconseguemadministraras Indstrias de modo que possamos ganhar a vida e achar nelas uma existncia segura, ento fora com vocs! Fora, se vocs tm a viso to mope e so incapazes de chegar a uma compreenso sensvel um com o outro sobre cada novo turno de produo que lhes promete o maior lucro instantneo, que vocs devematacar semconsideraremo malefcio ou a utilidade de seus produtos como um rebanho de ovelhas! Fora com vocs, sevocssoincapazesdeconstruirsuariqueza deoutromodoalmdopreparode guerrasinfindveis, desperdiandoumterodetodososbensproduzidosporcada nao em armamentos teis apenas para roubar outros ladres! Fora, se de todas as descobertas maravilhosas da cincia moderna vocs no aprenderamaganhar suas riquezas de outro modo alm da pobreza qual um tero da populao dos grandes municpios e cidades de nossos pases excepcionalmente ricos est condenado! Fora, se esta a nica maneira com que vocs podem administrar a indstria e o comrcio! Ns trabalhadores saberemos melhor como organizar a produo, se ns primeiro conseguirmos erradicar esta peste capitalista!Estas foram as ideias disputadas e discutidas nos meios domsticos operrios ao redordetodoomundocivilizado; elesprovieramoterrenofrtil paraasrevoltas operrias tremendas que ns vemos ano aps ano na Europa e nos Estados Unidos, na forma de greves por estivadores, ferrovirios, mineiros e operrios de moinhos etc. at finalmentetomaremaformadaGreveGeral logo crescendoemgrandes lutas comparveis comos ciclos poderosos daforadanatureza, e perto das quais as pequenas batalhas nos parlamentos parecem uma brincadeira de criana.Enquantoosalemescelebravamseusucessoeleitoral semprecrescentecom bandeiras vermelhas e desfiles com tochas, o povo ocidental experiente quietamente trabalhou em uma tarefa muito mais sria: a da organizao interna dos trabalhadores. As ideias com as quais estes ltimos povos se ocuparam foram de uma naturezamuitomaisimportante. ElesseperguntaramQual seroresultadodo inevitvel conflito mundial entre o Trabalho e o Capital?, Que novas formas de vida industrial e organizao social este conflito criar?.Eesta a verdadeira origemdo movimento sindicalista, que os polticos ignorantes de hoje acabaram de descobrir como algo novo para eles.Paransanarquistasestemovimentononadadenovo. Nsdemosboas-vindas ao reconhecimento das correntes sindicalistas no programadaAssociao Internacional dos Trabalhadores. Ns as defendemos, quando elas foram atacadas por revolucionrios polticos alemes que viram neste movimento um obstculo captura do poder poltico. Ns aconselhamos os trabalhadores de todas as naes a seguirem o 6exemplo dos espanhis que haviam mantido suas organizaes sindicalistas em contato prximo com as sees da Internacional. Desde esta poca ns acompanhamos todas as fases do movimento operrio com interesse e sabemos que seja como forem os conflitos vindourosentreoTrabalhoeoCapital, restaraomovimentosindicalistaabriros olhos da sociedade em direo s tarefas que cabem aos produtores de toda a riqueza. o nico movimento que mostrar s pessoas que pensam uma rota para fora do beco-sem-sada que o desenvolvimento atual do capitalismo deu nossa gerao.No preciso dizer que os anarquistas nunca imaginaram que tinha sido eles quem havia provido o movimento sindicalista com o entendimento de suas tarefas com relaoorganizaodasociedade. Elesnuncaalegaramabsurdamenteseremos lderes de um grande movimento intelectual conduzindo a humanidade na direo de sua evoluo progressiva. Mas o que ns podemos alegar termos reconhecido desde o princpioaimensaimportnciadaquelasideiasquehojeconstituemosprincipais objetivos do sindicalismo, ideias que na Inglaterra foram desenvolvidas por Godwin, Hodgkin, Greye seus sucessores, e naFranapor Proudhon: aideiadequeas organizaes operrias para a produo, a distribuio e a troca devem tomar o lugar daexploraocapitalistaedoEstadoexistentes, equeodever eatarefadas organizaes operrias desenvolver a nova forma da sociedade.Nenhuma destas duas ideias fundamentais so nossa inveno; nemde nenhumaoutrapessoa. Aprpriavidaasditoucivilizaodosculodezenove. agoranossodevertransform-lasemrealidade. Masnsestamosorgulhososdeas termos entendido e defendido naqueles anos sombrios quando polticos social-democratas e pseudofilosofias as atropelavam, e estamos orgulhosos de nos mantermos fieis a elas, tanto hoje quanto naquele momento.7