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DANIELLE VIEIRA SOBRAL SÍNTESE E AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DE PEPTÍDEOS RADIOMARCADOS COM CÉLULAS TUMORIGÊNICAS. RELEVÂNCIA PARA O ESTUDO DE GLIOBLASTOMA São Paulo 2016 Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Ciências da Saúde.

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DANIELLE VIEIRA SOBRAL

SÍNTESE E AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DE

PEPTÍDEOS RADIOMARCADOS COM CÉLULAS

TUMORIGÊNICAS. RELEVÂNCIA PARA O ESTUDO DE

GLIOBLASTOMA

São Paulo

2016

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do Título de Mestra em Ciências

da Saúde.

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DANIELLE VIEIRA SOBRAL

SÍNTESE E AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DE

PEPTÍDEOS RADIOMARCADOS COM CÉLULAS

TUMORIGÊNICAS. RELEVÂNCIA PARA O ESTUDO DE

GLIOBLASTOMA

São Paulo

2016

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de

Mestra em Ciências da Saúde.

Área de concentração: Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Drª Luciana Malavolta Quaglio.

Co-orientador: Prof. Drº. Francisco Romero Cabral

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Sobral, Danielle Vieira Sintese e avaliação da interação de peptídeos radiomarcados com células tumorigênicas: relevância para o estudo de glioblastoma. / Danielle Vieira Sobral. São Paulo, 2016.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientadora: Luciana Malavolta Quaglio Co-orientador: Francisco Romero Cabral

1. Peptídeos 2. Glioblastoma 3. Radioisótopos do iodo 4. Radiofarmacos

BC-FCMSCSP/11-16

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I

“Na vida, não existe nada a se temer, apenas a ser compreendido.”

Marie Curie

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II

Dedicatória

Aos familiares, amigos e professores.

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III

Agradecimentos

Agradeço à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo e ao Departamento de Ciências Fisiológicas pela oportunidade de

desenvolver esse trabalho;

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia;

Especialmente, agradeço a minha orientadora professora Doutora

Luciana Malavolta Quaglio, pela disponibilidade, atenção dispensada,

paciência, dedicação, envolvimento e profissionalismo.

Ao meu co-orientador Professor Doutor Francisco Romero Cabral, que

era sempre um prazer tê-lo na bancada, e também, dedicou atenção e

envolvimento.

A minha família, que em muitos momentos não entendiam o que estava

acontecendo.

Aos meus colegas, professores e chefe do Departamento de Ciências

Fisiológicas, e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, que me proporcionaram momentos de descontração, onde consegui

trabalhar de forma tranquila.

A professora MsC. Marycel Rosa Felisa Figols Barboza, que

disponibilizou de seu tempo e conhecimento para participar do

desenvolvimento radioquímico desse projeto. De fato uma mulher exemplar,

que não permitiu que a idade lhe afastasse da bancada.

A professora MsC. Ana Cláudia Miranda Camargo, que com seu

perfeccionismo trabalhou na minha organização e postura.

Aos colegas do CETEC-IIEPAE-InCe

Ao Instituto Pesquisas Energéticas e Nucleares.

Universidade Federal de São Paulo, em especial ao departamento de

Biofísica do Instituto de Farmacologia (Infar).

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IV

SIGLAS E ABREVIATURAS

Å - Angström

AAT - Alfa-1-antitripsina

ACN – Acetonitrila

AcOH – Ácido acético

Bq – Becquerel

CCD - Cromatografia em camada delgada

CCK – Colecistocinina

Ci – Curie

CLAE (HPLC) – Cromatografia líquida de alta eficiência

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CO2 – Dióxido de Carbono (gás carbônico)

CP - Coeficiente de partição

CPM – Contagem por minuto

Da – Dalton

DCM – Diclorometano

DIC – Diisopropilcarbodiimida

DIEA – N,N-Diisopropiletilamina

DMF – Diimetilformamida

DNA – Ácido Desoxirribonucléico

DTPA – Dietilenotriaminopentaacetado

EDTA - Ácido etilenodiaminotetraacético

EGFR – Receptor do fator de crescimento epidérmico

EUA – Estados Unidos da América

Fmoc – N-9-Fluorenilmetiloxicarboxila

GLP-1 – Glucagon-like peptide-1

H – Hidrogênio

H2O – Água

H2O2 – Peróxido de hidrogênio

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V

HO2 - Hidroperoxila

HOBt – N-hidroxibenzotriazol

IEA – Instituto de Energia Atômica

IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares

KOH – Hidróxido de potássio

LPP – Ligação às proteínas plasmáticas

MeOH – Metanol

NaCl – Cloreto de sódio

Na-I131 – Iodeto de sódio

NETs – Estadiamento de tumores neuroendócrinos

NMP – N-Metilpiperidina

O2- - Superóxido

OH- – Hidróxila ou Íon hidroxila

OMS – Organização Mundial da Saúde

OtBu - Benzotriazol-l-il-1,1,3,3-tetrametilurônico

Rf – Fator de retenção

RPM – Rotação por minuto

SNC – Sistema nervoso central

SOD - Superóxido-dismutase

SPPS – Síntese de peptídeos em fase sólida

tBu - terc-butila

TCA – Ácido Tricloroacético

TEA – Trietanolamina

TFA – Ácido trifluoroacético

TLC/SG – Thin Layer Chromatography/Sílica gel

Unifesp – Universidade Federal de São Paulo

USP – Universidade de São Paulo

α – Alfa

β – Beta

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VI

1. Radioisótopos

111In – Índio 111

123I – Iodo 123

124I – Iodo 124

125I – Iodo 125

131I – Iodo 131

153Sm – Samário 143

177Lu – Lutécio 177

18F – Flúor 18

201Ti – Tálio 201

64Cu – Cobre 64

68Ga – Gálio 67

90Es – Estrôncio 90

90Y – Ítrio 90

99mTc – Tecnécio 99 metaestável

51Cr – Cromo 51

2. Aminoácidos

Ala (A) Alanina

Arg (R) Arginina

Asn (N) Asparagina

Asp (D) Ácido aspártico

Cys (C) Cisteína

Gln (Q) Glutamina

Glu (E) Ácido Glutâmico

Gly (G) Glicina

His (H) Histidina

Il (I) Isoleucina

Leu (L) Leucina

Lys (K) Lisina

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VII

Met (M) Metionina

Phe (F) Fenilalanina

Pro (P) Prolina

Ser (S) Serina

Thr (T) Treonina

Trp (W) Triptofano

Tyr (Y) Tirosina

Val (V) Valina

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VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Formação da ligação peptídica...........................................................3

Figura 2. Etapas de obtenção dos peptídeos utilizando a estratégia FMOC....8

Figura 3. Protocolo de síntese utilizado na síntese dos peptídeos...................21

Figura 4. Estrutura química da cloramina T......................................................24

Figura 5. Etapas da radiomarcação dos peptídeos com Na131I........................25

Figura 6. Células C6 em confluência de 90%...................................................30

Figura 7. Implantação de células C6 por esteriotaxia.......................................31

Figura 8. Perfil cromatografico (A) e espectrometria de massas (B) do

fragmento puro EEEEYFELV sintetizado..........................................................35

Figura 9. Perfil cromatográfico (A) e especrometria de massas (B) do

fragmento puro DEDEYFELV sintetizado..........................................................36

Figura 10. Perfil cromatografico (A) e espectrometria de massas (B) do

fragmento puro GRGDYV sintetizado................................................................37

Figura 11. Perfil Cromatográfico do Na-131I em diferentes concentrações de

MeOH (Whatmann 3MM)...................................................................................38

Figura 12. Perfil Cromatográfico do Na-131I em diferentes concentrações de

ACN (TLC/SG)...................................................................................................39

Figura 13. Perfil Cromatográfico do Na-131Iemacetona(Whatmann 3MM)......39

Figura 14. Perfil Cromatográfico do 131I-EEEEYFELV em MeOH 70%

(Whatmann 3MM)..............................................................................................40

Figura 15. Perfil Cromatográfico 131I-EEEEYFELV em 20 µg (A) 25 µg (B) 40

µg (C) e 50 µg (D) nos solventes MeOH 70%,MeOH 85% e ACN 60%............42

Figura: 16. Perfil cromatográfico do peptídeo 131

I-EEEEYFELV, em 25 µg (A) e

50 µg (B) em MeOH 85% (Whatmann 3MM).....................................................46

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IX

Figura 17. Perfil cromatográfico do peptídeo 131I-EEEEYFELV, após tempo de

reação de 60 segundos de cloramina T (n=3)...................................................44

Figura 18. Perfil cromatográfico do peptídeo 131I-DEDEYFELV (A) e 131I-

GRGDYV (B), em MeOH 85% Whatmann/3MM................................................45

Figura 19. Perfis cromatográficos do 131I-GRGDYV em MeOH 70% e 95%

(Whatmann/3MM) e ACN 60% e 95% (TLC/SG).............................................46

Figura 20. Perfil cromatográfico do fragmento 131I-EEEEYFELV (A) e 131I

DEDEYFELV (B) em ACN 95% (TLC/SG) e MeOH 95% (Whatmann/3MM)....47

Figura 21. Perfil cromatográfico dos fragmentos peptídicos:131I-EEEEYFELV e

131I-DEDEYFELV em MeOH 95% (Whatmann/3MM) e em ACN 95% (TLC/SG)

para o fragmento 131I-GRGDYV. Tempo de reação de cloramina T de 60

segundos (A), 90 segundos (B), 120 segundos (C) e 180 segundos

(D)....................................................................................................................50

Figura 22. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 72

horas pós-marcação (n=3)................................................................................52

Figura 23. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 72

horas pós-marcação refrigerado (n=3).............................................................54

Figura 24. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 72

horas pós-marcação refrigerado (n=3)..............................................................54

Figura 25. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 24

horas pós-marcação incubados em soro humano a 37 ºC

(n=3)...................................................................................................................55

Figura 26. Interação dos peptídeos radiomarcados e do Iodo-131às proteínas

plasmáticas.......................................................................................................57

Figura 27. Interação dos peptídeos radiomarcados e do Iodo-131com células

de glioblastoma C6 provenientes da cultura celular..........................................59

Figura 28. Interação dos peptídeos radiomarcados com o homogenato de

cérebro de animais modelos de glioblastoma....................................................60

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Exemplos e aplicações de peptídeos e proteínas em uso clínico ou

submetidos à ensaios..........................................................................................5

Tabela 2. Principais radioisótopos utilizados no diagnóstico e/ou tratamento de

tumores.............................................................................................................12

Tabela 3. Radiopeptídeos em estudos clínicos na Europa, seus receptores e

indicações clínicas.............................................................................................17

Tabela 4. Parâmetros utilizados na caracterização dos peptídeos

propostos...........................................................................................................34

Tabela 5. Parâmetros utilizados para a purificação dos peptídeos

propostos...........................................................................................................34

Tabela 6. Efeito da variação dos solventes na análise do rendimento da

radiomarcação do peptídeo 131I-EEEEYFELV em diferentes concentrações

(n=3)...................................................................................................................41

Tabela 7. Estudo da variação do sistema de solvente para o fragmento

peptídico GRGDYV(n=3)...................................................................................46

Tabela 8. Rendimento radioquímico com 100µg dos fragmentos peptídicos e

em diferentes tempos de reação da Cloramina T..............................................49

Tabela 9. Parâmetros utilizados e rendimento radioquímico dos três fragmentos

peptídicos...........................................................................................................51

Tabela 10. Determinação da pureza radioquímica dos fragmentos 131I-

peptídeos...........................................................................................................56

Tabela 11. Determinação da lipofilicidade dos 131I-peptídeos...........................58

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1

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................3

1.1. Peptídeos: características e relevância ..................................................................3

1.2. Síntese de peptídeos em fase sólida ......................................................................6

1.3. Medicina Nuclear .......................................................................................................9

1.4. Estudos de radiofármacos para diagnóstico e terapia........................................10

1.5. Radioisótopo Iodo-131. ...........................................................................................13

1.6. Radiofármacos baseados em peptídeos ..............................................................14

2. OBJETIVOS .................................................................................................................18

2.1. Objetivo principal .....................................................................................................18

2.2. Objetivos específicos ..............................................................................................18

3. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................19

3.1. Síntese de peptídeos em fase sólida (SPFS). .....................................................19

3.1.1. Materiais ....................................................................................................................19

3.1.2. Métodos .....................................................................................................................20

3.1.2.1. Purificação dos peptídeos .......................................................................................22

3.1.2.2. Espectrometria de Massas .....................................................................................22

3.2. Padronização da Radiomarcação dos Peptídeos Sintetizados .........................23

3.2.1. Materiais ....................................................................................................................23

3.2.2. Métodos .....................................................................................................................24

3.2.2.1. Radiomarcação dos Peptídeos ..............................................................................24

3.2.2.2. Determinação do rendimento e pureza radioquímica dos peptídeos

radiomarcados. ........................................................................................................................26

3.2.2.3. Estudos de estabilidade de marcação dos peptídeos radiomarcados..............27

3.2.2.4. Estabilidade dos peptídeos radiomarcados em soro humano. ..........................28

3.2.2.5. Interação dos peptídeos radiomarcados às proteínas plasmáticas. .................28

3.2.2.6. Determinação do coeficiente de partição (CP) dos peptídeos

radiomarcados.... .....................................................................................................................29

3.3. Modelo animal ..........................................................................................................29

3.3.1. Cultura de células de glioblastoma C6. .................................................................30

3.3.2. Implante esteriotáxico das células C6. ..................................................................30

3.3.3. Avaliação da interação dos peptídeos radiomarcados com as células

tumorigênicas. ..........................................................................................................................31

4. RESULTADOS .............................................................................................................33

4.1. Síntese, Caracterização e Purificação dos Peptídeos........................................33

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2

4.2. Padronização da radiomarcação dos fragmentos peptídicos com Iodo-

131............................................................................................................................. 38

4.2.1. Estudo da influência do solvente utilizado nas análises cromatográficas para determinar o rendimento radioquímico. ................................................................................38

4.2.2. Estudo da influência da massa do peptídeoEEEEYFELV na radiomarcação............................................................................................................... 40

4.2.3. Estudo da influência do tempo de reação da cloramina T. ................................43

4.2.4. Estudo da marcação dos fragmentos peptídicos DEDEYFELV e GRGDYV....................................................................................................................... 45

4.2.5. Avaliação do rendimento radioquímico utilizando 100µg dos peptídeos. ........48

4.2.6. Estudo da estabilidade dos peptídeos radiomarcados. ......................................51

4.2.7. Estudo da determinação da pureza radioquímica. ..............................................55

4.2.8. Estudo da interação dos peptídeos radiomarcados às proteínas plasmáticas.................................................................................................................... 56

4.2.9. Determinação do coeficiente de partição (CP) dos peptídeos

radiomarcados............................................................................................................... 58

4.2.10. Avaliação da interação dos peptídeos radiomarcados com as células tumorigênicas. ..........................................................................................................................59

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................61

5.1. Definição dos peptídeos estudados ......................................................................61

5.2. Radiomarcação dos fragmentos peptídicos com Iodo-131 ................................63

5.2.1. Estudo da influência dos solventes na determinação do rendimento

radioquímico dos peptídeos EEEEYFELV, DEDEYFELV e GRGDYV. ...........................64

5.2.2. Estudo davariação da quantidade em massa dos peptídeos e do tempo de reação de cloramina T. ...........................................................................................................67

5.2.3. Determinação da pureza radioquímica. ................................................................69

5.2.4. Determinação da estabilidade de marcação dos 131I-peptídeos. .......................69

5.2.5. Determinação da ligação às proteínas plasmáticas ............................................71

5.2.6. Determinação da lipofilicidade dos peptídeos radiomarcados através do coeficiente de partição. ...........................................................................................................72

5.2.7. Estudo da interação dos peptídeos radiomarcados com as células tumorigênicas ...........................................................................................................................73

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................75

7. RESUMO ......................................................................................................................76

8. ABSTRACT ..................................................................................................................77

9. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................78

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3

1. INTRODUÇÃO

1.1. Peptídeos: características e relevância

Peptídeos são moléculas constituída pela união de dois ou mais

aminoácidos, através de ligações peptídicas (Figura 1).Os peptídeos contêm

geralmente menos de 40 aminoácidos, enquanto que as proteínas contêm 50

ou mais. Entre 40 e 50 aminoácidos as moléculas são chamadas de

polipeptídeos. O peso molecular também é utilizado para a sua definição,

moléculas contendo peso molecular inferior a 5000 Da são considerados

peptídeos e com peso superior a este valor, proteínas. Por esta definição, a

insulina é a menor proteína disponível, possuindo um peso molecular de 5800

Da (Degim& Celebi, 2007).

Figura 1. Formação da ligação peptídica.

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4

Muitos peptídeos têm sido usados como fármacos desde a década de

30, com a introdução comercial da insulina e do hormônio da tireoide. Embora

alguns peptídeos tenham sido usados comercialmente, só recentemente eles

são considerados moléculas chave na regulação da maioria dos processos

fisiológicos com enorme potencial para o tratamento de diversas doenças

(Pasha & Gupta, 2010).

Grandes progressos têm sido realizados na compreensão da função de

peptídeos e proteínas (Brasnjevic et al., 2009). Assim, os peptídeos tornaram-

se alvos importantes na concepção de fármacos para o tratamento de uma

grande variedade de doenças do sistema nervoso central (SNC), tais como

isquemia, doenças inflamatórias, doenças neurodegenerativas, enxaqueca

aguda e crônica (Moghbeli et al., 2010; Sipos et al., 2010).

Apesar do potencial clínico, peptídeostêm uso limitado pela sua pobre

biodisponibilidade e baixa estabilidade em condições fisiológicas (Egleton &

Davis, 1997; Gentilucci, 2004). Desta forma, a baixa absorção e alta

degradação enzimática são as principais barreiras que os peptídeos encontram

para se tornarem eficientes (Wu et al., 2008). Assim, avanços nas áreas de

biotecnologia e química têm conduzido ao uso de moléculas bioativas

potencialmente terapêuticas (Audie & Boyd, 2010).

Recentes descobertas sugerem a expansão de novas aplicações na

medicina, principalmente na área de doenças do SNC devido à afinidade de

algumas sequências peptídicas a receptores específicos (Gentilucci et al.,

2006; Audie & Boyd, 2010; McGonigle, 2012).

Até o final de 2010, o lucro obtido com cerca de 60 fármacos baseados

em peptídeos foi de aproximadamente 13 bilhões de dólares (Thayer,

2011).Existem em torno de 150 candidatos a drogas em desenvolvimento

clínico. Atualmente, 17 novas moléculas baseadas em peptídeos entram para

estudos clínicos a cada ano, em comparação com apenas cerca de 10 durante

a década de 1990 e de 5 na década de 1980 (Thayer, 2011). Fármacos

peptídicos aprovados e aqueles em desenvolvimento abrangem muitas áreas

terapêuticas, como oncologia, distúrbios metabólicos e doenças

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5

cardiovasculares e neurológicas (Zhang et al., 2002). A Tabela 1 lista exemplos

de peptídeos e proteínas em uso clínico e alguns já comercializados.

Tabela 1. Exemplos e aplicações de peptídeos e proteínas em uso clínico ou

submetidos à ensaios clínicos (Malavolta e Cabral 2011)

Proteínas e peptídeos terapêuticos Aplicação

Proleucina Carcinoma

Factor de crescimento de fibroblastos Cicatrização de feridas

Fator de crescimento epidérmico Cicatrização de feridas

Hirudina Fibrinolítico

Estreptoquinase Fibrinolítico

Eritropoietina Estimulação da eritropoiese

Fator VIII Hemofilia

Fator IX Pitiríase rósea

Insulina Regulação da glicose

Proinsulina Regulação da glicose

α- Interferon Leucemia de células pilosa

β- Interferon Esclerose múltipla

Glucocerebrosidase Doença de Gaucher

Cerezyme Doença de Gaucher Tipo I

Pulmozyme Fibrose cística

Calcitonina Doença óssea

Ocitocina Indução do trabalho de parto

Hormônio do crescimento Baixa estatura

Em resumo, existe um crescente interesse em peptídeos com potencial

terapêutico, incluindo tratamento e diagnóstico de doenças do SNC (Malavolta

et al., 2009; Malavolta & Cabral, 2011). Peptídeos e proteínas, ou seus

análogos, devido à sua importância fisiológica no sistema nervoso central,

fornecem muitas oportunidades para descoberta e desenvolvimento de novos

alvos terapêuticos de várias desordem do SNC.

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6

1.2. Síntese de peptídeos em fase sólida

A metodologia de síntese de peptídeos em fase sólida (SPFS),

desenvolvida por Bruce Merrifield em 1960 é baseada no crescimento da

cadeia peptídica aminoácido por aminoácido, a partir de sua região caboxi-

terminal que se encontra ligada covalentemente ao suporte polimérico (resina)

(Alberício, 2000; Merrifield, 1963). Desta forma, a construção do peptídeo é

baseada no crescimento da cadeia peptídica no sentido do aminoácido carboxi-

terminal para o aminoácido N-terminal, contrário ao que ocorre no processo de

síntese de peptídeos pelos ribossomos.

Os polímeros utilizados na SPFS devem ser insolúveis nos solventes

utilizados e inertes nas condições de síntese. Polímeros compostos de

poliestireno (apolar) apresentam um alto grau de solvatação em solventes

apolares, fator fundamental para permitir a entrada de reagentes através dos

poros existentes nas partículas e tornar acessíveis os seus sítios ativos. Na

SPFS, o grupo carboxila do último aminoácido da cadeia (primeiro da síntese)

é ligado ao suporte polimérico insolúvel através de uma ligação éster para

gerar peptídeos carboxila-livre, ou uma ligação amida para produzir peptídeos

carboxi-amida, seguindo-se os acoplamentos sucessivos dos demais

aminoácidos das sequências (Barany & Merrifield, 1979; Stewart & Young,

1984).

A formação da ligação peptídica entre dois aminoácidos é um processo

complexo, devido à natureza polifuncional dos aminoácidos. Durante a síntese,

todos os grupos funcionais podem sofrer reações, necessitando realizar a

proteção específica daqueles que não devem reagir. Dentre os vinte

aminoácidos naturais, sete apresentam cadeias laterais que não necessitam de

qualquer proteção (Gly, Ala, Val, Leu, Ile, Phe, Pro) e treze que necessitam de

protetores (Arg, Tyr, Ser, Thr, His, Gln, Asn, Met, Trp, Asp, Glu, Lys e Cys)

durante a síntese. Alguns aminoácidos como Asn, Gln, Met e Trp podem ser

utilizados sem proteção ou protegidos.

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A estratégia da química Fmoc (N-9-Fluorenilmetiloxicarboxila) é a mais

utilizada atualmente (Fields & Noble, 1990). Esta estratégia tem como protetor

temporário da região N-terminal do aminoácido o grupo base lábil Fmoc (Figura

2). A cadeia lateral do aminoácido, se reativa, também necessita ser protegida,

no entanto, por grupos estáveis à base empregada, e lábeis ao TFA (ácido

utilizado na etapa de clivagem do peptídeo da resina). Entre os protetores mais

utilizados, podemos citar os grupos terc-butiloxicarbonila, tritila e terc-butilico.

Durante o acoplamento, os grupos carboxila livre dos aminoácidos que

serão acoplados são ativados com agentes acilantes, tais como:

diisopropilcarbodiimida (DIC) / N-hidroxibenzotriazol (HOBt), para acelerar a

reação. O princípio fundamental da maioria dos métodos de acoplamento é a

ativação do grupo carboxila que participa da formação da ligação amida ou

peptídica. Na ativação, o átomo de carbono tem sua eletrofilicidade aumentada

por substituintes eletroaceptores ligados diretamente a ele, facilitando o ataque

do grupo amino (do aminoácido ligado à resina) que é nucleofílico (Barany &

Merrifield, 1979).

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Figura 2. Etapas de obtenção dos peptídeos utilizando a estratégia FMOC.

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1.3. Medicina Nuclear

A medicina nuclear caracteriza-se pela utilização de métodos de

diagnóstico e tratamento minimamente invasivos que, para a sua execução,

geralmente não requerem mais do que a simples administração intravenosa de

um radiofármaco (Pedroso de Lima & Lapa, 2009). Para Weatherman e

colaboradores, 2010 trata-se de um conjunto de procedimentos de alta

sensibilidade para avaliar a estrutura e função dos órgãos estudados, com a

virtude de identificar precocemente, numerosas alterações orgânicas e

funcionais com relação a outros métodos de diagnósticos.

.Os radiofármacos, por sua vez, consistem na combinação de um

componente químico e um radioisótopo. O radioisótopo é responsável pela

ação terapêutica e/ou diagnóstica do radiofármaco. Já o componente químico é

geralmente responsável pelo comportamento fisiológico do radiofármaco e por

sua afinidade de ligação aos órgãos-alvo (Pujatti, 2012).

A radiação emitida pelo radiofármaco permite o diagnóstico antes que

as alterações anatômicas possam surgir, uma vez que estas não se

manifestam em estágios iniciais, como ocorrem em muitos tipos de câncer.

Outra vantagem consiste na alta sensibilidade dos radiofármacos mesmo em

concentrações muito baixas (Robilotta, 2006; Couto, 2014).

Devido a essas características, a grande aplicação dos radiofármacos

está na medicina nuclear diagnóstica, representando cerca de 95%. Entretanto,

tem crescido consideravelmente a aplicação dos radiofármacos em

procedimentos terapêuticos, envolvendo desde a simples administração de

solução de iodeto de sódio (Iodo-131) para terapia de câncer de tireoide e

hipertireoidismo, até o uso de peptídeos e anticorpos monoclonais específicos,

como o anticorpo anti-CD-20 marcado com elementos radioativos emissores

beta (90Ítrio-, 177Lutécio- e 131Iodo), (Araújo et al., 2004; 2005; Akanji et al.,

2005; Nagamati et al., 2005; Caldeira Filho et al., 2006; 2007).

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1.4. Estudos de radiofármacos para diagnóstico e terapia

Os radiofármacos começaram a ser utilizados em 1905, após a

descoberta do Raio-X por Wilhelm Conrad Roentgen em 1895 (Santos-Oliveira

& Carneiro-Leão, 2008). Entretanto, o primeiro uso de radionuclídeos em

humanos ocorreu somente em 1927, quando Blumgart e Yens mediram a

circulação sanguínea após injeção de uma solução de radônio, com o objetivo

de verificar os efeitos do metabolismo da droga(Okuno et al, 1986). A partir de

1938, através da avaliação da função da tireoide com a utilização do

radiosótopo iodo-128, deu-se o início do uso sistemático dos radionuclídeos na

clínica médica (Soares, 2002).

No Brasil os primeiros passos nesse sentido foram dados a partir de

1956, quando pelo convênio entre o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e

a Universidade de São Paulo (USP) foi criado o IEA (Instituto de Energia

Atômica) (Silva, 2002), que em 1959 deram inícioaos estudos naárea de

radionuclídeos com produção e distribuição do Iodo-131, usado para

diagnóstico e terapia de doenças na tireoide, e até hoje é responsável pelo

fornecimento dos radiofármacos para o uso em procedimentos diagnósticos e

terapêuticos em Medicina Nuclear (Araújo et al., 2008).

Em 1963, o IEA, atualmente Instituto de Pesquisas Energéticas e

Nucleares (IPEN), começou a produção rotineira de radioisótopos e depois com

a inclusão dos procedimentos farmacêuticos, a produção de radiofármacos

(Almeida, 2013). Em geral, os radiofármacos são utilizados em quantidades

traços (traçadores radioativos) com a finalidade de diagnosticar patologias e

disfunções do organismo (Araújo 2005).

Desenvolver e produzir radiofármacos significa estudar, entre outras

coisas, a química da interação entre elementos radioativos e diferentes

moléculas (substratos ou ligantes), para a preparação de compostos

radioativos com afinidade e especificidade por diferentes órgãos, sistemas ou

patologias. A natureza do ligante geralmente determina a especificidade do

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radiofármaco (Araújo 2005). Na maioria dos casos podem ser administrados

por injeção intravenosa, ou ainda, por inalação ou via oral (Araujo et al., 2008).

Os radiofármacos utilizados para o diagnóstico estão classificados em

radiofármacos de perfusão (ou 1ª geração), que são aqueles transportados no

sangue e por não possuírem locais específicos de ligação, atingem o órgão

alvo na proporção do fluxo sanguíneo. Radiofármacos específicos (ou 2ª

geração) são direcionados por moléculas que possuem afinidade específica e

se concentram em determinados órgãos (Melo, 2008). Já os radiofármacos

considerados como terceira geração são constituídos por moléculas

biologicamente ativas, que possuem afinidade para receptores celulares e/ou

para um alvo específico e estão sendo utilizados tanto para o diagnóstico como

terapia. (IAEA, 2008)

Assim, muitas moléculas têm sido sintetizadas, radiomarcadas e

estudadas para o seu uso potencial como um novo agente de imagens para

várias doenças (Liu e Edwards, 1999; Ali et al., 2011). E a utilização de

diferentes metodologias de radiomarcação tem viabilizado a utilização de

peptídeos como um eficiente biomarcador de células tumorigênicas devido à

farmacocinética específica e diferenciada dos tumores juntamente com a

superexpressão dos seus receptores (Okarvi, 2004).

Quando a finalidade do radiofármaco é diagnosticar patologias, utiliza-

se, na composição dos radiofármacos, radionuclídeos emissores de radiação

gama (123I, 111In, 68Ga, 201Tl, etc),a qual é uma onda eletromagnética e,

portanto, apresenta uma grande penetrabilidade nos tecidos e baixo poder de

ionização. Se a finalidade é terapêutica, os radiofármacos são compostos por

radionuclídeos emissores de radiação particulada (α ou β-), que possuem

pequeno poder de penetração, mas com alta energia, resultando na morte das

células tumorais (131I, 90Y, 177Lu, 90Es, 153Sm) (Araújo 2005).

Radiofármacos para terapia radioisotópica são desenvolvidos para

conduzir por via endovenosa uma dose de radiação terapêutica a sítios

específicos, como por exemplo, células tumorais. Na célula alvo, a radiação

ionizante (partículas α ou β-) pode danificar componentes celulares e levar à

morte celular de forma direta (quebra do DNA) ou indireta, via radicais livres

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(H2O2, HO2, OH-, O2-) formados pela interação da radiação com a água (Chen

et al., 2008). O desenvolvimento de radiofármacos para terapia radioisotópica

envolve duas etapas: a escolha do radioisótopo e da substância a ser

radiomarcada (Zalutsky, 2003). Como exemplo, a Tabela 2 apresenta os

radioisótopos mais utilizados no diagnóstico e/ou tratamento de tumores na

clínica médica. (Tauhata, et al 2001)

Tabela 2. Principais radioisótopos utilizados no diagnóstico e/ou tratamento de tumores.

Radioisótopo Aplicações

Iodo-131(131I) Tireoide, fígado e rins

Cromo-51 (51Cr) Tumores intestinais

Gálio 68 (68Ga) Tecidos moles

Tecnécio (99mTc)

Cérebro, glândulas salivares, coração, estômago, sistema ósseo, fígado, rins

pulmão

Flúor 18 (18F) Metastatse tumoral

A terapia envolve a utilização de uma molécula radiomarcada que

conduz seletivamente um nível citotóxico de radiação ao sítio tumoral. O

objetivo dessa técnica é maximizar a dose de radiação absorvida pelo tumor e

reduzir ao mínimo a exposição dos órgãos normais. Além do efeito terapêutico,

a utilização de isótopos radioativos permite a aquisição de imagem dos

radioligantes acumulado no tumor e fornece informações úteis a respeito de

sua interação e características bioquímicas das células tumorais. (Zalutsky,

2003).

Neste contexto, a investigação de características moleculares

intrínsecas das células tumorais levou ao aprimoramento de fármacosque

possuem afinidade por receptores de células tumorais. Essa classe de

fármacos pode apresentar atividade terapêutica intrínseca ou ainda carrear um

agente citotóxico às células alvo, como por exemplo,anticorpos contra

moléculas de superfície da célula tumoral e moléculas híbridas que consistem

em ligantes receptor-específicos acoplados a radioisótopos, toxinas e ou

agentes quimioterápicos (Engel et al., 2007).

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Recentemente, vários peptídeos e/ou análogos radiomarcados vem

sendo estudados e avaliados quanto a afinidade para receptores específicos

(Chen et al., 2004a; Jia et al., 2006) e inibição in vitro do crescimento de uma

ampla variedade de modelos tumorais, sugerindo que o tratamento a longo

prazo utilizando um tipo específico de peptídeo radiomarcado pode ser capaz

de reduzir ou parar o crescimento tumoral in vivo. (Chen et al.,

2004b;Grozinsky-Glasberg et al., 2008).

Vale ressaltar que a eficiência da marcação e/ou inibição do

crescimento tumoral por uma molécula radiomarcada está diretamente

relacionada às seguintes características: a) elevada especificidade e afinidade

de ligação para o receptor; b) elevada estabilidade em condições fisiológicas;

c) elevada captação tumoral; d) baixa captação em tecidos não-alvos; e) rápida

depuração sanguínea e eliminação por via renal (Lee et al., 2010; Correia et

al., 2011).

1.5. Radioisótopo Iodo-131.

Os radioisótopos do elemento iodo mais utilizados em medicina nuclear

são iodo-123, iodo-125 e o iodo-131 (Kowalsky et al., 2009).Os radioisótopos

123I, 124I e 131I, 125I são utilizados nos estudos de diagnóstico e tratamento de

tumores, respectivamente (Balter, et al 2000, Zuofeng, L. 2002). Dentre os

isótopos radioativos de iodo, o 131I pode ser usado tanto para diagnóstico

quanto terapia (Nagamati, 2006), além disso, possui alta pureza, química de

fácil marcação, e alta resolução de imagem (Akanji, 2006).

A escolha do radioisótopo depende ainda de suas propriedades físicas

e nucleares (meia-vida física, tipo de energia e tipo de emissão radioativa). As

características dos radioisótopos devem ser combinadas às propriedades de

biodistribuição e especificidade dos radiofármacos por determinados órgãos e

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tecidos, de modo a possibilitar a aplicação estrutural, funcional ou até mesmo

bioquímica relacionadas à presença de diversas condições patológicas, tais

como tumores (Melero, 2008).

A presença do aminoácido tirosina nos peptídeos garante a possibilidade

de incorporação do iodo aos peptídeos por via direta, ou seja, introdução do

iodeto no anel fenólico do resíduo da tirosina, utilizando-se procedimentos

rápidos de marcação (Nagamati, 2006).

1.6. Radiofármacos baseados em peptídeos

Peptídeos radiomarcados tornaram-se muito importante na medicina

nuclear e oncologia nos últimos anos (Fani et al., 2012;. Alam et al., 2015).

Sondas com base em peptídeos radiomarcados representam a base molecular

para a imagem in vivo e terapia com radiofármacos com alta especificidade

devido à alta afinidade dos peptídeos para receptores superexpressos em

tumores. (Fani et al 2012; Hosseinimehr et al., 2012).

A atividade anticancerígena de diferentes peptídeos é atribuída a uma

variedade de mecanismos que restringem o crescimento de tumores, entre os

quais: i) inibição da angiogênese; ii) interações proteína-proteína iii)

antagonistas peptídicos que podem preferencialmente se ligar a um receptor

específico, etc (Scaringi et al., 2012; He et al, 2015; Oliveira & Faintuch,

2015).Devido a estas características, a utilização direta de peptídeos como

agente terapêutico para o tratamento do câncer vem aumentando

consideravelmente nos últimos anos.

Além disso, peptídeos apresentam diversas vantagens em relação às

proteínas: tamanho reduzido, baixa imunogenicidade, facilidade de síntese e

modificação, fácil conjugação com radioisótopos, boa tolerância a condições

adversas de marcação, maior afinidade de ligação para receptores tumorais,

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farmacocinética mais favorável (rápida depuração sanguínea de tecidos não-

alvos e maior fixação no tecido tumoral), capacidade de penetração no tumor e

de ser incorporado em vetores e nanopartículas (Degim e Celibi de 2007;

Correia et al., 2011; Han et al, 2013).

O interesse na utilização de peptídeos radiomarcados iniciou-se, no final

da década de 80, com o peptídeo octreotídeo, um derivado da somatostatina

(Krenning et al., 1989). Posteriormente, surgiu o octreotídeo conjugado ao

agente quelante DTPA e radiomarcado com 111In, o qual se tornou o primeiro

peptídeo radiomarcado registrado no mundo. O octreotídeo-DTPA-111In é

utilizado para diagnóstico e estadiamento de tumores neuroendócrinos (NETs)

há mais de 20 anos (Krenning., et al 1993) e abriu as portas para a conjugação

dos derivados da somatostatina com vários agentes quelantes e radioisótopos

emissores β-, tais como 177Lu e 90Y, para terapia dos NETs (De Jong., et al.,

2002).

Atualmente, muitas famílias de peptídeos tais como somatostatina,

bombesina, colecistoquinina / gastrina, glucagon-like peptide-1 (GLP-1) /

exendina e peptídeos com base no fragmento RGD (Arg-Gly-Asp), têm sido

avaliadas durante os últimos anos e um grande número de potenciais

biomarcadores radiomarcados é derivado deles (Al-Nahhas & Fanti, 2012;

Laverman et al., 2012; Alam et al, 2015).

O receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) é

superexpresso na superfície da célula de uma variedade de

neoplasias(pulmão, próstata, cólon, mama) (Earp et al, 1995)e está relacionado

com o crescimento do tumor, diferenciação e migração. Devido às suas

importantes funções, é considerado um alvo específico para acessar as

célulastumorigênicas. Recentemente, fragmentos peptídicos YHWYGYTPQNVI

e LARLLT, foram avaliados e apresentaram afinidade de ligação específica

para o EGFR, bem como para às células tumorigênicas (Han et al., 2013).

Outro exemplo é a utilização de peptídeos radiomarcados que contêm

o domínio Arg-Gly-Asp (RGD) com alta afinidade para a molécula de adesão

integrina αvβ3 superexpressa no processo de angiogênese na maioria dos

tumores. Um grande número de estudos demonstra a ação in vitro e in vivo de

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diferentes peptídeos contendo este domínio (Dijkgraaf et al., 2011; Oliveira &

Faintuch, 2015; Reynolds et al., 2015).

Vale enfatizar que os tumores cerebrais são altamente dependentes da

formação da angiogênese e que a molécula de adesão celular integrina αvβ3 é

superexpressa em gliomas e nas células endoteliais, desempenhando um

papel importante no crescimento do tumor cerebral. Neste sentido, um

fragmento cíclico do peptídeo RGD c(RGDyK) foi radiomarcado com 18F e 125I e

avaliado em modelos animais com glioblastoma. (Chen et al., 2004a; 2004b).

Zhao, et al., 2012 demonstraramo estudo de radiomarcação de

fragmentos peptídicos contendo o domínio RGD com 99m

Tc. Os radiofármacos

99mTc-PEG4-E[PEG4-C(RGDfK)]2 e (99mTc-3PRGD2) mostraram-se promissores

como possíveis agentes antiangiogênicos, através da ligação a moléculas de

integrina αvβ3. Já Wu et al., 2005, desenvolveu um radiotraçador baseado no

domínio RGD, radiomarcado com 64Cu e está sendo avaliado como uma

molécula promissora tanto para diagnóstico quanto para tratamento de vários

tumores sólidos.

Muitas moléculas têm sido sintetizadas, radiomarcadas e estudadas

para o seu potencial uso como um novo agente de imagem para várias

doenças. (Liu e Edwards, 1999; Ali et al., 2011). A Tabela 3 demonstra os

principais radiopeptídeos em estudos clínicos. (Ambrosini et al., 2011).

Assim, o presente estudo buscou avaliarasíntese ea radiomarcação de

peptídeos com afinidade para receptores superexpressosem tumores

cerebrais.

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Tabela 3. Radiopeptídeos em estudos clínicos na Europa, seus receptores e

indicações clínicas. (Ambrosini et al., 2011)

Peptídeo Receptor Indicação Clinica

Radiopeptídeo

Somatostatina Sst2 Tumores Neuroendócrinos

111In-DOTA-landeotido 111In-/90Y-/177Lu-/68Ga-

DOTATOC 177Lu-/68Ga-DOTATATE

111In-DOTA-BASS 99mTc-HYNIC-TOC/-TATE

99mTc-N4-TATE 99mTc-depreotido

18F-deoxifructosil-TATE 68Ga-DOTANOC

Bombesina Receptor GRP Câncer de próstata,

mama e tumores estromais

gastrointestinais

99mTc-RP527 68Ga-BZH3

64Cu-CBC-AR06 68Ga-/177Lu-AMBA

CCK CCK2r Carcinoma medular de

tiroide.

111In-DTPA-D-Glu-minigastrina 99mTc-demogastrin 2

Peptideos

RGD Integrina αvβ3

Vários tipos de

câncer

18F-galacto-RGD 18F-RGD-K5

18F-AH111585 Substância P Neuroquinina 1 Glioblastoma 213Bi-DOTA-substance P

111In-/90Y-DOTAGA-substance P

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo principal

O projeto teve como objetivo principal a síntese e a radiomarcação de

peptídeos, bem como, a avaliação da afinidade de ligaçãodestespara as

células tumorigênicas relacionadas ao glioblastoma.

2.2. Objetivos específicos

Avaliar protocolos de marcação dos peptídeos propostos com 131I para

obter maior eficiência de radiomarcação.

Determinar o coeficiente de partição dos peptídeos radiomarcados;

Determinar a estabilidade e interação dos peptídeos radiomarcados na

solução da reação e em plasma humano.

Avaliar a afinidade de ligação dos peptídeos radiomarcados para as

células tumorigênicas in vitro e em homogenato de cérebro de ratos com

modelo de gliobastoma.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Síntese de peptídeos em fase sólida (SPFS).

3.1.1. Materiais

Todos os N-9-fluorenilmetiloxicarbonil (Fmoc)-L aminoácidos foram

provenientes da Bachem (Califórnia) e caracterizados previamente por CLAE

(HPLC) analítico.

Os aminoácidos utilizados durante a síntese foram: Fmoc- Gly, -Phe, -

Val; Fmoc-Glu, -Asp (OtBu); Fmoc-Arg(Pmc); Fmoc-Tyr, -Leu (tBu), sendo os

grupos tBut (terc-butila) e OtBu (Benzotriazol-l-il-1,1,3,3-tetrametilurônico), os

protetores das cadeias laterais reativas dos aminoácidos. A resina empregada

em todas as sínteses foi Valina Wang de grau de substituição de 0.7mmol/g.

Os reagentes e solventes empregados nas sínteses dos peptídeos

foram todos de grau analítico e de procedência Merck, Aldrich, Mallinchrodt,

Baker, Fluka e Pierce:

diclorometano;

metanol;

dimetilformamida;

20% metilpiperidina/DMF;

n-Hidroxibenzotriazol;

diisopropilcarbodiimida;

ninidrina;

fenol;

piridina.

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Para a etapa de clivagem do peptídeo da resina foram utilizados:

Ácido trifluoroacético (TFA), tioanisol, fenol, água.

3.1.2. Métodos

As sequências sintetizadas foram:

Primeira sequência: Glu-Glu-Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val-OH.

Segunda sequência: Asp-Glu-Asp-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val-OH

Terceira sequência: Gly-Arg-Gly-Asp-Tyr-Val-OH

A síntese do peptídeo é baseada no crescimento da cadeia peptídica

no sentido do aminoácido carboxi-terminal para o aminoácido N-terminal

(Cespedes, 2013).

Os peptídeos utilizados neste estudo foram obtidos, manualmente, pelo

método da SPFS, por meio da estratégia Fmoc (Fields & Noble, 1990). O

protocolo de síntese química consistiu de passos cíclicos de desproteção e

acoplamento, intercalados por lavagens, para a eliminação dos reagentes

utilizados e subprodutos obtidos.

O acoplamento foi realizado pela ativação dos grupos carboxila do

Fmoc-aminoácido acoplante com DIC/HOBt, durante duas horas de agitação

utilizando como solvente uma mistura com aproximadamente 20% de DMF

(dimetilformamida) em DCM (diclorometano). Nesta etapa, foi usado um

excesso de Fmoc-aminoácidos e agentes acoplantes de 2,5 vezes em relação

ao número de sítios reativos existentes na resina.

A desproteção do grupo amino após acoplamento, ou seja, a retirada

do grupo Fmoc base-lábil foi realizada por meio da reação com uma solução

20% piperidina/DMF em dois ciclos de 1 e 20 minutos, respectivamente. Entre

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cada passo foram efetuadas lavagens subsequentes com os solventes

orgânicos DMF e DCM (Figura 3). A resina utilizada foi a Wang própria da

química Fmoc/tBu.

Figura 3. Protocolo de síntese utilizado na síntese dos peptídeos.

O sucesso de cada etapa de acoplamento/desproteção foi monitorado

empregando-se o teste de ninidrina (Kaiser et al., 1970), sendo que no caso da

desproteção um resultado positivo (cor azul), determina que o amino grupo

está livre, pronto para receber um novo aminoácido. Já o sucesso do

acoplamento do aminoácido é obtido quando um resultado negativo (cor

amarela) é observado, demonstrando que o Fmoc-aminoácido seguinte foi

acoplado e que não existe nenhum grupo amino livre. As reações de

acoplamento, utilizam como solvente uma mistura contendo DMF e DCM, e

reagentes DIC e HOBt. A descrição de um ciclo de síntese está demonstrada

na Figura 3. A clivagem final do peptídeo da resina e a remoção dos grupos

protetores das cadeias laterais são efetuadas geralmente em uma única etapa

de tratamento com uma mistura contendo elevado teor de TFA (acima de 80%)

e contendo também diversos tipos de agentes supressores de reações

colaterais. Após esta clivagem, a resina é lavada com éter etílico e o peptídeo

extraído com 200mL de solução aquosa de ácido acético (5%, v/v, para os

solúveis). Após esta lavagem, o extrato ácido é liofilizado para se obter o

peptídeo geralmente como um pó branco e amorfo.

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22

3.1.2.1. Purificação dos peptídeos

A etapa de purificação dos peptídeos foi realizada após a liofilização, e

envolveu a utilização dos sistemas analítico e preparativo de cromatografia.

Todos os peptídeos foram purificados em um sistema de RP-HPLC da Waters,

modelo Delta Prep 4000, ao qual é acoplado a um detector UV-Vis (modelo

2487), coletor de frações LKB-Frac-200 da Pharmacia e registrador Servogor

120. De um modo geral foi utilizada uma coluna semipreparativa e/ou

preparativa Vydac C18 (10 x 250 ou 25 x 250 mm, respectivamente, diâmetro

dos poros de 300 Å e diâmetro dos grãos da resina de 15-20 m).

As condições cromatográficas foram:

Sistema de Solventes: A: 0,1% TFA/H2O e B: 0,1% TFA - 60% ACN/H2O

Gradiente: 0,33% B/min

Fluxo: 10 mL/min

Comprimento de onda: 220 nm.

3.1.2.2. Espectrometria de Massas

Os peptídeos foram caracterizados por um sistema de LC/ESI-MS do

departamento de Biofísica (Unifesp), constituído por um modelo de separação

com um injetor automático com capacidade para 120 amostras Alliance modelo

2695, um detector do tipo UV-Vis modelo 2486, e um detector de massas da

Micromass modelo 3100, todos da Waters Associates, Milford, MA, EUA. Os

peptídeos foram dissolvidos em 5 % AcOH/H2O (v/v), na concentração de 1

mg/mL.

As condições experimentais foram:

Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 m

Solventes: A: 0,1% TFA/H2O e B: 0,1% TFA - 60% ACN/H2O

Gradiente: 5% a 95% de B em 30 minutos

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23

Fluxo: 1,0 mL/min

Comprimento de onda: 214 e 220 nm

Intervalo de massas: 500-2000 Daltons.

3.2. Padronização da Radiomarcação dos Peptídeos

Sintetizados

3.2.1. Materiais

a) Os reagentes usados na marcação dos peptídeos foram:

cloramina T

metabisufito de sódio

solução de Iodeto de sódio Na-131I

tampão PBS.

b) Solventes usados para eluição dos fragmentos radiomarcados foram:

metanol 70%, 85%, 95% e 100%

acetonitrila 60% e 95%

acetona

NaCl (Cloreto de sódio) 0,9%.

c) Materiais usados para realização da cromatografia planar, camada

delgada e em fase sólida.

Fitas Whatmann 3MM e Fitas TLC/SG de 10 cm.

Sep-Pack C18

Agitador, cuba de vidro, pinças, canetas, tesouras.

d) Equipamentos usados para análise das atividades

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24

Calibrador de doses CRC 25W – Capintec

Contador Gama automático Wizard’3 2480 – Perkin Elmer

Balança analítica

Pipetas automáticas

Centrifuga MiniSpin.

3.2.2. Métodos

3.2.2.1. Radiomarcação dos Peptídeos

Como já abordado na Introdução, o radioisótopo Na-131Ipossui

características físicas favoráveis tanto para o diagnóstico quanto para terapia.

Além disso, o radioisótopo Na-131I é produto de reator nuclear e tem sua

distribuição já estabelecida em todo país (Nagamati, 2006). Desta forma, foi

adicionado, na sequência dos peptídeos propostos, o aminoácido Tyr, onde no

anel da cadeia lateral deste aminoácido ocorre a substituição eletrofílica com a

incorporação do iodo radioativo através do método da cloramina T (Hunter,

1970).

A Cloramina T é um sal sódico derivado do N-cloro 4-metil benzeno

sulfonamida trihidratado (Figura 4). A ação oxidante se dá através da sua

hidrólise em pH 7,0-8,0 liberando hipoclorito de sódio que oxida o radioiodo

para ácido iodoso. Após um curto período de reação, adiciona-se um agente

redutor para interromper a reação. Trata-se de uma técnica relativamente

barata e fácil de realizar. (Lever, 1995; Kowalsky et al, 2004; Colturato, 2005).

Figura 4. Estrutura química da cloramina T.

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25

Apesar de ser uma metodologia eficiente e com alto rendimento, as

condições de marcação exigem um controle cuidadoso, pois a Cloramina T é

um forte agente oxidante e pode provocar a degradaçãodos peptídeos (Lever,

1995).

Experimentalmente, foi preparado uma solução contendo o peptídeo (

25μg à 100μg) em tampão fosfato 0,1 M pH = 7,4 na presença de 0,5 mCi

(18,5 MBq) de 131I-Na e 5 μL de cloramina T (1mg/1mL). Após 30 à 180

segundos, adicionou-se 5 μL de metabisulfito de sódio (2mg/1mL) em um

volume total de 100μL. (Figura 5). O peptídeo monoiodado foi imediatamente

purificado por Sep-pak e analisado quanto ao seu rendimento de

radiomarcação e estabilidade por cromatografia em papel (Whatmann 3MM) e

TLC/SG, nos respectivos solventes metanol e acetonitrila 95%.

Figura 5. Etapas da radiomarcação dos peptídeos com Na-I131.

Foram estudados os seguintes parâmetros de marcação:

1. Para o fragmento EEEEYFELV foram realizadas as seguintes variações

de marcação, a fim de obtermos uma eficiência de radiomarcação acima

de 90%:

a) Massa do peptídeo: 20µg, 25µg, 30µg, 40µg, 50µg e 100µg;

b) pH: 7,0, 7,3, 7,4 e 7,5;

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26

c) Tempo de reação da cloramina T: 30s, 60s, 90s, 120s e 180s;

d) Volume do Metabisulfito de Sódio: 5µL.

e) Solventes: Metanol 70%, 85% e 95%, utilizando fitas cromatográficas

Whatmann 3MM e o solvente Acetonitrila 60% e 95% em fitas TLC/SG.

2. Para o fragmento DEDEYVELV as seguintes variações de marcação

foram realizadas:

a) Massa do peptídeo: 25µg e 100 µg;

b) pH: 7,0, 7,3, 7,4 e 7,5;

c) Tempo de reação da cloramina T: 60s, 90s, 120s e 180s

d) Volume do Metabisulfito de Sódio: 5µL.

e) Solventes: Metanol 70%, 85% e 95%, utilizando fitas cromatográficas

Whatmann 3MM e o solvente Acetonitrila 60% e 95% em fitas TLC/SG.

3. E para o fragmento GRGDYV as seguintes variações foram avaliadas:

a) Massa do peptídeo: 25µg e 100µg;

b) pH: 7,0, 7,3, 7,4 e 7,5;

c) Tempo de reação da cloramina T: 60s, 90s, 120s e 180s

d) Volume do Metabisulfito de Sódio: 5µL;

e) Solventes: Metanol 70%, 85% e 95%, utilizando fitas cromatográficas

Whatmann 3MM e o solvente Acetonitrila 60% e 95% em fitas TLC/SG.

3.2.2.2. Determinação do rendimento e pureza radioquímica dos peptídeos

radiomarcados.

a) Determinação do rendimento radioquímico

A avaliação do rendimento radioquímico foi realizada através da

cromatografia de camada delgada ascendente (TLC/SG) e através da

cromatografia em papel (Whatmann 3MM), utilizando fitas com dimensão de 10

cm de altura e 1,5 cm de largura. Foi semeada uma alíquota da solução do

radiofármaco a 1,5 cm do ponto de origem com auxílio de uma seringa. Em

seguida, as amostras foram suspensas verticalmente com a extremidade

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27

inferior imersa nas fases móveis. Os solventes ascenderam pela fase sólida por

capilaridade através da fita. Depois de secas, as fitas foram cortadas em

segmentos de 1 cm e colocadas em tubos para contagem da radiação gama

em detectores de NaI (TI) tipo poço.

Nesse sistema, o peptídeo radiomarcado migra com fator de retenção

(Rf) 0,1 – 0,2, enquanto o iodeto migra com Rf 0,9 – 1,0. Todas as análises

cromatográficas foram realizadas em triplicata (Zimmer &Pavel, 1978).

O cálculo de rendimento radioquímico foi determinado em porcentagem

da atividade de cada espécie radioquímica em relação à atividade total da fita,

sempre de acordo com o fator de retenção (Rf) correspondente.

b) Determinação da pureza radioquímica

A pureza radioquímica dos peptídeos radiomarcados foi determinada

através da cromatografia em fase sólida descrita por Zhang e colaboradores

(2004), usando colunas compactas de matriz C18 (Sep-Pak). Primeiramente, a

coluna C18é condicionada com uma sequência de solventes: 5mL de metanol

100% seguido de 5 mL de salina 0,9% retirando o excedente de cada solução

com ar corrente, para então adicionarmos em torno de 100µL do peptídeo

radiomarcado. Posteriormente, o produto radiomarcado é eluido com 5mL de

salina 0,9% para a retirada do Iodeto e em seguida com 5mL de metanol 100%

para a eluição do peptídeo radiomarcado.

3.2.2.3. Estudos de estabilidade de marcação dos peptídeos

radiomarcados.

A estabilidade dos peptídeos radiomarcados foi avaliada à

temperaturaambiente e refrigerada em geladeira nos tempos zero (controle),

até 72 horas após seu preparo. Para talfinalidade, a pureza radioquímica foi

quantificada por cromatografia seguindo o mesmo procedimento descrito no

item 3.2.2.2.

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28

3.2.2.4. Estabilidade dos peptídeos radiomarcados em soro humano.

Uma amostra de 10mL de sangue humano colhido sem anticoagulante

foi centrifugado a 3000 rpm por 10 minutos para a retirada do coágulo de fibrila.

Em seguida, foi centrifugado novamente por 10 minutos para separação do

soro. A 0,1mL de soro foi adicionado 25L53µCi (1.96MBq) e 1,70mCi

(62,9MBq) dos peptídeos radiomarcados e após 1 e 2 horas de incubação a

37ºC foi realizado o controle cromatográfico. Os ensaios foram realizados em

triplicata.

3.2.2.5. Interação dos peptídeos radiomarcados às proteínas plasmáticas.

A porcentagem de ligação às proteínas plasmáticas foi avaliada pelo

método de precipitação proteica com ácido tricloroacético (TCA) 10%.

Primeiramente, uma amostra de 10mL de sangue humano colhido sem

anticoagulante foi centrifugado a 3000 rpm por 10 minutos para a retirada do

coágulo de fibrila. Em seguida, foi centrifugado novamente por 10 minutos para

separação do soro.

Para este estudo foram adicionados 25µL dos peptídeos

radiomarcados a 100 µL de plasma humano previamente separado. Para a

precipitação das proteínas, 1mL de TCA 10% foi adicionado. Após agitação por

um minuto em vortex, as amostras foram centrifugadas a 4000 rpm por 10

minutos. A operação foi repetida por mais duas vezes com 1mL de TCA 10%.

O experimento foi realizado em triplicata. Tanto o sobrenadante quanto o

precipitado foram contados em contador gama e a porcentagem de ligação às

proteínas plasmáticas foi calculada conforme fórmula abaixo:

% LPP = (cpm ppt / cpm total*) x 100

*cpm total = cpm ppt + cpm sobrenadante.

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29

3.2.2.6. Determinação do coeficiente de partição (CP) dos peptídeos

radiomarcados.

A lipofilicidade de uma molécula é determinada pela sua estrutura e

pode ser refletida através da determinação da sua razão de partição entre água

e n-octanol.O coeficiente de partição (CP) dos peptídeos radiomarcados foi

determinado conforme descrito por Schibli & Schubiger

(2002).Experimentalmente, adicionou-se 25µL 648µCi (24MBq) de cada

peptídeo radiomarcado a um tubo contendo 1mL de n-octanol e 1mL de

solução salina 0,9%. Agitou-se o tubo e, com a finalidade de separar as duas

fases (aquosa e oleosa), as amostras foram centrifugadas a 4000 rpm por 1

minuto. Em seguida, cuidadosamente, foi coletado em triplicata, 100 µL da fase

oleosa e da fase aquosa para contagem em contador automático tipo poço. O

coeficiente de partição foi determinado pela equação abaixo e expresso em

Log P:

3.3. Modelo animal

Todos os procedimentos foram realizados após a aprovação do Comitê de

Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein

sob o número CEUA/Einstein: 1989-14. O Centro de Experimentação e

Treinamento em Cirurgia (CETEC) do Hospital Albert Einstein, onde estão sendo

realizados os estudos de radiomarcação e os estudos de interação com as células

tumorigênicas também possui aprovação no CONCEA sob o número

CIAEP/CONCEA 01.0119.2014.

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30

3.3.1. Cultura de células de glioblastoma C6.

Células C6 de glioma de ratos Wistar foram cultivadas em meio

Dulbecco’s Eagle (Gibco, Gaithersburg, MD), com 20% de soro bovino fetal

(Invitrogen) a 37º C (5% CO2), onde alcançaram uma confluência de 90%

(Figura 6). O meio foi removido e as células liberadas pelaincubação com

tripsina (0,04% de tripsina / EDTA). As células foram centrifugadas a 800 rpm

por 5 minutos, ressuspendidas em meio Dulbecco’s a uma concentração final

de 105 células/10 µL e mantidas resfriadas até a sua implantação.

Figura 6. Células C6 em confluência de 90%.

3.3.2. Implante esteriotáxico das células C6.

Para o implante das células C6 os animais foram anestesiados, e após

a tricotomia, o animal foi fixado em um aparelho esteriotáxico (Figura 7). O

ponto para implantação das células foi determinado, seguindo as seguintes

coordenadas: Antero-posterior = 2,0mm; Látero-lateral = 2,0mm; Profundidade

= 2,5mm. O implante das células tumorigênicas de glioma foi feito com uma

seringa Hamilton, diretamente no córtex frontal direito em uma concentração de

105 células em 10µL de meio de cultura que é injetado lentamente por um

período de 10 minutos. No grupo controle é injetado o meio de cultura sem

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31

células. Após aproximadamente 2 minutos, a seringa foi suspendida

lentamente até a sua total remoção.

Figura 7. Implantação de células C6 por esteriotaxia.

3.3.3. Avaliação da interação dos peptídeos radiomarcados com as

células tumorigênicas.

a) Cultura de células

Em triplicata, foi adicionado 106 células em 100 µL de meio de cultura

DMEM,os frascos foram centrifugados a 5.000 rpm por 5 minutos à 4ºC, o meio

de cultura foi removido, e os pellets celulares foram lavados com 200µL de

tampão PBS pH= 7,4). Em seguida, uma alíquota de 25 µL, 315µCi (11,65MBq)

dos peptídeos radiomarcados foi adicionada. Após incubação por 1 hora à

37ºC sem agitação, os tubos foram centrifugados a 10.000 rpm, por 5 minutos

à 4ºC, O sobrenadante foi retirado, e o procedimento de lavagem e retirada do

sobrenadante foi repetido por três vezes com tampão PBS. Após a última

lavagem, a atividade contida nos sobrenadantes e na célula foi mensurada

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32

através do contador gama e os resultados foram expressos em porcentagem

de atividade total ligada às células.

b) Homogenato do cérebro do animal

Experimentalmente, a afinidade de ligação dos peptídeos

radiomarcados para as células tumorigênicas foram avaliadas usando

homogenato de cérebro de ratos modelo (injetados com células C6 de glioma).

Como controle foi tilizado o homogenato de cérebro de rato onde foi injetado

somente o meio de cultura.

Aregião do córtex frontal foi removida e congelada a -80oC.

Homogenatos foram preparados em uma solução de tampão fosfato (PBS, pH

7,4) a uma concentração de aproximadamente 10 mg de tecido/mL, em

alíquotas de 1 mL, e estocado a -80 oC para futuro uso.

Em triplicata, foi adicionado 200µL do homogenato recém preparado a

uma solução de 25 µL de cada peptídeo radiomarcado e também para o iodeto

de sódio. Após repouso por 60 minutos à 37ºC, os tubos foram centrifugados

por 10 minutos e o sobrenadante retirado. Foi realizada a lavagem

doprecipitado por mais duas vezes com tampão PBS pH= 7,4 com

concomitante retirada do sobrenadante. Tanto o sobrenadante (obtido em

todas as lavagens) quanto o precipitado foram contados em contador gama.

Basicamente, a porcentagem de afinidade de ligação dos peptídeos

radiomarcadoscom os receptores EGFR e integrina foi estimada pela interação

dos peptídeos com oprecipitado e foi calculada pela diferença entre a atividade

contida no sobrenadante e no precipitado através da contagem da atividade em

um contador gamma.

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33

4. RESULTADOS

4.1. Síntese, Caracterização e Purificação dos Peptídeos

Iniciamos com as sínteses dos fragmentos peptídicos que de acordo

com suas sequências Glu-Glu-Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val, e seu análogo

Asp-Glu-Asp-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val possuem afinidade para o receptor

EGFR (Fan et al, 2004), enquanto o fragmento Gly-Arg-Gly-Asp-Tyr-Valpossui

afinidade para as moléculas de integrinas αvβ3 (Horton, 1997), ambos

superexpressos em tumores.

Primeiramente, obtivemos os resultados do rendimento da síntese das

sequências puras e caracterizadas:

i) Primeira sequência: Glu-Glu-Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val-resina

Wang. Este peptídeo foi descrito por Fan et al., 2004 por bloquear a

sinalização citoplasmática do EGFR e mais recentemente pelo seu

envolvimento na interação proteína-proteína. (Kim & Huang, 2012).Sabe-

se que as interações proteína-proteína desempenham um papel

fundamental em muitos processos celulares e estão relacionadas ao

desenvolvimento de várias doenças, inclusive câncer (Shoemaker &

Panchenko, 2007).Esse peptídeo foi sintetizado na escala de 1,0 mmol/g

utilizando a estratégia Fmoc. A resina p-Alkoxybenzyl Alcohol Resin

(Wang) de 0,7 mmol/g foi usada e após a clivagem com Reagente K,

esse peptídeo foi purificado. Um total de 680 mg de peptídeo bruto foi

obtido e, depois da purificação em HPLC, 70 mg de composto puro foi

obtido com a seguinte caracterização analítica: ESI-MS, m/z: 1186,2

g/mol (teórico); 1186,5 g/mol (obtido).

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34

ii) Segunda sequência: Asp-Glu-Asp-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val-resina

Wang. Trata-se de um análogo da primeira sequência A síntese foi

realizada também na resina Val-Wang (0,7 mmol/g) na escala

1,0mmol/g. Um total de 514 mg de peptídeo bruto foi obtido e, depois da

purificação em HPLC, 83 mg de composto puro foi obtido com a seguinte

caracterização analítica: ESI-MS, m/z: 1158,2 g/mol (teórico); 1158,4

g/mol (obtido).

iii) Terceira sequência: Gly-Arg-Gly-Asp-Tyr-Val-resina Wang - a

sequência sintetizada corresponde ao fragmento RGD. Este fragmento

está presente em várias proteínas de matriz extracelular incluindo

vitronectina, fibronectina, e tromboespondina e possui alta afinidade para

integrinas (Kim et al., 2008; Chen et al., 2012). A síntese foi realizada da

mesma maneira dos peptídeos anteriores. O rendimento bruto foi de 250

mg e após a purificação, 104 mg do peptídeo puro foi obtido com a

seguinte caracterização analítica: ESI-MS, m/z: 665,7 (teórico); 666,2

(obtido)

As Tabelas4 e 5 abaixo resumem os parâmetros utilizados para a

caracterização e obtenção dos peptídeos puros propostos, respectivamente.

Tabela 4.Parâmetros utilizados na caracterização dos peptídeos propostos.

Peptídeos Amostra

(mg)

HPLC analítico

Gradiente Tempo de Retenção

% de Sol. B

EEEEYFELV 680 5% - 95% 30min 18 min 60%

DEDEYVELV 514 5% - 95% 30 min 12 min 45%

GRGDYV 250 5% - 95% 30min 10 min 30%

Tabela 5. Parâmetros utilizados para a purificação dos peptídeos propostos.

Peptídeos HPLC preparativo

Gradiente Tempo de Retenção

% de Sol. B Massa pura

(mg)

EEEEYFELV 23%-53% 90min 16min 48% 70

DEDEYVELV 30%-60% 90min 15 min 45% 83

GRGDYV 10%-40% 90min 7 min 21% 104

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35

Os perfis cromatográficos e espectros de massa dos fragmentos

EEEEYFELV, DEDEYVELV e GRGDYV puros estão respectivamente

representados nas Figuras 8, 9 e 10.

Figura 8.Perfil cromatografico (A) e espectrometria de massas (B) do

fragmento puro EEEEYFELV sintetizado.

A

2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 min

0

250

500

750

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

%B.Conc.(Method)Detector A:220nm

1.5

87

17

.367

17

.541

B

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36

Figura 9.Perfil cromatográfico (A) e especrometria de massas (B) do fragmento

puro DEDEYFELV sintetizado.

2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 min

250

500

750

1000

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

%B.Conc.(Method)Detector A:220nm

1.3

25

1.5

22

12

.822

B

A

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37

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 min

0

100

200

300

400

500

600

700

800

mAUDetector A:220nm

10

.418

Figura 10. Perfil cromatografico (A) e espectrometria de massas (B) do

fragmento puro GRGDYV sintetizado.

B

A

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38

4.2. Padronização da radiomarcação dos fragmentos

peptídicos com Iodo-131

4.2.1. Estudo da influência do solvente utilizado nas análises

cromatográficas para determinar o rendimento radioquímico.

A obtenção dos peptídeos radiomarcados baseiou-se na substituição

eletrofílica do anel aromático do aminoácido Tyr presente em todos os

peptídeos propostos através da oxidação do Na-131Ipelo método da Cloramina

T conforme descrito nos Métodos.

Para determinarmos o solvente adequado para avaliar de maneira

eficiente o rendimento radioquímico dos peptídeos radiomarcados,

primeiramente avaliamos o perfil cromatográfico do radioisótopo 131I-Na em

diversos solventes e concentrações (Figuras 11, 12 e 13).Vale ressaltar que é

considerado o melhor solvente aquele que nas análises cromatográficas

consegue separar melhor o radioisótopo Na-131I do peptídeo radiomarcado.

Figura 11. Perfil Cromatográfico do Na-131I em diferentes concentrações de

MeOH (Whatmann 3MM).

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39

Figura 12.Perfil Cromatográfico do Na-131I em diferentes concentrações de

ACN (TLC/SG).

Figura 13. Perfil Cromatográfico do Na-131Iemacetona(Whatmann 3MM).

Os resultados demonstrados nas Figuras 11 - 13estão de acordo com a

Farmacopeia Americana de 2010 (USP 33 NF28), a qual defineque os

melhores solventes para o radioisótopo 131I-Na são: MeOH 70% e ACN 60%

com Rf de aproximadamente 0,9. Por outro lado, oresultado obtido com o

solvente Acetona mostra que o iodeto eluiu por toda a fita cromatográfica, o

que torna este solvente inviável. Já o solvente MeOH 85% também foi bastante

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40

satisfatório, mas,uma vez que, o solvente MeOH 70% é o preconizado pela

farmacopeia iniciamos os estudosda radiomarcação dos peptídeos, utilizando

este solvente para as análises cromatográficas.

4.2.2. Estudo da influência da massa do peptídeoEEEEYFELV na

radiomarcação.

Para um primeiro estudo, o rendimento daradiomarcação do peptídeo

EEEEYFELV foi avaliado utilizando diferentes quantidades de amostras deste

peptídeo. A Figura14mostraos perfis cromatográficos do131I-

EEEEYFELV,obtidos do estudo da variação da quantidade em massa do

peptídeo através de análises cromatográficas em papel (Whatmann 3MM)

utilizando MeOH 70%. Para este estudo uma atividade do Na-131Ide 269 µCi

(9,95 MBq) foi utilizada.

Figura 14.Perfil Cromatográfico do 131I-EEEEYFELV em MeOH 70%

(Whatmann 3MM).

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41

Embora o solvente MeOH 70% foi o solvente de escolha para a

avaliação do iodeto de sódio, ele não foi satisfatório para quantificarmos de

maneira eficiente o rendimento radioquímicodo peptídeo radiomarcado, uma

vez que houve um arraste do peptídeo radiomarcado independente da

quantidade deamostra utilizada (Figura 14). Desta forma, iniciamos com o

estudo da variação de solventes em diferentes concentrações do peptídeo.

A Tabela 6 e Figura 15 mostram os rendimentos radioquímicos obtidos

naradiomarcação de acordocom a quantidade deamostra do peptídeo e do

solvente utilizado nas análises cromatográficas.

Tabela 6. Efeito da variação dos solventes na análise do rendimento da

radiomarcaçãodo peptídeo 131I-EEEEYFELV em diferentes

concentrações.(n=3)

Quantidade de amostra

Solventes Rendimento da marcação (%)

Atividade do Na-131I

20 µg

MeOH 70% 55,27±6,50

464 µCi (17.16MBq) MeOH 85% 83,42±0,05

ACN 60% 32,10±3,31

25 µg

MeOH 70% 23,61±1,98

518 µCi (19.16MBq) MeOH 85% 91,49±0,41

ACN 60% 2,21±0,48

40 µg

MeOH 70% 45,40±0,05

485 µCi (17.94MBq) MeOH 85% 35,91±2,14

ACN 60% 18,46±0,01

50 µg

MeOH 70% 63,90±3,87

410 µCi (15.17MBq) MeOH 85% 86,06±2,98

ACN 60% 2,16±0,02

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42

Figura 15.Perfil Cromatográfico 131I-EEEEYFELV em 20 µg (A) 25 µg (B) 40 µg

(C) e 50 µg (D) nos solventes MeOH 70%,MeOH 85% e ACN 60%.

Com os resultados compilados na Tabela 3 e os perfis cromatográficos

demonstrados na Figura 15, podemos inferir que o melhor solvente para avaliar

o rendimento radioquímico do peptídeo EEEEYFELV foi o MeOH 85%,

independente da quantidade de amostra do peptídeo utilizada. Em relação a

quantidade do peptídeo utilizado, com exceção do resultado obtido com 40µg,

o qual sugerimos que houve um erro experimental (Figura 15C), a variação

daquantidade em massa, realizada neste experimento, não foi crucial para

obtermos maiores rendimentos. Sendo assim repetimos a marcação usando

como solvente o MeOH 85%, pois foi o solvente que apresentou melhor

rendimento radioquímíco, conforme representado na Figura 15.

A B

D C

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43

Figura: 16.Perfil cromatográfico do peptídeo 131I-EEEEYFELV, em 25 µg (A) e

50 µg (B) em MeOH 85% (Whatmann 3MM).

Diante dos resultados obtidos através das análises cromatográficas em

MeOH 85% confirmamos que utilizando uma atividade de aproximadamente 17

MBq tanto com 25µg quanto com 50 µg, o rendimento radioquímico foi em

torno de 85% (Figura 16). Afim de aumentarmos o rendimento radioquímico

(acima de 90%), iniciamos novos experimentos como descritos abaixo.

4.2.3. Estudo da influência do tempo de reação da cloramina T.

Conforme previamente descrito, cloramina T trata-se de um eficiente

agente oxidante, uma vez que, em curto período de tempo ( 30-60 segundos)

é capaz de oxidar todo o iodeto de sódio, a fim de, ser incorporado no anel

aromático da tirosina. Por outro lado, por ser um agente oxidante forte, o

aumento do tempo de reação deste composto poderia causar uma degradação

dos peptídeos. Desta forma, este experimento teve como finalidade avaliar o

rendimento radioquímico baseado no tempo de reação da cloramina T (30 e 60

segundos).Nessa avaliação, foi utilizado 518 µCi (19.16MBq) de Na-131I, 25µg

do peptídeo EEEEYFELV e como solvente de fase móvel para as análises

cromatográficas o MeOH 85%. Para o tempo de reação da cloramina Tde 30

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44

segundos, o rendimento radioquímico foi de84,44%±2,82(n=3) e com 60

segundos, 91,49%±0,41(n=3).

Mantendo os mesmos parâmetros já mencionados (amostra do

peptídeo, solvente e atividade do radioisótopo), os resultados obtidos

mostraram um aumento no rendimento radioquímico do peptídeo131I-

EEEEYFELVde aproximadamente 7% com 60 segundosde reação da

cloramina T.

Desta forma, como um primeiro estudo da avaliação do melhor tempo

de reação da cloramina T, 60 segundos foi o tempo de escolhapara o peptídeo

131I-EEEEYFELV. A Figura 17 mostra o perfil cromatográfico do peptídeo 131I-

EEEEYFELV após a reação com 60 segundos da cloramina T. O resultado

obtido mostra que em 60 segundos de reação da cloramina T tivemos um

aumento no rendimento radioquímico sem causar degradação do peptídeo

Figura 17.Perfil cromatográfico do peptídeo 131I-EEEEYFELV, após tempo de

reação de 60 segundos de cloramina T (n=3).

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45

4.2.4. Estudo da marcação dos fragmentos peptídicos DEDEYFELV e

GRGDYV.

Com alguns parâmetros já definidos: i) quantidade de amostra do

peptídeo = 25 µg; ii) sistema de solvente utilizado nas análises cromatográficas

= MeOH 85%; iii) tempo de reação da cloramina T = 60 segundos, demos início

à marcação dos demais fragmentos peptídicos DEDEYFELV e GRGDYV.

Sendo assim, seguindo os mesmos parâmetros obtidos para o

peptídeoEEEEYFELV, os rendimentos radioquímicos obtidos através dos perfis

cromatográficos dos peptídeos DEDEYFELV e GRGDYV estão representados

respectivamente na Figura18 (A e B).

Figura 18. Perfil cromatográfico do peptídeo 131I-DEDEYFELV (A) e 131I-

GRGDYV (B), em MeOH 85% Whatmann/3MM.

Os resultados demonstraram, como era o esperado, que para o

peptídeoDEDEYFELV análogo do primeiro fragmento avaliado (EEEEYFELV),

os parâmetros propostos se mostraram adequados, uma vez que, no primeiro

experimento realizado com este segundo fragmento obtivemos um rendimento

radioquímico de 91,5% (Figura 18A).Entretanto, para o último fragmento a ser

avaliado GRGDYV, o sistema de solvente MeOH 85% não foi

satisfatório,causando uma eluição do fragmento peptídico(Figura 18B). Assim,

para o peptídeo GRGDYV foi necessário realizarmos novos estudos de

8,49%

91,51% 78,16%

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46

variações do sistema de solvente conforme representado na Tabela 7e Figura

19.

Tabela 7.Estudo da variação do sistema de solvente para o fragmento

peptídico GRGDYV(n=3).

Peptídeo GRGDYV

Solvente Rendimento

radioquímico (%) Atividade do Na-131I

25 µg

MeOH 70% 1,30±0,03 543 µCi (20.05MBq)

MeOH 95% 95,08±0,84

ACN 60% 84,00±0,00 398 µCi (14.72MBq)

ACN 95% 97,95±0,05

Figura 19. Perfis cromatográficos do 131I-GRGDYV em MeOH 70% e 95%

(Whatmann/3MM) e ACN 60% e 95% (TLC/SG).

Ao avaliarmos os resultados das análises cromatográficas em

diferentes sistemas de solventes, constatamos que o solvente de escolha para

avaliar o rendimento radioquímico para o peptídeo 131I-GRGDYV é ACN 95%

(Tabela 7 e Figura 19), sendo que a porcentagem de 95% parao MeOH, mas

principalmente para o solvente ACN favoreceuum melhor perfil cromatográfico

(sem qualquer tipo de arraste do peptídeo radiomarcado). Como não

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47

esperávamos esse resultado, repetimos a marcação dos dois primeiros

fragmentos EEEEYFELV e DEDEYFELV usando como sistema de solvente

ACN 95% e MeOH 95%, comatividade do Na-131I de 347 µCi (12.83MBq),

conforme demonstrado na Figura 20.

Figura 20. Perfil cromatográfico do fragmento 131I-EEEEYFELV (A) e 131I

DEDEYFELV (B)emACN 95% (TLC/SG) e MeOH 95%

(Whatmann/3MM).

Embora nos dois sistemas de solventes avaliados (ACN e MeOH) na

porcentagem de 95%, os resultados do rendimento radioquímico foram

bastante satisfatórios, optamos por manter as análises cromatográficas em

MeOH para os peptídeos EEEEYFELV e DEDEYFELV.Assim, definimos que

para os peptídeos EEEEYFELV e DEDEYFELV o solvente de escolha seria o

MeOH 95%, enquanto para o peptídeo GRGDYV o solvente para as análises

cromatográficas seria aACN 95%. Com ossistemas de solventesdefinidos para

cada fragmento realizamos experimentos para avaliarmoso rendimento

radioquímico com 100µg de peptídeo.

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48

4.2.5. Avaliaçãodo rendimento radioquímico utilizando 100µg dos

peptídeos.

Após a definição do protocolo de marcação para os três peptídeos

propostos, decidimos avaliar se com uma amostra de 100 µg de peptídeo,

aumentando também a concentração de Na-131I, o rendimento radioquímico

seria o mesmo, pois até o presente momento tínhamos variado a quantidadede

amostra somente entre 10 µg e 50 µg.Desta forma, realizamos

umaradiomarcação, utilizando 100 µg dos três peptídeos, aumentando também

o volume da solução de radioisótopo, respeitando uma atividade entre 500µCi e

900µCi (18,00MBq – 33,30MBq). A Tabela 6 mostrao rendimento radioquímico

obtido para cada peptídeo de acordo com o protocolo utilizado.Além do

aumento da quantidade em massa, avaliamos também a influência do tempo

da reação da cloramina T quando foi utilizado 100 µg dos peptídeos.

Os resultados obtidos mostraram que para uma quantidade de amostra

de 100µg dos peptídeos há a necessidade de aumentarmos o tempo de reação

da cloramina T. A relação massa versus tempo de reação da cloramina T foi

observada para os três peptídeos avaliados demonstrados através do

rendimento radioquímico (Tabela 8)e doperfis cromatográficos (Figura 20).

Embora houve um aumento do rendimento radioquímico relevante

quando aumentamos o tempo de reação de cloramina T de 60 para 90

segundos, a partir de 90 segundos o rendimento apresentou apenas pequenas

alterações (Tabela 8), inferindo que o tempo de 90 segundos é suficiente para

uma eficiente marcação quando foi utilizado uma amostrade 100 µg dos

peptídeos.Já em 180 segundos, verificamos uma pequena diminuição do

rendimento radioquímico para todos os peptídeos, o que é claramente

observado também pela piora nos perfis cromatográficosquando foi utilizado90

segundos de reação da cloramina T (Figura21).

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49

Tabela 8. Rendimento radioquímico com 100µg dos fragmentos peptídicos e

em diferentes tempos de reação da Cloramina T .

Peptídeo Amostra Solvente Tempo de

Cloramina T Rendimento

radioquímico (%)

Atividade do Na-131I de 535 µCi (19.79MBq).

131I - EEEEYFELV

100 µg. MeOH 95%

60 seg

38,40±0,65

131I - DEDEYFELV 62,98±0,35

131I - GRGDYV ACN 95% 55,38±0,70

Atividade do Na-131I de 725 µCi (26.82MBq)

131I - EEEEYFELV

100 µg. MeOH 95%

90 seg

86,33±0,12

131I - DEDEYFELV 91,20±0,14

131I - GRGDYV ACN 95% 97,38±0,07

Atividade do Na-131I de 879 µCi (32.52MBq)

131I - EEEEYFELV

100 µg. MeOH 95%

120 seg

88,02±1,05

131I - DEDEYFELV 92,95±0,15

131I - GRGDYV ACN 95% 94,38±0,16

Atividade do Na-131I de 825 µCi (30.52MBq)

131I - EEEEYFELV

100 µg. MeOH 95%

180 seg

90,01±0,34

131I - DEDEYFELV 88,69±0,23

131I - GRGDYV ACN 95% 95,15±0,26

(n=3)

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50

Figura 21. Perfil cromatográfico dos fragmentos peptídicos:131I-EEEEYFELV e

131I-DEDEYFELV em MeOH 95% (Whatmann/3MM) e em ACN 95%

(TLC/SG) para o fragmento 131I-GRGDYV. Tempo de reação de

cloramina T de 60 segundos (A), 90 segundos (B), 120 segundos (C)

e 180 segundos (D).

Com o intuito de avaliarmos o tempo de 90 segundos de reação de

cloramina T para a quantidade de peptídeo padrão (25 µg) realizamos uma

nova radiomarcação e os resultados estão contidos na Tabela 9.

Os resultados mostraram que para uma quantidade de amostra de 25

µg, também pode ser usado o tempo de reação de cloramina T de 90

segundos, principalmente para o peptídeo 131I-GRGDYV que apresentou um

rendimento radioquímico de 97,9%, embora o tempo de 60 segundos seja

suficiente para que ocorra a oxidação do iodo e promova uma eficiente

radiomarcação.

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51

Tabela 9. Parâmetros utilizados e rendimento radioquímico dos três fragmentos

peptídicos.

Peptídeo Amostra Solvente Tempo de

Cloramina T Rendimento

radioquímico (%) 131I - EEEEYFELV

25 µg. MeOH 95%

90 seg

81,49±0,45

131I - DEDEYFELV 87,10±0,13

131I - GRGDYV ACN 95% 97,88±0,00

(n=3)

4.2.6. Estudo da estabilidade dos peptídeos radiomarcados.

A avaliação da estabilidade de um radiofármaco através de simples

métodos cromatográficos constitui um dos parâmetros básicos para estimar o

comportamento dos radiofármacos, pois a estabilidade de um radiofármaco

influencia diretamente a sua biodistribuição in vivo.

Assim, neste estudo foi avaliada a estabilidade dos peptídeos

radiomarcados no meio reacional em temperatura ambiente e refrigerado em

geladeira por até 72 horas pós-marcação e no plasma humanopor até 24 horas

pós-marcação.

As condições utilizadas neste estudo foram:

a) Solventes: MeOH 95% para os fragmentos EEEEYFELV, DEDEYFELV;

ACN 95% para o fragmento GRGDYV.

b) Tempo de reação de cloramina T: 60 segundos para quantidade de

amostra do peptídeo inferior a 50µg e de 90 segundos para quantidade

de amostra do peptídeosuperior a 50µg.

c) Quantidade de amostra do peptídeo de 25 µg e 100 µg.

A Figura 22 mostra o resultadoda estabilidade radioquímica dos três

fragmentos peptídicos quando foi utiizado100 µg dos peptídeos e conservados

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52

em temperatura ambiente. A média dosrendimentos radioquímicos dos

fragmentos peptídicos foide 84,61% para o fragmento 131I-EEEEYFELV;

82,78% para o fragmento 131I-DEDEYFELV e de 85,10% para o peptídeo 131I-

GRGDYV (Figura 22).

Figura 22. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 72

horas pós-marcação (n=3).

Com excessão do peptídeo 131I-DEDEYFELV, os outros dois

fragmentos 131I-EEEEYFELV e131I-GRGDYV apresentaram uma degradação do

complexo ao decorrer do tempo. A partir deste resultado, repetimos a

marcação econservamos o material refrigerado.

Uma média de rendimento radioquímico de 85,21% para o fragmento

131I-EEEEYFELV; 90,55% para o fragmento 131I-DEDEYFELV e de 96,58%

para o peptídeo 131I-GRGDYV foi obtida para a realização da avaliação da

estabilidade dos radiopeptídeos quando uma quantidade de 100 µg dos

peptídeos foram utilizados e mantidos sob refrigeração pós-marcação (Figura

23).

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53

Figura 23. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 72

horas pós-marcação refrigerado (n=3).

Analisando a estabilidade radioquímica apresentada nas Figuras 22 e

23, podemos inferir que os peptídeos radiomarcados são mais estáveis quando

mantidos refrigerados, ocorrendo uma pequena diminuição do rendimento

radioquímico após 24 horas, sendo que quando mantidos a temperatura

ambiente o rendimento começa a diminuir logo após as primeiras horas.

(Figuras 22 e 23).

Afim de avaliarmos a influência da quantidade em massa dos

peptídeos na estabilidade de marcação repetimos as reações utilizando 25 µg

dos peptídeos. Para este experimento, os peptídeos radiomarcados também

foram mantidos sob refrigeração e a média do rendimento radioquímico foi de

85,27% para o fragmento 131I-EEEEYFELV; 90,75% para o fragmento 131I-

DEDEYFELV e de 97,02% para o peptídeo 131I-GRGDYV (Figura 24).

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54

Figura 24. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 72

horas pós-marcação refrigerado (n=3).

Os resultados apresentados na Figura 24 mostram que quando foi

utilizado uma massa de 25 µgdos peptídeos, todos os fragmentos

radiomarcados apresentaram uma alta estabilidade radioquímica (baixaou

nenhuma degradação) por até 72 horas sob refrigeração.

A estabilidade da radiomarcação também foi avaliada quando os

peptídeos radiomarcados forammantidos a 37º C em plasma humano (Figura

25). Uma média de rendimento radioquímico de 91,48% para o fragmento 131I-

EEEEYFELV; 93,61% para o fragmento 131I-DEDEYFELV e de 83,87% para o

peptídeo 131I-GRGDYV foi obtida nas reações de radiomarcação. Para este

estudo, uma quantidade de 25 µg dos peptídeos foram utilizadas.

Os resultados da avaliação da estabilidade de marcação dos

peptídeosem plasma humano pelo método in vitroestão representados na

Figura 25 e mostram que mesmo em plasma incubado a 37ºC, os peptídeos

apresentaram uma baixa degradação, sendo o peptídeo 131I-EEEEYFELV o

menos estável com uma degradação de aproximadamente 10% em 24 horas.

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55

Figura 25. Estabilidade radioquímica dos três fragmentos peptídicos até 24

horas pós-marcação incubados em soro humano a 37 ºC (n=3).

4.2.7. Estudo da determinação da pureza radioquímica.

A pureza radioquímica de um radiofármaco demonstra a eficiência do

processo de marcação, bem como, a porcentagem da atividade presente na

molécula radiomarcada e no radionuclídeo livre, determinando a pureza e

separando de forma precisa o produto radiomarcado puro.

A Tabela 10 apresenta a pureza radioquímica dos três fragmentos

peptídicos marcados.

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56

Tabela 10. Determinação da pureza radioquímica dos fragmentos 131I-

peptídeos.

Peptídeos Amostra Atividade do 131I Pureza Radioquímica (%)

131I-EEEEYFELV

25 µg 175 µCi (6.47MBq).

91,5

131I-DEDEYFELV 94,9

131I-GRGDYV 96,5

131I-EEEEYFELV

100 µg 632 µCi (23.38MBq)

82,5

131I-DEDEYFELV 88,5

131I-GRGDYV 91,9

De forma geral, a pureza radioquímica para todos os peptídeos

radiomarcados quando foi utilizado 25 µg dos peptídeos foi acima de 90%,

sendo que o peptídeo 131I-GRGDYV apresentou uma pureza de 96,5%,

demonstrando que o protocolo de marcação foi adequado. Foi observado uma

pequena redução na pureza quando a massa utilizada dos peptídeos foi de 100

µg mesmo com o aumento da atividade do iodeto (Tabela 10).

4.2.8. Estudo da interação dos peptídeos radiomarcados às proteínas

plasmáticas.

A ligação às proteínas plasmáticas (LPP) desempenha um papel crítico

na determinação da biodistribuição, taxa de eliminação, circulação sanguínea,

acesso ao sítio de ação e metabolismo da droga. Algumas delas têm

associação limitada com os constituintes do sangue quando administrados,

enquanto outros se associam ou se ligam a albumina, globulinas, lipoproteínas

e eritrócitos (Jeghers et al., 1990). Assim, radiocompostos com alta ligação às

proteínas plasmáticas apresentam baixas taxas de depuração da radioatividade

do sangue, comprometendo sua liberação aos tecidos e/ou órgãos alvos.

Somente drogas livres ou não ligadas são capazes de difundirem através das

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57

paredes dos vasos, alcançando assim o sítio de ação, ou mesmo, serem

excretadas.

A porcentagem de ligação às proteínas plasmáticas foi avaliada pelo

método de precipitação proteica com ácido tricloroacético (TCA) 10% e os

resultados obtidos representados na Figura 26.

Figura 26. Interação dos peptídeos radiomarcados e do Iodo-131às proteínas

plasmáticas.

Os resultados obtidos mostraram que os peptídeos 131I-EEEEYFELV e

131I-DEDEYFELVapresentaram uma interação às proteínas plasmáticas ao

redor de 50%. Para o peptídeo 131I-GRGDYV a porcentagem de interação foi

da ordem de 30%. Enquanto a interação às proteínas plasmáticas quando foi

utilizado apenas o iodeto foi da ordem de 22%.

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58

4.2.9. Determinação do coeficiente de partição (CP) dos peptídeos

radiomarcados.

A lipofilicidade de uma molécula é determinada pela sua estrutura e

pode ser refletida através da determinação da sua razão de partição entre água

e n-octanol. O coeficiente de partição é expresso em Log P, o qual nos indicaa

lipossolubilidade do radiofármaco. São consideradas compostos hidrofílicos

quando o valor de Log P < 0 e hidrofóbica para Log P > 0 (Durkan et al 2007).

A Tabela 11 mostra os valores de Log P para os fragmentos peptídicos

radiomarcados.

Tabela 11. Determinação da lipofilicidade dos 131I-peptídeos.

Peptídeos

Determinação do Coeficiente de Partição

(Log P) Hidrofobicidade dos peptídeos

1º Experimento

2º Experimento

3º Experimento

131I-EEEEYFELV -2,73±0,11 -3,22±0,02 -2,34±0,05 -8,0

131I-DEDEYFELV -2,75±0,05 -2,79±0,01 -2,30±0,08 -8,0

131I-GRGDYV -3,00±0,08 -3,32±0,10 -3,30±0,01 -5,9

(n=3)

Os resultados obtidos mostram que as variações da lipofilicidade dos

compostos corroboram a hidrofobicidade das sequências dos peptídeos

avaliados. Os valores encontrados mostram que todos os peptídeos

radiomarcados apresentam um caráter hidrofílicocom valores de log P

negativos.

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59

4.2.10. Avaliação da interação dos peptídeos radiomarcados com as

células tumorigênicas.

a) Cultura de Células

Os resultados obtidos e apresentados na Figura 27mostram que houve

uma interação de 2,86% para o peptídeo 131I-EEEEYFELV e na ordem de 5,0%

para os peptídeos 131I-DEDEYFELV e 131I-GRGDYV. Já para o iodo-131 essa

interação foi de apenas 0,32% mostrando que a presença dos peptídeos

aumentou a afinidade com as células tumorigênicas.

Figura 27. Interação dos peptídeos radiomarcados e do Iodo-131com células

de glioblastoma C6 provenientes da cultura celular.

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60

b) Homogenato de cérebros de ratos

O estudo da interação dos peptídeos radiomarcados com as células

tumorigênicas, através daligação ao precipitado dohomogenato do cérebro de

animais modelo de glioblastoma teve como objetivo avaliara capacidade dos

radiopeptídeosse ligarem aos receptores EGFR e integrina superexpressos em

células tumorigênicas contidas no precipitado. Os resultados obtidos estão

demonstrados na Figura 28.

Figura 28. Interação dos peptídeos radiomarcados com o homogenato de

cérebro de animais modelos de glioblastoma.

Os resultados mostraram que para os fragmentos 131I-EEEEYFELV e

131I-DEDEYFELV a interação com o homogenato foi em torno de 4,5%. Já para

o peptídeo131I-GRGDYV essa porcentagem diminuiu para aproximadamente

1,73%, mostrando que os fragmentos com afinidade ao receptor EGFR possui

uma maior porcentagem de ligaçãoao homogenato do que o peptídeo com

afinidade ao receptor da integrina. Entretanto os peptídeos avaliados se

mostraram eficientes em aumentar a afinidade uma vez que quando foi

utilizado apenas o iodo-131 praticamente não houve interação. No grupo

controle, ou seja, no córtex frontal do lado oposto ao crescimento do tumor, a

interação foi ao redor de 0,3% inferindo que com a formação do tumor há uma

maior expressão dos receptores EGFR e integrina.

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61

5. DISCUSSÃO

5.1. Definição dos peptídeos estudados

A primeira classe de peptídeos investigada baseou-se na sequência

Glu-Glu-Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val, a qual é descrita na literatura como

sendo o fragmento com maior afinidade para a proteína tirosina-kinase do

EGFR que por sua vez, tem sua expressão aumentada na presença de uma

variedade de tumores (Fan et al., 2004). Usando uma biblioteca de peptídeos,

Fan e colaboradores, 2014 mostraram que a especificidade e afinidade da

tirosina-kinase do EGFR para substratos peptídicos é dependente dos resíduos

próximos do aminoácido tirosina. Além disso, análogos deste peptídeo desde

que contenha o aminoácido tirosina o qual é fosforilado pela proteína tirosina-

kinase vem sendo estudado inclusive como potenciais inibidores da interação

entre proteínas durante a sinalização do EGFR (Songyang et al., 1995; Croxtall

et al., 1998; Fan et al., 2004).

Por outro lado, até o presente momento nenhum estudo havia

demonstrado a radiomarcação desta classe de peptídeos. Assim, tanto o

peptídeo contendo a sequência de aminoácidos Glu-Glu-Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-

Leu-Val quanto o seu análogo Asp-Glu-Asp-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val foram

avaliados quanto a eficiência da síntese dos peptídeos, e da radiomarcação.

Vale ressaltar, que baseado no estudo de Croxtall e colaboradores (1998), o

qual demonstra que o fragmento Glu-Gln-Glu-Tyr-Val trata-se do menor

peptídeo com afinidade para o EGFR, o propósito de sintetizarmos um

peptídeo análogo ao Glu-Glu-Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val, com apenas a

troca de de dois aminoácidos Glu1,3 por Asp foi de verificarmos a importância

da sequência dos quatro ácidos glutâmicos para os estudos de radiomarcação

e estabilidade, por isso nenhuma mudança foi realizada no sentido de

alterarmos o número de cargas elétricas entre os dois peptídeos.

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62

Os fragmentos peptídicos propostos foram sintetizados, purificados e

caracterizados com sucesso. O rendimento final foi de aproximadamente de

65% para fragmentos EEEEYFELV e DEDEYFELV e a pureza dos peptídeos

foi confirmada tanto por cromatografia quanto por espectrometria de massas.

A segunda classe de peptídeo avaliada corresponde ao fragmento Gly-

Arg-Gly-Asp-Tyr-Val o qual contém o domínio RGD e possui alta afinidade por

moléculas de adesãocelular: integrina αvβ3(Pierschbacher 1984). Esta

afinidade também foi comprovada porBeer e colaboradores (1992), onde o

domínio RGD com um número variado de resíduos de glicina foram avaliados

em plaquetas contento cinco receptores de integrina.

Inúmeros peptídeos contendo o fragmento RGD foram base de estudos

acadêmicos e de aplicações clinicas (Hersel et al., 2003).De acordo com Hersel

e colaboradores (2003), o qualavaliou o fragmento GRGDNP (gly-arg-gly-asp-

asn-pro) para testar a influência das integrinas sob a contração do músculo

cardíaco, o fragmento RGD é a sequência peptídica mais utilizada para

estimular a adesão celular, pois se encontra amplamente distribuída em todo o

organismo, com capacidade de se ligar a mais de uma célula que contenha o

receptor de adesão, possuindoalto impacto biológico celular.

Muitos outros estudos avaliaram o fragmento peptídico RGD como uma

nova classe de radiomarcadores tumorais e como antagonista às moléculas de

integrinas. Haubner e colaboradores (1999) realizaram estudos de

biodistribuição em modelo animal com melanoma, carcinoma mamário e

osteosarcoma usando os radiopeptídeos 125I-RGDdPV, (que demonstrou ser

um antagonista de integrina αVβ3 seletivo com elevada afinidade) 125I-RGDdYV

e 125I-RdADYV, respectivamente.

Ao longo dos anos o fragmento RGD vem sendo avaliado em diversos

tipos de tumores. Chen e colaboradores (2004a) estudaram a eficácia do

radiofármaco 125I-RGD-mPEG em camundongos com glioblastoma. Ainda em

2004b o grupo radiomarcou o fragmento cíclico c(RGDyK) com F18, como um

potencial marcador, para imagem cerebral. Wu e colaboradores (2005) também

estudaram radiotraçadores usando peptídeos RGD radiomarcados com Cu64

em modelos animais com glioma. Em 2006, Jia e colaboradores avaliaram a

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63

bidistribuição do composto 99mTc-RGDfK, o qual apresentou uma afinidade

significativa para a molécula integrina αvβ3.

Durante a ultima década muitos peptídeos lineares radiomarcados

também vem sendo estudados como traçadores para αvβ3. Liu, S. (2009)

estudou o complexo 18F-galacto-RGD, afim de, maximizar a capacidade de

ação do peptídeo e melhorar a cinética de absorção em tecidos alvo e

excreção do radiofármaco de órgãos não específicos, apresentando uma

melhorespecificidade. Ainda no mesmo ano (2009), Liu e colaboradores

investigaram as propriedadesdo peptídeo RGD-BBN (Bombesina)

radiomarcado com 68Ga e demonstraram que o radiofármaco 68Ga-Nota-RGD-

BBN exibiu um direcionamento específicocom alta captação tumoral e

imagiologia do tumor.

Recentemente, com o objetivo de desenvolver um novo agente de

imagem marcado com 99mTc, com afinidade para receptores superexpressos

em angiogênese, Oliveira & Faintuch (2015) radiomarcaram o fragmento RGD-

GX1 empregando o quelante HYNIC, para avaliação radioquímica e

propriedades biológicas.

Nesse sentido,o fragmento peptídico proposto foi o GRGDYV. Este

fragmentofoi sintetizado, purificado e caracterizado com sucesso. O rendimento

final foi de aproximadamente de 30% e a pureza do peptídeo também foi

confirmada tanto por cromatografia quanto por espectrometria de massas.

5.2. Radiomarcação dos fragmentos peptídicos com Iodo-131

O radioisótopo de escolha para os estudos de radiomarcação dos

peptídeos propostos foi o iodeto de sódio (Na131I) porque este radioisótopo

pode ser usado tanto para diagnóstico quanto terapia (Nagamati, 2006), o que

poderia ser uma vantagem caso o iodo radioativo fosse capaz de inibir o

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64

crescimento de células tumorigênicas relacionadas ao glioblastoma. Além

disso, o iodo-131 apresenta alto índice de pureza, química de fácil marcação, e

sua distribuição é estabelecida em todo o Brasil (Akanji, 2006).

O método de escolha utilizado para a radiomarcação dos peptídeos

propostos com o radioisótopo Na-131I foi o da substituição eletrofílica aromática,

a qual envolve a utilização de um agente oxidante para promover a oxidação

do iodo. Os agentes oxidantes mais utilizados são os clorados como Cloramina

T e Iodogen e ambos promovem a ligação covalente do iodo catiônico ao anel

aromático do resíduo de tirosina do peptídeo. Vários estudos demonstram a

eficiência desta metodologia com excelentes resultados (Lever, 1995; Kowalsky

et al, 2004; Colturato, 2005 e Nagamati, 2005).

Com o Na131I foi possível obter complexos extremamente estáveis

ligados ao anel fenólico do aminoácido Tyr que trata-se de um dos sítios de

ligação mais convenientes na marcação direta de peptídeos.Corroborando com

diversos estudos descritos na literatura,Colturato e colaboradores (2005b)

apresentaram um estudo onde o peptídeo VIP foi radiomarcado com Iodo-131,

usando como agente oxidante a cloramina T. Vale ressaltar que após a

definição do protocolo de radiomarcação, O rendimento radioquímico dos

peptídeos propostos utilizando o131I-Na foi acima de 90%.

5.2.1. Estudo da influência dos solventes na determinação do

rendimento radioquímico dos peptídeos EEEEYFELV, DEDEYFELV

e GRGDYV.

Primeiramente para quantificarmos de forma precisa o rendimento

radioquímico dos fragmentos 131I-peptídeos foi necessário definir o melhor

sistema de solvente a ser utilizado nas análises cromatográficas. De acordo

com Zimmer e Pavel 1978, é considerado o solvente mais adequado aquele

que consegue separar de forma mais eficiente o radioisótopo livre do peptídeo

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65

radiomarcado. Assim, foram selecionados os solventes que forneceram uma

melhor separação do iodeto dos peptídeos radiomarcados. Neste estudo, os

peptídeos radiomarcados apresentaram um fator de retenção (Rf) = 0,1 – 0,2

enquanto o radionuclídeo um Rf = 0,9.

Baseando-se não só no conceito de melhor separação, mas também

no melhor perfil cromatográfico que fornecesse o valor real do rendimento

radioquímico, vários experimentos foram realizados e foi definido o melhor

solvente a ser utilizado nas análises cromatográficas. Resumidamente,

obtivemos uma melhor eficiência radioquímica quando utilizamos MeOH 95%

(Whatmann 3MM) para os peptídeos 131I-EEEEYFELV; 131I-DEDEYFELV e

ACN 95% (TLC-SG) para o peptídeo 131I-GRGDYV. Desta forma a definição do

solvente a ser utilizado nas análises cromatográficas é muito dependente do

composto a ser radiomarcado, do radioisótopo e do próprio radiocomposto

formado.

Após a obtenção dos peptídeos puros, iniciamos os estudos para a

definição do protocolo da radiomarcação, avaliando a influência da quantidade

em massa dos peptídeos, dos solventes utilizados nas análises

cromatográficas e do tempo de reação da cloramina T. Primeiramente,

utilizamos o solvente MeOH 70% (Whattman 3MM) porque este solvente é

considerado o solvente ideal para o 131I-Na segundo a farmacopeia Americana

(USP 33 NF 28) e avaliamos o perfil cromatográfico do primeiro fragmento

EEEEYFELV em diferentes quantidades de peptídeo (Figura 14), Os resultados

obtidos mostraram que o solvente MeOH 70% utilizado não foi um bom

solvente independente da quantidade em massa peptídica utilizada para a

separação do radioisótopo livre do peptídeo radiomarcado, característica

essencial para avaliar o rendimento radioquímico, conforme descrito em

Zimmer e Pavel, 1978.

Desta forma, uma vez que o MeOH 70% não foi o adequado para

avaliar o rendimento radioquímico das radiomarcaçõesrealizamos um estudo

de variação de solventes para o peptídeo EEEEYFELV (Tabela 6 e Figura 15).

Entre os solventes avaliados (MeOH 70 e 85% e ACN 60%) o melhor perfil

cromatográfico foi obtido com o solvente MeOH 85%

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66

As radiomarcações dos demais fragmentos peptídicos DEDEYFELV e

GRGDYV se deram, respeitando os parâmetros de marcação previamente

definidos com o peptídeo EEEEYFELV. Como era o esperado, o solvente

utilizado nas análises cromatográficas para o peptídeo EEEEYFELV (MeOH

85%) também foi eficiente para determinarmos o rendimento radioquímico do

peptídeo DEDEYFELV, uma vez que, trata-se de um análogo do peptídeo

EEEEYFELV. Vale ressaltar que o rendimento radioquímico foi também

bastante semelhante ao primeiro fragmento, mostrando que os dois fragmentos

se comportam de maneira análoga quanto às reações de radiomarcação como

era o esperado, uma vez que, uma diferença de apenas dois aminoácidos em

suas sequências (Glu1,3 por Asp) não influenciaria na iodação do anel fenólico

da tirosina (Figura 18).

No entanto, as condições pré-estabelecidas não foram adequadas para

o terceiro fragmento peptídico, confirmando que embora a metodologia seja a

mesma, as características de cada peptídeo (carga, hidrofobicidade,

sequência) alteram o sistema de solvente que determina o rendimento

radioquímico de forma precisa. Assim, para o peptídeo GRGDYV foi necessário

um novo estudo de variação de solventes. A Tabela 7 e Figura 19, mostram

que o melhor solvente para as análises cromatográficas do peptídeo GRGDYV

foi ACN 95% (TLC/SG) o qual revelou um rendimento radioquímico ao redor de

98% (Tabela 7).

Diante deste alto rendimento obtido com os solvente ACN 95% para o

fragmento GRGDYV repetimos a radiomarcação de todos os fragmentos

EEEEYFELV, DEDEYFELV e GRGDYV incluindo também os solventes MeOH

95% (Whatmann 3MM) e ACN 95% (TLC/SG). Os resultados obtidos

mostraram que ambos os solventes (MeOH 95% e ACN 95%) foram eficientes

para determinar o rendimento radioquímico de todos os fragmentos

(rendimento radioquímico acima de 90%), mostrando que no caso dos

peptídeos avaliados uma alta porcentagem do solvente orgânico é necessário

(Figura 20). Assim, uma discreta melhora no perfil cromatográfico foi observado

quando o solvente MeOH 95% (Whatmann 3MM) foi utilizado para os

peptídeos EEEEYFELV, DEDEYFELV e para o peptídeo GRGDYV o solvente

de escolha foi ACN 95% em fitas de TLC/SG.

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67

Após a definição dos melhores parâmetros a serem utilizados para cada

peptídeo, os rendimentos radioquímicos alcançados foram em

média:92,4±4.5% e 92,1±4.2% (n=6) para os fragmentos 131I-EEEEYFELV e

131I-DEDEYFELV, respectivamente. Para o peptídeo 131I-GRGDYV a

porcentagem de radiomarcação chegou próxima a 100% (97.7±0.9% (n = 6).

O resultado do rendimento radioquímico obtido para os fragmentos

peptídicos foi bastante similar aos descritos na literatura por Araújo e

colaboradores (2009), que radiomarcaram com I131 a molécula de DOTATATE,

como um traçador para tumores neuroendócrinos obtendo resultados de

93,87%±0.8. Nossos resultados foram superiores ao apresentados por Sims-

Mourtada e colaboradores (2012) que radiomarcaram a proteína SHH (Sonic

Hedgehog) com I131 como possíveis marcadores para tumores de mama. O

rendimento radioquímico obtido por esses pesquisadores foi da ordem de 40-

65%.E rendimentos ainda mais baixos(ao redor de 30%) foram descritos por

Blom et al., 2012, onde vários peptídeos contendo o domínio RGDforam

radiomarcados com Ga-68 com o uso de quelantes (DOTA e NOTA).

5.2.2. Estudo davariação da quantidade em massa dos peptídeos e do

tempo de reação de cloramina T.

Com o intuito de otimizarmos a radiomarcação, realizamos

primeiramente uma variação do tempo de reação da cloramina T. A cloramina

T é um reagente oxidante bastante eficiente e promove a oxidação do iodo e

por substituição eletrofílica ocorre a incorporação do 131I-Na no anel aromático

do aminoácido tirosina presente na sequência dos peptídeos. Esta metodologia

foi descrita por Hunter, 1970 e até hoje é um dos métodos de escolha para a

iodação de peptídeos.

Embora é descrito que a iodação ocorre em apenas 30s, avaliamos

também no tempo de 60s. Os resultados mostraram que o tempo de 60

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68

segundos de reação da cloramina T foi mais eficiente, uma vez que melhorou o

rendimento radioquímico (91,5% em 60s ao invés de 84,4% em 30s) sem

qualquer degradação do peptídeo EEEEYFELV.

Um estudo realizado por Nagamati, 2006 demonstrou que nenhuma

degradação do complexo radiomarcado(131I-Dota-Tyr3-Octreotato) foi

observada mesmo após 10 minutos de reação da cloramina T.

Em segundo lugar, um estudo da variação da quantidade em massa dos

peptídeos utilizados nas reações de radiomarcação se fez necessário uma vez

que, para os posteriores estudos in vivo é imprescindível termos uma alta

atividade radioquímica. Assim após a definição do melhor solvente para cada

peptídeo, avaliamos a radiomarcação utilizando uma amostra peptídica de

100µg. Concomitante ao aumento de massa, a atividade do I131 e o tempo de

reação de cloramina T foram aumentados, uma vez que, para uma maior

quantidade em massa de peptídeo foi necessário um tempo maior de reação

para que ocorresse a total iodação dos peptídeos. Corroborando os estudos de

Couto, 2014 o qual descreve que a quantidade de amostra peptídica utilizada

na reação de marcação não deve estar em excesso para poder diminuir ao

máximo a porcentagem de peptídeo não marcado, impedindo ou diminuindo a

ligação dos peptídeos radiomarcados aos receptores específicos.

Para esse estudo, avaliamos os tempos de 30, 90, 120 e 180 segundos

de reação do agente oxidante Cloramina T. A Tabela 8 e Figura 21 mostram

que para uma quantidade de 100 µg dos peptídeos resultados mais

satisfatórios são observados a partir de 90 segundos de reação. Assim,

estabelecemos de forma mais precisa o tempo de reação da cloramina T a ser

utilizado para obtermos melhores rendimentos radioquímicos utilizando os

peptídeos propostos: 60s para quantidade em massa inferior a 50µg e 90s para

quantidade em massa superior a 50 µg (Tabela 9).

Deste modo, os resultados demonstraram que há uma relação direta

entre a atividade do radionuclídeo e a quantidade em massa do peptídeo, bem

como, entre a quantidade em massa do peptídeoe o tempo de reação da

cloramina T. Assim, é possível mudar vários parâmetros, a fim de obter um

maior rendimento radioquímico. Vale ressaltar que alta eficiência de

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69

radiomarcação é necessária para que o composto possa ser utilizado para

estudos in vivo. No entanto, a estabilidade do conjugado marcado também é

crucial para o sucesso de um novo radiofármaco.

5.2.3. Determinação da pureza radioquímica.

É preconizado que para o uso clínico o composto radiomarcado precisa

apresentar pureza radioquímica superior à 95% (Zhao et al 2012), inferior a

esse valor o material precisa passar por processos de purificação (Couto,

2014). Entretanto, para estudos in vivo é aceitável um radiofármaco que

apresente uma pureza radioquímica > 90% (Faintuch et al 2014).

No nosso estudo, após a definição dos melhores parâmetros para cada

peptídeo, os três peptídeos radiomarcados apresentaram uma pureza

radioquímica superior a 90% quando uma quantidade de 25 µg dos peptídeos

foi utilizada, demonstrando que a metodologia de radiomarcação foi adequada.

Uma diminuição na pureza radioquímica (82-91%) foi observada quando 100

µg de peptídeos foi utilizada (Tabela 10).

5.2.4. Determinação da estabilidade de marcação dos 131I-peptídeos.

O radioisótopo iodo-131, possui propriedades que permitem sua

utilização ao longo de uma semana, pois sua meia vida física é de 8 dias

(Kowalsky et al., 2004). Contudo, como sua atividade vai diminuindo ao longo

dos dias realizamos o estudo da estabilidade da marcação até três dias após a

marcação, pois para os estudos in vivo há a necessidade de termos uma alta

atividade do complexo radiomarcado. Além disso, uma alta estabilidade

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70

apresentada pelos peptídeos radiomarcados no meio reacional é essencial

para um possível uso na prática clínica.

Estudos anteriores realizados por Araujo e colaboradores (2008)

mostraram que 131I-peptídeos em diferentes concentrações permaneceram

estáveis por até 24 horas após a marcação. No nosso caso, para uma

quantidade em massa de 100 µg (Figuras 22 e 23) observamos uma

diminuição do rendimento radioquímico logo após as primeiras horas para os

peptídeos 131I-EEEEYFELV e 131I-GRGDYV, enquanto o peptídeo 131I-

DEDEYFELV não apresentou nenhuma degradação durante as 72h avaliadas

quando o meio reacional foi mantido à temperatura ambiente. (Figura

22).Quando mantidos refrigerados, (Figura 23) os 131I-peptídeos foram mais

estáveis, apresentando uma pequena diminuição da estabilidade apenas 48h

após a marcação. Quando uma amostra de 25 µg foi utilizada, todos os 131I-

peptídeos apresentaram uma alta estabilidade (Figura 24), ou seja, não houve

degradação do complexo marcado, em até 72 horas de controle radioquímico.

Couto e colaboradores 2007, também avaliram a estabilidade de peptídeos

marcados com Lu177 sob refrigeração, e os complexos radiomarcados

permaneceram com rendimentos superiores à 90%, mesmo após 5 dias de

marcação.

Entretanto para os estudos in vivo é desejado que os peptídeos

radiomarcados também apresentem alta estabilidade em plasma humano. E os

resultados deste experimento mostraram que os fragmentos 131I-DEDEYFELV

e 131I-GRGDYV apresentaram alta estabilidade radioquímica nas primeiras 24

horas após a incubação a 37 ºC corroborando com os estudos realizados por

Colturato e colaboradores (2005), onde os radiopeptídeos foram estáveis com

pureza acima de 90% durante 24 horas. Diferentemente dos radiopeptídeos

avaliados por Couto 2014, que apresentaram estabilidade no plasma humano

por apenas 1 hora, e um decréscimo na pureza radioquímica de até 20% nas

primeiras 24 horas. Já no estudo descrito por Nagamati 2006, a pureza

radioquímica caiu em média 13% após 24 horas. Em nossos estudos o único

fragmento que apresentou uma diminuição da estabilidade da ordem de 10%

(Figura 25) foi o peptídeo EEEEYFELV, confirmando que o análogo

DEDEYFELV sintetizado é mais estável. Uma boa estabilidade dos derivados

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71

radiomarcados no soro, pode refletir em uma maior quantidade de

radiofármaco intacto presente no alvo desejado, aumentando a probabilidade

de ligação. (Couto, 2014).

De acordo com Santos e colaboradores (2008), muitos compostos

radiomarcados decompõem-se por ação da radiação emitida pelo próprio

radionuclídeo. Este efeito, chamado de radiólise, pode acontecer quando a

atividade específica do composto é muito elevada. A radiólise pode provocar a

quebra da ligação química entre o radionuclídeo e a molécula ou interagir com

o solvente formando radicais livres, que também podem ter efeito nocivo para o

composto radioativo, promovendo o aparecimento de impurezas radioquímicas.

No nosso estudo não observamos aumentos significativos de impurezas devido

à radiólise durante o período de incubação do complexo radiomarcado.

Além disso, os resultados de estabilidade dos 131I-peptídeos estão

coerentes com o a literatura que descreve que, em geral, a estabilidade dos

complexos formados diminuem chegando até 70% em 24 horas após marcação

(Okarvi & Jammaz, 2003).

5.2.5. Determinação da ligação às proteínas plasmáticas

Os estudos da ligação às proteínas plasmáticas mostraram uma

porcentagem de ligação dos peptídeos 131I-EEEEYFELV e 131I-DEDEYFELV ao

redor de 50% e de 30% para o peptídeo 131I-GRGDYV (Figura 26). Neste

sentido, podemos afirmar que se trata de compostos com forte indício de sua

potencial aplicabilidade nas radiofarmácias hospitalares uma vez que,

aproximadamente de 50% a 70% dos complexos formados dependendo do

peptídeo avaliado estão livres para atingir o alvo desejado, corroborando com

os estudos de Oliveira e colaboradores (2015), onde obtiveram uma ligação às

proteínas plasmáticas de 54,87 ± 5,49% para o radiotraçador 99mTc-HYNIC-E-

[c(RGDfk)-c(GX1)].

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72

Assim radiocompostos altamente ligados apresentam baixas taxas de

depuração da radioatividade do sangue, comprometendo sua liberação aos

tecidos e/ou órgãos alvos. Somente drogas livres ou não ligadas na circulação

são capazes de difundirem através das paredes dos vasos, alcançando assim

o sítio de ação (Jeghers et al., 1990).

Em geral,baixas ligações dos radioconjugados às proteínas plasmáticas

pode estar relacionada ao caráter hidrofílico dos complexos também avaliados

pela sua lipofilicidade. Em outras palavras, quanto menor a lipofilicidade do

composto menor seria a porcentagem de LPP. Entretanto, não observamos

uma relação relevante entre a ligação às proteínas plasmáticas e a

lipofilicidade dos peptídeos descrita abaixo. Similarmente, nenhuma diferença

relevante na porcentagem de LPP foi encontrada no estudo comparativo

realizado por Vanderheyden et al. (2006)quando a molécula Anexina-V foi

radiomarcada com 99mTc.

5.2.6. Determinação da lipofilicidade dos peptídeos radiomarcados

através do coeficiente de partição.

De acordo com Kothari e colaboradores (2003), o coeficiente de partição

é uma das principais propriedades físico-químicas de um fármaco, pois sua

farmacocinética e biodistribuição in vivo dependem da sua característica

hidrofílica ou lipofílica. Quanto maior o Log P, maior é afinidade da substância

pela fase orgânica.

Nossos resultados apresentados na Tabela 11 mostraram que os

fragmentos peptídicos radiomarcados, apresentaram afinidade pela fase

aquosa, com Log de P negativos corroborando com valores de hidrofobicidade

também negativos, por se tratarem de fragmentos hidrofílicos. Vários estudos

avaliando peptídeos pequenos com o domínio RGD mostraram resultados de

coeficiente de partição negativos, independente do radioisótopo utilizado

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73

(Oliveira, 2015; Wu et al., 2015), mostrando que a lipofilidade é altamente

dependente da carga e do tamanho do peptídeo avaliado.

Vale ressaltar que altos valores de lipofilicidade é considerado

indesejável em um radiofármaco porque leva à via de excreção intestinal ao

invés da renal (Lister-James, 2004). Isso ocorre porque as características

lipofílicas dos fármacos promovem sua passagem através das membranas

biológicas e acesso subsequente a seu local de ação dificultando sua excreção

do corpo. Além disso, compostos lipofílicos são amplamente reabsorvidos e

voltam para a circulação sistêmica. Por outro lado, o metabolismo de fármacos

mais hidrofílicos é de fundamental importância para a eliminação desses

compostos do organismoao término de sua atividade biológica (Brunton et al,

2010)

5.2.7. Estudo da interação dos peptídeos radiomarcados com as células

tumorigênicas

O estudo da interação dos peptídeos com as células tumorigênicas em

cultura de células C6, mostraram-se promissores.Umaafinidade de

aproximadamente 3% foi observada para o fragmento 131I-EEEEYFELV e de

5% para os fragmentos131I-DEDEYFELV e 131I-GRGDYVenquanto o grupo

controle contendo somente o iodo-131 a afinidade diminuiu para 0,3%, isso

demonstra que os peptídeos são essenciais para que ocorra a interação com

as células tumorigênicas (Figura 27). Uma maior afinidade do peptídeo 131I-

DEDEYFELV em relação ao seu análogo 131I-EEEEYFELV pode estar

relacionada a sua maior estabilidade.

Comparando os nossos resultados com o estudo apresentado por

Faintuch e colaboradores (2014) onde uma interação de apenas 0,05% foi

obtida após 1 hora de incubação da radiomolécula 99mTc-MAG3-PEG8-

c(NGRyk) em tumores de pulmão, ovário e prótata e uma interação de

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74

0,68%quando incubada em células de glioblastoma U87MG, acreditamos que o

nosso resultado é bastante promissor para a continuidade dos estudos.

A interação dos peptídeos radiomarcados com as células

tumorigênicastambém foi avaliada utilizando homogenato de cérebro de

animais modelos de glioblastoma. Uma interação de aproximadamente 4%foi

verificadaparaos fragmentos peptídicos 131I-EEEEYFELV e 131I-DEDEYFELV, e

para o terceiro fragmento 131I-GRGDYV, a interação foi de 1,7%, porém

superior ao grupo controle onde foi usado cérebro de animais sadios (grupo

controle).Quando somente o radioisótopo I131 livre foi avaliado a interação foi

praticamente nula mostrando que sequência peptídica é essencial para a

interação com os receptores superexpressos em células tumorigênicas

contidas no precipitado do homogenato do córtex cerebral. Embora

preliminares, os estudos de interação com células tumorigênicas se mostraram

bastante promissores.

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75

6. CONCLUSÕES

Os peptídeos EEEEYFELV, DEDEYFELV e GRGDYV foram

eficientemente sintetizados, caracterizados e purificados;

Os estudos de radiomarcação demonstraram que a técnica de marcação

dos peptídeos utilizando o método da cloramina T pôde ser executada

com bons resultados possibilitando um grande potencial para aplicação

clínica. Ressaltamos que as três moléculas dos peptídeos propostos,

embora a primeira seja descrita na literatura, nenhum dos fragmentos

passaram por outro estudo de radiomarcação.

Complexos estáveis foram obtidos na ordem de 92,4±4.5% e 92,1±4.2%

para os fragmentos 131I-EEEEYFELV e 131I-DEDEYFELV quando o

sistema cromatográfico foi Whatman 3MM em MeOH 95%. E próximo a

100% (97.7±0.9%) para o peptídeo 131I-GRGDYV quando utilizamos o

solvente ACN 95% (TLC-SG).

Os estudos de estabilidade mostraram que todos os peptídeos foram

estáveis em até 72 horas, mas melhores resultados foram observados

quando os peptídeos foram armazenados em geladeira.

Os estudos de ligações às proteínas plasmáticas mostraram que os 131I-

peptídeos apresentaram uma porcentagem de LPP ao redor de 40% o

que altamente compatível para aplicações clínicas.

Todos os peptídeos radiomarcados possuem caráter hidrofílico, e devem

mostrar preferencialmente alta excreção renal, uma propriedade

vantajosa para radiofármacos de diagnóstico.

Os três fragmentos peptídeos radiomarcados apresentaram

interaçõescom células tumorigênicas, tanto no estudo realizado em

homogenato quanto diretamente incubados em cultura de células.

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76

7. RESUMO

Vários receptores peptídicos são superexpressos em células

tumorigênicas. Peptídeos radiomarcados que se ligam com alta afinidade e

especificidade aos receptores de células tumoraispossuem um grande

potencial tanto para diagnóstico quanto terapia.O objetivo do presente trabalho

foi avaliar a eficiência de radiomarcação dos complexos de 131I-peptídeos, bem

como, a sua interação com o receptor do fator de crescimento epidérmico

(EGFR) ou com a molécula de adesão celular integrina αvβ3,

ambossuperexpressos numa ampla variedade de tumores. O peptídeo Glu-Glu-

Glu-Glu-Tyr-Phe-Glu-Leu-Val e seu análogo Glu-Asp-Glu-Asp-Tyr-Phe-Glu-

Leu-Val com afinidade para o receptor EGFR e o fragmento Gly-Arg-Gly- Asp-

Tyr-Val contendo o domínio RGD e com alta afinidade para o receptor integrina

foram sintetizados, purificados e radiomarcados com o radioisótopo 131I-Na.A

radioiodação foi avaliada e otimizadautilizando a metodologia da cloramina-T,

afim de, obtermos peptídeos radiomarcados com maior estabilidade e

especificidade.Todos os peptídeos mostraram rendimento radioquímico entre

90-98% e pureza radioquímica em torno de 90%.Os estudos de estabilidade

mostraram que todos os peptídeos foram estáveis em até 72 horas quando

armazenados em geladeira e até 24 horas em soro humano. Todos os 131I-

peptídeos possuem característica hidrofífica demonstrada pela determinação

do coeficiente de partição e apresentaram uma porcentagem de ligação às

proteínas plasmáticas ao redor de 40% o que é altamente compatível para

aplicações clínicas. Além disso, os três fragmentos peptídicos radiomarcados

apresentaram afinidade com as células tumorigênicas relacionadas ao

glioblastoma tanto no estudo realizado em homogenato quanto em cultura

celular.Em conclusão, os peptídeos foram eficientemente sintetizados e as

estratégias de radiomarcação mostraram resultados bem sucedidos. Além

disso, os resultados obtidos são consistentes para aplicação clínica. Deste

modo, estes peptídeos radiomarcados podem se tornarem úteis para uma

ampla variedade de estudos in vitro e in vivo.

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77

8. ABSTRACT

Cancer cells overexpress many peptide receptors. Radiolabeled peptides

that bind with high affinity and specificity to the receptors on tumor cells hold great

potential for diagnostic and therapy. The objective of this study was to evaluate the

radiolabeling efficiency of the of 131I-peptides complex, as well as their interaction

with the epidermal growth factor receptor (EGFR) or cell adhesion molecule

integrin αvβ3, both overexpressed in a wide variety tumors.The Glu-Glu-Glu-Glu-

Tyr-Phe-Gly-Leu-Val peptide and its analogue Glu-Asp-Glu-Asp-Tyr-Phe-Leu-Val-

Glu both with affinity for EGFR receptor and the fragment Gly Arg-Gly-Asp-Tyr-Val

containing the RGD domain with high affinity for the integrin receptor were

synthesized, purified, and radiolabeled with a radioisotope 131I-Na.The

radioiodination was evaluated and optimized using the methodology of

chloramine-T in order to obtain radiolabeled peptides with improved stability and

specificity. All peptides showed radiochemical yield between 90-98% and

radiochemical purity around 90%. The stability studies showed that all the peptides

were stable within 72 hours when stored in the refrigerator and up to 24 hours in

human serum.All 131

I-peptides have hydrophilic character demonstrated by the

determination of the partition coefficient and showed a binding percentage to

plasma proteins around 40% which is highly compatible for clinical applications.

Furthermore, the three radiolabeled fragments presented affinity with tumorigenic

cells related to glioblastoma in both homogenate and in cell culture. In conclusion,

the peptides were efficiently synthesized and radiolabeled strategies showed

successful results. Moreover, the results obtained are consistent for clinical

application. Thus, these radiolabeled peptides may become useful for a wide

variety of in vitro and in vivo studies.

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