8
SISTEMA C A R C E R Á R I O Jornal Laboratório do curso de Jornalismo - Centro Universitário Módulo Ano 8 - edição 23 | Primeiro Semestre 2017 www.modulo.edu.br/antenado ANTENADO PRESIDIO.indd 1 20/10/2017 15:58:09

SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

SISTEMA C A R C E R Á R I O

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo - Centro Universitário Módulo Ano 8 - edição 23 | Primeiro Semestre 2017

www.modulo.edu.br/antenado

ANTENADO PRESIDIO.indd 1 20/10/2017 15:58:09

Page 2: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

O Antenado é um Jornal Laboratório produzido por alunos do curso de

Jornalismo do Centro Universitário Módulo

Coordenador do Curso: Prof. Dr. Gerson Morei-ra Lima (MTB: 10552)

Professor Orientador: Prof. Ricardo Hiar Reis (Jornalista Responsável: MTB 47.857 )

Editores: Cristiane Santos Souza Demarchi, Israel Souza Nunes

Editores Assistentes: Felipe Soares Landes da Silva, Rafael César Figueiredo Barros

Secretário de Redação: Lucas Bueno

Repórteres e Diagramadores: Ana Caroli-na Rodrigues de Souza, Bruna Natali dos Santos, Carolina dos Santos Cordeiro da Silva, Cristiane San-tos Souza Demarchi, Erique Vicente Santos, Felipe Soares Landes da Silva, Hilton Learte da Paz Silva, Israel Souza Nunes, Ivanio Barbosa de Abreu, Jéssica Vidal Leite, Lucas Bueno, Nataly Mazariolli, Rafael César Figueiredo Barros, Rafael Rodrigues Kazon

Projeto Gráfi co: Prof. Ms. Paulo Rogério de Arruda - MTB 36577

Gráfi ca: Resolução Indústria Gráfi ca | Taubaté/SP | Telefone: (12) 36221020

Tiragem: 1 mil exemplares

Distribuição: Dentro da Universidade e em bancas de jornais de Caraguatatuba e outras cidades do Lito-ral Norte, além de pontos estratégicos de Caraguá.

CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO – CAMPUS MARTIM DE SÁ

Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP.Tel. (12) 3897-2008

www.modulo.edu.br

2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017

editorialSISTEMA C A R C E R Á R I O

Com liberdade de expressão, vamos falar sobre prisão

Na atualidade, o Brasil tem a quarta maior população car-cerária do mundo. No país

tropical, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um preso custa R$ 2, 4 mil por mês, enquanto um estudante do ensino médio tem uma despesa de 2,2 mil por ano.

Neste ano, o assunto voltado ao sis-tema prisional brasileiro esteve em ên-fase. Isto porque houve uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, que deixou 56 mortos. Até o Papa Francisco se pronunciou sobre a tragédia.

“Gostaria de renovar o meu apelo para que as instituições prisionais sejam locais de reabilitação e reintegração social e que as condições de vida dos detidos sejam dignas de seres humanos”, disse o pontífi ce.

Na região litorâ-nea, o sistema peni-tenciário ainda sofre diversos problemas, tanto ao que se re-fere às presas e aos presos quanto ao preconceito enraizado na sociedade. Há políticas públicas para amortizar a pro-

blemática, mas ainda são poucas.Embora haja pessoas que adquirem

liberdade após o cumprimento da pena e querem se ressocializar, ainda existem

complicações: o analfa-betismo e as rejeições de empresários são al-gumas adversidades enfrentadas. Há um pro-grama em andamento para ajudar os ex-deten-tos, o Pró-Egresso, mas

está parado.O Centro de Detenção Provisória

(CDP) de Caraguatatuba comporta 847

presos, mas tem 1.320 encarcerados. O local está com uma superlotação, haja vista os 55% a mais de detentos. Ainda tem mais: quatro mulheres são presas por semana no Litoral Norte, sendo que a maioria é fl agrada praticando tráfi co de drogas.

Através de estudos e opiniões de especialistas, percebe-se que para ame-nizar ou solucionar as complicações da criminalidade e prisões excessivas, é pre-ciso priorizar a educação. Darcy Ribeiro, em 1982, já alertava: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos fal-tará dinheiro para construir presídios”.

#CDP EM CARAGUATATUBA, QUE ESTÁ SUPERLOTADO COM 55% DE SUA CAPACIDADE, REFLETE CENÁRIO NACIONAL

O primeiro e até agora único CDP (Centro de Detenção Provisória) do Litoral Nor-

te foi inaugurado em 11 de julho de 2008 em Caraguatatuba. A unidade foi construída para atender até 847 detentos, provenientes das quatro cidades da região, incluindo Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela. O prédio, no entanto, mudou não só a vida de quem cometeu algum delito e foi para o sistema penitenciário, mas também de familiares e moradores do entorno.

O CDP de Caraguatatuba está lo-calizado no bairro Rio Claro, que é um dos poucos de zona rural e que era muito conhecido por ser muito tranquilo e pouco frequentado. Nos últimos anos, o fl uxo de pessoas, prin-cipalmente aos fi ns de semana duran-te as visitas, aumentou consideravel-mente. Centenas de pessoas saem de seus bairros ou até cidades, para visi-tarem os familiares presos.

A chegada do CDP foi considerada um problema, mas para algumas pes-soas chegou a ser um bom negócio no início. É que os comerciantes que já estavam na localidade e outros que

surgiram após o centro de detenção passaram a lucrar mais com as visitas. Hoje, esse cenário já não é muito pro-missor.

Este é o caso da Pousada da Cris, que fi ca a 100 metros do prédio. “An-tigamente as esposas dos presos se hospedavam aqui na pousada. Hoje já não tem o movimento que se tinha an-tigamente”, disse André Armando, 34 anos e morador do bairro do Rio Claro e funcionário do estabelecimento.

Ele diz que algumas melhorias chegaram com as unidades prisionais à região, como o asfalto. “O bom pra nós foi o asfalto, era muito ruim antes, chão de terra, uma lameira tremen-da”, relata.

Na barraca da Cris, logo em frente da pousada, foi criado um ponto de encontro dos familiares que vão visi-tar seus parentes. No local são ven-didos artigos de mercearia, higiene pessoal e aluguel de bolsas para levar marmitas para os detentos. Tudo já é fornecido dentro dos padrões esta-belecidos pelo sistema de visitas, bas-tante rígido para não permitir riscos à segurança.

Mesmo não querendo se manifes-tar à reportatem, os familiares ouvi-

dos relataram que não lhes faltam es-perança de um dia não precisar ir mais àquele local. Um dos momentos mais difícieis para essas pessoas é por volta das 17h30, quando precisam deixar a unidade e se despedirem dos familia-res. Muitas mulheres saem de cabeça baixa e desanimadas, com suas saco-las vazias e até emocionadas.

Próximo ao CDP, Maria de Lour-des, também conhecida como Malu do bar, é mais uma comerciante que ganha a vida e não se sente ameaçada pelo CDP estar tão próximo a sua casa e do seu bar. “O movimento melhorou muito depois da chegada da cadeia”, relata.

“Aqui ninguém lembrava de nós. Era um local de “desova” de corpos, tinha muito assassinato aqui. Hoje estou mais tranquila, depois do CDP minha vida melhorou”, fi nali-za.

Muitos moradores preferiram não se identifi car, mas os relatos são os mesmos. O receio existe, mas a grande maioria concorda que depois da chegada do CDP em Caraguatatuba, principalmente no bairro do Rio Claro, suas vidas me-lhoraram.

Moradores e comerciantes falam que bairro melhorou depois de construção do CDP

#Rafael Rodrigues

ANTENADO PRESIDIO.indd 2 20/10/2017 15:58:10

Page 3: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

3 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017

“Os dias pareciam não passar dentro da cela”, diz ex-detento

O Centro de Detenção Provisó-ria de Caraguatatuba (CDP) comporta atualmente 1.320

pessoas, cada um com uma história diferente. Há três anos, Alexandre, 42, concluiu seu período de deten-ção. Por segurança, ele pediu para que seu sobrenome não fosse reve-lado.

“Os dias pareciam não passar dentro daquela cela”, defi niu sua trajetória na prisão. “Mas sempre mantive a calma, para não me en-volver em confusões. Alguns deten-tos não sabem conviver em paz.”, acrescentou Alexandre, que fi cou preso durante cinco anos por tráfi -co de drogas.

À época de detento, ele chegou a ser monitor nos projetos de alfa-betização no CDP. Atualmente, ele faz trabalhos como pintor e diz es-tar se esforçando ao máximo para reestruturar a vida de sua família. “Eu via o céu quadrado e escuro.

que vai até o CDP. Mas a luta come-çava um dia antes, pois eu tinha que ir até lá buscar a senha para poder visitar meu marido. Eu fazia comi-das especiais e me arrumava para encontrá-lo”, relatou.

Darcy afi rmou que toda vez for-mava-se uma grande fi la para que se pudesse verifi car a situação de cada visitante. Adiante, realizavam auditoria dos alimentos que eram levados e depois a revista íntima – algo que ela falou que considerou horrível.

“É algo muito constrangedor. Re-vistavam muitas vezes, passavam o detector de metais no corpo para garantir que não carregávamos nada escondido. Nunca se sabe o que vai acontecer lá dentro”, disse.

Para Darcy, o CDP é um lugar muito tenso. “Era angustiante de entrar lá, por toda a pressão que o local cria nas pessoas. Mas na hora de sair é pior ainda, pois eu teria que deixá-lo sozinho novamente, naquele ambiente hostil”, concluiu.

Hoje, estou com a minha família, re-construindo nossas vidas”, disse o ex-detento.

Sobre a prisão de seu marido, a esposa do ex-detento, Darcy, decla-

rou que a detenção de um parente afeta toda a base familiar. Ela co-mentou um pouco a questão da visita.

“Todo domingo de visita eu acor-dava às 4h, pegava o ônibus circular

Projeto reintegra ex-detentos à sociedade

Em Caraguatatuba, existe uma sede regional da Secretaria da Admi-nistração Penitenciária (SAP). Neste local, são realizadas ações da Central de atenção ao Egresso e à Família (CAEF), por meio da Coordenadoria de Reintegração Social. Os projetos promovem reintegração à sociedade de ex- de-tentos que saíram do sistema carcerário.

São desenvolvidos, também, programas de auxílio aos familiares de presidiários. A diretora do CAEF, Carolina Rios, afi rmou que são atendidas mais de 200 pessoas por mês e aqueles que deixaram a prisão são encaminhados ao merca-do de trabalho.

“Prestamos serviços de acolhi-mento, orientação e encaminhamen-to de demandas das famílias dos

presos. Colocamos os ex-detentos em programas de capacitação pro-fi ssional e geração de renda, além de dar auxílio jurídico e regularização de documentos a essas pessoas” acres-centou.

Para Carolina Rios, as maiores difi -culdades que os ex-detentos enfren-tam na busca de um emprego são a

falta de escolari-dade e o precon-ceito do empre-gador. “Aqui, em Caraguatatuba, está sendo dis-cutido o progra-ma Pró- Egresso,

que é uma parceria entre o governo do estado e o município para desti-nar vagas para ex-detentos em em-presas que vencem licitações para prestar serviços à Prefeitura. Infeliz-mente, está paralisado. Mas estamos negociando a efetivação do progra-ma” afi rmou.

Comerciante não contrata mais ex-detentos

A ressocialização de ex-deten-tos sempre foi uma das maiores preocupações do sistema prisio-nal, e um dos principais caminhos para isso é a relocação do ex-pre-sidiário no mercado de trabalho.

O preconceito é um dos prin-cipais fatores que deixam os em-pregadores receosos da contrata-ção de ex – detentos, mas o medo é o fator decisivo. “Claro que ofe-rece risco, porque minha empre-sa mexe com dinheiro vivo e uma pessoa que já furtou, pode furtar novamente” diz M.C.V.L, 46 anos, comerciante de Caraguatatuba que já contratou ex-detentos.

A procura por uma oportuni-dade se torna tão difícil que os ex – detentos escondem a sua condição, que acaba sendo desco-

berta somente quando a empresa consulta os antecedentes crimi-nais para registrar em carteira. A comerciante disse que passou por isso com dois funcionários. “Só descobri que os dois funcionários que contratei eram ex – detentos no momento de registrá-los em carteira”.

Além disso, ela conta que exis-tem também detentos que se aproveitam da empresa, já que quando estão no livramento con-dicional eles necessitam compro-var que estão trabalhando com a assinatura em carteira. “Contratei um funcionário que só trabalhou enquanto precisava ir ao fórum assinar, quando acabou a sua sen-tença condicional ele pediu de-missão. Hoje, vi que corri um risco desnecessário, já contratei e hoje não contrataria novamente.”

Alex fi cou preso por cinco anos, mas Darcy permanece ao seu lado até hoje

SISTEMA C A R C E R Á R I O

#Lucas Bueno

#Cristiane Demarchi#Jéssica Vidal

#PROGRAMA QUE INSERE EX-DETENTOS AO MERCADO DE TRABALHO ESTÁ PARALISADO

Rael Nunes

ANTENADO PRESIDIO.indd 3 20/10/2017 15:58:17

Page 4: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 20174

Pastoral Carcerária leva apoio emocional a detentos

“Muitas vezes somos mais bem tratados e respeitados lá den-

tro do que aqui fora”, conta Be-nedito da Silva, coordenador da Pastoral Carcerária de São Sebas-tião. A razão para tanto respeito, segundo o coordenador, é que os detentos vêem o trabalho da pas-toral como um apoio emocional.

Ditinho, como é mais conhecido, trabalha levando a palavra de Deus para dentro do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba desde 2009, mas está nessa jornada desde os anos 80 por outros presídios.

O voluntário conta que não são muitos os que participam e querem ouvir ou conversar, pois ainda se sentem muito culpados pelos cri-mes que os fi zeram estar lá dentro.

Atualmente a pastoral carcerária de São Sebastião possui seis membros que fazem visitas no CDP uma vez na semana, sendo terça ou sábado.

Benedito diz que o trabalho não se limita apenas a evangelizar. Men-salmente os voluntários passam em todos os oito raios (pavilhões) que abrigam em média 200 presos e os questionam sobre o tratamen-to que recebem lá dentro, escutam os pedidos, as queixas e fazem re-latórios, onde encaminham dire-tamente para a diretoria do presí-dio, como em casos de assistência à saúde do preso, por exemplo.

Os casos mais graves que envolvem descumprimento de leis são encami-nhados ao Departamento de Execu-ções Criminais (DEECRIM) de São José dos Campos para investigação.

Além da assistência dada aos pre-sos, a pastoral também dá atenção aos familiares dos detentos. Es-cutam as necessidades, visitam as casas, passam a palavra. E ainda, têm como missão intermediar as relações entre as pessoas privadas de liberdade com seus familiares.

Famílias de detentos recebem auxílio superior a R$ 1 mil

Ricardo Hiar

Auxílio reclusão é um benefí-cio da previdência nacional, concedido aos dependentes

de presos, que estão cumprindo sua pena em regime fechado, ou semia-berto. Essa ajuda foi instituída pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 e pelo Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999.

No Brasil esse tipo de auxílio sofre um certo preconceito pela sociedade, pois a mesma entende que o benefí-cio é dado ao preso e não a sua família.

De acordo com o artigo 16, da Lei nº 8.213/91, existem três classes da família de preso que são benefi ciadas com o auxílio.

Segundo o regime geral de Previ-dência Social, são atendidos na primei-ra classe os presos que sejam casados civilmente, em união estável, ou em união homoafetiva, fi lho não eman-cipado até 21 anos, fi lho inválido ou defi ciente mental ou intelectual de qualquer idade.

#Carolina Cordeiro#Nataly Mazariolli

#Felipe Landes

SISTEMA C A R C E R Á R I O

Já na segunda classe são atendi-dos os pais dos presidiários e na ter-ceira, os irmãos não emancipados, de qualquer condição, até de 21 anos de idade e os irmãos inválidos, defi cien-tes mental ou intelectual de qualquer idade.

Para ter direito ao benefício, o presidiário precisa ser segurado da previdência, além de ter recebido o último salário com valor inferior ou igual a R$ 1.292,43.

Esse valor foi atualizado pela Por-taria nº 13, de 09 de janeiro de 2015. Caso ultrapasse esse teto, o segurado não terá direito ao auxílio-reclusão. O benefício é exclusivo para segurados de baixa renda.

O requerimento do auxílio deve ser fundamentado no atestado de efetivo recolhimento à prisão. Se não for de-clarado no prazo de 30 dias, o benefí-cio será suspenso até a regulamenta-ção dos documentos dos presos.

Além de trabalhos sociais, Pastoral Carcerária realiza missas no CDP (Centro de Detenção Provisória)

ANTENADO PRESIDIO.indd 4 20/10/2017 15:58:18

Page 5: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

5 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017

Detentos do CDP praticam aulas de Canto e Inglês

Os detentos do CDP (Centro de Detenção Provisória) “Dr. José Eduardo Mariz de

Oliveira” de Caraguatatuba, preten-dem conquistar um bom futuro após as penas deles. Pensando nisso, mui-tos participam de atividades de for-mação escolar e técnica, que ocorrem dentro da cadeia.

A professora de Letras e Canto Mara Amaral vem desenvolvendo um trabalho com detentos do CDP, em parceria com a Fundacc (Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba). A equipe é composta por mais três professores, além de Amaral.

As palestras apresentadas pelos instrutores não diminuem as penas dos presos, entretanto, acrescentam para o conhecimento dos alunos e os preparam melhor para conseguir uma vaga de emprego quando tiverem liberdade.

Só participam dos workshops, os detentos que estudam e fazem parte dos grupos de leitura. Os presos que estão estudando e fazendo relatórios das leituras deles conseguem uma diminuição da detenção.

De acordo com Mara, o curso no CDP, é composto por vídeos e slides com um conteúdo que promete incentivar a autoestima dos infratores. “No começo, eles fi caram relutantes em fazer o que pedíamos, mas explicamos para eles a importância da saúde do corpo para o canto e logo eles estavam fazendo até um rap conosco”, contou a professora.

Existem também, workshops de música e idiomas (português e inglês) para os prisioneiros da cidade litorânea. A professora deu aulas para cerca de 40 alunos (menores infratores) da Fundação Casa do município, nos últimos dois anos.

“Queremos vê-los com a esperança para seguir a vida, após as penas deles. A intenção é criar um sentimento dentro deles de valorização do próprio ‘eu’ e esperamos que nossa dinâmica funcione”, completou.

Para ela, o importante é não julgar ninguém, pois muitos não sabem o que aconteceu na vida dessas pessoas para elas terem cometido um delito.

“Temos que ter compaixão e conhecimento específi co para encorajá-los a participar das aulas. A pedido de alguns presos, iremos ensaiar uma música para ser cantada na formatura deles, no fi nal de Maio, no CDP”, concluiu.

Rotina de atendimento de saúde carcerária é motivo de tensão para funcionários

Lucas Monteiro Lomba é médi-co e trabalha dentro do CDP (Centro de Detenção Provi-

sória) de Caraguatatuba há 6 meses, em média; atende 25 detentos uma vez por semana. Segundo o médico, apesar de tratar de ca-sos com baixa comple-xidade o clima do local é tenso.

“Atendo os detentos algemados e acompa-nhados por dois agen-tes penitenciários. Eles se comportam bem, mas basicamente querem medi-

camentos, lá dentro tudo vira moeda de troca”, conta Lomba sobre a rotina de atendimentos no local.

Segundo a OMS (Organização Mun-dial da Saúde), os casos de tuberculose são 28 vezes maior na população car-cerária do que a população em geral e isso aumenta 7% a cada ano. Isso se dá por conta da superlotação e a falta

de ventilação e lumi-nosidade na maioria dos presídios. Atual-mente a população carcerária do CDP de Caraguatatuba é de 1320 detentos,

quando a capacidade é de 847. O número refl ete a realidade dos

presídios do Brasil. Em Caraguatatuba o CDP está com 55% a mais no núme-ro de detentos do que comporta.

Acessibilidade

A estrutura do Cen-tro de Detenção Provi-sória de Caraguatatuba é acessível para deten-tos com defi ciência fí-sica, segundo a Secre-taria de Administração Penitenciária (SAP).

Segundo a assessora de Imprensa da SAP, Mariana Borges, quando ne-cessário, existe tratamento de saúde diferenciado. Nos casos de cuidado

Detentos recebem aulas de música e inglês no período

#Ivanio de Abreu #Rafael César

SISTEMA C A R C E R Á R I O

permanente é preparada cela na en-fermaria para receber o preso, sendo que o local comporta até seis deten-tos defi cientes. Se não há necessida-de de tratamento diário o preso fi ca na cela, pois todos os raios possuem

acessibilidade. A unidade ainda

oferece cadeira de rodas, muletas e medicação especí-fi ca, se necessário.

Atualmente não há presos defi cientes no CDP. As defi ciências mais comuns entre pre-sos que já passaram pela unidade do litoral, eram a falta de membros e cegueira.

AI/CDP Caraguatatuba

#Carolina Cordeiro#Nataly Mazariolli

#CDP DE CARAGUATATUBA TEM POPULAÇÃO DE 1320 PESSOAS, CAPACIDADE É DE 847 DETENTOS

#POR SEMANA 25 DETENTOS SÃO ATENDIDOS POR UM PROFISSIONAL DA SAÚDE NO CDP LOCAL

ANTENADO PRESIDIO.indd 5 20/10/2017 15:58:21

Page 6: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017

Quatro mulheres são presas por semana no Litoral Norte

Estado de São Paulo tem a maior população carcerária feminina do Brasil

A população carcerária femini-na apresentou crescimento de 567,4%, segundo o último

Levantamento Nacional de Infor-mações Penitenciárias (Infopen). No mesmo período a média de cres-cimento masculino foi de 220,20%.

Ainda de acordo com o In-fopen, o Estado de São Paulo tem a maior popula-ção de mulheres e n c a r c e r a d a s , respondendo por 39% do total de presas no país.

Conforme a Delegacia de Ubatu-ba, quatro mulheres são presas por semana no Litoral Norte, sendo que a maioria é de Caraguá. O setor de segurança apontou que grande par-

te dessas ocorrências são por tráfi -co de drogas.

“Os trafi cantes usam as mulhe-res, muitas vezes, porque elas são menos visadas”, disse o delegado Fausto Moro Cardoso.

Na região não existe uma ca-deia pública feminina. As mulheres presas fi cam em celas de transição em Ubatuba por no máximo 48h e, posteriormente, são direcionadas a

uma das penitenciárias femininas de Tremem-bé (SP).

A Secretaria da Ad-ministração Peniten-ciária do Estado (SAP) informou que a capaci-

dade prisional dos presidios de Tre-membé, que recebem as infratoras do Litoral e Vale do Paraíba, é de 1.023 detentas.

No entanto, a população carce-rária divulgada pelo órgão público supera a quantidade estimada, com 1.080 mulheres presas.

“Não me arrependo de ter engravidado, mas de quem fez acontecer”. Es-

tas são palavras de Milena Duarte, 32, que é mãe solteira de Lucas Duarte, 4. A criança é fruto de uma das visitas íntimas feitas pela dona de casa ao ex- marido e detento, Félix Ferreira.

Em entrevista ao Antenado, ela conta a experiência de ter engravida-do dentro do CDP (Centro de Deten-ção Provisória de Caraguatatuba).

Conheci o Félix por meio da irmã dele, em 2010. Começamos a trocar mensagens, marcamos um encontro e, algum tempo depois, começamos a namorar”, explica.

Nessa época, ela já estava grávi-da, mas de outro homem, que havia a abandonado. “Félix disse que assumi-ria a criança”. Milena tem seis fi lhos e atualmente está à espera do sétimo.

“Aproximadamente um ano de-pois, nos casamos. Eu estava apai-xonada”, disse. Até conhecer Félix, Milena trabalhava de operadora de

telemarketing. Largou o emprego quando descobriu a quarta gravidez, uma antes de Lucas. Segundo ela, o marido dizia sempre estar trabalhan-do, mas nunca soube do que. “Eu che-guei a achar que ele estivesse com vergonha do tipo de emprego que

tinha, até entender a verdade”. A dona de casa conta que, com o

passar do tempo, Félix começou a chegar em casa cada vez com mais di-nheiro. “Perguntei a ele muitas vezes se havia mudado de emprego, mas a resposta era sempre a mesma: os ‘corres’ ou ‘bicos’ que fazia. A partir daí, eu desconfi ei.”

Félix foi preso em 2012 por tráfi co de drogas. A portadora da notícia foi Eduarda, uma das fi lhas de Milena, que voltava da escola desesperada.

Milena explica que no começo foi complicado. Ela não trabalhava, tinha quatro fi lhos para criar e recebia ape-nas pensão do pai da primeira fi lha. Mesmo assim, continuou casada com Félix. “Após algumas visitas, eu desco-bri que estava grávida novamente. O quinto fi lho e o pai dele estavam pre-sos.”

Ainda grávida, ela manteve as visi-tas. “Dar a luz ao Lucas foi difícil. Eu ti-nha de lidar com os rostos das outras famílias na maternidade me olhando com pesar e desaprovação porque eu estava sozinha. Era casada, mas ao mesmo tempo, solteira.”

Quando Lucas começou a andar, Milena o levou para conhecer o pai, no CDP. “Depois de alguns meses, eu me separei do Félix. Eu apenas não queria mais aquilo. Hoje, não tenho notícias dele. Me arrependo porque, até onde sei, ele continuou no tráfi -co. Não posso dizer ao Lucas que o pai dele é um bom homem ou que voltará a vê-lo, pois não irá. Essa é a pior parte”.

Mulher fica grávida em visita íntima ao marido no CDP de Caraguatatuba

Mulheres continuam o relacionamento mesmo com o parceiro preso

SISTEMA C A R C E R Á R I O6

Rael Nunes #Ana Rodrigues#Bruna Natali

#Hilton Learte

#MUITAS MULHERES FICAM GRÁVIDAS DURANTE AS VISITAS ÍNTIMAS A SEUS COMPANHEIROS NO PRÉSIO

#POPULAÇÃO CARCERÁRIA FEMININA AUMENTOU 567,4%, SEGUNDO PESQUISA INFOPEN/2014

Internet

ANTENADO PRESIDIO.indd 6 20/10/2017 15:58:29

Page 7: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017

“Maioria das mulheres é presa por tráfi co”, diz delegado

Em entrevista exclusiva para o Antenado, o delegado da Polícia Ci-vil de Ubatuba, Fausto Moro Cardoso, que trabalha há 30 anos na área, explicou como funciona o sistema de transição de presas no

Litoral Norte.Ele disse que a delegacia de Ubatuba deixou de ter celas de detenção

permanentes e tornou-se uma unidade de transição carcerária. Confor-me informou, a maioria das mulheres é presa por tráfi co de drogas.

Segundo o advogado e especialista em Segurança Pública, o maior número de mulheres infratoras vem de Caraguatatuba, que se tornou polo econômico e geopolítico da região.

Veja trechos da entrevista:

Antenado (AT) - Como funcio-na a cela de trânsito em Ubatuba?

Delegado (DEL) - A cela de trânsito é o seguinte: a pessoa é presa em fl agrante ou recebe um mandado de prisão, se for homem fi ca aqui, é feito o procedimento e o indivíduo é transferido ao Cen-tro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguá. Se for mulher, vai para um dos presídios femininos de Tremembé (SP).

AT - Quanto tempo as mulhe-res permanecem na delegacia?

DEL - O máximo que elas fi cam por aqui são 48h, somente para ar-rumar as questões documentais. A cela de trânsito pode ser ocupada por oito mulheres

AT - Antes, aqui funcionava uma cadeia feminina. Quando isso mudou?

DEL - Há dois anos não funcio-na mais como cadeia, e sim como cela de transição. São Sebastião e Ilhabela não têm esses tipos de celas. As pessoas presas de lá, vêm para cá. As mulheres que mais são presas vêm de Caraguatatuba. Ex-plica-se isso pelo fato de Caraguá ser o centro econômico e geopolí-tico da região.

AT – Então, Ubatuba recebe presas do litoral inteiro?

DEL - Sim. A cela de trânsito do Litoral Norte feminino é aqui. Se a mulher for pega em fl agrante, ela vem para cá e fazemos a parte bu-rocrática. Depois, encaminhamos para Tremembé. Em média, quatro mulheres por semana fi cam nas dependências policiais. A maioria é por tráfi co. Os trafi cantes usam as mulheres, muitas vezes, porque elas são menos visadas.

Rael Nunes

Famílias precisam atender requisitos para visitar presos

A prisão de uma pessoa não traz apenas sofrimento para familiares, mas tam-

bém muita burocracia para aqueles que desejarem manter um relacio-namento próximo, participando das visitas à unidade prisional.

De acordo com a resolução da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Pau-lo), as visitas têm fi nalidades de pre-servar as relações dos presos com a sociedade, a família e a companhei-ra, sob vigilância e limitações. A pro-posta é reintegrar o preso ao âmbito familiar e comunitário.

O visitante do preso está su-jeito às normas disciplinadas pela Secretaria da Administração Peni-tenciária. A resolução impõe que os visitantes sejam tratados com humanidade e dignidade inerente ao ser humano, por parte dos fun-cionários da unidade prisional.

O controle das visitas é feito por meio de um cadastro padronizado em toda a rede de unidades pri-sionais pertencentes à Secretaria da Administração Penitenciaria. As informações que constam no ca-dastro devem ser sigilosas, fi cando o acesso restrito aos funcionários responsáveis pela área.

Existem duas modalidades de visitas: comuns de direitos, e conju-

gais (as chamadas visitas íntimas).Visitas comuns - os presos po-

dem receber visitas de parentes de até 2º grau, do cônjuge ou da com-panheira, comprovando o vínculo afetivo. É preciso que apessoa es-teja registrada no rol de visitantes e autorizada pela área de seguran-ça e disciplina. O preso tem direito de indicar em seu rol de visitas oito pessoas.

Visitas íntimas - a visita íntima tem por fi nalidade fortalecer as re-lações familiares e deve ocorrer nos casos de relação amorosa estável e continuada. Ao preso é facultado receber visita íntima da esposa ou companheira, comprovado o vín-culo afetivo. A concessão de visita íntima fi ca subordinada à apresen-tação de atestado médico, por meio de exames laboratoriais, feitos pela visitante.

Para que a visita seja cadastrada no rol de visitas do preso é obriga-tória a apresentação dos seguintes documentos: concordância por es-crito do preso, sobre a conveniência ou não da visitação; comprovação da condição de ser cônjuge, compa-nheira, ou do grau de parentesco; cópia da carteira original de identi-dade do visitante; cópia da carteira original do cadastro de pessoas físi-cas (CPF); cópia de comprovante de residência dos últimos seis meses; duas fotos recentes e iguais; certi-dão de antecedentes criminais.

SISTEMA C A R C E R Á R I O7

#Erique Vicente

#Rael Nunes

Cadastros de visita aos presos são realizados no próprio CDP

Cristiane Demarchi

ANTENADO PRESIDIO.indd 7 20/10/2017 15:58:36

Page 8: SISTEMA C A R C E R Á R I O - focanaweb.com.br · Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP. Tel. (12) 3897-2008 2 CARAGUATATUBA, 1º SEMESTRE DE 2017 editorial

8

UMA INSTITUIÇÃOUma Instituição

Confira os cursos, o regulamento e os manuais do candidato disponíveis no site.

Cursos presenciais, semipresenciais e a distância

0800 721 5844modulo.edu.br

Você é o seu melhor investimento.

Processo Seletivo2018Bacharelado

Administração

Arquitetura e Urbanismo

Ciências Biológicas

Ciências Contábeis

Direito

Educação Física

Enfermagem

Engenharia Civil

Engenharia de Produção

Jornalismo

Publicidade e Propaganda

Licenciatura

Ciências Biológicas

Educação Física

Pedagogia

Tecnológicos

Análise e Desenvolvimentode Sistemas

Gestão de Recursos Humanos

Formar para transformar

ANTENADO PRESIDIO.indd 8 20/10/2017 15:58:39