SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

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SISTEMAS DE PRODUO DE SUNOS Marcela C.A.C. Silveira1 1. INTRODUO O Brasil um pas tropical que possui amplas vantagens para produo animal, principalmente devido s condies disponveis para a transformao de energia solar pela fotossntese em matria verde disponvel para a produo animal. Por essas vantagens tem sido destaque na produo e exportao de carnes de bovinos, aves e sunos. Segundo a FAO, o crescimento anual de consumo de carnes no mundo at o ano 2015 deve ficar em torno de 2%. Considerando ser a carne suna a mais produzida no mundo, uma parcela significativa deste percentual dever ser atendida via expanso da produo de sunos. A posio dos principais pases produtores de carne suna, (China, Unio Europia e Estados Unidos) no deve ser alterada pelo menos no curto e mdio prazos. O Brasil ocupa atualmente a 4 posio com 2.240 mil t. e concorre diretamente com o Canad para manter essa classificao. As previses indicam que a produo brasileira dever crescer cerca de 6% enquanto a produo de carne suna em outros pases crescer menos que 2%. Tais nveis de produo solidificam a posio brasileira no ranking mundial (FVERO, 2003). Com base na anlise dos problemas e potencialidades dos grandes produtores mundiais, fica claro que o Brasil apresenta ampla possibilidade de se firmar como grande fornecedor de protena animal. Estudos recentes mostram que o Brasil apresenta o menor custo de produo mundial, cerca de US$0,55/kg, e produz carcaas de qualidade comparada a dos grandes exportadores. Dessa forma, pode-se dizer que o mercado internacional sinaliza para o crescimento das exportaes brasileiras, com possibilidades de abertura de novos mercados como da China, frica do Sul, Chile e Taiwan. A abertura do Mercado Europeu para a carne suna brasileira dever merecer ateno especial, assim como tambm o ingresso no Japo que o maior importador mundial (FVERO, 2003). Alm da exportao a produo de carne suna vem atendendo ao crescimento do consumo interno. Segundo Nogueira (1998) e Associao Brasileira de Criadores de1

Mdica Veterinria, Mestre em Agroecossistemas.

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Sunos (2007) o consumo de carne suna no Brasil aumentou 34% da dcada de 80 para 2006 (de 8,2 kg/per capta/ano para 12,5 kg/per capta/ano). A produo de sunos no Brasil est concentrada na regio sul, mas tem se expandido para as regies sudeste e centro oeste, principalmente devido a proximidade com as reas de produo de gros. Os sistemas produtivos tm sido estudados, adaptados e intensificados cada vez mais para atender a demanda de exportao e aumento de consumo interno. Na seqncia do texto est a caracterizao dos diferentes sistemas de produo de sunos no Brasil. 2. CARACTERIZAO DOS SISTEMAS DE PRODUO Os sistemas de produo de sunos adotados no Brasil podem ser caracterizados como intensivo, semi-intensivo e extensivo. Dentro dessa classificao no intensivo encontra-se o sistema de criao intensivo confinado (SISCON), sistema de criao intensiva ao ar livre (SISCAL) e variaes dos dois, como a criao de determinadas fases em cama sobreposta. O sistema de criao agroecolgico e o orgnico estaro separados em funo da especificidade dessas criaes, embora estejam includos como intensivo. 2.1 SISTEMA DE PRODUO EXTENSIVO O sistema extensivo caracterizado pela manuteno permanente dos animais a campo, durante todo o perodo produtivo, isto , cobertura, gestao, lactao, crescimento e terminao; pelo uso de pouca tecnologia; pelos baixos ndices de produtividade; pelo baixo uso de capital e fora de trabalho e baseado no aproveitamento de recursos naturais e pelo material gentico nativo. As vantagens desse sistema so: economia em instalaes, mo de obra e alimentos e as desvantagens so a exigncia de grandes reas, resulta em baixa produtividade e maior mortalidade na pario. Essa caracterizao foi apresentada pelo Instituto Centro de Ensino Tecnolgico - CENTEC, (2004). O sistema extensivo utilizado geralmente por produtores que tem relao extrativista e de subsistncia com a criao, o que comum nas regies norte e nordeste do pas. At porque no Brasil a criao de sunos tem na Regio Sul 43,70% dos animais,

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21,31% no Nordeste, 17,31% no Sudeste, 11,39% no Centro-Oeste e 6,30% no Norte (IBGE, 2004). H poucos trabalhos destinados a caracterizao desse tipo de sistema produtivo, devido inclusive a sua pouca eficincia, entretanto como podem estar sendo usados com material gentico rstico que pode ser usado em cruzamentos para desenvolvimento de raas mais adaptadas s variadas condies nacionais, alguns pesquisadores tem se dedicado a estud-los. Um exemplo de sistema extensivo visualizado no Nordeste foi feito num estudo de caracterizao na Paraba, cuja motivao foi o estmulo ao cuidado com material gentico rstico e potencial para melhoramento. Observou-se que 63,8% das unidades de produo agrria familiar visitadas tinham menos de um hectare, 94% dos criadores forneciam restos de comida aos sunos, 56,9% capim no cocho, 53,5% forneciam farelo de milho e apenas 34,5% fornecia milho e 46% no realizava manejo sanitrio. A maioria no recebe assistncia tcnica nem inspeo de qualquer rgo. Mesmo assim, em 96% das unidades os animais eram confinados muitas vezes alterando entre reas fechadas e presos com cordas ao p de rvores para pastoreio. Em 31% das propriedades o confinamento restrito a terminao. A maioria dos produtores no separava os animais o que dificulta o manejo reprodutivo e sanitrio (SILVA FILHA et al, 2005). 2.2 SISTEMA DE PRODUO SEMI CONFINADO O sistema semi-confinado tradicional (misto) caracterizado por animais criados separados, por categoria e por idade, com instalaes por categoria e com acesso a piquetes; realizao de monta controlada; ocorrncia de partos assistidos; uso de pastos para animais de reproduo, crescimento e terminao totalmente confinados. um sistema misto entre o confinado e o extensivo (CAVALCANTI, 1996; CENTEC, 2004). Embora haja o confinamento das fases finais antes do abate, o sistema semiconfinado caracterizado pelo baixo investimento em instalaes e alimentao das fases com acesso aos piquetes. Tambm so caractersticos em produes no norte e nordeste do pas. Os sistemas de produo como o SISCAL, o agroecolgico e orgnico so semiconfinamentos, entretanto como tem caractersticas prprias sero abordados em item especfico.

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2.3 SISTEMA DE PRODUO CONFINADO O sistema intensivo confinado caracterizado pela produo realizada em galpes especializados; pelo confinamento total de todas as fases animais. As vantagens de sua utilizao so: uso de pequenas reas, uso de animais de alto padro gentico e controle sobre todos os aspectos do manejo. As limitaes so: a exigncia de mo de obra especializada, custo elevado de construes e alimentao (FVERO, 2003; CAVALCANTI, 1996). Os produtores de sunos no Brasil, na sua maioria, utilizam o sistema confinado dividido em trs fases, reproduo, recria e engorda, podendo ocorrer todas as fases na mesma granja, como cada fase em uma granja separada, isto , uma granja somente com produo de leito (UPL), outra somente com recria (Creche) e outra somente com engorda (Terminadores). No passado, o sistema mais comum era o de ciclo completo com produo de alimentos na prpria unidade de produo. Nos sistemas especializados muitos produtores adquirem todos os ingredientes para o fabrico da rao, tornando a atividade uma monocultura sem possibilidade de reciclar os nutrientes (FIGUEIREDO, 2002) As caractersticas desse sistema esto sintetizadas na tabela 10. No sistema intensivo os ndices zootcnicos crticos e a meta a ser alcanada esto descritos na tabela 1: Tabela 1 ndices zootcnicos da produo intensiva de sunosIndicador N leites nascidos vivos/parto Peso mdio dos leites ao nascer (kg) Taxa de leites nascidos mortos (%) Taxa de mortalidade de leites (%) Leites desmamados/parto Mdia leites desmamados/porca/ano Ganho mdio de peso dirio dos leites (g) Peso dos leites aos 21 dias (kg) Valor Crtico(1) 10,8 >1,5 23,0 >250 >6,7

5,0

>8,0