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www.ts.ucr.ac.cr 1 SISTEMA DESCENTRALIZADO E PARTICIPATIVO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CONTROLE E FINANCIAMENTO Odária Battini 1 [email protected] Denise Ratmann A. Colin 2 Marcos Fowler 3 Eje: Participación y Gobierno Local Mesa de tabajo: Descentralización y Participación Palabras claves: Descentralización, Parcipación, Política Pública, Asistencia Social, Poder Local. Resumo: Esse texto é resultado da pesquisa-ação que trata do financiamento e do controle da política da assistência social em 278 municípios do Estado do Paraná inscritos na gestão municipal. O estudo, abrangendo 69% do total dos municípios paranaenses, visou apreender os mecanismos político-jurídico-administrativos e econômico-financeiros utilizados no processo descentralizado e participativo e a reconstrução do sistema de financiamento e de controle daquela política. Subsidiou promotores de justiça das comarcas às quais os municípios se vinculam, conselheiros municipais, prefeitos e gestores da área, enquanto responsáveis pelo controle, formulação, coordenação e execução das ações, serviços, programas, projetos e benefícios eventuais de assistência social. No Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, a política de assistência social incluiu-se no sistema de proteção social, associada a um 1 Odária Battini – Assistente social doutora pela PUCSP, Coordenadora pedagógica do Curso de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 2 Denise Ratmann Arruda Colin – Assistente social do Ministério Público do Estado do Paraná, mestranda em Sociologia Política da Universidade Federal do Paraná. 3 Marcos Bittencourt Fowler – Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná doutor em Direito da Universidade Federal do Paraná.

SISTEMA DESCENTRALIZADO E PARTICIPATIVO DA … · comportamentos individuais e às organizações públicas, é o do controle social. A sociedade civil, pelo controle social democrático,

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SISTEMA DESCENTRALIZADO E PARTICIPATIVO DA POLÍTICA

PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

CONTROLE E FINANCIAMENTO

Odária Battini1

[email protected]

Denise Ratmann A. Colin2

Marcos Fowler3

Eje: Participación y Gobierno Local

Mesa de tabajo: Descentralización y Participación

Palabras claves: Descentralización, Parcipación, Política Pública, Asistencia Social, Poder

Local.

Resumo: Esse texto é resultado da pesquisa-ação que trata do financiamento e do controle da

política da assistência social em 278 municípios do Estado do Paraná inscritos na gestão

municipal. O estudo, abrangendo 69% do total dos municípios paranaenses, visou apreender

os mecanismos político-jurídico-administrativos e econômico-financeiros utilizados no processo

descentralizado e participativo e a reconstrução do sistema de financiamento e de controle

daquela política. Subsidiou promotores de justiça das comarcas às quais os municípios se

vinculam, conselheiros municipais, prefeitos e gestores da área, enquanto responsáveis pelo

controle, formulação, coordenação e execução das ações, serviços, programas, projetos e

benefícios eventuais de assistência social.

No Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, a política de

assistência social incluiu-se no sistema de proteção social, associada a um

1 Odária Battini – Assistente social doutora pela PUCSP, Coordenadora pedagógica

do Curso de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 2 Denise Ratmann Arruda Colin – Assistente social do Ministério Público do Estado

do Paraná, mestranda em Sociologia Política da Universidade Federal do Paraná. 3 Marcos Bittencourt Fowler – Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado

do Paraná doutor em Direito da Universidade Federal do Paraná.

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padrão de organização político-institucional, inserto nas mediações presentes

na dinâmica contraditória das relações sociedade civil e estado, ganhando

status de política pública. Como uma das lógicas de ação social – igualmente

com a previdência social e a saúde – constitui o complexo sistema de

Seguridade Social entendido como um conjunto integrado de ações de

iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os

direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (Art. 194 da

Constituição Federal). Com este escopo, a Seguridade Social compõem-se

pelo conjunto dessas três políticas, com características diferenciadas. A

Política de Saúde orienta-se pelos princípios da universalidade, gratuidade,

redistributividade e descentralização. A Política Previdenciária pauta-se pelos

preceitos de gestão centralizada e direitos contributivos. E a Política de

Assistência Social guia-se pelos princípios da seletividade, gratuidade,

redistributividade, gestão centralizada para os benefícios de prestação

continuada e descentralizada pa’ra programas, projetos e serviços (Ferreira,

1998).

Com este novo ordenamento, a Assistência Social aponta como

exigência a luta da sociedade civil em consolidá-la como política pública,

operando o princípio da igualdade de direitos, promovendo a eqüidade para

reduzir as desigualdades sociais, provendo o acesso para todos que dela

necessitem. Isso requer o dever do estado na assunção da sua

responsabilidade no enfrentamento da questão social. E o financiamento desta

política é uma das mais significativas expressões desse enfrentamento, cujos

mecanismos se inscrevem no Capítulo V, artigos 27 à 30 da Lei Orgânica de

Assistência Social. O Conselho e o Fundo de Assistência Social constituem

mecanismos fulcrais na destinação, na orientação e no controle de seu

financiamento. Tal controle somente se efetivará à luz de princípios

democráticos, com a participação da sociedade e concebido como controle

social. Aqui se coloca como fundamental o acompanhamento Ministério Público

como instituição que, por excelência, atua na defesa e na garantia da

cidadania.

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Esta produção resultou de uma investigação-ação que teve dois

desafios. O primeiro foi o de imprimir a atitude investigativa como elemento

constitutivo do processo de implementação da política pública de assistência

social no Estado do Paraná, numa dimensão prático-crítica. O segundo, foi o

de dar concretude ao dever institucional do Ministério Público de defesa da

ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais

indisponíveis ( art. 127, da CF/88), da fiscalização de todos os órgãos públicos

e do zelo pelos direitos assegurados pela Constituição, com a possibilidade de

promover as medidas necessárias à sua garantia ( art. 129, inc. II, da CF/88),

também realizando-se por força do imperativo de contribuição teórico-

metodológica aos sujeitos e organizações que operam tal processo.

Esta decisão, igualmente esteve associada à solicitação do Ministério

da Previdência e Assistência Social para acompanhamento e apoio na

habilitação dos municípios a gestão municipal, visando a criação dos

instrumentos legais adequados ao processo de descentralização, para a

superação dos entraves administrativo-burocráticos enraizados nos Estados,

que não têm permitido fazer chegar os recursos que lhes são repassados pelo

Fundo Nacional de Assistência Social no ritmo desejado. Considerou-se no

estudo a intensidade de dados contidos no procedimento de habilitação à

gestão municipal, demonstrando a conformação do sistema descentralizado e

participativo da assistência social instituído em cada município; a viabilidade de

intervenção na realidade local, a precariedade de conhecimentos observada no

material analisado, em relação ao financiamento da assistência social e do

respectivo gerenciamento dos recursos financeiros de modo a culminar com o

fornecimento de orientações aos municípios acerca dos aspectos político-

administrativos, legislativos e organizacionais a serem modificados ou

complementados.

O método adotado se consubstanciou na proposta dialética do abstrato

ao concreto, aplicado através de quatro aproximações sucessivas, tendo por

orientação as reflexões de K. Marx, o qual afirma que o método que consiste

em elevar-se do abstrato ao concreto não é senão a maneira de proceder do

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pensamento para se apropriar do concreto, para reproduzir-se como concreto

pensado (MARX : 1978).

As aproximações estiveram assim constituídas: 1ª - articulação do

Ministério Público com a Secretaria de Assistência Social/Representação de

Paraná, para apreensão do processo de habilitação, quanto aos critérios,

documentação e orientações; revisão bibliográfica sobre descentralização,

democracia, participação, orçamento, controle e financiamento. 2ª - elaboração

de 26 categorias de análise abstraídas do material apreciado, considerando

adequação legislativa e distorções, das quais selecionou-se nove pois, tinham

relação direta com a temática aqui discorrida, ou seja, com o controle e o

financiamento da política de assistência social. 1) caráter deliberativo do

conselho; 2) definição pelo conselho da política municipal; 3) percentual

orçamentário destinado à área; 4) previsão orçamentária para o fundo; 5) a

instituição do fundo municipal; 6) regulamentação do fundo municipal; 7)

origem das receitas do fundo municipal; 8) critérios de distribuição e controle

dos recursos do fundo; 9) gerenciamento do fundo municipal. 3ª-

sistematização e interpretação dos dados, acompanhada da elaboração de

papers e da apresentação em seminários; 4ª - encaminhamento aos municípios

de ofícios auto-explicativos apontando distorções identificadas e os indicativos

para a adoção das medidas de correção, sob fiscalização do Ministério Público

das respectivas comarcas.

ASSISTÊNCIA SOCIAL: CONTROLE E FINANCIAMENTO

A Constituição Federal de 1988 aponta novos princípios e estratégias

de organização da sociedade civil e do Estado colocando novas exigências

face a reordenação das relações sociais. Na política pública de assistência

social, o sistema de gestão incorporou novo referencial, dando importância a

gestão pública, assumida de acordo com duas lógicas de intervenção:

prestação de serviços públicos e ampliação da cidadania pela via da

descentralização e da participação popular nos espaços de decisão e

monitoramento das políticas públicas. Implementou-se a inovação, com aportes

teórico-práticos que questionam, em especial quando se discute a temática de

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controle social e financiamento: a política tributária, a legislação centralizadora

e a administração convencional, a racionalidade das ações, a participação

popular, a competência teórica, técnica e política local, a aproximação do

Estado ao locus do cidadão como novo padrão de relação Estado/sociedade,

associando democracia representativa com democracia participativa (LOPES.

1999). Contudo, é fundamental a criação de um novo pacto social. Dois

aspectos se colocam: a publicização da política (RAICHELIS. 1998) e a

ampliação e consolidação de uma base social para a política de assistência

social através dos conselhos, como novo sujeito social, pressupondo espaço

estratégico de inclusão dos diferentes segmentos sociais no processo de

discussão e decisão política (RIZZOTTI. 1999).

Há, na construção do novo sujeito social, entraves que devem ser

superados na busca do espaço público onde seja possível o controle social, a

saber: a) centralização e seletividade da política da assistência social,

reforçando a exclusão social (DRAIBE: 1989); b) frágil estrutura pública para

consolidar princípios em defesa de direitos, distorcendo a relação

público/privado (RAICHELIS: 1998); c) princípios privatistas no imaginário da

população e nas leis ( MARTINS: 1994, SALES: 1994); d) frágil representação

nos conselhos (COLIN: 1999, O’DONNELL: 1991); e) pouco reconhecimento

das demandas dos usuários nas decisões do conselho (YASBECK: 1993); f)

distanciamento das demandas societárias às diferenças institucionais,

destinando-se recursos desiguais para os prestadores de serviços assistenciais

(DRAIBE: 1989); g) rigidez nas organizações de serviços assistenciais sem

versatilidade para alterações segundo a participação e as demandas do

usuário e da própria lei (FOUCAULT: 1986); h) não publicização das ações

institucionais (BOBBIO: 1986).

Os desafios para a superação deste entraves estão centrados nos itens

elencados: a) a construção da pluralidade política e a tolerância, constituída

pela multiplicidade de interesses e projetos, na perspectiva do direcionamento

convergente aos interesses coletivos (DAHL: 1997); b) o combate ao

fisiologismo e ao clientelismo (WEFFORT: 1989); c) o estabelecimento de nova

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correlação de forças, estendendo a articulação para além dos segmentos que o

conselheiro representa, de modo a introduzir novas forças sociais (COLIN:

1999); d) a premência do Estado em enfrentar a questão social, com

articulação entre movimentos sociais mais amplos (SANTOS: 1996); e) a

transparência no sistema de informações ( BOBBIO: 1986, DEMO: 1996).

Compreende-se que o exercício do controle social, na esfera da política

pública, é uma das mais pertinentes tarefas do conselho, para superar a mera

vigilância da burocracia. Paira, então o questionamento: o conselho a cumpre?

Ao cumpri-la, coloca-se na condição de sujeito do controle? Foucault

(FOUCAULT: 1985) afirma da passagem da sociedade disciplinar para a

sociedade do controle, apontando novas formas de lutas sociais. É preciso

estar atento para a instalação de uma espécie de tolerância com formas de

ação estatal discrepantes entre o direito escrito e a ação estatal prática,

instituída mediante a conformação de uma certa delinqüência, irregularidade,

ilegalidade, manifestando-se no estado paralelo, com caráter regulador. Ocorre

ainda, a criação de sistema de informação geral que enquadre, no discurso

competente, os indivíduos mobilizados pelos conhecimentos do Estado, para a

vigilância contra o perigo que pareça intolerável para o poder. A alternativa é

visualizada na constituição do consenso, no enfoque gramsciniano. Fica o

alerta para a regulação espontânea da sociedade, promovida discretamente,

mas que de forma rigorosa é controlada pelo Estado que toma a face da

condescendência.

Assim, o controle social, de rotação rápida, contínuo e ilimitado deve

promover uma modulação estabelecendo uma rede integrada que contamina

as relações sociais e políticas. No contexto do reordenamento do Estado, no

âmbito das políticas públicas, o controle reorganiza-se e toma sentido diverso

ao tradicional controle burocrático centralizador. Criam-se diversos espaços de

controle, de responsabilidade pública , que têm como diretriz ativar ambientes e

instrumentos de participação popular no processo decisório. Cabe lembrar que

esses espaços não devem ser confundidos com as agências reguladoras,

propostas na reforma administrativa do Estado como forma de controle estatal.

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Eles são espaços determinados pelos sistemas mais gerais de controle e,

igualmente, pelo controle exercido no nível mais restrito, quais sejam: a esfera

do Estado, onde inclui-se o sistema legal ou jurídico, considerado mecanismo

mais geral de controle; o de mercado, como sistema econômico, onde o

controle se dá pela competitividade; o da democracia participativa, pela via dos

conselhos, o do âmbito institucional, incluindo o controle democrático

representativo, o controle hierárquico gerencial; o controle hierárquico

burocrático caracterizados como controles tradicionais. (KATALYSIS. 2000).

Fica, portanto, evidente que o mecanismo que mais se aproxima da

prática formal e informal de monitoramento pela sociedade, no tocante aos

comportamentos individuais e às organizações públicas, é o do controle social.

A sociedade civil, pelo controle social democrático, viabiliza o compromisso de

seus representantes nos espaços das políticas sociais, qual seja: o controle

sobre o que é público. Se o controle é público, todos os sujeitos detêm poder

de controlar, supondo apropriação das decisões e ações públicas, tanto pelo

conhecimento quanto pela participação (KATALYSIS. 2000). Esse

compromisso requer alteração profunda nos núcleos de poder de modo a

instituir mecanismos de distribuição e de contaminação do controle

democrático, nos mais diferentes níveis decisórios. Quando a sociedade amplia

suas formas efetivas de participação, inibe o poder coercitivo do Estado e cria

possibilidades de consenso que se conquista pela negociação, nos campos

onde confrontam-se interesses diversos. Nos espaços democráticos de

discussão, aliada a uma representação forte e capaz de defender interesses

gerais da sociedade, reside a lógica do controle da política pública. Então, os

conselhos de políticas públicas, necessitam de representações populares fortes

que permitam o pleno exercício do controle social. O controle social no âmbito

das políticas públicas só será possível na medida em que se produza a

capacidade de instituir um sistema de alianças com amplos segmentos da

sociedade dos quais os representantes obtenham consentimento e consenso,

onde a hegemonia se estabelece pelo equilíbrio entre coerção e consenso

(GRAMSCI: 1991, GRUPPI: 1978). Esta aliança não é ocasional e carece

traduzir as diversidades existentes entre segmentos sociais para a criação de

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consenso e confiança. Assim, os representantes da sociedade substanciarão

sua capacidade de influir nos processos de decisão política constituindo-se em

sujeitos da ação e não instrumentos da alteridade cooptada ,subalternizada e

tutelada (SPOSATI. 1991).

Donde conclui-se que o controle social pressupõe um padrão de

representatividade na elaboração, operação e gestão da política pública; é um

exercício de trazer as questões e decisões para mais interlocutores, extrapolar

os espaços de fiscalização e construir espaços de negociação... não devendo

limitar-se a regular os serviços existentes... mas, ampliar seu exercício no

sentido de garantir conquistas (KATALYSIS. 2000). É o grande desafio na

implementação da gestão descentralizada e participativa das políticas públicas

para o qual já apontam-se possibilidades, pela via constitucional, em especial

na questão do financiamento, o qual se coloca como palco de conflito na esfera

do controle social das políticas públicas. A Constituição Federal de 1988,no seu

art. 165, aponta mecanismos de financiamento e de controle os quais, sob o

domínio da sociedade, representam legítimo espaço de conquista do controle

social.

Ressalte-se, que o Conselho Nacional de Assistência Social aprovou a

Norma Operacional Básica/98, disciplinando a descentralização político-

administrativa, o financiamento e a relação entre os três níveis de governo.

Quanto ao financiamento, definiu critérios para a transferência de recursos do

Fundo Nacional de Assistência Social para os respectivos fundos municipais,

estaduais e do Distrito Federal, levando em consideração os instrumentos

legais existentes, o estágio atual do processo de descentralização e a

capacidade do sistema em implementar mudanças.

Com estas referências a pesquisa buscou apreender a realidade do

financiamento e do controle da política da assistência social nos 278

municípios paranaenses que se encontravam na gestão municipal.

A REALIDADE DO CONTROLE E DO FINANCIAMENTO DA

POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PARANÁ: Primeira Aproximação

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1) O caráter deliberativo do conselho municipal de

assistência Social: O sistema de organização da política instituído pela Lei

Orgânica de Assistência Social, prevê a criação do Conselho Municipal de

Assistência Social, órgão integrante da estrutura administrativa do

município, com característica de ente autônomo, permanente, paritário,

deliberativo, normativo e fiscalizador. Em 96,04% dos casos, dada sua

condição peculiar dentro do Poder Executivo, os conselhos recebem, por

lei, atribuições na área de assistência social, base nas quais desenvolvem

as suas atividades: tomam deliberações e as normatizam expedindo

resoluções, as quais, estando atendidos os requisitos formais, integram o

conjunto de normas municipais. Por isso, as resoluções tem força cogente

não podendo ser revogadas ou desconsideradas pelas autoridades

públicas, nem por entidades ou organizações privadas, em uma hipótese de

colisão de interesses pelo conteúdo das deliberações. Não obstante, 0,72%

dos municípios dispuseram na Lei o poder de veto e homologação pelo

Prefeito sobre as decisões do Conselho. Ora, a homologação é o "ato

administrativo vinculado pelo qual a Administração Pública concorda com o

ato jurídico praticado, se conforme os mecanismos legitimadores de sua

edição", ao passo que o veto é um ato político que apenas tem lugar no

procedimento legislativo, quando o Chefe do Executivo recusa a sanção de

uma determinada lei. Não cabe, portanto, falar-se em veto de uma atividade

de cunho administrativo (GASPARINI.1995). À autoridade responsável do

Poder Executivo cabe apenas homologar ou não as resoluções do

Conselho Municipal. Essa homologação é ato administrativo vinculado, e

não discricionário: trata-se de um exame de natureza restrita, envolvendo

apenas os aspectos formais do ato administrativo dentro da averiguação de

sua legalidade. O mérito, cabe exclusivamente ao mencionado Conselho.

Dessa forma, indicou-se correção dos textos de lei, através de alteração

legislativa excluindo termo "veto", de forma a não deixar aberta a

possibilidade do exercício de prática irregular. Outra distorção detectada

recaiu nos Decretos Municipais que regulamentaram o Fundo Municipal,

prescrevendo que "a aplicação dos recursos de natureza financeira

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dependerá: ... II – da prévia aprovação do órgão gestor da política municipal

de assistência social. A Lei que institui o Conselho, , estabelece sua

competência, ou seja, as matérias que deverão ser submetidas a

deliberação. Entre essas, incluem-se a definição da política municipal de

assistência social e a apreciação e aprovação da proposta orçamentária

referente à área. Tais atos, consubstanciados através de Resoluções, uma

vez completos e acabados, já se tornam aptos à produção de todos os

efeitos jurídicos que lhe são próprios. A aprovação,( GASPARINI. 1995), "é

o ato administrativo discricionário mediante o qual a Administração Pública

faculta a prática de certo ato jurídico ou concorda com o já praticado para

lhe dar eficácia, se conveniente e oportuno". Faz-se evidente, aqui, a

confusão funcional. Como é ao Conselho que cabe a decisão discricionária

quanto à utilização dos recursos depositados no Fundo, resta ao órgão da

Administração Pública, apenas a atribuição de praticar os atos

administrativos vinculados necessários para o gerenciamento dos recursos

do Fundo, ou seja, atos que se restringem à análise dos aspectos formais,

dentro da averiguação da legalidade dos procedimentos, para a execução

das políticas de assistência social. Portanto, recomendou-se a revisão do

Regulamento do Fundo Municipal de Assistência Social e, para tanto, como

subsídio, anexou-se sugestão de texto legislativo. Um montante de 3,24%

dos municípios não disponibilizaram estes dados.

2) Atribuição ao conselho de definição da política

municipal de assistência social: 96,76% dos municípios prevêem seu

papel de instância política de participação popular, pois os conselhos são

dotados de atribuição para a definição da política municipal da assistência

social, o que é essencial na implementação da descentralização jurídica,

política e administrativa. Essa descentralização ocorre em duas vertentes: a

primeira inscrita na esfera governamental, refletindo a municipalização da

execução das ações e serviços de assistência que deixam de ser

enfrentados diretamente pela União e pelos Estados e passam a se

constituir em encargo dos municípios, a segunda consiste na possibilidade

de participação popular no processo decisório concernente às políticas

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públicas. Não foram registrados casos em que o Conselho tenha sido

destituído dessa atribuição; sendo que em apenas 3,24% dos municípios

não foram disponibilizados os dados.

3) A efetivação de previsão orçamentária própria para a

assistência social: Neste item avaliou-se se os municípios destinavam

recursos para a área de assistência social e se estes recursos estavam

especificados na Lei de Diretrizes Orçamentárias -LDO, instrumento

norteador, que contém as metas e prioridades da administração pública,

tendo como objetivo orientar a elaboração da lei orçamentária anual (art.

165, §2º da CF/88), bem como na Lei Orçamentária do Município – LO,

onde a função assistência social está descrita, assim como as demais

atividades a serem desenvolvidas no âmbito municipal, respeitando o

indicativo de estruturação do orçamento contido na Lei nº 4.320/64, em seu

Anexo V, enquanto obrigação funcional programática. A Lei Orçamentária

do Município consiste na elucidação do plano anual de aplicação de

montante específico dos recursos financeiros arrecadados e recebidos pelo

município, discriminando as receitas e as despesas, evidenciando a política

econômico-financeira e o programa de trabalho do governo para o corrente

exercício, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anuidade,

conforme disposto no art. 2º, da Lei nº 4.320/64. Tais princípios estão

relacionados diretamente com a transparência orçamentária e,

consequentemente, com a possibilidade de controle social. Deverá conter,

além do determinado no art. 165, § 5º, I, II e III, da Constituição Federal,

dispositivos que determinem: as fontes da receita pública; as destinações

dos recursos orçamentários aos órgãos ou às funções do Governo; a

previsão das receitas dos órgãos da Administração indireta, bem como as

aplicações a serem efetuadas através deles, desde que recebam

transferências à conta do orçamento; a autorização ao Poder Executivo de

abrir créditos suplementares até determinado limite; a autorização ao Poder

Executivo de efetuar operações de crédito, inclusive as por antecipação da

receita, obedecida a legislação em vigor sobre a matéria. Obteve-se o

levantamento de que 4,68% mencionaram a previsão de tal destinação, no

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entanto não enviaram documentação que a comprovasse; 10,79% apenas

previram gastos para a área na LDO e 78,06% elencaram as verbas

respectivas para a assistência social, apresentando a documentação

orçamentária exigida – Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei

Orçamentária (LO). Do montante de recursos orçamentários destinados á

área de assistência social alguns municípios informaram, em formulário

específico, o percentual de repasse: até 5% do orçamento, no caso de

39,20% dos municípios; variação entre 5 à 10%, em 28,06% dos

municípios; mais de 10% do orçamento, em 8,64% dos municípios. Cabe

lembrar que legalmente não há percentual fixado de destinação de recursos

para a área da assistência social, e nem poder-se-ia Ter, tendo em vista

que a Constituição Federal proíbe, em seu art. 167,IV, “ a vinculação de

receita dos impostos a que se referem os art. 158 e 159, a destinação de

recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino, como

determinado pelo art. 212, e a prestação de garantias às operações de

crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, parágrafo 8º, bem

assim, o disposto no parágrafo 4º deste artigo”.

Apesar disso, e por se constituir em orçamento próprio, composto

pelas contribuições sociais do empregador, da empresa e do empregado,

do segurado da previdência e dos concursos de prognósticos, a lógica de

elaboração do orçamento da seguridade social deve considerar as

despesas necessárias à garantia dos direitos decorrentes da

universalização do atendimento, também previstos constitucionalmente.

4) A existência de previsão orçamentária para o Fundo

Municipal de Assistência Social: A Lei Orgânica da Assistência Social,

art. 30,. II, a Resolução n.º 207-Conselho Nacional de Assistência Social,,

de 16/12/98 e o Decreto Federal nº 2.298, de 128/97 art. 6º, condicionam o

repasse de recursos federais à existência de previsão orçamentária nos

municípios aos respectivos fundos. Sendo assim a pesquisa apontou que

do total de 49,64% dos municípios que estabeleceram na legislação

instituidora e na lei orçamentária destinação integral dos recursos da

assistência social para o fundo; apenas 7,56% respeitaram tal prerrogativa

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e 42,08% dos municípios efetuaram previsão parcial. Dos demais, 39,20%

descumpriram totalmente o indicativo de destinar verbas para o fundo e

11,16% não forneceram os respectivos dados. Pode-se concluir que a

maioria absoluta dos municípios pesquisados não tem compreendido a

razão pela qual se institui um fundo específico para a assistência social,

conservando procedimentos incompatíveis com a presente ordem política

constitucional. Os fundos não são meros instrumentos cartoriais, criados

para cumprir um requisito formal mas sim, uma forma de gestão

transparente e racional de recursos, apta para contribuir para o

fortalecimento e visibilidade da assistência social no interior da

administração pública, bem como possibilitar a gestão dos recursos de

acordo com as reais necessidades. A gestão dos recursos deve ter como

referência: a) a política formulada por meio do plano de assistência social;

b) o acompanhamento e o controle da gestão dos recursos feitos pelos

conselhos de assistência social, sem prejuízo da fiscalização dos órgãos

de controle interno e externo, conforme legislação vigente; c) a prestação

de contas dos recursos transferidos para o financiamento dos serviços,

programas e projetos de assistência social ao Poder Legislativo, no final

de cada exercício, segundo as regras legais em vigor. Assim sendo,

acabam por desvirtuar a correta utilização do fundo podendo trazer

conseqüências negativas de variada ordem, que vão desde problemas

administrativos e financeiros, como a perda de receitas paro o Município,

até a imposição de sanções penais. Isso porque: a assistência social é uma

das funções estatais obrigatórias, conforme previsão no Anexo V, da Lei

Federal n.º 4.320/64, para cujo atendimento há sempre que se despender

recursos em cada uma das diferentes esferas de governo. O diagnóstico da

realidade local dá suporte para a constatação da necessidade das ações,

serviços e programas dirigidos à área, tendentes à garantia da dignidade

da pessoa humana, um dos fundamentos da República,

constitucionalmente estabelecidos (art. 1º, inc. III, DA CF/88). Vale salientar

que existem obrigações decorrentes da previsão constitucional de

descentralização político-administrativa, via municipalização e participação

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popular, bem como reordenamento institucional (art. 204, inc. I, da CF/88).

Segundo as suas diretrizes, “a coordenação e as normas gerais (cabem) à

esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas

às esferas estadual e municipal” (art. 5º, I, da LOAS). Ainda o Decreto-Lei

n.º 201, de 2702/67, que institui os crimes de responsabilidade dos

prefeitos municipais, inclui entre as hipóteses de ilícito penal a ordenação

de “despesas não autorizadas por lei” ou a sua realização “em desacordo

com as normas financeiras pertinentes” (art. 1º, V), bem assim a negativa à

execução de lei federal, estadual ou municipal (art. 1º, XIV). Por todos

esses motivos, diversos municípios foram advertidos a corrigir suas

respectivas estruturas orçamentárias, promovendo-se a destinação dos

recursos devidos ao Fundo Municipal de Assistência Social.

5) Instituição do fundo municipal de assistência social: O

Fundo Municipal se constitui em um mecanismo de captação de recursos e

de apoio financeiro às atividades da área, estando sujeito à supervisão do

órgão ao qual esteja vinculado. Para a instituição do Fundo, a Constituição

Federal em seu art.167, inc. IX, exige que haja prévia autorização

legislativa, o que foi verificado na grande maioria dos municípios (96,40%).

Desse montante, 90,64% instituiram o fundo na mesma lei que cria a

conferência e o conselho e 5,76% o instituiram mediante lei própria para

esse fim; 0,72% dos municípios não instituiram o fundo, e 2,88% não

remeteram dados.

6) A regulamentação do fundo municipal de assistência social:

A regulamentação do Fundo é o instrumento que explica a Lei e facilita sua

execução, aclarando os mandamentos e orientando sua aplicação.

Portanto, é instrumento que oficializa a forma de gerenciamento do Fundo,

sendo feita através de decreto do Prefeito Municipal. O regulamento é o ato

posto em vigência pelo decreto, para especificar os mandamentos da Lei,

ou seja, o decreto que regulamenta o fundo precisa ser completo,

dispondo, no mínimo, sobre a administração e o controle do fundo, a

origem dos recursos que o compõe, a sua forma de contabilização, de

execução orçamentária e de prestação de contas. Uma distorção comum

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observada no exame desses regulamentos se constitui em atribuir

"competências" ao Fundo. O Fundo, criado em atendimento à prescrição

da Lei Orgânica de Assistência Social, é apenas uma conta que deve

concentrar recursos cuja destinação está previamente determinada em Lei,

voltada para a execução das políticas públicas na área. Portanto, não se

trata de um órgão da Administração Pública, não sendo possível atribuir-lhe

"competências". Provavelmente, o que se quis fazer é definir as

responsabilidades do administrador do Fundo. Por outro lado, as

referências normativas municipais que dispõem sobre o funcionamento do

Fundo devem ser inequívocas no que se refere às diferenças entre as

atividades de gerenciamento e execução por um lado, e de decisão e

fiscalização por outro. Às primeiras cabem ao órgão do executivo

responsável pela execução das políticas de assistência social, e às últimas,

ao Conselho. São atribuições do Conselho no que tange ao fundo: aprovar

o plano municipal de ação para a área e o plano de aplicação dos recursos

do fundo; estabelecer os parâmetros técnicos e as diretrizes para a

aplicação dos recursos; acompanhar e avaliar a execução, o desempenho

e os resultados financeiros do fundo; avaliar e aprovar os balancetes

mensais e o balanço anual do fundo; solicitar, a qualquer tempo e a seu

critério, as informações necessárias ao acompanhamento, ao controle e à

avaliação das atividades a cargo do fundo; mobilizar os diversos

segmentos da sociedade no planejamento, na execução e no controle das

ações do fundo; fiscalizar os programas desenvolvidos com recursos do

fundo, requisitando, quando entender necessário, auditoria do Poder

Executivo; aprovar convênios, ajustes, acordos e contratos firmados com

base em recursos do fundo; publicar, em periódico de grande circulação,

todas as resoluções do Conselho Municipal relativas ao fundo. As

atribuições do órgão responsável pela Coordenação da Política Municipal

de Assistência Social relativas ao fundo são: coordenar a execução dos

recursos do fundo, de acordo com o plano de aplicação estabelecido em

regulamento, após aprovação do Conselho; apresentar ao Conselho

proposta para o plano de aplicação dos recursos do fundo; e para

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aprovação, o balanço anual e demonstrativos mensais das despesas e das

receitas realizadas pelo fundo; emitir e assinar notas de empenho, cheques

e ordens de pagamento referentes às despesas do fundo; tomar

conhecimento e cumprir as obrigações definidas em convênios, ajustes,

acordos e contratos firmados pelo Município e que digam respeito ao

Conselho Municipal; manter os controles necessários à execução das

receitas e das despesas do fundo; manter, em coordenação com o setor de

patrimônio do Município, o controle dos bens patrimoniais com carga para o

fundo; encaminhar à contabilidade geral do Município, de acordo com a

periodicidade estabelecida no regulamento: a) demonstração da receita e

da despesa; b) inventário dos bens materiais; c) inventário dos bens

móveis e imóveis e balanço geral do fundo; firmar, em conjunto com o

responsável pelo controle da execução orçamentária, a demonstração

mencionada anteriormente; providenciar, junto à contabilidade geral do

Município, que se indique, na referida demonstração, a situação

econômico-financeira do fundo; apresentar ao Conselho análise e

avaliação da situação econômico-financeira do fundo; encaminhar ao

Conselho relatório mensal de acompanhamento e avaliação do plano de

aplicação dos recursos do fundo. Observou-se que algumas Leis

Municipais ou mesmo Decretos de Regulamentação do Fundo previram a

possibilidade de nomeação de tesoureiro, dentro da estrutura do Conselho,

para administrar o Fundo. Como não há prévia determinação de quem

deva assumir o encargo, enfatiza -se a impossibilidade de que recaia a

indicação em pessoa que já exerça o cargo de conselheiro, tendo em vista

a incompatibilidade do exercício simultâneo e cumulativo das funções de

ordenador de despesas e de fiscal. Assim é porque o Conselho é

encarregado de promover o controle e a fiscalização das movimentações

financeiras tanto do Fundo Municipal, quanto dos recursos destinados à

área. Coincidiriam, portanto, as tarefas de fiscal e de executor na mesma

pessoa, tornando impossíveis a independência, autonomia e imparcialidade

recomendadas pelo Código de Ética Profissional do Contabilista (arts. 2º,

inc. VIII, e 5º, inc. II, aprovado pela Resolução CFC n.º 803, de 10 de

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outubro de 1996). Recomendou-se alterar os dispositivos legais que

davam ensejo ao disparate, para o efeito de retirar tais atribuições de um

dos conselheiros e, por via de conseqüência, do próprio Conselho, que

deverá se concentrar nas funções de controle e fiscalização, sem assumir

encargos de execução, especialmente no que se refere a recursos

financeiros. A ordenação de despesas no âmbito da administração pública

municipal é responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, que só poderá

delegá-la a quem tenha absoluta confiança, já que irá responder

administrativa, civil e criminalmente por todos os eventuais desvios que

venham a ocorrer. No processo de habilitação constatou-se que em

71,58% dos casos há lei criando o Fundo Municipal de Assistência Social e

seu respectivo Decreto de Regulamentação; 2,16% dos municípios

afirmaram possuir tal legislação mas, não enviaram documentos; 0,36%

dos municípios não apontaram a informação solicitada; 23,02% dos

municípios mencionaram que não possuíam o regulamento em instrumento

específico ou na própria lei; 2,88% dos municípios apontaram

inadequações onde o referido decreto dispõe que o funcionamento e a

administração do fundo serão objeto de outra regulamentação, o que é um

desatino, ou então, indicam um conteúdo que se mostra insuficiente para

pautar o funcionamento do Fundo, sendo necessário, portanto, a

renovação desse ato normativo. Foi enviado a estes municípios e aos

23,02% dos que não possuem a referida regulamentação, um modelo de

regulamento do Fundo Municipal de Assistência Social.

7) Origem das receitas que irão compor o fundo : A Lei nº

4.320/64 determina, em seu art. 71, que todo o fundo especial deve ser

instituído por lei específica e conter o objetivo a que se destina, além de

relacionar as receitas que o irão compor, detalhando a sua fonte de origem:

46,40% dos municípios reservaram dotação orçamentária própria, com

definição integral das receitas para o fundo, especificando sua origem;

48,56% apenas previram dotação própria na lei e especificou as receitas;

1,08% efetuaram especificação da origem das receitas, mas não tiveram

previsão de dotação orçamentária própria em suas leis; 1,08%, não

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promoveram a especificação das receitas;2,88% dos municípios não

forneceram os dados. A destinação de recursos específicos para as ações,

os serviços, os programas, os projetos e os benefícios de assistência social

garantem, do ponto de vista financeiro, a efetividade da política deliberada

pelo Conselho, além de evidenciarem o montante de recursos dispendidos

pela municipalidade.

8) Especificação de critérios para aplicação dos recursos do

fundo municipal: Compete ao conselho definir, acompanhar e controlar os

critérios de repartição, as formas de transferência e a aplicação dos

recursos do Fundo Municipal, segundo as prioridades detectadas no

diagnóstico e elencadas no plano municipal. Conclui-se que os recursos do

Fundo Municipal devem ser carreados exclusivamente para ações,

serviços, programas e projetos de assistência social, para seus

instrumentos de aperfeiçoamento e para o pagamento dos benefícios

eventuais. Depende da liberação expressa do conselho a autorização para

a liberação de recursos do fundo em outras ações, serviços, programas e

projetos que não os já estabelecidos no rol de despesas descritas na lei de

criação ou no decreto de regulamentação, as quais devem também constar

no plano municipal. Assim, é vedada a aplicação de recursos do Fundo

para atividades do Conselho e de manutenção da estrutura do órgão

gestor. Tais despesas são obrigações do Poder Executivo o qual deverá

prestar o apoio administrativo, através do fornecimento de recursos

humanos, materiais, financeiros e estrutura física necessárias para o seu

regular funcionamento. Assim, também, o pagamento de despesas com

transporte, estadia e alimentação dos conselheiros será de

responsabilidade do órgão gestor. Observou-se que 71,58% dos

municípios apresentaram os critérios para distribuição e controle dos

recursos do Fundo; 23,39% não estabeleceram estes parâmetros e 5,03%

não disponibilizaram a informação. Outro dado se refere ao fato de que

uma parcela dos municípios estava destinando recursos do fundo para

subsidiar gastos incompatíveis com os critérios determinados.

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9) Atribuição ao conselho do gerenciamento do fundo

municipal: a quase totalidade dos municípios (94,24%) previram em lei a

atribuição do conselho em "gerenciar o fundo", enquanto 1,08% dos

municípios não previram em lei essa atribuição e 4,68% não forneceram os

dados. Convém ressaltar que há uma ligeira confusão entre a atribuição de

deliberar e fiscalizar acerca da destinação dos recursos do fundo, que é de

responsabilidade do conselho municipal, após a aprovação do plano de

aplicação do fundo elaborado pelo órgão gestor, e a atribuição de

administrar (ordenar despesas, contabilizar, etc.) os recursos deste, a qual

se encaixa como responsabilidade do órgão executor da política de

assistência social, de um departamento específico de planejamento e

finanças, ou ainda do próprio contador da Prefeitura Municipal, conforme a

estrutura administrativa de cada município.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Identificou-se no estudo que a principal dificuldade encontrada pelos

conselhos no desempenho de suas funções é exercer o controle social do

financiamento da política deliberada. Neste sentido, ficaram evidenciadas

algumas hipóteses acerca das estratégias utilizadas pelo poder público na

intenção de limitar o referido controle nas etapas constitutivas da proposta

orçamentária, quais sejam:

1.na fase de elaboração orçamentária:

- utilização de discurso competente, mediante o enfoque

estritamente técnico na elaboração do orçamento, agravado pela

desconsideração das propostas externas ao grupo de planejadores;

- entendimento cultural, inclusive do Tribunal de Contas, de

que a decisão política cabe ao administrador, princípio da

discricionariedade do chefe do Poder Executivo;

- restrição da competência legislativa no tocante à

participação no processo de elaboração, discussão e aprovação,

execução e avaliação e controle orçamentário;

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- absoluta falta de publicidade nas etapas de arrecadação,

elaboração, execução e avaliação orçamentária.

2.na fase de discussão e aprovação orçamentária pelo poder

legislativo:

- falta de publicidade;

- limitação das emendas legislativas ao remanejamento

interno dentro das rubricas e valores monetários já estabelecidos;

- desconhecimento dos prazos.

3.na fase de execução orçamentária:

- liberdade de escolha dos gastos pelo executivo, em função

das receitas superestimadas;

- retificações promovidas ao longo da execução do

orçamento;

- alteração completa da proposta orçamentária via

estabelecimento de créditos especiais, suplementares e extraordinários.

Especialmente através dos créditos especiais, o legislativo autoriza, em

cláusula específica na Lei Orçamentária, gastos no montante de até

30% dos recursos.

4. na fase de avaliação e controle:

- desempenho limitado e superficial de controle pelo

conselho, pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público nos

processos de execução e prestação de contas, não dispendendo maior

observação do relatório de gastos por função – funcional programática.

Esta reflexão leva a propor novas abordagens especialmente por

confirmar instigantes resultados relativos aos mecanismos e instrumentos a

serem implementados no exercício do controle social, tais como, as diferentes

formas de publicização, como a internet e as audiências públicas; a avaliação

da política e do financiamento para a área no espaço das conferências; a maior

transparência da política, via fundo e plano de aplicação, dentre outras.

Vale mencionar que a efetividade da pesquisa pode ser confirmada

com a obtenção do resultado das orientações indicadas no decorrer do

processo de análise e intervenção, tanto no plano técnico-operativo como no

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plano legislativo, repassado pelos municípios aos pesquisadores, onde

constatou-se que 30% destes já promoveram as medidas cabíveis para corrigir

os problemas e outros buscam consultas para aprimorar sua estrutura e

desempenho.

Tal processo gerou movimento positivo de reorganização do sistema

descentralizado e participativo de assistência social nos municípios, contando

com o Poder Executivo e Legislativo, e no próprio Conselho. Proporcionou uma

mobilização dos Conselhos Municipais de Assistência Social e Secretarias

Municipais, no intuito de promover a integração entre os diferentes órgãos e

sujeitos envolvidos como psicólogos, assistentes sociais, assessores jurídicos,

promotores de justiça, contadores, conselheiros e prefeitos. Institui-se, nos

municípios, mediante discussões com o órgão responsável pela política,

conselhos e contadores, uma cultura de montagem da proposta orçamentária

de acordo com as demandas elencadas no diagnóstico e as previsões

anotadas no plano municipal de assistência social, identificando-se, na lei

orçamentária - LO, a destinação dos recursos para subsidiar ações, serviços,

programas, projetos e benefícios de assistência social carreados para o

respectivo fundo. É bem verdade que se trata de uma previsão, mas as

diretrizes e a intencionalidade do comprometimento orçamentário estão

asseguradas, dependendo, então, além da arrecadação tributária, dos

repasses de outras esferas, etc., e também do acompanhamento e da

cobrança dos conselhos.

Almejando a administração correta do funcionamento da política

pública da assistência social, os municípios reconheceram a necessidade de

capacitação dos sujeitos envolvidos para sua inserção no processo de

reestruturação das políticas públicas, proporcionando a transparência das

ações e dando maior visibilidade das aplicações dos recursos financeiros;

assim como houve o reconhecimento da necessidade de revisão das

atribuições do conselho e do papel dos conselheiros, pois embora se afirme

como espaço de participação popular, em muitas localidades os conselhos têm

servido como fator de legitimação das decisões tomadas pelo poder

constituído, sem exercer qualquer influência no papel decisório. Isso ocorre, via

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de regra, quando os conselheiros são indicados pelos governantes e não

eleitos diretamente pelos movimentos populares. Essa indicação leva ao

desnaturamento do próprio conselho como forma de viabilização da

democracia participativa.

Houve a participação do Ministério Público no esclarecimento das

modificações propostas e na indicação dos procedimentos para atender as

correções, bem como na propositura de ações administrativas e judiciais, para

superar falhas na implementação de práticas político-administrativas advindas

da Lei Orgânica de Assistência Social.

Acredita-se que com este exercício, progressivamente, se instituirá um

modo democrático de formulação execução e controle da política pública de

assistência social . Convém enfatizar que o processo de reestruturação das

políticas públicas ocorrerá dentro de umas certa morosidade, pois

primeiramente se depara com a necessidade de superação da sociedade em

considerar o Estado como um mero “fazedor de favores”, que através da

prática do assistencialismo gera uma relação de dependência entre os

indivíduos excluídos e o próprio Estado na medida em que intervêm através de

ações imediatistas e emergenciais. Como superar essa relação clientelista?

Através dos Conselhos Municipais de Assistência Social que, simultaneamente

à práticas organicamente vinculadas à movimentos sociais populares

contrapondo-se a ordem vigente, se constituem em um dos elos de ligação

entre a sociedade civil e o estado e que devem trabalhar a questão da

assistência social como direito, onde todos os cidadãos podem e devem

participar, criticar, opinar e deliberar a administração pública.

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26. YASBEK, Carmelita ( 1993) – Classes subalternas e assistência social.

São Paulo. Cortez.

PARTICIPANTES DA PESQUISA:

Juciméri Isolda da Silveira – assistente social bolsista AT do CNPq.

Josué Thomazi de Carvalho – bolsista IC – CNPq , área de Direito.

Fabiana Maximiniano – bolsista IC – CNPq, área de Serviço Social.

Kátia Cristina Novak – bolsista IC – CNPq, área de Serviço Social.

Este estudo, sob o título original de “Descentralização político-jurídico-

administrativa na implementação da LOAS – Lei Orgânica de Assistência

Social – reconstrução de conceitos ou manutenção de saberes e práticas?”,

contou com financiamento do CNPq e resultou na publicação dos livros:

Assistência Social: constitucionalização representação práticas. São Paulo.

Veras ed. 1998 e LOAS Lei Orgânica da Assistência Social anotada. São

Paulo. Veras ed. 1999.

Vincula-se organicamente à PUCPR, ao CIPEC – Centro

Interdisciplinar de Pesquisa e Consultoria em Políticas Públicas e ao Ministério

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Público do Estado do Paraná – Centro de Apoio Operacional das Promotorias

de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais, Curitiba/Pr.