SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL

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SISTEMA MONETRIO INTERNACIONAL: A Interferncia na Economia Global Jani Floriano1 1 INTRODUO: intrnseco ao ser humano o desejo de manter vnculos de trocas com o fim precpuo de suprir suas necessidades, que, em pocas pr-histricas, ocorriam entre habitantes da mesma tribo. Estas relaes foram evoluindo e ampliadas para um nvel extraterritorial, e, portanto, caracterizando-se por trocas de bens e servios (importaes e exportaes), transferncias unilaterais, bem como o movimento de capitais. Paralelamente, houve o progresso tecnolgico, principalmente no meio de comunicao, o qual influenciou positivamente no aumento da velocidade da circulao do capital. Segundo declarao do Presidente da Rhodia S/A Andr de Botton: A economia moderna no tem mais fronteiras. A partir de agora ela s tem horizontes. No presente estudo tratar-se- da evoluo recente do Sistema Monetrio Internacional, partindo do Padro-ouro, procurando traar qual a influncia das relaes entre as moedas na nova economia mundializada culminando com o novo fenmeno: Globalizao. 2 PADRO-OURO: O Sistema padro-ouro (gold standard) foi um sistema monetrio internacional institudo por volta do final do Sculo XIX, no qual o valor das moedas nacionais eram determinados por uma quantidade fixa em ouro, em termos internacionais. O ouro atuava como moeda de reserva das moedas correntes. O montante de moedas autorizadas para o governo, dependia da quantidade de ouro existente no Banco Central de cada pas, os quais no podiam emitir moedas que quisessem, reforando a confiana na moeda-papel. A adoo deste sistema permitia s principais economias do mundo a manuteno do equilbrio econmico em razo de ser um regime de cmbio fixo, ou seja, duas moedas expressas em valor relativo ao ouro, e, portanto, ligadas umas s outras atravs da relao com ouro. Assim, um dficit no balano de pagamento implicaria na sada de ouro (reserva), provocando uma reduo na oferta da moeda e, como conseqncia, uma queda nos preos internos. Sendo o Padro-ouro, um sistema baseado em cmbio fixo, esta queda de preos estimularia as exportaes e o dficit no balano de pagamentos seria compensado no prximo perodo por um supervit. Esse movimento continua at o ponto em que (...) a quantidade ofertada de moeda apenas suficiente para manter a economia operando a um nvel de preos que permite recuperar o equilbrio nas transaes com o exterior 2. Para que os pases participassem do sistema Padro-ouro, eram necessrios requisitos tais quais: i) Conversibilidade das moedas nacionais em ouro; ii) Liberdade para o movimento internacional de ouro (entrada e sada de cada pas);1 Professora do Departamento de Economia na Universidade de Joinville UNIVILLE Joinville (SC) e do Departamento de Cincias Bsicas e Sociais da Universidade de Santa Catarina UDESC e Universidade de Joinville UNIVILLE Joinville (SC). Mestre em Economia Industrial (UFSC). [email protected] 2 Segundo GONALVES, R. et al., A Nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 276.

iii) Um conjunto de regras que relacionasse a quantidade de moeda em circulao em um determinado pas ao estoque de ouro de que esse pas dispusesse. O quadro abaixo demonstra as datas em que os pases, atendendo os requisitos acima, foram aderindo ao Padro-ouro:DATA PASES 1816 Gr Bretanha 1846/47 Brasil 1871 Alemanha 1873 Sucia, Noruega e Dinamarca 1874 Frana, Blgica, Sua, Itlia e Grcia 1875 Holanda 1876 Uruguai 1879 EUA 1892 ustria 1895 Chile 1897 Japo 1898 Rssia 1901 Republica Dominicana 1904 Panam 1905 Mxico Tabela 1 Sistema Monetrio Padro-ouro por pases em ano de adoo Fonte: FERRAZ, A. Teoria Monetria Internacional : Caractersticas e Evoluo do Sistema Monetrio Internacional. Braga Codex, Portugal, 1998 Dissertao (Mestrado).p. 19

Durante o perodo de vigncia do Padro-ouro, as pessoas tinham confiana neste sistema porque acreditavam que o preo do ouro manter-se-ia e, portanto, a taxa de cmbio no se alteraria. Essa confiana permitiu que os preos e os salrios tivessem movimentos harmoniosos, sem divergncia na competio internacional. Em 1918, por inferncia da primeira Guerra Mundial, muitos pases sofreram profundas modificaes ocorridas durante o conflito no mbito poltico - surgimento de novos pases - fsico destruio de parques produtivos, sobretudo em pases europeus importantes e financeiro endividamento pblico para a reconstruo das economias e pagamento de reparaes de guerra3. Durante a guerra, as taxas de cmbio mantiveram-se relativamente sem alteraes, uma vez que o comrcio e as ligaes financeiras entre os pases estavam cortados. Com o fim da guerra, havia a expectativa que a taxa de cmbio retornaria ao nvel de antes do conflito, o que acabou no acontecendo. Como os principais pases enfrentavam problemas, houve uma necessidade por parte desses, em recorrerem a financiamentos, sendo que, com isto, secundarizaram o desejo de estabilidade monetria e as preocupaes com o Padro-ouro, implicando em elevao do ndice inflacionrio devido ao aumento das despesas do governo. Paralelamente, foram adotadas polticas de desvalorizao e atitudes protecionistas, com pouca preocupao com a estabilidade monetria internacional e ao comrcio internacional. Reiterando, as condies para o sistema Padro-ouro eram: liberdade para comprar e vender ouro a um preo fixo e seu livre comrcio. Como conseqncia do conflito mundial, os pases envolvidos cessaram a convertibilidade e o comrcio do ouro, preocupando-se em adquiri-lo o tanto fosse possvel para financiar o dficit pblico. Existiam divergncias nas diferentes moedas e, a maior parte delas, flutuava, sendo que, a inflao no parou com fim da guerra. Esse cenrio fez com que a idia da retomada do Padro-ouro fosse vista como necessria.3

Segundo GONALVES, R. et al., A Nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 278

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Em 1922, decide ento o Comit Financeiro da Conferncia de Genebra a adoo mundial do Padro-ouro, na tentativa que se voltasse s mesmas condies de antes da guerra. Este perodo foi marcado pela volta de mais ou menos 50 pases a esse sistema. Apesar desta volta ao Padro-ouro, vrios foram os motivos para fazer com que os pases desistissem mais uma vez deste sistema. Alm de, em 1929, ter se dado o crash bolsista e o incio da grande depresso nos EUA (1930-33), existia um outro ponto falho no Padro-ouro, o qual consistia que o mesmo no permitia o crescimento do comrcio internacional. O investimento na bolsa de Wall Street diminuiu e a economia americana entrava em recesso, sendo que, em 1933 os EUA abandonam o Padro-ouro. Este ano marca tambm o incio de um perodo com muitas desvalorizaes. Com o ambiente recessivo, os pases que desejavam e necessitavam continuar com o comrcio internacional, tiveram que se adaptar s novas mudanas, ou seja, praticamente todas as moedas (exceto o dlar) j no eram mais convertveis em ouro, passando-se a atuar com o sistema de clearings. Como resultado desse novo sistema de pagamento (o qual era muito rgido, levando a uma forte contrao do comrcio internacional), ou voltava-se convertibilidade ouro moeda ou estabeleciase qualquer outro tipo de disciplina monetria internacional. Com o intuito de se chegar a alguma concluso, sabia-se que a primeira opo no apresentava viabilidade a longo prazo. Na consecuo da segunda opo, existiram diversas tentativas, at que, em julho de 1944, chegou-se em BRETTON WOODS onde foram definidas algumas regras que facilitassem o comrcio internacional. Estava sendo criado, assim, o sistema de BRETTON WOODS. 3 BRETTON WOODS: Em 1944, com o propsito de regularizar o sistema monetrio internacional, foram acordadas medidas para estabelecer princpios gerais de trocas monetrias internacionais, a saber: i) Fixao das taxas de cmbio: assegurando a estabilidade na relao das moedas entre si e promovendo o crescimento das trocas comercias internacionais; ii) Desmonetarizao parcial do ouro: separando o crescimento econmico e a formao dos preos a nvel mundial da produo do ouro, e flexibilizando a poltica monetria no que diz respeito emisso de meios de pagamentos; iii) Possibilidade de desvalorizao das moedas: permitindo o ajustamento monetrio caso haja um desequilbrio fundamental; iv) Reconhecimento de interdependncia das taxas de cmbio: devendo o conjunto de polticas econmicas serem devidamente coordenadas. Para promover liquidez e financiar o desenvolvimento econmico dos pases, foram criadas instituies reguladoras, tais quais: Fundo Monetrio Internacional (FMI) e Banco Mundial. O FMI era, na sua origem, o garante da ordem monetria. Tinha papel de fiscalizador do sistema de paridades e distribuidor de crditos aos pases deficitrios. Contudo, a sua funo inicialmente monetria evoluiu, em meados dos anos 70, em benefcio de uma atividade mais financeira ligada ao contexto da crise. O Banco Mundial, por sua vez, foi institudo com finalidade de prover crdito, em condies preferenciais, a pases que dificilmente teriam acesso a essas condies, por meio dos mecanismos de mercado. Em BRETTON WOODS, os pases participantes do acordo, aprovaram o plano White, o qual propunha: i) Impor equilbrio financeiro ao nvel de cada economia; ii) Impor disciplina no plano de estabilizao financeira internacional aos pases deficitrios;

iii) Impor o dlar como moeda internacional; iv) Criar um fundo onde se preserve o papel do Ouro, o qual coordenaria a poltica monetria e cambial. Para alcanar os objetivos propostos em BRETTON WOODS, existiam princpios a serem observados, como a convertibilidade e a paridade das moedas, e o equilbrio do balano de pagamentos. Quanto convertibilidade e a paridade das moedas, fazia-se necessrio que os pases informassem ao FMI uma paridade oficial definida em ouro ou em dlares. Desde ento, conveniente demonstrar a diferena entre paridade oficial e taxas de cmbio praticadas pelo mercado. A taxa de cmbio nada mais do que a cotao da moeda que resulta pela sua oferta ou procura, podendo esta, ser diferente da paridade oficial. Esta, segundo as normas do FMI, deveria ser mantida entre a cotao mnima e mxima definidas pelas margens de flutuao, a qual ficou estabelecida em 1%. A fora de BRETTON WOODS impunha a cada pas a obrigao de assegurar as paridades fixas, sujeitando-se a intervenes do FMI. Conjuntamente foi introduzida no centro de sistema monetrio internacional, atravs de uma deciso unilateral dos EUA, uma convertibilidade dupla: os restantes pases comprometer-se-iam a fornecer dlares em troca da sua prpria moeda, e os EUA fornecerem ouro em troca de dlares. Os ajustamentos realizaram-se, assim, por um lado no mercado de cmbio e por outro no mercado do ouro. Quanto ao balano de pagamentos, seu equilbrio fazia-se necessrio para que, a paridade controlada imposta pelo FMI, vigorasse. Porm, quando os EUA introduziram a dupla convertibilidade, o que se viu foi uma procura generalizada pelo dlar. O mundo, e particularmente a Europa, procuravam o dlar como reserva de cmbio, e isso, devido s: i) Reservas de ouro mundial eram detidas pelos EUA (cerca de dois teros); ii) Ativos monetrios estrangeiros detidos por no-residentes ingleses, em libras esterlinas, foram congelados e inconvertveis; iii) Reservas, em divisas, dos principais pases europeus estavam completamente desfalcados, face as necessidade de reconstruo; iv) Intensa procura estrangeira de produtos americanos, dado que os EUA no sofreram danos em suas indstrias, bem como se beneficiaram de um importante avano tecnolgico. Resumindo, o sistema de cmbio de BRETTON WOODS poderia ser representado da seguinte forma:OURO DLAR OUTRAS MOEDAS

O fim do sistema de BRETTON WOODS teve como causas principais as que seguem: i) Enfraquecimento da economia norte-americana, esboado no fim dos anos 50 e mostrando-se decisivas nos anos 60, uma vez que o balano de pagamento dos EUA encontrava-se altamente degradada, contribuindo para o incentivo a emisso de dlares que, por sua vez, tinha o objetivo de financiar as despesas militares (Vietn), investimentos, transferncias e emprstimos ao estrangeiro; ii) Expanso do comrcio internacional foi outro fator determinante para fragilizao do sistema em questo. O mercado de Euro-dlares se encontrava mais atrativo para os capitais especulativos do que o mercado norte-americano, ampliando a criao de dlares vindo a influenciar na formao do cmbio; iii) Crise econmica que se instala a partir de 1965, nos pases industrializados. A inflao cumulativa desigual nos pases desenvolvidos, destri a hierarquia das taxas cambias, criando oportunidade de ganhos e perdas de capital, desenvolvendo-se, assim, a especulao.

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Entre as dcadas de 60 e 70, o problema da liquidez internacional conduziu crise de confiana do dlar, originando, por um lado, sua ruptura com o ouro e, por outro, o abandono das relaes fixas entre as vrias moedas. Como uma forma de reverter esta situao em que se encontravam os EUA, o presidente Nixon, em agosto de 1971, anuncia duas importantes providncias: a suspenso da convertibilidade do dlar em ouro e a sobretaxa de 10% sobre as importaes americanas. Como umas das tentativas de salvar o sistema de BRETTON WOODS, neste mesmo ano, em dezembro, firmado um acordo na sede do Smithsonian Institute Washington, o qual determinava: i) Desvalorizao do dlar em aproximadamente 8%; ii) Realinhamento das taxas de cmbios: aps alguns meses de flutuao, decide-se fixar uma nova paridade, sempre numa tica de cmbio fixo; iii) Ampliao da margem de variao da taxa de cmbio de 1% para 2,25%; iv) Suspenso da sobretaxa americana para as importaes. Observaram-se, nos anos de 1971 a 1973, um enfraquecimento do sistema monetrio internacional devido s sucessivas crises cambiais, vindo no final desse perodo, a culminar na derrocada do sistema de BRETTON WOODS. Alm disso, em razo do choque do petrleo em 1973 e da poltica recessiva dos EUA em 1974, o sistema monetrio internacional se desestabiliza, ao ponto de levar a maioria dos pases capitalistas a apoiarem a interveno (por parte do FMI) no controle pblico do sistema financeiro internacional, com exceo dos EUA e da Inglaterra. Em 1979, em uma reunio do FMI, o presidente do Banco Central norte-americano (FED Federal Reserve System) declarou que: o FMI poderia propor o que se desejasse, mas os EUA no permitiriam que o dlar continuasse desvalorizado tal como vinha ocorrendo desde 1971 e, em particular, depois de 1973 4 Assim, o FED elevou a taxa de juros interna e anunciou que o dlar continuaria como padro de moeda internacional, bem como a hegemonia da moeda dos EUA iria ser restaurada. 4 HEGEMONIA DO DLAR:Como forma de reverter situao na qual se encontravam os EUA, ou seja, com uma economia deteriorada em funo do seu balano de pagamentos apresentar-se deficitrio e pela expanso do comrcio internacional em funo do mercado de Euro-dlares, as medidas tomadas pelo FED, em 1979, (aumento dos juros, poltica monetria restritiva e de proteo ao sistema financeiro domstico) tinham como objetivo principal, impor ao sistema monetrio internacional, a supremacia do dlar. PERODO ANUALIZADO 1960-69 4,0% 1973-79 6,9% 1980-82 12,1% Tabela 2 Taxa de Juros Nominais de Curto Prazo dos EUA FONTE: GONALVES, R. et al., A Nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1998 p. 301

Por outro lado, esta atitude provocou uma recesso tanto na economia mundial, quanto na economia dos EUA, a qual foi sentida pelos prprios bancos e empresas norte-americanos, e principalmente pelos pases devedores. A exemplo disto, o Brasil teve sua dvida externa aumentada de

US$ 9,5 bilhes em 1972, para US$ 50 bilhes, em 1979 5. Conseqentemente, os demais pases capitalistas foram obrigados a adotar ajustes recessivos, adaptando-se s polticas norte-americanas. Intencionando financiar a corrida armamentista e a poltica financeira, os EUA acabaram por apresentar uma dvida interna a qual, num segundo momento, converteu-se em dvida externa atravs da emisso de ttulos pblicos e absorveu o capital estrangeiro, em conseqncia da atrativa taxa de juros. Dessa forma, a dvida norte-americana tornou-se um instrumento de captao forada de liquidez internacional, obrigando os demais pases submisso ao dlar. Ainda que os japoneses e outros pases como a Frana, a ustria e at mesmo o Brasil tentassem, a sua maneira, manter uma poltica monetria autnoma, no foram bem sucedidos. O resultado deste movimento que o espectro das taxas de crescimento, das taxas de cmbio e de juros, passou a ser concntrico ao desempenho destas variveis no mbito da economia americana 6. Vale a pena salientar que, esta estratgia norte-americana de retomada da hegemonia do dlar, foi baseada em crdito de curto prazo, endividamento externo e dficit fiscal, em substituio ao endividamento de longo prazo (debntures). A partir deste perodo, a taxa de cmbio do dlar tinha se tornado simplesmente to alta, que estava prejudicando as exportaes e tornando os EUA dependente de capital estrangeiro, para sustentar sua baixa poupana interna, o que se constituiu em um problema insustentvel. Alm disto, os pases que possuam dvidas externas financiadas pelo FMI, no conseguiam honrar seus compromissos. Desta forma, em 1985, foi firmado o Acordo de Plaza, o qual deliberava uma nova coordenao de polticas macroeconmicas. Neste acordo, foi determinada a aquisio de marcos e ienes para provocar a desvalorizao do dlar e, com isto, criaram-se novos instrumentos financeiros e generalizaram-se as operaes de securitizao. Juntamente a estas medidas, houve a desregulao dos principais mercados de capitais. Detentores de dvida pblica americana, os bancos japoneses, sofreram perdas em funo da desvalorizao do dlar. Subseqentemente, em 1989, os EUA promoveram a queda da taxa de juros e, com isto, verificou-se um crescimento dos mercados emergentes (sia e Amrica Latina). A desregulamentao cambial permitiu ao capital financeiro a possibilidade de migrar, em forma de investimento direto, a estes novos mercados de expanso, financiando a transnacionalizao de empresas e bancos. O dlar, alm de ser moeda nacional, cumpria a funo exigida para ser moeda internacional, tais quais: i) Provia liquidez em qualquer mercado; ii) Garantia segurana nas operaes de risco; iii) Servia como acumulao de riqueza financeira virtual. Imediatamente aps a queda do Sistema de BRETTON WOODS, os esforos dos EUA foram todos direcionados para a diplomacia do dlar, bem como uma transnacionalizao da economia norteamericana, as quais esto estreitamente ligadas globalizao financeira e comercial. No h dvidas que os objetivos traados pelos EUA foram atingidos, principalmente quando se observa o fato de ter ocorrido um forte aumento das transaes internacionais. preciso observar que, tais objetivos provocaram um novo fenmeno na economia, denominado por alguns de globalizao.5

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Segundo TAVARES, M.C. & FIORI,J.L. Poder e Dinheiro: uma economia poltica na globalizao. Petrpolis RJ: Vozes, 1997, p. 33

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Segundo GONALVES, R. et al., A Nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 321 e 322. Segundo TAVARES, M.C. & FIORI,J.L. Poder e Dinheiro: uma economia poltica na globalizao. Petrpolis RJ: Vozes, 1997, p.35.

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5 ECONOMIA GLOBALIZADA: Desde o Padro-ouro, at os dias atuais, constataram-se trs grandes fases de desenvolvimento do comrcio internacional, sendo a primeira fase durante a vigncia do Padro-ouro, a segunda logo aps a II Guerra Mundial (BRETTON WOODS), e a terceira, tendo como ponto inicial os ajustamentos ao choque do petrleo de 1973, e acompanhado pela retomada da hegemonia da moeda norte-americana. Nesta ltima fase, as economias desenvolvidas adotaram como sada para a crise da acumulao, o desenvolvimento de mercados internacionais de bens, servios e capitais. Mediante este estabelecimento, que tinha como apoio tanto os governos quanto as empresas, deflagrou o mais importante fenmeno da economia mundial: a globalizao. A globalizao propunha e expanso dos movimentos de bens, servios e capitais; o aumento da concorrncia dos mercados internacionais; e uma maior interao nas economias nacionais. Quanto aos movimentos de bens e servios, no h dvida que o livre comrcio est diretamente relacionado ao crescimento econmico. No entanto, apesar de notar-se uma disperso do investimento direto externo da trade formada pelos EUA, Japo e Europa para os pases perifricos, essa diferena no foi significativa. Os investimentos continuaram concentrados nestes trs principais blocos, ficando comprovado uma vez que mais de 50% destes foram destinados a da populao mundial, em 1990. Neste mesmo perodo as empresas multinacionais expandiram-se em direo aos novos pases industrializados, porm, o nvel de produo internacionalizado (isto , a produo das empresas multinacionais fora dos seus pases de origem) apresenta-se em apenas 7% da produo mundial. Constata-se ento, que as empresas so multinacionais, ou seja, detm uma empresa matriz no pas sede da trade e subsidirias fora deles. Essas empresas multinacionais, quando implantam uma filial, procuram uma localizao que lhes traga benefcios econmicos. Em relao expanso do mercado financeiro, uma grande parte do mercado de capital negociado pelas instituies financeiras, as quais negociam a curto prazo, evitando assim, riscos. Contudo, apesar destas instituies financeiras representarem uma fonte de recursos para investimentos em mercados perifricos, o fato de operarem no limite mximo de riscos e permanecerem sob as presses de governabilidade exercidas pela trade, essas operaes no representam um acrscimo de desempenho econmico. A mobilidade do capital permitiu a facilidade de transferncia, criando assim um ambiente concorrencial internacional. Deve-se notar que, a globalizao financeira abriu a possibilidade dos investidores adotarem estratgias de diversificao em suas aplicaes, com base nas diferenas geogrficas. Novos centros importantes de investimentos, fora do eixo da trade, foram desenvolvidos em mercados emergentes. Observa-se que, tanto o fluxo de investimento quanto o crescimento industrial, ainda se encontram concentrados em alguns pases desenvolvidos ou em regies especficas dos pases maiores, coligindo que, essa movimentao de capital de nada influenciou para melhorar a economia produtiva a longo prazo. Finalmente, referente interao das economias nacionais, os fundos de penses foram os principais responsveis pelo aumento dessa interao. Nota-se que, de 1980 a 1993, a participao de ttulos estrangeiros na carteira de fundos dos EUA variou de 0,7% para 10,3%; na carteira da Inglaterra, a participao do ttulos estrangeiros passou de 10,1% para 19,7%; e, na carteira japonesa, o aumento foi de 0,5% para 9,0%, no mesmo perodo.

No mbito produtivo-real, a interao das economias nacionais foi liderada principalmente pala transnacionalizao das empresas da trade em direo aos pases em desenvolvimento. A facilidade de movimentao nas aplicaes financeiras em diversos centros e a nova relao contratual das empresas em escala mundial, foram fatores que permitiram a concretizao deste processo. Segundo Gonalves (1998), A especificidade da globalizao econmica do final do sculo XX consiste na simultaneidade do processo de crescimento extraordinrio dos fluxos internacionais, acirramento da concorrncia no sistema internacional, e integrao crescente entre os sistemas econmicos nacionais. E, () este processo ocorre sem o contra-movimento protecionista, intervencionista e regulador que marcou, por exemplo, o final do sculo XIX. 6 CONSIDERAES FINAIS: A evoluo do Sistema Monetrio Internacional est diretamente ligada ao comrcio internacional, uma vez que existiram necessidades de trocas, e que, a mobilidade do capital permitiu s economias uma maior liberdade e velocidade nesta relao. No cenrio atual, nota-se uma maior interao nas economias nacionais, justificada pelo crescente movimento de capitais dominado pelas idias de liberalizao dos mercados mundiais. No entanto, fundamental que se observe que tanto no comrcio internacional quanto nas economias nacionais, faz-se necessria a criao de mecanismos de proteo a toda uma sociedade, na inteno de ajustar abertura comercial a uma governabilidade dos mercados nacionais e internacionais, objetivando combinar-se crescimento com justia dentro e entre naes (Fiori, 1998). 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: BAUMANN, R. et al. O Brasil e a Economia Global. Rio de Janeiro: Campus, 1996. BELLUZO, L.G.M., O Declnio de Bretton Woods e a Emergncia de Mercados Globalizados. Economia e Sociedade, n.4, Jun., 1995. CHESNAIS, F. A Globalizao e o Curso do Capitalismo de Fim de Sculo. Economia e Sociedade. Campinas, n.5, p. 1-30, dez. 1995. __________. A Mundializao do Capital. So Paulo: Xam, 1996. FERRAZ, A. Teoria Monetria Internacional : Caractersticas e Evoluo do Sistema Monetrio Internacional. Braga Codex, Portugal, 1998 Dissertao (Mestrado). FIORI, J.L. et al., Globalizao: o fato e o mito. Rio de Janeiro: UERJ, 1998. GONALVES, R. et al., A Nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. TAVARES, M.C. & FIORI,J.L. Poder e Dinheiro: uma economia poltica na globalizao. Petrpolis RJ: Vozes, 1997. VOLCKER, P. & GYOHTEN, T. A Nova Ordem Econmica. Porto Alegre RS : Vnia Cinde, 1993.