SISTEMA PRISIONAL: A contribuição do SS no processo de ressocialização das detentas da Penisntenciária Feminina de Teresina -PI

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  • 1. FACULDADE ADELMAR ROSADOCURSO DE SERVIO SOCIALMARIA DA CONCEIO LIMASISTEMA PRISIONAL:A CONTRIBUIO DO SERVIO SOCIAL NO PROCESSO DERESSOCIALIZAO DAS DETENTAS DA PENITENCIRIA FEMININA DETERESINA - PITERESINA-PI20101

2. MARIA DA CONCEIO LIMASISTEMA PRISIONAL:A CONTRIBUIO DO SERVIO SOCIAL NO PROCESSO DERESSOCIALIZAO DAS DETENTAS DA PENITENCIRIA FEMININA DETERESINA - PITrabalho de Concluso de Curso apresentado coordenao do Curso de Servio Social daFaculdade Adelmar Rosado FAR, comorequisito para a obteno do ttulo de Bacharelem Servio Social, sob a orientao daprofessora Larice Moura Campos SoaresBorges.TERESINA - PI20102 3. FOLHA DE APROVAOMARIA DA CONCEIO LIMAA CONTRIBUIO DO SERVIO SOCIAL NO PROCESSO DERESSOCIALIZAO DAS DETENTAS DA PENITENCIRIA FEMININA DETERESINA.Aprovado em: _____ de__________________de 2010Mdia Final_____________BANCA EXAMINADORA__________________________________________________________Prof. Larisse Moura Campos Soares BorgesOrientadora___________________________________________________________Prof. Luzia Maria Barbosa RibeiroProfessor Convidado__________________________________________________________Prof. Keila Rejane Moreira ReisProfessor Convidado3 4. Que vos ameis uns aos outros; assim comoEu vos amei..(Joo13: 14). meu amadopai Valdemar Viana Lima e minha princesa, me Francisca Alves da S. Lima.Recebei por herana o Reino... pois estive presoe viestes me visitar.(Mt 25, 34-36)Convinha, porm, fazermos festa, pois esteTeu irmo estava morto e reviveu, tinha seperdido e foi achado.( Lc 15, 32)AGRADECIMENTOS4 5. Em primeiro lugar meu Pai Celestial e meu Salvador Jesus Cristo por atravs deA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ltimos Dias me concederem oportunidade noquesito espiritual e financeiro de concluir minha graduao em Servio Social.Aos meus queridos e amados pais Valdemar V. Lima e Francisca A. S. Lima, queestiveram sempre ao meu lado me apoiando de todas as maneiras em que necessitei e dasquais choraram e sorriram comigo em todos os meus momentos de desventuras e alegrias.Aos meus amados filhos Jeferson Pedro e Jessie Caroline, pois por eles que luto evivo.Aos meus irmos sanguneos (os amo muito), Francisco, Carmen, Marcos, A. Marcos,Neto, Paula, Helton. Aos meus sobrinhos (as), tios (as), primos (as), minha cunhada e amigaSilvia, meu malandro e divertido cunhado Emanuel e cunhadinho lindo Elder.Aos meus amigos e inimigos (se os tiver). As professoras Larisse Moura, Zizi, Keyla eMary Dalva pelo profisionalismo e orientao.Aos mestres (as) da Faculdade Adelmar Rosado que me ensinaram o verdadeiro ofciodo Servio Social enquanto estudante e futura profissional.Ao corpo tcnico da Penitenciria Feminina de Teresina, em especial a DiretoraGeracina Olmpio, a Assistente Social Rossana Duarte e as detentas que contriburam com ouniverso da pesquisa deste trabalho, da qual oro que seja de grande valia e construtivo nosistema prisional brasileiro e nossa sociedade, podendo trazer aos olhos da sociedade quantoaos olhos dos nossos gestores pblicos uma humanizao referente ao tema.5 6. Google:http://www.google.com.br/images?hl=ptBR&source=imghp&biw=1362&bih=539&q=mulher+chorando&gbv=2&aq=f&aqi=&aql=&oq=&gs_rfai=Estou presa ao preconceitoDe viver por bem parecerQueria cantar bem alto,Saltar, pular e correrCorrer daqui para foraOnde no houvesse hora,Nem agoraBrincar como uma crianaQue desconhece o amanhSaltar macaca, ao eixoNum trambolho partir o queixoChorar bem alto, porque noSem me apontarem o dedoQueria fazer da noite diaDo dia esquecer a dataO ano, nem fazia faltaE o depois para trs ficasseQue este delrio parasseQue a vida girasseAo sabor da fantasiaSem ironiaCorrer abraar o mundoDe mulher lcida virar loucaSaltar de boca em bocaDemncia mais s no existeAli vai a pobre louca.Estou presa ao preconceitoPor viver segundo o conceito.Antnia Ruivo6 7. RESUMOEste estudo busca analisar a contribuio do Servio Social no processo de ressocializao dasdetentas da Penitenciria Feminina de Teresina, bem como seus perfis socioeconmicos.Identificar como a prtica do Servio Social vista pelas detentas e pela equipe tcnica dareferida instituio prisional. A metodologia utilizada para este estudo foi a pesquisabibliogrfica e a de campo. Os dados foram coletados atravs de entrevistas semi-estruturadase por questionrios com os perfis socioeconmicos das detentas. H um breve histrico sobreo surgimento da priso no mundo e no Brasil, bem como as finalidades das penas aplicadas.Traz ainda uma discusso sobre os direitos dos detentos e sobre a situao especfica dasmulheres encarceradas brasileiras. Dentre os resultados analisados at o momento aponta-secomo motivos da triste e cruel realidade do sistema prisional brasileiro masculino e feminino,o descaso e abandono por parte de nossos gestores pblicos que lavam as mos diante de umapoltica antipopular de forma que no existe uma poltica alternativa de combate ao caosexistente, sendo que o processo de ressocializao no Brasil no existe pura utopia. Outrofator que contribui com a falncia do sistema prisional brasileiro a estigma e preconceito dasociedade. Na Penitenciria Feminina de Teresina o Servio Social e o corpo tcnicotrabalham com grandes dificuldades com poucos recursos, contribuindo assim com umaadministrao e funcionamento favorvel e com um pouco de dignidade humana naobservncia de seus direitos com o objetivo de prepar-las para o regresso vida social comuma viso de ressocializar o que necessita de projetos, programas e recursos. necessriauma reforma geral no sistema prisional brasileiro.Palavras - chave: Servio Social. Ressocializao. Penitenciria Feminina.7 8. ABSTRACTThis study search to analyze the contributions of the Social Services in the process of re-socialization for the detainees of the Womens Penitentiary of Terezina and their socialeconomic profile. Identify how the practice of the Social Services is seen by the detainees andby the technical equip of that institution penitentiary. The methodology used for this studywas bibliographic search and a search of the field. The data were collected through semi-structured interviews and a questionnaire with social economic profiles of the detainees.There is a brief history about the sprouting of the prison system in the world and in Brazil andthe purpose of the sentences. It brings as well a discussion about the rights of the detaineesand about the specific situation of the Brazilian women detainees, From the analyzed resultsuntil this moment, the supported reason of the sad reality of the system for male and femaleBrazilian prisoners is the rejection and helplessness from our public administrators that washtheir hands before a unpopular politics so that there is no an alternative politics to fight theexisting problem, and there is no process of resocialization in Brazil, it is just an illusion.Another factor that contributes to the failure of the Brazilian prison system is the stigma andprejudice in society. In the Womens Penitentiary of Teresina the social services and thetechnical body work with huge difficulties with few recourses, contributing with anadministration and functions favorable and with a little dignity in respect of their rights withthe objective of preparing them to return to a social life with a vision of resocializing whatneeds projects, programs and courses. It requires a comprehensive reform in the Brazilianprison system.Password: Social Service. Resocialization. Womens Penitentiary.8 9. LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLASA.C Antes de Cristo......................................................................................................... 16AIDS - (Ingls) Acquired Immune Deficienty Syndrome. 28BR Rodivias Brasileiras do Governo Federal ............................................................... 43CAPS - Centro de Ateno Psicossocial ........................................................................... 27CASA - Centro de Atendimento Scio Educativo ao Adolescente................................... 35CCI - Comisso de Construo e Cidadania .................................................................... 28DEPEN - Departamento Penitencirio Nacional............................................................... 56DST- Doena Sexualmente Transmissvel......................................................................... 54FEBEN - Fundao Estadual para o Bem Estar do Menor................................................ 35IGESP - Intendncia Geral do Sistema Penitencirio ....................................................... 28CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessorias................................................... 39LEP - Lei de Execuo Penal ............................................................................................ 20ONU - Organizao Municipal de Sade........................................................................... 40PT- Partido dos Trabalhadores.......................................................................................... 54RJ - Rio de Janeiro ............................................................................................................ 36RS Rio Grande do Sul ..................................................................................................... 54TV - Televiso.................................................................................................................... 33KM Kilmetro ................................................................................................................ 429 10. LISTA DE TABELASTabela I: QUANTIDADE DE DETENTAS POR FAIXA ETRIA......................................46Tabela II: QUADRO DOS PAVILHES E NMERO DE DENTAS...................................46Tabela III: DELITOS...............................................................................................................48Tabela IV: QUADRO DE DETENTAS POR LOCALIZAO.............................................4810 11. SUMRIOINTRODUO ........................................................................................................12CAPTULO IO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO.................................................................141.1 O surgimento dos presdios e da primeira priso...................................................141.2 A priso no Brasil...................................................................................................191.3- Finalidades das penas...............................................................................................21CAPTULO IIOS DIREITOS DO DETENTO (A) COMO LEI NO SISTEMA PRISIONALBRASILEIRO.................................................................................................................262.1 Direito do detento (a) ...........................................................................................262.2 O caos do sistema prisional brasileiro .................................................................302.3 A situao da mulher detenta ..............................................................................37CAPTULO IIIA PENITENCIRIA FEMININA DE TERESINA.....................................................433.1 Aspectos metodolgicos ......................................................................................443.2 Perfil das detentas ................................................................................................453.3 O Servio Social e a ressocializao da Penitenciria Feminina de Teresina .....50CONSIDERAOES FINAIS .....................................................................................65REFERNCIA ............................................................................................................69APNDICE ..................................................................................................................73ANEXO .........................................................................................................................8211 12. INTRODUOA presente monografia tem como enfoque o Sistema Prisional e tem por objetivoanalisar A Contribuio do Servio Social no Processo de Ressocializao das detentas daPenitenciria Feminina de Teresina. Considerando as necessidades das detentas, o modeloterico metodolgico aplicado na instituio penitenciria e como o Servio Social vistopelas mesmas e pelo corpo tcnico da referida instituio prisional.A Penitenciria Feminina de Teresina oferece as detentas projetos e atividades queas ajudam a no terem uma vida to esttica e que contribua para retornarem sociedade.Oferece, ainda, projetos educacionais, atividades artesanais e culturais.Tendo em vista a importncia de trazer um resgate histrico do sistema prisional nomundo, quando e como foi introduzido no Brasil desde a colonizao at os nossos dias, osurgimento dos presdios, leis aplicadas, condies desumanas em que viviam e ainda vivemos detentos na atualidade, at chegar ao sistema prisional feminino. Observou-se maiorsofrimento e descaso por parte dos gestores pblicos que oferecem estruturas e condies bemdesfalcadas da realidade e necessidades femininas, o que tem como resultado grandesdificuldades de sobrevivncia no sistema prisional feminino.Existe uma luta para mudar a triste realidade do sistema prisional feminino, poucoatende ou de maneira alguma observa as necessidades femininas. O abandono por parte poderpblico no de conhecimento popular, no existem informaes, podendo ser afirmativouma parcela de culpa no preconceito existente na sociedade que bloqueia oportunidades aoegresso (a), o que dificulta sua insero social e oportuna reincidncia.Observou-se a importncia da contribuio do trabalho cientfico, objetivando oesclarecimento e o enriquecimento de informaes tanto como estudante ou como futuroprofissional, para a sociedade, assim como para nossos gestores pblicos.O interesse pelo tema partiu de experincias profissionais observadas e pelaexperincia particular e pessoal. Conhecendo a realidade subumana do sistema prisionalpermitiu-se construir um trabalho identificando a problemtica existente, permitindo assimdirecionar o trabalho para o sistema penitencirio feminino por ser muito complexo edesumano associado crueldade e por existir uma enorme causa ser defendida. Permitiu-seainda identificar o esforo e grandes desafios que o corpo tcnico enfrenta para garantir osdireitos dos detentos brasileiros e detentas brasileiros.12 13. Para coleta de dados, s tcnicas utilizadas foram entrevistas semi-estruturadas com05 (cinco) detentas da Penitenciria Feminina de Teresina, 01 (uma) Diretora, 01 (uma)Assistente Social, 01 (um) Mdico e 01 (uma) Psicloga. uma pesquisa de cunho qualitativa que foram utilizadas para coleta de dadosleitura bibliogrfica, documental, entrevista com gravador e questionrio com perfilsocioeconmico das detentas.A partir dessa pesquisa ser possvel compreender a realidade imposta e vivida nossistemas prisionais brasileiros e que a Penitenciria Feminina de Teresina, assim como todo osistema prisional no tem prioridades nem regalias. Pelo contrrio acompanhada pelodescaso dos gestores pblicos e preconceito por parte da sociedade, cujo Servio Social e todoo corpo tcnico tm um grande esforo unido s dificuldades por falta de recursos paraatuarem, realidade em todo o sistema prisional brasileiro.Esta monografia est estruturada em trs partes: a primeira traz relatos e conceitosimportantes para a compreenso da temtica e as mudanas tericas e legais que acompanhamo sistema prisional brasileiro.Em um segundo momento sero apresentados os direitos do detento (a) como lei nosistema prisional brasileiro. E por ltimo, ser abordada a anlise dos dados obtidos at omomento acerca de como o processo de ressocializao das detentas realizado pelo ServioSocial, para que se tenha compreenso e conhecimento da Contribuio do Servio Social noProcesso de Ressocializao das detentas da Penitenciria Feminina de Teresina. Ainda tem aanlise do perfil socioeconmico das detentas.Por fim, ser evidenciado como a prtica do Servio Social vista pelas detentas epela equipe tcnica da Penitenciria Feminina de Teresina.13 14. CAPTULO IO SISTEMA PRISIONAL BRASILERIOO crime no somente uma abstrata noo jurdica,mas um fato do mundo sensvel, e o criminoso no um modelo de fbrica, mas um trecho flagranteda humanidade. (Nelson Hungria.Trazendo a histria das prises no mundo e no Brasil, observa-se que os direitosdos detentos se arrastam lentamente rumo a sua execuo integral o que acarreta em umsistema prisional que no concede dignidade alguma para os detentos e que viola seus direitoscotidianamente. Homens e mulheres vivem realidades brbaras e cruis dentro dos presdiosbrasileiros, as mulheres tm um sofrimento ainda mais com o regime penitencirio, mesmosendo em minoria do que os homens o sistema penitencirio feminino no oferece estrutura emuito menos condies s necessidades das mulheres nem mesmo as bsicas, ainda que asleis garantam seus direitos. Os agravantes so o descaso e abandono por parte do Estado queno investe em recursos que favorea condies dignas populao carcerria. Existe opreconceito da sociedade que os estigmatizam e no oportuna um recomeo de vida social eparticipativa dificultando assim a ressocializao, cultura arcaica e desinformada da sociedadesobre o sistema prisional brasileiro contribuindo assim junto ao Estado com a reincidncia.Contudo, o sistema penitencirio vem sofrendo historicamente o descaso em todosos aspectos, tanto no que refere s condies que so precrias e completamentedesfavorveis a dignidade humana, quanto na aplicao das penas pertencentes um leque deleis caducas, retrgradas. Embora tenha tido um grande avano na histria das penas ainda preciso melhorar muito com finalidades e objetivos reais de ressocializar e que o efetive deverdade.1.1 O SURGIMENTO DOS PRESDIOS E DA PRIMEIRA PRISOA histria do sistema prisional acarretou em cruis e desumanas penas ou puniesao longo dos tempos, desde quando o corpo do transgressor era punido com espancamentos e14 15. mutilaes, e at mesmo a morte. No significa que atualmente a crueldade tenha cessado,pelo contrrio, encontrou uma roupagem moderna de manter-se.O descaso, a crueldade um detento vem de muitos tempos atravs de umasociedade e um governo que o marginalizava, com o olhar de que um infrator da ordem legal uma escria e que deve ser tratado como tal, uma realidade que perdura ao longo dostempos o que necessita de uma reforma no sistema prisional brasileiro. Tal descaso ecrueldade tambm foram aplicados pela igreja ainda na Antiguidade.Cipriane (2005, p. 20) diz que a pena possivelmente remota ao incio dahumanidade ou at mesmo to antiga quanto ela. Afirma ainda que a pena tenha origemreligiosa ou sagrada.As evidncias da origem religiosa da pena se encontram na bblia, quando Deusprobe a Eva e a Ado que no comam do fruto da rvore do conhecimento do bem e do mal(GNESES 2:17). Por ter desobedecido, Eva recebe uma punio que afeta Ado e toda suaposteridade. Primeiramente Ado e Eva foram expulsos do paraso e o Senhor (Deus)amaldioou a terra, em seguida puniu Eva com as dores do parto e a Ado que tirasse seussustentos atravs de seu trabalho cultivando a terra.E a mulher disse: multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceio; com dordars luz filhos. A Ado disse: porquanto deste ouvidos voz de tua mulher, ecomeste da rvore de que ordenei dizendo: no comers dela, maldita a terra porcausa de ti; com dor comers dela todos os dias de tua vida. Espinhos, e cardostambm te produzir; e comers a erva do campo. No suor do teu rosto comers doteu po at que te tornes terra; porque dela foste tomado; porquanto s p e em pte tornars ( GNESES 3:16-17).Ainda na Bblia encontram-se vrias evidencias da origem da pena com um carterreligioso e sagrado, devido desobedincia dos povos ou de um indivduo aos mandamentossagrados ou que perturbasse a ordem religiosa e crist, como por exemplo, o dilvioprovocado por Deus em resposta violncia que ocorria na terra, choveu 40 dias e 40 noites, aterra ficou coberta por gua, somente, No, sua famlia e os casais de animais sobreviveram,os povos no acreditaram nas palavras de Ne em advertncia para que se arrependessem dassuas iniqidades e sobre o dilvio (GNESES: 6-7). At mesmo Jesus Cristo foi preso esofreu as infmias de acordo com as penas da poca, foi cuspido, humilhado, torturado, ecrucificado (MATEUS 26-27). De forma que j existia a pena de morte ainda na antiguidade.15 16. Gonzaga (1994), afirma que a priso teve origem na igreja. Os pecadores eramrecolhidos pelos lideres religiosos com um propsito de expiao pela falta ou pecadocometido.A priso, no s como medida processual, mas tambm como pena aplicvel aclrigos e a leigos, foi muito adotada, visando esta ltima a propiciar a reflexoexpiatria e salvadora. At o sculo XIII, cumpria-se em mosteiros ou conventos(GONZAGA, 1994, p. 86).Os lderes religiosos aprisionavam os monges e todos que iam contra a doutrinareligiosa, em mosteiros ou lugares que proporcionasse um arrependimento atravs de orao ejejum, eram mantidos longe da sociedade por serem considerados hereges e indignos deviverem em sociedade.Cipriane (2005, p.86), ainda fala que existiam castigos ou penas ligados a relaototmica, eram sanes sobrenaturais aplicadas em coletivo todos tinham direito de vingar-sede todos. Eram baseados nos ancestrais do cl, smbolos, ave, peixe, planta, cu e outroselementos naturais, uma lei de natureza religiosa.Tudo que constitua a natureza tem carter divino e sagrado, tudo que visto etocvel que possui vida e todos que morreram viraram algum elemento vivo, de forma quequalquer um que fosse contra a natureza divina ou a violasse cometia pecado e seria punidode maneira que a populao participava da punio, atravs de mortes em pblico ou pelo tipode pena que o pblico decidisse (apedrejados, enforcados e outros).Os problemas existentes na atualidade do sistema prisional surgiram ainda naantiguidade com o objetivo da prtica de encarcerar como uma correo religiosa. Ao longodos tempos surgiram outras finalidades perversas e desumanas.Mello (2003, p. 84) d indcios de que os cativeiros existiam desde o sculo XIX(1275 A.C), o fara mantia seus escravos em custdia para que no fugissem. O autor afirmaque a maioria dos escravos pertencia ao Estado (Fara). Por outro lado, os egpcios quecometecem crimes graves, em particular contra o Estado como, por exemplo, dvidas, nopagarem os impostos e ser estrangeiros eram punidos com trabalhos desumanos na construode templos, pirmides, muitos morriam pelo cansao e espancamentos.Na antiguidade existia o aprisionamento, mas no sano penal, porque no existianenhum cdigo de regulamento social. Por no existir uma medida punitiva por lei de forma16 17. que se baseavam por cdigos, a punio para o transgressor era executada primeiramente comseu encarceramento para esperar seu julgamento em lugares propcios espera de suaspunies como, por exemplo, torres velhas, calabouos, conventos abandonados, o quesignifica que os presdios ou cadeias ainda no existiam. Cipriane (2005, p. 28) confirma,como a priso da liberdade no era a pena prpria, no havia interesse em construesplanejadas e arquitetadas para a custdia.Na antiguidade vigoravam a de Lei de Talio e Hamurabe. Ambos os cdigos deacordo com (SILVA, 2007, p. 27), baseavam-se no olho por olho, dente por dente,significou um comeo da ateno ao princpio da proporcionalidade entre pena e o delitopraticado, uma vez que a retribuio deveria ser proporcional ao mal causado, se paga o malcom o mal.Eram penas degradantes, bbaras e extremamente cruis, o corpo do transgressorpagava horrveis e atrocidantes castigos. Tanto na antiguidade, Idade Mdia e na IdadeModerna no se conhecia a pena como privao de liberdade. As penas e punies eramaplicadas atravs de mutilaes dos membros do corpo, antes ainda de sofrer maus tratoscorporais e mesmo a morte. Quanto mais srio o crime, mais cruel a pena ou punio.Cipriane (2005, p. 23), afirma que na Baixa Idade Mdia com o surgimento doEstado liberal ou absolutista, a pena tinha como objetivo retribuir o mal ou pecado feito. Aexpiao do mal realizado foi substituda pela retribuio, a razo divina, pela razo doEstado, a lei divina, pela lei dos homens.O Estado tem todo poder para agir e intervir para por a ordem estatal, procurandoamedrontar todos atravs das penas infames para que no cometecem crimes iguais ou piores,do contrrio, receberiam as mesmas punies sem d nem piedade. O objetivo das punies epenas mudou, mas as penas aplicadas no continuam de carter desumano e cruel, continuamalicerados em pena de morte e punies corporais.Na idade Moderna, Cipriane (2005, p. 30) explica que com o crescimento dapobreza a criminalidade tambm crescia, a populao eram vtimas da escassez de recursospara a sobrevivncia, eram sujeitos a pedirem esmolas, roubarem e at matarem. De formaque cresce a violncia e a pena de morte deixa de ter algum propsito.Com o aumento da criminalidade aboliu-se o princpio de que o corpo do devedorpagasse por suas dvidas, passe-se a prend-lo com o intuito de corrigi-lo atravs de prisesorganizadas, deu-se o incio da pena privativa de liberdade com o intuito de corrigir, otransgressor atravs de trabalho e disciplina, surgimento das prises.17 18. Misciasci (2009) argumenta ainda, que na antiguidade, a primeira instituiopenal, foi o Hospcio de San Michel, em Roma, Itlia, a qual era destinada primeiramente aencarcerar meninos incorrigveis era denominada Casa de Correo.Mais ou menos em 1595 (Sculo XVI), Pedro (2000) afirma na Holanda foiconstruda a primeira penitenciria masculina a Raspuhuis de Amisterd, e dois anos depoisem 1597, foi construda segunda penitenciria, esta feminina, amabas em Amisterd, surgemprises para recolher os criminosos para o cumprimento da pena privativa de liberdade.Muito antes de surgirem as prises, os crceres escondiam crueldades aplicadascomo castigos. Vale ressaltar que a recluso de um indivduo faltoso com as leis ou regrasimpostas por uma sociedade ou instituio, tinha um carter de excluso social, o Estado,lderes ou governantes teriam que d uma resposta e proteo para a sociedade diante de umcrime ou falta cometida por um indivduo, os crceres eram propcios para castigar e exclu-los do meio da sociedade. Ainda com o surgimento das prises a desumanidade e a crueldadeno foram extintas, pelo contrrio, historicamente o descaso o abandono, a ausncia dedignidade do detento vem sendo modificando, tendo uma roupagem nova com o propsito demanter-se.As condies e as penas aplicadas sempre trouxeram um carter subumano,mesmo com o surgimento das prises a vida humana no tinha valor algum por se tratarem dedelinqentes ou criminosos que deveriam sofrer fisicamente ou at mesmo que suas vidas lhesfossem tiradas como pagamento pelo crime que cometeu. O Estado d respostas sociedadecometendo outros crimes para satisfaz-la.No desenrolar da histria da pena ou punies no mundo, houve um pequenoavano em suas aplicaes deixando de afligir o corpo do transgressor com atrocidades, com amorte, passando a recuper-los atravs do surgimento tmido da pena privativa de liberdade,tmido porque no existia a sano penal, uma lei que promulgasse a reeducao com oobjetivo de reinseri-los ao convvio da sociedade. Com o aumento dos crimes e delinqnciasno era propicio uma carnificina, prender tornasse a melhor soluo, exclu-los do meiosocial, abandona-los e castiga-los dever do Estado. Continuaram as infames corporais deforma que o trabalho faz parte da punio tem um propsito escravista e de extrair a preguia,a ociosidade enquanto presos, ainda o na atualidade.No Brasil veremos o surgimento e evoluo do sistema prisional desde operodo colonial atualidade.18 19. 1.2 A PRISO NO BRASILQue as penas sejam moderadas e proporcionais aos delitos, que ade morte s seja imputada aos assassinos...Michel Foucault.O surgimento da priso no Brasil traz um sistema judicirio de carter estrangeiro,precisamente portugus com realidade cruel e desumana, a pena era baseada em cdigos e leistrazidas pelos portugueses que prendiam os transgressores e cruelmente aplicavam-nas.No perodo colonial vigoravam as Ordenaes Afonsinas, Manuelinas eFilipinas. Assim, eram os cdigos de leis promulgados e publicados por determinao de D.Afonso V (1946), D. Manuel I (1521) e Filipe I (1605). As Ordenaes traziam as tradiesjurdicas aplicadas em Portugal, das quais eram de carter desumano, cruel e violava adignidade humana na qual as penas corporais e a morte eram mantidas como penas epunies, que de acordo com (MAGALHES, 2001, p. 107) era o espetculo do suplcio.O sistema penal era de tradio escravista, tinha por base a pena corporal, ainterveno fsica impondo a dor, mutilao ou morte do sentenciado. A pena de morte eraaplicada para a maior parte dos delitosA Carta Magna (15 de junho de 1215 que limitou o poder dos monarcas daInglaterra) ou Carta Rgia (1824) foi o primeiro documento a determinar que "ningum sersubmetido tortura ou a tratamento desumano ou degradante" (art. 5, III). (GRECO, 2005, p.575).Mesmo que ainda vago a Carta Magna d inicio a uma medida de recuperao doindivduo, passando a abolir as penas corporais seguidas de morte (as torturas, aoites,crueldade e morte). Inicia algumas garantias penais. O autor ainda cita que as garantias penaisseriam comunicar imediatamente a famlia e ao juiz de sua priso, o local onde foi detido, osseus direitos, entre eles o de permanecer calado, o direito um bom advogado, saber por queest preso e quem o responsvel pelo mesmo (a vtima).Silva (2007, p. 42) fala do surgimento do Cdigo Penal brasileiro de 1940. OCdigo individualizou a pena analisando a culpabilidade do agente, seus antecedentes, suaconduta social, sua personalidade, os motivos, as circunstncias e as conseqncias do crime,bem como o comportamento da vtima, para estabelecer o quantum de uma pena necessriosuficiente para a separao e preveno do crime. Determinou que as cadeias tivessem os19 20. rus separados por tipo de crime e penas e que se adaptassem as cadeias para que os detentospudessem trabalhar.Deu-se incio a individualizao da pena, no significa somente olhar e aplicar apena inicia-se uma investigao tanto do culpado, quanto da vtima para que possam sertomadas decises corretas para corrigir o delito de acordo com a gravidade a pena seriaaplicada para prevenir futuros delitos. A separao por crime atualmente no existe no Brasildevido superlotao dos presdios, o que ainda um direito do detento. preciso repensarsolues que resolvam as problemticas da atualidade. O trabalho ajuda muito para que osdetentos no tenham uma vida to esttica dentro dos presdios e tambm oportuna a remissoda pena, o que no tudo preciso muito mais principalmente reais condies para que odetento possa tambm trabalhar.A Constituio Federal de 1988 defende "o respeito integridade fsica dospresos" (art. 5, XLIX). No Brasil, a dignidade da pessoa humana foi reconhecida econsagrada como princpio fundamental na Constituio de 1988 (SILVA, 2007, p 52). Adignidade do detento como ser humano est revestida de vrios fatores, os sociais,educacionais, sade e vrias outras assistncias, principalmente de ser tratado como gente eno como um ser desprezvel que no tem direito uma vida com dignidade, um ser portadorde direito vida, de ser defendido, de ter oportunidades como qualquer cidado.A lei diz que todos os maus tratos e desumanidades so crimes, o detento tem suadignidade, precisa ser mantida e observados seu direitos humanos com condies positivas desobrevivncia enquanto detido. Existe uma luta a ser travada mesmo com a existncia dasano penal com um propsito bem diferente na atualidade visando os direitos individuais dodetento, a estgmatizao, a desumanidade continua fazendo parte da realidade cruel nosistema prisional brasileiro, os direitos humanos, a dignidade dos detentos so violadoscotidianamente.Na histria do sistema prisional os detentos foram submetidos s vrias formas deagresses fsicas a fim de extrair-lhes confisses de crimes o que perdura atualmente, muitosat mesmo perdem a vida depois de tantos suplcios, a dignidade do detento infelizmente desrespeitada burlando assim o que diz a lei. A tortura inicia nas delegacias onde solanados provisoriamente at que sejam transferidos para uma penitenciria o que no mudaquando l chegam, pelo contrrio piora o grau de agresses e crueldades.Surge ento a Lei de Execuo Penal no dia 11 de julho de 1984, tem o numero7.210 e conhecida como LEP. Reconhece os direitos humanos dos presos, proibindo20 21. violncia por parte de funcionrios e tem como principal objetivo a ressocializao dosdetentos.Ressocializar significa voltar ao convvio social recuperado, reeducado a travs deprogramas, projetos e assistncias. A Lei de Execuo Penal reconhea tais direitos, mas uma lei defasada. So muitos anos aplicando ou no uma lei que no repara os problemas edemandas atuais do sistema penitencirio brasileiro, so necessrias novas leis que tenhadiretrizes com reais condies ao respeito e cumprimento dos direitos dos detentos, que osfaam valer.No Brasil a violncia fsica nas penitencirias e prises acontece constantementepor parte dos funcionrios, atualmente possvel ver reportagens que mostram as barbriesque existem nos presdios brasileiros onde visivelmente a lei no cumprida integralmente,to pouco ainda consegue ressocializar por conta da monstruosidade e crueldade inseridos nosistema prisional. preciso mudanas na aplicao da pena. O descumprimento das leisacarreta na frustrao do processo de ressocializao devido injustia cometida no sistemade aplicao das penas. Desta forma de suma importncia a compreenso da finalidade daspenas.1.3 FINALIDADE DA PENAA finalidade da pena tem uma histria de mudanas e variaes de acordo comcada momento histrico e a necessidade de cada sociedade. A pena a certeza da punio.(PINTO, 2008, p.189) afirma que o fim da pena principalmente a preveno de novosdelitos. O autor diz que existem dois tipos de preveno:1 a negativa, da qual o fim da pena a preveno geral de novos delitos por meio de umacoao psicolgica exercitada sobre os destinatrios (detentos), atravs da intimidaocom fundamento efetivo cominao (castigo);2 a positiva, tem como funo principal restabelecer a confiana e reparar ou prevenir osefeitos negativos que a violao da norma implica para a estabilidade do sistema para aintegrao social.A preveno negativa insiste e persiste atualmente, a tortura psicolgica piorque a fsica deixa como recordao da passagem do detento nos presdios o transtorno mental21 22. por toda a vida. A intimidao psicolgica segue as ameaas e realizaes de maus tratosfsicos, so espancados muitos at a morte. A preveno negativa quando aplicada parte doprincpio que para o bem deles, para que possam ser redimido. Os tornam em homens emulheres revoltados e mais perigosos do que quando entraram na penitenciria. Reprovar eprevenir pelo crime cometido no cometer outro crime por parte do Estado, dos agentespenitencirios e outros envolvidos no sistema prisional contra os detentos como forma depreveno de crimes futuros.A preveno positiva acredita na reeducao do detento com programas certos ebem aplicados, a recuperao do transgressor possvel contribuindo assim para que o mesmopossa ser devolvido ao seio social com confiana. Consta somente na essncia das leis, naprtica so violadas e aplicadas como convm.Historicamente so vrias as finalidades da pena que teve mudanas no decorrerdos tempos. Para Hassemer (2007, p.70) 1. Direito Penal mal, retribui o mal com o mal. Temum objetivo retribuidor pelo mal cometido e no encontra sentido ou perspectiva alguma deressocializar, de modo que a reincidncia certa, diante de humilhaes psicolgicas, maustratos fsicos, condies de higiene nenhuma e outros fatores que fazem do sistema prisionalum inferno e um depsito de detentos. Com tantas injrias, desumanidades, corrupo, umaescola de criminalidades e ou pouco conseguem ser recuperados, foi por seu prprio esforoe alternativa e no porque o sistema prisional tenha colaborado. 2. Direito Penal puro (p.72),Desconsidera a imagem m do Direito Penal, passando a ser orientado pelas cincias humanase sociais, sem derramamento de sangue. feito uma abordagem ou uma investigao reconhecido que o homem portador do direito vida. 3. Direito Penal curativo (p.74), temcomo objetivo curar ao invs de punir. O direito curativo atribui que o crcere tem que ter umpropsito curador, passa a trabalhar a autonomia do indivduo, o detento tambm umcidado portador de direitos e deveres e que individualmente cada ser humano tem suasnecessidades. A pena a ser aplicada deve ser propicia a recuperao do detento. 4. DireitoPenal protetor (p.76), protetor dos bens jurdicos, por exemplo, protetor de bens maiorescomo a vida, a honra, o patrimnio, a liberdade e outros. Garante e protege os direitoshumanos e jurdicos do detento.Hassemer (2007, p.99), o autor explana que com a imposio da pena privativa deliberdade est vinculada, necessariamente, uma necessidade de ressocializao. Aressocializao retira o Estado que pune o dio do crcere e o divide a dignidade do mdico,curar ao invs de punir.22 23. possvel reeducar o ser humano que cometeu um crime devolver sua a dignidadehumana, dada uma oportunidade, um direito ao detento de se arrepender do crime de formaque no volte a reincidir. So medidas que sero aplicados atravs de projetos e programasque colabore de verdade para que o detento seja preparado para voltar sociedade compossibilidades de no mais ser excludo isso ressocializar verdadeiramente.Hassemer (2007, p. 102) ainda fala que a ressocializao na execuo da pena no apenas ajuda, ela principalmente uma obrigao, uma interveno. uma obrigao queprecisa de recursos para ser efetivada com sucesso, no sero meia dzias de projetos eprogramas que realizaro tal processo, requer uma fora maior por parte do Estado e dasociedade. Com os poucos recurso que so oferecidos pelo Estado s instituies prisionaisbrasileiras, no positivo o processo ressocializador, na verdade consta somente na essnciadas leis.(PINTO. 2008, p.369) afirma que a execuo da pena um problema do governo,mas, interessa muito mais a sociedade humana, o que significa que no Brasil uma respostanegativa. O interesse que a maior parte da sociedade tem pelo sistema penitencirio exclusivamente de que um espao de criminosos, que os mesmo devem morrer por l, existeum enorme preconceito por parte da sociedade que estigmatiza um detento ou ex-detento portoda sua vida. A pequena parte da sociedade que conhece a realidade triste e subumanarealidade em que os detentos vivem calam-se com o pensamento de que esto passando pelomerecido.A Lei de execuo Penal diz:Art. 1 A execuo penal tem por objetivo efetivar as disposies de sentena oudeciso criminal e proporcionar condies para a harmnica integrao social docondenado e do internado.De acordo com o j mencionado, a pena tm dois objetivos, o primeiro de punirpelo mal cometido, o segundo o de ressocializar, de reeducar, de preparar o detento atravs deprojetos, atividades e muito mais recursos para que possam ser devolvidos sociedaderedimidos e com oportunidades, de forma que a sociedade possa confiar e dar-lhe trabalho.Pelo erro cometido o cidado faltoso com a lei no pode ser tratado como um dejeto, fazendocom que o Estado os abandone e lave as mos cometendo assim outro crime contra os direitoshumanos, no cumprindo as leis ou cumpri-as parcialmente.23 24. Greco (2005, p. 577) afirma que a pena um mal necessrio. Mas o Estadoquando faz valer o seu ius puniendi (pena da autoridade), deve preservar as condiesmnimas de dignidade da pessoa humana.O detento tem que ser tratado com dignidade, um ser humano precisa decuidados da qual estando preso no tem condies de atend-los, no pode simplesmente sertrancafiado e jogado prpria sorte, precisa de um mnimo de sobrevivncia digna enquantopaga sua pena ou espera seu julgamento.Para ou autor citado, o foco da pena possibilitar condies de um modo geral emuma penitenciria que possibilite ao detento um reconhecimento do erro cometido e que omesmo erro ou crime no deva ser cometido novamente, que sinta o desejo de mudana paramelhor e no pra pior, que o crime no compensa e traz graves e penosas conseqncias,podendo trazer at mesmo a morte do criminoso por parte de terceiros ou vinganas, ou seja,que a finalidade da pena reeducar, ressocializar o detento para que o mesmo volte a conviverno meio social redimidos.De acordo com o Jornal Fmea (07-04-2009) h tempos, os especialistas emexecuo penal vm alertando a sociedade civil e o governo para a necessidade de superaodos complexos problemas trazidos pela pena privada de liberdade.As leis que regem a pena privativa de liberdade esto caducas, preciso rever asproblemticas que so realidades no cotidiano do detento, fazer valer as leis que so atuais econstruir novas leis. Para isso preciso um trabalho comunitrio, uma aliana entre Estado esociedade, principalmente o interesse da sociedade em ser informar sobre o sistema prisional,devido ser sua a maior fora e colaborao para uma melhoria no s no que se refere aotema, mas de um modo geral neste Pas, preciso um esprito corporativo para revolues embenefcios do Pas e do povo brasileiro.Houve um avano tanto na privao de liberdade que passou a ter um propsito derecolher o detento do meio da sociedade para que o mesmo estivesse impossibilitado de ir evir, pudesse ser preparado para retornar ao convvio da sociedade. preciso uma reforma penal com leis que sejam atualizadas de acordo com asnecessidades e direitos prisionais, para que a ressocializao seja propiciada por programascomo a educao, sade, social e o trabalho de modo a dar-lhe condies de levar uma vidadigna quando sair do estabelecimento prisional e evitar que o crcere seja mais penoso do quej . Que a pena de priso esteja de acordo com os direitos dos detentos com a efetivao dosdireitos humanos, a incluso do ex-detento na sociedade, a participao do detento na24 25. reeducao de forma ativa e satisfatria, com o interesse e participao da sociedade narealidade do sistema penitencirio. preciso pensar o antes e o depois da pena.Embora a histria da finalidade da pena tenha sido modificada ao longo dos tempos,no Brasil cada Estado varia a sua aplicao, seja de acordo com as leis ou no. Surge ento aimportncia de conhecer os direitos dos detentos de acordo com o que ditam as Leisbrasileiras.25 26. CAPTULO IIOS DIREITOS DO DETENTO (A) COMO LEI NO SISTEMA PRISIONALBRASILEIROA condio de pessoa humana o requisito nico eexclusivo para a titularidade de direitos.Flavia Piovesan de suma importncia mencionar sobre os direitos dos detentos, os mesmosdevem ser garantidos ao homem, idoso, adolescente, detento de manicmio judicirio oumulher. No Brasil a questo dos direitos iguais e humanos tem gerado grandes polmicas porcausa da violao de tais direitos, o descaso insiste e persiste.Garantir direitos ao homem como cidado no Brasil utopia, quanto mais nosistema prisional que uma instituio marginalizada e esquecida pelos gestores pblicos esociedade, as leis regem tais direitos, mas garanti-los uma luta que travada desde osprimrdios da criao das mesmas, de forma que so cumpridas parcialmente ou no socumpridas de maneira alguma por falta de recursos, descaso e abandono por parte do Estado.2.1 DIREITOS DO (A) DETENTO (A)At o momento observa-se que ao invs de aplicar as punies dos cdigos cruise desumanos surgiram leis que visam os direitos dos detentos e humaniza-os, principalmenteporque de acordo com a lei o indivduo considerado inocente at que seja provada sua culpa,e sendo culpado deve se tratado com dignidade, sendo supridas todas as suas necessidades(ARTIGO 38 DO CDIGO PENAL). Fazer valer os direitos dos detentos um grandedesafio por conseqncia da falta de interesse dos gestores pblicos o que contribui com opreconceito da sociedade que estigmatiza algum que faltou com a ordem legal.O sistema prisional foi regulamentado pela Lei de execuo Penal em 1984,determina que a pena de liberdade deva ser cumprida com restrio de direitos (PRDES,2007, p. 171). A lei inicia com erros em restringir os direitos dos detentos, admite que seus26 27. direitos sejam resumidos, nem mesmo os que foram restritos so efetuados positivamente oumesmo no so efetivados.A Constituio Federal de 1988 que determina em seu artigo 5, XLVIII que: apena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, idadee o sexo do apenado.A lei individualiza a pena por crimes gnero, idade e sade mental do detento. Ohomem tem que ser direcionado uma delegacia ou penitenciria masculina, o idoso para umestabelecimento prisional adequado para homens com mais de 60 anos, as mulheres emdelegacias da mulher e penitencirias femininas, o dento com problemas mentais ao CAPS -Centros de Ateno Psicossocial, o menor em conflitos com a lei para instituies destinadasa adolescentes.A Lei de Execuo Penal (art. 88) garante ao detento celas individuais, o que noacontece devido superlotao por conseqncias de nmeros insuficientes de penitenciriasbrasileiras provocando assim a superlotao e vrios problemas como conseqncias atraindoassim a revolta dos detentos.A busca pelos direitos vem de grandes conquistas histricas, um processo longoe gradativo, tem uma resposta lenta e marcada pelo negativismo e no pelo positivismo, temcomo premio o retrocesso e no o progresso. assim que a dignidade humana tratada noBrasil e muitos outros pases subdesenvolvidos. Os direitos so para todos, s preciso serhumano para t-los.A assistncia garantida como direito do detento (LEP Captulo II).Impossibilitado de ir e vir, o detento precisa que algum supra suas necessidades bsicas,assim como a assistncia a sua famlia, papel esse que do Estado que deve amparar a famliado detento e garantir que suas necessidades sejam supridas.A privao de liberdade no consiste em passar fome, frio, sofrer maus-tratos eviver em condies insalubres, o detento no tem como ser responsvel de suprir suasnecessidades bsicas de sobrevivncia dentro do presdio, papel esse que designado aoEstado. As vrias assistncias em que o Estado deve promover ao detento objetivam osdireitos humanos do mesmo, tornando possvel ao detento uma vida com um significado dedignidade humana, o prepara para regressar a sociedade com menos reincidncia.A assistncia onde Lei de Execuo Penal assim dispe: ao condenado e aointernado sero assegurados todos os direitos no atingidos pela sentena ou pela lei (art.3).27 28. A assistncia ao preso e ao internado dever do Estado, objetivando prevenir ocrime e orientar o retorno convivncia em sociedade (art.10).Pargrafo nico. A assistncia estende-se ao egresso. A assistncia ser; I - material;II - sade; III jurdica; IV - educacional; V - social; VI religiosa (art.11). (LEIDE EXECUO PENAL).A assistncia material: as famlias dos detentos que providenciam o material dehigiene, comida, roupas (a lei garante uniformes aos detentos), lenis, colches e outrosmateriais necessrios. O Estado no supre essas necessidades sendo sua responsabilidade epor direito do detento. A falta de produtos e alimentos favorece a corrupo e funciona comoinstrumento de poder, havendo dificuldades fica fcil vend-los por um preo duas ou trsvezes mais caros, podendo ainda ser trocados em drogas. Em algumas penitencirias existe aextorso de desvio de agasalhos, remdios ou outros objetos e de ameaas em caso dedenncia. Faltam comidas mesmo em prises de grande porte a realidade citada tambm inserida.A assistncia educao: dever do Estado proporcionar escolas para osdetentos que nunca estudaram ou que no terminaram o primeiro e segundo graus, quando ofaz h problemas na maioria das salas de aulas das penitencirias por no serem de proporoe forma adequada s necessidades e ao interesse dos alunos, falta material, carteiras escolarese at mesmo quanto a estrutura da sala que no atende para um funcionamento favorvel.A educao a base de tudo os que esto presos precisam ter um conhecimentosecular para poderem exercer tambm sua cidadania, alm da preparao para a competiono mercado de trabalho fora da priso. De acordo com a IGESP (Intendncia Geral doSistema Penitencirio), o estudo ajudar na remisso de penas, o detento que estudar poderter sua pena reduzida um dia de privao de liberdade a cada 12 horas de freqncia escolar.O projeto foi aprovado pela CCJ (Comisso de Constituio, Justia e Cidadania) do SenadoFederal quarta-feira dia 04 de agosto de 2010.A assistncia sade nos presdios um outro problema srio e que no cumprido, para a maioria dos cidados brasileiros, precria, faltam mdicos emedicamentos. Em um lugar sem condies alguma de higiene fica muito mais fcil adoecerou pegar doenas dos outros detentos doentes, as doenas de pele, por exemplo, soconstantes e no se curam em razo da impossibilidade dos cuidados higinicos com roupas eo ambiente onde ainda se encontram doenas mentais, tuberculose, AIDS, entre outrasdoenas.28 29. A assistncia jurdica: a maioria dos presos no Pas no tem dinheiro paracontratar um advogado, dependem totalmente dos servios de assistncia Judiciria fornecidapelos Estados (Defensoria Pblica). Contudo, o nmero de defensores pblicos muitoreduzido e nem sempre se nota grande interesse pelos clientes, diferentemente dos advogadosparticulares e bem pagos.A assistncia religiosa: h muitos presos que encontra na religio, na palavra deDeus motivao psicorreligiosa para a recuperao da prpria personalidade, comum chegarnuma priso e encontrar os detentos lendo uma bblia ou algum livro religioso, encontram naspalavras sagradas um refgio para suportar tanto sofrimento e at mesmo ajudar em seuarrependimento.Referente ao direito do trabalho, dentro ou fora da priso o trabalho importanteinstrumentos de ressocializao da pessoa. Transformar o preso que trabalha em trabalhadorpreso, com direitos e deveres que o aproximem do trabalhador livre um caminho quecomeou a ser trilhado, mas precisa ser ampliado.Greco (2005, p. 579) afirma que nas penitenciaras que os presos no exercemqualquer atividade laborativa o ndice de tentativa de fuga muito superior aos daqueles queatuam de forma produtiva aprendendo e trabalhando em determinado ofcio. Aponta que otrabalho do detento sem dvida alguma, uma das formas mais visveis de levar a efeito aressocializao.O trabalho do detento ser remunerado, no podendo ser inferior a trs quartosdo salrio mnimo. A LEP (art. 28) diz que o trabalho do detento um dever social e comocondio de dignidade humana, ter finalidade educativa e produtiva. No (art. 23) diz quepossibilita a remisso de 1 (um) dia de pena por 3 (trs) dias de trabalho, isto , a cada 3 dias(trs) dias de trabalho o preso abate 1 (um) dia do total da sua pena. A remisso da pena uma grande conquista, porm no ainda efetivada na prtica, (GRECO, 2005, p. 579) e no(art. 91) diz que o trabalho ser dado somente aos detentos que esto em regime de prisosemi-aberto.O auxlio-recluso previsto na Constituio Federal de 1988 e foiregulamentado pela Lei n 8213/91. De acordo com a o site da Previdncia Social (2010) oauxlio-recluso um benefcio legalmente devido aos dependentes de trabalhadores quecontribuem para a Previdncia Social. O detento no recebe o benefcio mas sim sua famlia,seus dependentes. O objetivo garantir a sobrevivncia de sua familia, diante da ausnciatemporria do provedor que est preso e impedido de trabalhar, a famlia tem o direito dereceber o benefcio.29 30. A famlia do preso perde o direito de receber o auxlio quando o detento obtenhasua liberdade, fuja ou sua pena progrida para o regime semi-aberto ( o detento sai paratrabalhar duante o dia e volta durante a noite). Pela legislao, os dependentes tm queapresentar a cada trs meses, na Agncia da Previdncia Social, a declarao do sistemapenitencirio atestando a condio de preso do segurado, Previdncia Social (2010) .A visita ntima no art. 41 da Lei de execuo Penal regulamentada a visitantima para os detentos (as), a lei aduz que: X visita do conjugue, da companheira, deparentes e amigos em dias determinados.No Brasil a visita ntima no vista como direito, vista como um benefcioacompanhado de muitos critrios a ser seguidos o que dificulta a realizao da visita muitos.De acordo com o Dirio do Vale (10-08-2010), os critrios so: provar um vnculo anterior deteno ou ter um relacionamento estvel de, no mnimo, seis meses, fazer (o casal) exameslaboratoriais de salubridade e inscrever-se na lista dos habilitados.A assistncia social de grande importncia no sistema prisional, ela quem vailigar o detento famlia numa ponte que garanta seus direitos e atenda as suas necessidades,com os assuntos exteriores penitenciria e que so de grande relevncia para que tenhamuma vida com um pouco de dignidade enquanto detento ou enquanto aguardam julgamento.Alguns dos direitos dos detentos foram citados o que no significa que sejamcumpridos, ou so cumpridos parcialmente sem grandes recursos e sem os objetivos que osmesmo foram criados. O desrespeito e a violao dos direitos dos detentos fazem parte docotidiano do sistema prisional.Existe em algumas penitencirias uma administrao melhor que outras queprocuram atender as necessidades mnimas do detento de acordo com os recursos recebidos,h tambm a questo de que as condenaes variam de acordo com cada Estado, o que nomuda, so as ms condies carcerrias em todo o pas, so horripilantes, macabras,assustadoras, desumanas, retratos do crescimento do caos existente no sistema penitenciriobrasileiro.2.2. O CAOS DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO30 31. Quase sem tocar o corpo, a guilhotina supri a vida,tal como a priso suprime a liberdade...Ela aplica a lei noa um corpo susceptvel de dor quanto a um sujeito jurdico, detentor,entre outros direitos, do de existir. Ela deveria ser a abstrao da prpria leiMichel FoucaultA quem diga que as cadeias e penitencirias so hotis de 05 (cinco) estrelas, queos detentos comem de graa, dormem e no fazem nada. Poucos conhecem de perto arealidade subumana em que os presdios enfrentam. Dizer que as cadeias recebem os detentoscom tudo e que os mesmos luxam a custa dos impostos da sociedade cedidos como verbaspara funcionamento dos presdios ignorncia total referente ao tema.Dimenstein (1996, P. 62) aduz que os presos tornam-se piores depois de passarpela cadeia. Tornam-se agressivos e, no raro, sofisticam suas ligaes como crime. Naprtica, o governo estimulando a contaminao da violncia, num ciclo vicioso.Diante da crueldade em que so submetidos, os detentos no podem sair dospresdios santinhos, a raiva, o rancor, o sentimento de vingana persistem em suas mentes,no importa quem seja o culpado por tal crueldade. O descumprimento das leis e a falta depolticas penitenciria transformam o presido em um caos em escolas criminais.Existe o descumprimento das leis, no que se refere individualizao da penaDimenstein (1996, p116) explica que esse descumprimento colabora por vrios fatores decrueldades como a tortura entre os prprios detentos e dando poder aos mais fortes, o autordiz que rus e primrios cumprem penas ao lado de veteranos, que tendem a cometer abusoscontra os mais fracos.Os detentos so jogados nas celas sem dignidade alguma tanto delegacias, quantoem penitenciarias so considerados uma escria. Existem agresses fsicas e torturas porparte dos agentes penitencirios e dos colegas de cela. A tortura muito comum nasdelegacias e penitencirias, muitos so torturados at a morte, segundo o autor:Antnio Ferreira Braga estava algemado e enrolado em um tapete para que seucorpo no apresentasse escoriaes. Ele havia sido espancado com um basto demadeira. Antes os policiais quase o asfixiaram cobrindo sua cabea com umacmara-de-ar de pneu. Ao lado havia um basto de madeira, fios eltricos e tubos deborracha (DIMENSTEIN, 1996, p.92).31 32. Um detento denunciou ao Ministrio Pblico que um policial enfiou um pedaode madeira em seu nus (DIMENSTEIN, 1996, p. 103). O desrespeito aos direitos humanoschega ao extremo, no tem mais pra onde ir, todas as formas desumanas de tratar um serhumano foram inseridos no sistema prisional, uma herana do contexto histrico da penaprisional. Sua falncia teve origem ainda nos primrdios, preciso romper as alargadurasdesumanas e construir com um sistema prisional que respeito os direitos humanos doapenado.A coao fsica aos detentos apenas deve recorrer sempre que no for possvelrecorrer a outras medidas, em caso de legtima defesa, tentativa de evaso, resistncia pelafora ou inrcia passiva, antes deve ter a advertncia prvia por parte dos funcionrios dospresdios e delegacias (PINTO, 2008, p.67).A tortura aplicada como uma pena leiga, o mito de que o detento que sofre saipurificado do homem mau, pelo contrrio, por questo de sobrevivncia se adapta a corrupoe leis impostas pelos prprios detentos, saem profissionais do crime.Os presdios so transformados em depsitos de presos, vivem em condiesinsalubres, com superlotao, atendimentos as suas assistncias e necessidades precrios, oque dificulta a recuperao dos detentos, ou melhor, o sistema prisional no tem essepropsito.A falta de espao um dos mais graves problemas. Dimenstein (1996, p. 114)afirma que a Legislao Brasileira prev rea mnima de seis metros quadrados para cadadetento, tanto em presdios como em cadeias pblicas. O que no cumprido, a superlotao e maus tratos so realidades dirias nos presdios brasileiros, so responsveis tanto pelasrebelies quanto pela violncia.O maior problema da superlotao acontece durante a noite na hora de dormir,por falta de espaos os detentos se acomodam como podem para poderem passar a noite. AFolha de So Paulo mostra o desrespeito a Legislao:presos dos distritos paulistanos adotaram um revezamento noturno. Por causa dasuperlotao um grupo dorme e o outro espera sua hora (...) Quando a situao ficacatica surge os homens morcegos: detentos se deixam amarrar por colegas nasgrades das celas e dormem em p ou sentados, de forma a ocupar menos espaos(DIMENSTEIN, 1996, p. 114 apud Folha de So Paulo, 24- 09-1993).32 33. As celas ou contenderes no tem espao pra dormir, muitos dormem emcolches no cho ou redes empilhadas uma em cima da outra, fazem revezamentos durante anoite, tudo provoca revolta, o que em uma oportunidade fazem rebelies com algumas fulgas,existe o abuso sexual, consumo e venda de drogas. So muitos os problemas causados pelasuperlotao.Dimenstein (1996, p. 114) aduz que a superlotao d-se pelo fato de que aspenitencirias brasileiras recebem detentos que guardam julgamento ou esperam vagas emoutros presdios, o autor ainda diz que a falta de defensores pblicos apontado como umadas grandes causas de abarrotamento nos presdios. Em dracena, interior de So Paulo,tambm em 2007 foi a Vara de Execuo Penais que tomou deciso polmica: libertou 49presos que estavam em regime fechado e deveriam ir para o regime semi-aberto. S que nohavia vagas no semi-aberto ento o juiz libertou todo mundo, decidindo que os condenados(por crimes patrimoniais e hediondos) ficariam nas ruas at que o Estado criasse vagas nasprises com regime semi-aberto (SOUSA, 2009).Nota-se a despreparao, desqualificao, e a falncia dos presdios brasileiros,existem poucas penitencirias para um nmero absurdo de detentos, no existem vagas empenitencirias com regime semi-aberto os detentos so devolvidos sociedade mesmo queprovisoriamente sem uma preparao maior, existem casos de detentos que cumpriram pena,ou que saram por bom comportamento e que voltaram a reincidir. O sistema prisionalbrasileiro no oportuna condies reais para o trabalho do corpo tcnico (psicolgico,Mdico, Assistente Social e outros) que favorea ressocializao, o tempo pouco e aquantidade de detentos pra atender muito grande, o que prejudica uma real anlise epreparao do detento para voltar sociedade.Os detentos vivem condies subumanas. (DIMENSTEIN, 1996, p.108),acrescenta que os detentos vivem em estruturas e condies precrias, vivem amontoados emcelas dilapidadas, cada cela contm um banheiro que se resume em um buraco no cho e umcano para que os detentos possam se lavar e tomar gua. A maioria das celas tem uma cozinhaimprovisada, com um fogareiro rstico movido energia. As celas so abertas s sete damanh e fechadas s cinco da tarde. Durante o dia os presos tm liberdade para semovimentarem. H pouca luz natural, na maioria das celas a luz eltrica fica acesa durante odia. Os corredores so midos e escuros.Muitos dos detentos dormem em camas de cimento sem nenhum colcho, deforma que a famlia que traz o colcho, lenis, roupas, produtos de higiene pessoal. Aalimentao insuficiente e principalmente seca, sem caldo, um pouco de arroz, alguns gros33 34. de feijo e dois pequenos pedaos de carne ou frango fritos somente com leo e sal, no podeser comida com caldo por estragar mais rpido. Existe uma tabela dos alimentos e frutas quepodem ser levados pela famlia como frutas, verduras, arroz, feijo, carne de sol cortada empequenos pedaos, e outros alimentos permitidos pela instituio prisional, tudo em poucaquantidade. A famlia tambm material de higiene pessoal. No pode entrar sabo, sal (o sal oferecido pela instituio prisional) e outros. Somente permitido 1 (um) kg de alimentos noperecveis por semana. As roupas sujas so levadas para lavar na casa dos familiares,podendo entrar somente duas peas por semana. A falta de higiene causa diversas doenas, osdetentos convivem com ratos, baratas, urina, fezes, lixo. O mau cheiro forte alguns tmdoenas de pele, tuberculose, frieira, fungos causados pela umidade e sujeiras das celas comum ciclo de contaminao das doenas infectocontagiosas. Existen mais agravantes aosdireitos humanos o que no faz parte da pena.Sousa (2009) diz que sem iluminao as celas servem para encontros amorososem presdios onde a visita intima liberada. Para ficarem um pouco mais a vontade com suasmulheres colocam um cobertor para tampar as grades das celas. Nos presdios que existem asdificuldades para a visita ntima ou por critrios, espaos e ou vagas revezam-se para quetodos possam desfrutar do mesmo prazer com as companheiras. A pequena privada no temdescarga um chama para insetos, ratos e vrias doenas, no tm descarga fazendo com quea vida do detento no valha nada e corram riscos de vida. O chuveiro, sempre frio, no hgua quente nas celas nem mesmo no inverno nas cidades frias.Um verdadeiro tratamento desumano, sem ter condies nem mesmo de realizarsuas necessidades fisiolgicas, to pouco o de extravasar seus desejos sexuais, submetem-se adividir suas privacidades para poder satisfaz-las.As penitencirias so separadas por pavilhes, um pavilho para os detentos debom comportamento, em um outro se misturam no importando qual o delito que cometeram,existe o pavilho especial destinados aos detentos com mais tempo timo comportamento,curso superior e que trabalham, nesse pavilho existem algumas regalias, por exemplo, afamlia pode trazer ventiladores, rdio, TV, os detentos no ficam trancados em celas, mas emquartos, a visita da famlia dura todo o dia, ao contrrio dos outros pavilhes que tem somenteduas horas. Muitos dos detentos que esto nos pavilhes normais, por exemplo, pavilho A,B e C, desejam ir para o especial devido as condies dos pavilhes normais serem muitopiores, o calor, o suor e mau cheiro misturam-se. Existe ainda o isolamento chamado detriagem pelos funcionrios destinados aos detentos novatos, ficam num quarto escuro sem34 35. direito banho e ver a luz o sol no prazo de 8 a 15 dias, em seguida so distribudos porpavilhes.A desigualdade inserida at mesmo nos presdios, os que esto dispostos a terum bom comportamento e que esto no incio da pena so enviados a um pavilhoconsiderado bom por no estarem misturados com os de mau comportamento, esses tm ascondies bem piores de toda a penitenciria. O trabalho privilgio de poucos, s os de bomcomportamento trabalham a lei no faz acepo, mas o sistema o faz. Mata-se, estupra-se,escravisa-se, corrompe-se, vendem-se e compram-se drogas com maior facilidade. A falta desentido humanitrio por parte dos agentes penitencirios o agravante para as torturas eimpunidades (DIMENSTEIN, 1996, p. 114).Nas palavras de Sousa (2009), as instituies destinadas a adolescentesacarretam os mesmos problemas, a superlotao, a falta do que fazer, abusos sexuais,maconha, cocana, telefones celulares. Antes tinham o nome de FEBEN Fundao Estadualpara o Bem Estar do Menor. Mudou e para Fundao CASA Centro de Atendimento ScioEducativo ao Adolescente.O nome mudou, mas os problemas continuam os mesmos, mesmo sendo jovensfazem parte de uma poltica antipopular, da mesma forma em que a sociedade e o Estadoagem com os detentos adultos, agem com o menor em conflito com a lei. A viso de que umaviso marginal sempre marginal perdura ao longo dos tempos aliado desumanidade edescaso.Sousa (2009) Manicmios Judicirios. eles so chamados, simultaneamente, decriminosos e loucos. So os presos que ficavam nos Hospitais de custdia e tratamento nosManicmios Judicirios, em geral, subordinados s Secretarias de Sade de Justia. Ascondies em que viviam eram pssimas, desde o abandono por parte dos familiares falta demdicos para atend-los vencer a doena, falta de higiene, maus tratos at mesmo comtratamentos de choques.Com a reforma psiquitrica ouve mudanas no atendimento pblico em SadeMental, que garante o acesso da populao aos servios e o respeito a seus direitos eliberdade, o que est amparado na Lei 10.216/2001. A lei diz que os pacientes ou detentoscom doenas mentais no lugar de isolamento devem conviver com a famlia e serem tratadosem seu mbito familiar e no meio da sociedade. Quando necessitar de internaes sero feitasem hospitais gerais ou no CAPS - Centros de Ateno Psicossocial, 24 horas, extinguindo esubstituindo assim os hospitais psiquitricos de grande porte.35 36. Dimenstein (1996) diz que a nica maneira de impedir a crueldade nos presdios atravs da inspeo regular por parte da Justia e rgos defensores dos direitos humanos. Oque no acontece com freqncia e quando acontece a sujeira escondida em baixo do tapetepor parte da administrao e se os detentos denunciarem sero punidos com as mais cruistorturas.O governo encontra sada para o combate falncia do sistema prisional emconstruo de alguns presdios de segurana mxima que trs em sua estrutura celasindividuais, existem cerca de 280 cmeras instaladas para que os detentos sejam vigiadosintegralmente, luz infravermelha noturna (raios X) que tambm ajuda na vigilncia,Espectmtros, equipamentos capazes de detectar vapores de 10 tipos de explosivos, oito tiposde drogas, nove armas de guerra qumica e oito produtos qumicos indutriais. (aparelhosimportados da Alemanha), Detectores de metais de vrios tipos (NEIVA, 2010).Todas as pessoas que entrarem em uma penitenciria de segurana mximasero identificado com crachs que tero chips e cdigos de barras (visitante e funcionrios).Sero dados cartes magnticos para o advogado e aps sua sada sero destrudos. Aindaquanto ao advogado, a conversa com o detento ser separada por uma barreira depolicarbonato e por telefone (NEIVA, 2010). O mesmo autor ainda aponta que a convivnciados detentos mnima e o banho de sol feito em pequenos grupos. Os agentes penitenciriosso proibidos de conversar com os detentos da qual tambm so monitorados pela.Custa muito caro para os cofres do Estado, o governo no est interessado emgastar milhes em um sistema to complicado, at porque o poder pblico sabe que somenteinvestir em penitencirias de segurana mxima no resolver o caos existe no sistemapenitencirio brasileiro, consciente que precisa investir muito mais do que isso, emprogramas e criando polticas alternativas penitencirias que funcionem de verdade levandodignidade e humanidade aos detentos. necessrio uma reforma no sistema prisional urgenteque d resposta as ansiedades, aflies e angustias da populao carcerria.Assim como foi observado e reformado do sistema psiquitrico devido a triste edesumana realidade em que tambm viviam as pessoas com problemas mentais, possveltambm recuperar o sistema prisional brasileiro, para que a reforma acontea preciso ointeresse por parte do Estado com a ajuda da sociedade com a colaborao dos detentos, umprocesso lento, com o tempo a dignidade, a humanizao seriam devolvidas.A reforma no sistema penitencirio no somente construir presdios desegurana mxima da qual o governo atribui como solues para a falncia do sistemaprisional. Na verdade ajuda a combater pequena parte dos problemas como a que fins foram36 37. criadas, que no haja rebelies, fugas, muito menos resgates (NEIVA, 2010), mas ainda no a soluo para eliminar to grande problemtica e caos existente. Mesmo com tanta proteo eprecaues a corrupo j chegou a esses presdios como consta uma reportagem doFantstico (REDE GLOBO) no dia 9/03/2008 que mostrou um assassinato em um dospresdios de segurana mximo no interior de SP, o Presdio de Presidente Venceslau. Deacordo com a mesma reportagem os criminosos perigosos quem andam por l e fazem o quequerem.Desse modo observa-se que a realidade do homem preso j crtica, e quandose fala em mulheres encarceradas a situao ainda pior, a situao no difere dos presdiosmasculinos. A situao das mulheres encarceradas no Brasil ainda muito mais precria.2.3. A SITUAO DAS MULHERES DETENTAS NO BRASILPor serem mulheres no muda nada a situao das detentas, pelo contrrio,existe ainda maior sofrimento desde a primeira priso para mulheres que de acordo comMisciasci (2009) foi criada em 1597/1600, em Amsterd a spinhis, destinava-se mulheresadultas e uma seo especial para meninas adolescentes.Greco (2005, p.576) aduz que os presdios femininos so construdos para evitara promiscuidade e a prostituio no sistema carcerrio, a lei determina que as mulherescumpram pena em estabelecimento prprio, observando-se os direitos e deveres inerentes sua condio pessoal.No decorrer da histria da criminalidade feminina brasileira no existiamdelegacias para mulheres to pouco penitencirias femininas de forma que eram trancafiadasjunto com os homens e sofriam todos os tipos de abusos e maus tratos, principalmente osexual, realidade no Par pela inexistncia de prises femininas. Diante de to cruel realidadee com o aumento da criminalidade feminina foi percebido pelos gestores pblicos que erapreciso criar e construir presdios femininos, uma realidade que necessita urgentemente serreparada, existem poucas penitencirias femininas e poucas so construdas no padromasculino. Poucas mulheres conseguem ser inseridas em penitencirias femininas com umaboa administrao e que repare suas necessidades femininas, muitas passam dias ou meses emdelegacias aguardando custdias acometidas a crueldade e desumanidade.37 38. De acordo com Campanha da Fraternidade (1997. A fraternidade e osencarcerados, p. 23), no depoimento de uma detenta observa-se a cruel realidade da mulherencarcerada no Brasil:Presa junto com outros nove sem-terra, sob a acusao de formao de bando equadrilha, Ivanete Tonin ficou seis meses trancafiada na delegacia de Dourados(MS). Sozinha em uma cela sem janela e com a lmpada queimada, perdeu a noodo dia e da noite. S depois de dois meses e meio, deixaram-na sair para ver a luz dosol. Eu ouvia os gritos de pessoas sendo torturadas e sentia medo; recorda (ZeroHora, Porto Alegre - RS, 13/05/96, p.42).A maioria das detentas encontra-se em cadeias pblicas fora das penitenciriasdevido as existentes serem minoria, o que dificulta os benefcios que a lei rege e que somentetero acesso as detentas que esto em penitencirias femininas. A crueldade, o descaso, adesumanidade uma realidade tambm no sistema penitencirio feminino. Existem poucaspenitencirias femininas que observam suas necessidades como mulheres e principalmentecomo seres humanos dotados de direitos e deveres. So tratadas como escria feminina. Sopoucas as penitencirias que recebem pequenos recursos por parte do Estado para manter eadministrar positivamente a instituio penitenciria feminina. Muitos so os problemasenfrentados pela detentas j que os poder publico prioriza a construo de penitenciriasmasculinas.O Jornal Fmea (07-04-2009) relata que de 308.000 presos no Brasil e destes,apenas 12.000 eram mulheres. Em So Paulo existem 6.157 presas, 2.355 no sistemapenitencirio e 3.802 na polcia, ou seja, 62% das mulheres esto cumprindo pena em localinapropriado. Os dados mostram desigualdades de tratamentos entre homens, retrato de umBrasil machista que desrespeita e viola o que diz a lei.As detentas vivem em condies degradantes, sem qualquer respeito aos seusdireitos. No recebem educao, no tem condies para receber a visita dos filhos e de outrosfamiliares, no tem como exercer o direito da visita ntima (JORNAL FMEA, 07-04-2009),sendo que os pr-requisitos para a visita ntima so os mesmos para eles e elas.De acordo com Magalhes (2001, p.103), as detentas queixam-se da ausnciada vida sexual dentro do crcere, muitas se masturbam na presena de outras, existe tambm aquesto do relacionamento entre lsbicas.Geralmente as mulheres recebem menos visitas familiares do que os homens,muitas so abandonadas pelos companheiros, at mesmo pela dificuldade da visita ntima que38 39. no vista como direito, e sim como benefcio o que contribui para o abandono por parte doconjugue ou companheiro das detentas devido aos pr-requisitos e por no estarem dispostos ase exporem, a falta de estrutura para receber crianas outro agravante para as visitas dosfilhos das detentas. Com a solido e abandono as detentas encontram refgios em umrelacionamento homossexual e querem exercer o direito da visita ntima, de forma que sendonegado encontram maneiras de satisfazerem seus desejos clandestinamente.Referente homossexualidade, Soares (2002, p. 43) relata que ahomossexualidade ainda vista com muito preconceito: uma presa estava na tranca (solitria),porque a guarda a pegou beijando na boca outra interna.Dei um beijo na boca de outra (interna) e fui para a tranca. (M., 23 anos; tem umanamorada e afronta as agentes).Magalhes (2001, p.106) aduz que chegam aos presdios mulheres grvidas.Muitas engravidam depois que entram e que enfrentam grandes dificuldades, at mesmocrueldades. Os direitos da grvida esto na Constituio Federal de 1988, (Artigo 5-L - CF) epela Lei de Execuo Penal V. Art.89, Lei 7.210/84, de ficar com o seu beb durante operodo de aleitamento materno. As mulheres grvidas de acordo com lei devem sertransferidas para instituies penitencirias adequadas. Poucas penitencirias tm adaptaess necessidades bsicas das detentas, quanto mais teriam estruturas de uma maternidademnima que fosse, ou at mesmo um berrio com condies propcias para os bebs. Parapropiciar o aleitamento materno so necessrias estruturas fsicas e de higiene tanto para ame, quanto para o beb que favoream a prtica do mesmo.No existe o pr-natal para as grvidas que no sabem se possuem uma doenamais grave como a AIDS ou como est a sade do seu beb, ainda que detentas grvidastenham direitos garantidos por lei. So fatores que coloca a vida das detentas em risco(DIRIO DO VALE, 10-08-2010).As detentas so acometidas a crueldade at mesmo na hora do parto. DyanaAzevedo, assessora parlamentar do CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessorias),denuncia o assunto falando que h mulheres grvidas que reclamam da gestao e depois doparto e que mostraram a maneira perversa at na hora do parto atravs de fotos num mural deuma penitenciria visitada pela assessora.39 40. Tive oportunidade de ver fotos de uma pea teatral onde as presidiriasrepresentavam seus momentos mais marcantes da encarcerao, vi mulheresrepresentando gestantes algemadas na hora de dar a luz. Algumas mulheres no tmabsorventes, chegam a utilizar miolo de po para conter o fluxo menstrual(JORNAL FMEA, 07-04- 2009).As peas teatrais e as fotos so maneiras de denunciar o martrio que as detentasvivem, denunciam a triste crueldade, desumano algemar uma grvida na hora do parto,como se ela fosse fugir, ou agredir algum com tamanha complexibilidade que ocorre em umparto.Sofrem mais do que os homens detentos no que tange a condies de higiene,assim como os homens o material de higiene oferecido pela famlia incluindo o absorvente,superlotao ou adaptaes das penitencirias as sua necessidades, tambm no que diz a sadeque somente dada prioridade de doenas mais graves, no existem tambm ginecologista.No Jornal Fmea (07-04- 2009), consta que a questo da mulher presa umapreocupao internacional. A Assemblia Geral da ONU (Organizao Mundial de Sade),pela Resoluo 58/183 recomendou que se desse maior ateno s questes referentes mulher encarcerada, inclusive no tocante s situaes dos seus filhos.As mes detentas em algumas penitencirias tm dificuldades ou quase no vemseus filhos devido s visitas familiares no serem com freqncia na maioria daspenitencirias femininas brasileiras. Ainda tem a questo da guarda da criana enquanto ame est presa preocupada com quem o est o filho, muito dos familiares no querem aresponsabilidade ou no se enquadram nos critrios para possurem a guarda da criana,podendo a criana ser encaminhada a lares institucionais.Na penitenciria Nelson Hungria no Rio de Janeiro, Soares (2002, p.26) diz queno pavilho feminino a administrao encontrou um pequeno espao para uma creche. Aautora relata que as crianas tm um sorriso tmido e atitudes um tanto selvagens de quem noesto acostumados a ver gente estranha. Ficam confinados em seus quartos, ou brincavam noscorredores e num pequeno ptio. No interior, uma quantidade de brinquedos gastos,quebrados e incompletos, faz um pouco de alegria dessas crianas que receberam a prisocomo presente desde que nasceram. A autora ressalva que por lei, essas crianas deveriamreceber educao pr-escolar, contudo, o Estado no dispe deste servio, ficando a merc decada direo proporcionar um melhor atendimento a elas.Quando se tenta fazer valer o direito da me detenta em ter seus filhos aps o partodurante o aleitamento materno a precariedade e escassez uma realidade, a me que sofrercom um sistema falido que no resolve e no atende suas necessidades, submete-se ao40 41. sofrimento de ver seu filho ser limitado de viver com um pouco de dignidade, sofrimentoduplo para a me.De acordo com Sucupira (2010), a violncia e assdio sexual outra realidade,pelos agentes penitencirios e polcias que so do sexo masculino, devido ao pequeno nmerode mulheres agentes penitencirias. A autora aduz que muitas das necessidades bsicas dasdetentas so feitas na presena dos agentes ou policiais, o que oportuna e aumenta o risco deassdio sexual, as detentas so coagidas a cederem o sexo.Assim como os homens, existem presdios onde as mulheres sofrem agressesfsicas sendo espancadas e torturadas, so trancafiadas como criminosas e passam a servtimas sexuais dos criminosos que so pagos pelo Estado para manterem a ordem de umaforma digna humana, no para se aproveitarem da ausncia de lei dentro dos presdios.De acordo com Soares (2002, p. 27), existem algumas penitencirias femininasque tem uma administrao boa e que mesmo com poucos recursos e com poucas estruturasque atendam as necessidades da mulher, buscam favorecer a higiene e um ambiente positivo ecom humanidade, chegando at ser agradveis.Os pontos positivos so poucos, o que no colaboram integralmente para umaressocializao. Algumas penitencirias tm meia dzia de projetos sociais, educacionais,culturais que ajudam as detentas terem uma vida melhor, no to parada dentro dapenitenciria algumas com uma administrao melhor que outras que trabalham com poucosrecursos e boa vontade.Existem poucas penitencirias femininas que atendem s recomendaes legais,uma est localizada no Rio Grande do Sul. Os Estados do Rio de Janeiro e Pernambucotambm j adotaram a visita conjugal nos presdios femininos (JORNAL FMEA, 07-04-2009).Igualmente aos detentos, a construo de penitencirias femininas que observemsuas necessidades no a soluo para que terminem seus tormentos, muito menos asrecuperam para conviverem socialmente sem reincidir. Melhor seria investir no sistemaprisional como um todo, tanto no que se diz estrutura que atenda as necessidades femininasquanto em projetos e programas que devolva a dignidade e cidadania das detentas. Porestarem presas no perderam o exerccio da cidadania ainda so dotadas de direitos e deveresque por estarem impossibilitadas de exerc-los dever do Estado faz-lo e principalmente dejulg-las com justia, respeitando seus direitos humanos. Conhecendo a realidade das detentasbrasileiras, realidade essa que tambm trs horrores e desumanidade, h um interesse maior deconhecer especificamente a realidade vivida pelas detentas da Penitenciria Feminina de41 42. Teresina, bem como, conhecer a ao do Servio Social na referida instituio prisionalfeminina.42 43. CAPTULO IIIA PENITENCIRIA FEMININA DE TERESINANo fundo das muralhas, onde a verdade castigada e a luzno resplandece, se ouve gemidos de dor. A dor que no faz sentido...A pedra que agora o leito, a cama fria de cimento, solido esofrimento mora junto neste lar.No existe mais momento, nem importa o sentimento,s o tempo pra passar. E neste poo fundo, onde se perdea esperana, que a Mulher num respiro profundo...Traz ao mundo sua criana.Elizabeth MisciasciA pesquisa Sistema Prisional teve como campo de estudo a PenitenciriaFeminina de Teresina, localizada na BR 316 km 07, Bairro Santo Antnio, Teresina, Piau.Fone: (86) 3216 1763. E-mail: [email protected] Penitenciria Feminina de Teresina uma unidade prisional feminina, foiinaugurada em 1980, mais o Servio Social no era ativo na instituio somente em 1992 que o Servio Social passou a ter atividades com a participao das Assistentes Sociais RosaCarmelita, Eliana Alves e Dalva Lima. Em 2002 com a reforma da instituio a AssistenteSocial Geracina Olmpio de Melo assume a diretoria da instituio e atualmente ainda seencontra na mesmo com a mesma funo.Tem como objetivo oferecer um norte seguro, para as mulheres que l cumprem asano imposta, tendo como prioridade, manter atuante a proposta da reabilitao com aressocializao, consagrando todo um empenho voltado fundamentalmente reaeducacional, que visa principalmente uma futura profissionalizao. Mesmo com todas asrestries cumprem suas penas, sabendo que esto sendo preparadas para um futuro comprofissionalizao e condio de recomearem. Isso, em razo do empenho de toda a Direo,equipe e Secretria, diferentemente daquelas, que esto apenas e to somente cumprindocastigo, sem nenhuma perspectiva, nem objeto reabilitador (Misciasci, 2009).Mantm uma pequena populao carcerria e conta com uma boa estrutura e comvrios programas e projetos de reabilitao e ressocializao para atender as 94 (atualmente)detentas que cumprem pena na unidade prisional, onde vrios profissionais como a (01)Diretora, (01) Secretria, (20) Agentes Penitencirios, (01) Assistente Social, (01) Psiclogo e43 44. (01) Mdico, buscam oferecer um atendimento satisfatrio e positivo s detentas. Sodesenvolvidos e praticados algumas atividades e projetos que ajudam as detentas a no teremuma vida to ociosa dentro da penitenciria, e que objetiva atender as necessidades dasdetentas, tanto como de ressocializar.O trabalho de ressocializao da penitenciria feminina de Teresina acompanhadapelo Servio Social tem vrias atividades que ajudam as detentas a no terem uma vida toparada dentro da instituio penitenciria. Aprendem alguns ofcios desenvolvidos etrabalhados por profissionais em diversas reas, profissionais, culturais, sociais, educacionaise artesanato, acompanhadas pela Assistente Social Rossana Duarte e pela prpria Diretora dapenitenciria Geracina Olimpio.3.1 ASPCTOS METODOLGICOSEsta monografia consiste numa pesquisa qualitativa que tem por objetivo analisara Contribuio do Servio Social no Sistema Penitencirio Feminino de Teresina. A propostade estudo caracteriza-se como bibliogrfica exploratria e documental, prevendo na suaexecuo duas etapas principais que leitura bibliogrfica da literatura pertinente do tema euma pesquisa de campo com abordagem qualitativa. A abordagem qualitativa aprofunda-se nomundo dos significados das aes e relaes humanas, um lado no perceptvel e no captvelem equaes, mdias e estatsticas (Minayo, 2003, p. 22).Segundo Martinelli (1999, p. 115) a pesquisa qualitativa uma pesquisa que seinsere no marco de referncia da dialtica, direcionando-se, fundamentalmente, pelosobjetivos buscados. De acordo com Gil (1994, p. 23) a dialtica contrria a todoconhecimento rgido. Tudo visto em constante mudana: sempre h algo que nasce e sedesenvolve e algo que se desagrega e se transforma.Para coleta de dados s tcnicas utilizadas foram entrevistas semi-estruturadascom a participao de 05 (cinco) detentas entre 26 e 52 anos, de uma 01 (uma) Diretora, 01(uma) Assistente Social, 01 (uma) Psicloga e 01 (um) Mdico. Sendo aplicado ainda umquestionrio com o perfil socioeconmico da detentas.A entrevista foi gravada, com a permisso dos entrevistados, e logo depoistranscrita. Vale ressaltar que as entrevistas foram realizadas no perodo de julho dezembro44 45. de 2009 na Penitenciria Feminina de Teresina. Os dados coletados sero analisados e senecessrio ser utilizado tabelas e/ou grficos para expor alguns dados.Para o desenvolvimento da pesquisa os sujeitos sero convidados a participarespontaneamente, com garantia do anonimato de sua identidade e esclarecidos da importnciadesta pesquisa com aplicao do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dadosselecionados foram sistematizados, organizados e analisados luz dos fundamentos tericos emetodolgicos escolhidos e apontados acima.3.2 PERFIL DAS DETENTASEncontram-se poucos relatos sobre o perfil socioeconmico das detentasbrasileiras. Talvez porque no seja de interesse de muitos pesquisadores ou at mesmo demuitos acadmicos, procura-se trazer o perfil socioeconmico das detentas da PenitenciriaFeminina de Teresina.A populao carcerria da Penitenciria Feminina de Teresina atende somente aosexo feminino. Tem uma populao extremamente jovem, mais o nmero de prises demulheres mais velhas vem crescendo, de forma que a idade mnina de 18 anos e a mximade 67.Magalhes (1999, p.101), ressalva que o perfil das detentas brasileiras demulheres jovens entre 25 35, com exceo de poucas mais velhas. Sendo assim observa-seque a populao carcerria extremamente jovem. 42% das detentas so negras e mulatas.Na Penitenciria Feminina de Teresina, de acordo com a tabela abaixo quecomprova a fala do autor, tem com maior populao detentas extremamente jovem comidades entre 18 anos e 30 anos, a outra parte so de mulheres com mais de 30 e a minoria sode mulheres idosas (em regime fechado), a maioria so mes, 52% so mulatas e negras.Como em todo o Brasil, na Penitenciria Feminina de Teresina no existe um pavilhodestinado idosas, muito menos estrutura para a convivncia das mesmas.Mir (2004, p. 209) afirma que o idoso representa uma pequena poro dapopulao carcerria e que para a estatstica carcerria so consideradas pertencentes terceira idade pessoas com mais de 55 anos. Os crimes cometidos pelas mulheres idosas, omais vulgar o trfico de drogas, 53%.45 46. Atualmente o nmero de detentas de 94, das quais so separas por pavilhes A eB de acordo com o delito que cometeram.TABELA I: QUANTIDADE DE DETENTAS POR FAIXA ETRIAIdade N de detentasMenos de 30 anos 68Mais de 30 anos 24Idosas 02Fonte: Pesquisa Direta / 2009As detentas so separadas por pavilhes, o pavilho das sentenciadas e o pavilhodas provisrias que aguardam custdia. A presena das detentas sentenciadas sendo emminoria de (18,09%), o nmero de mulheres provisrias que aguardam julgamento de(81,91%), ambas compartilham as mesmas condies de encarceramento. Mesmo noconstando na tabela (2,82%) das detentas entrevistadas falaram de outras prises anteriores eo tempo mdio de encarceramento que foi variando de um ms a 12 anos (trs detentas). Umadenta idosa do Rio de Janeiro j havia sido presa por 12 anos na cidade natal por trfico dedrogas.A lentido do poder judicirio acarreta em vrias conseqncias em um presdio, somontantes de processos empilhados e poucos profissionais para atend-los que implicam nasuperlotao poucos dos detentos conseguem ter acesso ao julgamento devido a o atendimentopor ordem de chegada dos processos, quando no acontece a superlotao. As detentas (os) queesto aguardando custdia so em nmero bem maior que as (os) sentenciadas (os) devido aoproblema.A principal caracterstica do Poder Judiciria lentido com que so julgados osprocessos. Muitas vezes o crime prescreve e criminosos sai impune Pires (2006, p.29).Segue a tabela:TABELA II: QUADRO DOS PAVILHES E NMERO DE DENTASA Sentenciadas N de detentas 1746 47. B Provisrias N de detentas 77Outras prises Ms a 12 anos N de detentas 03Fonte: Pesquisa Direta / 2009Atualmente, Magalhes (2001, p. 96) explana que as causas da criminalidadefeminina de acordo com estudos realizados em 12 a 14 de novembro de 1998, pela delegadada delegacia da mulher em Braslia Dbora de Sousa Meneses na maioria acontece em casanos fins de semana quando os companheiros ou maridos comeam tomar bebidas alcolicassurgindo ento as brigas que terminam em tragdias. O autor ainda atribui o trfico leescorporais, homicdios, subornos, estelionato, fazendo com que a mulher deixe de serexclusivamente a vtima e se torne autora de crimes.Soares (2002, p.35), numa pesquisa na penitenciria Nelson Hungria RJ,afirma:Um relato chocante foi o da mulher que matou o marido: a mulher de 45 anosesfaqueou o marido, acarretou durante anos um dio mortal por ele ter estuprado afilha do casal, quando a menina no passava de um beb de trs meses. O marido amaltratava desde que se casaram. Sobreviveu a golpes de faca.So vrios os fatores que colaboram para a criminalidade feminina, no quejustifiquem seus crimes, nem o desrespeito e falta de dignidade que as mesmas vivem nospresdios. Muitas mulheres relacionam-se com homens que cometem algum tipo de crime,passando a auxili-los. Outras sofrem maus tratos pelos companheiros e terminam porcometer assassinato do mesmo para defender-se ou vingar-se. A questo da pobreza tambminfluencia a entrada para o mundo do crime, quando no se tem o que comer, onde morar, oque estiver como facilidades para suprir tais necessidades sero feitas, como, roubo, furto,drogas, extorso e seqes