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Sistema de produção para a cebola Santa Catarina (4 a revisão) ISSN 1414-6118 Agosto/2013 SISTEMAS DE PRODUÇÃO N o 46 Claudinei Kurtz Daniel Rogério Schmitt Édio Zunino Sgrott Gerson Henrique Wamser Hernandes Werner Ilói Antunes dos Santos José Volni Costa Paulo Antônio de Souza Gonçalves Sérgio Dias Lannes Vivian Carré-Missio Coordenador Pesq. Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior Eng.-agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Ituporanga Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Florianópolis 2013

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Sistema de produçãopara a cebola

Santa Catarina

(4a revisão)

ISSN 1414-6118Agosto/2013

SISTEMAS DE PRODUÇÃO No 46

Claudinei KurtzDaniel Rogério Schmitt

Édio Zunino SgrottGerson Henrique Wamser

Hernandes WernerIlói Antunes dos Santos

José Volni CostaPaulo Antônio de Souza Gonçalves

Sérgio Dias LannesVivian Carré-Missio

CoordenadorPesq. Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior

Eng.-agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Ituporanga

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa CatarinaFlorianópolis

2013

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Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 50288034-901 Florianópolis, SC, BrasilFone: (48) 3665-5000, fax: (48) 3665-5010Site: www.epagri.sc.gov.brE-mail: [email protected]

Editado pela Gerência de Marketing e Comunicação (GMC)/Epagri.

Coordenação: Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior

Assessoria científica deste trabalho: Anderson Luiz FeltrimJanice Valmorbida

Revisão: João Batista Leonel GhizoniArte-final: Zélia Alves SilvestriniCapa: Vilton Jorge de Souza

Primeira edição (1a revisão): agosto de 1983Primeira edição (2a revisão): março de 1991Primeira edição (3a revisão): setembro de 2000Primeira edição (4a revisão): julho de 2013Tiragem: 1.350 exemplaresImpressão: Editograf

É permitida a reprodução parcial deste trabalho desde que citada a fonte.

EPAGRI. Sistema de produção para a cebola: Santa Catarina(4. Revisão). Florianópolis: 2013. 106p. (Epagri. Siste-mas de Produção, 46).

Cebola; Prática cultural.

ISSN 1414-6118

O

Ficha catalográfica

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APRESENTAÇÃO

A cebola (Allium cepa) é uma espécie anual amplamente cultivadae apreciada em todo o mundo e de grande importância no mercadoalimentício. A cultura da cebola é, na atualidade, a terceira olerácea emimportância econômica para o Brasil, constituindo-se na principalatividade de aproximadamente 60,5 mil famílias. Dados do IBGE revelamque na safra 2010 foi produzido cerca de 1,8 milhão de toneladas em70,5 mil hectares, com produtividade média de 24,8t/ha.

O estado de Santa Catarina notabiliza-se por ser o maior produtornacional. Em 2010 foram produzidas 561,2 mil toneladas de cebola, 32%do total produzido no País, numa área de 22,2 mil hectares. Essa produçãose concentra principalmente na região do Alto Vale do Itajaí, nasmicrorregiões de Ituporanga e Tabuleiro. Estima-se que a cultura seja aprincipal atividade econômica de mais de 12 mil famílias. Na safra de2010, o valor bruto de produção atingiu mais de R$416 milhões. Taisfatos evidenciam a indiscutível importância socioeconômica da culturapara o estado catarinense.

Diante da crescente demanda do setor produtivo por novastecnologias, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado daAgricultura e da Pesca e da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária eExtensão Rural de Santa Catarina), apresenta a quarta revisão do Sistemade produção para a cultura da cebola.

Nesta revisão contribuíram pesquisadores, extensionistas,profissionais liberais e outros técnicos, com o intento de atualizarinformações e incorporar novas tecnologias às condições do estado deSanta Catarina, principalmente para a região cebolicultora, o que resultouno Sistema de Produção proposto. Tem por objetivo propiciar condiçõespara a promoção do desenvolvimento rural sustentável do setor,viabilizando de forma econômica e ambiental as propriedades agrícolas,de modo que, para o agricultor e sua família, se constituam em fonte deestabilidade econômica, saúde e bem-estar, bem como garantia deliberdade, dignidade e satisfação, e aos consumidores a segurança daaquisição de um produto saudável e de alta qualidade.

A Diretoria Executiva

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SUMÁRIO

1 Aspectos socioeconômicos .................................................... 71.1 Produção mundial ............................................................... 71.2 Produção nos países do Mercosul ...................................... 91.3 Produção nacional ............................................................ 101.4 Produção estadual ............................................................. 141.5 Caracterização do produtor catarinense ......................... 15

2 Operações técnicas ............................................................. 152.1 Escolha do cultivar ............................................................ 152.2 Produção de mudas ........................................................... 19

2.2.1 Preparo do solo e dimensão dos canteiros ............... 192.2.2 Correção da acidez e adubação do solo em sistemaconvencional ........................................................................ 202.2.3 Correção da acidez e adubação do solo em sistemaagroecológico ...................................................................... 232.2.4 Semeadura e manejo de plantas indesejáveis .......... 232.2.5 Manejo fitossanitário nos canteiros de produçãode mudas .............................................................................. 252.2.6 Poda no canteiro de mudas ........................................ 25

2.3 Transplante ........................................................................ 262.3.1 Época de transplante e tamanho das mudas ......... 26

2.3.2 Espaçamentos .......................................................... 26

2.4 Manejo do solo .................................................................. 272.4.1 Preparo do solo ........................................................ 272.4.2 Práticas conservacionistas ..................................... 292.4.3 Calagem ..................................................................... 302.4.4 Recomendação de adubação ................................... 322.4.5 Principais problemas nutricionais da cultura dacebola no Alto Vale do Itajaí ............................................. 35

2.5 Sistema de semeadura direta ............................................ 41

2.6 Manejo da água ................................................................. 43

2.6.1 Canteiros de produção de mudas ............................ 432.6.2 Fase de produção de bulbos .................................... 45

3 Fitossanidade ...................................................................... 473.1 Manejo de doenças na cultura da cebola ........................ 47

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3.1.1 Queima acinzentada ou sapeco (Botrytis squamosa) ......................................................................... 473.1.2 Míldio ou mofo (Peronospora destructor) ................. 493.1.3 Mancha púrpura (Alternaria porri) ........................... 513.1.4 Raiz rosada (Phoma terrestris) .................................. 533.1.5 Podridão branca (Sclerotium cepivorum) ................. 543.1.6 Nematoide (Ditylenchus dipsaci) ............................... 553.1.7 Bacterioses (Burkholderia cepacia, Burkholderiagladioli e Pectobacterium caratovorum subsp.carotovorum) e falso carvão ou mofo preto(Aspergillus niger) ............................................................... 57

3.2 Manejo de pragas da cebola ............................................. 603.2.1 Manejo de pragas da cebola na fase de canteiro ... 603.2.1.1 Vaquinha (Diabrotica speciosa) .............................. 613.2.1.2 Mosca da cebola (Delia platura) ........................... 623.2.1.3 Grilo (Gryllus assimilis) ........................................... 643.2.2 Manejo de pragas da cebola na fase de lavoura(pós-transplante) ............................................................... 643.2.2.1 Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) ............................... 643.2.2.2 Larvas de moscas (Delia platura; Pseudosciarapedunculata) ...................................................................... 663.2.2.3 Piolho da cebola, ou trips da cebola (Thrips tabaci) .................................................................... 673.2.2.4 Larva de mosca-minadora (Liriomyza sp.) ............ 71

3.3 Manejo de plantas indesejáveis ....................................... 723.3.1 Plantas indesejáveis ............................................... 743.3.2 Manejo e controle ................................................... 75

4 Colheita, cura e armazenamento ........................................ 814.1 Colheita ......................................................................... 814.2 Cura ................................................................................ 824.3 Armazenamento ............................................................. 83

5 Comercialização, classificação e embalagem .................... 855.1 Comercialização ........................................................... 855.2 Classificação e embalagem ......................................... 87

6 Índices técnicos .................................................................... 886.1 Custos de produção ........................................................ 88

Literatura consultada .............................................................. 91

Anexo 1 ..................................................................................... 95

Anexo 2 ................................................................................... 105

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1 Aspectos socioeconômicos1

A cebola é considerada a terceira cultura olerácea de im-portância econômica para o Brasil, ficando atrás, apenas, do to-mate e da batata. A cebolicultura constitui-se em atividadesocioeconômica de significativa relevância para os estados deSanta Catarina, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul, nos quais seconcentram aproximadamente 70% da produção nacional.

A importância social e econômica da cebolicultura pode seravaliada pela geração de emprego e renda, fixando o agricultor esua família ao meio rural. Envolve, no País, cerca de 60.500 famí-lias, que se dedicam a essa atividade e, no Estado, mais de 18 milfamílias de agricultores que a têm como principal cultura.

Em Santa Catarina, a cebola destaca-se como a principalhortaliça cultivada, tanto em termos de área de plantio como novolume e no valor bruto de produção. Na safra de 2009/10, o valorbruto de produção correspondeu a mais de R$232 milhões, e nade 2010/11, a cerca de R$137 milhões.

A cebola é cultivada em quase todos os municípios, concen-trando-se nas microrregiões de Ituporanga, Tabuleiro, Joaçaba eRio do Sul. Essas regiões apresentaram, na safra de 2009/10, umaparticipação de 75,9% da área plantada e de 80,5% da produçãoobtida em Santa Catarina. Na safra de 2010/11, a distribuiçãopercentual da cultura da cebola nos principais municípios produ-tores em relação ao Estado foi a seguinte: Ituporanga: 26,7%,Alfredo Wagner: 21,1%, Aurora: 6,1%, Imbuia: 6%, Lebon Régis:5,3%, Vidal Ramos: 4%, Bom Retiro: 3,2%, Chapadão do Lajeado:2,7%, Leoberto Leal: 2,6%, Curitibanos: 2,4%. Os dez maioresmunicípios produtores totalizam aproximadamente 80% da pro-dução estadual.

1.1 Produção mundialA produção mundial de cebola, de acordo com as estimati-

vas da FAO, foi de 78,53 milhões de toneladas em 2010, com área

1 No Anexo 2 está a lista de colaboradores deste trabalho, por ordem alfabética, jun-tamente com sua titulação, especialidade e endereço para contato.

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de cultivo de 4,04 milhões de hectares/ano. Os maiores produto-res mundiais têm sido os países do continente asiático, principal-mente China e Índia, que respondem por 47,3% da oferta mundi-al. Esses países têm produção elevada devido à grande área plan-tada, mas a produtividade é baixa. Tecnologia de produção ade-quada é empregada nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Áustria,Bélgica, Países Baixos e Reino Unido, todos com produtividademédia superior a 35t/ha, enquanto a média mundial é de 19,5t/ha, conforme se pode verificar na Tabela 1, elaborada pela Epagri/Cepa.

Tabela 1. Área colhida, quantidade obtida e rendimento médio dacultura da cebola no mundo, 2010(1)

Área Quantidade RendimentoPaís colhida obtida médio

(mil hectares) (mil toneladas) (t/ha)China 956 22.058 19,5Índia 1.064 15.11 23,1Estados Unidos 60 3.338 14,2Egito 62 2.208 55,3Irã 56 1.923 35,9Turquia 63 1.900 34,5Brasil 70 1.753 30,3Paquistão 125 1.701 24,9Federação Russa 88 1.536 13,6Coreia do Sul 22 1.412 17,5Outros países 1.468 25.587 17,4

Total mundial 4.034 78.535 19,5Fonte: FAOSTAT (2012).Elaboração: Epagri/Cepa (2010).(1) Dados sujeitos a confirmação.

De acordo com as informações apresentadas, o Brasilparticipou, na safra de 2010, com 2,3% da produção mundial.

Na América do Sul, na safra 2009/10, a produção contribuiucom 5,4% da oferta mundial, destacando-se Brasil, Peru,

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Argentina, Colômbia, Chile e Venezuela, os quais, no conjunto,representam cerca de 97% da produção sul-americana.

1.2 Produção nos países do MercosulDe acordo com as estimativas da FAO, o Brasil é o maior

produtor de cebola do Mercosul, conforme se observa na Tabela2. A área de plantio de cebola no conjunto dos países alcançou,em 2010, mais de 100 mil hectares, e o Brasil é responsável porcerca de 70% da área plantada, seguido pela Argentina, com apro-ximadamente 25% do total. Em termos de volume de produção,Brasil e Argentina produzem mais de 98% da cebola do Mercosul.

Tabela 2. Área cultivada, produtividade média e produção de cebolanos países do Mercosul de 2000 a 2010

País 2000 2005 2010

.................... Área (mil ha/ano .......................Argentina 20,0 26,0 24,8(1)

Brasil 66,3 58,4 70,4Paraguai 8,2 4,6 5,7(1)

Uruguai 2,5 1,9 1,4

Total 97,0 90,9 102,3................... Produtividade (t/ha) ......................

Argentina 27,3 29,4 38,9(1)

Brasil 17,2 19,5 24,9Paraguai 4,1 6,0 6,1(1)

Uruguai 8,0 14,7 12,5

Média 17,9 21,6 27,1

............... Produção (mil t/ano) ...........................Argentina 545,1 764,8 964,9(1)

Brasil 1.141,8 1.138,7 1.753,3Paraguai 34,0 27,5 35,0(1)

Uruguai 20,0 27,9 17,5

Total 1.740,9 1.958,9 2.770,7Fonte: FAOSTAT (2012).(1) Estimativa FAO.

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A peculiaridade brasileira de possuir várias safras no decor-rer de um ano faz com que o mercado nacional seja abastecidocom quantidade de cebola equivalente às necessidades de con-sumo. A implantação do Mercosul possibilitou à Argentina ofertarao mercado brasileiro parte da sua produção, que se sobrepõe aoperíodo de comercialização da cebola produzida na região Sul doBrasil, gerando dificuldades aos produtores de Santa Catarina edos demais estados da região.

Outros países-membros do Mercosul, o Uruguai e o Paraguaiapresentam produção menor e insuficiente até mesmo para oatendimento de suas demandas internas.

Em termos de produtividade, a Argentina lidera o grupo commédias de aproximadamente 39t/ha, enquanto o rendimentobrasileiro varia de 17 a 65t/ha dependendo da região produtora.A maior produtividade resulta de utilização de melhor tecnologiade produção, caracterizada principalmente pelo uso de híbridos,irrigação, alta densidade populacional, mecanização da cultura,rotação de culturas, disponibilidade de sementes de boa quali-dade, além de condições climáticas favoráveis. Essa diferença norendimento reflete-se diretamente no custo de produção, tor-nando a cebola proveniente da Argentina ou do Cerrado Brasilei-ro mais competitiva.

1.3 Produção nacionalA cebola no Brasil é plantada comercialmente desde a re-

gião Sul até o Nordeste. Nessa distribuição geográfica destacam--se, de acordo com o IBGE e a Epagri/Cepa, os seguintes estados:Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Minas Ge-rais, Bahia e Pernambuco. Na Tabela 3 é apresentada a evoluçãoda produção brasileira.

Santa Catarina, nos últimos anos, lidera a produção brasilei-ra de cebola. Desde a safra de 1997/98, com a modernização dossistemas de produção, o Estado vem se distanciando de São Pau-lo, Bahia e Rio Grande do Sul com incrementos constantes novolume produzido (Tabela 3). Quanto à área plantada, também seobserva essa diferença, pois as estimativas indicam que na safrade 2010 foram cultivados em São Paulo 5.537 hectares, ao passoque em Santa Catarina foram cultivados 22.181 hectares.

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Tabela 3. Evolução da produção brasileira de cebola (em mil

toneladas) nas safras de 2008 a 2010

Safra

2007/08 2008/09 2009/10Santa Catarina 377,0 454,3 561,2São Paulo 188,0 211,3 167,3Rio Grande do Sul 145,1 171,7 180,2Pernambuco 111,9 142,9 108,0Bahia 256,0 225,0 297,1Paraná 105,9 129,7 132,9Minas Gerais 116,4 110,3 118,7

Brasil 1.299,8 1.364,1 1.753,3

Fonte: Epagri/Cepa (2011), IBGE (2010).

Na safra de 2010, ocorreram algumas modificações no cená-rio nacional, principalmente com a produção do estado da Bahia,que atingiu 297,1 mil toneladas, inferior apenas à do Estado deSanta Catarina, numa área de cultivo de 12.654 hectares, com pro-dutividade de aproximadamente 23,5t/ha. Já o estado de MinasGerais destaca-se pela alta produtividade alcançada. Nesse esta-do, o uso de extensas áreas em cultivo irrigado por pivô central,onde a semeadura é realizada por máquinas de precisão e o ma-nejo é mecanizado, somam-se as condições edafoclimáticas alta-mente favoráveis à cultura da cebola, sendo alcançados com oshíbridos níveis de produtividade superiores a 65t/ha. Contudo,essa é uma realidade regional que não pode ser estendida àsdemais regiões cebolicultoras brasileiras.

A análise da produtividade média da cebola nos principaisestados produtores, conforme pode ser verificado na Tabela 4,revela uma variação entre eles, e Minas Gerais se destaca commaior rendimento, bem acima da média mundial. Na safra de1998/99, Santa Catarina passou para o segundo lugar no cenárionacional, com produtividade superior à média brasileira e comtendência de aumentos gradativos e constantes em função daadoção de tecnologias adequadas à produção na região. Cabe lem-brar também que os estados de São Paulo, Bahia, Pernambuco e

Estado

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Minas Gerais adotam em suas lavouras um pacote tecnológicoque inclui a irrigação aliada a altas densidades populacionais. Tam-bém é preciso considerar que, nesses Estados, a cebola écomercializada logo após a colheita, enquanto nos Estados do Sula produção é armazenada por um período que poderá chegar aaté 5 meses, originando perdas que não são computadas no cál-culo da produtividade, pois esta é calculada sobre o que é efeti-vamente comercializado.

Tabela 4. Evolução do rendimento médio da cebola (t/ha) nos princi-pais estados produtores brasileiros no período de 1975 a 2010

Safra

74/75 79/80 84/85 89/90 94/95 99/00 04/05 09/10

São Paulo 8,5 16,8 16,5 17,6 22,2 25,7 29,5 30,2Santa Catarina 7,6 8,4 9,7 10,8 10,3 18,8 17,8 25,3Rio Grande do Sul 7,1 7,4 9,5 7,6 7,8 10,9 12,9 16,2

Bahia 4,7 10,6 7,9 13,5 13,6 16,5 24,3 23,5Pernambuco 8,5 12,5 9,6 12,5 14,0 15,4 17,8 20,6Paraná 3,8 5,0 6,0 8,0 8,9 10,2 13,8 17,37

Minas Gerais 4,6 5,7 - - 12,7 26,8 41,4 56,5

Brasil 6,6 10,4 11,0 11,7 12,6 17,4 19,2 24,9Fonte: Saturnino & Tavares (1980), Informe Agropecuário - FIBGE (1981); IBGE (2010);Epagri/Cepa (1976 a 2011).

A diversidade edafoclimática permite uma boa distribuiçãode safras com o plantio de diferentes cultivares nas diversas regi-ões geográficas. As de ciclo médio e tardio, com maior pungência,mais exigentes em fotoperíodo e com boa capacidade de arma-zenagem são cultivadas no sul do País, enquanto as híbridas e deciclo precoce, mais suaves, que se satisfazem com um compri-mento de dia menor, são plantadas principalmente na regiãoNordeste e em São Paulo e são comercializadas imediatamenteapós a colheita ou a cura, sem passar pelo processo dearmazenamento.

Examinando a Tabela 5, observa-se que hoje, praticamente,não há mais entressafra de cebola no Brasil, e que o mercadonacional é abastecido de maneira satisfatória durante todo o ano. No

Estado

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entanto, embora possa ser observada na Tabela 5 uma boa distribui-ção de safras, a oferta de cebola no mercado interno tem mostradoperíodos de excesso de oferta e outros de escassez do produto. Essaoscilação está relacionada a fatores climáticos e aos preços recebi-dos pelos produtores, criando dificuldades na área do abastecimen-to. Essa situação também interfere na tomada de decisão do produ-tor quanto à área que será cultivada na safra subsequente, pois eleplaneja a produção da safra seguinte levando em consideração opreço recebido pelo produto naquela safra.

Outro fator a ser considerado é que, quando ocorre falta decebola no mercado doméstico, geralmente ocorrem as importa-ções, facilitadas pela elevação dos preços nos períodos de escas-sez do produto. Diversos países têm abastecido o Brasil nessesmomentos, mas a Argentina, por ser vizinho e parceiro doMercosul, tem sido o maior fornecedor, principalmente de marçoa outubro, que é o período em que aquele país dispõe de cebolapronta para exportação (Tabela 5).

Tabela 5. Calendário da colheita e comercialização de cebola no Brasile na Argentina, 2003

Mês de comercialização1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Santa CatarinaColheita X - - - - - - - - - X XComercialização X X X X X X - - - - - -Rio Grande do SulColheita - - - - - - - - - X X XComercialização X X X X - - - - - - X XParanáColheita - - - - - - - - - X X XComercialização X X X X X - - - - X X XSão PauloColheita - - - - X X - X X - X XComercialização - - - - X X X X X X X XPernambuco e BahiaColheita X X X X X X X X X X X XComercialização X X X X X X X X X X X XMinas GeraisColheita - - - - X X X X X - - -Comercialização - - - - X X X X X X - -Argentina - - X X X X X X X - -

Fonte: Anace (2003).

Estado

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No Brasil ainda predomina o consumo de cebola in natura,na forma de saladas e condimentos. Estima-se que o volume decebola industrializada não ultrapasse 6% da produção nacional.

O consumo humano de cebola in natura no Brasil situa-sepróximo a 4,7kg per capita, ao passo que na Argentina esse valoré de 10kg, no Uruguai, 7,7kg e no Paraguai, 7kg.

1.4 Produção estadualSanta Catarina detém, desde 1985, a maior área plantada

com cebola no Brasil, chegando a cultivar, na safra de 1991/92,uma área de 29.733 hectares. Na safra de 1998/99 foram cultiva-dos 21.806 hectares, que proporcionaram uma produção de348.630 toneladas e rendimento de 15,9t/ha, superior à médiabrasileira. Na safra de 1999/00 foram cultivados 24.241 hectares,os quais resultaram na produção de 455.836 toneladas e rendi-mento de 18,8t/ha, novamente superior à média brasileira.

O volume de produção destaca o estado de Santa Catarinacomo líder nacional, conforme pode ser observado na Tabela 3.

A expansão do cultivo da cebola no Estado se deve princi-palmente a:• investimentos públicos na assistência técnica, extensão rural e

pesquisa agropecuária, pelo Governo estadual;• maior densidade econômica da cultura, quando comparada com

as demais atividades agrícolas;• maior proximidade dos centros consumidores, em relação ao Rio

Grande do Sul, que até 1985 era o principal produtor da região Sul;• disponibilidade de cultivares adaptados, bem aceitos no mercado

e com boa capacidade de conservação no armazenamento, princi-palmente os cultivares Epagri 362 Crioula Alto Vale e Empasc 352Bola Precoce;

• infraestrutura de armazenagem e comercialização instalada naregião produtora;

• malha viária estadual que permite escoamento da safra com faci-lidade, independentemente das condições de clima e tempo; e

• condição de ser uma atividade característica da Agricultura Famili-ar, desenvolvida por pequenos agricultores e suas famílias, com omáximo de empenho e dedicação.

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1.5 Caracterização do produtor catarinenseDe modo geral, os produtores de cebola de Santa Catarina

também cultivam milho e fumo, exploram a bovinocultura deleite, plantam outras hortaliças, dedicam-se à suinocultura e cul-tivam outros produtos para consumo na propriedade agrícola. Emaproximadamente 70% da área cultivada com cebola é realizadoo cultivo sequencial de milho, objetivando, principalmente, oaproveitamento da adubação residual da cultura da cebola. Tam-bém está sendo utilizada a adubação verde, dentro de um siste-ma de sucessão de culturas.

Atualmente, cerca de 80% dos produtores que cultivam acebola adotam alguma prática conservacionista, e em torno de40% utilizam o cultivo mínimo. Dos equipamentos utilizados, 20%são de tração animal, 65% são tracionados com microtratores e15% com tratores, muitos deles adaptados para a prática do culti-vo mínimo.

A cultura da cebola caracteriza-se por ser uma atividadedesenvolvida em regime de economia familiar. Nos períodos demaior concentração de trabalho, são contratados serviços de ter-ceiros ou é feita a permuta de serviços entre os agricultores. Essacultura está presente em aproximadamente 12 mil propriedadesrurais. Em cerca de 75% delas os produtores são proprietários, e orestante trabalha em regime de parceria, ocupação e arrenda-mento. As propriedades são pequenas – 30% delas têm menos de10 hectares, e 66% tem área de 10 a 100 hectares.

A grande maioria dos cebolicultores possui imóveis com áreainferior a 25 hectares, geralmente de topografia acidentada ecultivam em média 2 hectares de cebola.

2 Operações técnicas

2.1 Escolha do cultivarA escolha do cultivar adequado para o cultivo da cebola é

um fator determinante para o sucesso da lavoura. Isso ocorre pelofato de a espécie e seus cultivares apresentarem exigências fisi-ológicas diferenciadas para a formação de bulbos e oflorescimento. Outro fator importante diz respeito à preferência

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do mercado consumidor, que seleciona cebolas com bulbos decoloração amarela, pungentes, de formato globular, firmes, uni-formes e de tamanho médio, ou seja, cebolas pertencentes àclasse 3, apresentando o maior diâmetro transversal entre 50 e70mm. Logo, para o bom desempenho da cebolicultura é neces-sário utilizar cultivares de alto potencial produtivo e qualitativo.

Os cultivares de cebola utilizados em Santa Catarina sãoagrupados de acordo com o ciclo em: superprecoces, precoces emédios, apresentando características diferenciadas, conformedescrito abaixo:

Ciclo superprecoce – cultivares semeados em abril e trans-plantados em junho. Apresentam menor exigência quanto aofotoperíodo e sua colheita é realizada durante o mês de outubro.Seu cultivo é recomendado para regiões de menor altitude (abai-xo de 500m) a fim de evitar o florescimento prematuro. Trata-sede uma nova opção para o produtor, pois permitem antecipar operíodo de colheita em aproximadamente 20 dias em relação aoscultivares de ciclo precoce.

Ciclo precoce – cultivares semeados em abril/maio e trans-plantados em junho/julho. Representam atualmente a maior áreaplantada no Estado, substituindo os cultivares de ciclo médio.Sua utilização cresceu muito nos últimos anos, pois possuem ca-racterísticas de coloração e armazenamento semelhantes às doscultivares de ciclo médio, mas com a vantagem de a colheita serantecipada para novembro, evitando os problemas relacionadoscom o excesso de chuva, calor e ocorrência de granizos próximosà colheita.

Ciclo médio – cultivares semeados em maio/junho e trans-plantados em agosto/setembro. Já representaram a maior áreacultivada no Estado, mas vêm perdendo espaço para os cultivaresprecoces e agora os superprecoces. Por outro lado, estão sendoutilizados em novas áreas de cultivo no Estado, principalmenteno Meio-Oeste, Planalto Serrano e Planalto Norte. Por apresen-tarem uma película mais resistente, são mais indicados para oarmazenamento.

Fotoperíodo e temperatura do ar são os fatores ambientaisque mais influenciam o desenvolvimento da cultura da cebola e,consequentemente, a produtividade. Os cultivares utilizados no

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Estado têm como fotoperíodo crítico, em condições normais detemperatura, o mínimo de 12 a 14 horas de luz, ou seja, mesmoque tenham sido atendidas as exigências de luminosidade, a tem-peratura pode interferir na formação dos bulbos, e temperaturasabaixo de 15oC por períodos prolongados podem retardar esseprocesso e induzir o florescimento prematuro. O ideal são tem-peraturas entre 15 e 25oC para a indução da formação de bulbos.Por esse motivo, nas áreas do Planalto Norte, Planalto Serrano eMeio-Oeste do Estado, não se recomenda o plantio de cultivaresprecoces. Outro cuidado a ser tomado é não atrasar o plantio doscultivares; fazê-lo conforme a época recomendada, pois com oaumento do fotoperíodo haverá a indução antecipada da forma-ção de bulbos, e a cultura não terá tempo suficiente para se de-senvolver adequadamente, consequentemente produzindo mui-tos bulbos com classes abaixo do padrão comercial.

A escolha do cultivar ideal de cebola para cada região,visando atender o mercado consumidor, deve levar em consi-deração, além das características qualitativas e quantitativasdo bulbo, o ciclo e a respectiva época de plantio, de forma apropiciar o escalonamento e a melhor distribuição das ativida-des de transplante e colheita, as quais exigem grande quanti-dade de mão de obra.

Os cultivares desenvolvidos pela Epagri e recomendadospara o cultivo da cebola em Santa Catarina, com suas principaiscaracterísticas, épocas de semeadura, transplante e colheita, sãoapresentados na Tabela 6. Esses cultivares foram desenvolvidoscom germoplasma selecionado na região do Alto Vale do Itajaí e,por consequência, são mais bem adaptados às condiçõesedafoclimáticas dessa região. Contudo, apresentam também bomdesenvolvimento nas demais regiões do Estado, bem como nosestados do Paraná e Rio Grande do Sul. São cultivares que apre-sentam bom rendimento comercial, boa capacidade de conser-vação no armazenamento e boa resistência às doenças, caracte-rísticas estas que fazem esses materiais genéticos terem melhorqualidade no mercado.

A utilização desses cultivares permite também uma amplafaixa de cultivo, com semeadura de abril a junho e colheita deoutubro a dezembro. Devido à boa capacidade de armazenamento

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de alguns desses cultivares, a comercialização pode estender-seaté maio/junho do ano seguinte. Salienta-se que com oescalonamento da comercialização o produtor de cebola poderáobter um melhor preço médio para sua safra, visto que existeuma oscilação muito grande dos preços pagos ao produtor con-forme a maior ou menor oferta do produto no mercado.

2.2 Produção de mudasIndependentemente do sistema de produção adotado,

convencional ou agroecológico, o local onde serão estabeleci-dos os canteiros de produção de mudas deve ser de fácil aces-so e inspeção, preferencialmente plano, com exposição solarnorte, livre de plantas daninhas de difícil controle, próximo auma fonte de água e afastado de locais que propiciem a for-mação de sombra e neblina.

O solo deve apresentar boa estrutura, aeração e drenageme proporcionar temperatura adequada à germinação das semen-tes e ao crescimento das mudas. Deve-se dar preferência aos so-los de elevada fertilidade natural e alto teor de matéria orgânicae que tenham sido cultivados anteriormente com adubação ver-de. Dentro do possível, os canteiros devem ser isolados de ani-mais domésticos. Recomenda-se fazer uma rotação anual do lo-cal dos canteiros e não repetir esse local nos três anossubsequentes com vistas à obtenção de mudas sadias, bem de-senvolvidas e vigorosas.

2.2.1 Preparo do solo e dimensão dos canteiros

O solo onde serão estabelecidos os canteiros deve ser ara-do a uma profundidade aproximada de 20cm e, posteriormente,bem destorroado. Os canteiros são então “levantados”, seguindoas linhas de nível do terreno, a uma altura de 10 a 15cm de acordocom a textura do solo e o regimes de chuva da região.

Os canteiros devem ter de 1 a 1,2m de largura e comprimen-to variável de acordo com a área disponível e a necessidade demudas a ser produzidas. Para sua confecção podem ser utilizadosdiversos métodos e equipamentos, porém os mais utilizados ain-da são o uso de enxada rotativa, a demarcação manual com a pá,

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o uso de “roto-encanteirador” e o revolvimento do solo com otrator, sistema este em que os próprios pneus demarcam oscanteiros.

Indica-se que a superfície do canteiro seja uniforme, de pre-ferência com uma leve declividade para evitar o acúmulo de águae reduzir a velocidade de escoamento das águas da chuva ou irri-gação. Em terrenos declivosos, para interceptar a enxurrada pro-veniente de áreas adjacentes recomenda-se a construção de umterraço acima do canteiro. Para facilitar a movimentação entrecanteiros, tratos culturais e fitossanitários, bem como o arrancode mudas, recomenda-se deixar um espaço de 20 a 30cm entre oscanteiros.

Em solos sujeitos ao “selamento superficial”, a operação dedestorroamento não é indicada. Nesse caso, bons resultados têmsido obtidos com a realização de uma aração prévia à semeadura.Entretanto, nessa condição, o uso de irrigações frequentes e empouca quantidade torna-se indispensável.

2.2.2 Correção da acidez e adubação do solo emsistemaconvencional

A correção da acidez do solo, bem como a adubação doscanteiros, deve ser feita com base no laudo da análise do solo.Recomenda-se para a cultura da cebola a elevação do pH do solopara 6. O calcário deverá ser aplicado, no mínimo, 90 dias antes dopreparo dos canteiros, o que garantirá tempo suficiente para quereaja e corrija o solo ao pH desejado.

A adubação dos canteiros pode ser realizada com adubosminerais e orgânicos. Recomenda-se, sempre que possível, queo produtor faça o uso de adubos orgânicos. Esses, além de elevaros teores de nutrientes, contribuem significativamente para amelhora das propriedades físicas e biológicas do solo, melhoran-do a fertilidade como um todo.

Para a adubação orgânica podem ser utilizados, desde quebem curtidos e nas doses indicadas, estercos de diversas origens.A escolha por um ou outro material estará associada à disponibi-lidade na região produtora (Tabela 7).

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O adubo orgânico deve ser incorporado pelo menos 30 diasantes da semeadura e, quando necessário, complementado como mineral. A complementação da adubação orgânica deverá serfeita com nitrogênio, fósforo e potássio, os quais deverão serincorporados ao solo por ocasião de seu preparo. O uso de nitro-gênio mineral em cobertura poderá ser necessário no caso de asplantas apresentarem sintomas de deficiência. Essa situação ocor-re, normalmente, quando há má armazenagem do adubo orgâni-co e em anos chuvosos. Nesses casos, indica-se que aproximada-mente 30 a 40 dias após a semeadura seja realizada uma cobertu-ra nitrogenada com 2 a 4g de N por metro quadrado de canteiro(4,5 a 9g de ureia por m2 ou 6 a 12g de nitrato de amônio por m2).

Na falta de recomendações mais específicas (ausência daanálise do solo), tem-se indicado para os solos da região do AltoVale do Itajaí o uso de 0,5 a 1kg/m2 de esterco de peru e 150 a200g/m2 da formulação 5-20-10.

Na Tabela 8 se encontra a concentração média de nutrien-tes e o teor de matéria seca dos principais adubos orgânicos dis-poníveis para uso na cultura da cebola. É importante mencionarque a concentração de nutrientes e o teor de água em adubosorgânicos variam de acordo com a origem do material, a espécieanimal, a alimentação utilizada, a proporção entre dejetos (fezes+ urina), o material utilizado para a cama e o manejo dado aosmateriais orgânicos. Devido a isso, sempre que possível, reco-menda-se que o material seja analisado previamente em um dos

Tabela 7. Fontes de adubos orgânicos e doses comumente recomenda-das na região do Alto Vale do Itajaí

Dose recomendada(kg/m2)

Cama de aviário(1) 1,5Esterco de peru(1) 1,0Esterco de suínos(1) 5,0Composto 5,0“Vermicomposto” (húmus de minhoca) 5,0

Esterco de curral 5,0

(1) Materiais bem curtidos.

Fonte

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Tabela 8. Carbono orgânico, concentração média de macronutrientes eteor de matéria seca dos principais adubos orgânicos disponíveis parauso na cultura da cebola(1)

Material C-org N(2) P2O5 K2O Ca Mg Matériaorgânico seca

............................. %(m/m)(3)..............................Cama de frango (1 lote) (4) - 3,0 3,0 2,0 - - 70

Cama de frango(3 a 4 lotes) 30 3,2 3,5 2,5 4,0 0,8 75

Cama de frango (5 a 6 lotes) 28 3,5 3,8 3,0 4,2 0,9 75

Cama de frango(7 a 8 lotes) 25 3,8 4,0 3,5 4,5 1,0 75

Cama de peru(2 lotes) 23 5,0 4,0 4,0 3,7 0,8 75

Cama de poedeira 30 1,6 4,9 1,9 14,4 0,9 72

Cama sobrepostade suínos 18 1,5 2,6 1,8 3,6 0,8 40

Esterco sólido desuínos 20 2,1 2,8 2,9 2,8 0,8 25

Esterco sólido debovinos 30 1,5 1,4 1,5 0,8 0,5 20

“Vermicomposto” 17 1,5 1,3 1,7 1,4 0,5 50

Cinza de cascade arroz 10 0,3 0,5 0,7 0,3 0,1 70

kg/m3

Esterco líquidode suínos 9 2,8 2,4 1,5 2,0 0,8 3

Esterco líquidode bovinos 13 1,4 0,8 1,4 1,2 0,4 4(1) Concentração calculada com base em material seco em estufa a 65oC.(2) A fração de N nas formas amoniacais (N-NH3 e N-NH4

+) é, em média, 25% na cama defrangos, 15% na cama de poedeiras, 25% no esterco líquido de bovinos e 50% noesterco líquido de suínos.

(3) Relação massa/massa.(4) Indicações do número de lotes de animais que permanecem sobre a mesma cama.Fonte: Epagri (2000); Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande

do Sul e de Santa Catarina – Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC(2004).

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laboratórios da ROLAS credenciados pela Comissão de Química eFertilidade do Solo – RS/SC.

2.2.3 Correção da acidez e adubação do solo em sistemaagroecológico

No sistema de produção agroecológico de mudas, recomen-dam-se os mesmos cuidados em relação à correção da acidez dosolo. Por sua vez, a adubação dos canteiros deverá ser realizadacom adubos orgânicos, bem curtidos ou compostados, para seevitar a ocorrência de larvas da mosca da cebola (ver seção 3.2.2),e fontes minerais permitidas pelas normas de certificação, comoo fosfato natural e cinzas de materiais não tratados quimicamen-te. Da mesma forma que no sistema convencional, indica-se aanálise do solo a fim de se observar a necessidade do uso de cadauma das fontes de fertilizantes.

Normalmente, nos solos adequadamente corrigidos pelacalagem que receberam adubações orgânicas e, quando necessá-rio, fertilizantes minerais permitidos, nas doses recomendadas,não há necessidade de complementações após a semeadura.

Entretanto, em situações em que o desenvolvimento dasmudas é muito lento, recomenda-se a distribuição de 1 a 2kg deesterco de aviário bem curtido por 10m2 de canteiro após 30 a 40dias da semeadura. Caso necessário, essa adubação poderá serrepetida a cada 15 ou 20 dias após a primeira cobertura.

O uso de biofertilizantes em cobertura na fase de produçãode mudas deverá contar com auxílio técnico, uma vez que o gran-de número de bioformulações existentes não permite a reco-mendação de uma única dose para todos os casos.

2.2.4 Semeadura e manejo de plantas indesejáveis

A semeadura a lanço é o método mais utilizado pelos pro-dutores catarinenses. Ela consiste em distribuir as sementes noscanteiros com posterior cobertura com no máximo 2cm de pó deserra, casca de arroz incinerada, composto orgânico ou“vermicomposto” (húmus de minhoca) peneirados. Ensaios depesquisa indicam o composto como a melhor cobertura a ser uti-lizada após a semeadura. A semeadura também pode ser realiza-

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da em pequenos sulcos transversais, de 1 a 1,5cm de profundida-de, abertos transversal ou longitudinalmente no canteiro, dis-tanciados em 10cm entre si, nos quais as sementes serão distri-buídas uniformemente.

Nos sistemas agroecológico e convencional as densidadesde semeadura recomendadas são de 2 e 3g/m2 de canteiro res-pectivamente. Assim, são necessários cerca de 2kg de sementepara obtenção das mudas destinadas ao transplante de 1 hectarede lavoura de cebola.

É importante salientar que densidades menores de semea-dura proporcionarão ambiente mais arejado, dificultando, na faseinicial de desenvolvimento, o tombamento das mudas e a inci-dência do sapeco, ou queima acinzentada (Botrytis squamosa),considerado a principal de doença na fase de canteiro.

O elevado número de espécies e infestações nas áreascebolicultoras por plantas indesejáveis (também conhecidascomo “plantas daninhas” ou “plantas invasoras”) se constitui numdos principais problemas que limitam a produção de mudas. De-vido ao sistema de semeadura e irrigação utilizado, o manejo deplantas indesejáveis no sistema convencional tem sido realiza-do, principalmente, por métodos químicos com o uso deherbicidas (ver seção 3.3.2).

Por sua vez, nos sistemas agroecológicos, nos quais não épermitido o uso de herbicidas convencionais, o manejo de plan-tas indesejáveis pode ser realizado pela solarização do solo, oupelo uso da cobertura do canteiro com papel-rolo.

No último caso, sobre canteiro corrigido, adubado e aplai-nado é disposta uma camada papel-rolo de 80g/m2 (ou papel-jornal ou uma a duas camadas de papel pardo fino). Posterior-mente, distribui-se uma camada de 2cm de composto termófiloestabilizado (ou “vermicomposto”), irriga-se e procede-se à se-meadura a lanço. Em seguida, o canteiro deve receber uma co-bertura de, no máximo, 2cm de pó de serra de ano, oriundo demadeira não tratada quimicamente.

O composto termófilo estabilizado pode ser utilizado tantocomo leito de semeadura quanto para a cobertura de sementesno canteiro. Esse material é obtido pelo processo de compostagema partir da mistura de esterco, descarte de cebola e capim-ele-

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fante triturados na proporção de 1:1:1 em volume por um períodode 3 a 4 meses. Resultados de pesquisa indicam que o uso decomposto termófilo reduz a intensidade do ataque de B. squamosa(sapeco) e auxilia na diminuição da incidência do tombamento deplantas e mudas, doença associada a fitopatógenos de solo, comoRhizoctonia solani, Pythium sp. e Fusarium sp. (ver seção 3.1).

2.2.5 Manejo fitossanitário nos canteiros de produçãode mudas

Para a prevenção da incidência de pragas e doenças, reco-menda-se que o manejo fitossanitário convencional seja semprerealizado com produtos registrados e nas doses indicadas para acultura (seções 3.1 e 3.2), além dos cuidados culturais anterior-mente indicados.

Nos sistemas agroecológicos, em que não há a possibilida-de do uso de biocidas mais agressivos, indica-se para o manejode doenças o uso preventivo de calda bordalesa a 0,3% ou cinzavegetal na dose de 50g/m2 de canteiro.

2.2.6 Poda no canteiro de mudas

A poda das folhas é uma operação realizada durante a for-mação das mudas, na fase de crescimento e desenvolvimentodas plantas, ou próximo ao transplante, tendo por objetivos:uniformizar o tamanho das mudas, para que elas sejam retiradasdo canteiro em uma única operação; manter as plantas por umperíodo maior de tempo no campo, nos casos em que não houvetempo hábil para o preparo da área de cultivo, condiçõesmeteorológicas inadequadas ou falta de mão de obra para o trans-plante; facilitar a operação de transplante; e possibilitar o uso detransplantadeiras semimecanizadas. Salienta-se que logo após arealização da poda das folhas das mudas é importante aplicar pro-duto para prevenir a entrada de doenças.

Os resultados de pesquisa da Epagri disponíveis até o mo-mento indicam que a prática da poda do sistema aéreo no cantei-ro de mudas com vistas ao condicionamento das plantas e seutransplante no momento mais adequado pode ser empregada nosistema convencional de produção sem prejuízos à produtivida-

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de e à conservação pós-colheita desde que seja realizada em diassecos, as plantas recebam em seguida do manejo de poda (corteda parte aérea das plantas) tratamentos fitossanitários comagrotóxicos convencionais protetores, em cada operação as plan-tas não sejam rebaixadas a menos de 10cm e seja dado um inter-valo de, no mínimo, uma semana entre a última poda e a opera-ção de transplante.

A poda de raízes não é indicada para a cultura da cebola,pois tende a reduzir significativamente o índice de enraizamentodas mudas após seu transplante.

2.3 Transplante

2.3.1 Época de transplante e tamanho das mudas

Para cada cultivar há um período de semeadura mais ade-quado, o qual determinará a época de transplante (Tabela 6). Pes-quisas realizadas pela Epagri indicam que as mudas estão aptaspara transplante quando o pseudocaule atingir de 4 a 6mm dediâmetro, ou seja, o diâmetro aproximado de um lápis (em mé-dia, meio centímetro). Mudas de tamanho menor deverão sertransplantadas antes, enquanto mudas de tamanho maior pode-rão ser transplantadas mais tarde.

O tempo médio de formação das mudas depende das con-dições climáticas e do sistema de produção adotado em cada re-gião produtora. No Alto Vale do Itajaí, em anos sem variaçõesextremas de temperatura e precipitação, o tempo médio de for-mação das mudas tem sido de aproximadamente 70 dias.

2.3.2 Espaçamentos

Normalmente, têm sido recomendados para o sistema con-vencional espaçamentos de 40cm entre linhas e 7,5cm entre plan-tas. Isso equivale, dependendo dos terraços e caminhos que sãoconstruídos na lavoura, a uma densidade populacional de aproxi-madamente 333 mil plantas por hectare.

No cultivo mínimo, em que as linhas de transplante são pre-paradas com “rotocaster” ou microtrator, o espaçamento entre

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linhas variará segundo a distância entre os conjuntos das enxadasrotativas do equipamento. Na maioria dos casos, a distância en-tre as enxadas rotativas está ajustada para o intervalo de 33 a50cm. Nesse caso, as densidades populacionais variarão de 266mil a 400 mil mudas por hectare.

Resultados recentes de pesquisa têm indicado que para ocultivar Empasc 355 Juporanga, seguindo-se adubação recomen-dada para a cultura e em anos de baixa incidência de doenças, apopulação de plantas pode ser aumentada em até 600 mil mudaspor hectare sem prejuízos à obtenção de bulbos da classe 3 e comacréscimo em produtividade devido ao aumento daqueles classi-ficados na classe 2 (Menezes Júnior & Vieira Neto, 2012).

É importante mencionar que, para os sistemas de produçãoem uso na região do Alto Vale do Itajaí, sempre que o produtoroptar por aumentar a densidade de plantas, ela seja obtida peloestabelecimento de mais linhas de plantio, uma vez que a com-petição entre plantas (intraespecífica) pelos fatores de produção(luz, água, nutrientes, etc.) sempre será maior entre plantas namesma linha.

Para os sistemas agroecológicos, recomendam-seespaçamentos maiores, de 50 a 60cm entre linhas e 15cm na li-nha, pois densidades populacionais menores proporcionarãomaior ventilação entre as plantas, menor sombreamento e me-nor competição por nutrientes, água e luz, tornando-as mais vi-gorosas e mais resistentes às doenças foliares.

2.4 Manejo do solo

2.4.1 Preparo do solo

a) Preparo convencionalO preparo convencional do solo é feito antes do transplan-

te, por meio de uma lavração em curva de nível, com profundida-de de 20 centímetros. Muitos produtores substituíram a araçãopela operação de subsolagem ou escarificação. Por ocasião dotransplante se faz a gradagem. O uso de enxadas rotativas para opreparo do solo é desaconselhado por causa da extrema pulve-rização que essas máquinas causam no solo.

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b) Cultivo mínimoNa cultura da cebola, a denominação de plantio direto,

embora muito usada, é incorreta, pois o que se realiza, na ver-dade, é um cultivo mínimo. Esse sistema consiste norevolvimento de estreitas áreas (aproximadamente 10cm delargura) onde são transplantadas as mudas, permanecendo oresto da área coberto com palhada. Essa operação é feita commicrotratores, que dispõem de enxadas rotativas adaptadaspara o cultivo mínimo, abrindo e adubando dois sulcos por vezou com máquinas tracionadas por tratores maiores, capazesde abrir vários sulcos simultaneamente.

O cultivo mínimo foi uma tecnologia que se expandiu muitona década de 90, superando 50% das áreas cultivadas por volta doano 2000, mas tem diminuído gradativamente nos últimos anos.A redução na adoção dessa tecnologia é justificada pelos produ-tores pelo aumento da mão de obra no plantio em função dapalha e da falta de equipamentos para o plantio em áreas compalhada abundante. As principais vantagens do sistema são: con-trole da erosão, maior disponibilidade de água, redução da am-plitude térmica do solo, redução da incidência de plantas dani-nhas e melhoria nas características físicas, químicas e biológicasdo solo. Além disso, trabalhos de pesquisa recentes têm demons-trado aumento no rendimento da cultura da cebola superior a 5t/ha nesse sistema conservacionista de preparo quando compara-do ao sistema convencional.

Algumas coberturas de solo com plantas recicladoras denutrientes, a exemplo do milheto, do girassol, da aveia-preta eda mucuna, ou coquetéis de plantas, têm sido utilizadas no AltoVale do Itajaí. Algumas consorciações de plantas recicladoras,como aveia + nabo, centeio + nabo, milheto + mucuna e milho +mucuna + aveia, também vêm sendo empregadas devido a suamaior eficiência. A vegetação espontânea também pode ser usa-da, como a milhã (Digitaria sp.) e o capim-doce (Brachiaria sp.).No entanto, dependendo do clima, principalmente nos anos emque não ocorre geada, para algumas espécies é necessário proce-der à dessecação com herbicidas. O acamamento da massa vege-tal pode ser efetuado com a utilização do rolo-faca.

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Como parâmetro, no cultivo mínimo a cobertura do solodeverá ser superior a 50%, e a quantidade de massa seca vegetalnão inferior a 5t/ha/ano. No entanto, para promover melhoriassignificativas no solo, o ideal seria uma produção de matéria secaanual superior a 10t/ha.

2.4.2 Práticas conservacionistas

São procedimentos que visam atenuar a erosão, ocasionadapor três causas, a saber: manejo inadequado do solo, perda damatéria orgânica e falta de cobertura do solo. Entre as práticasreconhecidas como conservacionistas, as principais são: cultivomínimo, adubações verdes, plantio em nível, cordão vegetal euso de adubos orgânicos (estercos, composto, etc.).

Recomenda-se que essas práticas sejam utilizadas, sem-pre que possível, em conjunto e de forma integrada, como cul-tivo mínimo + plantio em nível + “terraceamento”. O plantio dacebola deve ser realizado obedecendo a duas condições bási-cas, que são manter a cobertura do solo e ocasionar o menorrevolvimento possível. Esses princípios deverão estimular oprodutor a realizar o cultivo de plantas de cobertura,leguminosas ou não, de verão ou inverno e ainda utilizarmaquinário adequado ao cultivo mínimo.

Esses procedimentos não invalidam a necessidade de“terraceamento” e cultivo em nível em terrenos declivosos. Éimportante lembrar ainda que, de acordo com os conceitos deuso e conservação do solo, o plantio de culturas anuais não podeser feito em solos extremamente arenosos ou muito declivosos.

Ao implantar o sistema de cultivo mínimo é necessário ob-servar alguns requisitos: área livre de plantas daninhas perenesde difícil controle, ausência de camadas compactadas, necessida-de de correção de acidez e da fertilidade e uso de práticasconservacionistas complementares, tais como o “terraceamento”e o plantio em curvas de nível.

No máximo a cada três anos (de preferência, anualmente),recomenda-se realizar a análise do solo em duas profundidades:até 10cm e 10 a 20cm. Eventuais deficiências de nutrientes pode-rão ser supridas mediante a adubação no plantio. Quanto à acidez

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do solo, recomenda-se corrigi-la somente quando o pH estiverabaixo de 5,5. Nesse caso, a quantidade de calcário é calculadatomando-se por base 25% da recomendação necessária para ele-var o pH (SMP) até 6. A aplicação do calcário deve ser feita a lançosobre o solo.

O uso de leguminosas de cobertura vegetal pode reduzir aadição de fertilizantes nitrogenados na cultura da cebola, confor-me a situação da lavoura, por causa da fixação simbiótica de ni-trogênio. Na Epagri, em Ituporanga, a cebola cultivada apósCrotalaria mucronata e feijão-de-porco absorveu quantidades denitrogênio semelhantes àquelas obtidas no cultivo em vegeta-ção espontânea com aplicação de 70kg de N por hectare, indican-do que essas espécies são eficientes para suprir grande parte daexigência da cultura nesse nutriente.

2.4.3 Calagem

A cultura da cebola é sensível à acidez (toxidez de Al), apre-sentando restrição ao desenvolvimento quando o pH do solo éinferior a 5,5. A acidez do solo normalmente ocorre por um oumais fatores, mas é decorrente principalmente da lixiviação doscátions básicos (Ca, Mg e K), da absorção deles pelas plantas e daadição de adubos minerais acidificantes. Os solos do Sul do Brasilgeralmente são ácidos, apresentando elementos tóxicos às plan-tas, como o alumínio e o manganês trocáveis, somados à baixadisponibilidade de nutrientes essenciais ao desenvolvimento dasculturas.

A adição do calcário, corrigindo o pH para valores próximo a6, eliminará a toxicidade do Al e do Mn e aumentará a disponibi-lidade da maioria dos nutrientes (N, P, S, Ca, Mg) promovendocondições para o bom desenvolvimento das plantas, os altos ren-dimentos e a qualidade do bulbos (Figura 1).

Para correção do solo é imprescindível realizar sua análiseprévia para conhecimento da fertilidade. A aplicação de calcárioe fertilizantes sem critérios pode causar desequilíbrio dos ele-mentos minerais presentes no solo e, por consequência, reduzira produtividade da cebola. A análise do solo deve ser realizada,no máximo, a cada três anos, mas para monitorar adequadamen-

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te a evolução da fertilidade do solo é interessante fazer análiseanualmente.

Em situações normais, deve-se aplicar sempre o calcáriodolomítico, elevando-se, assim, os teores de cálcio e magnésiono solo. Nos casos em que a relação Ca/Mg estiver abaixo de 2:1 éinteressante optar pelo calcário calcítico. Para que ocorra melhorsolubilização do calcário, ele deve ser incorporado, preferencial-mente, com antecedência de 180 dias ao plantio. No sistema demanejo do solo convencional para doses superiores a 5t/ha a in-corporação do calcário deve ser a 20cm de profundidade. Nessecaso, recomenda-se aplicar 50% da dose do calcário antes da araçãoe 50% após a aração e antes da gradagem. É desaconselhado o usode subsolador ou escarificador quando se objetiva incorporar ocalcário a 20cm de profundidade.

Figura 1. Efeito do pH na disponibilidade dos diversos nutrientes doso lo

Fonte: Adaptado de Malavolta, Vitti & Oliveira (1997).

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2.4.4 Recomendação de adubação

a) Adubação mineralA recomendação de adubação para o cultivo da cebola deve

ser realizada com base na análise de solo. As recomendaçõespodem variar de acordo com o tipo de solo, os teores de nutrien-tes e de matéria orgânica, o sistema de cultivo empregado e aestimativa de rendimento.

A adubação mineral é feita anualmente por ocasião do trans-plante ou da semeadura direta, quando o adubo é aplicado, alanço ou em sulcos, para correção ou reposição dos nutrientesque são extraídos pela cultura e por eventuais perdas. O aduboaplicado em sulcos deve ser adequadamente incorporado ao solopara evitar possíveis danos às sementes ou às raízes das mudas. Aprofundidade de incorporação da adubação de base deve ser de 5a 10cm.

Para solos enquadrados nas classes “muito baixo” ou “bai-xo” nos níveis de P e K, recomenda-se a adubação com esses ele-mentos a lanço, antes da gradagem, para evitar concentração ele-vada na linha de plantio. Especialmente de potássio devem serevitadas aplicações de doses superiores a 60kg/ha na linha desemeadura ou plantio.

Para a adubação nitrogenada recomendam-se de 10 a 20kgno plantio, e o restante da dose em cobertura parceladamenteem pelo menos três vezes com aplicações aos 40, 60 e 80 diasapós o transplante. Resultados de pesquisas recentes têm apre-sentado respostas a doses superiores àquelas recomendadas pelatabela oficial (CQFS – RS/SC, 2004), principalmente em solos combaixo teor de matéria orgânica ou arenosos em sistema de mane-jo convencional. Nesses casos, os melhores rendimentos econô-micos foram obtidos com doses entre 116 e 142kg de N por hecta-re em solos com teores médios de argila e matéria orgânica e até200kg/ha em solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica(Kurtz et al., 2012). Para maior segurança, deve-se observar o de-senvolvimento da cebola e as condições climáticas, tanto nos can-teiros como no transplante e, caso ocorram sintomas de deficiên-cia de nitrogênio, deve-se efetuar a reposição.

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Na implantação do sistema de cultivo mínimo ou plantiodireto, em que o solo será minimamente mobilizado, recomen-da-se a elevação dos teores de fósforo e potássio para o nívelalto, com a aplicação a lanço de fertilizantes fosfatados epotássicos e posterior incorporação em toda a camada arável porocasião da implantação do sistema.

A interpretação dos resultados das análises de solo adotadaspela Comissão de Química e Fertilidade do Solo dos Estados doRio Grande do Sul e de Santa Catarina (2004) pode ser feita combase nas Tabelas 9, 10 e 11.

Tabela 9. Interpretação dos valores de pH, matéria orgânica, cálcio,magnésio e enxofre obtidos na análise de solos, de acordo comComissão de Química e Fertilidade do Solo dos Estados do Rio Grandedo Sul e de Santa Catarina (2004)

DeterminaçãoTeor no solo pH da Matéria Cálcio Magnésio Enxofre(1)

água orgânica(%) ................... cmol

c/dm3 .....................

Muito baixo ≤ 5 - - - -Baixo 5,1 a 5,4 ≤ 2,5 ≤ 2 ≤ 0,5 ≤ 2,5Médio 5,5 a 6 2,6 a 5 2,1 a 4 0,6 a 1 2,6 a 5Alto > 6 > 5 > 4 >1 > 5(1) Para leguminosas, brássicas e aliáceas (cebola e alho) o teor deve ser maior que10mg/dm3.

Após a interpretação dos níveis correspondentes a cada nu-triente, as quantidades necessárias para as adubaçõesnitrogenada, fosfatada e potássica para a cultura da cebola sãodeterminadas com o auxílio da Tabela 12.

b) Adubação orgânica

A cultura da cebola responde muito bem à adubação orgâni-ca, principalmente, em solos com baixo teor de matéria orgânica.Além de melhorar a fertilidade, essa prática atua de forma bené-fica sobre as condições físicas e biológicas do solo.

Existem vários adubos orgânicos que podem ser utilizadosna cultura da cebola como fonte de nutrientes. Os principais pro-

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1) Teores de argila: classe 1 = > 60%; classe 2 = 60% a 41%; classe 3 = 40% a 21%; classe4 = ≤ 20%.

Tabela 10. Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pelométodo Mehlich-1, conforme o teor de argila, de acordo com Comissãode Química e Fertilidade do Solo para os Estados do Rio Grande do Sule de Santa Catarina (2004)

Classe de solo conforme o teor de argila(1)

1 2 3 4

.................................. mg/dm3 .....................................

Muito baixo ≤ 2 ≤ 3 ≤ 4 ≤ 7Baixo 2,1 a 4 3,1 a 6 4,1 a 8 7,1 a 14Médio 4,1 a 6 6,1 a 9 8,1 a 12 14,1 a 21Alto 6,1 a 12 9,1 a 18 12,1 a 24 21,1 a 42Muito alto > 12 > 18 > 24 > 42

Teor do solo

dutos são os estercos de animais e os resíduos de culturas. Emgeral, os estercos são constituídos por fezes e pela urina de ani-mais, em mistura com maravalha, com palha ou com restos usa-dos como cama. Esses materiais podem ser aplicados diretamen-te na lavoura, ou utilizados na compostagem dos restos de cultu-ra ou outros resíduos orgânicos disponíveis na propriedade e,posteriormente, aplicados na lavoura.

Para uma determinada quantidade de nutrientes requeridapelas plantas, necessita-se aplicar maior volume de esterco emrelação ao adubo mineral devido à baixa concentração em nutri-entes de adubo orgânico. Além disso, grande parte dos nutrien-tes do esterco está na forma orgânica e eles necessitam sermineralizados para se tornarem disponíveis às plantas.

Tabela 11. Interpretação do teor de potássio conforme as classes deCTC do solo a pH 7

CTCpH 7,0 (cmolc/dm-3)

> 15 5,1 a 15 ≤≤≤≤≤ 5

........................... mg de K/dm3 ................................

Muito baixo ≤≤≤≤≤ 30 ≤≤≤≤≤ 20 ≤≤≤≤≤ 15Baixo 31 a 60 21 a 40 16 a 30Médio 61 a 90 41 a 60 31 a 45Alto 91 a 180 61 a 120 46 a 90Muito alto > 180 > 120 > 90

Teor do solo

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Tabela 12. Recomendações de adubação para a cultura da cebola(NPK) de acordo com Comissão de Química e Fertilidade do Solo dosEstados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2004)

Teor no solo Adubação

Nitrogenada(1) Fosfatada Potássica

(kg/ha de P2O5) (kg/ha de K2O) (kg/ha)Muito baixo - 250 210Baixo 95 200 170Médio 75 160 130Alto ≤ 55 120 90Muito alto - ≤ 80 ≤ 60(1) À base de matéria orgânica.Nota: O valor da reposição do fósforo é de 120kg/ha de P2O5 e do potássio é de ≥ 90kg/ha de K2O.

c) Plantas recicladoras de nutrientes e de cobertura do soloA cebola responde muito bem ao manejo do solo com plan-

tas recicladoras de nutrientes e de cobertura do solo, da mesmaforma que à adubação orgânica. Essas plantas, além de outrosbenefícios, proporcionam eficiente cobertura do solo, reciclageme mobilização de nutrientes lixiviados ou pouco solúveis que seencontram em baixas concentrações ou em camadas mais pro-fundas do solo, bem como a fixação biológica do nitrogênio, nocaso das leguminosas. Na Tabela 13 são apresentados alguns cri-térios para escolha de espécies para adubação verde.

As espécies indicadas para adubação verde e para cobertu-ra do solo no cultivo mínimo da cebola, que se destacaram naspesquisas realizadas na Epagri, estão listadas na Tabela 14.

2.4.5 Principais problemas nutricionais da cultura dacebola no Alto Vale do Itajaí

Toxidez de alumínio – A toxidez de alumínio em cebola podemanifestar-se em qualquer fase da cultura. Nos canteiros, obser-va-se a formação de poucas folhas e formação precoce de bulbos.No campo, logo após o transplante, pode ser observada pelamorte de plantas ou reduzido desenvolvimento, com formaçãode raízes ramificadas e engrossamento do pseudocaule. Na faseanterior à formação dos bulbos, as plantas apresentam raízes com

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Tabela 13. Principais critérios utilizados na escolha das espécies paraadubação verde para a cultura da cebola em Santa Catarina

Critério Efeito

Grande produção Mobilização de nutrientes do solo parab iomassa vegetação; supressão das plantas daninhas

Sistema radicular Transporte de nutrientes lixiviados ouprofundo resultantes do intemperismo a partir de

camadas do solo que não são alcançadaspelas raízes da cultura principal

Rápido crescimento Rápida cobertura do solo, possibilitandoin ic ia l sua efetiva proteção; supressão das plantas

daninhas

Baixa relação C/N Fácil decomposição da MO, levando a umadisponibilidade maior de nutrientes para aslavouras subsequentes; facilidade de mane-jo durante o corte ou a incorporação ao solo

Fixação biológica de N Aumento da disponibilidade de N

Simbiose com Mobilização de fósforo, levandomicorrizas ao aumento da disponibilidade desse

nutriente

Uso eficiente da água Possibilidade de crescimento depois daestação agrícola principal, aproveitandoa unidade residual, ou com precipitaçãoreduzida

Não ser hospedeira Redução das populações de pragas ede pragas ou doenças patógenosdas plantas cultivadas

Ausência de rizomas Crescimento controlável

Facilidade de formação Fácil propagação nas lavouras dos agriculto-de sementes, sementes resabundantes

Subprodutos úteis Integração vegetal/criação animal(forragem)

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ramificações nas extremidades e também engrossamento depseudocaule, formando um bulbo frouxo, acompanhado ou nãode apodrecimento. Esses sintomas podem ocorrer na lavoura emforma de manchas irregulares ou em plantas isoladas, em áreascom toxidez de alumínio (Al), que ocorre em solos com pH abaixode 5,5.

Os problemas de toxidez de alumínio podem originar-se deatraso na aplicação do corretivo em relação ao transplante;lavração profunda com inversão de camadas de solo, expondo asuperfície do solo não corrigido; má distribuição do calcário epequena profundidade de incorporação do corretivo, permane-cendo logo abaixo uma camada subsuperficial não corrigida, queacarreta a toxidez de plantas mais desenvolvidas devido ao cres-

Tabela 14. Espécies indicadas para adubação verde e para coberturado solo no cultivo mínimo da cebola, com indicação da época deplantio e da densidade de semeadura

Época de Densidade de plantio semeadura (kg/ha)

De invernoErvilhaca (Vicia spp.) Março/maio 60 a 80Aveia-preta (Avena Março/maio 60 a 80 strigosa)Centeio (Secale cereale) Março/maio 80 a 100Ervilha-forrageira Março/maio 100 a 120(Pisum sativumsubesp. Arvenis)Nabo-forrageiro Março/maio 4 a 6(Raphanus sativus var. Oleiferus)

De verãoMucunas (Stizolobiumspp.) Outubro/dezembro 60 a 80Feijão-de-porco Outubro/dezembro 100 a 120(Canavalia ensiformis)Crotalárias (Crotalaria spp.) Outubro/dezembro 70 a 90Lab-lab (Dolichos lab-lab) Outubro/dezembro 15 a 20Milheto (Pennisetum Outubro/janeiro 25 a 50glaucum)

Fonte: Amado & Teixeira (1991).

Espécie

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cimento das raízes naquela camada. Recomenda-se a observaçãodas técnicas adequadas para a calagem dos solos.

Deficiência de manganês – O sintoma denominado popu-larmente de “chifre de bode” ou “amarelão” ou “mancha amare-la” ocorre com frequência em manchas nas lavouras reduzindo aprodutividade, e as plantas apresentam-se com reduzido cresci-mento, folhas cloróticas e alongadas, às vezes com listras amare-ladas e praticamente sem formação de bulbos (Figura 2). Na plan-ta, o manganês (Mn) é essencial para a fotossíntese e a formaçãoda clorofila e cloroplastos, entre outras funções.

Alguns fatores associados contribuem para a ocorrência dadeficiência de Mn em cebola, tais como: cultura exigente em Mn;baixa disponibilidade natural de Mn em alguns tipos de solos(por exemplo, Cambissolos); cultivo continuado de cebola namesma área; áreas com pH elevado, normalmente acima de 6,ocasionado pela má incorporação ou aplicação excessiva decalcário, que reduz a disponibilidade do elemento às plantas;pequeno teor de matéria orgânica no solo; erosão do solo, quediminui o desenvolvimento radicular e a fertilidade.

Recomenda-se a observação das técnicas adequadas para acalagem do solo e a adoção de técnicas agronômicas que visem

Figura 2. (A) Planta de cebola com os sintomas iniciaisde deficiência de Mn e (B) lavoura com manchas deplantas com deficiência acentuada de Mn

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regenerar ou manter a fertilidade química, física e biológica dosolo. Portanto, o fornecimento de manganês à cultura da ceboladeve ser efetuado em conjunto com outras práticas de manejodo solo, pois isoladamente apenas retardará o surgimento deoutros problemas. Nesse contexto, ou seja, em conjunto comoutras práticas, pode-se recomendar a aplicação foliar de sulfatode manganês a 1% nas áreas afetadas, por quatro a seis vezesdurante o ciclo da cultura, iniciando-se as pulverizações logo apóso transplante das mudas.

Deve-se considerar, também, que o Mn é um elemento pou-co móvel na planta e, portanto, seu fornecimento deve coincidircom o surgimento de folhas novas, para melhor eficiência.

Deficiência de zinco – A deficiência de zinco (Zn) afeta ometabolismo das auxinas (fitormônios de crescimento). A cultu-ra da cebola é exigente em zinco, e a grande maioria dos solosbrasileiros é pobre desse elemento. Tal deficiência também ocor-re devido a uma interação negativa com a adubação fosfatada,normalmente elevada nesses casos. Os sintomas de deficiênciade Zn são detectados em plantas com folhas novas retorcidas,rígidas e, por vezes, com listras amarelas (Figura 3).

Quando ocorrerem sintomas de deficiência, pode-se forne-cer o elemento via foliar na forma de sulfato de zinco a 0,5% ou

Figura 3. Planta de cebola com os sintomas de deficiênciade Zn (direita)

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outros produtos comerciais, duas a três vezes, tanto em canteiroscomo em lavouras. Porém, deve-se evitar o problema equilibran-do-se a adubação fosfatada dos canteiros e das lavouras, e ado-tando-se, também, adubações orgânicas.

Resultados de pesquisas conduzidas recentemente têmdemonstrado aumentos no rendimento de 10% a 15% com a adi-ção de Zn via solo (Kurtz & Ernani, 2010). Os melhores resultadosforam obtidos com a adição de 15 a 20kg/ha de sulfato de zinco (3a 4kg/ha de Zn) antes do transplante. O Zn aplicado via solo pos-sui efeito residual mínimo de dois anos e apresenta maior efici-ência que pulverizações foliares (Kurtz & Ernani, 2010).

Deficiência de boro – Ocorre em algumas lavouras, princi-palmente em solos com baixo teor de matéria orgânica, cultivossucessivos de cebola e em períodos de seca, notadamente após otransplante. Este elemento é imóvel na planta e sua deficiênciaafeta todo o seu metabolismo, com redução no desenvolvimen-to do sistema radicular e meristema apical, onde os sintomas sãovisíveis. A planta com deficiência apresenta retorção das folhasnovas e coloração amarelada (Figura 4). Experimentos de campodemonstraram que adições de 15 a 20kg/ha de bórax ou ácidobórico via solo têm promovido aumentos significativos no rendi-mento de cebola em muitas situações, com eficiência muito mai-or que aplicações foliares.

Figura 4. (A) Plantas de cebola com os sintomas de deficiência deboro e (B) lavoura com plantas com deficiência acentuada de boro

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2.5 Sistema de semeadura diretaAntes de analisar o sistema de semeadura direta para a cul-

tura da cebola, é importante mencionar as principais diferençasexistentes entre esse sistema e o de plantio direto. O sistema deplantio direto corresponde àquele em que as mudas são produzi-das em canteiros e, em seguida, transplantadas em sulcos prepa-rados por semeadoras adaptadas sobre cobertura morta(mulching), com mínimo revolvimento do solo. No sistema desemeadura direta de cebola, em uso na região do Alto Vale doItajaí a partir do final da década de 90, as sementes são semeadasdiretamente no sulco aberto pela semeadora, por meio de umsistema pneumático.

O aumento da área de cultivo no sistema de semeadura di-reta na região do Alto Vale do Itajaí se deve, entre outros fatores,às dificuldades que os agricultores enfrentam em relação àcontratação de mão de obra para o transplante das mudas emsuas lavouras. Isso ocorre devido à falta de trabalhadores dispo-níveis para a tarefa, ao custo elevado para sua contratação, que,aliado à necessidade do cumprimento de exigências trabalhistas,limita o cultivo da cebola no sistema de cultivo por mudas.

Estimativas atuais indicam que na região do Alto Vale doItajaí a área em sistema de semeadura direta varia entre 5% e 10%da área total cultivada com cebola, enquanto no PlanaltoCatarinense o referido sistema tem sido utilizado por mais de80% dos cebolicultores.

O sistema de semeadura direta tem permitido maioradensamento de plantas por unidade de área com a semeaduraem linhas simples ou duplas, em áreas com ou sem construçãoprévia de canteiros. O espaçamento entre linhas utilizado variade 30 a 35cm, sendo em média de 33cm, com densidade de seme-adura de 18 sementes por metro linear, visando ao estabeleci-mento de 10 a 14 plantas por metro linear, o que proporcionaráuma densidade populacional de aproximadamente 400 mil plan-tas por hectare. Contudo, o maior adensamento de plantas nemsempre tem garantido maior produtividade e qualidade de bul-bos aos agricultores que adotam o sistema devido a alguns fato-res, descritos a seguir.

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Solo – O uso sucessivo de grade e enxada rotativa em áreasde relevo plano ou suave ondulado em solo de textura argilosaprovoca a pulverização do solo. Essa situação, combinada com aocorrência de chuvas logo após a semeadura, propicia a criaçãode crostas superficiais no solo, o que dificulta a emergência dasplantas. Nesse caso, há redução significativa na população de plan-tas na lavoura, o que obriga, algumas vezes, a realização de umasobressemeadura. Outra dificuldade encontrada pelos produto-res que adotam o sistema é a formação de manchas de fertilidadeoriundas da má incorporação de corretivos e fertilizantes.

Regulagem da máquina pneumática – As máquinas disponí-veis para semeadura direta de cebola, além de não permitirem asemeadura sobre uma cobertura morta (palhada), carecem demaior precisão na profundidade de semeadura, fator primordialpara emergência uniforme das plântulas. Isso também influenciadiretamente no estande final da lavoura e, consequentemente,na produtividade e qualidade da produção, pois determinará au-mento da proporção de bulbos da classe 2 (diâmetro entre 35 e50mm), que possuem menor valor de mercado, reduzindo a re-ceita total da lavoura.

Controle de plantas indesejáveis – Na região do Alto Valedo Itajaí os produtores comumente não adotam a rotação de cul-turas, o que dificulta o controle de algumas espécies indesejá-veis a partir do terceiro ano da implantação do sistema, comocapim de inverno (Poa anuua L.), palminha (Sisyrinchium spp.),cenourinha (Apium leptophyllum (Pers.) Muell.) e o alhinho(Nothoscordon fragus Kunth). Isso ocorre em função da seleçãoprovocada pelas sucessivas aplicações de herbicidas com o mes-mo princípio ativo ao longo dos anos na mesma área de cultivo.Além disso, nos anos com clima chuvoso no período inicial pós--semeadura, há dificuldade de realizar a aplicação de herbicidas.Isso favorece o crescimento inicial de plantas indesejáveis, tor-nando o controle ainda mais difícil por demandar a aplicação dedoses de herbicidas mais concentradas, as quais afetam tambémo desenvolvimento das plantas de cebola.

Semente – O uso de sementes com baixo vigor e sem osdevidos tratamentos fitossanitários com inseticidas e fungicidaspode determinar a menor germinação das sementes ou a sobre-

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vivência das plantas em função da ocorrência de tombamento. Assementes peletizadas dificultam o funcionamento da máquinapneumática, com quebra de sementes no disco, piorando oestande final da lavoura.

As dificuldades supracitadas têm sido responsáveis pelavariação no diâmetro de bulbos obtidos com o sistema de seme-adura direta, o que influencia sobremaneira a rentabilidade dalavoura. Atualmente, observam-se alguns avanços nas proprie-dades rurais, como o lançamento de variedades (inclusive híbri-dos) mais adaptadas ao sistema, com sementes calibradas e tra-tadas, além do desenvolvimento de semeadoras com mais op-ções de regulagens. Alguns produtores têm realizado a semea-dura direta em áreas com palha, mas com quantidade insuficien-te para cobrir satisfatoriamente o solo.

Para melhorar o desempenho da semeadura direta de ce-bola, os pesquisadores e extensionistas necessitam desenvolverjunto aos agricultores um sistema de semeadura direta sobre umacobertura morta (palha) mais densa a fim de reduzir o processoerosivo e a compactação da camada superficial do solo. Isso tam-bém reduziria a incidência de plantas indesejáveis, diminuindo onúmero de aplicações e as doses de herbicidas, com reflexo nocusto de produção e na qualidade ambiental.

Outras prioridades de pesquisa no sistema de semeaduradireta são: definição da densidade populacional, época de seme-adura e do manejo de plantas de cobertura associado às máqui-nas de semeadura e manejo de plantas indesejáveis.

2.6 Manejo da água

2.6.1 Canteiros de produção de mudas

A produção de mudas de alta qualidade está condicionadaao adequado fornecimento de água. A falta ou o excesso de águana fase de canteiro, além de tornar mais lento o crescimento e odesenvolvimento das plantas, propicia condições adequadas aosurgimento de doenças tanto abióticas quanto bióticas (ver se-ções 2.4.5 e 3.1). Ambas as situações são responsáveis por signifi-cativas reduções no vigor e perdas no estande de mudas.

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No campo, os sintomas de deficit ou excesso hídrico, comoamarelecimento das plantas (cloroses) e seca dos ponteiros dasfolhas, podem ser confundidos com aqueles provocados porfitopatógenos (doenças bióticas) ou pelo excesso ou falta de nu-trientes (doenças abióticas). Assim, por vezes, os sintomas per-cebidos no campo são oriundos do inadequado fornecimento deágua às plantas e não da falta de nutrientes no solo ou do ataquede fitopatógenos. Recomenda-se, portanto, que o produtor sem-pre consulte um técnico a respeito, pois sua assessoria será es-sencial na tomada de decisão de qual procedimento será maisadequado a cada situação.

A irrigação é uma tecnologia que se constitui num processopreciso, devendo ser utilizada sempre que necessário para man-ter a umidade do solo suficiente para possibilitar a germinaçãodas sementes e o bom desenvolvimento das mudas.

Caso não haja suficiente quantidade de água nos canteiros,recomenda-se elevar o teor de água no solo antes da semeadura.Para tal, indica-se irrigar os canteiros até o solo atingir um teor deágua entre 80% e 100% da água disponível na profundidade deaté 20cm.

Recomenda-se fazer a irrigação dos canteiros com afrequência de um a dois dias. A lâmina de irrigação deve ser sufi-ciente para repor a água consumida pela evapotranspiração doperíodo. Quando as mudas estiverem com mais de quatro sema-nas, a frequência da irrigação pode ser menor, passando para doisa três dias, tendo-se o cuidado de irrigar com lâmina suficientepara manter a umidade ideal até a profundidade onde se encon-tram as raízes. Antes do transplante, indica-se que o produtor irri-gue bem os canteiros de maneira a facilitar o arranco das mudas.

Na irrigação de canteiros de produção de mudas de ceboladevem ser utilizados microaspersores ou aspersores pequenos,com pressão suficiente para pulverizar bem as gotas de água. Des-sa forma, tem-se uma irrigação com mais eficiência e evita-se o“selamento” do solo e danos físicos às folhas de plantas e mudas.

Para o dimensionamento correto do sistema de irrigação, aassessoria inicial é indispensável. Recomenda-se, portanto, queo produtor de cebola sempre consulte um técnico especialista noassunto antes da aquisição e do manejo de sistemas de irrigação.

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No sistema de produção de mudas agroecológico em que seutiliza cobertura com papel, a primeira irrigação deve ser realiza-da logo após a semeadura e a cobertura dos canteiros com pó deserra. Posteriormente, o canteiro deverá ser irrigado de forma amanter o composto e o solo próximos a sua máxima capacidadede retenção de água e capacidade de campo respectivamente.

A ocorrência de alta pluviosidade no período de formaçãodas mudas prejudica notadamente o crescimento e o desenvolvi-mento das plantas. Para evitar excessos hídricos, além da forma-ção de canteiros mais elevados, o produtor pode, opcionalmente,produzir suas mudas em túneis baixos cobertos com filme plásti-co transparente (PEBD) de 50cm de altura. Isso possibilitará me-lhor controle das variáveis microclimáticas e, consequentemente,haverá reflexos positivos do ponto de vista fitossanitário, po-dendo haver redução no uso de agrotóxicos.

Os túneis deverão ser manejados de forma a evitar excessoou deficit hídricos, bem como extremos microclimáticos. Nessesentido, recomenda-se que sejam abertos nas primeiras horas damanhã para a redução da umidade relativa do ar interna, poden-do ser mantidos semifechados no restante do dia, e fechadosquando da ocorrência de precipitações e ventos fortes. No casode previsão de geadas, aconselha-se que o túnel seja fechado noperíodo da tarde para armazenar calor. A superfície dos canteirosdeverá permanecer úmida, porém bem drenada, para evitar pro-blemas fitossanitários.

2.6.2 Fase de produção de bulbos

Irrigação é a aplicação de água no solo no momento certo ena quantidade necessária para que a planta obtenha o melhordesempenho produtivo.

A cultura da cebola é muito exigente em água, principal-mente durante alguns períodos do seu desenvolvimentovegetativo. No período inicial, que vai do transplante até 35 dias,a cultura necessita de pouca água (60% a 65% da evapotranspi-ração). Logo após o transplante, normalmente se faz uma irriga-ção abundante para garantir o enraizamento das mudas. No se-gundo estádio, que vai dos 35 dias até os 70 dias após o transplan-

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te, a necessidade de água é maior (80% da evapotranspiração).No terceiro estádio, período de formação do bulbo, a cultura dacebola é muito sensível ao deficit hídrico, sendo necessário irrigaro equivalente a 100% da evapotranspiração. Após a formação dobulbo, a necessidade de água diminui, e nas três últimas sema-nas antes da colheita é recomendado suspender a irrigação paraevitar a entrada de água no pseudocaule, o que melhorará a curae o armazenamento dos bulbos.

A frequência de irrigação recomendada varia conforme oestádio de desenvolvimento da cultura, o clima e o tipo de solo. Aconsulta a um especialista em irrigação é muito importante para aseleção e o dimensionamento correto do equipamento de irriga-ção e as orientações técnicas sobre o manejo da água no solo.

Muitos agricultores utilizam a irrigação apenas para garantiro enraizamento das mudas de cebola, não fazendo nenhuma irri-gação após esse estádio. Porém, a irrigação adequada durantetodo o ciclo da cultura pode resultar em aumentos de até 150% naprodutividade da cultura quando comparada com lavouras nãoirrigadas (Marouelli & Costa e Silva, 2005).

Deve-se ter cuidado especial quanto à qualidade da águapara irrigação, que deve ser limpa, sem poluentes e semcontaminantes para não causar danos à cultura da cebola. Outroaspecto importante a ser considerado é o armazenamento de águapara a irrigação. Considerando-se que em cada irrigação aplicam-se em torno de 200 mil litros (200m³) de água por hectare e quenormalmente se fazem 4 ou 5 irrigações durante o ciclo, há a ne-cessidade de armazenamento de pelo menos 1 milhão de litros(1.000m³) de água para garantir a irrigação de 1 hectare da cultura.

Nas condições de solo e clima de Santa Catarina o métodode irrigação mais utilizado é a irrigação por aspersão convencio-nal. Recomenda-se a utilização de aspersores de pequeno e demédio porte para evitar a erosão do solo e danos físicos às plan-tas. Com aspersores de pequeno e de médio porte e com pressãoadequada as gotas ficam pulverizadas e obtém-se melhor quali-dade na irrigação.

Até o momento, o uso de irrigação por gotejamento na cul-tura da cebola não se mostrou economicamente viável nas uni-dades de observação instaladas pela Epagri no Alto Vale do Itajaí.

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Embora haja economia de água e melhor sanidade das plantas, ocusto dos equipamentos e a pouca durabilidade das mangueirastêm inviabilizado o uso da técnica.

3 Fitossanidade

3.1 Manejo de doenças na cultura da cebolaUma característica agravante da cebola cultivada em SC é

que 70% estão concentrados na região do Alto Vale do Itajaí, ondeas condições são de temperatura amena e alta umidade, predis-pondo a cultura a alta incidência e severidade de doenças.

As doenças de maior ocorrência são: a queima acinzentadaou sapeco (Botrytis squamosa), o míldio (Peronospora destructor)e a mancha púrpura (Alternaria porri), que são mofos da parteaérea; a raiz rosada (Phoma terrestris) e a podridão branca(Sclerotium cepivorum), mofos de solo; e o nematoide Ditylenchusdipsaci, que ataca a região da coroa ainda na lavoura; as bacterioses(Burkholderia spp. e Pectobacterium carotovorum sbsp.carotovorum), o falso carvão mofo (Aspergillus niger), em pós--colheita, embora haja contaminação nas lavouras.

O manejo dessas doenças deve ser realizado pela associa-ção de diferentes práticas, que incluem desde escolha da varie-dade, local com solo vitalizado, preparo adequado de canteiros,material propagativo sadio, até a condução da lavoura com práti-cas sustentáveis e manejo cuidadoso na colheita, evitandoferimentos nos bulbos.

3.1.1 Queima acinzentada ou sapeco

A queima acinzentada (Botrytis squamosa) é a doença demaior frequência na cultura da cebola. Com ela se adota o trans-plante, com o período de produção das mudas ocorrendo em épocafria e úmida, no outono/inverno. No estado de Santa Catarina,essas são as condições que prevalecem durante a época do de-senvolvimento das mudas no canteiro. No período pós-transplan-te, a intensidade da doença é menor, ocorrendo o sintoma depinta branca, que são reações de hipersensibilidade/resistênciacaracterizadas por pequenas manchas foliares isoladas (Figura

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5A) que dificilmente evoluem para queima de folhas. O sintomatípico é o aspecto seco e acinzentado das pontas, e nessas folhasse observam esporulações pardas translúcidas (Figura 5B).

A queima acinzentada ocorre com maior intensidade emperíodos com alta umidade relativa do ar somados a baixas tem-peraturas e pouca luminosidade. Molhamento foliar superior a12 horas e temperatura média entre 15 e 21oC são condições ide-ais para o surgimento de epidemias da doença.

O fungo causador pode permanecer de um ano para o outroem restos de cultura pela formação de escleródios ou comomicélio dormente. Essas duas formas de sobrevivência constitu-em a fonte primária de inóculo de B. squamosa. O vento e a chu-va são os responsáveis por espalhar o fungo na lavoura e nasáreas próximas, mas a infecção só ocorre se as condições de tem-peratura e umidade são favoráveis.

As principais medidas adotadas no manejo da queimaacinzentada devem visar inicialmente à redução do inóculo inici-al. Práticas como o uso da rotação de culturas, semeadura de adu-bos verdes e aplicação de compostos orgânicos nos canteirosmelhoram a estruturação do solo bem como proporcionam au-mento da população de microrganismos antagonistas, considera-dos inimigos naturais de B. squamosa. A escolha de variedadescom maior rusticidade e tolerância é fundamental.

A escolha do local para formação de canteiros, no sistemade produção de mudas, é uma medida importante no manejo dadoença. Locais altos e com boa ventilação reduzem o período demolhamento foliar, além de a umidade relativa do ar ser maisbaixa. A densidade da semeadura deve ser abaixo de 3g/m2 de

Figura 5. Sintoma de (A) pinta-branca em folha de cebola na fasede lavoura e (B) sintoma e esporulação de B. squamosa em folha demuda de cebola na fase de canteiro

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semente, evitando elevado adensamento de plantas, maior com-petição por luz, nutrientes e água, que tornam a planta mais sen-sível ao ataque de B. squamosa.

3.1.2 Míldio ou mofo

O míldio (Peronospora destructor) é causado pelo fungoconsiderado aquático Peronospora destructor, mas torna-se pa-rasita obrigatório que coloniza tecidos vivos das plantas e se repro-duz apenas neles. E as plantas que apresentam esses tecidos vivossão quase que exclusivamente cebolas (bulbo, cebolinha, chalota).

A ocorrência e o progresso de epidemias de míldio na cultu-ra da cebola são altamente dependentes das condições restritasde umidade, temperatura e luminosidade. A esporulação dopatógeno ocorre somente à noite, com umidade relativa acimade 95% e temperaturas amenas, entre 4 e 24oC. Na presença deágua livre, a germinação dos esporos ocorre em uma faixa amplade temperatura que vai de 6 até 36oC. Dessa forma, dias nubla-dos, sem chuva, com umidade relativa elevada favorecem a ocor-rência da doença. Temperaturas diurnas acima de 25oC somadas atempo seco e ensolarado são suficientes para inibir o desenvol-vimento do míldio. Isso torna difícil sua previsão para prevençãoe controle.

Os sintomas podem ser observados em todos os estádiosde desenvolvimento da planta, tanto em folhas como em hastesflorais. Inicialmente, o sintoma caracteriza-se pela formação deuma mancha ovalada de coloração verde-clara no sentido longi-tudinal da folha, e depois se torna pulverulenta pela esporulaçãodo fungo e apresenta coloração violeta-acinzentada (Figura 6).

Quando a umidade do ar é baixa após a infecção, inicial-mente não ocorre esporulação, e a lesão apresenta-se como umamancha clorótica ovalada. Em condições favoráveis, as manchascloróticas são cobertas por intensa esporulação, caracterizandouma eflorescência acinzentada (Figura 7). Com o avanço da doen-ça o tecido torna-se amarelo-palha e necrótico (Figura 8) e asfolhas secam.

A disseminação do míldio ocorre com a dispersão dosesporângios (“sementes” do fungo) por correntes de ar e pouco

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por respingos de água da chuva ou irrigação, alcançando lavouraspróximas ou distantes para iniciar novos ciclos. Após a infecção, ofungo pode permanecer sobrevivente em bulbos e sementes,em plantas voluntárias de cebola (ressoca). A gama de hospedei-ros desse patógeno inclui várias espécies do gênero Allium, comocebolinha, alho, alho-poró e outras.

Figura 6. Sintomas iniciais do míldio em folha decebola: presença de intensa esporulação de P.destructor, sintoma característico de mofo acinzentado

Figura 7. Mancha clorótica ovalada com intensaesporulação de P. destructor

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Os diferentes genótipos de cebola existentes diferem nasua suscetibilidade a P. destructor, porém nenhuma variedadecomercial é considerada imune ou altamente resistente. Isso por-que, sendo um fungo de parasitismo obrigatório, isto é, se desen-volve e esporula somente em tecido vivo, é bem provável quetenha coevoluído com o gênero Allium, tornando-se interdepen-dente. No manejo da doença, o maior espaçamento entre linhasde plantio, com adensamento de até 350 mil plantas por hectare,pode retardar a infecção e dispersão do patógeno. Recomenda-seo uso com cautela, limitando o número de aplicações de fungicidase alternando os seus mecanismos de ação durante a safra. Valeressaltar que a utilização de fungicidas baseada no monitoramentoconstante de condições climáticas favoráveis e no surgimento dosprimeiros sintomas da doença são medidas mais eficazes para usoracional do controle químico da doença.

3.1.3 Mancha-púrpura

A mancha púrpura (Alternaria porri) ocorre na maioria dasregiões de cultivo da cebola, tendo maior severidade em áreascom clima quente e úmido. Na região produtora catarinense, comépoca de cultivo predominantemente na primavera/verão, a mai-

Figura 8. Sintoma mais avançado comintensa clorose, início de necrose eesporulação de P. destructor cobrindo todaa área foliar

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or incidência da doença tem sido verificada no fim do ciclo dacultura, podendo causar perdas em cultivos tardios.

A faixa de temperatura ótima para a manifestação da doen-ça é 21 a 30oC, e a umidade do ar superior a 90%. O fungo A. porrisobrevive em restos culturais na forma de micélio ou esporosresistentes. A disseminação da doença ocorre pela fácil disper-são dos esporos por vento, respingos de chuva e água de irriga-ção. A gama de hospedeiros de A. porri inclui o alho, o alho-poró,a cebolinha e outras espécies de gênero Allium.

Figura 9. Folha de cebola com sintoma demancha-púrpura (A. porri)

Os sintomas iniciais se caracterizam pela forma de peque-nas pontuações de aparência aquosa e formato irregular. Em con-dições favoráveis as manchas aumentam de tamanho, tornam-seovaladas e o centro fica com coloração púrpura (Figura 9), sendoesse o sintoma característico da doença.

O fungo causador da mancha-púrpura é considerado umpatógeno oportunista, por atacar com maior severidade folhassenescentes ou já infectadas por míldio. Danos mecânicos, deficithídrico ou alta infestação de trips também favorecem a ocorrên-cia da doença. Tem-se observado que o controle adequado domíldio e de trips contribui para o manejo da mancha-púrpura.

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Outras práticas, como a rotação de culturas e a eliminaçãode restos culturais, auxiliam na redução da quantidade de inóculo.Boa drenagem do solo, menor densidade de plantas e uso deirrigação somente quando necessário também são medidas reco-mendadas para o manejo da mancha-púrpura.

3.1.4 Raiz rosada

A raiz rosada (Phoma terrestris) é causada pelo fungo desolo P. terrestris, que infecta as raízes sem afetar o bulbo. É umadoença de ocorrência generalizada em várias regiões produtorasde cebola no Brasil, mostrando-se em maior intensidade nos so-los depauperados e monocultivados com cebola.

A quantidade de inóculo proporcionada pelo monocultivo eo aumento da temperatura do solo são fatores determinantespara sua ocorrência e danos. Em anos mais secos e quando asplantas estão desequilibradas nutricionalmente, a raiz rosadaocorre com maior intensidade.

O sintoma característico da doença é a alteração da cor dasraízes, inicialmente rosadas, progredindo para púrpura, marrome escurecidas (Figura 10). O patógeno pode afetar a planta emtodos os seus estádios de desenvolvimento, porém é comumenteobservado em plantas na fase de maturidade. Quando a infecção

Figura 10. Sintomas de raiz rosadaem planta de cebola

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de P. terrestris é elevada, e a maioria das raízes é afetada, a plantaperde o vigor e paralisa o crescimento, e as folhas amarelecem.Nessa condição a planta é facilmente destacada do solo.

O fungo P. terrestris é habitante do solo, capaz de sobrevi-ver na forma de picnídios e clamidósporos a uma profundidadede até 45cm. Sua dispersão se dá por movimentação do solo,escorrimento da água e transporte de bulbos e mudas doentes.Esse patógeno possui ampla gama de plantas hospedeiras. Entreas do gênero Allium estão a cebolinha-verde, a chalota, o alho e oalho-poró. Mais de 20 outras espécies de plantas, como o tomate,o pepino, o sorgo e o trigo, estão também entre as hospedeiras.

O cultivo contínuo de cebola na mesma área intensifica oataque de P. terrestris. Não existem tratamentos químicos quesejam técnica e economicamente viáveis. Práticas como a rota-ção de culturas por pelo menos três anos, aumento do nível dematéria orgânica do solo, controle da irrigação e antecipação dostransplantes com o uso de cultivares precoces para escapar dasaltas temperaturas são recomendadas para o manejo da doença.

3.1.5 Podridão-branca

Em Santa Catarina, a podridão-branca (Sclerotium cepivorum)era considerada uma doença restrita às áreas de cultivo do alhona região do Planalto Norte. Entretanto, recentemente ela temocorrido na região produtora de cebola no Alto Vale do Itajaí,principalmente na fase inicial do ciclo logo após o transplante demudas, período este com temperaturas amenas que favorecem aocorrência da doença.

A podridão-branca é causada pelo fungo de solo Sclerotiumcepivorum, que produz estruturas de resistência (escleródios),permitindo sua sobrevivência por longos períodos. Sua dispersãodentro da lavoura se dá pela movimentação do solo e pela águada chuva e da irrigação. A disseminação da doença a longas dis-tâncias ocorre pelos equipamentos, animais e calçados que pas-saram pela lavoura contaminada.

Em lavouras atacadas, inicialmente se observa amare-lecimento e morte de plantas em reboleiras. As folhas secame, quando puxadas, se desprendem do bulbo apodrecido. Nasplantas infectadas em senescência, quando a umidade relati-

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va é elevada, observa-se crescimento abundante de micéliobranco e formação de escleródios sobre as raízes e opseudocaule (Figura 11).

A maneira mais racional para o manejo da podridão-brancaenvolve a escolha de locais de plantio livres do patógeno, bemcomo locais e épocas menos favoráveis à ocorrência da doença.Áreas muito baixas, com excesso de umidade e temperatura dosolo entre 10 e 20oC favorecem a infecção e o rápido desenvolvi-mento da doença. Outra medida preventiva importante é o usode mudas sadias para o transplante.

Em locais em que a incidência do patógeno é baixa, geral-mente áreas em que a introdução de S. cepivorum é recente, asplantas infectadas devem ser destruídas e o uso da solarizaçãocom filme de polietileno pode ajudar a reduzir sua incidência.Práticas de restabelecimento da diversidade biológica no solo,como a adição de compostos orgânicos e o uso de adubação ver-de, estimulam a atividade antagonista residente, podendo auxi-liar na redução da população do fungo no solo.

3.1.6 Nematoide

O nematoide Ditylenchus dipsaci foi constatado pela primeiravez no cultivo de cebola em sucessão com alho na região do Pla-nalto Catarinense, no ano de 1993. Trata-se de um verme de soloamplamente distribuído nas regiões catarinenses que cultivamalho, e a proximidade com áreas produtoras de cebola facilita a

Figura 11. (A) Mudas de cebola atacadas por S. cepivorum e (B)detalhe da presença de micélio branco e escleródios emmaturação nas raízes infectadas

A B

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transposição desse nematoide de uma região a outra entre asculturas do alho e cebola.

D. dipsaci pode afetar a coroa e o bulbo de plantas de cebo-la. As folhas das plantas doentes tornam-se cloróticas e flácidas,podendo tombar toda a parte aérea. O pseudocaule engrossa, e olançamento de novas folhas dá-se no mesmo ponto, sendo estasretorcidas, conferindo o aspecto de espanador (Figura 12). O in-terior dos bulbos apresenta característica esponjosa com pon-tos esbranquiçados e farináceos nas escamas internas. Os bulbosperdem peso e, se invadidos por bactérias, apodrecem facilmen-te no armazém (Figura 13A). Outro sintoma que pode ser obser-vado é o rompimento do bulbo devido à multiplicação de seucrescimento (Figura 13B). Na lavoura, plantas com sintomas semanifestam em reboleiras.

Figura 12. (A) Planta de cebola retorcida, comengrossamento do pseudocaule e (B) início de clorosecaracterizando o aspecto de espanador pela presençade D. dipsaci

BA

Figura 13. (A) Bulbos com escamas internas com aspecto esponjosoe farináceo e (B) rompidos pela presença de D. dipsaci

BA

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O nematoide D. dipsaci pode infectar uma ampla gama deplantas hospedeiras. Já foi constatado em mais de 450 espécies,mas com danos severos em alho, alho-poró, cebola e chalota.Pela grande variedade de hospedeiros, pode sobreviver no solopor muitos anos, sendo disseminado dentro da lavoura pela águade irrigação, pela chuva, pelo vento e pela movimentação do solo.Entre uma lavoura e outra de cebola, a principal forma de disse-minação da doença são os implementos agrícolas contaminadoscom solo infestado e mudas doentes.

As condições que favorecem a movimentação, reproduçãoe infecção do nematoide na cultura da cebola são temperaturapróxima a 21oC e solo úmido. D. dipsaci passa todos os estádios nointerior do bulbo da cebola, deslocando-se para o solo quando aplanta inicia o processo de deterioração. Dessa forma, a elimina-ção em local adequado de plantas e bulbos contaminados é umamedida importante no manejo da doença.

A principal forma de manejo do nematoide é evitar sua en-trada em lavouras livres do patógeno. A rotação de culturas complantas não hospedeiras, como feijão, milho, soja e trigo, deveser realizada no mínimo por três anos. O pousio da área contami-nada e o uso da solarização também podem ser adotados no con-trole de D. dipsaci.

Não existem produtos químicos registrados no Ministérioda Agricultura para o controle de D. dipsaci em cebola. Em geral, ocontrole químico de nematoides apresenta vários inconvenien-tes, como o alto custo dos produtos, os resíduos nos alimentos, aintoxicação dos agricultores pela exposição aos agentes quími-cos, a possibilidade de contaminação de fontes de água e a des-truição da microflora do solo.

3.1.7 Bacterioses e falso carvão ou mofo preto

As bacterioses (Burkholderia cepacia, Burkholderia gladiolie Pectobacterium caratovorum subsp. carotovorum) e o falso car-vão (Aspergillus niger) são doenças que geralmente ocorrem nosbulbos, principalmente no período de pós-colheita, mas a infec-ção se dá ainda no campo.

A bacteriose conhecida como camisa d’água ou podridão

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bacteriana da escama é causada pela bactéria Burkholderia cepacia,ao passo que a podridão aquosa da escama é causada por B. gladioli.B. cepacia infecta as camadas mais externas do bulbo, causandopodridão nas escamas externas, as quais ficam com aparênciaúmida e cor amarelada (Figura 14A). A podridão causada por B.gladioli inicia em uma ou duas escamas internas, que se mostramamolecidas, cozidas e aguadas (Figura 14B).

A podridão mole ocorre em várias hortaliças e é a principalcausa da perda de peso de bulbos de cebola em pós-colheita. A prin-cipal espécie envolvida é Pectobacterium carotovorum subsp.carotovorum. Bulbos de cebola infectados por P. carotovorum aoserem apertados expulsam um líquido viscoso pelo pescoço comforte impregnação de odor fétido, sintoma característico da doença.

Essas bactérias sobrevivem no solo, sendo disseminadas porágua de irrigação ou da chuva, insetos, implementos agrícolas epelo homem durante os tratos culturais. A principal fonte deinóculo dessas bacterioses é o próprio solo onde a cebola é culti-vada. A infecção na cebola ocorre após o início da formação debulbos, iniciando pelo pescoço, sendo favorecida pelo acúmulode água no solo e pela ocorrência de temperaturas elevadas, aci-ma de 25oC. As bactérias penetram por aberturas naturais e, prin-cipalmente, por ferimentos ocasionados durante o processo de“estalo” e colheita.

Ferimentos causados por queimaduras por raios solares,choques no transporte, excesso de chuvas e cura mal conduzidafavorecem as bacterioses. Os bulbos com pseudocaule frouxo e

Figura 14. Sintomas de (A) podridão das escamas (B. cepacia) e de(B) podridão aquosa (B. gladioli) em bulbo de cebola

A B

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machucado facilitam a entrada de microrganismos e a formaçãode câmara úmida, sendo mais sensíveis ao apodrecimento no ar-mazém.

O falso carvão é causado pelo fungo Aspergillus niger, dedisseminação generalizada, com ampla gama de plantas hospe-deiras, podendo ocorrer como contaminante de vários substratos/alimentos ou causando doenças no homem e em animais. Sobre-vive no solo, sobre matéria orgânica em decomposição e, emdeterminadas condições, é patogênico a várias hortaliças, frutas,cereais, entre outras espécies de plantas. Constitui-se na princi-pal doença pós-colheita da cebola, sendo causa da depreciaçãocomercial dos bulbos no Brasil.

A infecção de A. niger ocorre pelo pescoço do bulbo nasplantas de cebola íntegras ou através do rompimento da película.O fungo se desenvolve nas escamas internas dos bulbos da cebo-la abaixo da película, crescendo por toda a superfície do bulbo,com maior intensidade ao longo das nervuras das escamas. O cres-cimento de coloração preta do fungo abaixo da película se consti-tui no sintoma característico da doença (Figura 15).

Figura 15. Sintomas do falso carvão (A. niger) em bulbo de cebola

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As medidas adotadas no manejo das bacterioses e do falsocarvão são semelhantes. Por serem patógenos fracos, que pene-tram por aberturas naturais ou ferimentos, deve-se ter o máximocuidado nos tratos culturais durante o ciclo da cultura e no manu-seio de bulbos durante a colheita e o armazenamento, de manei-ra a evitar danos nas escamas e nas folhas, próximo ao pescoço. Acura adequada, evitando exposição direta do bulbo ao sol, e aproteção de chuvas na colheita reduzem a infecção inicial dasbacterioses e do falso carvão. Da mesma forma, o sistema decultivo em base ecológica favorece o desenvolvimento resis-tente e a rusticidade dos tecidos, o que dificulta a infecçãodesses agentes.

A adoção de rotação de culturas, adubações equilibradas ea adição de compostos orgânicos proporcionam o desenvolvimen-to de bulbos sadios, firmes e mais resistentes às bacterioses e aofalso carvão. É importante, também, evitar adubações mineraisem cobertura excessivas durante o processo de formação dosbulbos. Considerando que a infecção de folhas e bulbos ocorre,principalmente, semanas antes da colheita, o manejo da culturadeve desfavorecer os patógenos nesse período. Deve-se contro-lar a irrigação para evitar o excesso de água no solo, diminuindoassim a dispersão, bem como antecipar a colheita, que pode fa-vorecer a formação de maior película e assim aumentar a resis-tência dos bulbos à infecção.

3.2 Manejo de pragas da cebolaA cultura da cebola apresenta como praga principal o trips

ou piolho da cebola (Thrips tabaci Lind.) (Thysanoptera:Thripidae), que incide na fase de lavoura. Esse inseto pode cau-sar dano econômico e incide frequentemente na cultura. As de-mais pragas são secundárias, pois a incidência pode ser esporádi-ca e não causar perdas econômicas consideráveis para a cultura.

3.2.1 Manejo de pragas da cebola na fase decanteiro

A incidência de pragas na fase de canteiro em cebola não éconsiderada fator limitante à produção de mudas. Isso ocorre prin-

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cipalmente pelo fato de que a cultura, nessa fase, coincide com operíodo de inverno, que atua como controlador natural de inse-tos, pois poucas espécies causam danos expressivos em climafrio. Além do inverno, a ação de inimigos naturais também auxi-lia no combate às pragas, o que geralmente resulta em poucosinsetos a combater na fase de canteiro.

3.2.1.1 Vaquinha

A vaquinha (Diabrotica speciosa Germar) (Coleoptera:Chrysomelidae) é um besouro que mede aproximadamente 5mmde comprimento, tem a cabeça castanha e asas de cor verde, commanchas amarelas. O dano que causa nas mudas de cebola carac-teriza-se pelo consumo das folhas, porém essa praga raramenteatinge o nível de dano econômico (Figura 16).

Figura 16. Adulto de vaquinha se alimentando em mudas decebola no início do desenvolvimento das plantas

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A vaquinha é observada com frequência, principalmente,em canteiros de cebola semeados mais no cedo, pois o desenvol-vimento das mudas coincide com o fim do verão, o que facilita aincidência da praga. Além disso, a vaquinha é um inseto de hábi-to polífago, alimentando-se de várias espécies de plantas, queincluem feijão, tomate e soja. Portanto, é comum sua migraçãodas áreas de feijão da safrinha situadas próximas das áreas doscanteiros de cebola, principalmente naqueles semeados maiscedo. O uso de raízes de tajujá, Cayaponia tayuya (Vell.), ou fru-tos novos de porongo, Lagenaria vulgaris (Molina), cortados emrodelas, mergulhados na calda inseticida por 24 horas e espalha-das ao redor dos canteiros atua como isca tóxica, auxiliando nocontrole da praga.

3.2.1.2 Mosca da cebola

A mosca da cebola (Delia platura), inseto também conheci-do popularmente por “bicheira” ou bichinho da raiz, Delia platura(Meigen) (Diptera: Anthomyiidae), tem incidência esporádica paraas condições do Alto Vale do Itajaí, SC. Essa mosca, na fase adulta,mede em torno de 0,8cm de comprimento, sendo menor que amosca doméstica, Musca domestica L. (Diptera: Muscidae), e temo corpo delgado, apresentando coloração preto-acinzentada (Fi-gura 17). Os adultos são reconhecidos pelo voo lento e próximodo solo e podem ser encontrados em grandes níveis de infestaçãonas proximidades da superfície do solo dos canteiros atacados.

Figura 17. Adulto da mosca da cebola pousada emuma muda de cebola

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As larvas são de cor branco-amarelada, não possuem per-nas, têm o corpo cilíndrico, medem 0,6cm de comprimento nofinal do desenvolvimento larval e possuem uma mácula escuraem forma de traço, no sentido longitudinal, próxima do aparelhobucal. A fase de ovos tem duração de 2 a 7 dias. As larvas e aspupas têm seu desenvolvimento em duas a três semanas, de acor-do com o clima.

As larvas desse inseto perfuram as mudas até o estádio deduas a três folhas, danificando a área de inserção das raízes e dopescoço (pseudocaule) (Figura 18), podendo ser encontradas vá-rias larvas em uma mesma planta. O ataque de larvas causaamarelecimento das mudas e pode causar tombamento devido àperfuração do tecido vascular. Além de causar dano no início dodesenvolvimento das plantas, essa praga pode atacar também asmudas depois do transplante, e as larvas perfuram a raiz na re-gião da coroa, causando apodrecimento. Com isso, a absorção deágua fica comprometida e a planta torna-se amarelada, murcha epode secar.

Figura 18. Mudas de cebola danificadas por larvas damosca da cebola

A incidência desse inseto, na fase de canteiro e no trans-plante, geralmente está relacionada com algum estresse, queprejudica o desenvolvimento das mudas. Esse inseto apresentahábito alimentar saprófita, provavelmente por isso prefira plan-tas estressadas ou predispostas ao processo de decomposição.

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Assim, qualquer estresse que a planta sofra atrai o inseto paracolocar os seus ovos. Esse estresse pode ser causado por váriosfatores, incluindo seca, fitotoxicidade causada por herbicidas ououtro insumo aplicado via foliar, presença de alumínio tóxico nosolo, e fermentação de esterco não curtido. Geralmente, nos lo-cais onde ocorre ataque de larvas da mosca da cebola há algumagente causador de estresse nas plantas que deve ser detectadopara evitar perdas por danos desse inseto. O controle químicodessa praga não tem sido recomendado, pois no Brasil não háinseticidas registrados. Na prática, o ideal é realizar novamente asemeadura, pois as plantas atacadas geralmente ficam compro-metidas.

3.2.1.3 Grilo

A incidência do grilo, Gryllus assimilis Fabricius (Orthoptera:Gryllidae), raramente tem sido constatada, embora cause o cortede mudas no início do desenvolvimento das plantas. A presençadesse inseto é indicada pelos montículos de terra que depositaao redor de buracos das entradas das galerias subterrâneas queconstrói para se abrigar. Geralmente, não é observado durante odia, pois tem hábito noturno. O uso de iscas tóxicas é recomenda-do no manejo desse inseto, as quais devem ser elaboradas com aseguinte composição: 1kg de farelo de trigo, 100g de ácido bórico,100g de açúcar ou melaço e 0,5L de água. Os ingredientes devemser misturados, de modo que formem uma pasta consistente,para, em seguida, depositar porções com 2 a 3g/m2 de isca noscanteiros.

3.2.2 Manejo de pragas da cebola na fase de lavoura(pós- transplante)

3.2.2.1 Lagarta-rosca

O adulto da lagarta-rosca, Agrotis ipsilon (Hufnagel)(Lepidoptera: Noctuidae), é uma mariposa que mede de 3,5 a4cm de comprimento e tem as asas anteriores de cor marrom,com máculas pretas, enquanto as asas posteriores são de cor bran-ca e semitransparentes. As fêmeas põem até 1.260 ovos. Após 5

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dias, os ovos dão origem às lagartas, que são de formato cilíndricoe de cor cinza-escura a marrom-clara. Quando totalmente desen-volvidas, apresentam corpo liso e brilhante e são de coloraçãocinza a marrom-escura, podendo atingir até 4,5cm de comprimen-to. A duração da fase larval é de 20 a 40 dias, e a pupal é de 10 a 20dias. Após esse período, emergem os adultos, que vivem por apro-ximadamente 14 dias. As lagartas cortam as plantas de cebolarente ao solo, ao redor do “pescoço”, o que causa seu secamento(Figura 19).

A lagarta-rosca causa dano à noite, pois durante o dia seenterra no solo, próximo da planta de cebola onde está se ali-mentando. O controle dessa praga é realizado naturalmente porvespas e moscas parasitoides, que colocam os seus ovos nas la-gartas, dos quais nascem larvas que se alimentam do tecido in-terno das lagartas, evitando a emergência de novas mariposas.Na região do Alto Vale do Itajaí, SC, raramente, acontece danoeconômico dessa praga em lavouras de cebola, mas sãocomumente encontradas em áreas cultivadas com cobertura desolo utilizando a ervilhaca (Vicia spp.). As plantas daninhas lín-gua-de-vaca (Rumex obtusifolius L.) e os carurus (Amaranthus spp.)são hospedeiros naturais dessa praga. O manejo antecipado deervas indesejáveis e de plantas de cobertura de solo é uma formade eliminar o alimento dessa lagarta, evitando seu ataque na la-voura a ser implantada.

O controle químico deve ser realizado com critério, poispode destruir os inimigos naturais e causar o ressurgimento da

Figura 19. Planta de cebolacortada na região do “pescoço”(pseudocaule) e tombada nosolo, próxima da lagarta-roscaque causou o dano

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praga. Isca tóxica pode ser utilizada no controle da lagarta-rosca,e pode ser formulada com os seguintes ingredientes, para áreade 1ha de lavoura: 35kg de farelo de trigo ou de arroz, 1,5kg deaçúcar, 1,5L de óleo de soja, 2L de suco de laranja, 3,5kg de ácidobórico e água em quantidade suficiente para formar uma pastaconsistente. Fazer uma massa e espalhar próximo das plantas naproporção de 3 a 4g/m2.

3.2.2.2 Larvas de moscas

Há duas espécies de moscas que podem atacar as plantas decebola nas lavouras recém-transplantadas, popularmente conhe-cidas como bicheira ou bichinho da raiz: D. platura, que foi descri-ta como praga na fase de canteiro, e Pseudosciara pedunculataEnderlein (Diptera: Sciaridae). Os adultos desta última espéciesão moscas de cor preta e com o corpo delgado, medindo aproxi-madamente 8mm de envergadura e 5mm de comprimento (Figu-ra 20A). Sua aparência difere da do adulto de D. platura, pois seassemelha com mosquitos. As larvas de P. pedunculata são decorpo fino, delgado e geralmente apresentam comprimento má-ximo de 8 a 9mm (Figura 20B). Os danos que causam tambémdiferem daqueles da D. platura, pois a P. pedunculata alimenta--se das raízes externas, provocando amarelecimento e encar-quilhamento da folha central das plantas.

Essas duas espécies de mosca têm hábito saprófita e possu-em a tendência de se alimentar de plantas que sofreram estresse.Várias podem ser as causas desse estresse, tais como seca, toxidezpor alumínio no solo, fitotoxidade causada por herbicidas e ou-

Figura 20. (A) Adultos e (B) larvas da moscaPseudosciara pedunculata

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tros insumos, prática do corte das raízes ou folhas para o trans-plante e fermentação de esterco não curtido. O uso de mudasfora do padrão para transplante, que devem ter o diâmetro deum lápis, também provoca dificuldade no desenvolvimento dasplantas, predispondo ao ataque por larvas dessas moscas. Por-tanto, o ideal em áreas onde os danos dessas larvas de mosca sãofrequentes consiste em identificar o agente causador de estressedas plantas.

Em áreas em que as plantas de cebola apresentam sintomasde toxidez por alumínio, o ataque de larvas de P. pedunculatageralmente acontece nas raízes das plantas com dificuldade dese desenvolver. Convém ressaltar que, no processo de início dodesenvolvimento das mudas recém-transplantadas, ocorre mor-te de raízes, o que também atrai as larvas dessas moscas. Depoisde as plantas desenvolverem raízes novas (“planta pega”) nãohaverá danos severos devido ao ataque dessas larvas.

No Brasil ainda não há inseticidas registrados para o contro-le químico das larvas de D. platura e P. pedunculata. A adoção depráticas de manejo de solo, tais como calagem, adubação equili-brada, utilização de plantas de coberturas recomendadas para aregião, adoção de rotação de culturas, que facilitam o desenvol-vimento das plantas depois do transplante, diminuem os danoscausados pelo ataque das larvas dessas moscas.

3.2.2.3 Piolho-da-cebola ou trips da cebola

O trips Thrips tabaci Lind (Thysanoptera: Thripidae) ou pio-lho-da-cebola, como é conhecido popularmente em SantaCatarina, é a principal praga da cultura no Brasil. Esse inseto temtamanho pequeno, medindo em torno de 1mm de comprimentona fase adulta. Na fase de ninfa (inseto jovem), esse inseto carac-teriza-se por apresentar cor esbranquiçada a amarelo-esverdeadae por não voar, porque é desprovido de asas, enquanto o adultotem coloração amarelo-escura a marrom e voa. Esse inseto abri-ga-se na parte interna das folhas, principalmente próximo da ba-inha (Figura 21).

O piolho-da-cebola apresenta sua população basicamentecomposta por fêmeas, que podem reproduzir-se sem a presença

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de machos, pelo processo de partenogênese. As fêmeas põem osovos inseridos nas folhas, dos quais, após 4 dias, eclodem as ninfas,que se desenvolvem por 5 a 10 dias. Após essa fase, passam até58 horas pelo estágio pupal, que pode ocorrer no solo ou na plan-ta e, em seguida, emergem os adultos. As fêmeas adultas vivemcerca de 22 dias e põem de 20 a 100 ovos.

Figura 21. Bainhas das folhas da planta de cebola, onde se alojam asninfas de trips

O desenvolvimento do trips da cebola é diretamente pro-porcional ao aumento da temperatura e à redução das chuvas.Os danos que causa decorrem da raspagem das folhas e dasucção de seiva das plantas, que, inicialmente, causa lesõesesbranquiçadas a prateadas na parte interna das folhas, masque podem manifestar-se em toda a planta. Com o aumentoda severidade do ataque ocorre amarelecimento, retorção esecamento dos ponteiros das folhas, provocando a diminuiçãodo tamanho de bulbos (Figura 22).

Os danos causados por trips nas folhas da cebola favore-cem a entrada de alternária e a incidência de viroses, embora

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essa associação ainda não tenha confirmação por trabalhos depesquisa realizados na Epagri de Ituporanga, SC. A armazenagemde bulbos provenientes de áreas severamente atacadas por tripstambém é prejudicada pelo fato de as plantas retardarem ou nãoatingirem o tombamento por ocasião da maturação fisiológica,facilitando a entrada de água das chuvas, o que predispõe os bul-bos às perdas por bacterioses.

O piolho-da-cebola incide em altas densidades populacionaisprincipalmente em períodos quentes e secos de outubro e no-vembro. Para o Alto Vale do Itajaí, SC, quando acontece tempera-tura média acima de 20oC e precipitação pluviométrica abaixo de25mm, geralmente ocorrem altos níveis populacionais desse in-seto. Em virtude do clima favorável, infestações com mais de 20ninfas de trips por planta acontecem a partir da segunda quinze-na de outubro, com pico populacional no mês de novembro.

O controle biológico do piolho-da-cebola é realizado natu-ralmente por insetos predadores, incluindo larvas de moscas dafamília Syrphidae (Toxomerus spp.) e da joaninha Eriopis connexa

Figura 22. Planta de cebolacom folhas secas, retorcidas ecom lesões esbranquiçadasdevido a ataque intenso detrips

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(Germar) (Coleoptera: Coccinelidae), que se alimentam princi-palmente de ninfas. As larvas das moscas predadoras Toxomerusspp. apresentam formato vermiforme, têm cor verde-amareladae medem aproximadamente de 0,5 a 0,8cm de comprimento (Fi-gura 23A). As joaninhas, na fase adulta, apresentam manchas decor branca, preta e vermelha nas asas, e medem aproximada-mente 1cm de comprimento (Figura 23B). As larvas são de corpreta, branca e amarela e medem cerca de 1cm de comprimentono final da fase de desenvolvimento larval.

É necessário o uso criterioso de inseticidas para se preser-var os inimigos naturais, bem como é interessante manter ervasinvasoras e vegetação espontânea em terraços, pois servem deabrigo para os inimigos naturais.

O controle cultural dessa praga pode ser realizado pelo trans-plante de mudas em julho, preferindo cultivares de ciclo preco-ce, tais como Epagri 363 Superprecoce e Empasc 352 Bola Precoce,pois quando ocorre a infestação do piolho-da-cebola, esses culti-vares estão na fase final de formação do bulbo, sendo pouco afe-tados pelo ataque da praga. O uso do sistema de plantio diretosobre a palha (Figura 24) também é recomendado, pois geral-mente aumenta a diversidade biológica e a fertilidade do solo, oque torna as plantas mais resistentes ao inseto, diminuindo asperdas de produtividade. A adubação equilibrada de fósforo evi-ta surtos populacionais do inseto, pois o excesso desse nutrientefavorece o desenvolvimento desse trips. A adoção do uso de cul-tivares precoces, adubação fosfatada equilibrada e plantio direto

Figura 23. (A) Larvas de mosca Toxomerus spp., predadoras de ninfasde trips e (B) adulto da joaninha, Eriopis connexa, predadora de trips

BA

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das mudas favorece a diminuição do uso de inseticidas no contro-le desse inseto ou, até mesmo, dispensam sua utilização.

O controle químico do trips da cebola pode ser realizadopela aplicação de inseticidas, mas sempre com a alternância deinseticidas de grupos químicos diferentes, para evitar o apareci-mento de resistência da praga aos agrotóxicos.

As plantas de cebola toleram de 10 a 15 ninfas do piolho-da-cebola antes da formação do bulbo e 30 espécimes depois,sem prejuízos na produtividade. Dessa forma, aplicando o con-trole químico apenas quando acontecem esses níveispopulacionais é possível diminuir o uso de inseticidas sem preju-ízos à produtividade. Não há diferenças de eficiência de controledo trips da cebola pelo uso de bicos do tipo cone ou de leque,quando forem aplicados volumes de calda situados entre 236 e788L/ha. O uso de espalhante adesivo não é recomendado, poisnão há diferença significativa na eficácia do controle.

3.2.2.4 Larva de mosca-minadora

As larvas da mosca-minadora, Liriomyza sp. (Diptera:Agromyzidae), causam danos em folhas de plantas de cebola, ca-racterizando-se por galerias irregulares de coloraçãoesbranquiçada (Figura 25).

A intensidade de danos causados por mosca-minadora emcebola na região do Alto Vale do Itajaí, SC, é baixa e de ocorrênciaesporádica. Portanto, normalmente não há necessidade de ado-tar estratégias específicas para seu manejo. Os focos de infestaçãoe danos dessa praga provavelmente surgem devido à eliminaçãode seus inimigos naturais pela intensa aplicação de agrotóxicos

Figura 24. Cebola cultivada emsistema de plantio direto sobrepalha de aveia (Avena spp.) enabo-forrageiro (Raphanussativus L.)

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normalmente utilizados para o controle de trips. A hipótese deque a mosca-minadora facilita a infecção de alternária nas plan-tas ainda não foi confirmada em trabalhos de pesquisa.

3.3 Manejo de plantas indesejáveisA maioria das terras aráveis contém grande número de se-

mentes de plantas indesejáveis anuais e perenes, parte das quaisé estimulada a germinar com os frequentes cultivos e competirácom a cebola. Assim, tanto a produção de mudas quanto o trans-plante e a semeadura direta devem ser realizados em áreasmantidas sempre livres de plantas indesejáveis, porque o cresci-mento da planta de cebola é lento, e a competição interfere noseu desenvolvimento e o prejudica. As plantas indesejáveis oca-sionam perda na produtividade e qualidade da cebola, pela com-petição por água, luz e nutrientes minerais e, indiretamente, porserem hospedeiras de pragas e doenças.

Nos canteiros, as plantas indesejáveis são um dos proble-mas limitantes na produção de mudas de cebola. Essas limitaçõesdecorrem da alta infestação por plantas indesejáveis, da diversi-dade de espécies que geralmente formam a flora infestante des-sas áreas (Tabela 15) e da dificuldade generalizada de utilizaçãode outros métodos de controle que não o químico, devido aosistema de semeadura e de irrigação empregado.

Após o transplante, os resultados de pesquisa obtidos naEpagri indicam que as perdas podem atingir índices de até 57,4%na produtividade, bem como no rendimento econômico, se a cul-tura da cebola não for mantida no limpo por um período de, pelomenos, 60 dias após o transplante. As infestações tardias de plan-

Figura 25. Galerias nas folhas decebola causadas por larva damosca-minadora (Lyriomiza sp.)

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Tabela 15. Principais espécies de plantas indesejáveis de maiorocorrência em canteiros de cebola no Alto Vale do Itajaí

Nome científico Nomede reprodução popular

Apium leptophylum Umbelliferae Aipo-bravo Anual Semente (Pers.) Muell ou cebolinha

Artemisia verlotorum Asteraceae Losna Perene SementeLamotte e rizomaBidens pilosa L. Asteraceae Picão-preto Anual Semente

Coronopus didymus Cruciferae Mentruz Anual Semente

(L.) Smith

Doidia alata Nees Rubiaceae Erva-de- Perene Sementeet Mart. -lagarto

Euphorbia spp. Euphorbiaceae Erva-de- Anual Semente-santa-luzia

Galinsoga parviflora Asteraceae Picão-branco Anual SementeCav.

Nothoscordon Li l iaceae Alho-bravo Perene Semente,fragrans Kunth bulbo e

bulbinhoOxalis spp. Oxalidaceae Azedinha Perene Semente

e estalãoPoa anuua L. Poaceae Pastinho de Anual Semente

inverno

Stellaria media Cariophyllaceae Pega-pinto Anual Semente(L.) Cyrill.

Ageratum Asteraceae Mentrasto Anual Sementeconyzoides L.

Amaranthus spp. Amaranthaceae Caruru- Anual Semente-rasteiro

Cerastium Caryophyllaceae Orelha- Anual Sementeglomeratum Thuill. -de-rato

Chenopodium Chenopodiaceae Erva-de- Anual e Sementeambrosioides L. -santa-maria perene

Gamochaeta spicata Asteraceae Marcela Anual Semente(Lam.) Cabrera

Plantago Plantaginaceae Tanchagem Anual Sementetomentosa Lam.

(Continua)

Família Ciclo Método

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tas indesejáveis não afetam diretamente a produção, mas inter-ferem no processo de colheita e dificultam a cura, prejudicando oarmazenamento dos bulbos.

3.3.1 Plantas indesejáveis

Devido ao manejo inadequado das plantas indesejáveis,muitas áreas de cebola da região do Alto Vale do Itajaí têm sidoinfestadas com plantas indesejáveis que viraram problema sério,isto é, de difícil controle e de alta competitividade com a culturada cebola. Entre elas destacam-se: tiririca (Cyperus rotundus L.),capim-paulista (Cynodon dactylon L. Pers.), pastinho-de-invernoou pé-de-galinha (Poa annua L.), alho-bravo (Nothoscordumfragans (vent.) Kunth.), aipo-bravo (Apium leptophyllum (Pers.)Muller), língua-de-vaca (Rumex obtusifolius L.), losna-brava(Artemisia verlotorum Lamotte) (Figura 26) e pega-pinto (Stellariamedia) (Figura 27).

As espécies de plantas indesejáveis de maior frequênciasão picão-branco-peludo (Galinsoga ciliata Raf. Blake), picão-bran-co (Galinsoga parviflora Cav.), capim-doce (Brachiaria plantaginea(Link)) e milhã (Digitaria sanguinalis (L.) scop). Por sua vez, no

Tabela 15 (Continuação)

Nome científico Nomede reprodução popular

Portulaca Portulacaceae Beldroega Anual Sementeoleracea L.Rumex spp. Poligonaceae Labaça- Perene Semente

-crespa e rizoma

Silene gallica L. Caryophyllaceae Alfinetes- Anual Semente-da-terra

Sonchus Asteraceae Serralha- Anual Sementeoleraceus L. -bravaStachys arvensis L. Lamiaceae Orelha- Anual Semente

-de-urso

Taraxacaum Asteraceae Dente- Anual e Sementeofficinale Weber -de-leão perene

Veronica spp. Scrophulariaceae Mentinha Anual Semente

Sisyrinchium spp. Ir idaceae Palminha Anual Semente

Família Ciclo Método

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sistema de semeadura direta, predominam palminha, alho-bravo(alhinho), cenourinha e capim-de-inverno, indicando que o manejodo solo afeta a composição florística das plantas indesejáveis.

Figura 26. Plantasindesejáveis na culturada cebola: losna – (A)planta jovem e (B)planta adulta

Figura 27. Plantasindesejáveis na culturada cebola: pega-pinto– (A) planta jovem e (B)planta adulta

3.3.2 Manejo e controle

As estratégias para manejo e controle das populações deplantas indesejáveis são muitas, podendo ser de curto ou de lon-go prazo. As medidas de controle de curta duração, como capinasou herbicidas, fornecem controle apenas temporário, necessi-tando aplicação a cada estação de cultivo. Já as medidas de longoprazo, como culturais e biológicas, são mais duradouras e devemenglobar mudanças nas práticas agronômicas de manejo dasáreas. O sistema ideal de controle das plantas indesejáveis é aprevenção e a integração de diversos métodos de controle, quesão apresentados a seguir:

a) Manejo preventivoA prevenção objetiva evitar a entrada de plantas indese-

jáveis nas áreas de canteiros e de lavouras de cebola. Para tal,vale-se do conhecimento de seus processos de reprodução ede disseminação a fim de interrompê-los. A roçada das plan-

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tas indesejáveis antes que elas floresçam é um exemplo. Ou-tras medidas preventivas são: limpeza dos equipamentos deuso agrícola, cuidado na movimentação e no manejo de ani-mais, limpeza de linhas de cercas e beirados de estradas e usode esterco bem curtido.

b) Manejo culturalO controle cultural consiste em usar qualquer condição

ambiental ou procedimento que promova o crescimento e o de-senvolvimento das plantas de cebola em detrimento dos efeitosdanosos das plantas indesejáveis.

No contexto dos procedimentos adotados no controle cul-tural, a rotação de culturas assume papel de destaque, principal-mente para recuperação de áreas altamente infestadas por plan-tas indesejáveis e de difícil controle. Culturas que são tradicio-nais nas regiões de cultivo de cebola, exploradas comercialmen-te, como milho, feijão e batata, poderão ser usadas em rotaçãoapós a retirada das mudas dos canteiros ou após a colheita dosbulbos de cebola.

A cobertura do solo com espécies de adubos verdes eforrageiras também deve ser usada, pois pode evitar ou reduziras infestações de plantas indesejáveis. Para o final do inverno éindicada a semeadura de centeio, triticale e ervilha-forrageira, epara o fim da primavera e início do verão as espécies Crotalariamucronata, feijão-de-porco e mucuna-cinza.

Da mesma forma, áreas com infestações de plantas indese-jáveis conhecidas como problemas e de difícil manejo devem serevitadas.

c) Manejo manualUtilizam-se implementos manuais ou o arranco manual para

eliminar as plantas indesejáveis, principalmente nos canteiros.Em função do sistema de semeadura a lanço, e quando a infestaçãoe diversidade de espécies de plantas indesejáveis são elevadas,seu uso é pouco viável após a semeadura, porque esta operaçãoexige muita mão de obra, o que representa um custo adicionalalto ao produtor. Além disso, o arranco de determinadas plantasindesejáveis, como a gorga (Spergula arvensis L.) e o pega-pinto

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(Stellaria media (L) Cyrill.), que têm sistema radicular fasciculado,prejudica as mudas de cebola.

Em canteiros com poucas plantas indesejáveis e de fácil ar-ranco, recomenda-se fazer duas a três capinas, começando-se logono início do crescimento.

Depois do transplante, o uso da enxada é realizado para aeliminação de plantas esporádicas que permaneceram na lavou-ra após a aplicação de herbicidas. O controle mecânico manual éindicado para o controle principalmente de plantas indesejáveis(problemas) e no início de infestação, como tiririca (Cyperusrotundus L.), língua-de-vaca (Rumex obtusifolius L.) e losna-brava(Artemisia verlotorum Lamotte). Já os cultivadores, além do con-trole das plantas indesejáveis, também servem para escarificar osolo e incorporar adubos usados em cobertura. Por outro lado, ocontrole mecânico deve ser usado com muito critério, pois o sis-tema radicular da cebola é muito superficial, recomendando-senão utilizá-lo após 90 dias do transplante e quando a planta pos-suir seis ou mais folhas.

Normalmente, a capina tem sido realizada como prática com-plementar ao uso de herbicidas. Nesse caso, utilizando-se ape-nas a enxada, a capina de um hectare de cebola requererá cercade 12 a 14 homens/dia (Epagri, 2000).

d) Manejo físicoPode ser considerada manejo físico a cobertura do solo com

resíduos de diversos materiais, após a semeadura da cebola oucom plásticos, e antes da semeadura, em canteiros previamentepreparados para essa finalidade.

Nos canteiros, a cobertura do solo com resíduos de materi-ais, entre os quais tem sido muito usado o pó de serra a umaespessura de 2cm, tem a função de impedir a penetração da luzsolar e propiciar resistência física à emergência de plantas inde-sejáveis. Destaca-se, também, como vantagem adicional a manu-tenção da umidade do solo. Outros materiais que podem ser uti-lizados com bom desempenho são húmus de minhoca, compos-to, cinza de casca de arroz e acículas de pínus.

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e) Manejo químicoO manejo químico pelo emprego de herbicidas tem-se con-

solidado por ser eficiente e econômico. Ele tem sido utilizadonos canteiros de cebola em função de sua grande praticidade,eficiência e rapidez. No entanto, por se tratar de método queenvolve o uso de produtos químicos tóxicos, entendem-se comopré-condição os conhecimentos mínimos sobre a ação dosherbicidas, principalmente para atender os requisitos fundamen-tais, que são alcançar a máxima eficiência biológica e causar omínimo impacto ambiental. Recomenda-se a participação de umtécnico experiente, tanto para recomendação como para acom-panhamento da aplicação dos agrotóxicos.

Há muitos herbicidas registrados para a cultura da cebola,com opções de doses e métodos de aplicação. A escolha deve serdaquele que melhor se ajustar às condições de cada lavoura ousistema de cultivo. Se for necessário o controle químico, devemser utilizados os produtos registrados no Ministério da Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Atualmente, são conhecidos diversos métodos de controlede plantas indesejáveis com herbicidas, destacando-se:• Aplicação em pré-emergência das plantas indesejáveis e pós-

-transplante da cebola – A pulverização é feita com solo limpo,destorroado e em boas condições de umidade. Esses herbicidascontrolam as plantas indesejáveis no estádio inicial, quando assementes estão germinando e as plantas ainda não emergi-ram. Exemplo: Pendimethalin.

• Aplicação em pós-emergência – Os herbicidas pós-emergentessão aplicados à folhagem da cebola e das plantas indesejáveis.Na escolha de herbicidas e doses a aplicar, devem ser levadasem consideração as espécies presentes no local e o estádio dedesenvolvimento no momento da aplicação. Exemplos:Fluozifop-p-butil e Ioxynil.

Ao usar um herbicida para controlar as plantas infestantesna cultura da cebola, o produtor deve lembrar-se dos seguintesobjetivos do manejo de plantas indesejáveis:• Evitar perdas devido à interferência das plantas indesejáveis;• Beneficiar as condições de colheita;

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• Evitar o aumento de infestações;• Evitar a contaminação do meio ambiente.

Durante a fase de muda, há predominância de plantas inde-sejáveis de folhas largas. Conforme trabalhos realizados pelaEpagri, o herbicida ioxynil proporcionou bom controle e foi sele-tivo para as mudas de cebola. Foi observado no mesmo trabalhoque o ioxynil pode ser usado na dose de 0,25, 0,50 e 1L do i.a./hapara mudas com, respectivamente, 1 a 2, 2 e 3 folhas. Paragramíneas as opções são o Fenoxaprop-p–ethyl e Clethodim.

Outra opção para o manejo químico de plantas indesejáveisna produção de mudas de cebola é preparar os canteiros comantecedência mínima de 15 dias, irrigar para provocar a emergên-cia das plantas das ervas e, em seguida, aplicar um herbicida deação total, como Glyphosate ou Paraquat.

Os diversos produtos comerciais à base do diuron já forammuito utilizados para as lavouras de cebola na região, por suaseletividade e baixa toxicidade.

Nos canteiros ou lavouras de cebola, técnicos e produtorestêm enfrentado problemas no manejo de pastinho-de-inverno(Poa annua L.), alho-bravo (Nothoscordum fragans (vent.)Kunth.), aipo-bravo (Apium leptophyllum (Pers.) Muller) epalminha (Sisyrinchium spp.), para os quais os herbicidas utiliza-dos não têm sido eficientes.

f) Controle pelo sistema de cultivo mínimoO sistema em que a movimentação é mínima, apenas o sufi-

ciente para a colocação da muda e do adubo, pode ser considera-do também um manejo ambiental visando ao controle de plantasindesejáveis no transplante da cebola. A redução no revolvimentodo solo resultante da adoção do cultivo mínimo, por si só, propor-ciona redução da população de plantas. Além do cultivo mínimo,é importante usar a rotação de culturas, cujo objetivo é a ocupa-ção eficiente do solo e a cobertura morta que exerce efeito físicosobre as plantas indesejáveis, dificultando a germinação e a taxade sobrevivência de plantas indesejáveis. Cobertura morta(palhada) suficiente para cobrir o solo consegue diminuir a den-sidade e diversidade de espécies invasoras. No futuro, poderá

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ser possível a diminuição ou a eliminação do uso de herbicidasdesde que as coberturas de inverno sejam bem manejadas.

g) Controle integradoO controle integrado de plantas indesejáveis envolve a as-

sociação de vários métodos, oferecendo vantagens em relação àutilização de uma única técnica. Essas vantagens dizem respeito,principalmente, aos custos e à eficiência do controle,minimizando, inclusive, o impacto ambiental dos herbicidas. Emáreas que apresentam de médias a altas infestações a integraçãode métodos mecânicos e herbicidas é viável para a cultura dacebola. Já em áreas com baixa infestação de plantas indesejá-veis, ou onde o plantio é em pequenas áreas, com topografiaacidentada, o controle pode ser complementado com repassemanual com enxada.

Todo programa de manejo de plantas indesejáveis deve sercomplementado com rotação de culturas e com plantas de cober-tura na entressafra da cultura da cebola. Assim, uma vez colhidas,as lavouras de cebola devem ser bem manejadas, implantandoculturas sequenciais ou culturas recuperadoras de solo (aduba-ção verde), visando manter o solo coberto para evitar reinfestaçãoe ainda devem ser usados herbicidas ou algum meio mecânicopara roçar a parte aérea das plantas indesejáveis antes doflorescimento.

Nota: Os produtos registrados no Ministério da Agricultura e doAbastecimento para o controle químico de doenças, pragas e plantasindesejáveis na cultura da cebola podem ser acessados no próprio sitedo Mapa (http://www.agricultura.gov.br/servicos-e-sistemas/sistemas/agrofit). Pelo fato de mudarem de um ano para outro, não constarãoneste documento, sendo apenas indicado, quando o caso, seu princípioativo. Recomenda-se, ainda, que antes do uso de produtos seja consulta-da sua legalidade.

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4 Colheita, cura e armazenamentoA cebola é um produto perecível, o que propicia as perdas

pós-colheita se não forem devidamente observadas as técnicasde produção, o ponto de colheita, a adequada cura, um eficientesistema de armazenamento, os cuidados no manuseio e no trans-porte, etc. Todos esses fatores conjugados são importantes, por-que os bulbos, mesmo depois de colhidos, são estruturas vivasque continuam seus processos fisiológicos.

4.1 ColheitaA colheita da cebola é um dos principais fatores a influir na

qualidade do produto no período de armazenamento. O pontoideal de colheita (arranco) é quando o bulbo alcança a maturida-de fisiológica, que é manifestada pelo tombamento ou estalo daplanta, devido ao murchamento do pseudocaule. Essa é uma in-dicação de que o bulbo pode ser colhido. Contudo, a lavoura apre-senta plantas com diferentes graus de maturação. Recomen-da-se iniciar o arranco da lavoura desde que os bulbos estejambem formados, quando houver entre 5% e 20% de “estalamento”para variedades de ciclo médio, 50% a 70% de “estalamento” paraas de ciclo precoce, e mais de 70% de “estalamento” para as deciclo superprecoce.

A cebola só deve ser colhida depois de iniciado o estalo dalavoura, mas às vezes um vento forte pode derrubar as plantasque, se não estiverem maduras, ainda poderão reerguer-se (Fi-gura 28).

No Alto Vale do Itajaí a colheita é feita de novembro a janei-ro, com concentração em dezembro.

Figura 28. Planta derrubada pelo vento

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4.2 CuraApós a colheita, deve ser providenciada uma boa cura dos

bulbos. O processo de cura consiste na secagem das películas ex-ternas e do pseudocaule (pescoço), tornando o bulbo mais resis-tente a danos e infecções por microrganismos, melhorando aqualidade comercial da cebola e aumentando seu período de con-servação.

A cura serve para eliminação da umidade externa dos bul-bos e para secagem das partes verdes, tornando o colo bem fe-chado, reduzindo a respiração e proporcionando a cor caracterís-tica de cada variedade de cebola. Bulbos bem curados podem serarmazenados por longo período de tempo e transportados a lon-gas distâncias, enquanto a cebola colhida prematuramente, ouque foi mal curada, é de difícil conservação durante o transportee o armazenamento.

A cura deve ser iniciada no campo, por um período de 3 a 10dias, dependendo do tempo. Por ocasião da colheita, deixam-seos bulbos em molhes sobre o chão, arrumados em fileiras com asfolhas de uns cobrindo os outros para protegê-los da insolaçãodireta, evitando-se, assim, o desenvolvimento de pigmentaçãoverde e queimaduras.

Como o objetivo da cura é secar as plantas, é importante que alavoura esteja livre de plantas daninhas, pois o sombreamento delaspoderá dificultar a cura. Chuvas leves durante o período de cura pra-ticamente não afetam os bulbos, porém se chover muito pode haverprejuízo à cura, e um produto mal curado não se armazena bem. Oideal para a cura é que não chova nesse período e, finalmente, seobtenham os bulbos com películas e pescoços secos. O excesso desol forte também prejudica.

Depois de curada, a cebola deve ser recolhida, de preferên-cia pela manhã, quando os bulbos estão mais frios. Para o trans-porte da cebola até o armazém podem ser utilizadas, preferenci-almente, caixas plásticas ou, na falta destas, sacos que permitama ventilação. No armazém a cura se completa em poucas sema-nas, obtendo-se um produto seco, de melhor coloração e facil-mente conservado. Em períodos chuvosos, todo o processo de

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cura pode ser efetuado em galpões, sobre estaleiros com boaventilação.

Após a cura, os bulbos poderão ser imediatamentecomercializados ou, então, armazenados em condições adequa-das para aguardar o momento oportuno de venda.

4.3 ArmazenamentoApós o arranco ou a cura, a cebola pode ser comercializada

ou armazenada. Neste caso, o sistema de armazenagem em esta-leiros é o mais utilizado para a cebola. Em galpões apropriados,ventilados naturalmente, a cebola é disposta nos estaleiros empilhas de 30 a 50cm, onde permanecem até o momento dacomercialização. Em regiões mais quentes, esse sistema podeser utilizado por apenas 2 ou 3 meses, e em regiões mais frias, poraté 6 meses. O agricultor deve monitorar as perdas na armazena-gem a fim de decidir pelo prolongamento ou não do período deestocagem da cebola.

A capacidade de conservação dos bulbos no armazenamentodepende do manejo e dos tratos culturais da lavoura no campo,das condições climáticas durante a colheita, e da cura e do manu-seio após a colheita. Bulbos provenientes de lavouras que tive-ram severos ataques de pragas e doenças ou que apresentamtraumatismos devidos ao manejo inadequado antes ou depois dacolheita estão sujeitos a uma má conservação no armazenamento.Bulbos grandes ou florescidos ou com pescoço grosso não se con-servam bem e devem ser eliminados, se possível, antes da arma-zenagem, pois apodrecem e estragam também os bulbos sadios.Também bulbos colhidos e curados com chuva dificilmente seconservam adequadamente, pois vêm do campo para o armazémcom maior carga microbiana.

Nas operações de colheita, transporte e carregamento doarmazém, deve-se ter o máximo de cuidado para não machucar acebola, nem mesmo romper a película, pois qualquer ferimentoou abertura na casca servirá de porta de entrada para contamina-ção de microrganismos que vão provocar apodrecimentos, prin-cipalmente a “camisa d’água”, doença que provoca apodrecimen-to da parte externa do bulbo.

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Os cultivares utilizados no Alto Vale do Itajaí são natural-mente resistentes à armazenagem e podem ser bem conserva-dos por 4 a 5 meses no sistema convencional de armazenamentoem estaleiros. Em outros estados, como São Paulo, Minas Gerais,Bahia e Pernambuco, são utilizados cultivares de menor teor dematéria seca, que não podem ser armazenados por muito tempoporque apodrecem facilmente.

A cebola é armazenada com folhas. Cada metro cúbico decebola com folhas pesa em torno de 500 a 600kg. Essa informaçãopode ajudar no dimensionamento de armazéns conforme a quan-tidade de cebola que se deseja armazenar.

As construções usadas para o armazenamento da cebolavariam desde galpões abertos, cuja única finalidade é protegeros bulbos da chuva e do sol, até as construções equipadas comcontrole de ventilação e temperatura. Assim, o armazenamentode cebola pode ser feito em armazém convencional com aeraçãonatural, ou em armazém com ar forçado.

No sistema tradicional (galpões convencionais) os armazénsdevem ser localizados em lugares bem ventilados e secos, longede outras construções e de florestas. A construção deve permitiraeração ao nível do solo e aberturas em todos os lados do galpão.O telhado deve ter, pelo menos, 1m de prolongamento em todosos lados do armazém para melhor proteção da cebola contra aschuvas. Esses galpões devem ser construídos em locais bem ven-tilados, com exposição contínua ao sol, mas os bulbos devem fi-car protegidos da incidência direta dos raios solares. Nesse siste-ma de armazenamento o produto fica exposto às condiçõesambientais, o que pode provocar perdas por deterioração de bul-bos, já que a cebola se conserva melhor em condições arejadas eem temperatura entre 20 e 30oC. Os bulbos são colocados a granelsobre estaleiros, deixando-se espaços entre os ripados que sus-tentam as camadas para que ocorra a livre passagem do ar. O es-paço entre um estaleiro e outro é de 50cm de altura. A cebola édepositada sobre os estaleiros em camadas, permanecendo as-sim até a comercialização.

Independentemente das condições de armazenamento, aduração máxima de conservação dos bulbos fica limitada por per-

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da de peso (desidratação), flacidez (falta de turgescência), doen-ças, brotamento e enraizamento, que ocorrem com as mudançasclimáticas e pela mudança de estação.

5 Comercialização, classificação e embalagem

5.1 ComercializaçãoDados dos últimos cinco anos revelam que, apesar do au-

mento da produção nacional, o País continua importando o pro-duto regularmente, principalmente da Argentina, a qual é tam-bém o principal importador da cebola brasileira. Além desse par-ceiro do Mercosul, o Brasil, em alguns anos, importa o produtoem menor quantidade do Chile, da Holanda e da Espanha. Quan-to às exportações, no período mencionado, destaca-se a safra2007/08, quando foram comercializadas 36,8 mil toneladas,direcionadas principalmente para a Argentina, cuja produção foiseveramente prejudicada por condições climáticas adversas (bai-xas temperaturas), e para os Estados Unidos. O total de vendasnessa safra representou ingressos de aproximadamente US$7,7milhões (Epagri/Cepa, 2007 a 2011).

A produção catarinense de cebola, nos últimos anos, resul-tou numa elevação da oferta do produto. A disponibilidade debulbos dos demais estados da região Sul, cuja comercialização écoincidente com o período de vendas de Santa Catarina, provoca,em determinados períodos do ano, excesso de oferta do produtono País e gera, consequentemente, enormes dificuldades no es-coamento da safra. Como decorrência, agravam-se os problemasrelacionados à comercialização, acarretando perdas de produçãono processo pós-colheita e prejuízos financeiros aos produtores.

Apesar de não se dispor de informações precisas acerca dodescarte de produto ocorrido no processo pós-colheita e dearmazenamento da cebola em Santa Catarina, estima-se que eleseja elevado.

A oferta catarinense de cebola aos grandes centros de con-sumo do País ocorre, em geral, no período compreendido entreos meses de novembro e junho e obedece, em média, aoescalonamento mensal verificado na safra de 1998/99 (Tabela 16).

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A comercialização de cebola no Estado se realiza através deatacadistas da região produtora ou de outros Estados, além decooperativas de produtores. Realiza-se, também, pela venda di-reta pelos próprios produtores. O destino da produção local obe-dece, em geral, à distribuição mostrada na Tabela 17 e no fluxo-grama da Figura 29, conforme o agente de comercialização.

Tabela 17. Cebola: destino (%) da produção de Santa Catarina (2006)

Destino (%)

Venda a intermediários 90,5

Venda a indústrias 3,3

Venda ao consumidor 2,0

Entregue à integradora 1,8

Não vendeu 1,7

Outro 0,7

Total 100Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006.

Tabela 16. Mês, área e porcentagem de plantio e colheita em SantaCatarina em 2006

Mês Área (ha) %

Plantio Colheita Plantio ColheitaJaneiro 9 3.114 0,0 5,3Fevereiro 55 192 0,1 0,3

Março 417 134 0,7 0,2

Abril 191 74 0,3 0,1

Maio 369 55 0,6 0,1

Junho 4.764 42 8,1 0,1

Julho 22.706 6 38,5 0,0

Agosto 28.791 37 48,8 0,1

Setembro 1.283 152 2,2 0,3

Outubro 311 433 0,5 0,7

Novembro 62 11.591 0,1 19,6

Dezembro 76 43.204 0,1 73,2

Total 59.034 59.034 100 100

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006.

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Figura 29. Fluxograma dos canais de comercialização da cebola deSanta Catarina

5.2 Classificação e embalagemAs normas de identidade, qualidade, acondicionamento,

embalagem e apresentação da cebola atualmente em vigor noMercosul foram estabelecidas pelo Ministério da Agricultura eAbastecimento, através da Secretaria Nacional de DefesaAgropecuária, Departamento Nacional de Produção e DefesaAgropecuária, pela Portaria nº 529, de 18 de agosto de 1995,publicada no Diário Oficial da União em 1o de setembro de 1995(Anexo 1).

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Essas normas têm por objetivo definir as características deidentidade, qualidade, acondicionamento, embalagem e apre-sentação da cebola destinada ao consumo in natura, a sercomercializada entre os países-membros do Mercosul, bem comono mercado interno. Essa norma não se aplica, no entanto, à ce-bola destinada ao uso industrial nem à cebola verde.

Os mercados dos grandes centros consumidores estão cadavez mais exigentes quanto aos aspectos de apresentação do pro-duto. É necessário, pois, que os fornecedores, sejam eles produ-tores ou comerciantes, se adaptem à legislação em vigor paraatender essas exigências do mercado.

6 Índices técnicos

6.1 Custos de produçãoQuando se tem uma variabilidade tão grande de panora-

mas, como é o caso dos minifúndios de Santa Catarina, os custosde produção são extremamente variáveis de acordo com as ca-racterísticas de cada produtor. O custo de produção é resultantede uma composição dos custos fixos e custos variáveis e aquirepresentam uma média das tecnologias mais utilizadas. Na Ta-bela 18 são apresentados três custos de produção formados porcustos médios de abril/2012 para os principais sistemas utilizadosna região produtora.

Os custos apresentados são padrões médios obtidos nasplanilhas utilizadas para o financiamento de custeio junto ao Ban-co do Brasil para a região do Alto Vale do Itajaí com mão de obrafamiliar. Esses custos sofrem significativo incremento à medidaque aumenta o uso de mão de obra contratada.

Na última década as produtividades da cebola têm alcança-do incrementos significativos com a utilização de melhorestecnologias no melhoramento genético e no uso de fertilizantese manejos fitossanitários. Já é possível alcançar produtividadesmédias de até 45t/ha em algumas lavouras que utilizam irrigaçãoe boas práticas de manejo da cultura.

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Tabela 18. Custo médio de produção da cebola para três sistemas deprodução utilizados em Santa Catarina em abril/2012

Sistema de produção

Discriminação Unidade Convencional Cultivo Semeaduramínimo direta

1 CaracterizaçãoRendimento médio kg/ha 20.000 25.000 26.000esperado

2 Planilha de custos2.1 Custos variáveis R$/ha 4.984,39 6.098,08 6.409,71Insumos - 2.377,60 2.972,26 4.130,49Mão de obra - 1.776,72 2.090,27 743,66Serviços mecânicos - 422,67 469,64 817,32Despesas gerais - 31,89 39,07 43,73Assistência técnica - 62,40 78,92 88,32Juro sobre financiamento - 119,54 170,78 223,64Juro sobre capital de giro - 2,67 3,15 33,85Despesas de comercialização - 190,90 273,99 328,702.2 Custos fixos R$/ha 586,76 691,70 581,32Manutenção de benfeitorias - 4,18 5,18 1,19Depreciação de benfeitorias - 14,95 18,69 4,32Impostos e taxas - 9,26 10,90 7,56Remuneração do capital fixo - 198,61 233,67 128,39Mão de obra fixa - 304,14 357,82 407,70Remuneração da terra - 55,62 65,44 32,16

2.3 Custo total R$/ha 5.571,15 6.789,78 6.991,03

3 Dados para análise R$ sc 20kg - - -Custo variável total - 4,98 4,88 4,93Custo fixo médio - 0,59 0,55 0,45Custo total médio - 5,57 5,43 5,38

Custo final por kg R$/kg 0,279 0,272 0,269

Para que a cebolicultura da região Sul do Brasil se tornecompetitiva diante do Mercosul e, principalmente, perante ou-tras regiões do Brasil que vêm se destacando no cenário nacional(regiões do Cerrado), é indispensável que os níveis de produtivi-dade sejam incrementados pelo uso adequado das tecnologiasrecomendadas nesse sistema de produção.

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ANEXO 1

PORTARIA Nº 529, DE 18 DE AGOSTO DE 1995

O MINISTÉRIO DE ESTADO DA AGRICULTURA, DOABASTECIMENTO E DA REFORMA AGRÁRIA, no uso dasatribuições que lhe confere o art. 87, Parágrafo Único, inciso II,da Constituição da República, e tendo em vista o disposto naLei nº 6.305, de dezembro de 1975, no Decreto nº 82.110, de 14de agosto de 1978, e

Considerando a aprovação no Regulamento TécnicoMERCOSUL de Identidade e Qualidade da Cebola, através daResolução MERCOSUL/GMC/RES nº 100/94, resolve:

Art. 1º Aprovar a anexa norma de Identidade, Qualidade,Acondicionamento e Embalagem da Cebola, para fins decomercialização.

Art. 2º Esta portaria entra em vigor 10 (dez) dias após a datade sua publicação, revogando-se a Portaria MAARA nº 83, de 28de março de 1994 e demais disposições em contrário.

JOSÉ EDUARDO DE ANDRADE VIEIRA

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NORMA DE IDENTIDADE, QUALIDADE,ACONDICIONAMENTO, EMBALAGEM E

APRESENTAÇÃO DA CEBOLA

1 OBJETIVO

Esta Norma tem por objetivo definir as características deidentidade, qualidade, acondicionamento, embalagem e apre-sentação da cebola destinada ao consumo in natura a sercomercializada entre os países do Mercosul, bem como no mer-cado interno. Esta Norma não se aplica à cebola destinada ao usoindustrial, nem à cebola verde.

2 DEFINIÇÕES

2.1 Cebola: é o bulbo que pertence à espécie Allium cepa L.

2.2 Defeitos graves: talo grosso, brotado, podridão, mancha ne-gra e mofado.

2.2.1 Talo grosso: união das catáfilas do colo do bulbo apresen-tando uma abertura maior que a normal, devido ao alongamentodo talo pelo interior do mesmo.

2.2.2 Brotado: bulbo que apresenta emissão de broto visível aci-ma do colo.

2.2.3 Podridão: dano patológico e/ou fisiológico que impliqueem qualquer grau de decomposição, desintegração ou fermenta-ção dos tecidos.

2.2.4 Mancha negra: área enegrecida em virtude do ataque defungos nas catáfilas externas ou no colo do bulbo, detectadasvisualmente.

2.2.5 Mofado: o que apresenta fungo nas catáfilas externas.

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2.3 Defeitos leves: colo mal formado, deformado, falta decatáfilas externas, flacidez, descoloração e dano mecânico.

2.3.1 Colo mal formado: formação incompleta do colo do bulbo.

2.3.2 Deformado: o que apresenta formato diferente do típicoda cultivar, incluindo crescimentos secundários, ou seja, bulbosunidos pelo talo, apresentando externamente uma catáfilaenvolvente.

2.3.3 Falta de catáfilas externas: é a ausência de catáfilas em maisde 30% (trinta por cento) da superfície do bulbo.

2.3.4 Flacidez (falta de turgescência): ausência de rigidez normaldo bulbo.

2.3.5 Descoloração: desvio parcial ou total na cor característicada cultivar, incluindo o esverdeamento, ou seja, o bulbo com ascatáfilas externas verdes, considerando-se defeito quando atingirmais de 20% (vinte por cento) da superfície do bulbo.

2.3.6 Dano mecânico: lesão de origem mecânica, observada nascatáfilas do bulbo.

Nota: Os defeitos intitulados talo grosso e falta de catáfilas, não serãoconsiderados quando tratar-se de cebolas precoces.

3 CLASSIFICAÇÃO

3.1 A cebola será classificada em:

• CLASSES OU CALIBRES: de acordo com o maior diâmetrotransversal do bulbo.

• TIPOS OU GRAUS DE SELEÇÃO: de acordo com a qualidadedos bulbos.

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3.1.1 Classes ou calibres: de acordo com o maior diâmetrotransversal do bulbo, será classificada em 04 (quatro) classes,conforme estabelecido na Tabela I.

Tabela I. Classes de cebola, conforme diâmetro transversal do bulboexpresso em milímetros

Classe Maior diâmetro transversal do bulbo (mm)

2 Maior que 35 até 50

3 Maior que 50 até 70

4 Maior que 70 até 90

5 Maior que 90

3.1.1.1 As cebolas cujos diâmetros dos bulbos forem maioresque 90mm serão agrupadas de tal forma que, dentro de umamesma embalagem, não contenham bulbos cujo diferença entreo diâmetro do maior bulbo e do menor seja superior a 20mm.

3.1.1.2 Permite-se a mistura de classes dentro de uma mesmaembalagem desde que a somatória das unidades não supere 10%(dez por cento) e pertençam às classes imediatamente superiorou inferior.

3.1.1.3 O número de embalagens que superar a tolerância paramistura de classes não poderá exceder a 10% (dez por cento) donúmero de unidades amostradas.

3.1.1.4 Não se admitirão classes de bulbos de formatos e coresdiferentes.

3.1.2 Tipos ou graus de seleção: de acordo com os índices deocorrência de defeitos na amostra, a cebola será classificada nostipos ou graus de seleção estabelecidos na Tabela II.

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Tabela II. Limites máximos de defeitos por tipo, expressos em percentagemde unidade na amostra

Defeito grave Total de defeitosTipo Talo Brota- Prodri- Mancha Mofada Graves Leves

grosso da dão negra

Extra 0 0 0 2 2 2 5Categoria I 3 0 1 3 3 5 10ou Especialou SelecionadoCategoria II 5 3 1 5 5 10 15ou Comercial

3.1.2.1 Em se tratando do mercado interno, a cebola poderá sercomercializada em réstia e, nesse caso, será classificada apenasem tipos, de acordo com o estabelecido na Tabela II desta Norma.Não será permitida, entretanto, a comercialização de cebolas emréstia, entre países-membros do Mercosul.

3.1.3 Requisitos gerais: os bulbos deverão possuir as característicastípicas da cultivar, ser sãos, secos, limpos e apresentar as raízescortadas rente à base. O talo deverá apresentar-se retorcido eestar cortado a um comprimento não superior a 4cm.

3.2 A cebola que não atender os requisitos previstos nesta Normaserá classificada como “FORA DO PADRÃO”, podendo ser:

3.2.1 Comercializada como tal, desde que devidamenteidentificada com a expressão “FORA DO PADRÃO”, em local dedestaque, de fácil visualização.

3.2.2 Rebeneficiada, desdobrada, recomposta, reembalada,remarcada, reetiquetada e reclassificada, para efeito deenquadramento na Norma.

3.3 O disposto na alínea 3.2.1 desta Norma aplica-se única eexclusivamente à comercialização da cebola no mercado internoe não nas transações comerciais entre os países-membros doMercosul ou das importações de outros países, onde seráobservado o estabelecido na alínea 3.2.2.

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3. 4 Será “DESCLASSIFICADA” e proibida a comercialização de todaa cebola que apresentar uma ou mais das características abaixodiscriminadas:

a) Resíduos de substâncias nocivas à saúde, que estejamacima dos limites da tolerância admitida no âmbito do Mercosul.

b) Mau estado de conservação, sabor ou odor estranho aoproduto.

4 EMBALAGEM

As cebolas deverão estar em embalagens novas, limpas esecas, que não transmitam odor ou sabor estranho ao produto,podendo ser sacos ou caixas, com capacidade para conter até 25kglíquidos de bulbos.

4.1 Admite-se uma tolerância de até 8% (oito por cento) a maior e2% (dois por cento) a menor no peso indicado.

4.1.1 O número de embalagens que não cumprir com a tolerânciaadmitida para o peso não poderá exceder a 20% (vinte por cento)do número de unidades amostradas especificado.

5 MARCAÇÃO OU ROTULAGEM

As embalagens deverão ser rotuladas ou etiquetadas emlocal de fácil visualização e de difícil remoção, contendo nomínimo as seguintes informações:

• nome do produto;

• nome da cultivar;

• classe ou calibre(*);

• tipo(*);

• peso líquido(*);

• nome e domicílio do importador(*), (**);

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• nome e domicílio do embalador(*), (**);

• nome ou domicílio do exportador (*), (**);

• país de origem;

• zona de produção;

• data de acondicionamento(*), (**).

(*) Admite-se o uso de carimbo ou etiquetas autoadesivas paraindicar estas informações.

(**) Optativo de acordo com os valores de cada país.

5.1 Em se tratando de produto nacional para comercialização nomercado interno, as informações obrigatórias serão as seguintes:

• identificação do responsável pelo produto (nome, razãosocial e endereços);

• número do registro do estabelecimento, no Ministérioda Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária;

• origem do produto;

• classe;

• tipo;

• peso líquido; e

• data de acondicionamento.

5.2 Na comercialização feita no varejo e a granel, o produtoexposto deverá ser identificado em lugar de destaque e de fácilvisualização, contendo no mínimo as seguintes informações:

• identificação do responsável;

• classe; e

• tipo.

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6 ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE

6.1 A cebola deverá ser embalada em locais cobertos, secos,limpos, ventilados, com dimensões de acordo com volumes aserem acondicionados e de fácil higienização, a fim de evitarefeitos prejudiciais à qualidade e conservação do mesmo.

6.2 O transporte deve assegurar uma conservação adequada aoproduto.

7 AMOSTRAGEM

A tomada da amostra no lote será feita de acordo com oRegulamento Mercosul específico para amostragem. No entanto,até que o mesmo seja definido, a amostragem será feita de acordocom o estabelecido na Tabela III.

Tabela III

Número de unidades Número mínimo deque compõem o lote unidades a retirar

001 a 010 1 unidade

011 a 100 2 unidades

101 a 300 4 unidades

301 a 500 5 unidades

501 a 10.000 1% do lote

Mais de 10.000 Raiz quadrada do número deunidades do lote

7.1 Obtenção da amostragem de trabalho

7.1.1 No caso de se obter um número de unidades entre 1 e 4,homogeneíza-se o conteúdo das embalagens e extraem-se 100(cem) bulbos, ao acaso, para constituir-se na amostra a seranalisada.

7.1.2 Para 5 ou mais unidades, retiram-se no mínimo 30 bulbos decada unidade, os quais serão homogeneizados, donde serãoextraídos 100 (cem) bulbos para análise.

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7.2 O restante dos bulbos e também as amostras de trabalhodeverão ser devolvidos ao interessado.

7.3 O interessado terá direito de contestar o resultado daclassificação, para o que terá um prazo máximo de 24 (vinte equatro) horas constatadas a partir do término da análise daamostra. E, neste caso, procede-se a uma nova amostragem eanálise.

7.4 Especificamente, para o mercado interno e em se tratando decomercialização de cebola no varejo, quando embalada,independentemente do peso ou tamanho do volume, a tomadade lote dar-se-á também de acordo com a Tabela III, e todos osvolumes amostrados serão analisados. E, neste caso, o cálculodos percentuais de defeitos, porventura encontrados, seráefetuado através da relação entre o peso dos bulbos com defeitose o peso dos bulbos amostrados.

7.5 Também apenas no mercado interno, quando tratar-se deproduto a granel, comercializado no varejo, retiram-se 100 (cem)bulbos ao acaso para constituir a amostra de trabalho. Quando olote for inferior a 100 (cem) bulbos, o próprio lote constituir-se-ána amostra de trabalho. E, neste caso, a determinação dospercentuais de defeitos será feita pelo número de bulbos.

7.6 Também, exclusivamente para o mercado interno, e no casode cebola em réstia, a amostragem dar-se-á igualmente de acordocom a Tabela III, e todas as réstias serão analisadas. O cálculo dospercentuais de defeitos neste caso será efetuado através darelação entre o número de bulbos com defeitos e o total de bulboscontidos nas réstias amostradas.

8 CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO

O Certificado de Classificação, quando solicitado, seráemitido pelo Órgão Oficial de Classificação, devidamentecredenciado pelo Ministério da Agricultura, do Abastecimento e

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da Reforma Agrária, de acordo com a legislação específica,devendo constar no mesmo todos os dados da classificação.

8.1 A validade do Certificado de Classificação será de 15 (quinze)dias, contados a partir da data da sua emissão, que deverá ser amesma da classificação.

9 FRAUDE

Será considerada fraude toda adulteração dolosa dequalquer ordem ou natureza praticada na classificação, naembalagem, no acondicionamento, no transporte bem como nosdocumentos de qualidade do produto, conforme legislaçãoespecífica.

10 DISPOSIÇÕES GERAIS

É de competência exclusiva do Órgão Técnico Específico doMinistério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária,resolver os casos omissos, porventura surgidos na aplicação destaNorma.

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