Sistemas de Gestao Da Qualidade Nas Empresas Portuguesas - Implantacao, Impacto e Rendimento

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    Universidad de Sevilla

    Facultad de Ciencias Econmicas y Empresariales

    Departamento de Administracin de Empresas

    Sistemas de Gestin de la Calidad en las EmpresasPortuguesas: Implantacin, Impacto y Rendimiento

    TESIS DOCTORAL

    Direccin de Empresas y Gestin de Marketing

    Presentada por: Jos Antnio Baptista da Costa

    Dirigida por los Profesores Doctores Antonio Leal Milln, Jos Luis RoldnSalgueiro e Arturo Calvo de Mora Schmidt

    Sevilla, Diciembre de 2007

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    Este trabalho dedicado

    minha mulher Filomena e minha filha Ana

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    Agradecimentos

    A realizao desta Tese de Doutoramento constitui a concretizao de um sonho e um momento particular de realizao e satisfao pessoal que no teria sido

    possvel sem o contributo de pessoas que disponibilizaram o seu tempo e esforo

    para que se tornasse realidade.

    O meu profundo agradecimento dirigido ao Professor Antnio Leal Milln pela

    sabedoria e perspiccia de ter sido oportuno no estmulo para prosseguir.

    Agradeo aos Professores Arturo Calvo de Mora e Jos Luis Roldn, com quem a

    sorte quis que me cruzasse, pela pacincia e pelo trabalho.

    Aos Professores Pedro Oliveira e Cristina Braga, da Universidade do Minho,

    agradeo a disponibilidade para comentar e sugerir.

    Associao Industrial do Minho e ao seu Presidente, Dr. Antnio Marques, pelo

    incentivo que sempre deram realizao deste trabalho, consubstanciado nas

    empresas que responderam ao questionrio a quem agradeo a colaborao

    prestada.

    Dr. Patrcia Fontes que tomou o desafio de corrigir a ortografia.

    De maneira especial ao Dr. Loureno Pinheiro, pelas longas e fascinantes horas de

    reflexo entusistica, e a alguns amigos, que me ajudaram a levar este trabalho a

    bom termo, o registo da minha gratido.

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    ndice

    JUSTIFICAO, OBJECTIVO e ESTRUTURA DA INVESTIGAO.... ............ ............. ............ ............. ........... .. 13

    1 Motivao e razes que justificam o tema objecto de estudo.................... ............. ............. ............ ............. ... 132 Objectivos da investigao.............................................................................................................................. 14

    3 Estrutura da investigao ................................................................................................................................ 15

    PRIMEIRA PARTE - FUNDAMENTOS TERICOS............... ........... ............. ............. ............ ........... ............. ...... 17

    1 - Introduo ........................................................................................................................................................ 17

    2 - Evoluo do conceito da qualidade.... ........... ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ ............ 20

    2.1 - A qualidade ao longo da histria.......... ............. ............ ............ ............ ............. ............ ............ ............ .. 23

    2.2 - A Opinio dos mestres da qualidade ............. ............ ............. ........... ............. ............. ............ ............. ... 29

    2.2.1 - Edwards Deming............................................................................................................................. 31

    2.2.2 - Joseph Juran................................................................................................................................... 33

    2.2.3 - Philip Crosby................................................................................................................................... 35

    2.2.4 - Comparao dos pioneiros da qualidade..... ........... ............. ............ ............. ........... ............. .......... 37

    2.2.5 - Armand Feigenbaum......... ........... ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ ............ 39

    2.2.6 - Kaoru Ishikawa................................................................................................................................ 40

    2.2.7 - Genichi Taguchi .............................................................................................................................. 41

    2.3 - Sistemas de Gesto da Qualidade - ISO 9000.......... ............. ........... ............. ............. ............ ............. ... 43

    2.4 - Modelos de excelncia ............................................................................................................................ 47

    2.4.1 - The Demming Award ...................................................................................................................... 49

    2.4.2 - Malcolm Baldrige National Quality Award ............ ............ ............ ............. ............ ............ ............ .. 50

    2.4.3 - European Quality Award ................................................................................................................. 51

    3 Histria e evoluo das normas ISO 9000 ...................................................................................................... 53

    3.1 - International Organisation for Standardisation...... ........... ............. ............ ............. ........... ............. .......... 543.2 - Gnese das ISO 9000 ............................................................................................................................. 55

    3.3 - Evoluo das ISO 9000........................................................................................................................... 58

    3.4 - Pases e ISO 9000................................................................................................................................... 60

    3.5 - Sectores de actividade e ISO 9000 ......................................................................................................... 62

    3.6 Implantao das ISO 9000.............. ............ ............. ........... ............. ............. ............ ........... ............. ...... 65

    3.7 - Futuro das ISO 9000 ............................................................................................................................... 66

    4 - Desvantagens das ISO 9000........... ............. ............. ............ ............ ............ ............. ............ ............ ............ .. 67

    4.1 - Retorno ao Taylorismo e obstculo Learning organization............... ........... ............. ............ ............. ... 70

    4.2 Burocracia e falta de flexibilidade ........................................................................................................... 71

    4.3 O mercado artificial de certificaes ....................................................................................................... 72

    4.4 - Custos elevados da certificao.............................................................................................................. 73

    4.5 No integra os resultados financeiros............... ............. ............ ............. ........... ............. ............ ............ 74

    4.6 A ISO 9000 um guia para sistemas bsicos .......... ............. ........... ............. ............. ............ ............. ... 75

    5 Motivaes para a certificao........................................................................................................................ 75

    5.1 Motivaes internas ................................................................................................................................ 79

    5.2 Motivaes externas ............................................................................................................................... 79

    5.3 - Motivao vs. Dimenso, pas e sector de actividade ............ ............. ........... ............. ............ ............. ... 81

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    5.4 Motivao e benefcios da certificao ................................................................................................... 82

    6 - Benefcios da certificao............ ............. ............ ............. ........... ............. ............. ............ ........... ............. ...... 83

    6.1 - Benefcios externos ................................................................................................................................. 87

    6.1.1 - Imagem comercial, respeito dos concorrentes e novos contratos.......... ............. ............ ............. ... 88

    6.1.2 - Melhoria das relaes com os clientes ........................................................................................... 89

    6.1.3 - Diminuio de auditorias de clientes e ajuda internacionalizao........... ............. ............ ............ 90

    6.2 - Benefcios internos .................................................................................................................................. 92

    6.2.1 - Clara definio de responsabilidades ............................................................................................. 93

    6.2.2 - Standardizao de procedimentos de trabalho........... ............. ............. ............ ........... ............. ...... 94

    6.2.3 - Partilha de conhecimentos........... ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ ............ 95

    6.2.4 - Reduo de custos e aumento de rentabilidade ............ ............. ........... ............. ............ ............. ... 96

    7 Custos da certificao e prazo de retorno do investimento ............ ............. ........... ............. ............ ............. ... 98

    7.1 - Identificao dos custos.......... ............. ............. ............ ............ ............ ............. ............ ............. ........... .. 99

    7.2 - Prazos para certificar e recuperar investimento......... ............. ............. ........... ............. ............ ............. . 100

    8 - Barreiras implantao de Sistemas de Gesto da Qualidade ............ ............ ............. ........... ............. ........ 101

    9 Gesto pela Qualidade Total - TQM............. ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ .......... 1029.1 Definio do conceito..... ............. ............ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 105

    9.2 Abordagem ao TQM ............................................................................................................................. 107

    9.3 Da ISO 9000 ao TQM ........................................................................................................................... 108

    10 Uma viso global e integrada do TQM ............ ............ ............. ............ ............ ............ ............. ............. ..... 115

    10.1 A viso sistmica................................................................................................................................ 124

    10.2 A complexidade da implantao do SGQ ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 127

    10.2.1 Cultura de empresa.................................................................................................................... 136

    10.2.2 Estratgias de implantao........................................................................................................ 143

    10.2.3 Impactos sobre a estrutura.... ............. ............ ............. ............. ........... ............. ............ ............. . 149

    10.2.4 Factores de implantao............................................................................................................ 153

    10.2.5 Rendimento................................................................................................................................ 165

    SEGUNDA PARTE REVISO EMPRICA E MODELO DE INVESTIGAO ........... ............. ............ ............. . 167

    1 Reviso emprica e anlise da metodologia ............. ............ ............ ............ ............. ............ ............ ............ 167

    1.1 - Introduo.............................................................................................................................................. 167

    1.2 - A necessidade de um enquadramento integrado da gesto da qualidade ............ ........... ............. ........ 169

    1.3 Investigaes sobre motivao, benefcios, custos e prazo na implantao das ISO 9000 ............. .... 184

    1.3.1 - Motivaes de benefcios da implantao das ISO 9000..... ............ ............. ........... ............. ........ 184

    Buttle (1997).......................................................................................................................................... 184

    Corbett, Luca e Pan (2003) ................................................................................................................... 187

    Casadesus e Heras (2001) ................................................................................................................... 193

    Heras, Laburo e Prez (2000) ............................................................................................................... 1971.3.2 - Tempo de implantao e de retorno do investimento ............ ............ ............ ............. ............. ..... 200

    Escanciano (2000) ................................................................................................................................ 200

    1.4 Investigaes sobre implantao, impacto e rendimento da gesto da qualidade ............. ............. ..... 206

    1.4.1 - Culturas de empresa..................................................................................................................... 206

    Cameron e Sine (1999) ......................................................................................................................... 206

    Leal, Roldn e Acedo (2002)......... ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 212

    1.4.2 - Estratgias e impacto da implantao dos sistemas de gesto da qualidade................. ............. . 216

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    Leal (1995) ............................................................................................................................................ 216

    1.4.3 - Factores chave na implantao de sistemas de gesto da qualidade ........... ............. ............. ..... 223

    Thomas Powell (1995) .......................................................................................................................... 223

    Conca et al (2000)................................................................................................................................. 226

    Leal e Roldn (2001)............................................................................................................................. 228

    2 Modelo conceptual e hipteses de investigao ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 233

    2.1 - Formulao de hipteses............. ............ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 235

    TERCEIRA PARTE ESTUDO EMPRICO E RESULTADOS DA INVESTIGAO........... ............. ............. ..... 247

    1 - Introduo ...................................................................................................................................................... 247

    2 - Planificao da Investigao.......................................................................................................................... 247

    3 - Mtodo de Investigao ................................................................................................................................. 249

    3.1 - Desenho do Questionrio ...................................................................................................................... 249

    3.2 - Pr-teste do Questionrio ...................................................................................................................... 249

    3.3 - Apresentao e Envio do Questionrio ................................................................................................. 250

    3.4 - Justificao da Amostra......................................................................................................................... 251

    3.5 - Metodologia utilizada para obteno de respostas............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 2544 Medidas......................................................................................................................................................... 255

    4.1 - Caracterizao das Empresas..... ............ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 255

    4.2 Motivaes para Certificar .................................................................................................................... 255

    4.3 Benefcios da Certificao .................................................................................................................... 256

    4.4 Tempo de Implantao ......................................................................................................................... 257

    4.5 Prazo de Recuperao do Investimento ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............ .......... 258

    4.6 Cultura da Qualidade............................................................................................................................ 259

    4.7 Estratgia de Reorientao da Implantao ............ ........... ............. ............. ............ ........... ............. .... 260

    4.8 Impacto sobre a Estrutura............... ............ ............. ........... ............. ............. ............ ........... ............. .... 262

    4.9 Factores de Implantao............. ............ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 264

    4.10 Rendimento Global ............................................................................................................................. 266

    4.11 Rendimento do Sistema de Gesto da Qualidade........... ............ ............. ........... ............. ............. ..... 267

    5 Anlise das Relaes Epistemolgicas......................................................................................................... 267

    5.1 - Modelo com indicador formativo e Modelo com indicador reflectivo............ ........... ............. ............. ..... 267

    5.2 - Representao grfica e avaliao.......... ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 273

    5.3 - Modelo de constructo de segunda ordem...... ............ ............. ........... ............. ............. ............ ............. . 275

    5.4 - Modelo global - PLS .............................................................................................................................. 276

    6 Tcnicas Empregues na Anlise de Dados........... ............ ............. ........... ............. ............. ............ ............. . 277

    6.1 - Funcionamento do SPSS............. ............ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 277

    6.1.1 - Anlise factorial............................................................................................................................. 277

    6.1.2 - Rotao dos Factores ................................................................................................................... 2796.1.3 - Correlao entre Variveis.... ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 279

    6.1.4 - Consistncia Interna ..................................................................................................................... 280

    6.2 - Funcionamento da Tcnica PLS.... ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 281

    6.2.1 - Aspectos diferenciadores do PLS face a outras Tcnicas de Equaes Estruturais .......... .......... 281

    6.2.2 - Avaliao do Modelo de Medida ................................................................................................... 283

    6.2.3 - Anlise da Fiabilidade ................................................................................................................... 283

    6.2.4 - Anlise de Validade ...................................................................................................................... 284

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    6.2.5 - Avaliao do Modelo Estrutural Mediante a Tcnica PLS................ ............. ........... ............. ........ 286

    7 - Anlise e Interpretao dos Resultados.............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ..... 287

    7.1 Estudo Descritivo da Amostra... ........... ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ .......... 287

    7.1.1 - Tipo de Actividade......... ........... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ............ ............. . 288

    7.1.2 - Sector de Actividade ..................................................................................................................... 288

    7.1.3 - Ano da Primeira Certificao........ ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ .......... 289

    7.1.4 - Nmero de Trabalhadores ............................................................................................................ 292

    7.1.5 - A Empresa Multinacional.............. ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 293

    7.1.6 - Distribuio das empresas por Tipo de actividade Vs ano certificao............. ........... ............. .... 294

    7.1.7 - Distribuio das Empresas por Tipo de actividade Vs Nmero de Trabalhadores................... ..... 295

    7.1.8 - Distribuio das Empresas por Tipo de actividade Vs Empresas Multinacionais......... ............. .... 296

    7.1.9 - Distribuio das empresas sectores de actividade Vs multinacionais........... ........... ............. ........ 297

    7.1.10 - Distribuio do ano da Certificao das Empresas Vs Nmero de Trabalhadores... ............. ..... 297

    7.1.11 - Distribuio do ano da Certificao Vs empresas multinacionais ........... ............ ............. ........... 299

    7.1.12 - Distribuio nmero de trabalhadores Vs empresas multinacionais ........... ........... ............. ........ 300

    7.1.13 - Tempo de Implantao ............................................................................................................... 3017.1.14 - Prazo de Recuperao do Investimento ..................................................................................... 302

    7.1.15 - Distribuio do Tempo de Implantao Vs Prazo de Recuperao do Investimento............. ..... 303

    7.1.16 - Distribuio do Prazo de Recuperao do Investimento Vs Tipo de Actividade ........... ............. . 305

    7.1.17 - Distribuio do Prazo de Recuperao do Investimento Vs Ano primeira Certificao ............. . 308

    7.1.18 - Distribuio do Prazo de Recuperao do Investimento Vs Nmero de Trabalhadores......... .... 310

    7.1.19 - Distribuio do Prazo de Recuperao do Investimento Vs Multinacional........ ............ ............. . 313

    7.1.20 - Motivaes da Empresas para se Certificarem.... ............ ............. ........... ............. ............ .......... 315

    7.1.21 - Anlise Factorial - Motivaes .................................................................................................... 316

    7.1.22 - Benefcios da Certificao.......... ............. ............. ............ ............. ........... ............. ............ .......... 319

    7.1.23 - Anlise Factorial - Benefcios.............. ............ ............. ............. ........... ............. ............ ............. . 321

    7.2 Anlise do Modelo PLS...... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ............ ........... ............. .... 324

    7.2.1 - Idoneidade do PLS para Cumprir os Objectivos da Investigao ............. ............ ............ ............ 325

    7.2.2 - Passos para a Modelizao Mediante o PLS.... ............. ............. ........... ............. ............ ............. . 326

    Variveis latentes com indicadores reflectivos.......... ............. ........... ............. ............. ............ ............. . 328

    Variveis latentes com indicadores formativos ..................................................................................... 329

    7.2.3 - A dimenso da amostra ................................................................................................................ 329

    7.2.4 Interpretao do modelo de medida ou externo............ ............. ........... ............. ............ ............. . 331

    Valorao dos itens formativos ............................................................................................................. 331

    Fiabilidade individual dos itens reflectivos........ ............ ............ ............ ............. ............ ............ ............ 340

    Fiabilidade dos constructos................................................................................................................... 344

    Validade convergente............................................................................................................................ 345Validade discriminante .......................................................................................................................... 347

    7.2.5 - Validao do modelo estrutural... ............. ............ ............ ............ ............. ............ ............ ............ 349

    Poder predictivo do modelo......... ............ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 350

    Contribuio das variveis predictivas sobre a varincia explicada das variveis endgenas ............ . 351

    Verificao das hipteses apresentadas na investigao ............ ............ ............. ........... ............. ........ 353

    7.2.6 - Discusso do modelo.................................................................................................................... 357

    8 Concluses, limitaes e futuras investigaes ............................................................................................ 367

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    8.1 - Concluses e implicaes para a gesto .............................................................................................. 367

    Implicaes para a gesto das organizaes........ ............. ........... ............. ............ ............. ........... ............. ........ 376

    8.2 - Limitaes da investigao..... ............. ............. ............ ............ ............ ............. ............ ............. ........... 377

    8.3 - Futuras investigas nesta linha....... ............. ............ ............. ........... ............. ............. ............ ............. . 378

    Bibliografia........................................................................................................................................................... 381

    Anexos ................................................................................................................................................................ 396

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    INTRODUO

    JUSTIFICAO, OBJECTIVO e ESTRUTURA DA INVESTIGAO

    1 Motivao e razes que justificam o tema objecto de estudo

    Na actualidade, a necessidade de medir, avaliar e sobretudo, garantir e melhorar a

    qualidade das empresas pblicas e privadas, nas suas facetas de fabricao de

    produtos e prestao de servios, um facto aceite pela sociedade e governos.

    Neste contexto, os princpios e prticas de gesto da qualidade podem ser teis

    para cobrir estas necessidades e garantir a competitividade da nossa economia.

    Contudo, a aplicao da qualidade ao mbito das organizaes em geral no est

    isenta de dificuldades e problemas, entre os quais podemos citar os seguintes:

    A prpria cultura das empresas, que faz com que a sua gesto seja

    extremamente complexa;

    Para que se alcancem os resultados desejados imprescindvel que todas as

    pessoas que pertencem instituio se impliquem de maneira activa em todo

    o processo que supe a implantao e a melhoria da qualidade;

    A importncia social das empresas de hoje em dia, faz com que exista um

    grande nmero de beneficirios que procuram cada vez maiores nveis de

    qualidade;

    Um aspecto que conta cada vez com uma maior transcendncia a escassez

    de recursos monetrios, humanos ou de infra-estrutura num grande nmero

    de empresas na nossa envolvente;

    Finalmente, h que ter em conta, que a preocupao pela qualidade, os seus

    princpios e prticas e os mtodos e modelo empregues para a sua

    implantao tm a sua origem na grande empresa industrial e no tarefa

    fcil translad-los para campos especficos e distintos do industrial, como o

    dos servios e o comercial.

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    Por tudo isto, se devem aportar os meios e realizar os esforos necessrios para

    que se produza uma mudana nas instituies empresariais do nosso pas. Esta

    mudana deve permitir s organizaes oferecer produtos melhores e mais

    eficientes, um melhor servio, de mais qualidade, mais orientado para as

    necessidades dos grupos de interesses, para que as nossas empresas sejam mais

    competitivas e excelentes.

    Neste sentido, a filosofia e os princpios da gesto da qualidade, que serviram de

    base para a mudana e o xito de muitas organizaes industrias e de servios em

    todo o mundo, podem ser um bom catalizador da mudana nos valores e processos

    empresariais de Portugal, nas suas estruturas e na sua gesto.

    2 Objectivos da investigao

    A finalidade ltima deste trabalho formar e validar um modelo de relaes entre

    variveis fundamentais para o xito da implantao da gesto pela Qualidade Total,

    que sirva de referncia s empresas portuguesas para avaliar e melhorar a

    qualidade na gesto e dos seus resultados ou rendimento.

    Esta finalidade motivada pela complexidade que apresenta a gesto da qualidade

    nas organizaes em geral e nas empresas portuguesas em particular.

    Este propsito requer apresentarmos outros objectivos mais concretos e especficos

    na investigao, como os que se seguem:

    1. Delimitar e definir o conceito de qualidade e gesto da qualidade;

    2. Identificar as razes que levam as empresas portuguesas a obter sistemas de

    certificao e garantia da qualidade, assim como suas vantagens ou benefcios

    obtidos e os problemas induzidos que suportam;

    3. Analisar as diferentes formas e arqutipos de como se podem implantar a gesto

    da qualidade nas empresas portuguesas, tomando como referncia as empregues

    com xito nesta envolvente empresarial;

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    4. Identificar os factores de implantao e variveis atravs dos quais se produzem

    os efeitos da gesto da qualidade sobre os resultados;

    5. Representar, atravs de um modelo que possa ser verificado empiricamente, os

    factores chave da gesto da qualidade e as medidas dos resultados identificados.

    3 Estrutura da investigao

    Para tratar de alcanar os objectivos apresentados na investigao devemos contar

    com uma boa delimitao do fenmeno objecto de estudo, com um rigoroso marco

    conceptual e uma exaustiva reviso do estado da questo, assim como se apoiar na

    apresentao do modelo e das hipteses que sero avaliadas na anlise emprica.

    Estes aspectos ficam reflectidos nas trs partes em que podemos estruturar a

    investigao: delineamento terico, formulao do modelo de hipteses e estudo

    emprico com a nossa amostra de empresas portuguesas.

    O questionrio para a obteno dos dados uma adaptao envolvente

    empresarial portuguesa de diferentes escalas de medio de variveis de gesto da

    qualidade que foram testadas com xito noutros trabalhos de investigao a nvel

    internacional.

    Para a avaliao do modelo de investigao e a verificao das hipteses

    utilizaremos uma combinao de metodologias, entre as quais se encontram os

    modelos de equaes estruturais, concretamente a tcnica conhecida como PLS

    ou Partial Least Square.

    Assim, este estudo estrutura-se em trs partes:

    Primeira parte Fundamentos tericos;

    Segunda parte Reviso emprica e Modelo de investigao;

    Terceira parte - Estudo emprico e Resultados da investigao.

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    PRIMEIRA PARTE - FUNDAMENTOS TERICOS

    1 - Introduo

    Durante os ltimos anos, observou-se com crescente clareza, o desenvolvimento

    nos meios empresariais e acadmicos de uma nova cultura, movimento e paradigma

    da qualidade, cujo debate se chegou a popularizar excessivamente (Heras et al.

    2000; Casadess e Heras, 2001).

    Num mercado globalizado, em que a oferta aumentou rapidamente e em que todos

    os concorrentes se encontram em qualquer parte do mundo, a qualidade converteu-

    se numa estratgia vital para competir (Escanciano et al. 2001).A envolvente competitiva na qual as empresas desenvolvem as suas actividades

    mudou substancialmente e, segundo Rodrguez et al. (2004), as organizaes

    procuram estratgias que lhes permitam enfrentar, com xito, os desafios que se

    lhes apresentam, tratando de melhorar continuamente o seu nvel de produtividade e

    onde a qualidade uma varivel determinante face diferenciao num mercado

    caracterizado pelo dinamismo, globalizao, forte aumento da concorrncia derivada

    do surgimento de novas potncias comerciais e de avanos tecnolgicos, tudo isto

    acrescido da maior sofisticao dos clientes.

    A forte competitividade no mercado mundial fez com que a qualidade se tenha

    convertido numa exigncia crescente dos mercados e dos clientes. Grandes

    empresas e PME's viram-se obrigadas a abrir as suas portas cultura da qualidade,

    mensagem que frequentemente se associa s siglas da famosa norma ISO 9000

    (Casadess e Heras. 2001).

    Todos os pases esto a procurar formas de ganhar vantagens sobre os seus

    concorrentes. Uma forma de conseguir esta vantagem por via da certificao ISO9000. As normas ISO 9000 podem ser adaptadas e ajustadas a todo o tipo de

    empresa, independentemente da sua estrutura organizacional ou dimenso (Elmuti

    1996).

    O processo de certificao pela norma de garantia da qualidade ISO 9000 iniciou-se

    em meados da dcada de oitenta como um fenmeno integralmente europeu,

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    originrio do Reino Unido, que se estendeu rapidamente pelo ocidente, convertendo-

    se na dcada de 90 num fenmeno internacional (Heras et al. 2000).

    Cada vez mais um maior numero de empresas procuram situar-se num plano

    competitivo mais elevado que os seus rivais, garantindo a regularidade e melhoriada qualidade dos seus produtos e processos atravs da certificao ISO 9000

    (Escanciano et al. 2001).

    A prova disto o crescimento exponencial de empresas certificadas ISO 9000 desde

    1987, data em que apareceu a norma que lhe serve de referncia. A importncia de

    sistemas de garantia de qualidade aumentou durante a ltima dcada em todos os

    pases industrializados e naes desenvolvidas (Martinez et al. 2000).

    Em 1998, certificaram-se mais de 50 000 empresas e j havia mais de 270 000empresas certificadas. Em 1994 havia mais de 634 000 em todo o mundo

    (www.iso.org, 2004) e em 2006, o numero de empresas certificadas ascendia a 887

    770 em 161 pases, (www.iso.org, 2007).

    As ISO 9000 j percorreram a sua primeira etapa, talvez a mais difcil, a integrao

    da qualidade na gesto diria das empresas, convertendo-se num conjunto de

    normas com um enorme potencial, especialmente a partir da reviso do ano 2000

    (Casadess e Heras, 2001).

    Esta nova norma tratou, por um lado, de superar os inconvenientes e crticas que

    tradicionalmente foram objecto as normas predecessoras e, por outro lado,

    estabelecer as bases para uma progressiva aproximao do sistema da qualidade

    empresarial a modelos de excelncia como o Modelo Europeu da Qualidade

    (EFQM), (Escanciano et al. 2001).

    Esta edio apresenta uma estrutura e uma focalizao orientadas para os

    processos da empresa, tornando menos gravosa a sua incorporao em todo o tipode organizaes, nas quais a melhoria continua e a medio da satisfao dos

    clientes tm um papel destacado entre os requisitos que devem estar presentes em

    todo o sistema da qualidade (Casadess e Heras, 2001; Escanciano et al., 2001).

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    Graas a tudo isto, previsivelmente, se conseguir estimular a eficincia da

    organizao, incrementar a vantagem competitiva e ao mesmo tempo responder

    melhor s necessidades e expectativas dos clientes com o consequente incremento

    dos benefcios derivados da certificao (Escanciano et al. 2001).

    De facto, a qualidade da gesto desempenha um papel na economia j que,

    segundo Donaldson e Barney (1990), em algumas trocas h dificuldade na garantia

    de que os contraentes tenham compromissos credveis, ou seja, de garantir que a

    outra parte vai, de facto, fornecer no futuro o que tinha prometido no esprito do

    contrato.

    Tal como a Qualidade, a Qualidade Total tambm um fenmeno organizacional

    omnipresente no mundo empresarial e igualmente polmico que evoluiu at umafocalizao da qualidade que hoje se caracteriza em termos de uma ampla

    estratgia para toda a organizao, integrada e sistemtica, que pretende melhorar

    a qualidade do produto, do servio e da gesto. O TQM no um instrumento ou

    tcnica especfica, hoje em dia visto mais como uma mudana de pensamento e

    cultura organizacional (Leal, 1997; Dean e Bowen, 1994; Waldman, 1994).

    O sucesso competitivo s pode ser alcanado por organizaes capazes de criar

    sistemas de gesto que focalizam todos os recurso em deleitar o cliente (Johnston eDaniel, 1991), o TQM um compromisso que d nfase qualidade orientada para

    os clientes (Sashkin e Kiser, 1992).

    O TQM deve ser integrado na estratgia e operaes do negcio e esta integrao

    comea com planeamento estratgico, orientado para o cliente e dirigido para

    possibilitar a mudana e a melhoria contnua, que tem que alcanar resultados que

    aumentam valor para os clientes e assegurar o sucesso a longo prazo (Butz, 1995;

    Johnston e Daniel, 1992; Swiss, 1992).

    O trabalho em equipa inclui a colaborao entre gestores e no gestores, entre

    funes e entre cliente e fornecedores. (Dean e Bowen, 1994).

    Frequentemente, as iniciativas de Qualidade Total no so bem sucedidas, mas a

    teoria disponvel para explicar as diferenas entre o sucesso e o insucesso

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    escassa (Dean e Bowen, 1994; Leal, 1997; Hart e Schlesinger, 1991; Spencer,

    1994).

    A deciso estratgica de implantar a qualidade total compete direco de topo da

    empresa, deciso que arrasta necessariamente uma evoluo da cultura da

    empresa (Wiele et al., 2000).

    difcil planear a mudana organizacional. Muitos processos de mudana nas

    organizaes provocam nestas certas disfuncionalidades ou efeitos no desejados

    pelos projectistas da mudana e a implantao do TQM nas empresas implica

    realmente uma mudana organizativa e cultural em grande escala (Cameron, Kim e

    Whetten, 1987; Cameron, Whetten e Kim, 1987; Leal, 1995; Reger et al, 1994).

    Os factores crticos de implantao do TQM diferem de autor para autor e,

    consequentemente, no h nenhuma viso comum dos factores chaves de TQM.

    Apesar disso, verifica-se que h disposies comuns que aparecem nos prmios

    EFQM, Malcom e Deming, como: liderana; planeamento da qualidade; gesto de

    recursos humanos; focalizao no cliente; gesto por processos; gesto dos

    fornecedores e melhoria contnua (Claver et al., 2002 ; Leal, 1997; Gotzamani,

    2001).

    Por outro lado, sem referncias de rendimento os gestores no conseguem, de uma

    forma objectiva ou consistente, avaliar a qualidade das suas decises. Monitorizar a

    estratgia empresarial requer medidas que tambm integrem o seu potencial futuro

    de rendimento. So muitos os factores que contribuem para a excelncia j que no

    se encontra um factor que por si s a identifique. Uma empresa de excelncia

    tambm deve ter a capacidade de se transformar como resposta s mudanas da

    envolvente (Chakravarthy, 1986; Powell, 1995; Leal, 1997).

    2 - Evoluo do conceito da qualidade

    Para a Direco Geral III, Indstria, da Comisso Europeia, as organizaes

    europeias vm a gesto da qualidade como a qualidade da gesto. Para ela,

    segundo Hardjono et al. (1997), a qualidade no nem um trabalho do

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    "departamento da qualidade" nem do "projecto". A qualidade parte integrante das

    actividades dirias e construda nas responsabilidades de todos os gestores e

    empregados.

    Gerir a qualidade desenvolver, conceber e fabricar produtos mais econmicos,mais teis e que satisfaam melhor o cliente. Esta definio de Ishikawa (1984)

    integra o conceito de que no basta produzir de acordo com as especificaes mas

    garantir que satisfaa, tambm, as exigncias do consumidor. A produo no um

    fim, mas o incio da introduo de um produto no mercado e a qualidade no se

    esgota no produto mas diz tambm respeito ao trabalho, servio, informao,

    procedimento industrial, pessoal, organizao da empresa, poltica industrial e

    comercial, etc.

    A qualidade comea com a identificao das necessidades e expectativas do

    consumidor e, segundo Pires (1993), as consequncias econmicas de decises

    menos adequadas nas fases iniciais so de tal modo importantes que afectam

    definitivamente o custo do ciclo de vida.

    A gesto da qualidade deve integrar ainda, segundo Ishikawa (1984), o preo de

    venda, o benefcio e o preo de custo e se verdade que o sculo XX trouxe muita

    turbulncia e mudana ao mundo da qualidade, os historiadores futuros registaro,

    segundo Juran (1994), o sculo XX como o sculo da produtividade, contudo, aqualidade e a produtividade entrelaam-se e a viso do mundo da qualidade deve

    considerar os factos relacionados com o mundo da produtividade.

    Segundo Cruz e Carvalho (1998), a qualidade a conformidade em relao a

    especificaes e parmetros definidos, conhecidos por todos na empresa e

    estabelecidos pelos clientes, em permanente reviso para que se encontrem em

    cada momento dinamicamente ajustadas s suas reais necessidades, pelo que,

    segundo Saraiva et al. (1999), os procedimentos da certificao do produto no se

    devem focalizar exclusivamente em caractersticas tcnicas de um artigo quando sai

    da fbrica. Devem tambm estender-se garantia de qualidade durante e depois de

    os materiais serem instalados.

    A globalizao dos mercados, associada reduo do ciclo de vida no mercado,

    redefiniu a arena competitiva e, segundo Correia et al. (2003), a nova envolvente

    competitiva requer esforos constantes na direco do desenvolvimento em muitas

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    frentes que incluem produtividade, custos e qualidade. Tais desenvolvimentos so

    vistos como a direco para satisfazer clientes crescentemente sofisticados.

    A qualidade transformou-se num desgnio prioritrio no advento da procura de valor,

    de consumidores informados, do aumento da competio global e dadesregulamentao em muitas indstrias que est a forar as empresas a virarem-

    se para a qualidade a fim de sobreviver.

    A vantagem competitiva de uma empresa tem origem nas actividades executadas

    por esta para conceber, produzir, comercializar, entregar e sustentar o seu produto.

    E, segundo Pimenta (2003), cada uma dessas actividades pode contribuir para a

    posio dos custos relativos da empresa, alm de criar uma base para a

    diferenciao. A anlise da Cadeia de Valor realizada com o estudo de todas as

    actividades executadas pela empresa e o modo como elas interagem, de forma a

    identificar as fontes de vantagem competitiva para a empresa. Uma empresa ganha

    vantagem competitiva executando as actividades estrategicamente importantes de

    uma forma mais barata ou melhor que a concorrncia.

    Quase todos os pases do mundo esto a tentar encontrar o caminho que os

    conduza forma mais eficiente e produtiva de aumentar os negcios e, segundo

    Elmuti (1996), os critrios mais importantes so a manuteno da vantagem

    competitiva, aumento da produtividade, aumento da qualidade dos produtos eservios, reduo de custos e standardizao dos processos do trabalho. O conceito

    de standardizao dos processos de trabalho conduz-nos International

    Organization for Standardization (ISO), que representa a norma internacionalmente

    aceite para a qualidade nos negcios.

    A adopo das ISO 9000 por muitas empresas europeias e o seu subsequente uso

    para a certificao da qualidade, conduziu a um crescimento notvel do nmero de

    empresas certificadas nos anos 90 (Correia et al. 2003). Tambm em Portugal,

    como na Europa em geral, a tendncia para a certificao foi a principal fora por

    detrs de muitos esforos srios de desenvolvimento de programas da qualidade em

    muitas empresas.

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    2.1 - A qualidade ao longo da histria

    A gesto da qualidade tem uma longa e fascinante histria. As preocupaes com a

    qualidade podem encontrar-se nos mais remotos princpios da produo de

    ferramentas para uso prprio (Pires 1993).

    O primeiro cdigo de leis civis de que h conhecimento o "Cdigo de Hammurabi",

    rei dos Sumrios, que consolidou o imprio Babilnico (1728 a 1686 a.C.), que

    estabelecia que "se um construtor erguer uma casa para algum e o seu trabalho

    no for slido, e a casa desabar e matar o morador, o construtor dever ser

    imolado". Nesta mesma poca, inspectores fencios eliminavam quaisquer violaes

    reincidentes de padres de qualidade amputando a mo do fabricante de produto

    defeituoso e no Egipto inspectores conferiam a forma de blocos de pedra com uma

    corda, enquanto o cortador observava (Vale, 1997). Durante o sculo XII, surgiram

    as corporaes de artesos e negociantes, e desenvolveu-se a formao

    profissional baseada no ensino de ofcios a aprendizes (Pires 1993). Os artesos

    eram produtores, formadores e inspectores e orgulhavam-se do seu ofcio e de

    treinar outros para fazer um trabalho de qualidade.

    Ao longo dos tempos, e com a evoluo das sociedades, foram aparecendo cdigos

    cada vez mais elaborados que reflectiam as preocupaes da sociedade em relao

    ao problema da qualidade.Mas, se o conceito de qualidade existe desde tempos quase imemoriais em que a

    qualidade era assegurada pelos prprios artesos, , segundo Vale (1997) no incio

    do sculo XX que se formaliza como conceito de gesto.

    Todas as pessoas so a favor da qualidade. Ningum gosta de fazer um mau

    trabalho, nem que os produtos que adquire no se comportem conforme as suas

    expectativas. Contudo, isso acontece.

    As consequncias da falta de qualidade podem, segundo Pires (1993), serresumidas em 3 grupos: econmicas, segurana e regulamentao e

    responsabilidade civil.

    No incio do sculo XX, os mtodos de controlo da qualidade inclinavam-se para a

    informalidade, mas a organizao formal da qualidade poderia ser encontrada nas

    grandes fbricas. Nelas, os gestores e os supervisores de produo eram

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    responsveis por definir as especificaes da qualidade. Os artesos hbeis

    estavam geralmente numa situao de autocontrole e davam a garantia da

    qualidade relativa inspeco do seu prprio trabalho (Vale, 1997). Os supervisores

    e os artesos foram utilizados para treinar trabalhadores inbeis e verificar o seu

    trabalho. Esta verificao foi substituda por inspectores a tempo inteiro.

    Nas pequenas empresas, o proprietrio era tipicamente um mestre arteso que

    planeava como o trabalho devia ser feito, incluindo o planeamento da qualidade,

    treinando os trabalhadores e verificando o trabalho para se assegurar de que a

    qualidade era atingida.

    Como os trabalhadores adquiriam habilidade com a experincia, pde-se reduzir a

    frequncia da verificao do seu trabalho. Em algumas grandes empresas existiam

    departamentos para a inspeco final e teste. Estes departamentos dependiam,

    tipicamente, do supervisor da produo ou do gestor da unidade produtiva (Juran,

    1994).

    A inspeco na produo industrial macia de bens foi iniciada com Henry Ford,

    fundador da Ford Motor Company em 1903, e Frederick Taylor, engenheiro e

    economista norte americano, promotor da organizao cientfica do trabalho a que

    se veio a chamar taylorismo, trouxe a necessidade da inspeco ao produto

    acabado.O controlo de qualidade era realizado posteriori e comeou a ser reconhecido

    formalmente e ganhou o estatuto de actividade independente (Vale, 1997).

    Quando, em 1924, Juran se juntou ao Bell System faltava todo o tipo de coisas que

    hoje consideramos essenciais no mundo da qualidade: melhoria de qualidade,

    gesto anual da qualidade do negcio, planeamento estratgico da qualidade,

    controle estatstico do processo e assim por diante.

    Contudo, o equipamento fornecido permitia s companhias prestar um servio detelefone de elevado nvel j que, na sua diviso do trabalho, os projectos dos

    produtos eram realizados pelos Bell Telephone Laboratories, a produo era

    realizada pela Western Electric Company e as vendas e o servio ao cliente eram

    fornecidos pelas companhias regionais de telefones (Juran, 1994). A Revoluo

    Industrial veio incorporar a diviso do trabalho, que teve efeitos diferentes na

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    produtividade e na qualidade. A nfase na quantidade acabou por criar a primeira

    actividade significativa da funo qualidade: os inspectores (Pires, 1993).

    As prioridades do departamento da produo eram cumprir o planeado e conter os

    custos de produo, compreensivelmente, os defeitos abundavam. Fazia-se umesforo macio de inspeco para encontrar e eliminar defeitos, mas muitos defeitos

    escapavam o que exigia, por vezes, a sua reparao pelos clientes. Alguns ainda se

    lembram de automveis vendidos com jogos de ferramenta (Juran, 1994).

    No incio do sculo XX, no havia qualquer associao profissional orientada para a

    qualidade. Os estudos publicados ocasionalmente salientavam principalmente

    aspectos tecnolgicos, tais como a metrologia.

    A dcada de 20 registou uma evoluo significativa com o aparecimento de

    especialistas em estatstica que desenvolveram mtodos de inspeco mais vlidos

    e fiveis (Pires, 1993). Com a publicao de "Economic control of quality of

    manufactured product", em 1931, por W.A. Shewhart (Bell Telephone Laboratories),

    engenheiro e fsico americano que foi o primeiro membro honorrio da ASQ

    (American Society for Quality), foram apresentadas bases cientficas para o controlo

    da qualidade como, por exemplo, a utilizao da estatstica e o estudo das

    probabilidades na construo de cartas de controlo (Vale, 1997). A constatao

    fundamental residiu na identificao de que qualquer processo produtivo introduzvariabilidade nas caractersticas da qualidade e que estas variaes seguem certas

    leis estatsticas conhecidas (Pires 1993).

    A linha de fora do sculo XX, o Sculo da Produtividade, foi o Taylorismo que

    separou o planeamento da execuo. A premissa atrs da mudana era que aos

    trabalhadores e supervisores faltava a formao necessria para planear. O

    planeamento passou a ser funo dos gestores e engenheiros, limitando-se os

    supervisores e trabalhadores funo de executar o plano.

    O sistema de Taylor foi bem sucedido quanto ao aumento da produtividade e foi

    largamente adoptado pelas empresas americanas sendo, provavelmente, a principal

    razo pela qual os EEUU se tornaram lderes mundiais da produtividade.

    Por outro lado, o sistema de Taylor provocou efeitos indesejveis, fragilizando o

    equilbrio que existia entre qualidade e produtividade. A nfase na produtividade

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    tornou-se intensa, reduzindo o empenho na qualidade, que foi baixando devido a

    simplificaes durante a produo, fornecendo produtos inadequados.

    Como resposta, os inspectores foram retirados dos departamentos da produo para

    um departamento central de inspeco, ganhando independncia, e transformaram-se nos guardies da qualidade durante a primeira metade do sculo XX, tendo

    evoluram para departamentos de qualidade que hoje so uma caracterstica de

    muitos organigramas de organizaes.

    Mas, a criao de departamentos centrais da qualidade conduziu a

    desenvolvimentos negativos, tais como, o facto de muitos gestores conclurem que a

    qualidade da responsabilidade do departamento da qualidade, desligando-se da

    funo qualidade.

    Ento, quando a crise veio, no dispunham dos conhecimentos necessrios para

    fazer opes e escolhas apropriadas (Juran, 1994).

    A segunda guerra mundial teve um efeito profundo na abordagem americana

    gesto da qualidade. O governo criou a War Production Board (WPB) para implicar a

    economia civil no esforo da guerra. Em Dezembro de 1940, o exrcito cria um

    comit para a qualidade integrando um grupo de trabalho, na Universidade de

    Columbia, cujo objectivo era melhorar a qualidade e a produtividade das indstrias

    de armamento. Este grupo de trabalho desenvolve, ento, novos mtodos, tcnicase conceitos, entre os quais de destacar o de NQA (Nvel de Qualidade Aceitvel)

    (Vale, 1997).

    Os cursos da WPB proporcionaram a muitas empresas a sua primeira exposio s

    ferramentas estatsticas e criaram especialistas da qualidade que prepararam

    manuais de formao e realizaram cursos de formao dentro das empresas. Alguns

    eram jovens entusiastas que foram mais longe e estabeleceram sistemas de dados,

    investigaram circunstncias anormais, iniciaram o planeamento da qualidade,

    prepararam manuais de procedimentos, conduziram auditorias da qualidade,

    publicaram relatrios e assim por diante.

    Colectivamente, tais actividades acabaram por ser conhecidas como a engenharia

    de controlo da qualidade. As grandes companhias tenderam a criar departamentos

    da engenharia de controlo da qualidade para instalar estes novos especialistas.

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    O acontecimento mais importante aps a II Guerra Mundial foi a revoluo japonesa

    da qualidade que abriu o caminho para o Japo se transformar numa superpotncia

    econmica.

    Com falta de recursos naturais, o Japo passou a importar materiais e a process-los com vista exportao, carecendo de imagem enquanto produtor. Para melhorar

    a reputao, procedeu a mudanas fundamentais de hbitos e as empresas agiram

    colectivamente, enviando equipes ao exterior para aprender como os pases

    estrangeiros conseguiram a qualidade e traduziram a literatura estrangeira, tendo,

    inclusivamente, convidado dois peritos americanos, W. Edwards Deming e Joseph

    Juran.

    Deming ensinou os mtodos estatsticos, em especial a carta do controle

    desenvolvida por Walter A. Shewhart, enquanto Juran o fez com a gesto da

    qualidade, em especial o conceito e a metodologia da melhoria anual da qualidade,

    proporcionando ao Japo um conjunto estruturado de ensinamentos.

    A revoluo japonesa da qualidade trouxe grandes benefcios aos consumidores

    americanos, mas custa de outros sectores da economia: os fabricantes perderam

    grandes quotas de mercado e grande nmero de postos de trabalho foram

    exportados e a balana comercial desequilibrou-se (Juran, 1994).

    Embora o comeo da garantia da qualidade esteja ligado a reas vitais, tais como, onuclear, a defesa e o espao, nos anos 60, com o advento dos grandes

    investimentos, nomeadamente no nuclear e na petroqumica, vem a traduzir-se na

    institucionalizao da garantia da qualidade enquanto exigncia dos grandes

    compradores, pelo que a sua extenso a outras indstrias, e destas aos servios,

    tem vindo progressivamente a intensificar-se medida que os processos de fabrico

    se tornaram mais complexos e os consumidores passaram a exigir garantias

    acrescidas da qualidade dos produtos e as condies de competitividade se

    intensificaram (Pires, 1993).

    Adicionalmente, surgiu um poderoso crescimento de suspeitas e medos relativos ao

    lado negativo do progresso industrial. Estes medos so evidentes em mltiplas

    tendncias relacionadas com a qualidade: crescente interesse sobre os danos ao

    ambiente; medo de grandes desastres e proximidade de catstrofes; aces em

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    tribunal para impor responsabilidade estrita; crescimento de organizaes de

    proteco dos consumidores (Juran, 1994).

    Num meio envolvente cada vez mais competitivo, certo que o factor qualidade se

    tornar cada vez mais importante. A relevncia que a garantia da qualidade temvindo a assumir vem coloc-la como parte integrante da gesto da empresa. Daqui

    resulta a utilizao da palavra gesto associada qualidade (Pires, 1993).

    As actividades da qualidade custam dinheiro. Ento, a existncia da organizao

    para a qualidade deve trazer benefcios empresa. Do ponto de vista das vantagens

    globais, muito difcil quantific-las, j que a sua dimenso pode estar prxima da

    sobrevivncia da empresa. Contudo, numa abordagem mais restritiva, podem ser

    transpostas para nmeros.

    A tcnica dos custos da qualidade foi desenvolvida a partir dos anos 60, quer por

    razes internas, j que as actividades da qualidade dentro da empresa aumentaram

    ao longo do tempo e devem ser justificadas, quer por razes externas, j que o

    aparecimento dos grandes projectos da dcada de 60 levou a que os grandes

    compradores impusessem requisitos de garantia da qualidade, o que deve ser

    quantificado (Pires, 1993).

    Com o lanamento do livro de Joseph Juran, intitulado "Quality Control Handbook",

    em 1951, que se impe como guia dos especialistas de qualidade, o custo da noqualidade comea a ser calculado, permitindo aos gestores optimizar a relao

    qualidade / no qualidade e, consequentemente, a determinao do nvel de

    qualidade econmico (Vale, 1997).

    Os princpios da Qualidade Total so propostos pela primeira vez em 1956, sendo

    considerado, ento, que a qualidade uma funo de todos os colaboradores da

    empresa, sejam internos (trabalhadores da empresa) ou externos (clientes,

    fornecedores, accionistas, etc.).

    O TQM (originalmente TQC) comeou no Japo nos anos 70 e, segundo Sun

    (2000), propagou-se aos EUA nos anos 80 e chegou Europa nos anos 90,

    enquanto a certificao ISO 9000 comeou na Europa e foi espalhada Amrica do

    Norte, ao Japo e ao resto do mundo. A gesto da qualidade total (TQM) e as ISO

    9000 transformaram-se nas duas principais referncias na gesto da qualidade.

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    Os esforos na qualidade de muitas empresas foram motivados pelas histrias reais

    de sucesso de companhias como Xerox, Motorola, Ford e General Motors, onde a

    adopo de prticas de TQM tiveram uma influncia positiva no desempenho global

    destas companhias (Correia et al. 2003).

    Assim, para Flynn e Schroeder (1995) a Gesto pela Qualidade Total (TQM) vista

    como uma arma estratgica e o caminho para manter a vantagem competitiva. A

    ideia de que existe uma relao positiva entre os esforos da qualidade e o

    desempenho das empresas partilhada por vrios autores. Contudo, tal como

    estabelecido por Flynn et al. (1995) e Madu et al. (1995), o suporte emprico para

    tais relaes indicam que so lentas no curto prazo.

    2.2 - A Opinio dos mestres da qualidade

    Sem pretendermos diminuir o mrito de W. A. Shewhart que, em 1931, apresentou

    pela primeira vez as bases cientficas para o controlo da qualidade, foram Joseph

    Juran e Edwards Deming os pioneiros do "movimento da qualidade". Aps a

    Segunda Guerra Mundial comearam a alertar os empresrios norte americanos

    para a necessidade de se preocuparem com o controlo da qualidade. Este alerta s

    foi ouvido na dcada de 80, depois de terem sido considerados os inspiradores do

    milagre industrial Japons, iniciado trinta anos antes.

    No movimento da qualidade outros nomes merecem destaque, como o de Massaaki

    Imai, criador da filosofia Kaisen, que significa melhoria contnua ou, ainda, o de

    Richard Schonberger que fez a transio de tcnicas japonesas como o just-in-time

    para o mundo ocidental.

    Mas, o movimento da qualidade, para alm de Juran e Deming, teve, pela

    originalidade e impacto da sua obra, outros nomes, tais como os norte americanosPhilip Crosby, com a teoria dos "Zero defeitos" e Armand Feigenbaum com o

    conceito de "Controlo Total da Qualidade", assim como os japoneses Kaoru

    Ishikawa, com a criao dos "Crculos da Qualidade" e das "sete ferramentas do

    controlo estatstico da qualidade" e Genichi Taguchi com o "Design" industrial como

    factor de aumento da qualidade (Vale, 1997).

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    A proliferao de companhias multinacionais, o incremento da concorrncia

    favorecida pela globalizao dos mercados, a proteco do meio ambiente e o

    surgimento de mercados regionais que estimulam a concorrncia e fragmentam o

    proteccionismo, so os causadores, na opinio de Juran (1993), da rpida expanso

    da concorrncia em qualidade a nvel internacional (Escanciano et al., 2001).

    Segundo Conca et al. (2000), a teoria da gesto da qualidade foi influenciada pelas

    contribuies dos lderes da qualidade: Crosby; Deming; Juran; Ishikawa e

    Feigenbaum.

    Os ensinamentos destes autores apresentam pontos fortes e pontos fracos, j que

    nenhum participa com todas as solues para os problemas que as empresas

    enfrentam (Dale, Boaden e Lascelles, 1994), ainda que se verifiquem aspectos

    comuns como a liderana, a formao, a participao dos empregados, a gesto por

    processos, a planificao e as medidas da qualidade para a melhoria continua.

    Para Heras et al. (2000), do ponto de vista acadmico, a literatura existente

    relacionada com a Gesto da Qualidade baseia-se, principalmente, em artigos de

    caracter normativo, de modo que, por conseguinte, existe um importante

    desconhecimento sobre os efeitos prticos da Gesto da Qualidade, pelo que entre

    os especialistas tem havido um intenso debate sobre se a aplicao dos Sistemas

    de Garantia da Qualidade, ou outro tipo de aces relativas a diferentes formas deGesto da Qualidade, se materializam em ganhos econmicos reais e generalizados

    e se melhoram o desempenho operacional das empresas.

    Segundo Arnold (1995), durante as dcadas de 1970 e 1980, a cincia do controlo

    da qualidade evoluiu. O foco mudou do produto para o processo. A teoria existente

    por trs dessa mudana era a de que se o processo utilizado para produzir o produto

    fosse desenvolvido e mantido adequadamente, o produto seria compatvel e a

    qualidade seria melhorada. Essa teoria foi levada adiante por lderes da qualidade

    como Juran, Deming, Crosby e Feigenbaum, e foi o caminho da industrializao

    assumido pelo Japo nos seus esforos para se tornar uma potncia mundial.

    Segundo Vale (1997), so seis os grandes nomes considerados como tendo sido os

    grandes impulsionadores da qualidade, e mesmo fundadores da Qualidade Total:

    Edwards Deming, Joseph Juran, Philip Crosby, Armand Feigenbaum, Kaoru

    Ishikawa e Genichi Taguchi.

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    J Kerzner (2003), identifica como pioneiros Deming, Juran e Crosby.

    2.2.1 - Edwards Deming

    Edwards Deming, licenciado em fsica na Universidade do Wyoming, em 1921, e

    doutorado em matemtica, em 1928, pela Universidade de Yale, trabalhou no

    Census Bureau dos EEUU durante a segunda guerra e, em 1950, foi convidado a

    dirigir aces de formao no Japo (Vale, 1997).

    Considerado obreiro do milagre industrial japons, foi em sua homenagem que o

    JUSE, Japan Union of Scientists and Engineers, instituiu o Deming Prize para

    premiar anualmente as melhores empresas no campo da qualidade, e o prprio

    Imperador o condecorou com o mais elevado galardo alguma vez atribudo a umestrangeiro: a Medalha de 2 Ordem do Sagrado Tesouro. Na dcada de oitenta,

    Deming descoberto pelos empresrios americanos, sendo o seu trabalho

    reconhecido institucionalmente, em 1986, com a atribuio da National Medal of

    Technology (Vale, 1997).

    Neste mesmo ano, publica o livro "Out of Crisis", obra que o consolidou como mestre

    da qualidade. Durante mais de 40 anos, exerceu actividade na Stern School of

    Business em Nova Iorque e criticou o sistema empresarial norte-americano por no

    apostar na participao dos trabalhadores no processo de deciso das empresas

    (Vale, 1997). Considera que 85% dos problemas da qualidade so da

    responsabilidade da gesto e, portanto, s 15 % dos problemas da qualidade so da

    responsabilidade dos trabalhadores (Kerzner, 2003). O principal papel dos gestores

    o de remover as barreiras na empresa que impedem a realizao de um bom

    trabalho, "os executivos devem fazer os outros trabalhar melhor, e no apenas mais"

    (Vale, 1997)

    Para Deming, a melhor forma de uma empresa se manter no mercado, ganhardividendos e gerar empregos, atravs da melhoria da qualidade (Augusto, 2003),

    partindo das necessidades e expectativas dos consumidores (Pires, 1993). Como

    estas exigncias e necessidades esto em permanente mutao, as especificaes

    de qualidade devem ser alteradas constantemente, de forma a serem adaptadas s

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    novas realidades de mercado. Dentro da organizao h que criar um movimento

    contnuo de melhorias (Pires, 1993).

    Para Deming, qualidade melhoria contnua e o fim ltimo o Zero Defeitos, mas o

    trabalho sem erros pode no ser economicamente exequvel (Kerzner, 2003).

    Mas, Deming considera que o cumprimento das especificaes no suficiente e a

    inspeco no melhora a qualidade, no a garante e at aceita um certo nmero de

    defeitos. H que utilizar as ferramentas de controlo estatstico de qualidade e

    realizar uma escolha criteriosa dos fornecedores (Augusto, 2003).

    Deming implementou o SPC (statistical process control), processo estatstico de

    controlo da qualidade e conseguiu provar no s que um aumento da qualidade no

    gera uma quebra da produtividade, mas tambm que diminui os custos, os

    desperdcios e os atrasos, podendo reduzir-se os preos com a consequente maior

    conquista de mercado (Augusto, 2003).

    Figura 1 - Fonte: Harold Kerzner, "Project Management: a systems approach to planning, scheduling,

    and controlling" 8 edio, 2003, New Jersey

    Pioneiro no uso de mtodos estatsticos, de 1927 a 1940, no U.S Departement of

    Agriculture, e baseando-se no ciclo que Walter Shewhart descreveu em 1939,

    IMMEDIATE REMEDIES OBJECTIVESFUTURE ACTIONS METHODS

    AGAINST OBJECTIVES TRAINHOW METHODS EXECUTED EXECUTE

    ACT PLAN

    CHECK DO

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    Deming criou e levou para o Japo, em 1950, o chamado ciclo da gesto PDCA

    (plan-do-chek-act), Ciclo Deming de Melhoria, que um dos mtodos mais utilizados

    nos sistemas da qualidade (Climent, 2004: Kerzner, 2003; Augusto, 2003). A

    finalidade que persegue conseguir que uma organizao aplique a melhoria de

    forma contnua, incrementando a qualidade e a produtividade constando de:

    - Plan (planear), traduz o que se pretende realizar num dado perodo de tempo

    e quais as opes a desenvolver para l chegar;

    - Do (executar), tem a ver com as aces necessrias aos objectivos ou

    estratgias desenvolvidos no plano anterior;

    - Check (verificar), quais os resultados das nossas aces, para se saber se o

    que obtivemos est de acordo com os objectivos traados;

    - Act (actuar), implementar as mudanas necessrias. Aces imediatas ou

    futuras.

    Para melhoria da qualidade, Deming aponta 14 pontos a serem considerados (Vale,

    1997; Kerzner, 2003) e que constam da tabela 1 abaixo.

    2.2.2 - Joseph Juran

    Joseph Juran, emigrante romeno nos EEUU licenciado em engenharia e direito,

    iniciou a sua actividade profissional como gestor da qualidade na Western Electric

    Company e foi professor de engenharia na New York University (Vale, 1997) at

    que, em 1954, foi contratado, a par de Deming, para leccionar e dirigir aces de

    formao e consultoria no Japo (Kerzner, 2003). Em 1979, fundou o Juran Institute,

    instituio com actividade de promoo da qualidade. Com actividade e competncia

    reconhecida internacionalmente, recebeu quarenta prmios em doze pases.

    Foi o primeiro pioneiro da qualidade que aplicou a qualidade estratgiaempresarial, em vez de a relacionar somente com os mtodos de controlo estatstico

    ou de controlo total da qualidade, dando qualidade uma dimenso de vantagem

    competitiva (Vale, 1997).

    Para Juran, o objectivo da gesto alcanar um melhor desempenho da

    organizao e no s o de o manter, partindo do princpio que s existe mudana

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    numa organizao desde que exista algum empenhado na mudana. O primeiro

    passo compreender e acreditar que a mudana possvel e desejvel a longo

    prazo, em todos os aspectos das operaes de uma organizao. Em qualidade no

    se obtm resultados a curto prazo (Pires, 1993).

    Juran no v a qualidade como a conformidade com as especificaes, tal como o

    fabricante, mas como adequao ao uso do ponto de vista do cliente. "Adequado ao

    uso" implica 5 dimenses (Kerzner, 2003; Augusto, 2003):

    1 - Qualidade do projecto;

    2 - Qualidade de fabrico;

    3 - Fiabilidade, disponibilidade e manutibilidade;

    4 Segurana;

    5 Utilidade, identificando a forma como o produto ser utilizado.

    Para Juran, "adequado ao uso" supe satisfazer as necessidades dos clientes e a

    ausncia de deficincias, e concebeu um sistema que assentava em 3 processos

    conhecidos como a "trilogia da qualidade" e que so interdependentes (Augusto,

    2003; Kerzner, 2003) :

    -Planificao da qualidade, que uma actividade de desenvolvimento de

    produtos e processos necessrios satisfao do cliente;

    -Controlo de qualidade, que o processo operativo para se alcanar os

    objectivos do produto;

    -Melhoria da qualidade, cujo objectivo conseguir nveis de qualidade

    consecutivamente mais elevados.

    Juran acredita ser necessria a implicao da direco na liderana dos programas

    de qualidade, e que esta devia reflectir naquilo a que chamou o Programa Anual de

    Qualidade (Augusto, 2003).

    Segundo Juran, so dez os passos para a melhoria da qualidade e constam databela 1 abaixo.

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    2.2.3 - Philip Crosby

    Philip Crosby trabalhou, em 1952, como engenheiro na Crosley Corporation e, em

    1957, passou a gestor da qualidade da Martin-Marietta. nesta empresa que

    desenvolve o conceito de "Zero Defeitos". Em 1965 foi eleito vice-presidente da ITT,onde trabalhou 14 anos. Em 1979 fundou a Philip Crosby Associates e publicou o

    livro intitulado Quality is Free, que se tornou um clssico do movimento da

    qualidade. Em 1991 criou a empresa de formao Career IV, Inc. Em 1996 publica o

    livro "Quality Is Still Free" (Vale, 1997).

    Philip Crosby est associado a dois conceitos muito importantes no movimento da

    qualidade: "Zero Defeitos" (lanado em 1961) e "Fazer Bem Primeira Vez" (Vale,

    1997).

    Em sua opinio, qualidade significa conformidade com especificaes e, portanto,

    tangvel, administrvel e pode ser medida (Augusto, 2003). Zero defeitos no uma

    utopia. uma meta de desempenho da gesto cujos responsveis so os gestores e

    no os trabalhadores (Vale, 1997).

    Para Philip Crosby, um dos princpios cruciais consiste em afirmar que quando

    discutimos qualidade estamos a tratar com problemas de pessoas (Pires, 1993).

    Crosby desenvolve 14 passos para a melhoria da qualidade, descritos na tabela 1

    abaixo, e os seus pressupostos so (Kerzner, 2003):

    1 Qualidade conformidade com os requisitos;

    2 Qualidade provm da preveno;

    3 Qualidade significa que o desempenho standard zero defeitos;

    4 Qualidade medida pelos custos da no conformidade.

    Para Crosby, a melhoria constante da qualidade pode reduzir os custos da

    qualidade, e implica a direco como pea fundamental para toda a mudana, comoforma de transmitir essa mentalidade aos restantes colaboradores (Augusto, 2003).

    A sua teoria assenta basicamente naquilo que ele definia como o preo da

    conformidade e o preo da no conformidade, ou seja, o preo da no conformidade

    seriam todos os gastos realizados por fazer as coisas mal, enquanto que o preo da

    conformidade refere-se ao que a empresa gasta para fazer as coisas bem. Numa

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    posio contrria de Juran, Crosby afirma que possvel ter zero defeitos, sem

    qualquer custo de qualidade, e da a sua ideia de que a qualidade era grtis.

    Para Crosby (1996), a direco tem, por vezes, a iluso de que a qualidade pode ser

    realizada por um sistema como o TQM ou palavras de cdigo como "melhoriacontnua." Pensam que se introduzirem um grupo da qualidade, esta ser

    conseguida. Ou seja, a iluso de que a qualidade pode ser obtida por actividades e

    programas tais como benchmarking, empowerment, controle estatstico do processo,

    equipe de progresso e outros. Enganam-se nas actividades a mudar e em

    consequncia provocam muito pouca mudana. Os governos, assim como as

    associaes, tm o iluso que podem "garantir a qualidade" impondo uma

    especificao tal como ISO 9000, ou um programa da prmios tais como Baldrige,

    que suposto conter toda a informao e aces necessrias para produzir aqualidade. Contudo, apanhar empresas qualificadas, por tais especificaes ou

    prmios, fornece uma vida agradvel aos consultores neste campo.

    Assim, a preveno, como tica de trabalho e de prtica, deve ser introduzida

    deliberadamente na cultura operacional de uma empresa. O comportamento

    preventivo no se toma, segundo Crosby (1996), por cinco principais suposies

    erradas sobre a qualidade:

    1 - A opinio de que a qualidade significa luxo ou peso. A falta de acordo nadefinio tem sido o maior problema para aperfeioar a gesto da

    qualidade;

    2 - A opinio que a qualidade intangvel e, consequentemente, no

    mensurvel;

    3 - A opinio que h uma "economia da qualidade." O conhecimento

    convencional de que fazer tudo bem "custaria uma fortuna";

    4 - A opinio que os problemas da qualidade tm origem nos trabalhadores;5 - A opinio que a qualidade tem origem no departamento da qualidade. As

    companhias que foram bem sucedidas em criar uma cultura da qualidade

    fizeram-na sob a orientao de um gestor snior que foi ajudado por

    algum que sabia o que fazia.

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    2.2.4 - Comparao dos pioneiros da qualidade

    Deming define qualidade como melhoria contnua e o objectivo ultimo o zero

    defeitos, o que pode no ser economicamente praticvel.

    Juran pe como objectivo a aceitao, pela direco, do hbito de um plano anual

    de aumento da qualidade baseado em objectivos bem definidos.

    O mtodo de Juran para determinar o custo da qualidade sugere que se paga a si

    mesma at um certo ponto e considera tanto os custos da conformidade como os da

    no conformidade.

    Crosby defende que o custo da qualidade s inclui os custos das no

    conformidades, j que os custos da conformidade e de preveno e avaliao no

    so, realmente, custos da qualidade, mas sim custos do negcio.

    Em sntese (Kerzner, 2003), podemos resumir as diferentes metodologias de

    abordagem melhoria da qualidade, de acordo com a tabela 1:

    Deming

    14 Passos para a melhoria daqualidade

    Juran

    10 Passos para a melhoria daqualidade

    Crosby

    14 Passos para melhoria daqualidade

    1 Crie uma viso consistente alongo prazo. Inove e invista

    em pesquisa, equipamento eformao.

    1 - Construir a conscincia danecessidade e oportunidade

    da melhoria

    1 - Compromisso da gesto

    2 Adopte a nova filosofia e noseja complacente. Aprenda aser activo.

    2 - Conjunto de objectivos demelhoria

    2 - Formao de uma equipepara melhoria da qualidade

    3 Exija dos fornecedoresprocessos de controlo, nose fie na inspeco.

    3 Organizar para atingir osobjectivos (estabelecer ogrupo da qualidade,identificar problemas,seleccionar projectos, indicarequipes, designarfacilitadores)

    3 - Criao e calculo de ndicesde avaliao da qualidade

    4 Reduza o numero defornecedores. Estabeleacom eles um relacionamentode cooperao. Negoceie ospreos tendo em conta aqualidade, projecto econfiana.

    4 Providenciar formao 4 - Avaliao dos custos daqualidade

    5 Use processos estatsticos 5 Identificar projectos para 5 - Consciencializao dos

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    de controlo. Descubra ascausas das falhas.

    resolver problemas funcionrios para a melhoriada qualidade

    6 Promova a aprendizagem noterreno

    6 Monitorizar o progresso 6 - Identificao e busca desoluo para as causas das

    no conformidades

    7 Melhore a qualidade dasuperviso e da informaodos supervisores.

    7 - Dar reconhecimento 7 - Formao de uma equipapara a busca do zerodefeitos

    8 Promova a participao. Nolidere com base no medo,evite ser autoritrio.

    8 Comunicar os resultados 8 Formao e treino degestores e supervisores

    9 Destrua a burocracia e asbarreiras entre osdepartamentos funcionais.

    9 Manter o resultado 9 Lanamento em solenidadedo dia do zero defeitos

    10 Elimine as campanhas ouslogans com base naimposio de metas. Liderepelo exemplo.

    10 Manter a presso pondo oprocesso de melhoria anualcomo parte dos sistemas eprocessos da empresa.

    10 - Estabelecimento das metasa serem atingidas

    11 Abandone a gesto porobjectivos com base emindicadores quantitativos,considere mais a qualidadedo trabalho.

    11 - Eliminao das causas dosproblemas

    12 Treine o pessoal parautilizar mtodos estatsticospara que possam investigar ecomunicar os problemas emantenha especialistas deapoio para prestarorientao.

    12 - Reconhecimento oficial daspessoas que obtiveramsucesso

    13 Mantenha um programa deactualizao da formao emprocessos, materiais,produtos, equipamentos,procedimentos, etc.

    13 - Formao de crculos daqualidade para compartilharproblemas e trocar ideias

    14 Imponha a todos osresponsveis a aplicao dos13 pontos anteriores e atodos os trabalhadores aresponsabilidade pelamudana.

    14 - Comear tudo de novo

    Tabela 1: Fonte: Kerzner, Harold (2003) "Project Management: a systems approach to planning, scheduling, and controlling" 8edio, 2003, New Jersey

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    E que comparando, no quadro abaixo, a filosofia de abordagem da qualidade por

    parte destes trs especialistas, temos:

    Deming Juran Crosby

    Definio dequalidade

    Melhoria continua Adequao ao uso Conformidade com osrequisitos

    Aplicao Empresas orientadaspara a produo

    Empresas orientadaspara a tecnologia

    Empresas orientadaspara as pessoas

    Populao alvo Trabalhadores Gesto Trabalhadores

    nfase em Ferramentas / sistema Medida Motivao

    Tipo de ferramentas Controlo estatstico deprocesso

    Analtico, tomada dedeciso e custo da

    qualidade

    Uso mnimo

    Uso de objectivos ealvos

    No usado Usado para projectosde mudana

    Definio de objectivospara os trabalhadores

    Tabela 2 Fonte: Kerzner, Harold (2003) "Project Management: a systems approach to planning, scheduling, and controlling" 8edio, 2003, New Jersey

    Para alm do consenso quanto importncia dos contributos dos autores acima

    citados, outros h que merecem uma referncia particular.

    2.2.5 - Armand Feigenbaum

    Armand Feigenbaum era tido, aos 24 anos, como um perito em qualidade da

    General Electric, em Nova Iorque. Em 1951, conclui o doutoramento em Cincias

    pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e, em 1958, nomeado director

    mundial de produo da General Electric e vice-presidente da American Society for

    Quality Control (ASQC). Trs anos mais tarde, eleito presidente desta

    organizao.Em 1968 funda a General Systems, da qual presidente. Em 1986, passa a membro

    honorrio da ASQC, ao fim de mais de 40 anos de actividade dedicados qualidade

    (Vale, 1997).

    Para Ishikawa (1984), o TQC (Total Quality Control) uma expresso que foi

    utilizada pela primeira vez por Feigenbaum num artigo publicado na Industrial

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    Quality Control, em Maio de 1957. Este conceito leva a que a qualidade seja um

    instrumento de estratgia que deve preocupar todos os trabalhadores na empresa,

    desde a direco de topo at ao trabalhador com a funo mais simples. Mais que

    uma tcnica de eliminao de defeitos nas operaes industriais, a qualidade uma

    filosofia de gesto e um compromisso com a excelncia. voltada para o exterior da

    empresa, baseada na orientao para o cliente, e no para o seu interior, baseada

    na reduo de defeitos (Vale, 1997).

    Para Feigenbaum, h que dar uma crescente importncia s questes tcnicas e

    estatsticas, mas no se pode esquecer que as relaes humanas so a pedra base

    do controlo de qualidade e h a necessidade do empenhamento da direco para

    que a mudana dentro de uma organizao seja efectiva (Correia, 2003).

    Feigenbaum disse: "nos anos 80, as empresas a nvel internacional, reconheceram

    que embora fazer produtos e oferecer servios mais depressa e mais baratos

    continue a ser uma necessidade competitiva, torn-los melhores o melhor caminho

    para os produzir e vender mais baratos e mais depressa". Feigenbaum sublinha "Em

    muitas empresas, isso (o mito de que uma boa qualidade tem de custar mais do que

    uma m qualidade e tornar a produo mais difcil) ajudou a perpetuar o que h

    muito identificamos como uma "fbrica secreta", por vezes responsvel por 15 a

    40% do t