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PROCESSO PENAL I Sistemas Processuais Princípios Inquérito Policial Ação Penal

SistemasProcessuais PROCESSO PENAL I Princípios · 2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 2.3. COMPARAÇÃO Prof. Thales de Andrade –Processo Penal I SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO

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PROCESSO PENAL ISistemas ProcessuaisPrincípiosInquérito PolicialAção Penal

THALES DE ANDRADE

❖ Graduado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

❖ Especialista em Direito Público pela PUC/MG

❖ Mestrando em Direito e Instituições do Sistema da Justiça pela UniversidadeFederal do Maranhão (UFMA)

❖ Advogado atuante nas áreas do Direito Público e Criminal

❖ Advogado membro do corpo de procuradores da Universidade Estadual doMaranhão (UEMA)

1. INTRODUÇÃO

❖ Quando o Estado, pelo Poder Legislativo, elabora leis penais, cominandopenas àqueles que praticarem o delito, surge para ele o direito de punir numplano abstrato (jus puniendi in abstracto) e, para o particular, o dever de abster-se da prática de infrações penais.

❖ A partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista notipo penal, o direito de punir do Estado “desce” do plano abstrato e setransforma no jus puniendi in concreto, passando o Estado a ter uma pretensãopunitiva.

Prof. Thales de Andrade – Processo Penal I

1. INTRODUÇÃO

❖ A pretensão punitiva é o poder de o Estado exigir de quem comete um ilícitocriminal a submissão à lei penal.

❖ Contudo, a pretensão punitiva não pode ser materializada sem um processo.

❖ A pretensão punitiva nasce insatisfeita, pois o Direito Penal é um direitosubstantivo.

❖ Já o processo penal, é um direito adjetivo, isto é, é o instrumento por meio doqual o Estado se vale para impor a sanção penal ao autor do fato delituoso.

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1. INTRODUÇÃO

❖ O Estado não pode punir conforme seu bel prazer, pois da aplicação dasanção penal resulta uma restrição ao direito fundamental de liberdade doindivíduo, razão pela qual o processo penal possui inúmeras regras, sempretendo como norte o necessário e indispensável respeito aos direitos e liberdadesindividuais do agente.

❖ Isso se dá porque os direitos e garantias fundamentais condicionam alegitimidade da atuação do próprio aparato estatal num Estado Democrático deDireito.

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“a diferença fundamental entre as duas formas antitéticas de regime político, entre a democracia e aditadura, está no fato de que somente num regime democrático as relações de mera força quesubsistem, e não podem deixar de subsistir onde não existe Estado ou existe um Estado despóticofundado sobre o direito do mais forte, são transformadas em relações de direito, ou seja, em relaçõesreguladas por normas gerais, certas e constantes, e, o que mais conta, preestabelecidas, de tal formaque não podem valer nunca retroativamente. A consequência principal dessa transformação é que nasrelações entre cidadãos e Estado, ou entre cidadãos entre si, o direito de guerra fundado sobre aautotutela e sobre a máxima ‘Tem razão quem vence’ é substituído pelo direito de paz fundado sobrea heterotutela e sobre a máxima ‘Vence quem tem razão’; e o direito público externo, que se regepela supremacia da força, é substituído pelo direito público interno, inspirado no princípio da‘supremacia da lei’ (rule of law).”

Norberto Bobbio, in “As ideologias e o poder em crise”.

SISTEMAS PROCESSUAIS PENAISSistema InquisitorialSistema AcusatórioSistema Francês

2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.1. SISTEMA INQUISITORIAL

❖ Adotado a partir do século XIII, era o sistema característico do DireitoCanônico

❖ Posteriormente, com o enfraquecimento do Estado e o fortalecimento daigreja, tal sistema propagou-se por toda a Europa.

❖ Tem como principal característica a concentração das funções de acusar,defender e julgar encontrarem-se numa só pessoa, no caso, o juiz inquisidor.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.1. SISTEMA INQUISITORIAL

❖ Em virtude dessa concentração de poderes e do consequentecomprometimento da imparcialidade do juiz, não há que se falar emcontraditório, eis que acusação e defesa estão numa só pessoa.

❖ No sistema inquisitorial, o acusado geralmente permanecia encarceradopreventivamente, sendo mantido incomunicável.

❖O Juiz inquisidor era dotado de ampla iniciativa probatória, podendoconduzir a produção de provas a seu bel prazer atingindo a decisão quedesejasse, sem qualquer limitação.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.1. SISTEMA INQUISITORIAL

❖ No processo penal inquisitorial, considera-se possível a descoberta de umaverdade absoluta, por isso, predomina neste sistema o Princípio da verdadereal.

❖ Por tal princípio, o acusado acaba sendo mero objeto do processo, nãosendo considerado sujeito de direitos.

❖Admitia-se inclusive a tortura para que a confissão fosse obtida.

❖ O processo inquisitivo era, em geral, escrito e sigiloso.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.1. SISTEMA INQUISITORIAL

“Como se percebe, há uma nítida conexão entre o processo penal e a natureza doEstado que o institui. A característica fundamental do processo inquisitório é aconcentração de poderes nas mãos do juiz, aí chamado de inquisidor, à semelhançada reunião de poderes de administrar, legislar e julgar nas mãos de uma únicapessoa, de acordo com o regime político do absolutismo.”

- Renato Brasileiro. In: Manual de Processo Penal

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.1. SISTEMA INQUISITORIAL

❖ O sistema inquisitorial é, portanto, rigoroso, secreto, adota a tortura comomeio de atingir uma impossível verdade real, não havendo contraditório eampla defesa.

❖ Por tudo isso, o processo inquisitório é incompatível com os direitosfundamentais e, portanto, não se coaduna com a Constituição Federal e aprópria Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8º, nº 1).

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.2. SISTEMA ACUSATÓRIO

❖ O sistema acusatório, por sua vez, caracteriza-se pelo chamado actum triumpersonarum, isto é, a presença de partes distintas, contrapondo-se acusação edefesa em igualdade de condições, havendo uma separação das funções deacusar, defender e julgar em três órgãos distintos.

❖ O processo tem como características a oralidade (atos produzidosverbalmente em audiência) e a publicidade (de livre acesso e conhecimento detodos).

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.2. SISTEMA ACUSATÓRIO

❖ Aplica-se ao sistema acusatório o conhecido princípio da presunção deinocência. A regra, no sistema acusatório, é o acusado permanecer soltodurante o processo.

❖ Quanto ao Juiz, este não era dotado do poder de determinar de ofício aprodução de provas, já que estas deveriam ser produzidas pelas própriaspartes.

❖ Ao Juiz é dado um papel mais passivo na gestão das provas, sendo um merogarante das regras do jogo. A iniciativa probatória do Juiz é subsidiária.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.2. SISTEMA ACUSATÓRIO

❖ O sistema acusatório vigorou durante quase toda a Antiguidade Grega eRomana.

❖Na Idade Média, virogou nos domínios do direito germânico.

❖A partir do século XIII entrou em declínio, passando a haver uma prevalênciado sistema inquisitorial.

❖Atualmente, o processo penal inglês é o que mais se aproxima de umsistema acusatório puro.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.2. SISTEMA ACUSATÓRIO

❖ O sistema acusatório foi adotado expressamente pela Constituição Federalde 1988 (art. 129, I).

❖ O que diferencia os sistemas acusatório e inquisitorial são a posição dossujeitos procesuais e a gestão da prova.

❖ No sistema acusatório, o princípio da verdade real não tem mais lugar, sendosubstituído pelo Princípio da busca da verdade, sendo o acusado encaradocomo um sujeito de direitos, não sendo toleradas violações a seus direitosfundamentais a pretexto de atingir-se uma suposta verdade processual.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.3. COMPARAÇÃO

Prof. Thales de Andrade – Processo Penal I

SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO

Não há separação das funções de acusar, defender ejulgar, que estão concentradas na figura do juizinquisidor.

Separação das funções de acusar, defender e julgar,havendo um actum trium personarum, contrapondo-seacusação e defesa, sobrepondo-se a ambas um juizimparcial.

Princípio da verdade real Princípio da busca da verdade

O Juiz inquisidor possui ampla iniciativa acusatória eprobatória.

A iniciativa probatória recai sobre as partes, o juiz émero garante das regras do jogo.

É incompatível com a garantia de imparcialidade dojuiz, logo, com a Constituição Federal e o princípio dodevido processo legal.

O juiz é mantido de forma equidistante das partes,tendo sua imparcialidade preservada. Sendo o acusadosujeito de direitos, o processo devido deve observar asgarantias fundamentais.

2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.4. SISTEMA MISTO OU FRANCÊS

❖ Surgiu com o Code d’Instruction Criminelle, de 1808, sendo relativamenterecente.

❖ É chamado de misto porque se desdobra em duas fases distintas:

1) a primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução secreta e escrita,fase na qual se busca averiguar materialidade a autoria do fato delituoso;

2) a segunda fase é acusatória, havendo um actum trium personarum,publicidade e oralidade.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.4. SISTEMA MISTO OU FRANCÊS

❖ Quando o Código de Processo Penal passou a vigorar, prevalecia oentendimento de que adotava o sistema francês.

❖ A fase inicial da persecução penal – o inquérito policial – era inquisitorial,enquanto que o processo propriamente dito, era a fase acusatória.

❖ Com o advento da CF, que prevê expressamente o actum trium personarum, ocontraditório e a ampla defesa, além da presunção de inocência, entende-sehoje que o Brasil adota um sistema acusatório.

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2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS2.4. SISTEMA MISTO OU FRANCÊS

OBS: Embora adote o sistema acusatório, o Brasil não o adota na sua forma maispura, eis que o Código de Processo Penal possui nítida inspiração no modelofascista italiano.

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PRINCÍPIOS -

3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖“Um homem não pode ser chamado réu antes da sentença do juiz, e a sociedadesó lhe pode retirar a proteção pública após ter decidido que ele violou os pactospor meio dos quais ela lhe foi outorgada.”

- Cesare BECCARIA, “Dos delitos e das penas”, 1764

❖Tal direito de não ser declarado culpado enquanto ainda há dúvida foiacolhido em pelo artigo 9º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão(1789).

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Inúmeros instrumentos internacionais prevêem tal princípio, como:

- Declaração Universal de Direitos Humanos (1948);

- Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das LiberdadesFundamentais (1950);

- Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966);

- Convenção Americana de Direitos Humanos (1978).

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Com a CF/88, tal princípio foi erigido à categoria constitucional em seu art.5º, LVII: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentençapenal condenatória.”❖ Tal princípio, portanto, consiste no direito de não ser declarado culpadosenão mediante sentença transitada em julgado, ao término do devidoprocesso legal.OBS: Atente-se que a maioria dos diplomas internacionais traz a tal princípio anomenclatura de “presunção de inocência”, mas a CF menciona somente a nãoculpa, razão pela qual esta terminologia é mais adequada.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Do princípio da presunção de não culpabilidade derivam duas regrasfundamentais:

A) Regra probatória: Também conhecida como regra de juízo ou in dubio proreo.

àA parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusadoalém de qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência.àO ônus da prova recai sobre a acusação.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

A) Regra probatória:

à Tal regra deve ser usada sempre que houver dúvida sobre fato relevantepara a decisão do processo.

OBS: O in dubio pro reo somente incide até o trânsito em julgado de sentençapenal condenatória ou absolutória imprópria, portanto, na Revisão Criminal,aplica-se o in dubio contra reum.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

B) Regra de tratamento:

àPor tal regra, a privação cautelar da liberdade é excepcionalíssima, isto é, aregra é responder o processo penal em liberdade, a exceção é estar preso nocurso do processo.

à Veda-se, com tal regra, prisões processuais automáticas ou obrigatórias.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

B) Regra de tratamento:

à Apesar disso, tal princípio não proíbe a prisão cautelar ditada por razõesexcepcionais.

à Destarte, o acusado poderá ser preso preventiva ou temporariamente, desdeque preenchidos os requisitos legais.

à Por tal regra, por muito tempo vedou-se também a execução provisória ouantecipada da sanção penal.

à Ocorre que o panorama mudou em 17/02/2016.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

STF – HC 126.292 (Rel. Min Teori Zavascki, 17.02.2016)

STF: “A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau deapelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não viola oprincípio constitucional da presunção de inocência.”

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Com tal decisão o STF alterou sua posição jurisprudencial, que antesafirmava ser necessário o trânsito em julgado para a execução da pena.

❖ A partir de tal decisão, o STF passou a admitir a execução provisória dapena. Execução provisória em prisão penal, não somente na prisão cautelar.

❖ Tal se deu, por inúmeros motivos, sendo o motivo inicial, o próprio texto daCADH.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ CADH: Art. 8º, §2º. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que sepresuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa.

❖ CF: Art. 5º, LVII. Ninguém será considerado culpado até o trânsito emjulgado de sentença penal condenatória.

❖ Como se percebe, a CF e a CADH possuem diferentes limites temporais noque tange à aplicação do princípio da presunção de inocência.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ LIMITE TEMPORAL DA CF:

àAté o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

❖ LIMITE TEMPORAL DA CADH:

àEnquanto não for legalmente comprovada sua culpa.

àA CADH também prevê o duplo grau de jurisdição, então o momento dacomprovação legal da culpa é até o exercício do duplo grau de jurisdição.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Historicamente, desde a CF/88 até o ano de 2008, as Cortes Superiores dopaís sempre adotaram o entendimento de permitir a execução provisória dapena, pois os recursos extraordinários não possuem efeito suspensivo.

❖O argumento para tal posicionamento era o art. 637 do CPP, pelo qual:

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Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelorecorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execuçãoda sentença.

3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Ocorre que, no ano de 2009, no julgamento do HC 84.078, o STF alterou suaposição dominante, afirmando que a interpretação não permite a alteração dotexto constitucional.❖ A partir dali, passou a ser permitido o acusado recorrer em liberdade até ofinal trânsito em julgado da sentença penal condenatória, que se daria com ojulgamento de eventuais RE e/ou RESP.❖ Não se admitia mais a execução provisória da pena, em razão da regra detratamento do Princípio da Presunção de Não Culpa

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Contudo, em 17 de fevereiro de 2016, em julgamento polêmico, mais uma vez o STFmudou seu entendimento, tendo entendido o Plenário que a execução da pena após aconfirmação da sentença em segundo grau não ofende a presunção de inocência.

❖ A decisão foi aplaudida pelos órgãos representantes do Ministério Público, daMagistratura e também da sociedade civil, mas altamente questionada pela doutrina.❖ O largo intervalo de tempo entre a data do fato e o trânsito em julgado nos casosconcretos, contribuiu para a decisão (ex: Caso Pimenta Neves – 11 anos entre o fato e otrânsito em julgado).

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

❖ Por outro lado, a CF foi claramente ignorada e isso não pode se perder devista, haja vista que, historicamente, relativizar-se direitos fundamentais porclamores populares, sempre costumam dar início a um processo gradativo dedegeneração de tais direitos que paulatinamente vão perdendo força.

❖ Dentre os argumentos utilizados pelo STF para chegar a tal decisão, pode-sedestacar 7 deles.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

1) A presunção de inocência deve ser equilibrada com a efetividade da funçãojurisdicional, que deve levar em conta não somente os direitos do acusado,mas os anseios da sociedade.

2) Nas instâncias ordinárias já se exaure a possibilidade de exames de fatos eprovas e a própria responsabilidade do acusado.

àOs recursos extraordinários examinam somente questões de direito, e nãoquestões de fato, não possuindo amplo efeito devolutivo.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

3) Se o Tribunal de 2º grau examinou exaustivamente fatos e provas que nãomais poderão ser revistos em sede de Cortes Superiores, então a solução maisponderada seria relativizar-se o princípio da presunção de não culpabilidadepara o caso concreto.

4) A Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010) consagrou expressamente como causade inelegibilidade a existência de sentença condenatória, proferida porcolegiados, por crimes nela relacionados.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

5) Em nenhum país no mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, aexecução da condenação fica suspensa, aguardando referendo da CorteSuprema.

6) A jurisprudência que assegurava a presunção de inocência vinha permitindoexcessiva interposição de recursos protelatórios, visando à configuração daprescrição, eis que o último marco interruptivo da prescrição antes do início documprimento da pena é a publicação da sentença ou acórdão recorríveis.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.1. PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE

7) Existem instrumentos capazes de inibir consequências danosas para ocondenado em caso de execuções provisórias indevidas, como medidascautelares de efeito suspensivo ao RE e ao RESP, bem como os Habeas Corpus.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

❖A Constituição estabelece em seu art. 5º, LV que: “aos litigantes, em processojudicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditórioe a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”❖O contraditório sempre foi conceituado como a ciência bilateral dos atos outermos do processo e a possibilidade de contrariá-los.❖O núcleo do contraditório está ligado à discussão dialética dos fatos da causa.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

❖Às partes deve ser assegurado não somente o direito à defesa, mas também aopotunidade de fiscalização recíproca dos atos praticados no curso do processo.

❖Para referir-se a contraditório a doutrina sempre usou a expressão“audiência bilateral” (audiatur et altera pars).

❖O contraditório, portanto, possui dois elementos: a) direito à informação e b)direito de participação.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

❖O contraditório é a necessária informação às partes e a possível reação aatos desfavoráveis.❖O direito à informação é consectário lógico do contraditório, razão pela qualos meios de comunicação dos atos processuais (citação, intimação e notificação)possuem considerável importância.❖O direito de participação também deriva do contraditório, sendocompreendido como a possibilidade de reação, manifestação ou contrariedadeà pretensão da parte contrária.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

❖No processo penal, não basta se assegurar ao acusado apenas o direito àinformação e à reação em um plano formal, como no processo civil.❖A liberdade de locomoção é o bem jurídico em jogo, portanto, ainda que oacusado não tenha interesse em oferecer reação à pretensão acusatória, opróprio ordenamento jurídico impõe a obrigatoriedade de assistência técnicade um defensor.❖Se antes o contraditório limitava-se ao direito de informação e participação,hoje passou a ser visto como paridade de armas.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

❖Paridade de armas pois não adianta assegurar uma possibilidade formal dereação, se não são outorgados à parte meios para fazê-lo.

❖Deve ser assegurado um equilíbrio entre acusação e defesa.

OBS: Prevalece na doutrina o entendimento de que a observância docontraditório só é obrigatória, no processo penal, na fase processual, e não nafase investigatória.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

❖A Constituição menciona “em processo judicial ou administrativo”. Sendo oinquérito procedimento administrativo, predomina que o contraditório não seaplica na fase de inquérito.

❖Por força do contraditório, a palavra prova só pode ser usada para se referiraos elementos de convicção produzidos sob o manto do contraditório e daampla defesa.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.2. CONTRADITÓRIO

CONTRADITÓRIO PARA A PROVA x CONTRADITÓRIO SOBRE A PROVA:

❖O contraditório para a prova é chamado de contraditório real e demanda que aspartes atuem na própria formação do elemento de prova, sendo que sua produção se dána presença do órgão julgador. Ex: prova testemunhal em audiência

❖O contraditório sobre a prova é chamado de contraditório diferido ou postergado,sendo o reconhecimento da atuação do contraditório após a formação do elemento deprova. O contraditório é observado posteriormente, dando ao acusado possibilidade decontestar o elemento colhido. Ex: interceptação telefônica.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA

❖O princípio da ampla defesa também tem fulcro no art. 5º, inciso LV da CF.❖O princípio da ampla defesa está ligado diretamente ao contraditório, mascom ele não se confunde.❖A defesa garante o contraditório e por ele se manifesta.❖A ampla defesa só é possível por conta de um dos elementos do contraditório– o direito à informação. Da mesma forma, exprime-se por seu outro elemento –a reação.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA

❖ Apesar da relação próxima, ambos não se confundem.

❖ É possível violar-se o contraditório sem que se viole a ampla defesa. Ocontraditório não diz respeito exclusivamente à defesa ou aos direitos do réu. Ocontraditório aplica-se a ambas as partes e também deve ser observado pelopróprio Juiz.

❖ A ampla defesa diz respeito apenas ao réu.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA

❖ A ampla defesa abrange a defesa técnica (processual) e a autodefesa (material).❖ Pela ampla defesa, o acusado pode ser tratado de maneira desigual em relação àacusação, isso por questões de equidade, haja vista o maior poderio estatal no que tangeao exercício do direito de punir, quando comparado ao acusado isoladamente.❖Por conta da ampla defesa, o acusado tem diversos privilégios quando comparadocom a acusação, tais como: recursos privativos da defesa; non reformatio in pejus; in dubiopro reo; revisão criminal somente pro reo, enfim, o princípio do favor rei.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.1. DEFESA TÉCNICA

❖ A defesa técnica é aquela exercida por profissional da advocacia, comcapacidade postulatória.

❖ A defesa técnica pode ser exercida por advogado constituído, advogadonomeado ou defensor público.

❖ Para ser ampla, tem de ser necessária, indeclinável, plena e efetiva.

❖ Não é possível alguém ser processado sem defensor técnico.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.1. DEFESA TÉCNICA

❖ Diz-se indisponível e irrenunciável porque mesmo que o acusado queira serprocessado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, o juiz deve nomearum defensor.

❖ Conforme o art. 261 do CPP: “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido,será processado ou julgado sem defensor.”

❖ Assim, havendo alguém processado sem defensor, o processo seráabsolutamente nulo, por afronta à ampla defesa.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.1. DEFESA TÉCNICA

OBS: A defesa técnica só pode ser exercida por quem tem capacidadepostulatória. Mesmo que o réu seja juiz ou promotor e, com isso, tenha umconhecimento jurídico considerável, não poderá defender a si próprio, eis quenão é advogado.❖Um dos desdobramentos também da defesa técnica é o direito de escolha dodefensor.❖A defesa técnica deve ainda ser plena e efetiva. É necessário que se percebaefetiva atividade defensiva do advogado no sentido de assistir seu cliente.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.2. AUTODEFESA

❖A autodefesa é a defesa exercida pelo próprio acusado, em momentoscruciais do processo.

❖Diferentemente da defesa técnica, é disponível, pois não há como se obrigaro acusado a, por exemplo, exercer seu direito ao interrogatório.

❖A autodefesa se manifesta no processo penal principalmente de três formas: a)direito de audiência; b) direito de presença; c) direito a postularpessoalmente.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.2. AUTODEFESA

a) Direito de audiência

àÉ o direito que o acusado tem de apresentar ao juiz da causa a sua defesapessoalmente.

àMaterializa-se pelo interrogatório, no qual o acusado, em contato com o juiz,traz sua versão dos fatos que está sendo acusado.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.2. AUTODEFESA

b) Direito de presençaàPor meio desse direito, assegura-se ao acusado a oportunidade deacompanhar todos os atos da instrução, ao lado de seu advogado.àPodem ser prestadas declarações durante a instrução que só o acusado saibadetectar.àO direito de presença é um direito, e não uma obrigação do acusado, sendoobrigatória somente a presença de seu defensor.

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3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL3.3. AMPLA DEFESA – 3.3.2. AUTODEFESA

b) Direito de presença

àa

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13. AÇÃO PENAL13.9 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

• Art. 5º, LIX, CF: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, seesta não for intentada no prazo legal.

• Também é chamada de ação penal acidentalmente privada (ou supletiva).• Também está expressa no art. 100, §3º do CP e no art. 29 do CPP.• Sua previsão no art. 5º da CF denota tratar-se de um direito fundamental ecláusula pétrea, pois é uma forma de fiscalização do exercício da açãopenal pública pelo MP.

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13. AÇÃO PENAL13.9 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

• A Ação penal privada subsidiária da pública cabe em caso de inércia do MP.Caso o MP tenha promovido o arquivamento, não houve inércia, logo,não caberá a ação supletiva. (STF, Inq 2.242 AgR/DF)

• Embora fora do prazo, enquanto o ofendido não oferece a queixasubsidiária, o MP ainda pode propor a Ação Penal Pública.

• O MP pode ainda repudiar a queixa e oferecer denúncia substitutiva.• A inércia do MP não desnatura a ação penal, que continua sendo pública e,portanto, indisponível e obrigatória.

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13. AÇÃO PENAL13.9 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

• Somente é possível a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública caso ocrime possua uma vítima determinada.

• Crimes como porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas, porexemplo, não admitem ação supletiva.

OBS: Há casos em que, por expressa previsão legal, pessoas jurídicas e/ouentes não ligados ao ofendido terão legitimidade para oferecer a queixa. Ex:Crimes contra as relações de consumo (arts. 80 e 82 do CDC), caso doProcon.

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13. AÇÃO PENAL13.9 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

• Prazo: decadencial de 6 (seis) meses, iniciados a partir do dia em que seesgotar o prazo para o MP oferecer denúncia (art. 38 do CPP);

• Neste caso, trata-se de decadência imprópria, pois não haverá extinção dapunibilidade.

• O MP poderá propor ação pública enquanto não operada a prescriçãoou outra causa de extinção da punibilidade.

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13. AÇÃO PENAL13.9 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

• Nesta espécie de ação, o MP atuará como interveniente adesivoobrigatório (ou parte adjunta), devendo intervir em todos os termos doprocesso, sob pena de nulidade (art. 564, III, “d”, CPP).

• O art. 29 do CPP elenca as atribuições do Parquet na ação penal privadasubsidiária da pública:

1. Opinar pela rejeição da queixa-crime subsidiária: Caso vislumbre algumahipótese do art. 395 do CPP.

2. Aditar a queixa-crime: Como o crime é de ação pública, o MP poderáaditar a queixa em seus aspectos formais (circunstâncias de tempo e lugar,por exemplo) e essenciais (incluindo novos fatos, coautores e partícipes).

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13. AÇÃO PENAL13.9 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

3. Intervir em todos os termos do processo: Por força do art. 29, deve o MPintervir em todos os termos do processo para, dentre outras ações, fornecerelementos de prova, interpor recursos etc.

4. Repudiar a queixa-crime subsidiária até antes de seu recebimento:Neste caso, deverá demonstrar que não houve inércia de sua parte. Nessasituação, caso repudie, é obrigado a oferecer denúncia substitutiva.

5. Retomar o processo como parte principal: Em caso de inércia doquerelante, o MP poderá retomar o processo como parte principal. É achamada ação penal indireta.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.1. DECADÊNCIA

• Decadência é a perda do direito de ação penal privada ou derepresentação em virtude do seu não exercício no prazo legal.

• Trata-se de causa extintiva da punibilidade (art. 107, IV, CP).• Previsão legal: art. 38, caput do CPP (prazo de 6 meses, a partir doconhecimento da autoria)

• É prazo de natureza penal! Contado na forma do art. 10 do CP.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.1. DECADÊNCIA

OBS: Ao contrário da prescrição, o prazo decadencial é fatal eimprorrogável! Não se sujeita a interrupções, nem a suspensões. Ex:Expirando em domingos ou feriados, não se prorroga como os casosprocessuais! (art. 798, §3º do CPP).OBS 2: Caso o inquérito ainda não tenha sido finalizado, deve o ofendidooferecer queixa-crime sem os autos do inquérito, informando o Juízo erequerendo sua juntada tão logo concluído.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.1. DECADÊNCIA

QUESTÃO: Como se comprova a data do conhecimento da autoria para finsde verificação do prazo de 6 meses?R: O prazo só começa a fluir a partir desta data, pois somente a partir dequando tem ciência da autoria é que o ofendido poderá exercer seu direito dequeixa, pensar o oposto seria ilógico. No caso, passados 6 meses da datado crime, o ônus de provar que o conhecimento da autoria foi posterior édo ofendido!OBS: O prazo é de 6 meses, não importando o número de dias de cada mês!

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.1. DECADÊNCIA

Exceções:• No crime do art. 236, o prazo começa a correr depois do trânsito emjulgado da sentença cível que anular o casamento por motivo de erroou impedimento.

• No caso de sucessão processual, o prazo é de 6 meses é uno (conta-se otempo que o ofendido estava vivo e deixou transcorrer sem oferecer queixa-crime), iniciando-se a contagem do remanescente do conhecimento daautoria por parte do sucessor.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.2. RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA

• Renúncia é o ato unilateral e voluntário pelo qual a pessoa legitimadaabdica de seu direito de queixa.

• É causa extintiva da punibilidade nas ações penais exclusivamente privada epersonalíssima. Não cabe na ação supletiva.

• Relaciona-se ao princípio da conveniência, sendo cabível antes doprocesso.

• É irretratável e extraprocessual.• Não há necessidade de aceitação por parte do autor do delito.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.2. RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA

• Nos Juizados, a composição civil dos danos acarreta a renúncia aodireito de queixa. (art. 74, L. 9099)

• Pode ser expressa ou tácita.• Expressa: Feita por declaração inequívoca, assinada. (art. 50 do CPP)• Tácita: Prática de ato incompatível com a vontade de processar (art. 104,parágrafo único do CP). Ex: Convidar o autor da infração penal para serpadrinho do filho do ofendido - pode ser provada por todos os meios deprova (art. 57 do CPP).

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.2. RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA

OBS: O mero recebimento de indenização não implica renúncia tácita! (art.104, parágrafo único, CP).• Pela indivisibilidade, a renúncia com relação a um dos autores, aproveitaaos demais (art. 49 do CPP). Trata-se da extensibilidade da renúncia.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.3. PERDÃO DO OFENDIDO

• O perdão do ofendido é ato bilateral e voluntário pelo qual, no curso doprocesso, o querelante resolve não prosseguir com a demanda.

• Ocorre na ação penal exclusivamente privada e na privada personalíssima.• Não se confunde com o perdão judicial, que também é causa extintivada punibilidade! (ex: art. 121, §5º do CP)

• Decorre do princípio da disponibilidade.• Pode ser concedido até o trânsito em julgado da sentença penalcondenatória. (art. 106, §2º do CP)

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.3. PERDÃO DO OFENDIDO

• A aceitação do perdão não implica assunção de culpa! Logo, éinsuficiente para fins de responsabilidade civil.

• Ainda que o perdão não seja aceito, é possível que o ofendido dê causa àperempção, extinguindo a punibilidade.

• Pela indivisibilidade, o perdão a um concedido, a todos aproveita, desdeque aceitem. (art. 51 do CPP c/c art. 106, I do CP).

• Perdão parcial: Quando há vários processos, com vários crimes e oquerelante delibere pelo perdão somente em um só dos feitos.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.3. PERDÃO DO OFENDIDO

• Havendo mais de um ofendido, se um deles concede o perdão, nãoimpedirá os demais de prosseguirem no processo. O direito de cadavítima é autônomo. (art. 106, II, CPP)

• Pode ser expresso ou tácito. Hipóteses semelhantes às da renúncia.• Pode ser judicial ou extrajudicial.• A aceitação também pode ser expressa ou tácita (após intimado permaneceinerte durante 3 dias).

• A recusa não pode ser tácita, o silêncio significa anuência.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.4. RENÚNCIA X PERDÃO

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RENÚNCIA PERDÃO DO OFENDIDOCausa extintiva da punibilidade nas hipóteses de açãopenal exclusivamente privada e ação penal privadapersonalíssima

Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada e ação penal privada personalíssima

Decorre do princípio da oportunidade/conveniência Decorre do princípio da disponibilidadeAto unilateral: não depende de aceitação Ato bilateral: depende de aceitação do quereladoÉ concedida antes do início do processo (até ooferecimento da queixa-crime)

É concedida durante o curso do processo

Indivisibilidade: a renúncia concedida a um estende-se aos demais

Indivisibilidade: o perdão concedido a um estende-se aos demais, desde que haja aceitação

Fonte: BRASILEIRO, Renato. Manual de Processo Penal, 3º ed., Salvador: Juspodivm, 2015

13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.5. PEREMPÇÃO

• Conceito: É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penalprivada em virtude de negligência do querelante.

• Trata-se de causa extintiva da punibilidade em casos de ação penalexclusivamente privada e de ação penal privada personalíssima.

• Ação penal privada subsidiária da pública: Havendo negligência doquerelante, o MP retoma a ação penal como parte principal (ação penalindireta).

• Como é causa da extintiva da punibilidade, não é possível a propositurade nova ação penal.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.5. PEREMPÇÃO

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Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a açãopenal:

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 diasseguidos;

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, paraprosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couberfazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo aque deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;

IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.5. PEREMPÇÃO

Inciso I: Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover oandamento do processo durante 30 dias seguidos;

v Antes de decretar a perempção, o Juiz deve intimar a parte para apresentareventual justificativa do abandono do processo;v A contagem de 30 (trinta) dias deve ser contínua.v Havendo diversas paralisações, mas nenhuma por mais de 30 (trinta) dias,não haverá perempção.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.5. PEREMPÇÃO

Inciso II: Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo suaincapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir noprocesso, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas aquem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36:v Art. 36: Comparecendo mais de um, respeita-se a regra do CADI;

Inciso IV: Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta seextinguir sem deixar sucessor.

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13. AÇÃO PENAL13.10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL PRIVADA13.10.5. PEREMPÇÃO

Inciso III: Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivojustificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, oudeixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;v A ausência da parte na audiência de conciliação (art. 520, CPP) no caso decrimes contra a honra de procedimento ordinário não consubstancia perempção,pois ainda não há processo, por não ter ainda havido recebimento da queixa-crime,e a mera ausência à conciliação significa ausência de vontade de compor.v Quanto ao pedido de condenação, este não precisa ser expresso.v A ausência do advogado do querelante na AIJ é causa de perempção, eis que nãohaverá pedido condenatório nas alegações orais.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.1 DENÚNCIA E QUEIXA-CRIME

v Denúncia: Peça acusatória nos crimes de ação públicav Queixa-crime: Peça acusatória nos crimes de ação privadav Não se confundem com a notitia criminis.v A denúncia e a queixa serão oferecidas via petição, salvo no âmbito dosJuizados (art. 77 da Lei 9.099/95), situação onde haverá denúncia verbal.v Litisconsórcio ativo: É possível em casos de conexão e continência,situação na qual o MP deverá oferecer a denúncia, enquanto ao Querelanteincumbirá o oferecimento da queixa-crime.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

v Previsão legal: art. 41 do CPP1) Exposição do fato criminoso:àA peça deve narrar o fato detalhadamente, mencionando todas ascircunstâncias que envolvem o crime (qualificadoras, agravantes etc.)àÉ necessária a descrição detalhada (ex: não basta dizer que o agentesubtraiu, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, é necessário apontar oque aconteceu, quando, por quem, contra quem, de que forma, por quemotivo, com qual finalidade etc.àTal se dá porque o acusado não pode correr o risco de ser condenado porfato que não conste da peça acusatória.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

1) Exposição do fato criminoso:à Elementos essenciais: são aqueles necessários para identificar a condutacomo fato típico (ex: é necessário descrever em que consiste a imprudência,não bastando dizer que o acusado dirigia de forma imprudente). A ausênciade um elemento essencial é causa de nulidade absoluta.à Elementos acidentais ou acessórios: são as chamadas circunstânciasindividualizadoras ou identificadoras. São aquelas circunstâncias ligadas àscondições de tempo, espaço etc. (ex: se o MP omite a hora exata daconduta, a falha não consiste na identificação do fato típico, mas numelemento acessório). Sua ausência é causa de nulidade relativa.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

1) Exposição do fato criminoso:à De qualquer modo, na forma que prescreve o art. 569 do CPP, o MPpoderá suprir a peça acusatória a qualquer tempo, desde que antes dasentença.à A exposição do fato criminoso permite verificar-se a correlação entreacusação e sentença.OBS: Não há necessidade de se fazer menção às circunstâncias agravantes jána peça acusatória, eis que o art. 385 do CPP autoriza ao Juiz oreconhecimento de agravantes mesmo que nenhuma tenha sido alegada.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

2) Qualificação do acusadoà Individualiza-se o acusado por meio de seu prenome, nome, apelido,estado civil, naturalidade, data de nascimento, rg, cpf, profissão, filiação etc.à Não é possível a aposição de fotografia na denúncia (STJ, HC 88.448).à O fato de serem desconhecidos os detalhes de sua qualificação não obstaa denúncia, desde que se possa mencionar traços característicos,notadamente quando o indivíduo é preso em flagrante. Não havendo dúvidasquanto à sua identidade física, nada obsta ao oferecimento da denúncia, quepoderá ser posteriormente suprida. (art. 259 do CPP)à A ausência de qualificação enseja a rejeição da denúncia por inépcia formal

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

3) Classificação do crimeà Trata-se da indicação do dispositivo legal que descreve o fato imputado.à Não é requisito obrigatório, pois, como no processo penal o acusado sedefende de fatos, não importa a qualificação que lhes seja atribuída (narramihi factum dabo tibi jus).4) Rol de testemunhasà Não é essencial, pois há situações em que bastam outras provas.à Contudo, caso não seja apresentado, haverá preclusão temporal.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

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Procedimento Número de testemunhasComum ordinário 8 (oito) – art. 401, caput, CPPComum sumário 5 (cinco) – art. 532, CPP

Comum Sumaríssimo 3 (três) – art. 34, Lei 9.099Especial do Júri – Iudicium Accusationis 8 (oito) – art. 406, parágrafo 3º, CPP

Especial do Júri – Iudicium Causae 5 (cinco) – art. 422, CPPLei de Drogas 5 (cinco) – art. 54, III, Lei 11.343

Ordinário Militar 6 (seis) – art. 77, “h”, CPPM

13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.2 REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA

OBS: Havendo mais de um delito ou mais de um corréu, prevalece oentendimento de que, para a acusação, o número é estabelecido conforme aquantidade de fatos imputados, não de acusados. Para a defesa, leva-se emconta o número de acusados, não somente de fatos.OBS 2: A queixa-crime deve ser oferecida por advogado com procuraçãocom poderes especiais, não bastando a mera cláusula ad juditia (art. 44 doCPP). Por isso, é oportuno – mas, não obrigatório – que o Querelante assinetambém a queixa-crime, a fim de ratificar tudo o que consta na peçaacusatória.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.3 PRAZOS

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PrazoRéu preso (denúncia ou queixa) 5 (cindo) dias – art. 46 do CPP

Réu solto (denúncia) 15 (quinze) dias – art. 46 do CPPRéu solto (queixa) 6 meses – art. 38 do CPP

Lei de Drogas (preso ou solto) 10 dias – art. 54 da Lei 11.343Economia popular (preso ou solto) 2 dias – art. 10, par. 2º da Lei 1.521

Abuso de autoridade (preso ou solto) 48 horas – art. 13 da Lei 4.898/65Codigo Eleitoral (preso ou solto) 10 dias – art. 357 da Lei 4.737/65

13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.3 PRAZOS

Consequências do descumprimento de prazos pelo MP:1) Cabimento de Ação Penal Privada subsidiária da Pública2) Perda de subsídio (art. 801) – tantos dias quantos forem os de atraso3) Perda de dobro dos dias para promoção e aposentadoria4) Relaxamento da prisão – em caso de excesso abusivo5) Crime de prevaricação (art. 319, CP) – se comprovado o dolo no atraso

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.4 ADITAMENTO

v Aditar nada mais é que adicionar, acrescentar, complementar a peça acusatóriacom fatos, sujeitos ou elementos novos que não constaram inicialmente dadenúncia ou queixa.Questão: Qual a necessidade de aditamento?R: Evitar que um indivíduo seja denunciado por um crime e condenado por outro, oque violaria o contraditório, a ampla defesa, e o princípio da correlação entreacusação e sentença.Exemplo: Indivíduo é denunciado por roubo simples (art. 157, caput, CP). No cursoda instrução se descobre que cometeu o crime com outro agente, de identidadedesconhecida. Se, ao final, o magistrado convencer-se do concurso de agentes, enão for feito o aditamento, a condenação por roubo qualificado (art. 157, par. 2º, II)viola os princípios supracitados.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.4 ADITAMENTO

v O aditamento está ligado à conexão e à continência. Se o fato novo quesurgir não for conexo ou continente ao primeiro, não há porque se fazeraditamento.v Momento: Diferentemente da emenda à inicial do processo civil, oaditamento pode ser feito desde o oferecimento da peça acusatória até omomento imediatamente anterior à prolação da sentença.v Espécies de aditamento quanto ao objeto:a) Próprio – real (real material ou real legal) ou pessoalb) Impróprio

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.4 ADITAMENTO

v Aditamento próprio: Ocorre o acréscimo de fatos ou sujeitos não contidosinicialmente na peça acusatória, por conta de ausência de justa causa. Só pode serfeito para acrescentar imputações e sujeitos, não para retirar.v Aditamento próprio real: Diz respeito a fatos delituosos, qualificadoras oucausas de aumento de pena.v Aditamento próprio real material: Acrescenta fato à denúncia, qualificando ouagravando o já imputado, com a adição de circunstância não contida na inicial oufato novo que importa imputação de outro ou mais de um crime;v Aditamento próprio real legal: Refere-se a acréscimo de dispositivos legais,penais ou processuais, alterando a classificação do rito processual, sem inovar nofato narrado.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.4 ADITAMENTO

v Aditamento próprio: Ocorre o acréscimo de fatos ou sujeitos não contidosinicialmente na peça acusatória, por conta de ausência de justa causa. Sópode ser feito para acrescentar imputações e sujeitos, não para retirar.v Aditamento próprio pessoal: Quando disser respeito à inclusão decoautores ou partícipes.v Aditamento impróprio: Apesar de não se acrescentar fato novo ou outroacusado, busca-se corrigir uma falha na denúncia, seja por retificação,ratificação, suprimento ou esclarecimento de dado narrado. Fundamenta-seno art. 569 do CPP.

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.4 ADITAMENTO

Exemplo:

àMP denuncia Fulano por furto.

àNo curso do processo, surgem elementos contra Mévio na receptação.

àNessa hipótese haverá aditamento próprio real material (acrescentou-seoutro fato delituoso) e aditamento próprio pessoal (acrescentou-se outroacusado).

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13. AÇÃO PENAL13.11 PEÇA ACUSATÓRIA13.11.4 ADITAMENTO

v Espécies de aditamento quanto à voluntariedade:v Aditamento espontâneo: Promovido pelo próprio MP sem provocação.v Aditamento provocado: Promovido pelo MP, provocado pelo Juiz noexercício de sua função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade. Éo que ocorre nas hipóteses de mutatio libelli.v Procedimento do aditamento: art. 384 do CPP – o mesmo da mutatio libelli.

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