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Grupo Temático 9. DIREITO PENAL, CRIMINOLOGIA E DIREITOS HUMANOS A quebra do princípio acusatório: a inadmissibilidade da gestão probatória pelo juiz criminal Matheus Amélio de Souza Bazzi [email protected] Giovane Santin [email protected] CONCLUSÕES Assim, considerando que o princípio acusatório não admite a gestão da prova pelo magistrado criminal, resta evidente que a ruptura de sua imparcialidade ofende a isonomia processual e confirma que nos dias atuais ainda convivemos com um processo penal com princípio informador inquisitório. INTRODUÇÃO Os modelos processuais históricos determinam as disposições estruturantes de um sistema processual penal, identificadas por princípios fundantes o inquisitivo e o acusatório. No entanto, embora a Constituição de 1988 tenha adotado o sistema acusatório, parte da doutrina defende que o processo penal brasileiro é essencialmente inquisitório, uma vez que a gestão da prova está nas mãos do juiz. Nessa perspectiva entendem que apesar de o Ministério Público ser a parte que ambiciona reprimir há vários dispositivos que são resquícios de um sistema inquisitivo ao permitirem que o juiz assuma tanto a busca da prova quanto a prática de atos próprios da acusação, senão vejamos: conversão, de ofício, da prisão em flagrante em preventiva (art. 310), diligências de ofício (art. 156), reconhecimento de agravantes que não foram alegadas (art. 385), por exemplo. RESULTADOS Até o momento, com base nas leituras bibliográficas, chegou-se a seguinte conclusão parcial: I) inexistência de um princípio processual acusatório e imprecisão de um princípio processual misto; II) violação dos princípios do ne procedat iudex ex officio e in dubio pro reo; III) quebra da imparcialidade do juiz criminal. METODOLOGIA Assim, propõe-se a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto para analisar se o discurso visa a consolidação, em observância da Constituição Federal de 1988, de um sistema que busca a garantia da imparcialidade do julgador, a eficácia da ampla defesa e do contraditório e das demais regras do devido processo legal ou se o princípio informador do processo penal brasileiro continua sendo inquisitivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LOPES JR., Aury. Fundamentos do processo penal: introdução crítica. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos princípios gerais do processo penal brasileiro. In: Revista da Faculdade de Direito da UFPR, Curitiba, n. 30. TONINI, Paolo. A prova no processo penal italiano. Trad. Alexandra Martins, Daniela Mróz. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. ROSA, Alexandre Morais da. Guia do processo penal conforme a teoria dos jogos. 4ª ed. rev. atual. e ampl. Florianópolis: Empório do Direito, 2017. KHALED JUNIOR., Salah Hassan. A busca da verdade no processo penal: para além da ambição inquisitorial. 2. ed. Belo Horizonte, MG: Letramento: Casa do Direito, 2016.

A quebra do princípio acusatório: a inadmissibilidade da ... · do processo penal brasileiro continua sendo inquisitivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LOPES JR., Aury. Fundamentos

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  • Grupo Temático 9. DIREITO PENAL, CRIMINOLOGIA E DIREITOS HUMANOS

    A quebra do princípio acusatório: a inadmissibilidade da gestão probatória pelo

    juiz criminal

    Matheus Amélio de Souza Bazzi – [email protected]

    Giovane Santin – [email protected]

    CONCLUSÕES

    Assim, considerando que o princípio acusatório não admite a gestão da

    prova pelo magistrado criminal, resta evidente que a ruptura de sua

    imparcialidade ofende a isonomia processual e confirma que nos dias

    atuais ainda convivemos com um processo penal com princípio informador

    inquisitório.

    INTRODUÇÃO

    Os modelos processuais históricos determinam as disposições estruturantes de

    um sistema processual penal, identificadas por princípios fundantes – o

    inquisitivo e o acusatório. No entanto, embora a Constituição de 1988 tenha

    adotado o sistema acusatório, parte da doutrina defende que o processo penal

    brasileiro é essencialmente inquisitório, uma vez que a gestão da prova está

    nas mãos do juiz.

    Nessa perspectiva entendem que – apesar de o Ministério Público ser a parte

    que ambiciona reprimir – há vários dispositivos que são resquícios de um

    sistema inquisitivo ao permitirem que o juiz assuma tanto a busca da prova

    quanto a prática de atos próprios da acusação, senão vejamos: conversão, de

    ofício, da prisão em flagrante em preventiva (art. 310), diligências de ofício

    (art. 156), reconhecimento de agravantes que não foram alegadas (art. 385),

    por exemplo.

    RESULTADOS

    Até o momento, com base nas leituras bibliográficas, chegou-se a seguinte

    conclusão parcial: I) inexistência de um princípio processual acusatório e

    imprecisão de um princípio processual misto; II) violação dos princípios

    do ne procedat iudex ex officio e in dubio pro reo; III) quebra da

    imparcialidade do juiz criminal.

    METODOLOGIA

    Assim, propõe-se a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o

    assunto para analisar se o discurso visa a consolidação, em observância da

    Constituição Federal de 1988, de um sistema que busca a garantia da

    imparcialidade do julgador, a eficácia da ampla defesa e do contraditório e

    das demais regras do devido processo legal ou se o princípio informador

    do processo penal brasileiro continua sendo inquisitivo.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    LOPES JR., Aury. Fundamentos do processo penal: introdução crítica. 2

    ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

    COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos princípios gerais

    do processo penal brasileiro. In: Revista da Faculdade de Direito da UFPR,

    Curitiba, n. 30.

    TONINI, Paolo. A prova no processo penal italiano. Trad. Alexandra

    Martins, Daniela Mróz. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.

    ROSA, Alexandre Morais da. Guia do processo penal conforme a teoria

    dos jogos. 4ª ed. rev. atual. e ampl. Florianópolis: Empório do Direito,

    2017.

    KHALED JUNIOR., Salah Hassan. A busca da verdade no processo penal:

    para além da ambição inquisitorial. 2. ed. Belo Horizonte, MG:

    Letramento: Casa do Direito, 2016.

    A quebra do princípio acusatório: a inadmissibilidade da gestão probatória pelo juiz criminal