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SiteCaderno Seminario INSS Agosto 2018 - SINSPREV · caso podemos fazer um simulado a fi m de apontar o impacto da automatização, pois na tabela acima temos assim 27% de requerimentos

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ÍNDICE

TESE 1 Carreira do Seguro Social do INSS - Perspectivas e Apontamentos - Mudança e Renovação ......................................................................................................... 02

TESE 2As mudanças no Mundo do Tabalho, na Forma de Podução e nas Relações - Avan-çar nas Lutas ......................................................................................................12

TESE 3

A Luta Por Carreiras É A Luta Por Emprego, Salário, Progressão E A Defesa Intransigente De Serviços Públicos De Qualidade - Intersindical - Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora .....................................................15

TESE 4 Venceremos se não tivermos aprendido a aprender. Sempre - Vamos pela Base ................................................................................................20

Seminário EstadualReestruturação na Carreira e as Transformações nos Processos de Trabalho no INSS

18 de agosto de 2018

SINSINSPSPREVREV

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REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA E AS TRANSFORMAÇÕES NOS PROCESSOS DE TRABALHO NO INSS

TESE 1CARREIRA DO SEGURO SOCIAL DO INSS -

PERSPECTIVAS E APONTAMENTOS

APRESENTAÇÃO

O presente texto é uma contribuição organizada no senti-do de descortinar os fl uxos e processos de trabalho em curso no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a maior au-tarquia pública federal do Brasil, à luz do advento de novas tecnologias, inseridos no contexto de políticas de ajuste fi scal e da proposta da Reforma da Previdência. Tendo em vista, que essas alterações profundas, até o momento não sinaliza-ram o destino e o futuro dos servidores federais da carreira do seguro social. Por fi m, o texto é uma versão sintetizada na Nota Técnica 01/20181. Que sejamos protagonistas de nossos destinos. Eis o convite!

1. - MUDANÇAS NA SOCIEDADE E IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: IMPACTO EM PROFISSÕES E CARREIRAS.

No fi nal do século XVIII observa-se a primeira revolu-ção industrial com a substituição da produção manual para a mecanizada através da energia a vapor. No século XIX, te-mos o advento da eletricidade e com ela, a manufatura em massa. E por fi m, chegamos ao século XX com a tecnologia da informação, a “quarta revolução industrial” que tem como expressão a alteração nos fl uxos e processos de trabalho com a automação, robotização a utilização de serviços através de aplicativos, softwares, etc., Lisboa (2018), debate esse realiza-do pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)2 com destaque para o impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho:

¹http://mudancarenovacaofenasps.blogspot.com/2018/07/nota-tecnica--carreira-do-seguro-social.html²http://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_626908/lang--pt/index.htm³https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/os-robos-e-o--futuro-da-profi ssao-de-advogado/

E nesse contexto que ao decorrer do século XX presen-ciamos a extinção de profi ssões e carreiras na esfera pública e privada, por exemplo, a profi ssão de leiteiro, que levava o leite até as residências, porém com o leite industrializado eles desapareceram, os datilógrafos profi ssionais, essenciais em todas as áreas administrativas, entre outros.

Um dos estudos que recebeu menções nas dis-cussões foi à análise elaborada pela consultoria McKinsey que estimou uma perda de até 50% dos postos de trabalho no Brasil em função do crescente uso de processos automatizados, tecnologia de informação e inteligência artifi cial, capazes de progressivamente substituir trabalhos rotinizados, até mesmo aqueles exercidos por tra-balhadores altamente especializados. (Poschen, 2018, p.8,) (Grifo nosso).

Essas alterações nos processos e fl uxos de trabalhos têm a possibilidade de atingir até mesmo profi ssões tradicionais, por exemplo, a profi ssão de advogado conforme informa a matéria no Estado de São Paulo de 13/05/20183 : “Os robôs e o futuro da profi ssão de advogado” tece comentário sobre as possibilidades de inovação e informa que: “A atuação de robôs e o uso da inteligência artifi cial irão trazer mais justiça ao mundo através de processos mais efi cientes e mais baratos. (...) O ROSS, que é o “advogado digital” baseado na plata-forma de Inteligência Artifi cial da IBM, já tem gerado muito resultado para os escritórios de advocacia que o utilizam”.

No conjunto dessas alterações e introduções de tecnolo-gias a questão em si não é o uso da tecnologia, mas os fi ns sociais que lhe são dados na sociedade, a tecnologia não é neutra, ela expressa tendências sociais, políticas e econômi-cas. Contudo não se pode deixar de mencionar o avanço pro-porcionados, encurtando e facilitando o tempo de trabalho, porém sem as devidas necessidades sociais, ela tende a subju-gar o homem.

2- O CENÁRIO DO INSS E A INTRODUÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS

O contexto atual do Insti-tuto Nacional do Seguro Social (INSS) autarquia responsável pelo reconhecimento de direi-tos de benefícios previdenciá-rios e assistenciais, está inserido pelas Emendas Constitucionais do Teto dos Gastos (nº 95) que congela os gastos públicos du-rante 20 anos e de Desvincula-

ção das Receitas da União (nº 93) que e autoriza o corte no orçamento das políticas públicas para pagamento da dívida pública. Ademais temos a proposta de reforma da previdên-cia que se encontra paralisada e tem como função atender as demandas do ajuste fi scal, bem como as demandas dos seto-res fi nanceiros com o alargamento de aposentadorias comple-mentares a ser ofertada pelos bancos.

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As novas modalidades tecnológicas, que pretendem ofe-recer um fl uxo de atendimento ao cidadão através de plata-formas digitais, estão sendo implementadas no INSS como a solução para todos os seus impasses, em especial em virtude do défi cit de servidores. A seguir passamos a detalhar essas novas tecnologias:

“MEU INSS”: serviço on-line em que a população pode acessar informações e serviços de natureza simples. Observa--se que essa modalidade não levou em consideração as reali-dades regionais e perfi s da população usuária do INSS;

INSS DIGITAL: trata-se da digitalização dos pedidos de be-nefícios com o tempo de 15min, sem qualquer tipo de orien-tação ou informação e posteriormente vai para análise do servidor através de uma “nuvem de dados” gerenciada pelo Gerenciador de Tarefas - GET. Nas agências em execução ob-serva-se o aumento de processos a serem analisados, porém sem servidores para analisar. Sendo assim estamos temos a inversão da “fi la” – tínhamos anteriormente uma “fi la virtual de agendamentos”, agora começamos a ter uma “fi la virtual de processos”;

PROPOSTA: Que se parta da premissa que as soluções tec-nológicas são uma opção de acesso e que jamais sejam uti-lizadas como forma de restrição de acesso da população ao serviço.

ACORDOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA (ACT´s): modalida-de essa que acompanha o Inss Digital, podendo ser fi rmado entre o INSS e prefeituras, empresas, sindicatos, associações, etc. Servindo basicamente neste momento para o envio digi-talizado dos requerimentos de benefícios ao INSS. Esse é um dos pontos nevrálgicos, vejamos: a) abre a possibilidade de terceirização indireta de um serviço público, bem como a co-brança de taxas; b) nesse primeiro momento ocorre somente a digitalizando, mas quem garante que em longo prazo não estarão analisando processos, vale lembrar que a terceirização em 2001 no INSS inicialmente os terceirizados foram con-tratados para tarefas simples, porém em pouquíssimo tempo já estavam analisando processos;

PROPOSTAS:

1. Criação de um setor de fi scalização, treinamento e acompanhamento dos ACTS;

2. Adequação dos normativos de forma a garantir a segu-rança dos servidores e a responsabilização dos ACTS pelos protocolos e autenticidade da documentação juntada;

TELETRABALHO: modalidade essa em implementação no INSS, em que o servidor realiza o seu trabalho sem a necessi-dade de estar presente na unidade de trabalho, sem controle

de horário e trabalho realizado por meta de produção. Sobre essa questão há uma série de questões sem respostas e com-plicações a serem analisadas e refl etidas, pois o fundo de pano é a redução de custos institucionais instalações/infraestrutura que será de responsabilidade do teletrabalhador.

PROPOSTAS:

1. Que o modelo seja discutido com os trabalhadores de forma a preservar as relações laborais, espírito de equipe e sobretudo que sejam garantidas as condições laborais que preservem a saúde do trabalhador;

2. Que haja discussão sobre custos e formas de custeio dos equipamentos necessários;

3. Que haja discussão sobre os fl uxos e processos de trabalho;

4. Adequação dos normativos de forma a garantir os di-reitos trabalhistas e a segurança da informação e do servidor;

AUTOMATIZAÇÃO DOS BENEFÍCIOS: já está em prática para benefícios como aposentadoria por idade e salário maternida-de, nessa modalidade a população acessa os canais remotos. O alargamento dessa modalidade coloca em questão quais as atividades que restaram para a carreira e sua função social;

É nesse contexto acima apresentado, de forma crítica, que convidamos o conjunto de servidores (as) a refl etir sobre o seu emprego e nessa esteira surge a seguinte perguntar: qual é o futuro dos (as) servidores (as) no INSS? Não trata aqui de menosprezar a introdução de novas tecnologias nos fl uxos e processos de trabalho, mas de apontar possíveis problemas e a necessidade de ajustes.

Ao que tange ao teletrabalho não é uma novidade ela é si-milar ao trabalho em domicílio que existe desde a Revolução Industrial, a esse respeito destaca-se:

Guadalupe (2017) aponta ainda que a tendência dos te-letrabalhadores é trabalhar mais que um trabalhador na uni-dade de trabalho, pois a depender da modalidade torna-se um eterno continuum, refl etindo na saúde e na capacidade profi ssional do trabalhador. Afi rma ainda a autora que não

“O trabalho em domicílio constitui, para o ope-rário a ele condenado sem recurso, uma espécie de prisão celular, onde se mirra a saúde, a inteli-gência, a capacidade profi ssional, e a vida se lhe amofi na sem esperança, num cárcere silencioso, de portas abertas para uma ilusória liberdade.” (GUADALUPE, 2017 apud MARTINS, 2000, p. 054 ). (Grifo Nosso).

4http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php/mnt/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11501&revista_caderno=25

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há normativa aplicável ao regime de teletrabalho quanto aos acidentes laborais. No caso da automatização dos benefícios a tabela abaixo apresenta informações relevantes.

TABELA 01.

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Destaque-se que já esta em curso a automatização da aposentadoria por idade (B41) e salário maternidade (B80), nesse caso podemos fazer um simulado a fi m de apontar o impacto da automatização, pois na tabela acima temos assim 27% de requerimentos (B80 e B41) que em tese não seriam analisados pelos servidores do INSS e sim automaticamente. Sabe--se que essa é uma possível tendência visto que o cadastro do INSS (CNIS) que vem passando por melhorias. Nessa mesma esteira, os gestores do INSS apontam que é possível em médio prazo automatizar quase que em 100% os benefícios do INSS. Isso aponta inicialmente um esvaziamento de atividades da carreira do seguro social.

Ademais é necessário observar o formato da carreira do seguro social que segue:

TABELA 02.

5LEI No 10.855, DE 1º DE ABRIL DE 2004.

A primeira consideração que destacamos é que com im-plemento das novas tecnologias, a exemplo dos processos de automatização, qual será o numero de servidores necessário na autarquia, 31.045 é necessário?

A esse tema nos remete aos servidores no Instituto Nacio-nal de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), extinto em 1993, responsável pelo atendimento da saúde no Brasil, que foi alterado pela implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1998, essa alteração trouxe severos im-pactos para a carreira desses servidores com aproximadamen-te 60 mil servidores cedidos ao SUS.

Ademais, esses servidores encontram em situação precari-zada pelas condições de trabalho e remuneração conforme o relato a seguir:

Hoje, porém, passados 21 anos, a situação funcio-nal desses servidores, que dedicaram suas vidas pro-fi ssionais à consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), está muito difícil em vários aspectos, a saber: (...) esses servidores, nos estados e municípios onde estão cedidos são muitas vezes, discriminados do

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ponto de vista do acesso aos processos de capacita-ção e requalifi cação profi ssional. (...) Com exceção dos profi ssionais de nível superior, (...) Sofrem perseguições políticas por parte de muitos ges-tores estaduais e principalmente municipais, (..). (SINDSPREV-PE, 2011)6.

6http://sindsprev.org.br/index.php?categoria=noticias_principais_01&cat=noticias&codigo_noticia=0000001994&pag=148 7Por exemplo, em outras categorias como os bancários que em 2016 o setor demitiu 20 mil trabalhadores , fenômeno esse em curso desde 1990 aonde foram aproximadamente eliminados 400 mil postos de trabalho até 2010 , ou seja, 50% da força de trabalho. (http://www.istoedinheiro.com.br/com-digitalizacao-bancos-demitiram-20-mil--profi ssionais-em-2016 /)8http://www.cnasp.adv.br/site/content/index.php9http://fasubra.org.br/wp-content/uploads/2018/05/notatecnica12013.pdf

Essa realidade é preocupante e alerta os servidores da car-reira do seguro social, pois em um cenário de redistribuição o requisito dos técnicos do seguro social apenas com a exi-gência de ensino médio, deixa esses servidores vulneráveis às intempéries da administração pública.

Essas e outras questões estão em debate hoje e não há ne-nhuma proposta concreta do governo para os servidores do INSS. O que se percebe hoje é um desmonte do INSS, perda de funções e possibilidade de terceirização dos serviços do INSS e desmonte de serviços como o Serviço Social e a Rea-bilitação Profi ssional, com muita incerteza para o futuro dos servidores e para o atendimento à população.

Há perigo e ele é sério7. Ele exige providências e busca de alternativas para impedir o pior ou ao menos reduzir danos. Não se pode incorrer no mesmo erro quando da implantação do SUS em que se limitou apenas a denun-ciar. Pois é imperativo destacar que as novas tecnologias em curso não estão desvinculadas dos processos políticos e econômicos como mencionados as EM (93 e 95) e a Re-forma da Previdência que irá alterar profundamente os paradigmas do INSS.

3 - APONTAMENTOS EM DEFESA DO INSS E DA CARREIRA DO SEGURO SOCIAL - SOLUÇÕES PARA O DEBATE.

Proposta de programa para a defesa do INSS e da previdência pública.

É necessário irmos além da simples denúncia. Em relação á previdência, defende-se a ma-nutenção e ampliação dos direi-tos, benefícios e serviços como serviço social e reabilitação profi ssional, custeada através de um fundo público e de forma solidária. Portanto, apresentar-mos um modelo alternativo de

gestão e operacionalização do sistema previdenciário, que se contraponha tanto ao atual sistema A materialização desse modelo alternativo consiste na defesa da reestruturação do INSS, a partir dos seguintes eixos:

a) Defesa do INSS como autarquia de caráter especial e estratégico para o desenvolvimento do país e da sociedade. Para tanto, deve ter capacidade de organização, gestão e ope-racionalização do sistema de proteção social, autonomia ad-

ministrativa e operacional;

b) A partir da sua fi nalidade estratégica, que tenha capi-laridade social e operacional para efi ciente atendimento da população, inclusive mediante a utilização das modernas tec-nologias de informação de forma complementar;

c) Que as funções de gestão e operacionalização seja re-alizada por servidores públicos de carreira, com atribuições especializadas e indelegáveis e garantia da prestação dos servi-ços gratuitamente para a população;

d) a autarquia deve coordenar o fundo público previden-ciário nacional;

e) A gestão da autarquia especial, que engloba a elabora-ção de políticas estratégicas de proteção social no país, arreca-dação e fi scalização, até a operacionalização do atendimento e dos benefícios, deve ser exercida, de forma democrática, pelos trabalhadores;

3.1- REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DO SEGURO SOCIAL

As carreiras e cargos no serviço público expressam con-cepções acerca do Estado em determinado contexto social, econômico e político bem como papel e a função social con-forme assevera o Coletivo Nacional de Advogados de Servi-dores Públicos8:

O texto “As Carreiras No Serviço Público Federal Brasilei-ro: Breve Retrospecto e Perspectivas”, nesse estudo apresenta a seguinte tipifi cação das funções de Estado que reproduzi-mos a seguir;

(...) deve-se objetivar, antes de tudo, a adequa-ção da respectiva estrutura funcional às necessi-dades daquele órgão, haja vista que a fi nalidade precípua da organização em carreira é organizar o serviço público com o objetivo de melhor aten-der á coletividade. Em outras palavras, a estru-turação de cargos em carreira deve estar voltada, em primeiro lugar, ao cumprimento de um ob-jetivo público, que estaria consubstanciado, por exemplo, na melhoria dos serviços que aquele órgão público presta à população,(...). (Nota Téc-nica nº 1/2013, p.029) (grifo nosso).

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As funções de Estado stricto sensu são aquelas típicas de estados e exclusivas não cabendo ação de terceiros e intrans-feríveis, originando assim as carreiras típicas de estado que se constitui em funções da alta administração pública – tarefas de controle interno, avaliação de políticas públicas, plane-jamento, regulamentação, fi scalização, administração orça-mentária, fi nanças públicas etc.

Se a médio e longo prazo haverá uma reordenação do INSS em especial com os processos de automatização, en-tende-se que a reestruturação e modernização do trabalho no INSS poderão ampliar a responsabilidades, como funções de fi scalização e auditoria, possibilita assim rediscutir a estrutu-ração da carreira do seguro social.

3.2- ALTERAÇÃO DO REQUISITO DE INGRESSO PARA A CAR-REIRA DE TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL DE NÍVEL INTERME-

DIÁRIO PARA NÍVEL SUPERIOR – UM DEBATE NECESSÁRIO.

Com a introdução das novas tecnologias do INSS se faz necessário apontar estratégias de enfrentamento e proteção à carreira em especial no caso de possíveis processos de redistri-buição, nessa direção importante destacar o estudo “Ocupa-ção no Setor Público Brasileiro: tendências recentes e ques-tões em aberto” de 2011: “(...) tendências recentes e questões em aberto tendência à diminuição dos ocupados em funções administrativas intermediárias é um fenômeno conhecido e que decorre da utilização crescente de tecnologias da in-formação (TI)” (IPEA, 2011, p. 1710) (Grifo Nosso).

Importante nessa esteira destacar o "Informe de Pessoal" de Março de 2018:

i) Funções de Estado stricto sensu: manuten-ção da ordem interna, defesa do território, repre-sentação externa, provimento da justiça, tributação e administração dos serviços que presta; ii) Fun-ções econômicas: criação e administração da mo-eda nacional, regulamentação dos mercados e pro-moção do desenvolvimento (planejamento, criação de incentivos, produção de bens de infraestrutura e insumos estratégicos etc.). iii) Funções sociais: provimento universal dos bens sociais fundamen-tais (saúde, educação, habitação), cobertura dos ris-cos sociais, proteção dos setores mais carentes etc. (IPEA, 2010, p. 08,) (grifo nosso).

Nesses termos a alteração do requisito para o ensino supe-rior aos técnicos do seguro social é um elemento importante de fortalecimento da carreira do seguro social, haja vista que é uma tendência na administração pública federal, desse modo imperativo apresentar o parecer jurídico da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social – CNTSS/CUT : “Tamanha é a relevância das funções desenvolvidas pelos Técnicos do Seguro Social que não é de hoje que os concursos públicos para provimento nestes cargos exigem co-nhecimentos em áreas do Direito, disciplinas estas exclusivas de Ensino Superior, como Direito Constitucional e Direito” (CNTSS, 2017, p.02 a 04).

Do ponto de vista legal há diversas carreiras públicas que realizaram a seguinte alteração como a Receita Federal do Brasil (Lei Federal nº 10.593/2002), Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) (Lei Complementar nº1.273/1), Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE-SC) (Lei Complementar nº255/2004) entre outros.

Daí decorre a necessidade e adequação da medida de mé-rito da alteração do requisito de escolaridade. Reconhecendo a todos Técnicos do Seguro Social em exercício a classifi cação como cargo de nível superior, estendendo-se aos aposentados, bem como período de transição para adequação daqueles sem curso superior. A questão em tela foi pleito por servidores do INSS em abaixo assinado que registrou a marca de 9.935 mil assinaturas .

3.3 - ALTERAÇÕES DE ATRIBUIÇÕES E ESCOPO - ALTERAÇÕES

NA LEI Nº 10.855, DE 1º DE ABRIL DE 2004 (CARREIRA DO SEGURO SOCIAL).

Além disso, parte dos cargos públicos de nível médio e fundamental foram sendo gradualmen-te extintos. Como é possível observar no gráfi co da próxima página, em 2000 aproximadamente 52% do total de servidores públicos possuíam até o ensino médio de escolaridade. Esse número caiu pela metade em 2018, chegando a 25,16%. Em contrapartida, o número de servidores públicos com ensino superior ou pós-graduação, saiu de aproximadamente 48% em 2000 para 75% em 2018. (ENAP, 2018, p. 611) (grifo nosso)

10http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunica-do/110908_comunicadoipea110.pdf11http://www.enap.gov.br/documents/586010/653296/1+1+1+Informe+de+Pessoal+-+INFOGOV+-+menor+arquivo.pdf/c2c82b16-5e71-49f8-a96c-56e971dd7e5012http://www.plataformaxxi.org/moodle/pluginfi le.php/91/mod_page/content/6/CNTSS.pdf

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QUADRO 01.

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O quadro proposto acima se entende que qualifi ca as atividades privativas e indelegáveis da carreira do seguro social, afastando assim a possibilidade de tercei-rização de funções privativas do Estado no que tange a segurança jurídica de fl uxos e processos de trabalho a ser realizados especifi camente por servidores da carreira e concursados, ademais pacifi ca confl itos de natureza de cargos entre técnicos e analistas. Por fi m, é devido na proposta apresentada a revogação do decreto nº 8.653, de 28 de janeiro de 2016, visto que as atribuições se-rão inseridas na lei.

.Em defesa do INSS!

.Em defesa da Carreira do Seguro Social!

.Plano de Carreira já!

4. CONSIDERAÇÕES

O presente texto teve a perspectiva de apresentar dados e avaliações que possam colaborar para a necessária e urgente refl exão do que é mais elementar em nosso cotidiano de tra-balho, os rebatimentos diretos e indiretos na estruturação da carreira dos/as servidores/as do INSS e os possíveis impactos que podem desmontar e precarizar as atividades hoje reali-zadas.

A presente nota é um convite sério, e, sobretudo urgente para que possamos refl etir coletivamente e tecer possibilida-des de construirmos a carreira com nossas perspectivas!

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TESE 2

AS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO, NA FORMA DE PRODUÇÃO E NAS RELAÇÕES - COLETIVO AVANÇAR NAS LUTAS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

As mudanças no mundo do trabalho, na forma de produ-ção e nas relações de trabalho em todo o mundo e no Brasil trazem transformações em nossas vidas que precisamos estu-dar analisar e interpretar enquanto classe trabalhadora, senão corremos o risco de individualização e culpabilidade extre-mamente prejudicial e não permite enfrentarmos conjunta-mente as consequências e prejuízos que trazem em si. Além disso, em nosso país, estamos vivenciando um período difícil, onde a cada dia o golpe se torna evidente, contra os direitos da classe trabalhadora.

O ajuste fi scal, onde se congela os recursos públicos em vinte anos, principalmente nas áreas sociais e aliado a uma

reforma trabalhista, que em seu cerne traz a precariedade e desregulamentação do trabalho aplicada no serviço público brasileiro vem produzindo a falta de atendimento básico, piora nas condições de vida das pessoas e o desmonte dos serviços públicos.

E no caso específi co do INSS e da área da seguridade so-cial vem embalada num discurso de modernização e liber-dade de trabalhar que necessitam serem avaliados e com-preendidos para não cairmos num engodo e participarmos equivocadamente.

O Coletivo AV como contribuição a categoria, ao movimento sindical e a organização política da nossa classe apresenta algumas avaliações, que antecipadamente afi rmamos estarmos abertos ao debate, para contribuirmos nessa importante discussão.

INSS DIGITAL – UM PROJETO DE EXCLUSÃO DA CIDADANIA

Considerando que a realidade brasileira ainda esta bem distante do conceito de inclusão digital, muito ao contrário enquadrando-se no conceito de país com alto índice de ex-clusão e analfabetismo digital, o projeto INSS Digital deve ser analisado sob essa ótica.

Ainda que o INSS Digital fosse um projeto satisfatório, o que esta bem longe de acontecer, como demonstraremos, a forma como vem sendo implantado só serve ao interesse de um governo nefasto, escravo do neoliberalismo econômico, cujo um dos propósitos, porém não o único, é limitar por todos os meios possíveis o acesso da população ao direito bá-sico. Esse aspecto já pode ser observado no dia a dia do aten-dimento das Agências do INSS em que os servidores sofrem pressões das chefi as para dispensar segurados que vão em bus-ca de informações, dizendo que devem procurar os serviços oferecidos na plataforma eletrônica, mesmo nas situações cla-ramente confi guradas de total analfabetismo digital por parte destes, ou seja, o tão propagado INSS Digital, na prática esta servindo para tornar inacessível o direito previdenciário das camadas da população de mais baixa renda e escolaridade, forçando-os a procurar intermediários, na maioria das vezes tendo que pagar por um serviço que deveria ser gratuito.

Ainda assim, se INSS Digital, tão propagado como a solu-ção mágica de todas as mazelas, fosse um bom projeto de TI – Tecnologia da Informação, bastaria fazer os ajustes quando a forma de implementação e estaria resolvido, porém como

demonstraremos a seguir, o projeto é imprestável como solu-ção tecnológica, não atende as “* regras de negócio” do reco-nhecimento de direito previdenciário e só agrava a situação de caos institucional, abrindo caminho para a privatização da atividade fi nal do reconhecimento do direito, trazendo com isso todas as mazelas que tal atitude pode provocar, como clientelismo político, ação de fraudadores, etc.

A seguir compilamos trechos do site http://www.assuma-ocomando.org/inss-digital , ao qual recomendamos a leitura completa, que já apontava os erros de projeto na fase de

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implantação, não corrigidos até hoje e imposto de cima pra baixo apenas para seguir a agenda de sucateamento dos ser-viços públicos:

1 - Diferenças de conceito entre o sistema implantado no processo eletrônico judicial e o INSS Digital:

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) iniciou a implantação do processo eletrônico em 2003, culminando na Lei nº 11.419/2006, que admitiu o processo eletrônico no Poder Judiciário, tornando-se referência para o Processo Eletrônico Nacional (PEN), instituído por meio do Decreto nº 8.539/2015, que instituiu o uso do meio eletrônico para a realização do processo administrativo na Administração Pú-blica Federal.

O PEN é composto por três ações: o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), o Barramento de Integração do SEI (com outras soluções) e o Protocolo Integrado. Estas solu-ções desenvolvidas pelo TRF4, formam uma plataforma que engloba um conjunto de módulos e funcionalidades que pro-movem a efi ciência administrativa. A solução é cedida gratui-tamente para instituições públicas e permite transferir a ges-tão de documentos e de processos eletrônicos administrativos para um mesmo ambiente virtual.

O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Ges-tão (MP), propagandeia as vantagens da portabilidade, aces-so remoto, acesso de usuários externos, controle de nível de acesso, tramitação em múltiplas unidades, controle de pra-zos, estatísticas da unidade, tempo de processo, pesquisa em todo teor e acompanhamento processual, com apresentação de um sistema intuitivo, estruturado, com boa navegabilida-de e usabilidade.

Apesar da comprovada efi ciência, efi cácia e efetividade do processo eletrônico iniciado no TRF4, bem como a adesão massiva dos órgãos da Administração Pública Federal ao SEI, a maior Autarquia do Poder Executivo Federal (INSS) não aderiu ao SEI.

Ainda que existam no INSS especifi cidades na tramita-ção, análise e conclusão dos processos administrativos, qual-quer solução tecnológica deve atender às premissas da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, cuja internalização ocor-reu por meio da Resolução INSS/PRES nº 166/2011.

Destacamos que o INSS Digital não atende aos crité-rios da Lei 9.784/1999, que disciplina o Processo Admi-nistrativo, ao não atrelar de forma automática uma tarefa inserida no GET a um número de protocolo de processo, “falha” essa que tem propiciado o encerramento de tare-fas sem resolução do mérito, deixando em muitos casos de dar resposta adequada ao cidadão que procura o INSS para reconhecimento de seus direitos. Como recorrer de uma decisão na esfera administrativa sem número de pro-tocolo de processo? Não custa lembrarmos que “tarefa” no sistema “GET” não é protocolo de benefício. Nesse aspec-

to o site http://www.assumaocomando.org/inss-digital destaca:

“Outra evidência da repetição dos erros, reside no fato do Gerenciador de Tarefas (GET) não realizar a atribuição automática do número do benefício, o que permite a mani-pulação dos indicadores de desempenho criados pela própria tecnocracia, pois a inclusão dos requerimentos para aferição do IMA-GDASS, por exemplo, somente é computado para processos com NB – Número de Benefício.”

2 – Precarização como desculpa para privatização da atividade fi m (análise do reconhecimento do direito) da Instituição?

Os Acordos de Cooperação Técnica são a porta de entrada para a terceirização da atividade fi nalística do INSS, combi-nado com a transformação do direito de acesso aos serviços da Previdência Social em um favor prestado por políticos lo-cais, além de acrescentar ao “sindicato cidadão” mais uma opção no leque de atividades não-sindicais aos associados.

Entre os interesses das prefeituras e dos sindicatos na cele-bração dos ACTs (Acordo de Cooperação Técnica) para pres-tação dos serviços do INSS, talvez a mais evidente, é a pos-sibilidade de atender ao eleitorado do prefeito, do vereador ou do seu grupo político fortalecendo o clientelismo e o co-ronelismo, perpetuando ou criando novos currais eleitorais.

A tecnocracia não percebeu, ou se omite, quanto à limi-tada capacidade de controle do mecanismo de autenticação eletrônica (o GERID), pois o monitoramento e a identifi -cação do acesso é uma formalidade básica de segurança da informação, no entanto, a maneira como o atendimento será realizado pelo “conveniado” não está sob o alcance do INSS, sequer para a apuração de eventuais denúncias, por exemplo, sobre a cobrança pelos serviços ou quaisquer outros expe-dientes escusos.

Soa ingênuo crer no cumprimento fi el dos termos fi xados nos ACTs, pois sanções como o rompimento do Acordo são inócuos sem a fi scalização, não prevista no projeto INSS “di-gital”. A partir do momento da colocação da “plaquinha do convênio”, aquele local não se transformará em um local de atendimento por mágica, os expedientes dos “convenentes” para assimilar a demanda podem repercutir em toda sorte de irregularidades, que parecem não preocupar o mentor projeto.

A transferência das atribuições do INSS, além das citadas mazelas para o cidadão, representam um terceirização indire-ta das atividades da instituição, sob o pretexto de ampliar a capilaridade do atendimento e suprir a falta de servidores do quadro. As iminentes e volumosas aposentadorias na catego-ria, somadas à possibilidade de terceirização da atividade fi -nalística (Lei nº 13.429, de 31/03/2017), tornam os ACT’s o primeiro passo para a contratação de atendentes com vínculo precário, como aconteceu preteritamente no PMA (Progra-ma de Melhoria do Atendimento).

O Judiciário utiliza o processo eletrônico há mais de uma

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década, assim como outros órgãos que implantaram sistemas similares, sem abrir mão da execução e do controle de qual-quer etapa do processo. Chegamos novamente à conclusão de que o projeto não tem por objetivo o “digital”, mas o de-fi nhamento do INSS enquanto um órgão a serviço do traba-lhador e sua família.

3 - Teletrabalho – Instrumento extra de precarização, alienação e isolamento do trabalhador.

Na esteira do ataque neoliberal sobre o mundo do tra-balho, junto com o INSS Digital vem o Teletrabalho. Tam-bém conhecido pelo nome pomposo de “Home Offi ce” ou “Anywhere offi ce” ,trata-se de mais uma ilusão neoliberal vendida a classe trabalhadora como “vantagens imperdíveis”, mas que na verdade não passa de mais uma forma de pre-carização, da qual o trabalhador do setor público estará sob ataque enquanto estiver no poder um governo “capacho” dos interesses do grande capital.

Como ensina Denise Carneiro, coordenadora de Forma-ção Política e Políticas Públicas do Sindjufe-BA, pequenas vantagens como evitar o trânsito caótico das grandes cida-des, não precisar cumprir horário rígido, evitar a convivência com chefi as e assim evitar assédios, etc, se revelam grandes desvantagens quando se desmascaram esses argumentos, pois a economia no tempo gasto com o trânsito é utilizada para a execução de tarefas do trabalho e os custos da estrutura necessária passam a ser de responsabilidade do empregado ou servidor. O horário não é rígido, mas se revela costumeira-mente maior que a carga horária obrigatória. O afastamento das chefi as não impede a ocorrência de pressões e estabele-

cimentos de metas cada vez mais inatingíveis, o que é um dos aspectos do assédio moral. O trabalhador/servidor passa a ser apenas um número e fornecedor de números nas esta-tísticas, sem colegas, sem identidade de classe nem categoria, despersonalizando-o totalmente. É o avanço do mundo do trabalho se incorporando inexoravelmente ao espaço privado e pessoal do servidor.

Outro fator que, sob a ótica do empregador/governo ne-oliberal, é positivo, porém se revela uma verdadeira tragé-dia para o trabalhador/servidor, é o afastamento deste do seu ambiente coletivo de trabalho e seu consequente isolamento dos colegas, perdendo vínculo pessoal com estes. Jogando pe-sado contra a organização sindical dos trabalhadores, o home offi ce / teletrabalho seria uma forma engenhosa para furar e enfraquecer as mobilizações, reivindicações e greves da ca-tegoria, além de maquiar as relações de trabalho, fazendo o servidor/trabalhador ser mais explorado com a ilusão de estar sendo benefi ciado.

Defi nição:

*Regra de Negócio em um sistema de TI – Tecnologia da Informação, signifi ca programar o software para atender os conceitos das operações envolvidas na atividade a que se destina.

Bibliografi a:https://www.infoescola.com/sociologia/exclusao-digital/http://www.assumaocomando.org/inss-digitalhttps://sintrajud-sp.jusbrasil.com.br/noticias/113045852/artigo-teletrabalho-nova-forma-de-exploracao

COLETIVO AVANÇAR NAS LUTAS

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A luta por carreira e defesa dos serviços públicos remonta a história de nosso sindicato.

1983 – ainda sob a ditadura militar, proibidos de nos organi-zar em sindicato formamos a ASSEPESP. Associação que organi-zou as greves que conquistaram a jornada de 30 horas em 1983 e em 1989 conquistou o PCCS. Adiantamento à título de Plano de Cargos, Carreira e Salários. Congelado durante o governo Collor deu origem às ações judiciais que tramitam até hoje.

1988 – No processo de democratização fruto da luta de diversos setores do movimento sindical e social foi aprovado o direito de sindicalização e de greve. Foi também aprovado o sistema de Seguridade Social formado por Previdência con-tributiva, Saúde pública universal gratuita e Assistência Social para quem estivesse impossibilitado de contribuir. O sistema de Seguridade Social foi aprovado com a devida aprovação das fontes de custeio dos serviços.

A constituição de 1988 fi cou longe das reivindicações dos trabalhadores em luta no entanto foi rechaçada pela burgue-sia que desde então tenta inviabilizar as conquistas. Muitas delas dependiam de lei complementar. E na medida em que foram aprovadas vinham desmontando as conquistas. Como é o caso do direito de greve no setor público.

Outra forma de inviabilizar os direitos conquistados foi o desvio dos recursos previstos para o fi nanciamento do siste-ma de Seguridade Social. Principalmente através de meca-nismos como a desvinculação de receitas da união (DRU) que retira 30% dos recursos destinados a fi nanciar as po-líticas sociais para pagamento de juros da dívida.

1998 - FHC faz as reformas da Previdência e a Reforma Administrativa.

Estas reformas cumpriam as exigências do Consenso de Wa-shington e depois fi cou mais conhecido como neoliberalismo. Disciplina fi scalRedução dos gastos públicosReforma tributária Juros de mercadoCâmbio de mercadoAbertura comercialInvestimento estrangeiro direto, com eliminação de res-

trições

A LUTA POR CARREIRAS É A LUTA POR EMPREGO, SALÁRIO,

PROGRESSÃO E A DEFESA INTRANSIGENTE DE SERVIÇOS

PÚBLICOS DE QUALIDADE

TESE 3

Privatização das estataisDesregulamentação (afrouxamento das leis econômicas

e trabalhistas)

A Reforma Administrativa criou as categorias de Carreira Típica de Estado e Carreira NÃO Típica de Estado.

1 – CARREIRAS TÍPICAS: destinada aos setores considerados estratégicos para o Estado: Fiscalização, polícia, diplomacia, magistratura. Com ingresso por concurso público, estabilida-de e previsão de progressão salarial e funcional.

2 – CARREIRAS NÃO TÍPICAS: destinada aos setores que prestam serviço público à população: Educação, Saúde, Pre-vidência entre tantos outros. Estes serviços poderiam ser terceirizados, ou ainda precarizar contratos de trabalho e di-reitos. Previa ainda a possibilidade de demissão por insufi ci-ência de desempenho.

Aprovou ainda a forma de gestão destes serviços. Saúde seria gerenciada por OSs e OSCIPs e o INSS através de parce-rias com a sociedade civil sob o nome de agências executivas.

O projeto inicial era a privatização destes serviços. Bar-ramos a privatização direta. Porém com as novas formas de gestão, vemos hoje o SUS praticamente privatizado através da transferência de recursos públicos para o setor privado.

2001 – Após 7 anos de congelamento salarial, greves lon-gas derrotadas com desconto de salário, após 100 dias de gre-ve FHC cria a primeira gratifi cação de caráter produtivista. A GDATA. Foi exigida a opção individual para receber os valores da gratifi cação. Esta opção na prática extinguiu com o direito à paridade (aposentadoria equivalente ao último sa-lário e isonomia salarial (reajuste linear para todos os setores do serviço público federal civil e militar). À partir de então o governo FHC passa a negociar com as diversas categorias do setor público federal carreiras específi cas que de fato eram gratifi cações vinculadas à produtividade e que atendiam os interesses do governo diferenciando as gratifi cações de acordo com a perspectiva de expansão ou extinção do serviço. Ou-tro efeito foi a divisão do movimento dos trabalhadores do setor público federal que se passaram a jogar mais peso nas negociações específi cas, difi cultando a organização e a luta

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em torno de reajustes lineares de salário. O efeito é nítido na carreira do Seguro Social onde a GDASS chega próximo de 80% do vencimento bruto do trabalhador.

2003 – Após greves exigindo concurso público consegui-mos a realização de concurso pelo Regime Jurídico Único vencendo a barreira imposta pelo governo FHC com a Re-forma Administrativa.

Desde então a batalha tem sido o reconhecimento de que trabalho igual deve ter salário igual para corrigir a distorção entre técnicos e analistas criadas com o concurso.

2008 – O governo avança sobre a jornada de 30 horas e em 2012 após muita resistência dos trabalha-

dores o governo divide a categoria entre área meio com jor-nada de 40 horas e trabalhadores de APS com jornada de 30 horas sujeitos ao cumprimento das metas impostas através do REAT.

É neste cenário que estamos enfrentando este governo que após tentar e ser derrotado na Reforma da Previdência vem desmontando a estrutura da Previdência Social Pública. Uma das primeiras medidas após assumir foi extinguir o mi-nistério. E diariamente vem desmontando a autarquia INSS com a fi nalidade de impor o INSS digital e o Teletrabalho. Está em pleno andamento a terceirização das atividades atra-vés dos Acordos de Cooperação Técnica.

Neste sentido devemos organizar uma luta que atue na defesa da previdência Pública, em parceria com os setores do movimento sindical e dos movimentos sociais comprometi-dos com esta bandeira.

As carreiras não típicas de Estado são aqueles que têm um papel fundamental na execução das políticas públicas a via-bilização e o reconhecimentos dos direitos sociais dos traba-lhadores, estes fruto de um determinado período de lutas que governo após governo tenta desmontá-los. São efetivamente os trabalhadores no Estado que atuam em áreas fundamen-tais da saúde, educação, previdência, assistência social, sane-amento básico, energia elétrica, telecomunicações, correios e segurança pública.

Esses trabalhadores têm papel central, por exemplo, no controle de doenças como a dengue. O papel dos agentes de saúde para controle dos focos de proliferação e atividade dos chamados “mata-mosquitos” eram essenciais no controle de doenças. Os agentes de saúde também tem papel fundamen-tal no acompanhamento da saúde das famílias. Além das políticas de vacinação e combate a mortalidade infantil. Não é a toa que o desmonte acelerado do Estado e o fi m destes postos de trabalho ou a sua redução e terceirização têm uma relação direta com as anuais epidemias de doenças evitáveis através de ações preventivas. Também é alarmante o aumento da mortalidade infantil e o retorno do sarampo, sendo que o Brasil já havia sido considerado zona livre desta doença.

A tendência do avanço do capitalismo é transformar o que antes era direito dos trabalhadores em mercadoria. Assim se deu com a privatização das empresas públicas de água, ener-gia e telefonia. O próximo passo é a privatização dos Cor-

reios. Na saúde, como já demonstrado acima, o processo de privatização já está avançado, tendo o SUS se transformado num verdadeiro balcão de negócios para diversas entidades interessadas em altos lucros.

Portanto, o fi m de diversas carreiras não típicas de Estado está diretamente inserido na lógica de ataque do capital con-tra os direitos os trabalhadores e o processo de cada vez mais transformar direitos em mercadorias. E mercadorias têm o objetivo de gerar lucro para quem as vendem, assim cada vez mais os direitos são para quem paga por eles. Para os tra-balhadores desses setores, isso signifi ca a implementação de medidas típicas de intensifi cação do trabalho, precariedade dos vínculos empregatícios, rebaixamento dos salários, pres-são por metas de produtividade. A restruturação produtiva chega ao Estado na forma de uma reforma administrativa, com a imposição de métodos de organização e exploração do trabalho, típicos de empresas privadas, com a fi nalidade última de maximizar os lucros.

Os trabalhadores na Saúde viveram e sentiram na carne esse processo que no INSS conseguimos barrar em alguns momentos durante os últimos anos através das lutas orga-nizadas da categoria. Porém, hoje de forma acelerada o Go-verno impõem novas medidas como o INSS Digital e o Te-letrabalho, além de fechar diversos convênios com entidades para prestarem atendimento aos segurados. Isso sem falar nas centrais de teleatendimento 135 e o número cada vez maior de estagiários nas APS que paulatinamente estão executando as tarefas dos trabalhadores concursados de carreira.

O governo, desta forma, executa medidas que cada vez mais esvaziam as atribuições dos trabalhadores de carreira do Instituto, repassando as mesmas para órgãos terceirizados que lucram com isso e ainda parte do trabalho sendo realiza-do por trabalhadores que têm um salário 20 vezes menor que o de um trabalhador concursado.

Recentemente num evento em Brasília o atual presidente do INSS afi rmou que difi cilmente as pessoas vão aos ban-cos pagar contas e que esse seria o futuro do INSS com a disponibilização dos serviços na via digital. Porém, o que o presidente esqueceu de falar é que os atendimentos antes re-alizados pelos bancários (categoria essa de trabalhadores que já foi uma das mais organizadas e combativas) hoje é rea-lizado pelas casas lotéricas, supermercados e lojas. Ou seja, os bancos terceirizaram parte de seus serviços que hoje são executados em boa parte por trabalhadores contratados em condições precárias.

Para os trabalhadores do setor bancário isso foi devasta-dor. O número de trabalhadores caiu para menos da metade, houve rebaixamento dos salários, aumento do lucro dos ban-cos em mais de 500 % nos últimos anos e uma explosão no adoecimento e suicídios. Pois bem, esse é o futuro que nos espera no INSS com a implementação de medidas como o Digital, convênios de terceirização e o teletrabalho.

Não há como ter ilusões de que essas medidas e novos métodos de trabalho irão propiciar a possibilidade de valo-

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rização da Carreira do Seguro Social ou que a mesma seja equiparada a carreira típica do Estado. Trata-se na verdade de desmonte do Estado na sua função de garantir os direitos dos trabalhadores. Portanto, qualquer luta por carreira deve passar necessariamente pela luta por direitos e ampliação dos serviços públicos. Ela deverá ser feita em conjunto com a classe trabalhadora seja nas empresas privadas ou no Estado.

Nessa seara, deslocando tal proposta para o contexto atu-al, como fi cam os (as) servidores(as) que se inseriram na car-reira com requisito de ensino médio? Além de não termos os dados precisos do quantitativo de servidores(as) com o cargo de técnico do seguro social e que possuem escolaridade de ní-vel superior, sabe-se que a quantidade desses servidores(as) é de 25.577, ou seja, 73% dos(as) trabalhadores(as) do seguro social, de imediato, já sinaliza-se que a possibilidade de trans-por para carreira de nível médio para superior, trata-se de uma falácia, visto as defi nições de ações judiciais referente ao tema com o entendimento de ação de inconstitucionalidade, conforme ementas abaixo:

Ementa: “Ação Direta de Inconstitucionali-dade. Ascensão ou acesso, transferência e aprovei-tamento no tocante a cargos ou empregos públicos. - O critério do mérito aferível por concurso público de provas ou de provas e títulos e, no atual sistema constitucional, ressalvados os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração, indispensável para cargo ou emprego público isolado ou em carreira. para o isolado, em qualquer hipóte-se; para o em carreira, para o ingresso nela, que só se fará na classe inicial e pelo concurso público de pro-vas ou de provas títulos, não o sendo, porém, para os cargos subsequentes que nela se escalonam até o fi nal dela, pois, para estes, a investidura se fará pela forma de provimento que e a "promoção". Estão, pois, banidas das formas de investidura admi-tidas pela constituição a ascensão e a transfe-rência, que são formas de ingresso em carreira diversa daquela para a qual o servidor públi-co ingressou por concurso, e que não são, por isso mesmo, ínsitas ao sistema de provimento em carreira, ao contrário do que sucede com a promoção, sem a qual obviamente não haverá carreira, mas, sim, uma sucessão ascendente de cargos isolados. - o inciso II do artigo 37 da Constituição Federal também não permite o "apro-veitamento", uma vez que, nesse caso, há igualmen-te o ingresso em outra carreira sem o concurso exi-gido pelo mencionado dispositivo. Ação Direta de Inconstitucionalidade que se julga procedente para declarar inconstitucionais os artigos 77 e 80 do ato das disposições constitucionais transitórias do Estado do Rio de Janeiro.” (STF. Tribunal Pleno. ADI-231 / RJ. Rel. Min. Moreira Alves. DJ. 13.11.92)

Ementa:“Relevância jurídica da arguição de in-constitucionalidade, perante o art. 37, II, da Carta Federal, da previsão de provimento derivado, a título de ascensão funcional, quando impropriamente consi-derada, como integrada, na mesma carreira, a série de cargos superiores, a ser preenchida com preterição da exigência de concurso público. Medida cautelar deferi-da.” ((STF. Tribunal Pleno. ADIMC-1345 / ES. Rel. Min. Octavio Gallotti. DJ. 20.09.95)

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDA-DE. DISPOSITIVOS DAS LEIS COMPLEMENTARES 78/1993 E 90/1993 DO ESTADO DE SANTA CATARINA E DA RESOLUÇÃO 40/1992 DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Inadmissibilidade, à luz da Constituição de 1988, de formas derivadas de in-vestidura em cargos públicos. Inconstitucionalidade de normas estaduais que preveem hipóteses de progressão funcional por acesso, transposição (em modalidade individual, diversa das exceções admitidas pela juris-prudência do STF), enquadramento a partir de esta-bilidade não decorrente de investidura por concurso público, acesso por seleção interna, transferência entre quadros e enquadramento por correção de disfunção relativamente ao nível de escolaridade do servidor. Ação prejudicada em parte, em decorrência da revoga-ção de dispositivos atacados. Ação procedente na parte restante, para se declarar a inconstitucionalidade do art. 12, caput e § 1º, § 2º e § 3º, da Lei Complemen-tar estadual 78/1993 e do inciso II, § 2º e § 3º do art. 17 da Resolução 40/1992 da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. (STF, ADI 951 / SC - Santa Catarina, Ação Direta De Inconstitucionali-dade, Relator(a): Min. Joaquim Barbosa, Julgamento: 18/11/2004, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publi-cação DJ 29-04-2005 PP-00007, EMENT VOL-02189-01 PP-00094, LEXSTF v. 27, n. 318, 2005, p. 26-39)

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. LEIS 2.875/04 E 2.917/04, DO ESTADO DO AMAZO-NAS. COMISSÁRIO DE POLÍCIA. CARGO DE NATUREZA ISOLADA. TRANSFORMAÇÃO, APÓS POUCO MAIS DE TRÊS ANOS, EM CARGOS DE DELEGADO DE POLÍCIA. QUE-BRA DE HIERARQUIA FUNCIONAL. BURLA AO CONCURSO PÚBLICO CARACTERIZADA. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. As leis estaduais impugnadas equipararam (Lei 2.875/04) e, logo após, transformaram (Lei 2.917/04) em delegados de polícia 124 cargos isolados de comissá-rios de polícia, que haviam sido criados em 2001 com remuneração bastante inferior à daquele primeiro car-go e sem perspectiva de progressão funcional. 2. A for-ma pela qual foi conduzido o rearranjo administrativo revela que houve, de fato, burla ao postulado do con-

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curso público, mediante o favorecimento de agentes públicos alçados por via legislativa a cargo de maior responsabilidade do que aquele para o qual foram eles aprovados em concurso. Não se verifi cou, no caso, um gradual processo de sincretismo entre os cargos, se-não que uma abrupta reformulação da condição dos comissários de polícia, que em menos de três anos dei-xaram de ter suas características originais para passar a um cargo organizado em carreira. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. (STF, ADI 3415, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 24/09/2015, ACÓR-DÃO ELETRÔNICO DJe-249 DIVULG 10-12-2015 PUBLIC 11-12-2015).

"Em síntese, aduz o requerente que os dispositi-vos impugnados são inconstitucionais, por violarem o princípio do concurso público (...). (...). (...) as normas impugnadas autorizam a transposição de servidores do Sistema Financeiro BANDERN e do Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte S.A - BDRN para órgãos ou entidades da Adminis-tração Direta, autárquica e fundacional do mesmo Estado (...). 3. A jurisprudência desta Corte é fi r-me no sentido da inconstitucionalidade das normas que permitem a investidura em cargos ou empregos públicos diversos daqueles para os quais se prestou concurso. (...) 5. Vale ressaltar que os dispositivos im-pugnados não se enquadram na exceção à regra do concurso público, visto que não tratam de provimen-to de cargos em comissão, nem contratação por tempo determinado para suprir necessidade temporária de excepcional interesse público. 6. Portanto, a transfe-rência de servidores para cargos diferentes daqueles nos quais ingressaram através de concurso público, demonstra clara afronta ao postulado constitucional do concurso público." (STF, ADI 3552, Relator Mi-nistro Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgamento em 17.3.2016, DJe de 14.4.2016)

Vale à pena, neste passo, ressaltar o relato de Celso Anto-nio Bandeira de Mello, segundo o qual:

“... a exigência de formas de provimento deriva-das, de modo algum signifi ca abertura para costear-se o sentido próprio do concurso público. Como este é sempre específi co, para dado cargo, inserto em carreira certa, quem nele se investiu não pode depois, sem novo concurso público, ser transla-dado para cargo de carreira diversa ou de outra carreira melhor redistribuída ou de encargos mais nobres ou elevados”.(Regime Constitucional dos Servidores da Administração Direta e Indireta, RT, 1990, p.45.).

Ademais, esse debate de transpor para cargo que não foi exigência prévia de concurso público, já é tratado também inconstitucional, matéria da ADI - 5391 - Supremo Tribu-nal Federal proposta pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, conforme segue:

Trata-se de ação direta de inconstitucionalida-de, com pedido de medida cautelar, proposta pela ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL - UNAFISCO NACIONAL, contra o art. 5º da Lei nº 10.593/2002, que, na redação que lhe foi dada pelo art. 9º da Lei 11.457 de 2007, cria a carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil, composta pelos cargos de nível superior de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil, reestruturando a carreira de Auditoria da Receita Federal – ARF. O autor defende a inconstitu-cionalidade da norma atacada por integrar, na mes-ma carreira, os cargos distintos de Auditor Fiscal da Receita Federal e de Analista Tributário da Receita Federal, em afronta à exigência da prévia aprova-ção em concurso público para investidura em cargo público (art. 37, II, da Lei Maior) e aos princí-pios da legalidade, da moralidade e da efi ciência administrativa consagrados no art. 37, caput, da Constituição da República.

Diante de tais pronunciamentos jurídicos, não se pode tomar direções ilusionarias, precisamos construir propostas consistentes e concretas que possam contribuir com melhores condições de trabalho, valorização dos (as) servidores(as) e melhores remunerações para o seguro social, bem como a defe-sa intransigente dos direitos sociais dos(as) trabalhadores(as).

Buscaremos saídas individuais ou lutaremos pela Previ-dência Social Pública e consequentemente a manutenção do nosso trabalho? Não podemos ser utópicos nesse momento e priorizar a construção de carreiras de Estado, proposta ali-nhada a direção neoliberal ocorrida nos anos 90, conforme já exposto. Evidencia-se e ainda, que tal proposta vem sendo centro de reivindicações de uma categoria elitizada do INSS, que por meio da sua associação, que se uniu com a gestão do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e assumiu o compromisso com o grande capital fi nanceiro e tem inserido medidas que já realizam uma contrarreforma administrativa na previdência com cortes exorbitantes de benefícios e mes-mo com essa aliança até o momento não tiveram êxito em suas propostas.

Se analisarmos o contexto do INSS e seus impactos refe-rentes ao acesso da população aos seus direitos instaurados desde a implantação dessas novas modalidades ditas como a “modernização e tecnologização” dos serviços, observaremos o alto índice de morosidade na conclusão dos processos, au-mento de indeferimentos, aumento exorbitante de insuces-sos, além de fechamentos das agências nas mais diversas loca-

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lidades do país, dentro outros fatores. Ou seja, a perspectiva é a diminuição e limitação de acesso aos benefícios previden-ciários, foco em processos de revisões, alterando bruscamente a perspectiva de reconhecimento de direito e a transformação do servidores(as) em fi scais de benefícios.

Nossas palavras de ordem: servidor valorizado, serviço público de qualidade nunca fi zeram tanto sentido.

DEFENDEMOS:

Recomposição do Ministério da Previdência.

Concurso público como forma de acesso ao serviço

público de forma democrática. Não nos compete na con-dição de trabalhadores estabelecer cláusulas de barreiras. Não se coloca no horizonte do governo tornar a Previdên-cia Pública um setor estratégico, portanto sujeito à condi-ção de Carreira Típica de Estado.

Defi nição de atribuições que contemplem técnicos e analistas.

Incorporação das gratifi cações.

Progressão por tempo de serviço.

Progressão por titulação e qualifi cação profi ssional.

COLETIVO SINSPREV PELA BASE

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TESE 4VENCEREMOS SE NÃO TIVERMOS DESAPRENDIDO A APRENDER.

SEMPRE!“Não estamos perdidos. Pelo contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender”. Rosa Luxemburgo LUXEMBURGO, R., A crise da social democracia. Rosa Luxemburgo (1871-1919) foi uma revolucionária e teóri-ca marxista polonesa, naturalizada alemã.

I - INTRODUÇÃO

Somos um grupo de servidores, que atualmente tem re-presentação minoritária na Direção do Sinsprev e somos co-nhecidos como: Vamos pela Base.

Queremos com esse texto, continuar o debate amplo e fraterno da atualidade e do futuro dos servidores da Carreira do Seguro Social, sejam eles ativos ou aposentados, afi nal ain-da somos todos aposentáveis.

2 – INSS DIGITAL E TELETRABALHO: APENAS UMA REVOLU-ÇÃO TECNOLÓGICA?

Atualmente nosso trabalho está assentado sob uma lógi-ca produtivista. Temos nossa remuneração e nossa jornada totalmente vinculadas ao volume de trabalho e à velocidade com que damos conta de fazê-lo, ignorando que a demanda é muito superior à força de trabalho existente.

Com uma categoria envelhecendo, com muitos já aposen-táveis, sem perspectiva de novos concursos e em uma dinâmi-ca de trabalho alienante e desgastante, adoecemos e sofremos cotidianamente com ritmos cada vez mais inatingíveis.

Qual tecnologia? Para o mercado ou para a sociedade?

Entrevista com Ricardo Antunes https://www.youtube.com/watch?v=_dSRr4mQiJE

O gerenciamento digital possibilitará a demanda de trabalho ser direcionada para os locais onde há força de trabalho “disponível”, sem que o servidor se desloque para onde há a demanda maior. (Portal INSS, 2017).

Temos acompanhado as mudanças mais diversas dentro do INSS, e cada vez que muda o governo, e com isso a gestão, ou com as “negociações de cargos” em diversos escalões, esses vem com “ideias mirabolantes” para salvar o mau funciona-mento do INSS, sem pensar no mais básico: falta de servido-res e falta de estrutura. Com o governo golpista intensifi ca essa lógica com novos sistemas digitais, com o glamuroso te-letrabalho e com INSS Digital. E isso, sem apresentar saídas reais para os problemas de infraestrutura, falta de pessoal e todas as limitações conhecidas, abrindo caminho para tercei-rização e consequente destruição da carreira e de quaisquer possibilidades de valorização.

Como já vemos, um dos primeiros sinais de precarização que o projeto INSS “digital” está causando é o crescimen-to do represamento de processos pendentes de análise, pois, com ampliação das fontes de requerimentos, o engavetamen-to será virtual.

Os Acordos de Cooperação Técnica são a porta de entrada para a terceirização da atividade fi nalística do INSS, combi-nado com a transformação do direito de acesso aos serviços da Previdência Social em um favor prestado pelas ONGs, sindicatos, Associações, OAB, Prefeituras e outros, podendo transformar o INSS num banco de clientelismo. A transfe-rência das atribuições do Instituto, além das citadas mazelas para o cidadão, representam uma terceirização indireta das atividades da instituição, sob o pretexto de ampliar a capilari-dade do atendimento e suprir a falta de servidores do quadro.

Ainda vemos nesse quadro a difi culdade de acesso do cidadão mais humilde e mais distante dos centros urbanos. Segundo o IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Do-micílios contínua – PNAD – C (2017), 64,7% dos cidadãos brasileiros acima de 10 anos tem acesso a Internet, mas quan-do separamos por região, esses números fi cam bem diferen-tes, mostrando que as regiões mais carentes e longe de cen-tros urbanos, o acesso é bem menor. O Brasil padece de uma política pública de inclusão digital efi ciente, que na abertura de capital ao mercado internacional, coube a este criar condi-ções de expansão dos seus serviços e o relativo barateamento dos mesmos.

Ainda temos, segundo dados da pesquisa, TIC Domi-

Foram tão intensas as modifi cações, que se pode afi rmar que a classe-que-vive-do-trabalho sobrevive a mais aguda crise deste século, que atinge não só sua materialidade, mas teve pro-fundas repercussões na sua subjetividade e, no íntimo inter-relacionamento destes níveis, afe-tou a sua forma de ser. (Antunes, R. 1995)

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cílios e Empresas, (Brasil, 2015) disponível no relatório do Tribunal de Contas da União 2015, o acesso à internet está disponível em apenas 48% dos domicílios urbanos, e em ape-nas 15% na zona rural. Nesse estudo também são apontadas diferenças regionais relevantes: enquanto nas regiões Sul e Sudeste 51% dos domicílios têm acesso, nas regiões Norte e Nordeste esse número é, respectivamente, 26% e 30%. E quanto à renda familiar, foi identifi cado que 91% das famí-lias com renda acima de dez salários mínimos têm acesso à internet, enquanto nas famílias com renda inferior a um salá-rio esse número cairia para apenas 11%.

Chegamos novamente à conclusão de que o projeto não tem por objetivo o “digital”, mas o defi nhamento do INSS enquanto um órgão a serviço do trabalhador.

O capital diante das ameaças de limitação das taxas de lucros se vê compelido a buscar alternativas para a crise, uma delas é a revolução tecnológica, apostada como estratégia para recomposição dos seus lucros, atingindo diretamente a classe trabalhadora. Considerada como a última grande revo-lução tecnológica, forjada pelo modo de produção capitalista, a revolução das redes informacionais ou tecnologias de infor-mação e comunicação (TICs) instauram a “Quarta Idade da Máquina”. Nesta revolução os sistemas ciberespaços combi-nam máquinas com processos digitais, redes interativas ou controlativa de produção e reprodução social. (Alves, 2011).

Sabendo da expectativa gerada com o teletrabalho, a ad-ministração central certamente tentará arrancar o máximo da “produtividade”, pois terá a vida do servidor ao seu alcance para empurrar qualquer meta, pois não há transparência na implantação desse processo de trabalho e qual tamanho de recursos humanos necessário para demanda. Assim como foi na fi la virtual com os agendamentos eletrônicos, e com a di-minuição do quadro, será mais impositivo na exigência da produção.

Outras questões importante que envolvem o trabalho na sua própria residência, pois temos que entender como vai funcionar o envolvimento da família nesse contexto. As mulheres, maioria da nossa categoria, acabam sendo as mais prejudicadas, pois em uma sociedade como a nossa, onde a mulher tem jornada tripla, fi cará dividindo seus dias e noites entre os afazeres domésticos, familiares e do trabalho.

Temos que entender que esta estratégia corrói o próprio poder de mobilização da categoria, afeta o descanso do ser-vidor (já que ele trabalhará por muito mais tempo do que se estivesse no local de trabalho) e pode afetar sua saúde se ele não tiver o perfi l para tal e não suportar as cobranças. E nos dividindo mais ainda, aqueles que trabalham na área meio com teletrabalho, entre os que não estão, nas APSs os que atendem, os que estão nos centros de concessão, e os que es-tão no teletrabalho, afetando o nosso diálogo e organização.

Devemos nos lembrar que os projetos de saúde para o servidor são muito precários sem o efetivo funcionamento do SIASS (atualmente suspenso dentro do INSS) reduzindo os serviços de saúde do servidor apenas à perícia médica é não

ter uma visão de prevenção e promoção de saúde.Essa administração, não muito diferente das anteriores, é

incapaz de garantir segurança e sucesso, desconhece as con-dições de nossas agências, não tem compromisso verdadei-ro com a missão da instituição e está cada vez mais sendo aparelhada com pessoas vindas de fora e que desconhecem completamente a casa.

O INSS se dirige aos servidores como que lançando fl o-res de “valorização” e “fl exibilidade”, aliadas à promessa de esvaziamento das agências e afastamento do público segura-do, encontrando assim ressonância em muitos colegas. Não percebem que estão caminhando para a perda da própria identidade. Caminho este, que muitas outras categorias já trilharam, marchando, na verdade, para o desemprego, para a terceirização e para a superexploração.

Como exemplifi ca Ricardo Antunes (1995) a fragmenta-ção, complexifi cação e heterogeneização da classe trabalha-dora; qualifi cação e desqualifi cação do trabalho; desemprego estrutural; incremento do trabalho feminino e o trabalho precário, temporário, parcial, subcontratado e terceirizado. O resultado destas transformações é a constituição de uma classe trabalhadora cada vez mais complexa e heterogênea. E nesse contexto também estamos inseridos, pois não traba-lhamos sozinhos, temos os terceirizados em trabalhos menos valorizados.

Estamos vivendo também uma crise do movimento sin-dical. Um indicativo da crise dos sindicatos constitui-se na tendência da queda à taxa de sindicalização. Juntamente com esta tendência um outro fator que evidencia a crise do movi-mento sindical, seria a difi culdade de superar a distância en-tre os trabalhadores estáveis e os trabalhadores terceirizados, temporários, subcontratados, sendo representados por vários sindicatos, sendo muitos deles apenas de fachada.

Precisamos nos apropriar das mudanças no nosso insti-tuto, sendo protagonistas nessa transição, não somos contra a novas tecnologias e melhorias dos processos de trabalho e atendimento, mas somos nós principalmente que temos acú-mulo das necessidades do instituto, e a categoria precisa estar unida nesse processo, sendo que o sindicato tem um papel fundamental nessa organização.

Também entendemos ser importante a discussão sobre o impacto do INSS Digital sobre a população atendida, que muitas vezes já nem tem acesso à informação. Impõe-se, portanto, a necessidade de debate, no âmbito sindical, sobre outra forma de exclusão social a se apresentar em nosso país (dentre tantas outras formas de exclusão que identifi camos): a exclusão digital, temos que ser porta-vozes dessa denúncia do que estão fazendo em nosso instituto, como não conse-guiu passar por enquanto a Reforma da Previdência retirando direitos e acesso, faz essa por dentro, difi cultando o reconhe-cimento do direito. Não podemos aceitar o fechamento de agências e a restrição do atendimento, esse deve ser ofertado tanto no digital como no presencial sendo esses com qua-lidade. Vivemos em um mundo onde não se pode apenas

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quantifi car dados, e sim deve se qualifi car e humanizar o atendimento.

Considera-se que refl etir com os trabalhadores da previ-dência social os condicionantes do mundo do trabalho per-mitirá uma primeira aproximação analítica, à luz de um rigor científi co, as estratégias e alternativas de atuação encontradas, fortalecendo a categoria profi ssional para um debate na pers-pectiva histórica crítica, o que na cotidianidade a tendência é permanecer no imediatismo pela avalanche de demandas e metas que permeia a lógica produtivista, tensionado pelas normas e mandos institucionais.

3 – CARREIRA E A CONJUNTURA POLITICA

Contextualizamos acima, as atuais mudanças no INSS e os perigos que ela traz, mas não podemos deixar de lado a conjuntura política e o que ela acarreta no nosso trabalho e carreira.

O Brasil, em 1995, foi o primeiro país depois da Ingla-terra em meio a essa onda neoliberal iniciar a Reforma Ge-rencial do Estado, buscando efi ciência e a distinção entre atividades exclusivas do Estado, que envolvem poder de Estado, e as atividades não exclusivas que devem ser re-alizadas por organizações públicas não estatais. Essas orga-nizações sociais garantem uma fl exibilidade e uma efi ciência administrativa maior. É nesse diapasão que o Estado tenta incutir que efi ciência está na revolução informacional, como que o acesso se resumisse em ofertar os serviços públicos via canais remotos de comunicação.

Nesse governo, que pegou o país de assalto, e com a grande possibilidade de haver uma continuidade do mesmo, ou até piorar, se o próximo presidente for do conhecido “centrão” ou da “direita”, o projeto de estado mínimo irá aprofundar, e com isso a possibilidade de valorização ou até da existência da carreira chegar ao fi m, podendo com o fi m do INSS sermos redistribuídos ou cedidos, como é o caso dos servidores do EX-INAMPS, e mais atualmente da INFRAERO.

Garantir nossa carreira seria uma chance de evitar o mes-mo futuro dos servidores do EX-INAMPS por exemplo.

Não temos a formula para a nossa saída, mas entendemos que a unidade, o conhecimento, e principalmente a luta, é que serão capazes de intervir de verdade nesse processo, por-tanto construir um calendário de lutas, de médio e longo prazo, factíveis e construído com a categoria.

Temos também o pressuposto de que qualquer que seja a saída, em nenhum nível esta poderá privar direitos à popu-lação.

Entendemos que é importante a categoria ter conhe-cimento que a conjuntura política, e com isso as próximas eleições, tem papel fundamental no nosso futuro. Precisamos conhecer os candidatos, entender a diferença daqueles que defendem o serviço publico e de qualidade daqueles que que-rem destruir o nosso instituto e se possível provocarmos para evidenciar a posição de cada um neste período.

Acreditamos que qualquer proposta deve ser honesta e apresentar os riscos que cada caminho escolhido tem.

Lutar contra a reforma da Previdência, fortalecer o INSS e atendimento ao cidadão, é primordial para mantermos e melhorarmos a nossa carreira.

Por fi m, diante dos novos desafi os postos pela realidade complexa e instigante desse nosso tempo atual, acreditamos que ousar é uma das premissas para a construção do conhe-cimento crítico, sendo um processo a ser percorrido diaria-mente.

4 - PROPOMOS:

Exigir maior transparência da direção do INSS e rei-vindicar participação de todos nós neste processo de "mo-dernização", principalmente ao que se refere ao teletrabalho;

Garantir em nossa carreira carga horária de 30 horas para todos, a priorização da educação em detrimento da ava-liação individual de desempenho bem como a formação e a valorização de gestores;

Eleições para os cargos de chefi a das APSs e setores da areia meio;

Que desse debate de carreira saia indicativos de luta para o próximo período;

Seja resgatado o estudo da Fenasps de 2006, atuali-zando para a nossa realidade atual Link: http://fenasps.org.br/images/stories/pdf/carreira.seguro/cartilha.carreira.ju-nho_2006.pdf

Seja resgatado os trabalhos produzidos nos GTs de car-reira dentro do âmbito do INSS e MPS, e com base nestes materiais e mais outros estudos e experiências que vivemos, assim como o entendimento da atual conjuntura, produzir-mos um novo material para ser distribuído e debatido em todo o país. LINKS: http://fenasps.org.br/images/stories/pdf/carreira.seguro/proposta.estrutura.carreira.seguro_no-vembro.2015.pdf

http://fenasps.org.br/images/stories/pdf/carreira.seguro/rela.fi nal.gt.carreira.seguro_julho.2011.pdf

Procurarmos os candidatos ao parlamento e presiden-ciáveis e apresentar nossa demanda, pedindo compromisso com a defesa da Previdência e do INSS, e do nosso plano de carreira.

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-refl exão

Paulo Freire

UM BOM SEMINÁRIO A TODOS!!

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5 - BIBLIOGRAFIA

Alves, Giovanni Antonio Pinto. Terceirização e capitalis-mo no Brasil: Um par perfeito. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, v. 80, n. 3, p. 90, 2014.

Antunes, Ricardo, Adeus ao trabalho? Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho, São Paulo, Ed. da Unicamp/ Cortez, 1995, 155 pp.Antunes, Ricardo; Braga, Ruy. Infoproletarios : Degradação

real do trabalho virtual. Boitempo Editorial, 23 de out de 2015 - 256 páginashttps://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domici-lios.html?edicao=9128https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/fi le/fi leDownload.jsp?fi leId=8A8182A152CCF4020152EAEB3E525F1Fwww.inss.gov.br

VAMOS PELA BASE

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