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INFORMATIVO n.11 junho de 2015

SMA - Informativo 11, junho de 2015

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Informativo n. 11, edição de junho de 2015 do escritório Schaun Monks Advogados

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INFORMATIVO

n.11 junho de 2015

| INFORMAT IVO SCHAUN MONKS ADVOGADOS

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| ARTIGO

Aspectos relevantes sobre o Projeto de Lei n. 4.330/2004, o PL da terceirização

Apresentado no ano de 2004 e aprovado pela Câmara dos Deputados em abril deste ano o Proje-to de Lei n. 4.330/2004 tem sido motivo de acalo-radas discussões na sociedade brasileira enquanto aguarda sua final apreciação pelo Senado. Inicial-mente proposto com o objetivo de suprir a lacuna legal que diz respeito à terceirização das atividades no Brasil – que no cenário atual apenas encon-tra diretriz no entendimento sumulado do Tribu-nal Superior do Trabalho – o PL da Terceirização pretende implementar a viabilidade de terceirizar-se qualquer atividade empresarial, inclusive sua atividade-fim.

Entretanto, para aclarar a questão, é necessário que analisemos brevemente como a terceirização se dá em nosso cenário: uma empresa contrata um trabalhador para prestar seus serviços a uma segunda empresa (tomadora). A tomadora se ben-eficia da mão de obra do trabalhador mas não cria vínculo de emprego com ele, pois a empresa-con-tratante se põe entre ambos.

No futuro, caso o projeto passe pelo crivo do Senado, os empregados terceirizados não serão vinculados ao local onde trabalharem e não serão considerados empregados da empresa ou do ente

público onde atuarem. Como exemplo elucidativo cita-se casos como o de um frigorífico ao terceirizar o abate e a desossa, o da agropecuária no preparo do solo, plantio, colheita ou manejo do gado e até mesmo no caso da construtora que poderá trans-ferir a outras empresas o encargo da construção da fundação de um prédio ou o levantamento de paredes.

Sobre os efeitos que essa inovação poderá trazer à sociedade surgem opiniões divergentes e diametralmente opostas: a iniciativa privada per-cebe o ordenamento trabalhista vigente como um entrave que obstaculiza o desenvolvimento de suas atividades; os trabalhadores, sindicatos e grande parte dos juristas, por sua vez, entendem que a terceirização representa verdadeiro retrocesso à organização do trabalho.

Aqueles que defendem a terceirização levantam argumentos em torno do crescimento econômico do país e da simplificação das normas do trabalho, dentre os quais mais aplaudidos estão a redução de custos e a maximização provenientes do corte de despesas com direitos trabalhistas e salários mais baixos.

Ademais, exaltam que o novo regramento pos-sui pontos de proteção ao trabalhador como a cláusula anticalote (cujo teor obriga a empresa que fornece os serviços ou produtos a outras empre-sas a reservar 4% sobre o valor do contrato para garantir o cumprimento dos direitos trabalhistas e previdenciários dos terceirizados) e a cláusula antipejota (que proclama não poder haver vínculo empregatício entre a contratante e o terceirizado a fim de inibir o que inibe a prática conhecida como “pejotização”).

Já os opositores ao projeto – dentre eles, 35 de-sembargadores do TRT da 4ª Região que no último dia 22 assinaram documento expressando repúdio ao PL 4.330/2004 – entendem que a alteração rep-

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resenta grave retrocesso social em relação aos di-reitos conquistados pelos trabalhadores. Para eles o trabalho terceirizado aumentará a discriminação dentro do ambiente laboral e o esvaziamento dos direitos fundamentais, fazendo com que as empre-sas preferiram realizar seus objetivos econômicos exclusivamente através de trabalhadores terceiri-zados, o que aumentará o desemprego.

Nessa toada, embasados nos dados colhidos pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho de que 4 em cada 5 mortes por acidente de trabalho no Brasil ocorrem com empregados de empresas terceirizadas e em cada 10 acidentes de trabalho 8 ocorrem em empresas que utilizam mão de obra terceirizada, pregam que a terceirização aumentará o número de acidentes de trabalho e fará com que haja uma desmedida busca por benefícios previdenciários.

Defronte estes pontos de vista, é manifesto que o projeto da terceirização responde aos anseios da classe empresária que há muito clama por segu-rança jurídica, redução de custos e maior flexibili-zação da lei trabalhista. Todavia, também mostra-se notório que rumo a esses objetivos viola uma expressiva quantidade de princípios trabalhistas fundamentais como o da igualdade, do valor social do trabalho e até mesmo da dignidade da pessoa humana. Nesse desenlace parece óbvio que ampli-ar as possibilidades de crescimento das empresas é tão importante quanto impedir o retrocesso dos direitos dos trabalhadores, razão pela qual se sus-tenta que o ideal entre iniciativa privada e classe trabalhadora passa impreterivelmente pela análise

exaustiva e madura das nuances da problemática da terceirização no Brasil.

MARIANA M. SCHAUNAdvogada, sócia do escritório

Schaun Monks Advogados-

[email protected]

“O projeto da terceirização responde aos anseios da

classe empresária que há muito clama por segurança

jurídica.”

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assessoria.

O chefe do Departamento de Suporte e Controle Operacional da Área de Operações Indiretas do BNDES, Edson Moret, desta-cou, em entrevista à Agência Brasil, que a grande vantagem para as micro, pequenas e mé-dias empresas é facilitar o acesso para soluções tecnológicas “que, na verdade, vão gerar uma ino-vação lá na frente”.

Moret acrescentou que como o produto é distribuído via agentes financeiros credenciados do ban-co, “há facilidade para as micro, pequenas e médias empresas acessarem esses financiamentos, porque é muito difícil acessarem o BNDES no Rio de Janeiro”. Ele ressaltou que esse produto pode ser acessado nas agências bancárias de qualquer cidade do Brasil. “A capilaridade é muito maior, para que os pequenos empresários possam acessar e, naturalmente, fazer inovações”.

O novo produto tem taxa de juros composta de Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), praticada pelo BNDES em suas operações e da ordem de 6% ao ano até junho, mais 1,5% mais 0,1% de custo de intermediação finan-ceira. Essas condições valem para micro, pequenas e médias empresas. Para empresas mé-dias-grandes e grandes empre-sas, a taxa é TJLP mais 1,2%

| NOTÍCIASFinanciamento do BNDES vai permitir empresas melhorar seus produtos

Não incidem tributos de importação sobre mercadoria objeto de perdimento

Financiamento do BNDES vai permitir empresas melhorar seus produtos

As empresas brasileiras de qualquer porte terão, a partir de agora, mais facilidade para ter acesso às soluções tecnológi-cas que poderão melhorar seus produtos. Isso poderá ser feito por meio de uma nova modali-dade de financiamento lançado no último dia 4 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): o BNDES Soluções Tecnológicas.

O banco informou, por meio da assessoria de imprensa, que poderão ser financiados testes, ensaios, certificações, modifi-cações de layout para melhoria do processo organizacional, trei-namentos para o usuário final da tecnologia, entre outros itens. Já o financiamento à pesquisa e desenvolvimento de novas tecno-logias não serão objeto da nova linha de crédito, porque contam com outros instrumentos de apoio da instituição, esclareceu a

mais 0,5% de intermediação financeira.

O prazo de amortização máxi-mo será de 60 meses, incluindo 24 meses de carência. A partici-pação máxima do BNDES é de 70% dos itens financiáveis para MPMEs e de 50% para médias-grandes e grandes empresas.

O BNDES Soluções Tecnológi-cas será operado via rede de agentes bancários credenciada do banco. No momento, estão sendo credenciados fornece-dores públicos e privados, que poderão divulgar suas soluções no portal www.bndes.gov.br/solucoestecnologicas.

Fonte: Agência Brasil

Não há incidência do Imposto de Importação nem da con-tribuição para o PIS/Cofins quan-do o Fisco tiver decretado o per-dimento das mercadorias. Assim, a 20ª Vara Federal de Curitiba condenou a União a devolver os valores recolhidos indevidamente por uma empresa que teve a pena aplicada pelo Fisco por ir-regularidades na importação.

Os valores restituídos serão

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atualizados pela taxa Selic desde a data dos recolhimentos indevi-dos. A importadora foi represen-tada pelo advogado Julio Cesar Cardoso da Silva, da banca JCS Advocacia.

A juíza Ana Beatriz da Luz Pal-ombo esclareceu que o fato de ter sido aplicada a pena de per-dimento não afasta, por si só, a cobrança de tributos. É que esta ocorre, a princípio, independ-entemente de desdobramentos posteriores, como preceitua o artigo 118 do Código Tributário Nacional. Assim, seria preciso avaliar individualmente a regra de incidência de cada tributo, para verificar se ocorrido ou não o ‘’fato imponível’’.

Com relação ao Imposto de Importação, destacou, o artigo 19 do CTN diz que o fato gera-dor é a entrada da mercadoria no território nacional. Logo, numa primeira análise, estaria configu-rado o fato gerador. Contudo, o Decreto-Lei 37/1966 estabelece que a importação de mercadoria posteriormente sujeita à pena de perdimento afasta a incidência do tributo — é o que diz seu inci-so III, parágrafo 4º, do artigo 1º.

A legislação caminha no mesmo sentido para os casos de incidência do PIS e da Co-fins na importação, continuou a juíza. A Lei 10.865/2004, em seu artigo 2º, inciso III, diz que

estas contribuições não incidem sobre bens estrangeiros que tenham sido objeto de pena de perdimento. ‘‘Assim, tenho por irrelevante perquirir se a pena de perdimento ocorreu antes ou depois do registro da Declaração de Importação: em ambas hipó-teses, o fato gerador já ocorreu’’, complementou na sentença.

A restituição de valores pagos indevidamente, diante da ausên-cia de obrigação tributária por falta de desembaraço aduaneiro, é prevista na Instrução Norma-tiva 1.300 da Receita Federal, de 20 de novembro de 2012, em seu artigo 2º, inciso I. Já o direito à repetição de indébito, por pagamento espontâneo de tributo indevido, é acolhido o ar-tigo 165 do CTN. Cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Fonte: Consultor Jurídico

Depois de muita polêmica, a Comissão de Assuntos Econômi-cos (CAE) aprovou em decisão fi-nal, na terça-feira (5), substitutivo a projeto de lei (PLS 315/2013) do senador Paulo Paim (PT-RS)

que concede isenção de Imposto de Renda (IR) sobre proventos de aposentadoria ou reforma aos portadores de doenças reumáti-cas, neuromusculares e osteoar-ticulares crônicas ou degenerati-vas. Como o texto original sofreu mudanças, deverá passar por turno suplementar de votação na CAE na próxima semana.

Uma das primeiras medidas adotadas pelo relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), foi manter a inclusão da doença de Huntington e da linfangi-oleiomiomatose pulmonar no rol de doenças cobertas pelo PLS 315/2013. Ambas foram intro-duzidas, respectivamente, por emendas do senador Waldemir Moka (PMDB-MS) e do ex-sena-dor Paulo Davim (PV-RN) quando da aprovação de substitutivo ao projeto pela Comissão de Assun-tos Sociais (CAS).

“Nosso parecer é pela justiça social. Nós já demos esse trata-mento (isenção de IR) para out-ros segmentos que têm doença grave”, argumentou Jucá, obser-vando que a economia gerada pelo benefício permitirá a seus portadores investir mais em medicamentos e procedimentos terapêuticos.

A iniciativa de Paim e o parec-er de Jucá foram elogiados pe-los senadores Reguffe (PDT-DF), Moka, Omar Aziz (PSD-AM),

Lista de doenças graves beneficiadas com isenção do IR é ampliada

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Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mar-celo Crivella (PRB-RJ), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também aplaudiu o viés social do PLS 315/2013, mas se disse surpreso com requerimento do líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), que pre-tendia suspender a votação do projeto na CAE e anexá-lo a out-ros correlatos em tramitação no Senado.

“Apelo ao PT que deixe seguir a matéria e tenha atenção devida a essa parcela da população que precisa de assistência”, declarou Cássio.

Pimentel defendeu o requeri-mento afirmando sua intenção de evitar “decisões diferencia-das” sobre o mesmo assunto. E admitiu a aprovação da medida desde que se fizesse a distinção entre os casos de alta e baixa gravidade para concessão da isenção do IR.

“Na alta gravidade, deveremos dar todos os incentivos”, susten-tou Pimentel.

O único senador a aderir à posição do líder governista foi Humberto Costa (PT-PE), líder do partido no Senado. Inicial-mente, Humberto concordou com Pimentel no sentido de que, diante de variados graus de com-prometimento da saúde do con-

tribuinte, seria interessante es-tabelecer gradação de gravidade da doença antes de se conceder isenção do IR.

Ao longo da discussão na CAE, tratou de fazer uma leitura aten-ta do substitutivo de Jucá e, ao constatar que o benefício só al-cançaria portadores dessas doen-ças já aposentados ou reforma-dos e que sua concessão ainda dependeria de regulamentação pelo governo, disse não ver mais dificuldade para aprovação do PLS 315/2013.

Fonte: Agência IN

As empresas que exportam até US$ 3 milhões por ano poderão ser enquadradas no conceito de micro, pequena e média empre-sa. A Câmara de Comércio Exte-rior (Camex) aprovou o aumento do limite anual de exportação para o enquadramento dessas empresas. Até agora, o teto cor-respondia a US$ 1 milhão anual em vendas externas.

A mudança, definida ontem (5), permitirá que mais compan-hias tenham acesso ao Seguro de Crédito à Exportação, que for-

nece garantias ao financiamento a compradores de mercadorias brasileiras no exterior. O seguro só é permitido a empresas que faturem até R$ 90 milhões por ano, limite mantido pela Camex.

A medida havia sido aprovada, em novembro, pelo Comitê de Fi-nanciamento e Garantia das Ex-portações, mas dependia do aval da Camex para entrar em vigor. A Agência Brasileira de Gestora de Fundos Garantidores e Gar-antias, órgão que administra os fundos garantidores federais, já havia promovido as mudan-ças necessárias para a elevação do teto, o que permitirá que os novos limites entrem em vigor imediatamente.

Estiveram presentes na reunião da Camex os ministros do Desen-volvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e da Fazenda, Joaquim Levy. Representantes dos minis-térios de Relações Exteriores, do Planejamento, da Casa Civil e do Ministério da Agricultura tam-bém participaram do encontro.

Segundo o Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior, os ministros discutiram as diretrizes do Plano Nacional de Exportação, a ser lançado nas próximas semanas. O plano tem cinco eixos: acesso a mercados estrangeiros, fa-

Mudanças no PIS e na Cofins podem encontrar resistência na Justiça

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cilitação do comércio exterior, crédito às exportações, aper-feiçoamento de mecanismos e regimes tributários para o apoio às exportações e promoção comercial.

De acordo com a pasta, a negociação sobre o orçamento destinados aos seguros e às garantias, como o Proex Equali-zação, está em fase final e deve ser concluída até a próxima se-mana. Os ministros também discutiram a possibilidade de ampliar acordos comerciais com países da América Latina, em es-pecial, México, Colômbia, Peru e Chile, sem nenhum problema em relação ao Mercosul. Eles debat-eram propostas para destravar as negociações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia e para impulsionar o comércio com os Estados Unidos.

Fonte: Agência Brasil

A exclusão da multa adminis-trativa imposta em razão do não cumprimento da cota de pessoas com deficiência ou reabilitadas só é possível se a empresa demon-strar que usou todos os meios

para selecionar esses profission-ais, inclusive mediante cadastro em entidades que atuam na in-serção de pessoas com deficiên-cia no mercado de trabalho.

A avaliação é do ministro João Oreste Dalazen, da 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho ao julgar o caso do Instituto Advent-ista de Ensino, que pediu a anu-lação da multa por não ter cum-prido a cota prevista no artigo 93 da Lei 8.213/91.

O Tribunal Regional do Tra-balho da 2ª Região (SP) julgou improcedente o pedido de anu-lação da multa administrativa. A corte levou em consideração que apesar de a empresa ter alegado dificuldade para cumprir a norma por ser instituição de ensino e precisar de pessoal qualificado, “dificilmente encontrado no con-tingente que a legislação englo-ba”, confirmou a contratação de vários portadores de deficiências após a autuação.

O ministro Dalazen afirmou que a norma jurídica tem “na-tureza genérica, abstrata e obrig-atória, razão por que a ninguém é dado o direito de descumpri-la”. Afirmou ainda que as normas que garantem a igualdade de oportunidades e a acessibilidade de pessoas com deficiência têm caráter constitucional.

Por isso, diz, as empresas que pedem anulação de multas ad-

ministrativas por não cumprirem a cota, devem demonstrar “fa-tos robustos e inequívocos que impossibilitaram o cumprimento da norma”, além de demons-trar esforços concretos e efica-zes para contratar pessoas com deficiência.

Dalazen também levou em consideração o fato de a empresa ter contratado empregados com deficiência após a lavratura dos autos de infração, “o que demon-stra a efetividade do exercício do Poder de Polícia pelo Estado, por intermédio da fiscalização do trabalho.”

Fonte: Consultor Jurídico

A 2ª Turma do Superior Tri-bunal de Justiça (STJ) proferiu nova decisão favorável aos con-tribuintes para reconhecer como insumo produtos de limpeza e dedetização. Com o entendi-mento, a Domingos Costa Indús-trias Alimentícias poderá usar os créditos da aquisição desses materiais e serviço para reduzir o valor final a ser pago de PIS e Cofins.

A análise do recurso, do qual a Fazenda Nacional pretende re-

Empresa só evita multa se provar que contratação de deficiente é impossível

STJ amplia uso de créditos de PIS e Cofins por empresa

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correr, levou quatro anos para ser finalizada e foi retomada na ultima semana pelo ministro Her-man Benjamin, que havia pedido vista. O tema deve agora ser avaliado pela 1ª Seção, em um recurso repetitivo, que está pen-dente de julgamento.

O julgamento foi iniciado em 2011 com o voto do relator, min-istro Mauro Campbell Marques. Ele foi favorável à companhia por considerar que materiais de limpeza e dedetização são es-senciais à atividade industrial. Campbell foi acompanhado, na época, por dois ministros: Castro Meira (hoje aposentado) e Hum-berto Martins.

Com a decisão, o STJ refor-mou acórdão da segunda instân-cia. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, com sede em Brasília, considerou que produtos de limpeza, desinfecção e dedeti-zação não integravam o pro-cesso de produção e o produto final, sendo aplicados a qualquer atividade que necessite de hi-gienização. Por esse motivo, por-tanto, estariam fora do conceito de insumo.

O ministro Campbell, ao con-trário, entendeu que são insumos todos os bens e serviços que viabilizem o processo produtivo e a prestação de serviços, que possam ser direta ou indireta-mente empregados neles e cuja

ausência poderia causar perda de qualidade.

Nesse caso, para ser consid-erado insumo bastaria que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na pre-stação de serviço. Campbell afir-mou ainda que a conceituação de insumo não se identifica com aquela adotada pela legislação do IPI, nem com os conceitos de custos e despesas adotados pela legislação do Imposto de Renda, que seriam mais restritivos.

A Procuradoria Geral da Fa-zenda Nacional (PGFN) informou que recorrerá da decisão, pois entende que a interpretação am-plia o benefício concedido pelas leis 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003 que tratam do PIS e da Cofins não cumulativos.

Segundo a Fazenda Nacion-al, não é possível admitir que despesas não relacionadas di-retamente ao objeto social da empresa possam ser usadas para desonerar as contribuições soci-ais, sob pena desses tributos pas-sarem a incidir não mais sobre o faturamento, mas sobre o lucro das empresas, equiparando se ao IRPJ e à CSLL.

O advogado Janssen Muray-ama, do Murayama Advogados, avalia que o entendimento do STJ é importante porque é con-trário à interpretação da Receita Federal. “O insumo não integra o

produto final, mas é um serviço considerado essencial para a ativ-idade dessa indústria”, afirma.

Para Fábio Pallaretti Calcini, do escritório Brasil Salomão & Mat-thes Advocacia, o julgamento da Domingos dá indícios de como será o julgamento do recurso repetitivo no STJ sobre o tema. “Mesmo não se aplicando a to-dos os casos, esse julgamento dita uma tendência”, afirma.

A matéria também deve ser discutida no Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de re-curso com repercussão geral.

Atualmente, há diversas ações no Judiciário que discutem o con-ceito de insumo. Contribuintes defendem uma interpretação mais ampla, enquanto o Fisco restringe o termo ao custo com matérias primas consumidas na produção. O assunto é acompan-hado de perto pelos empresários, pois os créditos gerados pelos in-sumos podem reduzir significati-vamente o valor a ser recolhido dessas contribuições, que inci-dem diretamente sobre o fatura-mento das companhias.

O primeiro julgamento em que a 2ª Turma considerou o tipo de atividade da empresa para au-torizar o uso de créditos de PIS e Cofins ocorreu em dezembro. Os ministros permitiram que a Johann Alimentos tivesse di-reito a créditos pelas aquisições

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de combustíveis, lubrificantes e peças de reposição de veícu-los, necessários para a entrega de produtos pela companhia. O STJ considerou que a empresa, além de comercializar alimentos e distribuí los, tem em seu objeto social o transporte rodoviário de cargas

Fonte: Valor Econômico

Embora a recuperação judicial não suspenda, por si só, a ex-ecução fiscal, devem ser evitados todos os atos judiciais que levem à redução do patrimônio da em-presa, enquanto perdurar esta condição. O fundamento levou a 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a manter decisão que derrubou pedido de penhora on line, mov-ida pelo estado para quitar dívi-das de um processo de cobrança de ICMS.

No recurso interposto na corte, contra decisão monocrática que negou seguimento à penhora, o Estado argumentou que o crédito tributário não se sujeita ao con-curso de credores. Disse que a

falta de regularização da situação fiscal da empresa constitui causa impeditiva da concessão da recu-peração, observado o disposto nos artigos 57, 58 e 73, pará-grafo único, e 161, parágrafo 4º — todos da Lei de Recuperação Judicial (11.101/2005).

O relator do recurso, desem-bargador Carlos Eduardo Zietlow Duro, inicialmente, citou o artigo 187, do Código Tributário Na-cional (CTN): ‘‘A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habili-tação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento’’. Em seguida, reconheceu a previsão do artigo 6º, parágrafo 7º, da Lei de Re-cuperação Judicial, pelo qual as execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação.

Apesar de tais dispositivos, destacou o relator, a 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) já consolidou entendimen-to de que todo o ato que com-prometa o patrimônio do deve-dor em recuperação judicial deve ser repelido. A posição foi as-sentada na sessão de julgamento do dia 25 de setembro de 2013, quando a ministra Nancy Andri-ghi relatou o Agravo em Conflito de Competência 127.674/DF.

‘‘Nesse viés, a par da ‘su-premacia da execução fiscal’,

que visa resguardar o indiscutível interesse público representado pelo crédito tributário, existe o interesse público, igualmente considerável, na preservação da empresa em dificuldades finan-ceiras, com a manutenção das unidades produtivas e de postos de trabalho’’, escreveu Duro em seu voto.

Além disso, arrematou o de-sembargador gaúcho, os atos ju-diciais que reduzem o patrimônio da empresa ‘‘recuperanda’’ não podem ser praticados por juízo diverso do responsável pelo pro-cesso de recuperação. O acórdão foi lavrado na sessão do dia 16 de abril.

Fonte: Consultor Jurídico

Execução fiscal não pode reduzir patrimônio de empresa em recuperação, diz TJ-RS