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INFORMATIVO n.15 outubro de 2015

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Informativo n. 15, edição de outubro de 2015 do escritório Schaun Monks Advogados

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INFORMATIVO

n.15 outubro de 2015

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| ARTIGO

As delicadas nuances que envolvem os trabalhadores do campo

As relações de trabalho pactuadas no setor agrá-rio do país tiveram como marco fundamental o ano de 1963 quando, com o advento do Estatuto do Trabalhador Rural, foi inaugurada a fase de maior regulamentação do trabalho neste segmento. Des-de então as atividades do campo, sob o prisma do Direito do Trabalho, passaram por três relevantes momentos: a exclusão dos rurícolas das normas constitucionais, a extensão de direitos a estes ope-rários e, por fim, o atual movimento de acentuação da igualdade entre urbanos e rurais.

Na sistemática atual a definição de empregado rural tem causado algum desconforto no senso co-mum que se materializa na realidade daqueles que empregam trabalhadores no campo. Explica-se. Muito embora os atributos fundamentadores da relação de emprego (pessoa física, pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação) sejam os mesmos que regem o trabalho urbano, a ca-racterização de um trabalhador como “rural” – ao contrário do obreiro da cidade que é assim conhe-cido pelo segmento no qual atua, como exemplo, bancário, metalúrgico etc – depende diretamente de estar vinculado a um empregador rural.

Nesse contexto surge a questão que é fonte de

dúvidas: seria então o administrador da fazenda, o motorista, o caseiro ou o almoxarife trabalhadores rurais? E mais, estariam eles submetidos às con-dições de trabalho especiais trazidas no Estatuto do Trabalhador Rural? O caso merece análise e detalhamento.

Como mencionado, o enquadramento do em-pregado como urbano ou rural depende da ati-vidade preponderante do empregador e não das peculiaridades do serviço prestado. Ou seja, pouco importa se o trabalhador cuida do gado, planta, é secretário ou motorista, desde que preste ser-viços de natureza não eventual, em propriedade rural ou prédio rústico, a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Logo, se a empresa for enquadrada como rural (e entende-se por empregador rural “a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-e-conômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxí-lio de empregados”1) assim também o serão os empregados.

Esse forma de caracterização vem sendo ado-tada no país há pouco, considerando o longo ca-minho que as leis trabalhistas têm trilhado em nosso ordenamento. Talvez, justamente por isso, existam divergências quando se fica frente a casos concretos, a exemplo do julgado no ano de 2012 pelo TST em situação apresentada pelos herdeiros de ex-empregado da Usina Açucareira de Jaboti-cabal, no estado de São Paulo, cujo pedido era o reconhecimento de status de rurícola ao falecido que exercia a função de destilador da usina. Na ocasião, a corte maior trabalhista reforçou os ar-gumentos de que o enquadramento do empregado como rural não se dá pela natureza dos serviços prestados por ele, mas sim em função da principal atividade da usina de cana-de-açúcar ser agrícola, o que leva seus empregados a serem enquadrados

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como rurais.

Situação muito comum e relevante, contudo, é aquela do “caseiro”. Este trabalhador quando contratado para laborar em sítio ou local que não possua atividades com finalidades lucrativas é con-siderado como trabalhador doméstico. Este foi o entendimento utilizado pelo Tribunal Superior do Trabalho, em recente decisão que reconheceu o vínculo de emprego rural ao empregado de um fa-zendeiro pernambucano contratado como domésti-co. No caso, o trabalhador alegou que foi contrata-do como tratador de animais da Fazenda Teju, em Pombos (PE), que cria gado de corte. No processo, o empregado disse que quando foi dispensado a fazenda contava 280 cabeças de gado e, por isso, tinha fins lucrativos, assim, a existência de ativida-de econômica na fazenda, mesmo em caráter “não profissional” justificou sua realocação na categoria profissional.

Neste contexto, é possível partir da premissa que se o sítio ou chácara tem criação de aves, cul-tivo de plantas e outras atividades sem objetivo de auferir lucro, está configura a relação domés-tica. Em contraponto, se o estabelecimento efetu-ar qualquer forma de comercialização como a de hortifrutigranjeiros, flores etc., o empregado será considerado rural. O mesmo vale para o caseiro que desenvolve atividades tipicamente domésticas mas também participa das atividades lucrativas, caso em que gozará de maior proteção.

Assim, ao realizar contratações no campo é

imprescindível que o empregador busque infor-mações sobre as espécies de contratos aplicáveis (experiência, prazo determinado e indeterminado, por obra certa, por safra), a possibilidade de paga-mento de salário “in natura” e a incorporação da moradia e alimentação ao salário, questões envol-vendo a jornada diária da agricultura e da pecuá-ria, o funcionamento do quadro de horas extras no campo, a necessidade de pagamento de horas “in itinere”, a forma de remuneração dos domingos e feriados, etc.

Acreditamos que a identificação e distinção dos empregados entre rurais, urbanos e domésticos, bem como o conhecimento da gama de direitos in-cidentes sobre cada um desses grupos exige aten-ção redobrada de quem possui estabelecimento rural. Por fim, nunca é demais lembrar que não se deve tentar burlar a legislação trabalhista e que o desconhecimento das nuances específicas do ramo de atuação de cada empregado não é motivo de isenção de responsabilidades na seara trabalhista.

MARIANA O. SCHAUNAdvogada, sócia do escritório

Schaun Monks Advogados-

[email protected]

O enquadramento do empregado como urbano ou rural depende da atividade

preponderante do empregador e não das peculiaridades do

serviço prestado.

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perpetuação da cobrança ainda que o produto da arrecadação seja destinado a fim diverso do original”, registrou o ministro.

A maioria dos ministros votou pelo reconhecimento da reper-cussão geral. Ficaram vencidos os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Edson Fachin. Não se manifestaram os minis-tros Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Como só é rejeitada a repercussão geral se oito minis-tros votarem contra a admissão do recurso, o Supremo julgará a constitucionalidade da manuten-ção do adicional de 10%.

ADIs

Além do Recurso Extraordiná-rio, há duas Ações Diretas de In-constitucionalidade (ADIs 5.050 e 5.051) que pedem a extinção do artigo 1º da Lei Complemen-tar 110/2001. Os pedidos foram protocolados pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif), Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saú-de Suplementar e Capitalização (CNSeg) e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Em ambas as ações, as entida-des se utilizam do mesmo argu-mento da Intelbrás no Recurso Extraordinário: a finalidade da cobrança já foi atingida, como informou a Caixa Econômica Fe-

dação da contribuição está sendo remetida ao Tesouro Nacional, uma vez que as contas do FGTS já não são mais deficitárias.

A cobrança chegou a ser ex-tinta pelo Congresso em 2013, mas a proposta foi vetada pela presidente Dilma Rousseff. Mas foi a mensagem da presidente que motivou o recurso que agora será julgado pelo Supremo.

No texto, Dilma afirma que o adicional não poderia ser cortado pois seus rendimentos são usa-dos no financiamento de progra-mas sociais como o Minha Casa Minha Vida.

Ao votar pela repercussão ge-ral, o ministro Marco Aurélio, re-lator do Recurso Extraordinário, lembrou que o Supremo já anali-sou a constitucionalidade da con-tribuição no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.556, da relatoria do ministro Joaquim Barbosa. No entanto, segundo o ministro, “a contro-vérsia contemporânea envolve definir se a satisfação do motivo pelo qual foi criada implica a in-constitucionalidade supervenien-te da obrigação tributária”.

“A controvérsia, passível de repetição em inúmeros casos, está em saber se, constatado o exaurimento do objetivo para o qual foi instituída a contribuição social, deve ser assentada a ex-tinção do tributo ou admitida a

| NOTÍCIAS

O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral de recurso que discute a cons-titucionalidade da cobrança de adicional de 10% nas multas de FGTS em caso de demissão sem justa causa. O valor é cobrado em conjunto com a multa de 40%, mas a fatia fica com a União.

O adicional foi criado pela Lei Complementar 110/2001 para cobrir uma despesa específica da União: a recomposição, determi-nada pelo Supremo, das contas vinculadas ao FGTS atingidas pelos expurgos inflacionários dos Planos Verão e Collor I, rombo então orçado em R$ 42 bilhões.

A repercussão geral foi reco-nhecida em recurso apresentado Indústria de Telecomunicação Eletrônica Brasileira (Intelbras). No recurso, a empresa alega que a cobrança é indevida pois sua fi-nalidade já foi atingida em 2007. Além disso, a Intelbras aponta que a Caixa Econômica Federal afirmou, em ofício, que a arreca-

Adicional de 10% na multa de FGTS tem repercussão geral reconhecida pelo STF

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Essa faixa aumentou 400%.

Implantação gradual

O texto-base aprovado é uma emenda apresentada pelo rela-tor, deputado João Arruda (PM-DB-PR). A emenda prevê a vigên-cia de todas as novas regras do projeto a partir de 1º de janeiro de 2016.

Entretanto, para as pequenas empresas, haverá uma transição. Em 2017, o novo limite será de R$ 7,2 milhões. Somente em 2018 poderão participar do Su-persimples as empresas com re-ceita bruta maior que essa, até R$ 14,4 milhões.

O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domin-gos, veio à Câmara acompanhar a votação. Ele afirmou que o prazo de transição é necessário porque 2016 será um “ano críti-co” para as contas públicas e, por isso, o melhor é evitar medidas de renúncia fiscal. Segundo um estudo divulgado pela Receita Federal, o projeto acarretará per-da anual de R$ 11,4 bilhões para os governos federal, estaduais e municipais.

Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), no entanto, o prazo maior foi desnecessário, pois essa renúncia seria com-pensada. “Se fortalecer a micro e pequena empresa, você for-talece o emprego, e o emprego

deral em julho de 2012. Por isso, segundo as entidades, desde então a lei passou a ser incons-titucional. Além disso, também apontam o desvio de finalidade da cobrança. O ministro Roberto Barroso é o relator das ADIs.

Fonte: Consultor Jurídico

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça--feira (1º) o texto-base do Proje-to de Lei Complementar 25/07, que aumenta em 250% o limite de enquadramento da micro-empresa no regime especial de tributação do Simples Nacional (Supersimples). Os destaques apresentados ao texto serão analisados nesta quarta-feira (2).

Pela proposta, a receita bruta anual máxima permitida para a microempresa no Supersimples passará de R$ 360 mil para R$ 900 mil.

No caso das empresas de pe-queno porte, a participação no sistema simplificado de tributa-ção será permitida para o inter-valo de R$ 900 mil a R$ 14,4 milhões anuais. Atualmente, é de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões.

Câmara aprova texto-base de projeto que amplia o Supersimples

gera riqueza. Porque a empresa funciona, paga o empregado, o empregado consome, então você cria um círculo econômico virtuo-so, positivo”, disse Hauly.

Faixas de tributação

Em vez de aplicar uma alíquo-ta simples sobre a receita bruta mensal, o texto prevê uma alí-quota maior, porém com descon-to fixo específico para cada faixa de enquadramento. O número de tabelas também diminui, de 6 para 4 (comércio, indústria e duas de serviços), além da quan-tidade de faixas em cada uma delas (de 20 para 7).

O relator disse que a emenda votada foi fruto de uma discus-são ampla com governadores e com as micro e pequenas em-presas. “A tabela do Simples Na-cional será agora um estímulo à micro e pequena empresa a cres-cer sem o medo de perder seu enquadramento”, afirmou Arru-da, lembrando que o teto novo valerá a partir de 2018. “Conse-guimos fazer uma lei moderna para o País”, ressaltou.

Tributo menor

Prestadores de serviços que estavam enquadrados na sexta tabela, com percentuais mais elevados, passam a ficar na quarta tabela. Estão nesse caso, por exemplo, os serviços de me-dicina, odontologia, psicologia,

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Por 8 votos a 3, o STF (Supre-mo Tribunal Federal) decidiu na quinta-feira (17) que é inconsti-tucional o financiamento de em-presas para campanhas eleitorais e partidos.

A decisão tem potencial im-pacto nas disputas eleitorais, uma vez que as empresas são os maiores doadores de políticos e partidos, e já terá validade a partir das eleições municipais de 2016.

O entendimento do Supremo deve ser usado pela presidente Dilma Rousseff para vetar a lei aprovada pelo Congresso na se-mana passada e que permite do-ações de empresas para partidos políticos, no limite de até R$ 20 milhões.

Em meio à crise política, Dilma é pressionada por aliados a dar aval ao texto. A petista tem até o dia 30 para avaliar o projeto.

Um possível veto pode compli-car ainda mais a relação da pre-sidente com o Congresso. Se não vetar, a norma será questionada no STF e ministros ouvidos pela Folha dizem que o texto do pro-

jornalismo e publicidade. A partir do segundo ano da publicação da futura lei complementar, esse reenquadramento poderá ser re-visto, principalmente em função da arrecadação.

Entretanto, se as empresas que exercem essas atividades ti-verem muito pessoal contratado, elas poderão passar para a ter-ceira tabela, com alíquotas mais vantajosas. Pela regra prevista no projeto, a mudança de tabela ocorrerá se a razão entre o valor da folha de salários e a receita bruta for maior que 22,5%.

Empresas de construção e de projetos de paisagismo e empre-sas de serviços de limpeza, vigi-lância e conservação mudam da tabela quatro para a tabela três, com alíquota menor, mas conti-nuam a ter de pagar por fora a contribuição patronal ao INSS.

A emenda aprovada permite ainda a inclusão dos produtores de bebidas alcoólicas artesanais nesse regime de tributação. A definição de atividade artesa-nal será feita pelo Ministério da Agricultura, em conjunto com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, abrangendo cervejas, vinhos, licores e aguardentes.

Microempreendedor

Em relação ao microempreen-dedor individual (MEI), o projeto aumenta de R$ 60 mil para R$

72 mil o teto de enquadramento. O MEI é aquele empresário que trabalha sozinho ou, no máximo, com apenas uma pessoa contra-tada. Ele pode pagar taxas fixas para contribuir com o INSS, o ICMS e o ISS, sendo isento de tributos federais.

Uma das novidades do projeto nesse ponto é a permissão para que o agricultor familiar peça enquadramento como MEI. Isso não se aplica ao trabalhador ru-ral, para quem a atual lei prevê o pagamento de todos os direitos trabalhistas e previdenciários se presentes os elementos caracte-rísticos da relação de emprego.

Segundo o texto, os conselhos profissionais não poderão exer-cer seu poder de fiscalização se a atividade do microempreende-dor não exigir registro da pessoa física.

Caso o MEI esteja inscrito como pessoa física no conselho profissional, este não poderá exi-gir nova inscrição na qualidade de empresário individual.

Parcelamento de dívidas

Para todas as micro e peque-nas empresas, o texto prevê o aumento do prazo de parcela-mento de dívidas no âmbito do Supersimples de 60 para 180 prestações mensais, cada uma no valor mínimo de R$ 100,00.

Fonte: Câmara Notícias

STF proíbe doações de empresas para campanhas eleitorais e partidos

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jeto da Câmara será considerado inconstitucional

Atualmente, a lei permite a do-ação de empresas e fixa o limite em até 2% do faturamento bruto do ano anterior ao da eleição.

Nas eleições de 2014, mais de 70% do dinheiro arrecadado pelos partidos e candidatos veio de empresas. A ação que ques-tiona a legalidade das doações foi apresentada pela OAB (Or-dem dos Advogados do Brasil) e começou a ser julgada em 2013, sendo interrompida por duas vezes.

A maioria dos ministros seguiu o voto do relator do caso, minis-tro Luiz Fux, defendendo que as contribuições de empresas dese-quilibram o jogo político, ferindo o principio da isonomia.

Votaram nesse sentido os mi-nistros: Rosa Weber, Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, além do ministro aposentado Joaquim Barbosa.

O ministro Luís Roberto Barro-so votou pela inconstitucionalida-de da legislação atual, mas disse em seu voto que cabe ao Con-gresso definir se as empresas po-dem ou não participar do proces-so eleitoral, impondo restrições para inibir abusos e corrupção.

Em outra frente, os ministros Teori Zavascki, Gilmar Mendes e

Celso de Mello votaram pela ma-nutenção do financiamento pri-vado sob o argumento de que o problema não é o uso dos repas-ses de empresas, mas o abuso e a falta de regras.

Ficou decidido ainda que fica mantida a atual previsão para que pessoas físicas possam fazer doações para campanhas até o limite de 10% dos rendimentos.

Cartas marcadas

Na sessão desta quarta, Rosa Weber argumentou que o atual modelo não pode ser mantido e que a corrida eleitoral deve ser marcada pela igualdade de chances entre os candidatos. “É de rigor concluir que a influência do poder econômico culmina em transformar o processo eleitoral em jogo político de cartas mar-cadas e o processo eleitoral em odiosa pantomima, que faz do eleitor um fantoche”, afirmou.

Cármen Lúcia afirmou que as doações empresarial tem uma influência que contraria o espí-rito democrático e isonômico fixado pela Constituição para as eleições. “Há uma influência que eu considero contrária à Consti-tuição, é essa influência que desi-guala não apenas os candidatos, mas desiguala até dentro dos partidos.

Aquele que detém maior soma de recursos, é aquele que tem

elhores contatos com empresas e representa esses interesses, e não o interesse de todo o povo, que seria o interesse legitimo”, disse.

Para o presidente do STF, Ri-cardo Lewandowski, esse tipo de contrição representa disparidade de armas.

Favorável às doações, Teori Za-vascki fez um complemento em seu voto e propôs limites para as doações privadas, propondo que uma empresa que doasse para um determinado partido ou can-didato ficasse impedida de fazer repasses para os adversários.

Entre as restrições levantadas pelo ministro também estava proibição para empresas, de to-dos os setores, com contratos com administração pública não poderem doar para campanhas e ainda que empresa que doasse não poderia fechar contrato com a administração pública até o fim do mandato.

“A Constituição não condena a mera presença do capital em-presarial nas eleições, reprova o abuso do poder econômico, seja qual for sua origem. Vedar [as doações] fecharia portas para eventuais propostas legislativas para presença mais comedida do capital no financiamento político. Estaria o STF se comprometendo com imprevisíveis consequências de um modelo público”, Teori.

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Gilmar Mendes e Celso de Mello acompanharam o voto co-locado por Teori.

“Entendo que não contraria a Constituição o reconhecimento da possibilidade de pessoas ju-rídicas de direito privado contri-buírem mediante doações para partidos políticos e candidatos, desde que sob sistema de efeti-vo controle que impeça o abuso do poder econômico”, afirmou Celso.

Questionamento

A sessão do STF foi encerra-da em meio a um malestar após Gilmar Mendes deixar o plenário sem analisar sobre quando a proibição teria efeito.

A postura incomodou Lewan-dowski, que decidiu anunciar que o entendimento valeria a partir de 2016.

Fonte: Folha de São Paulo

A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho não co-nheceu de recurso de revista de um dos ex-sócios da metalúrgica Icotel Indústria e Comércio S.A. contra a penhora de imóvel no

qual reside com a família. Para a relatora do processo no TST, ministra Maria Cristina Peduzzi, ficaram constatadas tentativas de fraude à execução, situação em que é afastada a impenhora-bilidade do bem de família.

Uma primeira análise do caso demonstrou que, de fato, o imó-vel era utilizado como moradia pelo ex-sócio e sua família. Po-rém, uma investigação mais aprofundada afastou a residência da proteção legal assegurada pela Lei 8.009/90, que dispõe so-bre a impenhorabilidade do bem de família. Isso porque tramitam na Justiça do Trabalho mais de 60 processos em fase de execu-ção contra a Icotel, seus sócios e ex-sócios. O total das dívidas já ultrapassa os R$ 5 milhões. Porém, intimadas para quitar o débito, as partes têm se silen-ciado e dificultado o pagamento, inclusive, por meio de fraudes realizadas pelo ex-sócio.

Segundo o juízo da 1ª Vara do Trabalho de São Roque (SP), responsável pela execução, ele teria repassado bens e cotas de outras empresas para o nome da esposa, renunciado a bens da herança deixada pelo pai, mas arquitetado a venda de um dos imóveis para driblar a execu-ção. Teria ainda ajuizado ação trabalhista contra a própria Ico-tel, e foi o único a receber pelo

cumprimento integral da ação. Contra o ex-sócio ainda pesa a constatação de que ele circularia pela cidade em carros luxuosos e manteria padrão de vida elevado, enquanto os ex-empregados per-manecem à mercê da situação.

Em sua defesa, o ex-sócio alegou ser indevida a penho-ra do imóvel e defendeu que a execução deveria ser iniciada a partir dos bens da empresa, que ainda possui imóveis com valor suficiente para a satisfação do crédito trabalhista. Mas a Oita-va Turma manteve a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP) sobre a penhora do bem, além do pa-gamento de multa por litigância de má-fé.

No exame do recurso ao TST, a ministra Cristina Peduzzi obser-vou que o proprietário não com-provou violação direta e literal à Constituição Federal, conforme determina o artigo 896 da CLT para que o recurso seja conhe-cido. Além disso, entendimento diferente exigiria o reexame de fatos e provas, o que é vedado pela Súmula 126 do TST.

A decisão foi por unanimida-de. Após a publicação do acór-dão, foram interpostos embar-gos à Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), ainda não julgados.

Fonte: TST

TST mantém penhora de bem de família por constatar fraudes à execução

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Se a parte vencida não pagar a quantia ordenada pela Justiça em 15 dias, a parte vencedora pode, além da penhora de bens, protestar a sentença condenató-ria. A medida, que não é frequen-temente usada, força ainda mais a condenada a quitar sua dívida, pois seu nome fica incluído nos serviços de restrição ao crédito.

O juiz da 2ª Vara de Feitos Tri-butários de Minas Gerais Agnal-do Rodrigues Pereira é um dos divulgadores dessa iniciativa. “O assunto foi regulamentado pelo artigo 290 do Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça. Para fazer o protesto, a parte ou o seu advogado deve solicitar na secretaria do juízo uma certidão da condenação. Esse documento deve ser levado a um cartório de protestos”, explica Pereira. Ao manifestar o interesse de pro-testar a sentença condenatória, o credor indica qual é o valor da dívida.

Em seguida, o cartório faz a notificação ao devedor para que ele efetue o pagamento da dívida em até três dias. Se não houver o pagamento no prazo estipulado, é lavrado o protesto

e o devedor tem seu nome nega-tivado nos serviços de proteção ao crédito. Com o “nome sujo na praça”, compras, financiamentos e outros atos na esfera comercial ficam mais difíceis e, na maioria dos casos, até inviáveis.

O juiz conta que essa iniciativa passou a ser adotada em vários estados nos últimos tempos. O protesto também passou a ser usado para a cobrança de dívidas com o poder público. “Anterior-mente, a pessoa não pagava, mas não sofria nenhum tipo de restrição e não tinha qualquer registro de que era devedora. Como o patrimônio é que res-ponde pelas dívidas, se não há patrimônio, não há formas de obrigar o pagamento. Agora, isso não acontece mais, já que é possível tornar pública a inadim-plência”, diz. O novo Código de Processo Civil, que entra em vi-gor em março de 2016, também prevê expressamente a possibi-lidade de protestar a sentença condenatória.

Pereira acredita que o pro-testo da sentença condenatória aumenta as chances de recebi-mento da dívida. Isso porque o credor nem sempre consegue apontar em juízo os bens do de-vedor que podem ser penhora-dos. “Também é comum que a pessoa condenada registre seus bens e contas bancárias no nome

de outras pessoas, de forma que não seja possível para o Judiciá-rio rastreá-los. Como não há pri-são por dívida, a não ser no caso da pensão alimentícia, o devedor fica sem pagar o que deve. Com o tempo, ocorre a prescrição e o credor fica sem receber”, explica.

Em muitos casos, o credor até toma conhecimento de bens que estão em poder do devedor, mas o juiz explica que, como eles es-tão listados no nome de outras pessoas, não é possível provar a propriedade. “Com o protes-to, surge um dificultador na vida financeira do devedor. Uma simples compra ou um financia-mento podem ficar inviáveis. O devedor acaba exposto em vá-rios setores da sua vida”, lem-bra. Para ele, essa ferramenta do protesto em cartório garante efetividade à condenação. Mui-tos devedores acabam por quitar a dívida para “limpar o nome”.

Fonte: Consultor Jurídico

Protesto de sentença é opção para forçar pagamento fixado pela Justiça

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