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Universidade de Aveiro 2011 Departamento de Biologia Sónia Raquel Neiva Santos Aspectos Bioquímicos e Moleculares da Coenzima Q10

Sónia Raquel Neiva Aspectos Bioquímicos e Moleculares da

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Universidade de Aveiro 2011

Departamento de Biologia

Sónia Raquel Neiva Santos

Aspectos Bioquímicos e Moleculares da Coenzima Q10

Universidade de Aveiro 2011

Departamento de Biologia

Sónia Raquel Neiva Santos

Aspectos Bioquímicos e Moleculares da Coenzima Q10

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dosrequisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Biologia Molecular eCelular, realizada sob a orientação científica da Doutora Laura Vilarinho, Investigadora Auxiliar do Centro de Genética Médica Jacinto Magalhães,Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, INSA e da Professora Paula Gonçalves, Professora Associada do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.

Dedico este trabalho às famílias afectadas por esta doença, esperando contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida.

o júri

presidente Professora Maria do Céu Gomes dos Santos Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro

Professora Doutora Luísa Cristina da Costa Azevedo Investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto - IPATIMUP

Doutora Laura Vilarinho Investigadora Auxiliar do Departamento de Genética do Centro de Genética Médica Jacinto Magalhães – CGMJM -INSA

Professora Doutora Maria Paula Polónia Gonçalves Professora Associada do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro

agradecimentos

Os meus agradecimentos a todas as pessoas que me ajudaram e apoiaram narealização deste trabalho. À Doutora Laura Vilarinho pela orientação deste trabalho, disponibilidade,confiança nas minhas capacidades e apoio prestado, que me permitiramconcluir este trabalho. À Dr.ª Dulce Quelhas e Doutora Lúcia Lacerda por me terem permitidodesenvolver este trabalho sem restrições no Serviço de Bioquímica Genéticado Centro de Genética Médica Jacinto Magalhães. A todos os meus colegas da Unidade de Bioquímica Genética que de algummodo contribuíram para este trabalho. À minha colega de mestrado e amiga Sónia que me acompanhou e apoiounos momentos difíceis e nos bons momentos que surgiram durante arealização deste trabalho. Aos meus amigos de longa data e aos mais recentes, mas muito especiais,agradeço todo o apoio, amizade e cumplicidade. Aos meus pais e família, em especial à minha mãe, por todo o carinho e apoioincondicional desde sempre.

palavras-chave

Coenzima Q10; Citopatias Mitocondriais

resumo

A ubiquinona (também chamada de Coenzima Q10, CoQ10) é umabenzoquinona presente em praticamente todas as células do organismo queparticipam dos processos de produção de ATP e é sintetisada na membranainterna da mitocondria. A principal fonte de CoQ10 é obtida por sínteseendógena e uma pequena parte é adquirida através da dieta. A CoQ10 desempenha diversas funções biológicas nas células, entre as que sedestacam a de transportador de electrões na cadeia respiratória mitocondrial ea participação no sistema anti-oxidante do organismo. Como tal, umadeficiência de ubiquinona pode causar efeitos nocivos importantes noorganismo, uma vez que se veriam implicadas estas funções chave dometabolismo celular. A deficiência primária de CoQ10 (MIM 607426) é uma doença rara, detransmissão autossómica recessiva e com uma apresentação clínica muitovariável, estando associada a quatro principais fenótipos clínicos: 1) encefalopatia caracterizada por mioglobinúria mas também comenvolvimento do sistema nervoso central; (2) doença predominantementeencefalopática com ataxia e atrofia cerebelar; (3) miopatia isolada com RRFs earmazenamento lipídico; (4) doença multissistémica tipicamente infantil eencefalopatia; (5) nefropatia isolada ou associada a encefalopatia. Se as mutações encontradas, nestes doentes, estiverem localizadas nosgenes envolvidos na biossíntese da CoQ10, então classifica-se estessíndromes como primários, se pelo contrário, as mutações estão presentesnoutros genes, estamos perante a formas secundárias. O objectivo deste estudo é identificar e caracterizar sob o ponto de vistabioquímico e molecular as formas primárias com alteração da cadeiarespiratória mitocondrial (CRM), patologia ainda não diagnosticada no nossopaís. Inicialmente será implementado o doseamento da CoQ10 no músculo, plasmae eventualmente em fibroblastos por HPLC-reversa por detecçãoelectroquímica. Nos doentes com os valores baixos de CoQ10, vai-se procederao estudo molecular dos genes envolvidos na biossíntese, em que já existemalterações descritas, no sentido de estabelecer uma relação fenótipo-genótipo. Os doentes vão ser seleccionados pelo diagnóstico clínico suspeito e/ou comalterações da CRM compatíveis com deficiência da ubiquinona. Este trabalho vai permitir a identificação das deficiências de CoQ10 que são deextrema importância visto serem as únicas Citopatias Mitocondriaispotencialmente tratáveis. Para além disso, a identificação das mutaçõesresponsáveis por esta deficiência, vai permitir a possibilidade de diagnósticopré-natal e implementação de terapêutica precoce.

keywords

Coenzyme Q10, mitochondrial cytopathies

abstract

The ubiquinone (also known as Coenzyme Q10, CoQ10) is a benzoquinonepresent in virtually all body cells that participate in production of ATP, and issynthesized in the inner membrane of mitochondria. The main source ofCoQ10 is the endogenous synthesis and only a small part is acquired throughthe diet. CoQ10 has several biological functions in cells, among which stand out theelectron carrier function in the mitochondrial respiratory chain and theparticipation in the body’s anti-oxidant system. Thus, a ubiquinone deficiencycan cause significant adverse effects on the body, since key functions involvedin cellular metabolism are affected. The primary deficiency of CoQ10 (MIM 607426) is a rare autosomal recessivedisease with a highly variable clinical presentation, and which is associatedwith four major clinical phenotypes: (1) encephalomyopathy characterized by mioglobinúria and brain involvement;(2) predominantly encephalopathic illness with ataxia and cerebellar atrophy,(3) isolated myopathy with ragged-red fibers (RRF's); (4) typical infantilemultisystemic disease with encephalopathy and (5) isolated nephropathy orassociated with encephalopathy. If the mutations found in these patients are located in genes involved in thebiosynthesis of CoQ10, these syndromes are classified as primary, on thecontrary, if mutations are present in other genes, these are secondary forms. The aim of this study is to identify and characterize, from the point of view ofbiochemical and molecular changes, the primary forms of CoQ10 deficiencywith mitochondrial respiratory chain (CRM) alterations, a disease not yetdiagnosed in our country. Initially it will be implemented the determination of CoQ10 in muscle, plasmaand possibly in fibroblasts by reverse HPLC-electrochemical detection. Inpatients with low levels of CoQ10, will be carried out the molecular study of thegenes involved in biosynthesis, for which there are already changes described,to establish a phenotype-genotype relationship. Patients will be selected by the suspected clinical diagnosis and / or changes inCRM compatible with ubiquinone deficiency. The work will allow the identification of the deficiencies of CoQ10 which areextremely important because they are the only potentially treatablemitochondrial cytopathies. In addition, the identification of mutationsresponsible for this deficiency will allow the possibility of prenatal diagnosis andimplementation of early treatment.

i

ÍNDICE 

1.  INTRODUÇÃO  ..................................................................................................................... 3 

1.1.  A Mitocôndria  ........................................................................................................................ 3 

1.2.  Cadeia Respiratória Mitocondrial e Fosforilação Oxidativa  .................................................. 5 

1.3.  Doenças Mitocondriais  .......................................................................................................... 7 

1.4.  Défices da Coenzima Q10 ........................................................................................................ 9 

1.5.  Correlação fenótipo/genótipo  ............................................................................................. 27 

1.6.  Tratamento ........................................................................................................................... 29 

1.7.  Novas abordagens terapêuticas .. ........................................................................................ 31 

1.8.  Aconselhamento Genético e Diagnóstico Pré‐Natal  ........................................................... 32 

2.  OBJECTIVOS  ..................................................................................................................... 35 

3.  MATERIAL E MÉTODOS  .................................................................................................... 39 

3.1.  Amostra seleccionada .......................................................................................................... 39 

3.2.  Material biológico ................................................................................................................ 41 

3.3.  Extracção de DNA  ................................................................................................................ 41 

3.4.  Estudo dos genes PDSS1 e PDSS2, COQ2, COQ9, ADCK3  .................................................... 41 

3.5.  Análise bioinformática  ........................................................................................................ 49 

3.6.  Nomenclatura das mutações e base de dados  ................................................................... 50 

4.  RESULTADOS E DISCUSSÃO  .............................................................................................. 53 

4.1.  Variantes missense  .............................................................................................................. 58 

4.2.  Variante nonsense  ............................................................................................................... 67 

4.3.  Variantes intrónicas .............................................................................................................. 68 

5.  CONCLUSÃO  ..................................................................................................................... 77 

6.  PERSPECTIVAS FUTURAS  .................................................................................................. 79 

7.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 83 

8.  ANEXOS ............................................................................................................................ 95 

 

 

ii 

 

ÍNDICE DE FIGURAS 

Figura  1‐  Representação  esquemática  da mitocôndria,  e  da  localização  das  enzimas  da  cadeia 

respiratória mitocondrial (CRM) e outras vias metabólicas importantes  ......................................... 4 

Figura  2‐  Representação  esquemática  da  Cadeia  Respiratória  Mitocondrial/OXPHOS  e  os 

transportadores móveis de electrões (CoQ e Cit c)  .......................................................................... 6 

Figura 3‐ Heterogeneidade dos órgãos afectados por citopatias mitocondriais  .............................. 8 

Figura 4‐ Corte histológico onde podem ser visualizadas RRFs, coradas com o corante de tricrómio 

de Gomori  .......................................................................................................................................... 9 

Figura 5‐ Estrutura química da ubiquinona  ..................................................................................... 10 

Figura 6‐ Via da biossíntese da CoQ10 humana  ............................................................................... 12 

Figura 7‐ Representação do cromossoma 10 e locus do gene PDSS1  ............................................. 20 

Figura 8‐ Representação do cromossoma 6 e do locus do gene PDSS2  .......................................... 21 

Figura 9‐ Representação do cromossoma 4 e do locus do gene COQ2  .......................................... 22 

Figura 10‐ Representação do cromossoma 16 e do locus do gene COQ9  ...................................... 23 

Figura 11‐ Representação do cromossoma 1 e do locus do gene ADCK3/CABC1 ........................... 24 

Figura 12‐ Representação parcial da sequência dos casos 21 e 25, onde se evidência a alteração 

c.255T>G, comparada com um controlo normal ............................................................................. 59 

Figura  13‐  Estrutura  linear  dos  aminoácidos  glutamina  (A)  e  histidina  (B),  com  os  radicais 

assinalados . ..................................................................................................................................... 59 

Figura 14‐ Alinhamento entre espécies de parte da sequência proteica do gene ADCK3............... 60 

Figura  15‐  Previsão  da  patogenicidade  da  alteração  c.255T>G  no  gene  ADCK3  através  do 

programa Polyphen  ......................................................................................................................... 60 

Figura 16‐ Frequência alélica do polimorfismo rs2297411 .............................................................. 61 

Figura 17‐ Representação parcial da  sequência de um dos casos, onde  se evidência a alteração 

c.196G>T, em homozigotia e em heterozigotia  .............................................................................. 62 

Figura 18‐ Estrutura linear dos aminoácidos valina (A) e leucina (B), com os radicais assinalados. 62 

iii

Figura 19‐ Alinhamento entre espécies de parte da sequência proteica do gene COQ2 ................ 63 

Figura 20‐ Previsão da patogenicidade da alteração c.196G>T no gene COQ2 através do programa 

mmb . ............................................................................................................................................... 64 

Figura  21‐ Representação parcial da  sequência dos  casos 8  e 9, onde  se  evidência  a  alteração 

c.320G>C, comparada com um controlo normal . ........................................................................... 65 

Figura 22‐ Estrutura linear dos aminoácidos serina (A) e treonina (B), com os radicais assinalados. 

(Nelson e Cox, 2004) ........................................................................................................................ 65 

Figura 23‐ Alinhamento entre espécies de parte da sequência proteica do gene COQ2 ................ 66 

Figura 24‐ Previsão da patogenicidade da alteração c.320G>C no gene COQ2 através do programa 

Polyphen ........................................................................................................................................... 66 

Figura 25‐ Previsão da patogenecidade da alteração c.320G>C no gene COQ2 através do programa 

mmb ................................................................................................................................................. 67 

Figura 26‐ Representação parcial da sequência dos casos 20 e 24, onde se evidência a alteração 

c.64A>T, comparada com um controlo normal. .............................................................................. 68 

Figura  27‐  Representação  parcial  da  sequência  do  caso  16,  onde  se  evidência  a  alteração  c.1‐

29C>T, comparada com um controlo normal .................................................................................. 69 

Figura  28‐  Representação  parcial  da  sequência  do  caso  12,  onde  se  evidência  a  alteração 

c.721+4C>T, comparada com um controlo normal .......................................................................... 70 

Figura 29‐ Representação parcial da sequência dos casos 10 e 16, onde se evidência a alteração 

c.693‐136A>G, comparada com um controlo normal. .................................................................... 71 

Figura 30‐ Representação parcial da sequência do caso 6, onde se evidência a alteração c.1660‐

81C>G, comparada com um controlo normal . ................................................................................ 72 

Figura 31‐ Previsão dos locais de splicing para a região 5`UTR do gene PDSS1 normal (A) e com a 

alteração c.1‐29C>T (B) através do programa NetGene 2 ............................................................. 104 

Figura 32‐ Previsão dos locais de splicing para a região 5`UTR do gene PDSS1 normal (A) e com a 

alteração c.1‐29C>T (B) através do programa Splice Site Prediction ............................................. 105 

Figura 33‐ Previsão dos locais de splicing para a região exão7 – intrão7 do gene PDSS1 normal (A) 

e com a alteração c.721+4C>T (B) através do programa NetGene 2 ............................................. 106 

iv 

Figura 34‐ Previsão dos locais de splicing para a região exão7 – intrão7 do gene PDSS1 normal (A) 

e com a teração c.721+4C>T (B) através do programa Splice Site Prediction ................................ 106 

Figura 35‐ Previsão dos locais de splicing para a região exão4 – intrão4 do gene COQ2 normal (A) e 

com a alteração c.693‐136A>G (B) através do programa NetGene 2 . .......................................... 107 

Figura 36‐ Previsão dos locais de splicing para a região exão4 – intrão4 do gene COQ2 normal (A) e 

com a alteração c.693‐136A>G (B) através do programa Splice Site Prediction . .......................... 108 

Figura 37‐ Previsão dos locais de splicing para a região exão15 – intrão15 do gene ADCK3/CABC1 

normal (A) e com a alteração c.1660‐81C>G (B) através do programa NetGene 2 ....................... 109 

Figura 38‐ Previsão dos locais de splicing para a região exão15 – intrão15 do gene ADCK3/CABC1 

normal (A) e com a alteração c.1660‐81C>G (B) através do programa Splice Site Prediction . ..... 110 

v

ÍNDICE DE TABELAS 

Tabela 1‐ Descrição das mutações identificadas no gene PDSS1  ................................................... 20 

Tabela 2‐ Descrição das mutações identificadas no gene PDSS2  ................................................... 21 

Tabela 3‐ Descrição das mutações identificadas no gene COQ2 ..................................................... 23 

Tabela 4‐ Descrição das mutações identificadas no gene COQ9 ..................................................... 24 

Tabela 5‐ Descrição das mutações identificadas no gene ADCK3/CABC1  ...................................... 26 

Tabela 6‐ Resumo dos resultados bioquímicos dos casos seleccionados para este estudo ............ 40 

Tabela 7‐ Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene PDSS1...................................... 42 

Tabela 8‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene PDSS1 ................................. 43 

Tabela 9‐ Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene PDSS2...................................... 43 

Tabela 10‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene PDSS2 ............................... 44 

Tabela 11‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene COQ2 ................................ 44 

Tabela 12‐ Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene COQ9 .................................... 45 

Tabela 13‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene COQ9 ................................ 45 

Tabela 14‐ Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene ADCK3/CABC1 ...................... 46 

Tabela 15‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene ADCK3/CABC  .................... 46 

Tabela 16‐ Referência das sequências de cDNA e proteína ............................................................. 50 

Tabela 17‐ Variantes descritas no gene PDSS2 encontradas neste estudo  .................................... 53 

Tabela 18‐ Variantes descritas no gene COQ9 encontradas neste estudo ...................................... 53 

Tabela 19‐ Variantes descritas no gene PDSS1 encontradas neste estudo  .................................... 54 

Tabela 20‐ Variantes descritas no gene COQ2 encontradas neste estudo ...................................... 55 

Tabela 21‐ Variantes descritas no gene ADCK3 encontradas neste estudo  ................................... 56 

Tabela 22‐ Variantes não descritas encontradas neste estudo ....................................................... 57 

Tabela 23‐ Descrição da variante missense encontrada neste estudo  ........................................... 64 

Tabela 24‐ Descrição da variante nonsense encontrada neste estudo  .......................................... 67 

Tabela 25‐ Descrição das variantes intrónias encontradas neste estudo  ....................................... 68 

vi 

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 

ADP  Adenosina‐5’‐difosfato 

ATP  Adenosina trifosfato 

ATPase 6 e 8  ATP sintetase 6 e 8 

cDNA  DNA complementar ao mRNA 

CGMJM  Centro de Genética Médica Jacinto Magalhães 

CI a IV  Complexo I a IV 

CoA  Coenzima A 

CoQ10  Coenzima Q10 

COX I a III  Citocromo c oxidase subunidade I a III 

CRM  Cadeia respiratória mitocondrial 

ddNTPs  2,3 ‐ didesoxiribonucleótidos 

DM  Doença mitocondrial 

DNA  Ácido desoxirribonucleico 

dNTP  Desoxiribonucleótido trifosfato 

FADH2  Dinucleótido de  flavina e adenina  

HGMD  Human Gene Mutation Database 

KDa 

CK 

Kilo Dalton 

Creatina quinase 

MgCl2  Cloreto de magnésio 

MIM 

mRNA 

Mendelian Inheritance in Man 

Ácido ribonucleico mensageiro 

mmb  Molecular Modeling e Bioinformatics 

mtDNA  DNA mitocondrial 

NADH  Dinucleótido de nicotinamida‐adenina 

NCBI  National Center for Biotechnology Information 

ND 1 a 6   NADH desidrogenase subunidade 1 a 6 

nDNA  DNA nuclear 

OXPHOS  Fosforilação oxidativa 

pb  pares de bases 

vii

PCR  Reacção da polimerase em cadeia (Polymerase Chain Reaction) 

PTC  Codão de terminação prematuro 

RNA  Ácido ribonucleico 

ROS  Espécies reactivas de oxigénio 

rpm  Rotações por minuto 

RRFs  Fibras rotas e vermelhas 

rRNA  RNA ribossómico 

SNC  Sistema Nervoso Central 

TAE  Tampão Tris‐Acetato‐EDTA 

tRNA  RNA de transferência 

 

Introdução 

1. Introdução

1.1.  A Mitocôndria 

As mitocôndrias  são organelos presentes em  todas as células eucarióticas, excepto nos 

glóbulos  vermelhos,  tendo  como  função  principal  transformar  a  energia  química  dos 

substratos orgânicos em energia facilmente acessível à célula (Wallace et al., 1997). São 

organelos esféricos ou alongados, medindo entre 0,5 a 1,0 µm de largura e até 10 µm de 

comprimento. A sua distribuição na célula é variável, estando  localizadas no citoplasma 

onde  o  gasto  de  energia  é mais  intenso.  Ao microscópio  electrónico,  as mitocôndrias 

apresentam  uma  estrutura  característica.  São  constituídas  por  duas  membranas,  a 

externa e a interna (fracção insolúvel), matriz e espaço intermembranar (fracção solúvel). 

A membrana externa é  lisa e permeável a pequenas moléculas e  iões. Possui  inúmeras 

enzimas  importantes  para  o  metabolismo  energético  da  célula,  receptores  e  outros 

componentes  chave  do  sistema  de  transporte  transmembranar  das  proteínas.  A 

membrana interna é constituída por grande quantidade de proteínas e fosfolípidos assim 

como  transportadores  específicos,  ou  translocases,  responsáveis  pelo  transporte  de 

metabolitos hidrófilos e  ionizados da matriz para o exterior. Esta membrana apresenta 

cristas  que  aumentam  consideravelmente  a  sua  superfície,  sendo  o  local  onde  se 

encontram  as  subunidades  dos  complexos  multienzimáticos,  transportadores  de 

electrões móveis da  cadeia  respiratória mitocondrial  (CRM), e da  fosforilação oxidativa 

(OXPHOS) (Figura 1). 

A mitocôndria  está  envolvida  na  homeostasia  celular,  tendo  um  importante  papel  na 

sinalização  intracelular,  apoptose,  metabolismo  de  aminoácidos,  lípidos,  colesterol, 

esteróides  e  nucleótidos.  Contudo,  a  sua  principal  função  reporta‐se  ao  nível  do 

metabolismo energético,  isto é, na β‐oxidação dos ácidos gordos, no ciclo da ureia e na 

via final comum de produção de ATP – cadeia respiratória. 

   

 

Figura  1.  Representação  esquemática  da mitocôndria,  e  da  localização  das  enzimas  da  cadeia respiratória  mitocondrial  (CRM)  e  outras  vias  metabólicas  importantes. (http://www.awl.com/mathews/ch01/frames.htm) 

 

Possui um DNA próprio  (mtDNA)  (Nass e Nass, 1963), tendo várias moléculas de DNA e 

múltiplas cópias do mesmo gene.  

O genoma mitocondrial humano é uma molécula circular, constituída por DNA de cadeia 

dupla,  com  cerca  de  16.569  pb  e  a  sua  transcrição  ocorre  nas  mitocôndrias, 

independentemente  do  núcleo.  O mtDNA  humano  contém  37  genes  que  codificam  2 

RNAs  ribossómicos  (rRNAs) – 12S e 16S, 22 RNAs de  transferência  (tRNAs – designados 

por  letras  maiúsculas  correspondentes  ao  aminoácido  que  transferem)  e  13  RNAs 

mensageiros (mRNAs) que codificam 13 polipeptídeos componentes da CRM‐OXPHOS: 7 

subunidades do complexo I (ND1‐6, ND4L); 1 subunidade do complexo III (citocromo b); 3 

subunidades do  complexo  IV  (COX  I, COX  II e COX  III) e 2  subunidades do  complexo V 

(ATPase 6 e 8) (Zeviani et al., 1989). Os restantes polipeptídeos, constituintes essenciais 

dos complexos da CRM, são codificados por cerca de 90 genes do DNA nuclear (nDNA) e 

posteriormente transportados para as mitocôndrias para participar na OXPHOS. Todas as 

subunidades do complexo II são codificadas pelo nDNA. 

O  nDNA  é  responsável  pela  síntese  de  proteínas  que  terão  funções  diversas  na 

mitocôndria,  desde  a  participação  na  estrutura  da  mitocôndria  até  o  controlo  da 

replicação e da transcrição do mtDNA. Assim, o  funcionamento perfeito da mitocôndria 

depende da  interacção adequada entre os dois genomas. Podendo ter qualquer tipo de 

hereditariedade, seja ela autossómica dominante, recessiva, ligada ao X ou ainda materna, 

ocorrendo também casos esporádicos. A hereditariedade materna é altamente sugestiva 

de um defeito no mtDNA. 

Apenas uma parte mínima dos componentes da mitocôndria é codificada neste organelo, 

no entanto assume uma grande importância em processos metabólicos e na produção de 

energia,  daí  que  as  doenças  mitocondriais  se  caracterizem  essencialmente  por  uma 

deficiente produção energética. 

 

1.2. Cadeia Respiratória Mitocondrial e Fosforilação Oxidativa  

Na mitocôndria  ocorrem  numerosos  processos  bioquímicos  complexos  que  culminam 

com a produção de ATP. Indissociáveis desta função mitocondrial encontram‐se a Cadeia 

Respiratória Mitocondrial e a Fosforilação Oxidativa. 

O  sistema  de  fosforilação  oxidativa  é  composto  por  4  complexos  enzimáticos 

constituintes  da  CRM:  o  complexo  I  ‐  NADH‐ubiquinona  oxidoredutase  (EC‐1.6.5.3);  o 

complexo II ‐ Succinato‐ubiquinona oxidoredutase (EC‐1.3.5.1); o complexo III ‐ ubiquinol‐

citocromo c oxidoredutase (EC‐1.10.2.2) e complexo IV ‐ citocromo c oxidase ou COX (EC‐

1.9.3.1); e pelo Complexo V – ATPsintetase  (EC‐3.6.1.34) que usa a energia gerada pelo 

transporte  de  electrões,  ao  longo  da  cadeia  respiratória,  para  formar  o  ATP.  Cada 

complexo é composto por subunidades envolvidas no transporte de electrões através da 

membrana,  e  no  conjunto  são  responsáveis  pela  fosforilação  oxidativa mitocondrial. A 

CRM possui ainda moléculas transportadoras de electrões, a ubiquinona e o citocromo c 

(Figura 2). 

A estrutura membranar da mitocôndria permite  fixar os componentes da CRM segundo 

uma ordem  sequencial que  facilita a  transferência de electrões entre eles e determina 

uma alta velocidade e eficiência do sistema. Todos os componentes estão de  tal  forma 

interliga

evitand

diferent

seguida

aceitado

 

Figura  2transpor

Enquan

protões

complex

armaze

ATP, for

(Cooper

 

ados  que 

o‐se  reacçõ

tes  desidro

a, os electrõ

or final, o o

2‐  Represenrtadores móv

to  os  elect

s  são  bom

xos  I,  III e  I

nada no gr

rmando‐se 

r et al, 1994

o  transpor

ões  laterais

ogenases  e 

ões são env

oxigénio, for

ntação  esquveis de elect

trões  se m

mbeados  at

IV produzin

radiente de

três moléc

4). 

rte  de  ele

s. Os  comp

transferem

iados para 

rmando águ

uemática  datrões (CoQ e 

movem  atra

través  da 

ndo um gra

e protões p

ulas de ATP

ctrões  se 

lexos  I  e  II

m‐nos  para 

os complex

ua.  

a  Cadeia  RCit c). Adapt

vés  desta 

membrana 

diente. O c

ara  conden

P por cada 

realiza  co

  recebem  e

um  comp

xos III e IV e

Respiratória tado de (Zevi

cadeia  de 

interna  m

complexo V

nsar o ADP 

NADH oxida

m  elevada

electrões  p

osto  quinó

e finalment

Mitocondriiani e Di Dona

transporte

mitocondria

V utiliza a e

e o  fosfato

ado e duas 

  especificid

proveniente

óide  (CoQ10

e reagem c

al/OXPHOS ato, 2004) 

  electrónic

al  ao  nível

nergia pote

o  inorgânic

por cada F

dade, 

s  das 

0).  De 

com o 

 

e  os 

co,  os 

l  dos 

encial 

o em 

ADH2 

1.3. Doenças Mitocondriais 

As Doenças Mitocondriais (DM) foram descritas pela primeira vez em 1959 (Ernster et al., 

1959)  num  paciente  com  sintomas  neurológicos  relacionados  com  um  estado 

permanente de hipermetabolismo, apresentando alterações morfológicas e bioquímicas 

da mitocôndria. A patologia foi apenas reconhecida em 1962 sendo atribuído o nome de 

doença de Luft (Luft et al., 1962). Somente no início da década 70 é que outras doenças 

mitocondriais  começaram  a  ser  descritas,  tendo‐se  constatado  que  as  aberrações  na 

cadeia respiratória, com ou sem as alterações estruturais na mitocôndria, encontradas na 

doença de Luft, também ocorriam em outras miopatias (Shy e Gonatas, 1964; Shy et al., 

1966).  Durante  essa  década  foram  associadas  doenças  envolvendo  o  sistema  nervoso 

central  (SNC) e o músculo esquelético à deficiência na cadeia  respiratória mitocondrial, 

surgindo,  pela  primeira  vez,  o  termo  “encefalomiopatia mitocondrial”  (Shapira  et  al., 

1977). 

A  classificação  bioquímica  destas  patologias  baseia‐se  nas  cinco  principais  funções  do 

metabolismo da mitocôndria (DiMauro et al., 1985): defeitos no transporte do substrato 

(deficiência  do  transportador  da  carnitina‐CPT);  defeitos  na  utilização  do  substrato 

(deficiência  da  piruvato  desidrogenase‐PDH);  defeitos  no  ciclo  de  krebs  (deficiência  da 

fumarase);  defeitos  da  CRM  (deficiência  da  citocromo  c  oxidase)  e  os  defeitos  no 

acopolamento oxidação/fosforilação (doença de Luft).  

Apesar de  ser  antigo o  conhecimento de que  a mitocôndria possui o  seu próprio DNA 

(mtDNA) (Nass e Nass, 1963), a sequenciação completa do mtDNA humano só surge em 

1981 (Anderson et al., 1981) e a primeira mutação foi  identificada em 1988 (Holt et al., 

1988; Wallace  et  al.,  1988).  Esta  descoberta  tornou  possível  estabelecer  uma  ligação 

entre as alterações estruturais, bioquímicas, histopatológicas e moleculares das doenças 

mitocondriais. 

Estas doenças  constituem um  grupo de doenças de expressão  clínica heterogénea que 

têm  na  sua  origem  alterações  do  metabolismo  energético  celular.  As  disfunções 

mitocondriais  hereditárias  podem  ser  resultantes  quer  de mutações  do  nDNA  quer  do 

mtDNA. Estas doenças envolvem essencialmente, o SNC, o músculo‐esquelético ou ambos. 

Outros 

levando

Possui u

 

Figura 3

 

O apare

ser  fata

Actualm

contudo

(DiMau

patolog

dos sint

A marca

fibers) d

(Figura 

sarcolém

indiscut

mitocon

 

órgãos,  co

o a um com

uma incidên

‐ Heterogene

ecimento do

ais,  progres

mente  não 

o  já  foram 

ro  e Manc

gias mitocon

tomas na m

a histológic

demonstrad

4).  A  alte

mica de mit

tível,  é  ago

ndrial.  

mo  o  coraç

plexo espec

ncia de 1 em

eidade dos ó

os primeiro

ssivamente 

existe  um 

descritos  a

uso,  2007)

ndriais poss

maioria dos c

ca destas d

das com col

ração  das 

tocôndrias a

ora  claro qu

 

ção,  pâncre

ctro de man

m cada 5000

órgãos afecta

os sintomas 

lentos  ou 

tratamento

alguns  efeit

.  A  deficiên

sui um trata

casos (Quin

oenças  são

oração de T

fibras  mus

anormais. A

ue  a  ausênc

eas,  olhos  e

nifestações 

0 nados‐viv

ados por cito

pode ocorr

rápidos  o

o  geral  com

tos benéfico

ncia  em  ub

amento efic

zii e Hirano

o as  fibras 

Tricrómio d

sculares  em

Apesar da im

cia de RRFs

e  rins  pode

clínicas (Fig

os (Schaefe

opatias mitoc

rer em qua

u  até  mes

m  sucesso  p

os de  terap

biquinona, 

caz, havend

o, 2011).  

rotas e ver

de Gomori (

m  RRFs  é  d

mportância

s não  exclu

em  também

gura 3).  

er et al., 200

 

condriais. (Jo

lquer idade

mo  regred

para  este  t

pêutica em

ao  contrári

do uma mel

rmelhas  ‐ R

Engel e Cun

devida  à  a

 do diagnós

ui o diagnó

m  ser  afect

04).  

ohns, 1995) 

e, podendo 

ir  com  a  id

ipo  de  doe

  alguns doe

io  das  rest

horia acent

RRFs  (red  ra

nningham, 1

cumulação 

stico de RRF

stico de do

ados, 

estes 

dade. 

enças, 

entes 

antes 

tuada 

agged 

1963) 

sub‐

Fs ser 

oença 

Figurde Go

 

Os e

CRM

hete

mito

muta

 

1.4.

1.4.1

A  ub

Fred

este 

trans

et al

rato,

(Mor

quím

et al.

Em m

ra 4‐ Corte hiomori.  (http:

studos hist

,  contudo,

rogéneo.  O

condrial  é 

ação, quer n

Défices

1. Via Meta

biquinona  f

erick Crane

composto 

sporte de e

., 1957). No

,  a  partir  d

rton, 1958)

mica precisa

., 1958) (Fig

meados dos

istológico on://www.neuro

toquímicos 

,  não  são

O  diagnós

realizado 

no genoma 

s da Coenz

abólica da S

foi  isolada 

e em 1957 q

era  parte 

lectrões en

o mesmo a

da  vitamina

. No  final d

a da ubiquin

gura 5), sen

s anos 60, p

nde podem so.wustl.edu/n

específicos

o  suficiente

tico  defini

através  do

mitocondri

zima Q10

Síntese da U

pela  prime

que lhe atrib

integrante

tre as desid

no, o profe

  A,  e  atrib

da década 

nona, 2,3 d

ndo pela pri

professor Ya

er visualizadneuromuscula

s e os bioqu

es  para  cl

itivo  dos 

o  estudo  m

ial quer no 

Ubiquinona

eira  vez  de

bui o nome

e  da  cadeia

drogenases 

essor Morto

uiu‐lhe,  pe

de 50, Folk

imetoxi‐5‐m

imeira vez s

amamura do

das RRFs, corr/pathol/mito

uímicos per

lassificar  e

doentes  s

molecular  c

genoma nu

e  mitocônd

 de coenzim

a  respirató

(NADH e su

on isolou es

ela  primeira

kers e  coleg

metil‐6‐deca

sintetizada 

o Japão usa

radas com o ochondrial.htm

rmitem  ide

este  grupo 

suspeitos  d

com  a  ide

uclear (Won

rias  de  co

ma Q10 (CoQ

ria  mitocon

uccinato) e 

ste compost

a  vez,  o  no

gas determ

aprenil‐1,4‐

e produzid

a pela prime

corante de tm) 

ntificar def

de  doen

de  uma  c

ntificação 

g e Boles, 2

ração  de  v

Q10), e verifi

ndrial  med

o citocromo

to de um fí

ome  de  ubi

inaram a e

‐benzoquino

a por ferme

eira vez a co

tricrómio 

feitos da 

ças  tão 

citopatia 

de  uma 

2005). 

vaca  por 

icou que 

diando  o 

o (Crane 

ígado de 

quinona 

estrutura 

ona (Ott 

entação. 

oenzima 

Q7  (um

cardíaca

antioxid

juntame

de  cora

aperfeiç

suficien

pela sua

da form

de trans

A  CoQ1

process

desemp

respirat

uma mo

contribu

encontr

coração

 

  composto

a congestiv

dante  efica

ente com o

ação human

çoaram  a 

ntes para en

a contribuiç

mulação da t

sferência de

Fi

10  apresenta

so  de  resp

penhando 

tória mitoco

olécula mó

uindo para 

ra‐se em ma

o, o fígado e

o  relacionad

a. Em 1966

z  (Mellors 

o professor 

no  (Littarru

tecnologia

nsaios clínic

ção para a 

teoria quim

e energia.  

igura 5‐ Estru

a  particula

piração  cel

um  papel 

ondrial. Ape

óvel que pa

a biossínte

aior quantid

e os rins (Lit

do)  no  trat

6, Mellors e

e  Tappel, 

Karl Folker

  et al., 197

  industrial

os maiores

compreens

miosmótica, 

utura químic

r  relevânci

lular,  prod

crucial,  c

esar de não

articipa no  t

ese de ATP

dade nos ó

ttarru e Lam

10 

tamento  de

e Tappel mo

1966).  Em

rs documen

72). Por me

l  para  pro

. Peter Mitc

são da tran

que inclui 

ca da ubiquin

a  em  euca

ução  de  A

como  tran

o fazer parte

transporte 

  (Ernster e

rgãos com m

mbrechts, 20

e  doenças 

ostraram qu

m  1972,  Gia

ntaram um 

eados da d

oduzir  CoQ

chell recebe

sferência d

o papel vita

nona. (Jeya e

ariotas,  um

ATP,  que 

nsportador 

e de nenhum

de electrõ

 Dallner, 19

maior nece

011). 

humanas, 

ue a CoQ6 r

an  Paolo  L

défice de C

écada de 7

Q10  pura  e

eu o Prémio

e energia b

al dos protõ

et al., 2010) 

ma  vez  que 

ocorre  na

de  electr

m dos comp

es dos CI e

995). Assim

ssidade ene

na  insufici

reduzida er

Littarru  de 

CoQ10 na do

70, os  japon

em  quantid

o Nobel em 

biológica at

ões nos sist

é  essencia

s  mitocôn

rões  na  c

plexos da C

e CII para o

m, esta mol

ergética, co

ência 

ra um 

Itália 

oença 

neses 

dades 

1978 

través 

emas 

al  no 

drias, 

adeia 

CRM é 

o CIII, 

écula 

omo o 

11 

1.4.2. Patofisiologia 

O conhecimento actual da via da biossíntese da CoQ10 nos eucariotas deve‐se sobretudo, 

aos  estudos  realizados  na  caracterização  dos  mutantes  deficientes  em  CoQ10  de 

Saccharomyces cerevisiae (Kawamukai, 2009).  

A  CoQ10  é  a  forma  humana  predominante  de  ubiquinona  endógena  e  é  sintetizada 

predominantemente na membrana mitocondrial  interna. A sua biossíntese envolve uma 

interacção  entre  duas  vias metabólicas  sendo  composta  por  uma  benzoquinona  e  por 

uma cadeia lateral de decaprenilo. A porção quinona é derivada predominantemente da 

tirosina (em alguns casos a partir da fenilalanina), que é convertida em 4‐hidroxibenzoato 

(4‐HBA). A cadeia  lateral poliprenil é sintetizada a partir de acetil‐CoA através da via do 

mevalonato  (Grunler et al., 1994), havendo a  formação de  farnesil‐difostafo seguida de 

uma  conversão  em  decaprenil‐difosfato  que  condensa  com  ácido  4‐hidroxibenzóico 

dando  origem  ao  decaprenoil‐4‐hidroxibenzoato.  O  comprimento  da  cadeia  lateral  é 

determinado pela natureza dos isoprenóides e não pela especificidade do decaprenoil‐4‐

hidroxibenzoato.  O  comprimento  desta  cadeia  é  constante  e  específico  de  cada 

organismo, sendo determinada pela disponibilidade do prenil‐difosfato na célula.  

 O  composto  formado, o decaprenoil‐4‐hidroxibenzoato, entra na  via da biossíntese da 

ubiquinona  sofrendo  uma  série  de  reacções  de  descarboxilação,  hidroxilação  e  de 

metilação, até à síntese da ubiquinona (Turunen et al., 2004)(Figura 6). 

Figura 6

 

A  bioss

membra

diferent

complex

membra

mitocon

CoQ10 p

(Turune

antioxid

também

proteína

reconhe

deficiên

apresen

‐ Via da bios

síntese  da 

anas  do  co

tes  sítios  n

xo de Golg

ana  plasmá

ndrial como

participa em

en  et  al., 

dantes  lipof

m  necessár

a  mitocond

ecido o seu

ncia  de  C

ntações clín

síntese da C

CoQ10  co

omplexo  de

na  célula.  A

i, no  reticu

ática  (Crane

o a transpor

m outras  fu

2004).  Na

fílicos  em 

ria  na  bios

drial  e  pod

 efeito na e

CoQ10  pod

icas variáve

oQ10 human

meça  no 

e  Golgi,  a  p

A  ubiquino

ulo endopla

e,  2008). A

rtadora de e

nções celu

  forma  re

todas  as m

ssíntese  da

de  modula

expressão d

e  ter  vá

eis.  

12 

a. (Mollet et

retículo  en

partir  das  q

ona  pode  s

smático, no

lém  de  seu

electrões do

lares,  tais c

eduzida  (ub

membranas 

a  pirimidin

ar  a  apopt

de genes (G

rios  efeito

t al., 2007) 

ndoplasmát

quais  a  qu

ser  encontr

os  lisossom

u  papel  cen

o complexo

como, na e

biquinol),  é

celulares 

a,  particip

ose  (Turun

Groneberg e

os  bioquím

tico  e  é  c

inona  é  tra

rada  nas  m

mas, nos pe

ntral  na  cad

o I e II para 

liminação d

é  um  dos 

(Bentinger 

a  no  desa

nen  et  al; 

et al., 2005)

micos,  pod

 

completada

ansportada 

mitocôndria

roxissomas

deia  respira

o complexo

de radicais 

mais  pot

et  al.,  200

acoplament

2004).  É 

). Deste mo

dendo  pro

a  nas 

para 

s,  no 

 e na 

atória 

o III, a 

livres 

entes 

07).  É 

to  da 

ainda 

odo, a 

oduzir 

13 

A sua obtenção pode ser por síntese endógena, como também por via exógena, através 

da  alimentação  ou  toma  de  suplementos  orais  (Kwong  et  al.,  2002).  A  quantidade  de 

CoQ10 no organismo aumenta até aos 20 anos e posteriormente decai durante o resto da 

vida (Turunen et al., 2004). 

 

1.4.3. Aspectos Clínicos 

Os défices de CoQ10  são classificados como primários e secundários: se o défice é devido 

a uma alteração da biossíntese da CoQ10 ou a uma inibição desta via metabólica devido a 

outros  metabolitos,  respectivamente.  Se  as  mutações  encontradas,  nestes  doentes, 

estiverem localizadas nos genes envolvidos na biossíntese da CoQ10, então classificam‐se 

estes síndromes como primários, se pelo contrário, as mutações estão presentes noutros 

genes, estamos perante formas secundárias (DiMauro et al., 2007). Neste trabalho vamos 

apenas focar as formas primárias da deficiência da CoQ10. 

A  deficiência  primária  de  CoQ10  (MIM  607426)  tem  sido  relatada  em  doentes 

apresentando uma clínica heterogénea e associada a cinco principais fenótipos clínicos: (1) 

encefalomiopatia  caracterizada  por mioglobinúria mas  também  com  envolvimento  do 

sistema  nervoso  central;  (2)  doença  predominantemente  encefalopática  com  ataxia  e 

atrofia  cerebelar;  (3) miopatia  isolada  com RRFs e  armazenamento  lipídico;  (4) doença 

multissistémica tipicamente infantil e encefalopatia; (5) nefropatia isolada ou associada a 

encefalopatia (DiMauro, 2011).  

O fenótipo clínico de encefalomiopatia foi descrito pela primeira vez em 1989, relatando 

o primeiro doente com deficiência em CoQ10. Este fenótipo é caracterizado por miopatia 

mitocondrial, mioglobinúria recorrente e com sinais neurológicos, sendo associada a uma 

diminuição  das  actividades  dos  complexos  I‐III  e  II‐III  da  CRM  e  ao  défice marcado  de 

CoQ10  no  músculo  (Ogasahara  et  al.,  1989).  Desde  então,  vários  doentes  com 

encefalomiopatia  com  as  mesmas  manifestações  clínicas  têm  vindo  a  ser  descritos 

(Sobreira et al., 1997; Boitier et al., 1998; Di Giovanni et al., 2001; Aure et al., 2004). Os 

achados histológicos na biópsia muscular destes doentes eram  sugestivos de disfunção 

14 

mitocondrial,  em  que  as  actividades  dos  complexos  da  CRM  eram  normais  excepto 

aquelas  dependentes  da  ubiquinona,  CI‐III  e  CII‐III,  que  estavam  significativamente 

diminuídas. O conteúdo em CoQ10 foi consistentemente diminuído em todos os doentes. 

Neste grupo, apenas num doente foi caracterizado molecularmente, identificando‐se uma 

alteração no gene ADCK3/CABC1 (Aure et al., 2004; Mollet et al., 2008). 

A apresentação cerebelar, com ataxia e atrofia cerebelar, é o  fenótipo mais comum da 

deficiência em CoQ10 e foi descrita, pela primeira vez, por Musumeci em 2001. Esta forma 

clínica  caracteriza‐se  por  ter  início  na  infância  e  ser  acompanhada  por  outras 

manifestações como a neuropatia, convulsões, atraso mental, hipogonadismo e fraqueza 

muscular (Artuch et al., 2006; Lagier‐Tourenne et al., 2008; Mollet et al., 2008). O défice 

de CoQ10 foi comprovado no músculo e nos fibroblastos, contudo nem todas as biópsias 

musculares  revelaram  proliferação mitocondrial  anormal  ou  presença  de  depósitos  de 

lípidos,  como  foi  apresentado  nos  primeiros  casos  descritos  (Musumeci  et  al.,  2001; 

Lamperti et al., 2003). Um pequeno grupo de doentes com  início da ataxia cerebelar na 

idade  juvenil revelou uma deficiência primária da CoQ10 com alterações moleculares no 

gene ADCK3/CABC1 (Lagier‐Tourenne et al., 2008; Mollet et al., 2008).  

Este  fenótipo  está  também  associado  a  formas  secundárias  da  deficiência  de CoQ10  já 

com alterações encontradas noutros genes, como é o caso do gene APTX, que codifica a 

aprataxina responsável pela ataxia com apraxia oculomotora (AOA1) (Quinzii et al., 2005). 

A  forma miopática  é  caracterizada  pela  associação  de miopatia,  fraqueza muscular  e 

hiperlactacidemia  (Di  Giovanni  et  al.,  2001;  Aure  et  al.,  2004).  Todos  os  doentes 

apresentaram  RRFs  e  depósitos  de  lípidos  no músculo,  bem  como  um  aumento  dos 

valores  de  lactato  e  da  creatina  quinase  (CK).  A  idade  de  aparecimento  da  doença  é 

relativamente mais  elevada  do  que  nas  outras  formas  de  deficiência  de  ubiquinona.  É 

também observado uma disfunção da CRM, nomeadamente das actividades dependentes 

de ubiquinona e um decréscimo do  conteúdo de ubiquinona no músculo  (Lalani et al., 

2005;  Horvath  et  al.,  2006).  Estes  doentes  apresentam melhorias  significativas  com  a 

suplementação oral de CoQ10 (Quinzii et al., 2007).  

15 

A  apresentação miopática  é  também  característica  dos  défices  secundários  da  CoQ10 

como é o caso da Acidúria Glutárica tipo II (AG II) causada por alterações no gene ETFDH 

(Gempel et al., 2007). Nestas patologias o conteúdo de CoQ10 no músculo é normal (Liang 

et al., 2009; Ohkuma et al., 2009). 

Os  doentes  com  a  forma  multissistémica  infantil  têm  na  sua  maioria  a  confirmação 

genética de deficiência de CoQ10. Este  fenótipo  foi descrito, pela primeira vez, em dois 

irmãos  que  apresentavam  após  o  nascimento  sintomas  neurológicos,  incluindo 

nistagmos,  atrofia  óptica,  surdez  neurosensorial,  ataxia,  distonia,  fraqueza  e  uma 

nefropatia rapidamente progressiva, contudo a alteração genética nesta família nunca foi 

encontrada (Rötig et al., 2000). A primeira mutação associada a este fenótipo, foi descrita 

no  gene COQ2,  em  2006, quando observados  dois  irmãos  com doença multissistémica 

infantil (Quinzii et al., 2006). Desde então, têm sido descritas mutações noutros genes da 

biossíntese da ubiquinona associados a este fenótipo. No gene PDSS2 foi descrito um caso 

combinado  de  síndrome  nefrótico  e  de  síndrome  de  Leigh  (Lopez  et  al.,  2006). Numa 

forma da doença com aparecimento neonatal e com atingimento cardíaco foi encontrada 

uma alteração no gene PDSS1 (Mollet et al., 2007). Recentemente, foi também associado 

a este fenótipo alterações noutro gene necessário à biossíntese, o COQ9, acompanhado 

por uma atrofia cerebral e cerebelar (Duncan et al., 2009). 

Em  todos  os  síndromes  multissistémicos  infantis  descritos  houve  uma  diminuição 

acentuada dos níveis de CoQ10 no músculo e nos  fibroblastos. A histologia não  revelou 

alterações mitocondriais sugestivas. Contudo, o estudo enzimático da CRM realizado no 

músculo e no  fígado  revelou uma deficiência nas actividades dos complexos  I‐III e  II‐III. 

Este  défice  das  actividades  da  CRM  foi  também  observado  nos  fibroblastos  e  nos 

linfócitos,  sugerindo  um  defeito  de  CoQ10  generalizado.  É  também  de  referir,  que  em 

todos os doentes relatados que apresentavam mutações nos genes PDSS1, PDSS2, COQ2 

e COQ9 tinham doença renal. 

A  apresentação  nefrótica  foi  descrita  por  Diomedi‐Camassei  num  paciente  com 

glomerulopatia  sem  manifestações  extra‐renais  desenvolvendo  rapidamente  para  um 

síndrome nefrótico aos 18 meses de idade. Um segundo paciente com oligúria aos 5 dias 

de  vida, que evolui  rapidamente para doença  renal  terminal. Esta  criança morre  aos 6 

16 

meses de  idade por uma complicação da encefalopatia epiléptica progressiva  (Diomedi‐

Camassei  et  al.,  2007).  As  biópsias  renais  e  musculares  revelaram  uma  deficiência 

combinada  das  actividades  do  CII‐III  e  do  conteúdo  de  CoQ10.  Foi  também  possível 

identificar a alteração no gene COQ2, responsável por este  fenótipo  (Diomedi‐Camassei 

et al., 2007). 

Na maioria dos fenótipos a história familiar sugere um modo de transmissão autossómica 

recessiva,  pois  os  irmãos  são  frequentemente  afectados,  enquanto  os  pais  não  são 

normalmente afectados e por vezes consanguíneos. 

O  síndrome  da  deficiência  em  CoQ10  é  caracterizado  por  uma  diminuição  na 

concentração  de  CoQ10  no  músculo  e/ou  nos  fibroblastos.  Os  doentes 

relatados  mostraram  um  grau  variável  da  deficiência  de  CoQ10  no  músculo 

e/ou  fibroblastos  causando  uma  diminuição  da  actividade  da  NADH:  citocromo  c 

oxidorredutase (CI + CoQ10 + CIII) e succinato: citocromo c oxidorredutase (CII + CoQ10 + 

CIII)  da  cadeia  respiratória mitocondrial.  Tem  sido  observado  uma  correlação  positiva 

entre  as  actividades  enzimáticas  e  o  conteúdo  de  CoQ10  no músculo  (Montero  et  al., 

2005). Os valores podem variar de concentrações no músculo extremamente baixas até 

deficiências mais  leves  (Montero  et  al.,  2007).  No  entanto,  o  diagnóstico  bioquímico 

apresenta algumas dificuldades, já que há doentes com comprovada deficiência de CoQ10 

nos  fibroblastos, mas  que  podem  apresentar  actividades  da  CRM  e  concentração  de 

CoQ10 no músculo normais (Artuch et al., 2006). 

 

1.4.4. Diagnóstico Bioquímico/Histopatológico 

O diagnóstico de deficiência primária de CoQ10 requer uma forte suspeita clínica e é um 

diagnóstico extremamente  importante no sentido de parar a progressão dos sintomas e 

em muitos casos, levar à regressão total da doença. A história clínica deve ser detalhada e 

pormenorizada.

17 

A  abordagem  bioquímica  deve  iniciar‐se  por  um  estudo  metabólico  completo.  Deve 

englobar  a  determinação  de  lactato,  piruvato  e  dos  corpos  cetónicos  sanguíneos  e 

respectivas  razões molares  (L/P e 3OH/AA). Pode  ser  também efectuado o estudo dos 

ácidos orgânicos urinários, realizado por cromatografia gasosa/espectrometria de massa 

(GC/MS), que permite  identificar um aumento dos metabolitos do ciclo de krebs  (ácido 

fumárico, succínico e málico) e dos corpos cetónicos. O estudo do perfil dos aminoácidos 

pode  também  revelar‐se  de  alguma  importância,  pela  alteração  do  perfil  plasmático, 

quando  se  verifica  um  aumento  da  alanina  (hiperalaninemia)  e/ou  urinário  revelando 

uma hiperaminoacidúria  generalizada  (Rustin  et al.,  1994).  Estas  alterações podem  ser 

sugestivas de uma citopatia mitocondrial.  

Se houver uma forte suspeita clínica de deficiência primária de CoQ10 deve ser realizado, 

numa primeira fase, a avaliação do conteúdo de CoQ10 no plasma.  

A  biópsia muscular  é  o  tecido  de  eleição  para  realizar  os  estudos  histopatológicos  e 

bioquímicos. A análise histológica e a microscopia electrónica  revelam um aumento de 

lípidos,  fibras  RRFs  e  acumulação  sub‐sarcolémica  de  mitocôndrias  na  apresentação 

miopática (Ogasahara et al., 1989; Lalani et al., 2005). No fenótipo puramente atáxico as 

alterações musculares são muito menos evidentes (Quinzii et al., 2005). 

A  análise  das  enzimas  da  CRM  é  realizada  por  espectrofotometria  e  consiste  na 

determinação  das  actividades  isoladas  e  combinadas  dos  diversos  complexos.  Estes 

ensaios baseiam‐se na  transferência dos equivalentes  reduzidos obtidos por  substratos 

naturais ou artificiais (NADH, CoQ, citocromo c, ascorbato). Não requerem o  isolamento 

de  fracções  mitocondriais  e  podem  ser  realizados  em  homogeneizados  de  tecidos 

criopreservados. Por esta razão, a quantidade de material requerida é muito pequena e 

pode  ser  facilmente  derivada  de  uma  amostra  de  biópsia  de músculo  (50  –  100 mg), 

fígado,  rim e miocárdio ou de um pellet de  linfócitos. No entanto este estudo deve ser 

efectuado preferencialmente em biópsia de músculo. 

Nesta  avaliação  é  efectuada  a  determinação  individualizada  das  actividades  dos 

complexos I, II, III e IV e conjunta dos complexos II e III da CRM. Através da utilização de 

inibidores  específicos  adequados  para  cada  um  dos  complexos,  são  eliminadas  as 

18 

interferências devido às actividades inespecíficas. A actividade da enzima citrato sintetase 

(CS),  enzima  do  ciclo  de  Krebs,  é  determinada  simultaneamente  com  os  restantes 

doseamentos, sendo utilizada como controlo de qualidade da amostra e do seu estado de 

conservação.  Os  resultados  são  calculados  em  função  da  quantidade  das  proteínas, 

determinadas  pelo  método  de  Lowry  modificado  (Lowry  et  al.,  1951),  presentes  no 

músculo e referidos à actividade da enzima de referência, CS. 

O  doseamento  das  enzimas  da CRM  é  de  extrema  importância  pois  pode  sugerir  uma 

deficiência de CoQ10, mas requer algum cuidado na compreensão das condições exactas 

de  análise.  A  determinação  da  actividade  do  complexo  I  baseia‐se  na  redução  da 

coenzima Q10  pelo NADH,  sendo  feita  na  presença  e  ausência  de  rotenona,  que  é  um 

inibidor  deste  complexo.  Se  nesta  determinação  for  utilizada  CoQ10  como  último 

aceitador de electrões não se observam valores baixos da actividade deste complexo. No 

entanto, se forem utilizados outros métodos que não utilizam a CoQ artificial, mas apenas 

utilizam a CoQ endógena como receptor final de electrões, resulta num défice aparente 

da  actividade  deste  complexo,  o  que  leva  a  um  desvio  na  investigação,  atrasando  o 

diagnóstico e eventual início do tratamento (Land et al., 2007). 

O doseamento da CoQ10 nos diversos tecidos pode ser realizado por várias metodologias, 

mas  a mais  utilizada  é  a  determinação  por  HPLC  com  detecção  ultra‐violeta  (UV)  ou 

electroquímica.  A  detecção  UV  foi  utilizada  durante  algum  tempo  mas  possui 

desvantagens  relativamente  à  detecção  electroquímica  e  espectrometria  de massa  em 

tandem. A extracção da coenzima Q10 é realizada através da utilização de vários solventes 

e muitos  autores  utilizam  a  CoQ9  como  padrão  interno  com  amostras  de  sangue,  não 

tendo em conta os níveis das lipoproteínas. Assim, os valores dos intervalos de referência 

calculados para o conteúdo de CoQ10 nos diferentes tecidos são extremamente variáveis 

e de valor questionável. O que se tem observado é que os valores sanguíneos não são um 

bom  indicador da deficiência desta coenzima, podendo estar perfeitamente normal em 

casos  que,  posteriormente,  é  demonstrada  uma  deficiência  ao  nível  muscular  e  dos 

fibroblastos (Artuch et al., 2006; Hirano et al., 2006). A concentração CoQ10 no plasma e o 

seu significado não é claro, pois nem sempre existe uma correlação directa com a doença 

e com a resposta terapêutica. 

19 

Na  tentativa  de  contornar  este  problema,  alguns  autores  utilizam  a  diproxi‐  CoQ10, 

sintetizada  artificialmente,  como  padrão  interno  e  confirmam  a  sua  estrutura, 

posteriormente, por espectrometria de massa em  tandem. A avaliação do conteúdo de 

CoQ10,  sempre  que  possível,  é  realizada  em  vários  tecidos  tais  como  plasma,  células 

mononucleares e músculo esquelético (Duncan et al., 2005). 

A quantificação exacta de CoQ10 é de extrema importância no diagnóstico, avaliação dos 

estados da doença e na interpretação dos ensaios clínicos.  

 

1.4.5. Diagnóstico Molecular 

A heterogeneidade clínica da deficiência da CoQ10 é sugestiva de uma heterogeneidade 

genética que está  relacionada ao grande número de enzimas e de genes envolvidos na 

sua  biossíntese  até  agora  já  identificados.  Os  genes  têm  vindo  a  ser  estudados  e 

caracterizados em várias espécies incluindo bactérias, leveduras e nos nemátodos. 

 A  via  da  biossíntese  da  CoQ10  envolve  nove  etapas  e  várias  enzimas  tendo  sido 

identificadas e  sequenciados  alguns dos  genes que  codificam para essas enzimas.  Têm 

vindo  a  ser  descritas  algumas mutações  em  cinco  destes  genes,  PDSS1,  PDSS2,  COQ2, 

COQ9 e ADCK3, e  recentemente  foram descritas pela, primeira  vez, mutações no gene 

COQ6 (Heeringa et al., 2011).  

PDSS1 

O gene estrutural do PDSS1 (decaprenil‐difosfato sintetase subunidade 1) (MIM 607429) 

está  localizado  no  cromossoma  10p12.1  (Figura  7)  e  abrange  cerca  de  49  kb  do  DNA 

genómico  e  compreende  12  exões  (Saiki  et  al.,  2005).  O  cDNA  correspondente 

(NM_014317) possui 1679 pb e uma Open Reading Frame de 47 a 1294 pb que codifica 

uma  proteína  de  415  aminoácidos  (subunidade  1)  com  massa  molecular  de 

aproximadamente de 46 kDa. 

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Referência 

Carlos Lopez

Carlos Lopez

www.biobase

o sintetase 

8)  e  abran

t al.,  2005

pen Reading

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, devido a u

o formação

adas na tabe

J Hum Genet

J Hum Genet

l.com/)

e 2) (MIM 

de  307  kb 

A  correspo

291 a 1490

massa  molec

PDSS2.  (adap

EC‐2.5.1.91

a quinona (T

,  no  rato

a, formada p

nidade 1 e 

uma alteraç

o de CoQ10 

ela 2. 

t 79, 1125 

t 79, 1125 

610564) 

do  DNA 

ondente 

0 pb que 

cular  de 

 

ptado  de 

1)  a qual 

Turunen 

o  e  na 

por duas 

o PDSS2 

ção num 

(Saiki et 

 

COQ2 

O  gene

localizad

genómi

(NM_01

uma pro

(Forsgre

 

Figura  9http://ww

 

 

O  COQ

envolvid

final  da

polipren

conden

A  análi

forteme

As muta

 

e  estrutural

do  no  crom

co  e  comp

15697) poss

oteína de 4

en et al., 20

9‐  Represenww.genecards

Q2  codifica 

da na biossí

a  biossíntes

nil (Forsgre

sação da ca

se  em  mú

ente expres

ações já des

l  COQ2  (4‐

mossoma  4

preende  7 

sui 1657 pb

421 aminoác

004). 

ntação  do s.org/) 

a  enzima 

íntese da u

se,  a  preni

n et al., 200

adeia latera

últiplos  teci

ssa no músc

scritas neste

 

hidroxibenz

4q21.23  (F

exões  (Fo

b e uma Op

cidos com m

cromossom

para‐hidro

biquinona.

lação  do  p

04) e mede

l do poli‐iso

idos  huma

culo esquelé

e gene enco

22 

zoato  polip

igura  9),  a

orsgren  et 

pen Readin

massa mole

a  4  e  do 

oxibenzoato

Esta enzim

para‐hidroxi

eia a segund

oprenóide c

nos,  adulto

ético, coraç

ontram‐se e

preniltransfe

brangendo

al.,  2004).

g Frame de

ecular de ap

locus  do 

o  polipreni

a catalisa o

ibenzoato 

da etapa da

com o PHB.

os  e  fetais

ão e glându

enumerada

erase)  (MIM

  cerca  de 

  O  cDNA 

e 1 a 1266 

proximadam

gene  COQ2

l‐transferas

o segundo p

(PHB)  com 

a biossíntese

,  permitiu 

ula adrenal.

s na tabela 

M  609825)

21  kb  do 

correspond

pb que co

mente de 46

2.    (adaptad

se  (EC‐2.5.1

passo da rea

o  grupo  t

e promoven

concluir  q

  

3. 

  está 

DNA 

dente 

difica 

6 kDa 

 

do  de 

1.39), 

acção 

trans‐

ndo a 

que  é 

Tabe

Al

c.4

c.5

c.6

c.8

c.1

Adapt

 

COQ

O  ge

6128

DNA 

(NM_

uma 

Figurhttp:/

 

A  fu

leved

CoQ1

estar

la 3‐ Descriç

lteração 

cDNA 

437G>A 

590G>A 

683A>G 

890A>G 

1197delT  G

tado da base d

ene  estrutu

837) está  lo

genómico 

_020312) p

proteína de

ra  10‐  Repr//www.genec

nção  deste

dura,  pensa

10 (Hsieh et

r envolvido 

ção das muta

E

Pr

p

p

p

p

GGATT^398GT

de dados HGM

ural  COQ9 

ocalizado no

e  compree

possui 2580

e 381 amino

resentação ards.org/) 

e  gene  aind

a‐se  que  fa

t al., 2007). 

no passo d

ações identif

Efeito 

roteína 

.S146N 

.R197H 

.N228S 

.Y297C 

TCCTtGGGAA

MD® ( http://w

(proteína  d

o cromosso

ende  9  exõ

0 pb e uma 

oácidos com

do  cromos

da  perman

az  parte  de

Os estudos

a modificaç

23 

icadas no ge

Ref

Dio18,

Dio18,

Dio18,

Qu

Salv

ATTTGT Mo

Bel

www.biobase

da  biossínt

ma 16q21 

ões  (Duncan

Open Read

m massa mo

soma  16  e

ece  obscur

e  um  comp

s realizados

ção do anel

ene COQ2 

ferência 

omedi‐Camas, 2773 

omedi‐Camas, 2773 

omedi‐Camas, 2773 

inzii (2006) A

viati (2007) H

ollet (2007) J 

ll (2011) Sci T

‐internationa

ese  da  ubi

(Figura 10),

n  et  al.,  20

ding Frame 

olecular de 

e  do  locus 

ra, mas  po

plexo multi

s suportam 

 de benzoq

ssei (2007) J 

ssei (2007) J 

ssei (2007) J 

Am J Hum Ge

Hum Mol Ge

Clin Invest 1

Transl Med 3

l.com/) 

iquinona m

, abrange c

009). O  cDN

de 82 a 10

aproximada

do  gene 

or  homolog

enzimático 

a ideia de 

quinona, po

Am Soc Nep

Am Soc Nep

Am Soc Nep

enet 78, 345

enet 16: 1091

117, 765 

3: 65ra4 

mitocondrial

cerca de 13

NA  correspo

038 pb que 

amente de 

COQ9.  (ada

ia  com  o  g

da  biossín

que o COQ

rque na aná

phrol 

phrol 

phrol 

1  

l,)  (MIM 

.9 kb do 

ondente 

codifica 

36 kDa. 

ptado  de 

gene  da 

ntese  da 

Q9 parece 

álise por 

HPLC do

compos

As muta

Tabela 4

Alteraç

cDNA

c.730C

Adaptado

ADCK3/

O gene 

no  crom

compre

2932 pb

aminoá

2001). 

Figura 1http://ww

 

 

O gene 

na  via d

envolvid

membra

os  fibroblas

sto intermé

ações já des

4‐ Descrição 

ção 

C>T 

o da base de d

/CABC1 

estrutural 

mossoma  1

eende 15 ex

b e uma Op

cidos  com 

1‐ Representww.genecards

ADCK3/CAB

de  apoptos

da  na  bios

ana.  Esta 

stos dos do

dio acumul

scritas neste

das mutaçõe

Efeito 

Proteína 

p.R244X 

dados HGMD®

do ADCK3/

1q42.13  (Fig

xões (Iiizum

pen Reading

massa mo

tação do cros.org/) 

BC1 é um d

se. Este  gen

ssíntese  da

proteína  é

oentes, apa

ado da bios

e gene enco

es identificad

Ref

Dun

® ( http://www

/CABC1  (pro

gura  11)  e 

i et al., 200

g Frame de 

olecular  de 

omossoma 1 

dos vários g

ne, homólo

a  CoQ10,  q

é  essencia

24 

arece um p

ssíntese.  

ontram‐se e

das no gene 

ferência 

ncan (2009) A

w.biobase‐int

oteína chap

abrange  ce

02). O cDNA

173 a 2116

aproximad

e do locus d

genes  induz

ogo do ABC

que  funcion

l  para  a 

ico extra q

enumerada

COQ9 

Am J Hum G

ernational.com

perone)  (M

erca  de  47.

A correspon

6 pb que co

damente  de

o gene ADCK

zidos pela e

C1 da  leved

na  num  co

conformaçã

ue poderá 

s na tabela 

enet 84, 558

m/) 

IM 606980

.3  kb  do  D

dente (NM_

odifica uma 

e  72  kDa  (H

K3/CABC1. (a

expressão d

ura,  codific

omplexo  d

ão  e  func

representa

4. 

) está  local

DNA  genóm

_020247) p

proteína de

Holzinger  e

adaptado de 

o p53 envo

ca uma pro

de  proteína

cionamento

ar um 

izado 

mico  e 

possui 

e 647 

et  al., 

 

olvido 

oteína 

as  de 

o  dos 

25 

complexos  das  proteínas  da  cadeia  respiratória  mitocondrial  (Iiizumi  et  al.,  2002). 

Pertence à superfamília das proteínas cinases e possui um local conservado necessário à 

ligação ao ATP (Lagier‐Tourenne et al., 2008). A função exacta desta proteína ainda não 

está  totalmente esclarecida, mas a  sua homológa da  levedura  (CoQ8)  foi  recentemente 

publicada como tendo  funções de uma cinase (Tauche et al., 2008). A proteína humana 

possui  vários  “motivos”  que  indicam  que  também  actua  como  uma  cinase  (Lagier‐

Tourenne et al., 2008).   

A falta de CoQ8 na levedura não é letal, mas leva à desestabilização do CoQ3 no complexo 

da  biossíntese  CoQ10  (Tauche  et  al.,  2008)  desempenhando  uma  função  essencial  na 

montagem  deste  complexo.  No  Homem  a  supressão  desta  proteína  também  não  se 

revela  letal,  como  se  tem  verificado  nos  doentes  com  alterações  neste  gene.  Estes 

doentes apresentam  formas clínicas mais  suaves em comparação com os que possuem 

um bloqueio enzimático de síntese de CoQ10. Este  facto sugere que esta enzima possui 

uma função reguladora indirecta na síntese de CoQ10 (Lagier‐Tourenne et al., 2008). 

As mutações já descritas neste gene encontram‐se enumeradas na tabela 5. 

   

26 

Tabela 5‐ Descrição das mutações identificadas no gene ADCK3/CABC1 

Alteração 

cDNA 

Efeito 

Proteína Referência 

c.637C>T  p.R213W  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.815G>A  p.G272D  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.815G>T  p.G272V  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.1541A>G  p.Y514C  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.1645G>A  p.G549S  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.637C>T  p.R213W  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.815G>A  p.G272D  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.815G>T  p.G272V  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.1541A>G  p.Y514C  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.1645G>A  p.G549S  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.637C>T  p.R213W  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.815G>A  p.G272D  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.815G>T  p.G272V  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.1541A>G  p.Y514C  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.1651G>A  p.E551K  Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.1750_1752delACC 

TCAGAGC^583ACCaccGAGAAGATCC 

Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.1813dupG CCCACCC^604GAGgGAAA

CCTACT Mollet (2008) Am J Hum Genet 82, 623 

c.993+54C>T  (1)  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.1398+2T>C  (1)  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

c.500_521delinsTTG 

(2)  Lagier‐Tourenne (2008) Am J Hum Genet 82, 661 

Adaptado da base de dados HGMD® ( http://www.biobase‐international.com/).  

(1) alteração de splicing; (2) alterações de rearranjo 

   

27 

1.5. Correlação fenótipo/genótipo 

Os défices primários da CoQ10 já foram confirmados molecularmente em 8 doentes com 

apresentação  infantil  (DiMauro  et  al.,  2007)  e  em  11  com  ataxia  cerebelar  (Lagier‐

Tourenne et al., 2008; Mollet et al., 2008). 

Em 2006  foi descrita a primeira mutação missense no gene COQ2, encontrada em dois 

irmãos,  de  pais  consanguíneos,  com  nefropatia  infantil  resistente  aos  esteróides,  e 

encefalopatia na criança mais velha. Apresentavam uma deficiência de CoQ10 muscular e 

nos  fibroblastos  (Quinzii  et  al.,  2005).  Em  2007, Mollet  e  os  colegas  reportaram  uma 

delecção  no  exão  7  presente  em  homozigotia  no  gene  COQ2,  num  doente  com  stress 

neurológico  neonatal,  síndrome  nefrótico,  hepatopatia,  pancitopenia,  diabetes, 

convulsões  e  acidose  láctica.  Este  doente  faleceu  aos  12  dias  de  vida  por  falência 

multiorgânica (Mollet et al., 2007). 

No  mesmo  ano,  Diomedi‐Cassadei  e  colegas  descreveram  dois  doentes  com  lesões 

glomerulares com instalação precoce e com mutações no gene COQ2 (Diomedi‐Camassei 

et  al.,  2007).  O  primeiro  paciente  apresentava  aos  18 meses  de  idade,  um  síndrome 

nefrótico  resistente  aos esteróides  como  resultado do  colapso da  glomerulopatia,  sem 

sintomas  extra‐renais.  O  segundo  paciente  apresentava  aos  cinco  dias  de  vida  uma 

oligúria,  que  na  biópsia  renal  apresentou  uma  proliferação  extra‐capilar  grave. 

Rapidamente  evoluiu  para  uma  doença  renal  terminal  tendo  falecido  aos  6 meses  de 

idade,  com  encefalopatia  epiléptica  progressiva.  As  biópsias  renais  e  musculares 

revelaram uma diminuição da CoQ10 e do complexo II‐III (Diomedi‐Camassei et al., 2007).  

Foram  também  já descritas mutações nas duas  subunidades do PDSS, que  codificam  a 

decaprenil difosfato sintase, primeira enzima da biossíntese da CoQ10. Foram encontradas 

duas  alterações  não  sinónimas  no  gene  PDSS2,  num  rapaz  com  síndrome  nefrótico  e 

síndrome de  Leigh, que  faleceu aos dois meses de  vida devido a um estado epiléptico 

refractário focal (Lopez et al., 2006). No gene PDSS1 foi descrita uma mutação missense 

em homozigotia numa  família consanguínea com deficiência de CoQ10, manifestando‐se 

como  doença  multissistémica  com  surdez  de  instalação  precoce,  encefaloneuropatia, 

obesidade,  livedo  reticularis  e  valvulopatia  (Mollet  et  al.,  2007).  Em  todas  as  formas 

28 

multissistémicas  infantis descritas, os níveis de CoQ10 estavam diminuídos no músculo e 

nos fibroblastos.  

No gene ADCK3 já foram descritas mutações em 11 doentes de sete famílias com fenótipo 

cerebelar.  Todos  os  doentes  apresentaram  no  início  da  infância  ataxia  cerebelar 

variavelmente associada à  intolerância ao exercício que melhorou  com os anos, atraso 

psicomotor leve e neuropatia. A deficiência de CoQ10 foi documentada no músculo e nos 

fibroblastos apenas em alguns dos doentes, contudo em nenhum destes se manifestou 

doença renal. Este facto parece sugerir, não haver uma correlação entre doença renal e 

alterações no gene (Lagier‐Tourenne et al., 2008; Mollet et al., 2008).  

Em 2009, Duncan e colegas descreveram pela primeira vez uma mutação no gene COQ9, 

necessário  na  biossíntese  da  CoQ10  no Homem,  num  paciente  que  às  6  horas  de  vida 

apresentava  acidose  láctica  grave  e  hipertermia  que  evolui  para  uma  doença 

multissistémica  severa  que  se manifesta  com  convulsões,  atraso  de  desenvolvimento 

psicomotor  com  atrofia  cerebral  e  cerebelar,  hipertrofia  ventricular  e  disfunção  renal 

tubular. A biópsia muscular apresentava atrofia com acumulação de  lípidos e um défice 

severo do CII‐III e de CoQ10. Este paciente teve uma  irmã mais velha que faleceu com 1 

dia de vida com convulsões, acidose e aminoacidúria, que não foi possível estabelecer um 

diagnóstico (Duncan et al., 2009). 

Recentemente  foram  identificadas,  pela  primeira  vez,  6 mutações  no  gene COQ6,  que 

codifica a mono‐oxigenase 6 que participa na biossíntese da CoQ10, em 13 indivíduos de 7 

famílias, com alterações da substância branca, acabando por falecer por sepsis e falência 

multiorgânica. Os outros dois doentes com mutações identificadas apresentaram ataxia e 

dismorfias faciais (Heeringa et al., 2011). 

O fenótipo clínico e a progressão da doença devido a alterações no gene ADCK3 parecem 

ser de apresentação mais moderada do que a observada no doente com alterações no 

gene COQ9, evidenciando que estas duas proteínas têm funções muito distintas.  

É  interessante verificar que a atrofia cerebelar é partilhada por doentes com mutações 

nos  genes  ADCK3  e  COQ9,  enquanto  a  ataxia  parece  ser  comum  a  várias  formas  de 

deficiência da coenzima Q10, tanto primárias como secundárias. 

29 

Actualmente,  nenhum  estudo  conseguiu  estabelecer  uma  relação  entre  as  alterações 

genotípicas com os  fenótipos específicos, uma vez que apenas um número  reduzido de 

famílias afectadas têm um diagnóstico molecular definitivo.  

A identificação de mutações causadoras de doença é importante e necessária para ajudar 

a elucidar a patogénese das deficiências de CoQ10 e levar a uma melhor compreensão da 

biossíntese e regulação da CoQ10. 

1.6. Tratamento 

A deficiência primária de CoQ10 é uma doença mitocondrial com  tratamento eficaz. Por 

isso  é  importante  que  os  clínicos,  especialmente  pediatras  e  neurologistas,  conheçam 

bem esta patologia de forma a estabelecer um diagnóstico o mais precoce possível. Pois, 

um tratamento iniciado quando os sintomas ainda não estão totalmente instalados, muda 

radicalmente o curso da doença (Artuch et al., 2006; DiMauro e Mancuso, 2007; Montini 

et al., 2008). 

Todos os doentes  com deficiência primária de CoQ10 beneficiam  com a  suplementação 

oral  de  CoQ10  contudo  a  resposta  clínica  varia mesmo  entre  os  casos  com  fenótipos 

semelhantes,  que  podem  apresentar  uma  excelente  resposta  à  CoQ10  ou  apenas  uma 

melhoria parcial de alguns sinais ou sintomas (Montero et al., 2007). Tem sido verificado 

que as formas miopáticas respondem melhor que os fenótipos de ataxia (Ogasahara et al., 

1989; Musumeci et al., 2001; Rahman, 2001). 

Uma vez que a biodisponibilidade oral é pobre, devido à sua extrema afinidade  lipídica, 

apenas uma pequena  fracção de CoQ10 administrada atinge o  sistema  circulatório e os 

seus efeitos ao nível da mitocôndria são ainda menores. Na tentativa de contornar este 

problema  são  administradas  doses  altas  de  CoQ10  e  por  um  longo  período  de  tempo 

(Bhagavan e Chopra, 2006). 

30 

Não  existe  consenso  na  dose  oral  para  o  tratamento  desta  patologia.  Embora  existam 

ensaios com uma gama de concentrações muito ampla, 300‐3000 mg/dia, alguns autores 

relataram uma melhoria clara dos sintomas com doses de 1000 mg/dia . 

Os efeitos benéficos da  suplementação de CoQ10  são  suportados ao nível da  correcção 

das alterações bioquímicas e histológicas  (Di Giovanni et al., 2001; Artuch et al., 2006; 

Rotig  et  al.,  2007).  No  entanto,  tem  sido  verificado  uma  melhoria  significativa  dos 

sintomas musculares em geral, mas os cerebrais são apenas parcialmente atenuados. Esta 

situação pode ser explicada pela presença de danos cerebrais  irreversíveis  já  instalados 

ao  início do  tratamento ou pela dificuldade que a CoQ10  tem em atravessar a barreira 

hemato‐encefálica (Rotig et al., 2007). 

Vários estudos têm demonstrado que altas doses de CoQ10 exógena administradas podem 

produzir  aumentos  significativos  dos  níveis  de  CoQ10  em  algumas  regiões  do  cérebro 

(Matthews et al., 1998). Mas um estudo recente sobre a distribuição da CoQ10 no cérebro 

de ratos demonstrou que, após várias semanas com suplementação de CoQ10, o cerebelo 

é  a  região  que mantém  os  níveis mais  baixos  de  CoQ10.  Se  o  cérebro  humano  tiver  a 

mesma distribuição por região como o de cérebro do rato, o cerebelo pode ter a margem 

mais estreita de segurança e, portanto, será o primeiro a sofrer com a falta patológica de 

CoQ10 (Naini et al., 2003).  

Contudo, a CoQ10 para  funcionar  como um antioxidante deve estar na  forma  reduzida, 

mas apenas só 20% dos lípidos encontram‐se nesta forma no cérebro (Naini et al., 2003). 

Por  isso  a  alta  proporção  de  CoQ10  oxidada  no  cérebro  pode  ser  um  reflexo  do  alto 

consumo de oxigénio no tecido, causando um aumento na necessidade de anti‐oxidantes 

(Turunen et al., 2004).  

Durante  a  suplementação  oral,  são monitorizados  os  níveis  de  CoQ10  plasmáticos  no 

sentido  de  garantir  a  eficácia  do  tratamento,  uma  vez  que  a  biodisponibilidade  da 

molécula  é  variável  nas  diferentes  fórmulas  comerciais,  e  existe  uma  grande  variação 

inter‐individual  na  absorção  da  CoQ10.  No  entanto,  os  níveis  plasmáticos  podem  não 

reflectir os níveis celulares, daí que seria mais apropriado, sempre que possível, utilizar as 

células mononucleares do sangue (Pineda et al., 2010). 

31 

A CoQ10 é também utilizada com sucesso, no tratamento de outras condições clínicas, tais 

como  doenças  neurodegenerativas,  diabetes,  doenças musculares  e  cardiovasculares  e 

em alguns cancros. Os seus efeitos bioenergéticos e as suas propriedades antioxidantes 

também  têm  sido  estudados  ao  nível  da  pele,  com  resultados muito  importantes  no 

rejuvenescimento da pele enrugada (Littarru e Lambrechts, 2011). 

 

1.7. Novas abordagens terapêuticas 

Diversos  avanços  têm  sido  realizados  na  melhoraria  da  biodisponibilidade  de  CoQ10 

utilizando várias abordagens como a redução de  tamanho da molécula, o realce da sua 

solubilidade  e  o  uso  combinado  com  outras  moléculas,  tais  como  lipossomas  que 

melhoram o seu transporte (Beg et al., 2010). 

Uma das abordagens alternativas, para evitar a toma de doses terapêuticas elevadas de 

coenzima Q10,  é  a  utilização  de  agentes  que  aumentam  a  síntese  endógena.  Para  isso 

foram  desenvolvidos  análogos  da  coenzima Q,  como  a  idebenona  e  o mitoQ,  que  são 

absorvidos de uma forma mais eficiente, melhorando a eficácia antioxidante nos tecidos 

(Mariotti et al., 2003). Estes compostos têm vindo a ser avaliados em ensaios clínicos de 

forma  a  estudar  a  sua  toxicidade,  segurança  e  efeitos  terapêuticos  nas  diferentes 

patologias (Villalba, 2010). 

A  idebenona  actua  como  um  eliminador  de  radicais  livres  protegendo  a  membrana 

mitocondrial contra a peroxidação dos  lípidos e  interage com outros transportadores de 

electrões  na  CRM.  Assim  este  composto  pode  ser  utilizado  tanto  no  transporte  de 

electrões  como  um  antioxidante.  Este  análogo  do  CoQ10  é  rapidamente  absorvido  e 

metabolizado.  As  concentrações  plasmáticas  aumentam  em  proporção  com  a  dose 

administrada,  quando  acompanhada  pela  alimentação  a  sua  concentração  aumenta 

exponencialmente (Villalba et al., 2010). Estudos realizados em ratos e um tratamento de 

sucesso num doente de Leigh, descrito em 2009, parecem sugerir que a idebenona atinge 

facilmente o cérebro e melhora o estado energético do sistema nervoso (Haginoya et al., 

2009). Esta descoberta, permitiu a realização de ensaios clínicos em doentes com outras 

32 

apresentações mitocondrias, como a encefalomiopatia mitocondrial com acidose láctica e 

com episódios de stroke‐like (MELAS) e na neuropatia óptica de Leber (LHON) (Villalba et 

al., 2010). 

O mitoQ  é  um  análogo  da  idebenona,  e  também  actua  como  um  antioxidante mas  é 

bastante mais potente na prevenção do stress oxidativo endógeno. É administrado por via 

oral, semelhante à  idebenona, mas possui um grupo terminal diferente que  lhe confere 

um maior  poder  oxidativo.  Este  composto  atravessa  com  facilidade  todas membranas 

biológicas  incluindo as das células musculares, e devido à sua carga positiva, acumula‐se 

em grande quantidade no  interior das mitocôndrias protegendo‐a dos danos oxidativos. 

Os  estudos  pré‐clínicos  demonstram  a  eficácia  na  redução  do  estado  oxidativo  celular 

inibindo o processo da apoptose (Villalba et al., 2010). 

 

1.8. Aconselhamento Genético e Diagnóstico Pré‐Natal 

A identificação das mutações responsáveis por esta deficiência é de extrema importância 

pois  permite  a  implementação  de  terapêutica  precoce  e  a  possibilidade  de  um 

diagnóstico pré‐natal. 

Apesar de em muitas situações o tratamento ser eficaz, existem muitas outras em que há 

apenas uma melhoria de alguns sintomas mas não uma cura. Perante isto, o diagnóstico 

pré‐natal  é  importante  para  estas  situações.  Para  isso  é  necessária  a  identificação  da 

mutação responsável pela doença, o que se revela complicado pois apenas ainda só são 

conhecidas mutações em seis dos genes da biossíntese da CoQ10. 

 

 

Objectivos 

 

Objectivos 

35

2. Objectivos 

O objectivo deste estudo é identificar e caracterizar molecularmente as formas primárias 

com  alteração  da  cadeia  respiratória  mitocondrial  (CRM),  patologia  ainda  não 

diagnosticada no nosso país.  

Os doentes vão ser seleccionados pelo diagnóstico clínico suspeito e/ou com alterações 

da CRM compatíveis com deficiência da ubiquinona. Nestes doentes vai‐se proceder ao 

estudo molecular  dos  genes  envolvidos  na  biossíntese,  em  que  já  existem mutações 

descritas, no sentido de estabelecer uma relação fenótipo‐genótipo.  

Este  trabalho vai permitir a  identificação das deficiências de CoQ10 que são de extrema 

importância  visto  ser  as  únicas  citopatias mitocondriais  potencialmente  tratáveis.  Para 

além disso, a identificação das mutações responsáveis por esta deficiência, vai permitir a 

implementação  de  terapêutica  precoce  e  aconselhamento  genético  e  diagnóstico  pré‐

natal nos casais de risco.

Material e Métodos

Material e Métodos 

39

3. Material e Métodos 

Este capítulo descreve o processo de selecção da amostra, e os métodos utilizados, assim 

como os equipamentos, os processos e  ferramentas  informáticas usados na  análise de 

dados. 

O  estudo  dos  genes  PDSS1,  PDSS2, COQ2, COQ9  e ADCK3  foi  implementado  no  nosso 

laboratório  disponibilizando  este  estudo  genético  a  todos  os  doentes  do  nosso  país 

suspeitos de défice de CoQ10. 

3.1. Amostra seleccionada 

O estudo baseou‐se numa população de 25 doentes, em que 24 foram seleccionados pelo 

resultado  suspeito das actividades das enzimas da CRM em biópsia de músculo, cujo o 

estudo foi realizado na Unidade de Bioquímica Genética do CGMJM. Apenas um paciente 

foi  estudado pela  suspeita  clínica. Não  foi possível  incluir mais doentes  com défice da 

CRM devido a uma quantidade insuficiente de amostra desses doentes para estudo.  

Para  efeitos  de  estudo,  foram  seleccionados  os  doentes  que  apresentaram  uma 

diminuição na actividade da enzima dependente da ubiquinona (CII‐III) o que é sugestivo 

de  uma  deficiência  de  CoQ10.  Os  resultados  das  actividades  enzimáticas  da  CRM 

encontram‐se descritos em anexo (anexo 8.1). 

A metodologia utilizada na determinação das actividades das enzimas da CRM, desde a 

preparação da amostra até à sua análise encontra‐se descrita em anexo (anexo 8.2). 

Os  24  doentes  que  apresentaram  alterações  das  actividades  da  citrato  sintetase  e  do 

complexo  II‐III da CRM, apresentavam  idades compreendidas entre os 6 meses e os 75 

anos e eram provenientes de hospitais de todo o país. 

O caso 25 apresentou o estudo das actividades enzimáticas da CRM no músculo normal 

mas  foi  seleccionado  para  o  estudo  pelo  fenótipo  suspeito. Na  tabela  6  encontram‐se 

resumidos  os  dados  biográficos,  clínicos  e  resultados  dos  estudos  bioquímicos  e 

histopatológicos dos doentes incluídos neste estudo. 

Tabela 6‐ Resumo dos resultados bioquímicos dos casos seleccionados para este estudo 

Caso  Sexo  Idade (anos)  Clínica  Parâmetros Analíticos  Histologia 

1  F 3  Hiperlactacidemia; Diarreia crónica; AD Ala‐↑ Predomínio fibras tipo I 2  F 12  Fraqueza muscular; Mialgias Ala– N; AO– N n.d.3  M 2  Hipotonia n.d. Predomínio fibras tipo I 4  F 1  Doença mitocondrial L/P– N; Ala‐ N; AO‐Alt. n.d.5  M 4  Doença mitocondrial Lac‐ ↑; Ala– N; AO– N Predomínio fibras tipo I 

6  M  75  Demência; parkinsonismo; RMN com alterações sugestivas de CM  L/P– ↑;  n.d. 

7  M 45  Doença mitocondrial n.d. n.d.

8  M  6  Hipotonia; Fraqueza muscular  n.d.  Compatível com atrofia muscular espinal 

9  F 10  Doença mitocondrial n.d. Alterações miopáticas inespecíficas 10  M 8  Doença mitocondrial Lac‐ ↑; L/P– ↑; AO– N n.d.11  F 10  Insuficiência renal aguda; insuficiência hepática crónica; ADPM; obesidade Ala‐ N; AO‐Alt. n.d.

12  M  3  Doença mitocondrial  Lac‐ ↑; L/P– ↑; Ala‐ N; AO– N  n.d. 

13  M  1  Hipotonia grave; convulsões; dismorfia; má evolução estato‐ ponderal; polineuropatia sensitivomotora;   Ala‐ N; AO‐Alt.   n.d. 

14  M 2  Hiperlactacidemia; hipotonia n.d Músculo sem alterações 

15  F  44  Miopatia  n.d  Alterações discretas e inespecíficas (ligeira acumulação de glicogénio) 

16  M  44  hipoacusia desde infância, AM; enfarte cerebral e episódios stroke‐like; RM c/ múltiplas lesões substância branca; LCR c/ proteinorráquia aumentada  n.d  n.d. 

17  M 54  Doença mitocondrial n.d n.d.18  F 47  Doença mitocondrial n.d.19  F 0,5  Hipotonia grave; convulsões; AD; RMN sugestiva de LEIGH  Lac‐↑; Ala‐ N; AO– Alt. n.d.

20  F  15  Miopatia metabólica; fraqueza muscular; insuficiência pulmonar recorrente; AD  Lac‐↑; Ala‐ N; AO– N  Fibras RRFs e infiltrações lipídicas 

21  M 6  Artogripose; distrofia muscular congénita e ortopédicas n.d Músculo sem alterações 22  F 9  Sindrome Reye‐like Lac‐↑; Ala‐ N; AO–Alt. n.d.23  M 55  Ptose palpebral bilateral  RRFs com sobrecarga de glicogénio 24  F 4  Miopatia mitocondrial; hipotonia; ADPM; mamilos invertidos   Ala‐ N Alterações discretas inespecíficas 25  M   Ataxia cerebelosa com atrofia do cerebelo Lac‐N; Ala‐N Alterações miopáticas inespecíficas  

n.d.‐não disponível; F‐feminino; M‐ masculino; ADPM‐ atraso de desenvolvimento psicomotor; AD‐ atraso de desenvolvimento; Ala‐ alanina; AO‐ ácidos orgânicos; N‐normal; Alt.‐ alterações no perfil dos AO.

40

Material e Métodos 

41 

3.2. Material biológico

Para a realização do estudo molecular utilizou‐se sangue periférico ou homogeneizado de 

biópsia muscular criopreservada como material biológico.  

 

3.3. Extracção de DNA

A extracção de DNA foi feita a partir de sangue total por extracção automática e a partir 

de  biópsia  muscular,  através  de  um  kit  comercial  da  QIAGEN  (Cat.  No.  158622).  A 

determinação  da  concentração  (ng/μL)  e  da  pureza  do  DNA  total  foi  obtida  por 

quantificação  no  aparelho  NanoDrop®  ND‐1000  UV‐Vis  Spectrophotometer  (a  razão 

Abs260/Abs280 deverá ser 1.8). 

O  DNA  genómico  foi  obtido  por  extracção  automática  no  aparelho  BioRobot  EZ1 

(QIAGEN), utilizando o kit EZ1 DNA Blood 350 μL (QIAGEN), específico para a extracção de 

DNA a partir de sangue total. Na utilização deste kit foi seguido o protocolo indicado pelo 

fabricante.  

O  isolamento de DNA a partir de biópsia muscular é efectuado mediante a  lise  celular 

pela proteinase K a 55 ⁰C, até a solução se tornar homogénea. Segue‐se um tratamento 

com  RNase  e  precipitação  de  proteínas.  O  DNA  é  seguidamente,  precipitado  pelo 

isopropanol,  seguido  de  lavagem  com  etanol  a  70%.  Posteriormente  é  dissolvido  e 

hidratado em soluções fornecidas pelo kit (anexo 8.3.). 

 

3.4. Estudo dos genes PDSS1 e PDSS2, COQ2, COQ9, ADCK3 

Na  abordagem de  sequenciação do DNA  genómico,  a  amplificação dos exões e  junção 

exão‐intrão  dos  genes  PDSS1,  PDSS2,  COQ2,  COQ9  e  ADCK3,  foi  efectuada  utilizando 

primers específicos descritos por Mollet, Lopez e Duncan, com ligeiras alterações. Outros 

Material e Métodos 

42 

foram  desenhados  no  nosso  laboratório  com  o  auxílio  do  programa  Primer3  v.0.4.0  e 

FastPCR©, representados nas tabelas 7 a 15. 

A  estes  primers  foi  adicionada  uma  sequência  de  18  nucleotídos  (M13F  e M13R)  que 

permitem a utilização de um primer universal para todos os fragmentos na realização do 

PCR  de  sequenciação.  O  primer  M13F  possui  a  sequência  TGTAAAACGACGGCCAGT, 

enquanto o primer M13R apresenta a sequência CAGGAAACAGCTATGACC (direcções 5´‐3´). 

Antes  de  se  proceder  ao  estudo  dos  doentes  foram  efectuados  gradientes  de  oito 

temperaturas,  de  45 °C  a  65 °C,  para  todos  os  exões  em  DNA  controlo,  de  forma  a 

optimizar as condições de PCR e assim obter uma melhor amplificação. 

 

Tabela 7‐ Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene PDSS1 

 (Mollet et al., 2008) 

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 5  339  61 F tgtaaaacgacggccagtCAACAAGAGCGAAACTCCGT 

R caggaaacagctatgaccCCCAGCCGGTATATGCTAAT 

Exão 7/8  515  61 F tgtaaaacgacggccagtCCTTCCAGTCAGTTTCATCA 

R caggaaacagctatgaccCTCTTGGGATTTTTGGGTAC 

Exão 12  595  61 F tgtaaaacgacggccagtGCAGGAAGTTAAAACGCTGA 

R caggaaacagctatgaccGACTTCAATGCAGACTTCAC 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados    

Material e Métodos 

43 

Tabela 8‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene PDSS1 

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 1  330  61 F tgtaaaacgacggccagtCAAGCGAGGAAGAGCGAAC 

R caggaaacagctatgaccCCCACTGCTGTCATTGGAG 

Exão 2  270  61 F TgtaaaacgacggccagtTGAGGCCTGTAAGCCCCTTC 

R caggaaacagctatgaccCTTGCTCCTCCCAAATCTCA 

Exão 3  315  61 F tgtaaaacgacggccagtTGGGGGTTTTATCATCCAAT 

R caggaaacagctatgaccGTCTGCAATCCCAGCACTTT 

Exão 4  322  58 F tgtaaaacgacggccagtTGGGCTGAATTTTCCGTATC   

R caggaaacagctatgaccGGCAACAGAGTGAGACTCC 

Exão 6  280  61 F tgtaaaacgacggccagtTCCGATGTCCAGTTTTCAC    

R caggaaacagctatgaccGTCCGAAAAGTGTGTGATTC 

Exão 9/10  525  61 F tgtaaaacgacggccagtCCGCTGCCTCCTATTTTAAG 

R caggaaacagctatgaccTTATGCAATCTTCCCATCAGC 

Exão 11  346  61 F tgtaaaacgacggccagtCCCCCACATCATCTAGACACT 

R caggaaacagctatgaccCACATCAAGAGTTGACCAAAC 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados 

Tabela 9 – Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene PDSS2  (Lopez et al., 2006) 

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 2  349  57 F  tgtaaaacgacggccagtATTTTCCTCCCTGACCCTGT 

R caggaaacagctatgaccTTTCCACTGACCTCTGTCCA 

Exão 3  368  57 F  tgtaaaacgacggccagtGGGGGCAACCTATGGAATA 

R caggaaacagctatgaccATTAGTTGGCTGCTGGAGCT 

Exão 5  426  57 F  tgtaaaacgacggccagtGCAGTTTTCCCACCACATTC 

R caggaaacagctatgaccGGCAAAAGGTTTCTTGTGTG   

Exão 8  550  57 F  tgtaaaacgacggccagtGCCTCAAGATCACTGGGAAA 

R caggaaacagctatgaccCTTCTGGCGTGACAAGTGAA   

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados    

Material e Métodos 

44 

Tabela 10 – Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene PDSS2 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados 

 

Tabela 11 – Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene COQ2 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados    

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 1  527  57 F  tgtaaaacgacggccagtCCAGGAAGCCACCTTACTC     

R  caggaaacagctatgaccAGGAGCCAGTCTGAGAGAGC 

Exão 4  258  57 F  tgtaaaacgacggccagtCCACTGAGCCTTCTGAAAC     

R  caggaaacagctatgaccGCCATGTACAATTTAAACACA 

Exão 6  334  57 F  tgtaaaacgacggccagtGCATTAACTGGTACTTTCTG 

R  caggaaacagctatgaccGTTACGTGAATATGCCTAAG    

Exão 7  303  57 F  tgtaaaacgacggccagtAGAGGGAAAGGGGGACAGAG 

R  caggaaacagctatgaccGAATGAACCTTATTCCACAT 

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 1  573  61 F  tgtaaaacgacggccagtGCCTTTTGCCAATAGAAATCC    

R  caggaaacagctatgaccCAGGTTCTCATTTCCATCACG    

Exão 2  392  61 F  tgtaaaacgacggccagtTGTTCTTTATTTCTTTGGTAT     

R  caggaaacagctatgaccGCATTTTCCATGCTGGA 

Exão 3  357  61 F  tgtaaaacgacggccagtTACCATGGGCCAGTCTCTTC    

R  caggaaacagctatgaccTGTGTGGTGAGTTACTTACAC    

Exão 4  342  55 F  tgtaaaacgacggccagtAGGGAAAGTCGAAGGCTAGG    

R  caggaaacagctatgaccGACTGATTTGTCATTTCATCT 

Exão 5  317  61 F  tgtaaaacgacggccagtGAAGGAACCCACAGAAAGCA    

R  caggaaacagctatgaccAAAAACAGCAACAACTAAACC    

Exão 6  317  61 F  tgtaaaacgacggccagtTGGTGTGTGAACTAAATCTCA 

R  caggaaacagctatgaccTTCCTTGCCAGGTAAACACAG 

 

Exão 7 

 

7A_ 337 

 

7B_500 

55 

 

 

57 

F  tgtaaaacgacggccagtTGACCCAAAGTCCAGACTAGG 

R  caggaaacagctatgaccTGCTCTAAATCTTCATCTTCA    

F  tgtaaaacgacggccagtGTCCTTGGGAATTTGTGGAA    

R  caggaaacagctatgaccCAGTTTTTGGCAGTGACTAA    

Material e Métodos 

45 

Tabela 12 – Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene COQ9 (Duncan et al., 2009) 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados 

Tabela 13‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene COQ9 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados 

   

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 1  376  61 F tgtaaaacgacggccagtCCCCACCACTCTCACCTG 

R caggaaacagctatgaccCTTCACCTCACCTTGCTCGT 

Exão 2  393  61 F tgtaaaacgacggccagtGGGACCCAACACTTGGATAA 

R caggaaacagctatgaccAAAAGGGGATGGAGAGGAGA 

Exão 3  284  61 F tgtaaaacgacggccagtTGCTTAGAGGAGATCCAGAGC 

R caggaaacagctatgaCCGTGACTCCATCCTGGCTCA 

Exão 6  283  61 F tgtaaaacgacggccagtCCCCTCATACACCTCTTGGA 

R caggaaacagctatgaccTGATCAAAGCAATTTCACAAGC   

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 4  415  61 F tgtaaaacgacggccagtCAAAATCACATGGACCCAGA    

R caggaaacagctatgaccTTTCAGTCCCATCACAGCAG    

Exão 5  323  61 F tgtaaaacgacggccagtCTGCTGTGATGGGACTGAAA    

R caggaaacagctatgaccCATCTGAGTGAAAGGTGCTGA   

Exão 7  364  61 F tgtaaaacgacggccagtGTTGTCCAGAGGGCCAGAT 

R caggaaacagctatgaccCAAGACCAGCTGTGACCTGA 

Exão 8  257  61 F tgtaaaacgacggccagtTGTGTTGTCCAAAGCTCTCC    

R caggaaacagctatgaccTGTATCACAGAGCCGGAATG 

Exão 9  343  61 F tgtaaaacgacggccagtAGTCTGGCCAACATAGCAA    

R caggaaacagctatgaccAGCATCAAATGCCTTGTGG    

Material e Métodos 

46 

Tabela 14 – Descrição dos primers utilizados para o estudo do gene ADCK3/CABC1 (Mollet et al., 2008) 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados 

Tabela 15‐ Descrição dos primers desenhados para o estudo do gene ADCK3/CABC1 

pb – pares de bases  °C‐ graus centígrados 

   

RReeggiiããoo  TTaammaannhhoo  ddoo  ffrraaggmmeennttoo  

((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 3  528  61 F tgtaaaacgacggccagtACAGGCAGGGAGGAGC 

R caggaaacagctatgaccATCACTGCTGTGGGTGG 

Exão 6  252  61 F tgtaaaacgacggccagtCTTGCCATCCCACTCCC 

R caggaaacagctatgaccCGGCCCTGGAAGTTGAC 

Exão 12/13  526  61 F tgtaaaacgacggccagtCTTCTCTGGCCCCAGTCTC 

R caggaaacagctatgaccCATCCTGTCCCAGCCTCAG 

Exão 14  252  61 F tgtaaaacgacggccagtCTCGGGTGTGGCACTTG 

R caggaaacagctatgaccCCCTGTGCTTTCATCCATTC 

RReeggiiããoo  

TTaammaannhhoo  ddoo  

ffrraaggmmeennttoo  ((ppbb))  

TTeemmppeerraattuurraa  ddee  aannnneeaalliinngg  

((°°CC))  SSeeqquuêênncciiaa  ddoo  pprriimmeerr  ((55’’‐‐>>  33’’))  

Exão 2  311  61 F tgtaaaacgacggccagtGTTGGTAGTGTGGGTTTGGC 

R caggaaacagctatgaccAGAGCTCCAGGTCCCACC 

Exão 4  240  61 F tgtaaaacgacggccagtTCTCTTGGTGGAGTGTGCTG 

R caggaaacagctatgaccGCAGGTGAGGCAGTCCAG 

Exão 5  318  61 F tgtaaaacgacggccagtCCTTGTTCCCCACTTTTCAA 

R caggaaacagctatgaccGACACTCCCAGAGCACAGGT 

Exão 7/8  480  61 F tgtaaaacgacggccagtAGGGCATCCCAGGAGTGT 

R caggaaacagctatgaccCCCCATAGGGACAGGCACT   

Exão 9/10 

583  61 F tgtaaaacgacggccagtCTCTGGTTCTCCAGGGTGTG 

R caggaaacagctatgaccCCTTCACCCCAGGCAGGATA 

Exão 11  313  61 F tgtaaaacgacggccagtTATCCTGCCTGGGGTGAA 

R caggaaacagctatgaccTCACCAAACAGCCACACAG 

Exão 15  497  61 F tgtaaaacgacggccagtCCCCTGTGGGTTTGAGTTTA 

R caggaaacagctatgaccGCCTGTCTGAGGGAGAGAGTT 

Material e Métodos 

47 

3.4.1. Amplificação do gDNA 

A  amplificação  dos  exões  foi  efectuada  utilizando  uma mix,  ImmoMix™  Red  (Bioline‐ 

Biocompare®). A 12,5 μL desta mix (que  inclui  IMMOLASE Taq DNA Polymerase, tampão 

de reacção, dNTPs e cloreto de magnésio (MgCl2)), adicionou‐se 0,25 μL de primers (F/R) 

(50 pmol) correspondentes a cada exão ou fragmento a amplificar, 0,5 – 1 μL gDNA alvo e 

água bidestilada para um volume final de 25 μL. Submeteu‐se a mistura final ao seguinte 

ciclo  de  temperaturas:  uma  desnaturação  inicial  de  5 minutos  a  94 °C,  seguida  de  35 

ciclos de  30  segundos  a  94 °C,  45  segundos  a  55‐61 °C  e  60  segundos  a  72 °C,  e uma 

extensão final de 7 minutos de 72 °C, no termociclador Thermal Cycler (BioRad). 

A verificação da amplificação por PCR foi efectuada por electroforese num gel de agarose 

1%/TAE (Invitrogen) (m/v), onde se adiciona 6 μL de GelRed (Biotium) e se aplica 6 μL de 

cada amostra. O GelRed é um corante fluorescente altamente sensível para detecção de 

cadeias de DNA e oligonucleotídos em géis de agarose e poliacrilamida. 

As  amostras  correm  em  agarose  numa  tina  de  electroforese  a  125  volts  durante  15 

minutos. O princípio da eletroforese utilizada para separação de DNA baseia‐se na carga 

negativa do DNA dada pelos átomos de oxigénio dos grupos fosfato. No final do processo, 

as cadeias de DNA estão próximas ao pólo positivo. Moléculas de menor peso molecular 

terão mais facilidade de migrar pelo gel do que as de maior peso molecular, e percorrerão 

uma distância maior ficando mais próximas do pólo positivo. A visualização das bandas de 

amplificação é possível devido ao corante usado, GelRed que intercala as cadeias de DNA 

emitindo  fluorescência  quando  excitado  por  luz  ultravioleta  num  transiluminador, 

permitindo assim a visualização das bandas. 

 

3.4.2. Purificação dos produtos PCR 

Os produtos de PCR foram purificados pelo método enzimático utilizando o kit Exosap‐IT®, 

de  forma a eliminar os primers não  incorporados e/ou amplificações  inespecíficas. Para 

tal,  adicionou‐se  1  μL  de  ExoSap‐IT®  a  cada  2,5  μL  de  produto  PCR,  e  incubou‐se  no 

Material e Métodos 

48 

termociclador  a  37 °C  durante  30 minutos,  temperatura  óptima  para  a  actividade  da 

enzima,  seguida  de  uma  incubação  a  80 °C  durante  15 minutos,  para  inactivação  da 

enzima. 

 

3.4.3. Reacção de sequenciação 

Para  a  reacção  de  sequenciação,  utilizou‐se  1  μL  Big  Dye®  Terminator  v1.1  Cycle 

Sequencing  Mix  (que  contém  MgCl2,  dNTPs,  ddNTPs  marcados  com  fluorocromos  e 

AmpliTaq  DNA  polimerase),  0,5  μL  de  primer M13  (F  ou  R)  a  5  pmol/μL  e  3,5  μL  de 

produto PCR purificado e água para um volume final de 10 μL. 

O programa incluiu uma desnaturação inicial de 2 minutos a 94 oC, seguida de 25 ciclos de 

10 segundos a 94 oC, 6 segundos a 50 oC e 4 segundos a 60 oC, no termociclador Thermal 

Cycler (BioRad). 

 

3.4.4. Purificação dos produtos de sequenciação 

Os produtos de sequenciação  foram purificados utilizando o kit DyeEX 96  (Quiagen), de 

forma a eliminar os dNTPs e ddNTPs não incorporados e sais que pudessem interferir com 

a electroforese capilar. 

 

3.4.5. Electroforese capilar

Os produtos purificados  foram ressuspendidos, por agitação no vortex, em 15‐25 μL de 

formamida  desionizada  (formamida  Hi‐DiTM  Applied  Biosystems),  substância 

desnaturante  e de  elevada  viscosidade,  e  incubar  à  temperatura  ambiente durante  10 

minutos. 

Material e Métodos 

49 

A  separação  dos  fragmentos  foi  realizada  por  electroforese  capilar  no  sequenciador 

automático ABI3130xl Genetic Analyser  (Applied Biosystems) de 16  capilares de 36  cm. 

Este  tipo de sequenciação baseia‐se no método desenvolvido por Sanger  (Sanger et al., 

1977)  e  recorre  a  nucleótidos  terminadores  da  cadeia  que  são  didesoxinucleótidos 

trifosfatados marcados com um fluorocromo na extremidade 3’ (ddNTP). O sequenciador 

detecta a fluorescência dos 4 didesoxinucleótidos, através dos diferentes comprimentos 

de  onda  de  luz  emitida  por  radiação  da  amostra.  Os  resultados  foram  analisados  no 

programa SeqScapeTM  v.2.5 (Applied Biosystems). 

 

3.5. Análise bioinformática 

O  desenho  de  primers  específicos  foi  efectuado  no  programa  Primer3 

(http://primer3.sourceforge.net/). Para a verificação da qualidade dos primers, no que diz 

respeito à  temperatura de melting,  formação de estruturas  secundárias e  formação de 

dímeros  de  primers  foi  utilizado  o  software  FastPCR 

(http://www.biocenter.helsinki.fi/bi/Programs/). 

A  análise dos  resultados de  sequenciação  foi efectuada no programa  SeqScapeTM   v.2.5 

(Applied Biosystems). 

As sequências aminoacídicas utilizadas para efectuar o alinhamento fazem parte da base 

de  dados  National  Center  for  Biotechnology  Information  (NCBI) 

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) e do Ensembl  (http://www.ensembl.org/index.html) e o 

alinhamento  das  sequências  seleccionadas  foi  realizado  no  programa  ClustalW2 

(http://www.ebi.ac.uk/clustalw).  Este  programa  realiza  alinhamentos  com  outras 

espécies previamente definidas e através de um algoritmo de alinhamento progressivo, 

baseado  na  similaridade  das  sequências,  alinha  as  sequências  de  aminoácidos.  Com  o 

alinhamento é possível  identificar motivos com elevado grau de conservação e permite 

observar a conservação da zona mutada, sendo possível concluir que quanto maior o grau 

de conservação maior é a probabilidade de a alteração ser patogénica. 

Material e Métodos 

50 

Para a previsão das alterações de splicing recorreu‐se aos programas de análise Splice Site 

Prediction  by  Neural  Network  at  BDGP (http://www.fruitfly.org/)  e  Netgene  2 

(http://www.cbs.dtu.dk/services/NetGene2/). Estas  ferramentas prevêem os efeitos das 

mutações nos sinais de splicing ou identificam os locais de splicing em qualquer sequência 

humana (Desmet et al., 2009). 

 

3.6. Nomenclatura das mutações e base de dados 

As variações de sequência detectadas foram descritas de acordo com as recomendações 

de nomenclatura de mutações da Human Gene Variation Society (HGVS) (den Dunnen e 

Antonarakis, 2001).  

Foram  utilizadas  as  sequências  de  referência  de  cDNA  e  proteicas  para  os  genes 

estudados descritas no NCBI (tabela 16). 

 

Tabela 16‐ Referência das sequências de cDNA e proteína 

Gene  cDNA_RefSeq NCBI  proteína_RefSeq NCBI 

PDSS1  NM_014317.3  NP_055132.2 

PDSS2  NM_020381.3  NP_065114.3 

COQ2  NM_015697.7  NP_056512.5 

COQ9  NM_020312.3  NP_064708.1 

ADCK3/CABC1  NM_020247.4  NP_064632.2 

         Adaptado do NCBI 

 

Na  pesquisa  de  variações  já  descritas  foi  consultada  a  literatura  e  as  bases  de  dados 

HGMD®‐  Human  Gene  Mutation  Database  Professional,  disponível  na  página 

http://www.biobase‐international.com/,  NCBI  (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/)  e  do 

Ensembl (http://www.ensembl.org/index.html). 

 

 

Resultados e Discussão 

Resultados e Discussão 

53

4. Resultados e Discussão 

Nos 25 casos seleccionados para o estudo, foram detectadas 48 variantes em que 5 não 

se  encontram  descritas  na  literatura  nem  na  base  de  dados  Human  Gene  Mutation 

Database  Professional  ‐ HGMD®.  As  variantes  não  descritas  distribuem‐se  da  seguinte 

forma:  1  variante  missense  e  4  variantes  intrónicas.  Estes  resultados  estão 

esquematizados nas tabelas 17 a 22.  

Tabela 17‐ Variantes descritas no gene PDSS2 encontradas neste estudo 

Caso  Variantes descritas encontradas Referência 

1  c.876+48C>T  rs3734677 

6  c.876+48C>T  rs3734677 

24  c.876+48C>T  rs3734677 

25  c.876+48C>T  rs3734677 

 

Tabela 18 – Variantes descritas no gene COQ9 encontradas neste estudo 

Caso  Variantes descritas encontradas Referência 

1  c.‐107A>G  rs178602 

5   c.‐107A>G  rs178602 

8  c.‐107A>G; c.74‐35G>A  rs3734677; rs223863 

11  c.‐107A>G  rs178602 

12  c.‐107A>G  rs178602 

13  c.‐107A>G  rs178602 

14  c.‐107A>G  rs178602 

17  c.‐107A>G  rs178602 

19  c.‐107A>G  rs178602 

21  c.‐107A>G  rs178602 

24  c.‐107A>G  rs178602 

25  c.‐107A>G  rs178602 

   

Resultados e Discussão  

54 

Tabela 19 – Variantes descritas no gene PDSS1 encontradas neste estudo 

A azul estão representadas as alterações descritas que  foram detectadas no gene PDSS1 em apenas num doente. 

Caso  Variantes descritas encontradas  Referência 

1  c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.130‐54A>G  rs1780186; rs71403882; rs1677725 

2  c.227+55G>A; c.227+67A>T; c.*76C>T  rs1677730; rs1780193; rs12776877 

3  c.162+56G>A  rs1780185 

4  c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.130‐54A>G; c.162+56G>A   rs1780186; rs71403882; rs1677725; rs1780185 

5 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.163‐5delT; c.227+55G>A; c.227+67A>T; c.467+42G>C  

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs71403883; rs1677730; rs1780193; rs2368183 

6 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.163‐5delT; c.227+55G>A; c.227+67A>T 

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs71403883; rs1677730; rs1780193 

7 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.163‐5delT; c.227+55G>A; c.227+67A>T  

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs71403883; rs1677730; rs1780193 

8  c.162+56G>A; c.467+42G>C; c.*76C>T  rs1780185; rs2368183; rs12776877 

9  c.*76C>T  rs12776877 

10  c.162+56G>A; c.*76C>T  rs1780185; rs12776877 

11 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.336+22G>A; c.467+42G>C; c.*76C>T 

s1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs1748356; rs2368183;  rs12776877 

12  c.227+55G>A; c.227+58G>A; c.227+67A>T  rs1677730; rs6482571; rs1780193 

13 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.163‐5delT; c.227+55G>A; c.227+67A>T; c.467+42G>C  

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs71403883; rs1677730; rs1780193; rs2368183 

14  c.162+56G>A; c.227+55G>A; c.227+58G>A; c.227+67A>T  rs1780185; rs1677730; rs6482571; rs1780193 

15  c.162+56G>A  rs1780185 

16  c.162+56G>A; c.467+42G>C  rs1780185; rs2368183 

17  c.162+56G>A; c.467+42G>C; c.*76C>T  rs1780185; rs2368183; rs12776877 

18 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.163‐5delT; c.227+55G>A; c.227+67A>T 

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs71403883; rs1677730; rs1780193 

19   c.162+56G>A; c.227+55G>A; c.227+67A>T; c.467+42G>C   rs1780185; rs1677730; rs1780193; rs2368183 

20   c.467+42G>C   rs2368183 

21   c.162+56G>A   rs71403882 

22 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A;  c.467+42G>C; c.*76C>T 

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs2368183;  rs12776877 

23 c.130‐54A>G; c.130‐46T>C; c.130‐23delG; c.162+56G>A; c.1027‐33_1027‐30delGATT 

rs1677725; rs1780186; rs71403882; rs1780185; rs34974619 

24  c.227+55G>A; c.227+67A>T; c.*76C>T  rs1677730; rs1780193; rs12776877 

25  c.227+55G>A; c.227+58G>A; c.227+67A>T; c.467+42G>C  rs1677730; rs6482571; rs1780193; rs2368183 

Resultados e Discussão 

55 

Tabela 20 – Variantes descritas no gene COQ2 encontradas neste estudo 

A vermelho estão representadas as alterações descritas que foram detectadas nas regiões codificantes do gene COQ2. 

Caso  Variantes descritas encontradas  Referência 

1  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

2  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

3  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454; rs1129617 

4  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454; rs1129617 

5  c.292+47T>G; c.693‐41G>A  rs13113787; rs6841889 

6  c.693‐41G>A   rs6841889 

7  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.894T>C   rs6818847; rs13113787; rs6535454 

8  c.292+47T>G; c.693‐41G>A  rs13113787; rs6841889 

9  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454; rs1129617 

10  c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6841889; rs6535454 

11  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C   rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

12  c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T  rs6841889; rs6535454; rs1129617 

13  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454; rs1129617 

14  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

15  c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6841889; rs6535454 

16   c.894T>C  rs6535454 

17  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454; rs1129617 

19  c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C   rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

20  c.64A>T; c.196G>T;  c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C rs112033303; rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

21 c.196G>T; c.292+47T>G(homo); c.404‐50A>T; c.693‐41G>A; c.894T>C; c.990C>T 

rs6818847; rs13113787; rs116687075; rs6841889; rs6535454; rs1129617 

22  c.196G>T; c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

23  c.196G>T; c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C  rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

24  c.64A>T; c.196G>T; c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C rs112033303; rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

25  c.196G>T; c.292+47T>G; c.693‐41G>A; c.894T>C   rs6818847; rs13113787; rs6841889; rs6535454 

Resultados e Discussão  

56 

Tabela 21 – Variantes descritas no gene ADCK3 encontradas neste estudo 

A vermelho estão representadas as alterações descritas que foram detectadas nas regiões codificantes do gene ADCK3. 

Caso  Variantes descritas encontradas  Referência 

1  c.656‐53G>A  rs3806263 

2  c.63G>A; c.1573‐52G>A; c.1573‐20C>G; c.1660‐9T>C; c.1716T>C  rs11549709; rs2297415; rs2297416; rs7552783; rs3738725 

3  c.656‐53G>A  rs3806263 

4 c.63G>A; c.656‐53G>A; c.1507‐59C>T;  c.1573‐52G>A; c.1573‐

20C>G; c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs11549709; rs3806263; rs1317490; rs2297415; rs2297416; 

rs41303131; rs7552783; rs3738725 

c.656‐53G>A; c.1256+32delT; c.1398+22G>C; c.1440C>T;  

c.1507‐59C>T;   c.1573‐52G>A; c.1573‐20C>G; c.1660‐32C>G;  

c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs3806263; rs3215919; rs7530213; rs12593; rs1317490;  

rs2297415; rs2297416; rs41303131; rs7552783; rs3738725 

6 c.1256+32delT; c.1440C>T;  c.1573‐20C>G;  c.1660‐9T>C;  

c.1716T>C rs3215919; rs12593; rs2297416;  rs7552783;  rs3738725 

7  c.656‐53G>A; c.1257‐56G>C  rs3806263;  rs1574185 

8  c.1257‐56G>C  rs1574185 

9 c.63G>A; c.1256+32delT; c.1398+22G>C; c.1440C>T; c.1507‐

59C>T rs11549709; rs3215919; rs7530213;  rs12593;  rs1317490 

10 

c.63G>A; c.940‐52C>G; c.1256+32delT; c.1398+22G>C; 

c.1440C>T; c.1507‐59C>T; c.1573‐52G>A; c.1573‐20C>G;  

c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs11549709; rs2297413; rs3215919;  rs7530213; rs12593;  

rs1317490; rs2297415; rs2297416; rs41303131; rs7552783; 

rs3738725 

11  c.1081‐43G>A; c.1257‐54G>C  rs12739480; rs115915797 

12 c.63G>A; c.1256+32delT; c.1440C>T; c.1507‐59C>T; c.1573‐

52G>A; c.1573‐20C>G; c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs11549709; rs3215919;  rs12593;  rs1317490;  rs2297415; 

rs2297416; rs41303131; rs7552783; rs3738725 

13  c.1257‐56G>C  rs1574185 

14 c.63G>A; c.1440C>T; c.1507‐59C>T; c.1573‐52G>A; c.1573‐

20C>G rs11549709; rs12593;  rs1317490;  rs2297415; rs2297416 

15  c.656‐53G>A; c.1257‐56G>C  rs3806263;  rs1574185 

16 

c.63G>A; c.656‐53G>A; c.1185C>T; c.1440C>T; c.1507‐59C>T; 

c.1573‐52G>A; c.1573‐20C>G; c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; 

c.1716T>C 

rs11549709; rs3806263; rs17849927; rs12593;  rs1317490;  

rs2297415; rs2297416; rs41303131; rs7552783; rs3738725 

17 

c.63G>A; c.291C>T; c.940‐52C>G; c.1256+32delT; 

c.1398+22G>C; c.1440C>T; c.1507‐59C>T; c.1573‐52G>A; 

c.1573‐20C>G;  c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs11549709; rs111529228; rs2297413;  rs3215919;  

rs7530213;  rs12593;  rs1317490;  rs2297415; rs2297416; 

rs41303131; rs7552783; rs3738725 

19  c.656‐53G>A; c.1257‐56G>C; c.1256+32delT  rs3806263;  rs1574185; rs3215919 

20 c.63G>A; c.940‐52C>G; c.1256+32delT; c.1573‐52G>A; c.1573‐

20C>G; c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs11549709; rs2297413; rs3215919; rs2297415; rs2297416; 

rs41303131; rs7552783; rs3738725 

21 c.255T>G; c.656‐53G>A;  c.1256+32delT; c.1573‐52G>A; c.1573‐

20C>G; c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs2297411; rs3806263; rs3215919; rs2297415; rs2297416; 

rs7552783; rs3738725 

22 c.63G>A; c.1256+32delT; c.1398+22G>C; c.1440C>T; c.1507‐

59C>T; c.1573‐20C>G; c.1660‐32C>G;  c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs11549709; rs3215919; rs7530213; rs12593; rs1317490; 

rs2297416; rs41303131; rs7552783; rs3738725 

23 c.1440C>T; c.1573‐52G>A; c.1573‐20C>G; c.1660‐9T>C; 

c.1716T>C rs12593; rs2297415; rs2297416; rs7552783; rs3738725 

24 c.656‐53G>A; c.1256+32delT; c.1257‐56G>C;  c.1573‐52G>A; 

c.1573‐20C>G rs3806263; rs3215919; rs1574185; rs2297415; rs2297416 

25 c.255T>G; c.656‐53G>A; c.940‐52C>G; c.1573‐20C>G; c.1660‐

99T>C c.1660‐9T>C; c.1716T>C 

rs2297411; rs3806263; rs2297413; rs2297416; rs75146933; 

rs7552783; rs3738725 

Resultados e Discussão 

57 

Tabela 22‐ Variantes não descritas encontradas neste estudo 

 

Pela  análise  das  tabelas,  verifica‐se  que  os  genes  PDSS1,  COQ2  e ADCK3  são  bastante 

polimórficos e que as variantes descritas aparecem de uma forma geral distribuídas pela 

maioria dos doentes. Enquanto no PDSS1 as alterações encontradas estão localizadas nas 

regiões intrónicas do gene, nos COQ2 e ADCK3 foram detectadas também alterações nas 

regiões codificantes (representadas a vermelho).  

No  gene  PDSS1  foram  detectadas  duas  variantes  que  apareceram  apenas  uma  vez.  A 

variante  c.336+22G>A  foi  detectada  no  caso  11  em  heterozigotia  e  a  c.1027‐33_1027‐

30delGATT   no caso 23,  igualmente em heterozigotia (representadas a azul). Neste gene 

foram também encontradas duas alterações não descritas nas regiões flanqueadoras dos 

exões 1 e 7 em heterozigotia, a  c.1‐29C>T e  c.721+4C>T  respectivamente, que  vão  ser 

apresentadas mais à frente (Tabela 19). 

No  gene  PDSS2  apesar  de  já  existirem  alterações  descritas,  patogénicas  e  benignas, 

apenas só foi detectada uma alteração benigna descrita, em 3 doentes, a c.876+48C>T em 

heterozigotia localizada na região flanqueadora do exão 5 (Tabela 17). 

No  COQ2  foram  detectados  quatro  alterações  benignas  já  descritas  nas  regiões 

codificantes em que em numa delas, a  variante  c.196G>T, há  troca de aminoácido e  a 

outra, a c.64A>T origina um codão de terminação prematuro (PTC) (Tabela 20). Por este 

motivo, foi verificado o impacto destas alterações.  

Neste gene foram também detectadas 2 alterações não descritas na literatura, a variante 

c.320G>C foi encontrada em heterozigotia e localiza‐se na região codificante do exão 1 e 

Caso  Gene  Exão  Alteração cDNA Efeito na proteína 

Referência 

16  PDSS1  1  c.1‐29C>T/N  ?  Não descrita 

12  PDSS1  7  c.721+4C>T/N  ?  Não descrita 

8 e 9  COQ2  1  c.320 G>C/N  S107T  Não descrita 

10 e 16  COQ2  4  c.693‐136A>G/N  ?  Não descrita 

6  ADCK3/CABC1  15  c.1660‐81C>G/N  ?  Não descrita 

Resultados e Discussão  

58 

a  variante  c.693‐136A>G  foi  encontrada  também  em  heterozigotia,  na  região 

flanqueadora do exão 4  (Tabela 22). Os  resultados das previsões efectuadas nas bases 

informáticas vão ser apresentados neste capítulo.  

No  COQ9  foram  encontradas  apenas  três  variantes  descritas  em  alguns  doentes,  uma 

delas está localizada na região codificante do exão 2 (c.102G> A) (Tabela 18). 

No  ADCK3  foram  detectadas  20  alterações  já  descritas  na  literatura  e  uma  nova. Das 

alterações  descritas,  13  foram  encontradas  nas  regiões  intrónicas  e  7  nas  regiões 

codificantes,  em  que  numa  há  troca  de  aminoácido,  a  c.255T>G,  presente  em 

heterozigotia  (Tabela  21).  A  variante  não  descrita,  a  c.1660‐81C>G,  foi  detectada  nos 

casos 10 e 16 presente em heterozigotia e está localizada na região flanqueadora do exão 

15 (Tabela22). Estas alterações vão ser analisadas e apresentadas mais à frente. 

 

4.1. Variantes missense

Para avaliar o  impacto destas variantes missense para além de  ter em  consideração as 

características  de  cada  aminoácido  foram  utilizados  os  seguintes  métodos 

bioinformáticos: alinhamento de sequências homólogas efectuado através do programa 

Clustal  W2  e  previsão  da  patogenicidade  das  mutações  pelo  programa  Polyphen  e 

confirmada no Molecular Modeling e Bioinformatics (mmb).  

Além  das  ferramentas  bioinformáticas  foi  efectuada  uma  análise  às  características  dos 

aminoácidos uma vez que para o funcionamento normal de uma proteína a conformação 

tridimensional  é  a  principal  determinante  da  sua  função  biológica,  e  alterações  na 

sequência aminoacídica podem mudar a conformação e  logo a sua função (configuração 

alterada  compromete  a  estabilidade  da  proteína).  Essas  alterações  são  devidas  às 

características específicas de cada aminoácido, mais concretamente por  interacções não 

covalentes  como  ligações  de  hidrogénio,  interacções  electrostáticas  e  hidrofóbicas  por 

efeitos  geométricos  impostos  pelo  aminoácido  que  uma  vez  alterados  podem 

comprometer a estrutura da proteína. 

4.1.1

Varia

A sub

básic

do ge

         

Figur

c.255

 

O am

em á

uma 

dado

conte

da gl

                  Figurassin

1. Variante

ante c.255T

bstituição c

co, por uma

ene ADCK3 

                  C

ra  12‐  Repr

5T>G, compa

minoácido h

água, e no r

cadeia  la

or/receptor 

endo grupo

utamina re

                                        ra  13‐  Estrualados. (Nels

es missense

T>G 

c.255T>G qu

a glutamina

em heteroz

Caso 21       

esentação  p

arada com um

histidina tem

radical R ap

ateral  ioniz

de  electrõ

os funcionai

sulta dos se

                        

utura  linear son and Cox, 2

e descritas n

ue origina a

a, aminoácid

zigotia, nos 

                    

parcial  da  s

m controlo n

m carga po

presenta um

zável,  facili

ões. A  gluta

is que form

eus grupos 

     (A)           dos  amino

2004) 

59 

na literatura

a troca de u

do polar ne

casos 21 (F

                    

sequência  do

normal. 

sitiva e car

m grupo imi

itando  det

amina  poss

am ligações

amida (Figu

                                        ácidos  gluta

um resíduo 

eutro (p.H85

Figura 12) e

                    

o  caso  21, 

acterísticas

idazol. É o ú

erminadas 

ui  também

s de hidrog

ura 13).  

              (B)amina  (A)  e

Re

de histidina

5Q ) foi ide

 25. 

  Controlo 

onde  se  ev

s hidrofílica

único amino

reacções 

 um  radica

énio com a 

          e  histidina  (

esultados e D

a, aminoáci

ntificada no

vidência  a  a

s, ou seja é

oácido que 

por  actua

al  solúvel  e

água. A po

        

(B),  com  os

Discussão 

do polar 

o exão 3 

alteração 

é solúvel 

contém 

ar  como 

m  água, 

olaridade 

s  radicais 

Resultad

Foi  efec

bioinfor

diversas

nunca e

encontr

para a e

Figura  1específica

De  aco

alteraçã

de  0.00

função 

Figura 1program

dos e Discuss

ctuado  o  a

rmático  Clu

s  espécies. 

está presen

rada na mai

estrutura e/

14‐ Alinhamea o local da oc

ordo  com  a

ão apresent

0,  classificad

ou estrutur

5‐ Previsão dma Polyphen. 

são  

alinhamento

ustal  W2  p

Como  pod

nte nas pro

ioria das es

/ou função d

ento entre ecorrência da s

a  previsão 

ta uma dife

da  como  u

ra proteica s

da patogenic

o  entre  vá

para  verific

demos  veri

teínas hom

pécies. Isto

da enzima.

espécies de substituição)

efectuada

rença de sc

ma  alteraç

sejam afect

cidade da alt

60 

rias  proteín

ar  a  conse

ificar  na  Fi

mólogas ma

o sugere que

parte da  seq

  pelo  prog

cores dos am

ção  benigna

tadas (Figur

eração c.255 

nas  homólo

ervação  de

gura  14  o 

s a  sua  sub

e esta zona

quência pro

grama  bioi

minoácidos

a  sendo mu

ra 15).  

5T>G no gen

ogas  atravé

ste  resíduo

resíduo  no

bstituição p

 parece não

teica do  gen

informático

s envolvidos

uito  pouco 

e ADCK3 atr

és  do  prog

o,  histidina

ormal,  hist

pela glutam

o ser impor

ne ADCK3.  (

o  Polyphen 

s na substit

provável  q

avés do 

grama 

,  nas 

idina, 

mina é 

rtante 

 

A  seta 

esta 

uição 

que  a 

 

Para 

Hapm

difer

gené

varia

onde

popu

Com

frequ

casos

de C

é  um

histó

Cons

nas  d

fenó

Figur

 

pesquisar a

map  é  um 

renças gené

éticas  de  d

ações genét

e  ocorrem 

ulação e ent

o  é  possív

uente  na  p

s. O caso 21

II‐III de 1,8 

m  doente  q

ória clínica m

siderando a

diferentes 

tipo bioquím

ra 16‐ Frequê

a frequênci

projecto  i

éticas em  s

diferentes 

ticas são com

no  nosso 

tre as popu

vel  verificar

opulação  e

1 trata‐se d

nmol/min/

que  foi  sel

muito suges

a análise da

espécies  po

mico observ

ência alélica 

ia deste po

nternacion

eres human

indivíduos 

mpartilhada

DNA  e  com

lações em d

r  este  poli

em  geral  (F

uma crianç

/mg PNC/CS

eccionado 

stiva de def

a estrutura 

ode‐se  con

vado nos do

do polimorf

 

61 

limorfismo 

al  com  o 

nos, em qu

para  ident

as. Este pro

mo  estão  d

diferentes p

morfismo 

Figura  16).

ça com artro

S e uma bió

não  pelos 

iciência de 

dos amino

siderar  que

ois casos. 

ismo rs2297

foi utilizado

intuito  de 

ue o object

tificar  regiõ

ojecto descr

distribuídas 

partes do m

referido  no

Neste  estu

ogripose co

ópsia muscu

parâmetro

CoQ10.  

oácidos e da

e  esta  alter

411. (http://w

Re

o a base de

identificar 

ivo é comp

ões  cromo

reve o que e

entre  as  p

mundo. 

o  NCBI  (rs2

do  aparece

ngénita que

ular sem alt

os  bioquím

a  conservaç

ração  não  é

www.hapmap

esultados e D

e dados Hap

as  semelh

parar as  seq

ossómicas  o

essas varian

pessoas  da 

2297411)  é

eu  apenas 

e apresenta

terações. O 

icos  mas  p

ção do ami

é  responsá

p.org/)

Discussão 

pmap. O 

hanças  e 

quências 

onde  as 

ntes são, 

mesma 

é  pouco 

em  dois 

a valores 

caso 25 

por  uma 

inoácido 

vel  pelo 

Resultad

Variant

A subst

apolar, 

do gene

20 e Fig

              

Figura 1

c.196G>

 

Os  ami

laterais 

hidrofó

prejudic

 

Figura 18Cox, 2004

dos e Discuss

e c.196G> T

ituição c. 1

por uma le

e COQ2 em

gura 17). 

                    

17‐ Represen

T, em homo

noácidos  e

com  tend

bicas estab

car a estabi

8‐ Estrutura li4). 

são  

96G>T que

eucina, por 

m heterozigo

       Caso 1 

ntação parcia

zigotia e em

envolvidos 

dência  a  ag

ilizando a e

lidade e fun

(A

near dos ami

 origina a t

outro amin

otia. Esta al

                    

al da sequên

 heterozigot

são  ambos

grupar‐se  d

estrutura da

nção da pro

A)                    

noácidos vali

62 

transversão

noácido apo

lteração ap

                   

ncia de dois

ia. 

s  aminoácid

dentro  das 

as proteína

oteína (Figur

                        

na (A) e leuci

o de um res

olar (p.V66L

arece na m

               Ca

dos casos, o

dos  apolar

proteínas 

s. Esta alte

ra 18).  

             (B) 

na (B), com o

síduo de va

L) foi identif

maioria dos 

so 2      

onde se evid

es,  e  poss

por  meio 

eração de fa

os radicais ass

lina, amino

ficada no ex

doentes (T

 

dência a alte

uem  as  ca

de  interac

acto, não pa

sinalados. (Ne

ácido 

xão 1 

abela 

eração 

adeias 

cções 

arece 

elson e 

As  s

outra

o  res

(valin

algum

Figurespec

A pre

dado

regiã

tradu

músc

pb q

Por e

Foi p

e Bio

enco

 

equências 

as sequênci

síduo em c

na) como a 

mas espécie

ra  19‐  Alinhacífica o local d

evisão no P

os  utiliza  te

ão. Este gen

ução  só  é 

culo esquel

ue não estã

esta razão, a

possível faze

oinformatics

ontrada, c.1

de  resíduo

ias proteica

ausa é pou

 alteração (

es, como ou

amento  entra ocorrência d

Polyphen nã

em  apenas 

ne tem vário

iniciada  n

ético demo

ão presente

alterações n

er a previsã

s (mmb) (ht

96G>T, na p

os  que  abra

as de outras

uco conserv

(leucina) es

utros amino

re  espécies da substituiçã

o foi possív

371  amino

os codões d

o  terceiro

onstraram q

es no mRNA

nesta região

o do impac

ttp://mmb.

proteína é n

 

63 

angiam  o  c

s espécies, 

vado. O que

stão presen

oácidos de d

de  parte  daão) 

vel porque a

oácidos  (ht

de iniciação 

codão  ATG

que o exão 

A (Forsgren 2

o não altera

cto desta alt

.pcb.ub.es/)

nulo (Figura

codão  alter

apresentad

e  se verifica

ntes em algu

diferentes c

a  sequência 

a referência

tp://www.u

(ATG) e alg

G.  Estudos 

1 possui um

2004).  

am a função

teração no 

), verificand

a 20). 

Re

rado  foram

do na Figura

a que  tanto

umas prote

característic

proteica  do

a da proteín

uniprot.org

guns autore

de  expres

ma sequênc

o e a integri

programa M

do‐se que o

esultados e D

m  comparad

a 19, revela

o o  resíduo

eínas homó

cas. 

o  gene  COQ2

na que esta 

)  e  não  inc

s considera

ssão  realiza

cia adiciona

idade da pr

Molecular M

o efeito da 

Discussão 

das  com 

ndo que 

o normal 

logas de 

2.  (A  seta 

base de 

clui  esta 

am que a 

ados  no 

l de 111 

oteína.  

Modeling 

variante 

Resultad

Figura 2

mmb. 

O facto 

forte ev

 

4.1.2. V

Foi  det

resumid

Tabela 2

Caso 

8 e 9 

 

Variant

A subst

neutro, 

identific

dos e Discuss

0‐ Previsão d

 de esta va

vidência de 

Variante m

ectada  um

da na Tabela

23 – Descriçã

Ge

CO

e c.320G> C

ituição c.32

por  uma 

cada no exã

são  

da patogenic

ariante esta

se tratar de

issense não

ma  variante 

a 23. 

ão da variant

ene 

OQ2 

20G>C que 

treonina,  q

ão 1 do gene

cidade da alt

r presente 

e uma varia

o descrita n

missense, 

te missense e

Exão 

origina a  t

que  també

e COQ2 em

64 

teração c.19

em todos o

nte comum

na literatura

não  descr

encontrada n

Alteração c

c.320 G>C

roca de um

ém  é  um  a

 heterozigo

6G>T no gen

os doentes 

m e sem imp

a

rita  na  liter

neste estudo

cDNA  Ep

C/N 

m resíduo d

aminoácido 

otia nos caso

ne COQ2 atra

estudados

pacto ao nív

ratura,  e  q

o. 

Efeito na proteína 

S107T 

de serina, a

polar  neu

os 8 (Figura

avés do prog

 é também

vel da prote

que  se  enc

Referên

Não desc

minoácido 

utro,  (S107T

a 21) e 9. 

grama 

m uma 

ína. 

ontra 

ncia 

crita 

polar 

T)  foi 

Figurcomp

Os a

hidro

solve

as  ca

não p

         

Figur(Nelso

Para 

sequ

W2. 

cons

(Figu

 

ra 21‐ Represparada com u

minoácidos

oxilo  que  t

ente, caract

aracterística

parece alte

                    

ra 22‐ Estruton e Cox, 2004

avaliar  a 

uência prote

O  alinham

ervada, apa

ura 23). 

Caso 8 

sentação parum controlo 

s serina e t

ende  a  for

terística que

as  destes  a

rar a estrut

              

ura linear do4) 

conservaçã

eica com seq

mento  das  s

arecendo e

                    

rcial da sequnormal. 

reonina são

rmar  ponte

e torna este

aminoácido

ura e/ou fu

(A)

os aminoácid

ão  do  amin

quências de

sequências 

em algumas

 

65 

                    

uência do cas

o do mesm

s  de  hidrog

es aminoác

s  são muit

unção da en

        

dos serina (A

noácido  ser

e outros org

homóloga

s espécies o

                    

so 8, onde se

o grupo e p

génio  com 

idos hidrofí

o  semelhan

zima. 

      (B) 

A) e treonina

rina,  foi  efe

ganismos re

s  mostra  q

outros amin

Re

   Controlo 

e evidência a

possuem no

a  cadeia  p

ílicos (Figur

ntes,  a  sub

 

a (B), com os

ectuada  um

ecorrendo a

que  esta  re

noácidos de

esultados e D

                    

a alteração c

o radical um

principal  ou

a 22). Uma 

bstituição  c

s radicais ass

ma  compar

ao programa

egião  não 

e grupos dif

Discussão 

               

.320G>C, 

m grupo 

u  com  o 

vez que 

.320G>C 

sinalados. 

ação  da 

a Clustal 

é  muito 

ferentes 

Resultad

Figura  2específica

De  aco

alteraçã

de 0.244

estrutur

Figura 2Polyphen

 

A previs

mmb qu

 

dos e Discuss

23‐  Alinhamea o local da oc

ordo  com  a

ão apresent

4, classifica

ra proteica 

4‐ Previsão dn. 

são do efe

ue prevê um

são  

ento  entre  ecorrência da s

a  previsão 

ta uma dife

da como um

sejam afect

da patogenic

ito da  alter

m efeito neu

 

espécies  de substituição)

efectuada

rença de sc

ma alteraçã

tadas (Figur

cidade da alt

ração enco

utral sobre 

66 

parte  da  se

  pelo  prog

cores dos am

ão benigna s

ra 24).  

teração c.32

ntrada  foi 

a proteína (

equência  pro

grama  bioi

minoácidos

sendo pouc

0G>C no gen

verificada e

(Figura 25).

oteica  do  ge

informático

s envolvidos

co provável 

ne COQ2 atra

e  confirmad

 

ene  COQ2.  (

o  Polyphen 

s na substit

que a funçã

avés do prog

da no prog

 

A  seta 

esta 

uição 

ão ou 

 

grama 

grama 

Figur

mmb

 

Os  d

cons

alter

susp

miop

suge

fenó

4.2.

Varia

Foi d

Tabe

Tabe

Ca

20 

ra 25‐ Previsã

b. 

doentes  a

ideravelme

rações histo

eita  de  do

páticas  ines

stivas de d

tipo observ

Variant

ante c.64A>

detectada 1

ela 24.  

la 24‐ Descri

aso 

e 24 

ão da patoge

presentam 

ente  baixos

ológicas na b

oença  mitoc

specíficas.  A

défice de Co

vado nos 2 c

te nonsen

>T 

1 variante n

ição da varia

Gene 

COQ2 

enecidade da

valores  d

s.  O  caso 

biopsia mus

condrial  e 

Apesar  de 

oQ10 a alte

casos.   

se 

nonsense de

ante nonsens

Exão 

67 

a alteração c

de  CII‐II  d

8  apresent

scular comp

o  estudo 

os  valores

ração enco

escrita na  li

se encontrad

Alteraçã

c.64

c.320G>C no 

de  1,6  nm

ta  hipotoni

patíveis com

da  biopsia

s  de  CII‐III 

ontrada não

teratura, e 

da neste estu

ão cDNA 

4A>T 

Re

gene COQ2 

mol/min/mg

ia  e  fraque

m atrofia es

muscular 

e  as  histó

o parece  se

que se enc

udo. 

Efeito na proteína 

R22X 

esultados e D

através do p

gPNC/CS  q

eza  muscu

spinal. No c

revelou  alt

rias  clínica

er  responsá

contra resu

Refe

Não d

Discussão 

programa 

que  são 

lar  com 

aso 9 há 

terações 

s  serem 

vel pelo 

mida na 

erência 

descrita 

Resultad

Esta alte

e  origin

(Figura 

aparent

função 

codifica

contribu

              

Figura 2compara

4.3. V

Foram 

ADCK3 n

Tabela 2

Caso 

16 

12 

10 e 16

 

dos e Discuss

eração foi e

na  a  alteraç

26). Esta alt

temente,  c

da  enzima

ante. Como 

ui para a fo

                 C

6‐ Represenada com um 

Variantes

detectadas

não descrita

25‐ Descrição

Ge

PDS

PDS

6  CO

ADCK3/

são  

encontrada 

ção  de  um

teração est

ausar  uma

a,  surge  na

referido an

rmação da 

aso 20        

tação parciacontrolo no

s intrónica

  quatro  alt

as na literat

o das variant

ene 

SS1 

SS1 

OQ2 

/CABC1 

 

em heteroz

a  arginina 

á considera

  paragem 

a  região  do

nteriorment

proteína. 

                    

al da sequêncrmal. 

as

terações  na

tura, e que 

tes intrónias

Exão 

15 

68 

zigotia nos 

por  um  co

ada na litera

na  traduçã

o  exão  1,

te o exão 1 

                    

cia do caso 2

as  regiões 

se encontra

encontradas

Alteração c

c.1‐29C>T

c.721+4C>T

c.693‐136A>

c.1660‐81C>

casos 20 e 2

odão  de  te

atura como

ão,  o  que 

que  segun

possui uma

           Cont

20, onde se e

intrónicas 

am resumid

s neste estud

cDNA  Ep

T/N 

T/N 

>G/N 

>G/N 

24 no gene 

rminação  p

 benigna po

resultaria 

ndo  alguns 

a região de 

trolo 

evidência a a

dos  genes 

das na Tabe

do. 

Efeito na proteína 

COQ2 no e

prematuro 

orque apesa

numa  perd

autores,  n

 111 pb que

 

alteração c.6

PDSS1,  CO

ela 25. 

Referên

Não desc

Não desc

Não desc

Não desc

xão 1 

(PTC) 

ar, de 

da  de 

não  é 

e não 

64A>T, 

OQ2  e 

ncia 

crita 

crita 

crita 

crita 

Dura

Exist

que 

maio

guan

aden

exão

local

Para 

as  b

(http

 

c.1‐2

No  c

5`UT

alter

         

Figur29C>

 

Pela 

prese

ante  o  proc

em  “motivo

actuam  co

oria  dos  c

nina/timina 

nina/guanin

o‐intrão  exi

izados nos 

avaliar o im

bases  info

p://www.fru

29C>T  

caso  16  foi 

TR  do  gene 

ração nos re

                    

ra 27 – ReprT, comparad

análise no 

ença desta 

cesso  de  sp

os”  conserv

mo  sinais  p

casos,  o  lo

(GT);  guan

a (AG) (Des

istem  outro

exões ou in

mpacto dest

ormáticas: 

uitfly.org/) e

detectada 

PDSS1  pre

estantes exõ

      Caso 16

resentação pda com um co

programa N

variante nã

plicing  os  i

vados  junto

para  ocorre

ocal  conse

nina/uracilo

sviat L.R. et

os  elemen

ntrões que p

tas variante

o  Splice 

e o Netgene

por  seque

esente  em 

ões ou nas r

6                   

parcial da  seontrolo norm

Netgene 2 e

ão cria nem

69 

ntrões  são 

o das  junçõ

er  a  correc

nso  de  sp

o  (GU)  no m

t al., 2007).

tos  regulad

permitem o

es intrónica

Site  Pred

e 2 (http://w

enciação  ge

heterozigot

regiões de j

                    

equência do mal. 

e do Splice S

m elimina n

removidos

ões exão‐int

ta  identific

plicing  em 

mRNA,  em 

 Para além 

dores  (splic

 processo n

s no proces

diction  by 

www.cbs.dt

nómica  a  a

tia  e  não  f

junção intrã

                    

caso 16, on

Site Predict

enhuma re

Re

s  com  eleva

trão  (local 

cação  e  jun

5’  (dado

3’  (aceitad

destes “mo

cing  enhan

normal de sp

sso de splici

Neural  N

tu.dk/servic

alteração  c.

oi  encontra

ão‐exão (Fig

 Controlo 

nde  se evidê

tion foi poss

gião conse

esultados e D

ada  especif

de  splicing 

nção  dos  ex

or)  tem  o 

dor)  tem  o

otivos” nas 

ncers  ou  s

plicing. 

ing foram u

Network  at

ces/NetGen

.1‐29C>T  na

ada mais  n

gura 27). 

ência a altera

sível verific

nso, e por 

Discussão 

ficidade. 

5’ e 3’) 

xões. Na 

motivo 

o motivo 

junções 

ilencers) 

utilizadas 

t  BDGP

ne2/). 

a  região 

enhuma 

 

ação c.1‐

ar que a 

isso não 

Resultad

parece 

mRNA (

Neste g

com  a

multissi

da  CRM

sugerind

Pelas pr

encontr

Mas um

mais est

c.721+4

No  cas

heteroz

do gene

28). 

           

Figura  2c.721+4C

A  anális

score as

o que p

dos e Discuss

haver  inter

anexo 8.3.1

gene apenas

tingimento 

istémica, co

M  verificou‐

do um défic

revisões na

rada e o fen

ma vez que 

tudos nome

4C>T 

o  12  foi  d

zigotia e em

e a partir d

            Ca

28‐  RepreseC>T, compar

se  bioinform

ssociado ao

poderá resu

são  

rferência no

1.).  

s foi descrit

cardíaco.

om referênc

‐se  uma  di

ce primário 

as bases de 

nótipo apres

se trata de

eadamente

detectada  a

mbora tenha

o DNA gen

aso 12         

entação  parcrada com um

mática  atra

o local da al

ltar na perd

o processo 

a uma muta

  O  doent

cia a enfart

minuição  n

 de CoQ10. 

dados, não

sentado. 

e uma alter

 de cDNA p

a  alteração

am sido seq

ómico, não

                    

cial  da  sequm controlo no

avés  do  Spl

teração ind

da do local 

70 

de  splicing

ação patogé

te  estudad

te cerebral 

no  valor  de

o parece ha

ração  locali

ara verifica

o  c.721+4C

quenciados 

o foi  identifi

                   

uência  do  cormal. 

lice  Site  Pre

dicou uma d

dador (5`) 

g, não afect

énica numa

do  tem  u

e episódio

e  CII‐III  de 

aver uma co

zada na reg

r a ocorrên

>T  no  intr

todos os e

icada mais 

            Cont

caso  12,  on

ediction  rea

diminuição 

de splicing

tando o pro

a forma de d

uma  apres

s de stroke

1,9  nmol/m

orrelação e

gião 5`UTR 

cia de trans

rão  7  do  g

exões e junç

nenhuma a

trolo 

de  se  evidê

alizada  par

do score de

. A previsão

ocessament

doença neo

sentação  c

e‐like. No es

min/mg  PN

entre a alte

são necess

scrição. 

gene  PDSS1

ções  intrão‐

alteração (F

ência  a  alte

ra  a  previsã

e 0,85 para 

o foi verifica

to do 

onatal 

clínica 

studo 

C/CS, 

ração 

sários 

1  em 

‐exão 

Figura 

eração 

ão  do 

0,61, 

ada e 

confi

dado

8.3.2

Esta 

regu

pode

por r

Nest

prote

Este 

activ

reve

PNC/

c.693

A alt

nos  c

terem

       

Figur136A

 

irmada nou

or  de  splicin

2.). 

alteração 

ladoras, fun

e resultar no

reconhecim

e caso é im

eína. 

caso  apre

vidades  das

lando um a

/CS). O resu

3‐136A>G 

teração  c.69

casos 10  (F

m sido sequ

               

ra 29‐ RepreA>G, compara

utro program

ng. Aparen

está  locali

ndamentais

o skipping d

mento de ou

mportante o 

esentava  do

s  enzimas  d

a proliferaçã

ultado do es

93‐136A>G 

Figura 29) e

uenciados to

 Casos 10  

sentação paada com um

ma, o Netge

temente,  o

zada  muito

s para a oco

do exão 7 o

tro local crí

estudo do 

oença  mito

da  CRM  ve

ão mitocon

studo histol

foi  identif

e 16. Não  f

odos os exõ

                    

arcial da seq controlo no

 

71 

ene, em que

o  local  acei

o  próximo 

orrência de 

ou ocorrer u

íptico de sp

mRNA para

ocondrial  co

erificou‐se 

drial, e um

ógico da bi

icada no  in

foi encontra

ões e respec

                   

uência do caormal. 

e também s

tador  (3’) m

de  um  lo

splicing. A 

uma retenç

licing . 

a verificar q

om  hiperla

um  aumen

a diminuiçã

ópsia musc

ntrão 4 do g

ada mais n

ctivas regiõe

               Co

aso 10, onde

Re

se verifica a

manteve‐se

cal  de  liga

perda de ut

ção total ou

qual o efeito

actacidemia

nto  signific

ão do CII‐III

ular não foi

gene COQ2

nenhuma al

es flanquea

ntrolo 

e se evidênc

esultados e D

a perda de u

e  inalterado

ação  das  p

tilização de

 parcial do 

o desta mut

  e  no  estu

ativo  da  C

 (1,7 nmol/

i disponibili

2 em hetero

teração, ap

adoras.  

cia a alteraçã

Discussão 

um local 

o  (anexo 

roteínas 

ste local 

intrão 7 

tação na 

udo  das 

CS  (265), 

/min/mg 

izado.  

ozigotia, 

pesar de 

ão c.693‐

Resultad

Pela an

encontr

parece 

O caso 

activida

biopsia 

No  caso

referido

Este gen

descrita

(Diomed

Apesar 

estudar

 

c.1660‐8

No caso

heteroz

intrão e

              

Figura 381C>G, c

 

dos e Discuss

álise dos do

rada nenhu

indicar que

10 apresen

ade  do  CII‐I

muscular n

o  16  foi  ta

o anteriorm

ne tem sido

a uma muta

di‐Camasse

de  não  ha

r o cDNA de

81C>G 

o 6 foi detec

zigotia (Figu

e não foi det

                    

30‐ Represencomparada c

são  

ois program

ma variaçã

 não há com

ntava doenç

III  (1.9  nmo

não foi dispo

mbém  dete

mente, em q

o associado 

ação em do

ei et al., 200

aver  variaç

e forma a es

ctada a alte

ura 30). For

tectada ma

    Casos 6  

ntação parciacom um cont

 

mas utilizado

o no score

mprometim

ça mitocond

ol/min/mg 

onibilizado. 

ectada  uma

ue a patoge

ao fenótipo

ois irmãos q

07). 

ão  de  scor

sclarecer o e

eração c.166

ram sequen

is nenhuma

                    

al da sequêntrolo normal

72 

os na avalia

que  indiqu

mento na pro

drial com h

PNC/CS). O

  

a  alteração

enicidade nã

o de aprese

ue apresen

re  nas  prev

efeito desta

60‐81C>G n

nciados todo

a alteração.

                    

ncia do casol. 

ação das alt

e alteraçõe

odução do m

iperlactacid

O  resultado

nova  nout

ão está tota

entação nef

ntavam doe

visões  que 

a alteração 

o intrão 15

os os exões

 

        Contro

 6, onde se 

terações in

es de  locais 

mRNA (anex

demia e um

o  da  histolo

tro  gene  da

almente esc

rótica, cont

nça multiss

se  fizeram

a nível da p

 do gene AD

s e regiões 

olo 

evidência a 

trónicas, nã

de splicing

xo 8.3.3.). 

ma diminuiçã

ogia  refere

a  biossíntes

clarecida.   

tudo foi tam

sistémica in

m,  é  impor

proteína. 

DCK3/CABC

de  junção 

alteração c.

ão foi 

g. Isto 

ão da 

nte  à 

se,  já 

mbém 

nfantil 

rtante 

C1 em 

exão‐

1660‐

Resultados e Discussão 

73 

A  análise  bioinformática  de  ambos  os  programas  utilizados  neste  estudo,  não  revelou 

variação  no  score,  o  que  parece  indicar  que  e  a  alteração  encontrada  não  provoca  a 

criação ou eliminação de  locais de  consenso de  splicing  (anexo 8.3.4.). Uma  vez que o 

processo de splicing é complexo e que intervêm várias proteínas, é importante estudar o 

cDNA  para  verificar  se  esta  alteração  não  interfere  com  a  maquinaria  envolvida  no 

processo de produção do mRNA.  

O caso 6 é um doente já com uma idade muito avançada que foi incluído no estudo pelo 

facto  de  revelar  uma  deficiência  marcada  na  actividade  do  CII‐III  (0,9  nmol/min/mg 

PNC/CS).  Apresentava  sinais  de  demência,  parkinsonismo  e  na  RMN  apresentava 

alterações sugestivas de doença mitocondrial.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conclusão e Perspectivas Futuras 

 

 

   

Conclusão e Perspectivas Futuras 

77 

5. Conclusão 

O estudo apresentado nesta dissertação pretende estabelecer um diagnóstico etiológico 

em  doentes  com  deficiência  primária  de  coenzima  Q10  detectados  por  disfunção 

mitocondrial. 

De modo  a estabelecer este diagnóstico  foi utilizada uma amostra de 24 doentes  com 

défice do CII‐III e um por suspeita clínica, na qual foram analisados os genes envolvidos na 

biossíntese  em  que  até  à  data,  foram  identificadas  mutações  patogénicas.  Os  genes 

estudados foram: PDSS1, PDSS2, COQ2, COQ9 e ADCK3. 

A análise dos resultados obtidos permite constatar que foram encontradas 48 variantes, 5 

das quais ainda não se encontram descritas na literatura. Através da análise da estrutura 

dos  aminoácidos  e  da  conservação  do  aminoácido  nas  diferentes  espécies  foi  possível 

comprovar  que  a  variante missense  encontrada  parece  não  interferir  na  integridade  e 

função da proteína. Nas variantes intrónicas será necessário a realização de mais estudos 

ao nível do cDNA que permitam verificar o impacto destas alterações na proteína. 

As alterações novas  foram detectadas em  sete dos doentes  incluídos neste estudo em 

heterozigotia, não tendo sido identificada a alteração no segundo alelo, apesar de terem 

sido sequenciados todos os exões e  junções exões‐intrões de todos os genes estudados. 

Isto pode  indicar a presença de uma grande delecção ou  inserção ou  se  tratar de uma 

alteração no promotor do gene. 

A  deficiência  de  CoQ10  é  a  única  doença  mitocondrial  que  actualmente  tem  um 

tratamento  eficaz,  que  é  feito  com  suplementação  oral  de  CoQ10.  Após  6 meses  de 

terapia os doentes demonstram melhorias significativas das  funções cognitivas e  físicas. 

No  entanto  os  danos  cerebrais  e  os  danos  ao  nível  do  rim  quando  instalados,  são 

praticamente irreversíveis apenas verificando‐se apenas uma melhoria dos sintomas. Se o 

diagnóstico de deficiência primária de CoQ10 é feito antes do aparecimento dos sintomas, 

e o tratamento  iniciado nesse momento, o paciente tem um desenvolvimento normal e 

Conclusão e Perspectivas Futuras 

78

sem  qualquer  danos  ao  nível  cerebral  e  ou  renais.  Daí  o  diagnóstico  precoce  ser  de 

extrema importância e necessidade. 

Uma  vez  que  o  diagnóstico  bioquímico  exige  uma  biópsia  muscular  e  ou  pele,  a 

caracterização  molecular  revela‐se  de  muita  importância  para  uma  confirmação  de 

diagnóstico. 

 

Conclusão e Perspectivas Futuras 

79 

6. Perspectivas Futuras 

Este  trabalho  revela‐se  apenas  o  primeiro  passo  para  a  caracterização molecular  das 

deficiências da biossíntese da CoQ10. 

O diagnóstico bioquímico não  foi  implementado por questões  financeiras que  surgiram 

no decorrer deste  trabalho e que nos  foi alheio. Mas será de extrema  importância pois 

permite comprovar e esclarecer a patogénese da doença destes casos. 

Uma  vez que existem mais  genes envolvidos na biossíntese da CoQ10  seria  importante 

alargar o estudo a esses genes de forma a caracterizar estes doentes.  

A  utilização  duma  abordagem  integrada  de  diagnóstico  permitirá  uma  melhor 

identificação e caracterização destes e de novos casos. 

De forma a completar este estudo seria interessante estudar os mRNAs dos casos em que 

se encontraram alterações nas regiões  intrónicas dos genes estudados, para verificar se 

estas variantes interferem com a transcrição e consequente produção de mRNA.  

Seria  importante realizar estudos de quantificação dos níveis de mRNA destes pacientes 

por  PCR  em  tempo  real  e  avaliar  o  impacto  das  mutações  encontradas  ao  nível  da 

proteína  através  de  técnicas  de  imunoblot,  de  forma  a  contribuir  para  um  possível 

estabelecimento correlação genótipo/fenótipo. 

Uma vez que se trata de uma doença extremamente rara, todos os doentes identificados 

serão  relevantes  para  a  investigação  desta  patologia,  e  o  conhecimento  a  nível 

bioquímico  e molecular  resultante  será  importante  para  uma melhor  compreensão  da 

fisiopatologia da molécula da CoQ10. 

 

Referências Bibliográficas 

Referências Bibliográficas 

83

7. Referências Bibliográficas 

 

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Wong, L. J. and R. G. Boles (2005). "Mitochondrial DNA analysis in clinical laboratory diagnostics." 

Clin Chim Acta 354(1‐2): 1‐20. 

Zeviani, M., E. Bonilla, D. C. DeVivo and S. DiMauro (1989). "Mitochondrial diseases." Neurol Clin 

7(1): 123‐156. 

Zeviani, M. and S. Di Donato (2004). "Mitochondrial disorders." Brain 127(Pt 10): 2153‐2172. 

 

 

Anexos 

Anexos 

95 

8. Anexos 

8.1. Resumo dos resultados das actividades enzimáticas da CRM obtidos neste estudo 

Caso CS 

(nmol/min/mg PNC) 

CII‐III (nmol/min/mg 

PNC/CS) 

Restantes complexos da 

CRM 

1 171  1.1 normais

2 115  1.7 Normais

3  57  2.0  Normais 

4  242  1.7  normais 

5  179  1.8  normais 

6 149  0.9 normais

7 86  0.9 normais

8 149  1.6 normais

9  188  1.6  normais 

10  110  1.9  normais 

11  140  1.8  normais 

12  265  1.7 CIV (48%) 

13  253  2.0 CIV (41%) 

14  185  1.7 CIV (45%) 

15  184  1.8  normais 

16  125  1.9  normais 

17  167  1.6  normais 

18  137  1.7 CIV (40%) 

19  234  1.4 normais

20  172  1.6 normais

21  163  1.8  CIV (43%) 

22  178  1.7  normais 

23  149  1.6  normais 

24  272  1.8 normais

25  137  5.6 normais

Valores de referência: CS‐85.0‐180.0 nmol/min/mg PNC; CII‐III‐2.6‐12.0 nmol/min/mg PNC/CS 

PNC‐ proteínas não colagénicas    

Anexos 

96

8.2. Determinação das Actividades da CS e do CII‐III da CRM no músculo 

 

‐ Determinação da Actividade da Citrato Sintetase (CS) 

 

1. Interesse Clínico 

A citrato sintetase é uma enzima do ciclo de Krebs localizada na matriz mitocondrial que reflecte o  potencial  redox  da  célula.  Uma  alteração  na  sua  actividade  pode  sugerir  uma  citopatia mitocondrial. 

 

2.  Produto 

Músculo deltóide / fígado / outro 

O músculo é o tecido preferencialmente investigado, devido ao seu alto metabolismo energético e ao facto de se encontrar quase invariavelmente afectado nas encefalopatias mitocondriais. 

 

3. Amostra 

Homogeneizado do fragmento muscular/hepático. 

*quantidade ideal – 100 mg 

*critérios de rejeição de amostras – má conservação, má colheita, a adição de qualquer tipo de conservante. 

 

3.1. Interferências 

Presença na amostra de tecido adiposo, parafina, outros. 

 

3.2. Colheita/transporte/conservação das amostras 

3.2.1. Colheita – Biópsia muscular/hepática de um fragmento de cerca de 100 mg para tubo seco. Esta  colheita  é  efectuada  no  serviços  de  neuropatologia,  anatomia  patológica  ou  cirurgia  dos hospitais. 

3.2.2. Transporte – Neve carbónica/azoto líquido. 

3.2.3. Conservação das amostras – Armazenar em arca a ≈ –70 °C, evitando descongelações. 

 

 

 

Anexos 

97 

4. Reagentes 

Os  reagentes  assinalados  poderão  ser  substituídos  por  outros  equivalentes,  desde  que devidamente  testados  e  que  fique  registado  internamente,  junto  com  os  ensaios  a  data  da alteração (se a mesma for temporária). 

 

 

5. Preparação da Amostra 

A amostra deve ser mantida em gelo durante a sua preparação e manipulação (inclusivamente no transporte da arca até à balança). 

• Pesar cerca de 70 mg do fragmento congelado. 

• Adicionar ao fragmento o tampão fosfato a 10mmol/l pH 7.4 na proporção 1/15. 

• Triturar a amostra no homogeneizador. 

• Transferir o homogeneizado para um tubo de 1.5 ml. 

• Centrifugar a 6000 rpm durante 10 min a 4 °C. 

• Transferir  o  sobrenadante  para  outro  tubo  (para  proceder  ao  ensaio)  e  congelar  o precipitado (para extracção de DNA se necessário). 

 

 

6. Controlo de qualidade interno (CQI) 

6.1. Material 

Fragmento músculo/fígado com actividades normais. 

6.2. Preparação e armazenamento 

Ver preparação e conservação da amostra. 

  Referência  Marca  Acondicionamento 

Tris  1.08382.0500  Merck   TA 

HCL  1.00317.1000  Merck  TA 

DTNB  D‐8130  Sigma  TA 

Acetil CÔA  10101907001  Roche  4ºC 

Triton  X  92H0250  Sigma  TA 

Oxaloacetato  O‐4126  Sigma  ˜ ‐20ºC  

KH2PO4  2389213  Merck  TA  

K2HPO4  1.05099.0250  Merck  TA 

Água Bidestilada  2652998  Labesfal  TA 

 

Anexos 

98

CS 

6.3. Procedimento 

O controlo é processado em paralelo com a série de amostras segundo o mesmo protocolo. 

6.4. Critérios de aceitação 

A actividade da CS tem de estar dentro dos valores de referência. 

 

7. Método 

7.1. Descrição do método 

A determinação da CS baseia‐se na cinética desta enzima. A CS catalisa a redução de Acetil‐CoA sintetizando citrato. A Acetil‐CoA reduzida (CÔA‐SH) reage com o reagente de cor (DTNB) sendo a variação  da  Absorvância  devida  à  formação  do  produto  formado  medida espectrofotometricamente. 

 

  

Acetil‐CoA + oxaloacetato → citrato + CoA‐SH 

DTNB + 2 CoA‐SH → 2TNB+CoASSCoA 

 

7.2. Procedimento 

• Pipetar para as cuvetes segundo o quadro seguinte: 

Reagentes  Volume (µl)  Concentração final 

Tampão Tris HCL 750mM pH8  100  75 mM 

DTNB 1mM  100  0.1 mM 

H2O  760  ‐‐ 

Acetil‐CoA 8.5 mM  50  0.42 

Amostra / CQI  5  ‐‐ 

Triton X 100 1%  100  1‰ 

 

• Deixar estabilizar a absorvância a 30 °C a 412 nm. Depois adicionar: 

Oxaloacetato 10 mM  100  0.5 mM 

 

•  Ler  a  412nm  a  30 °C  no  programa  VisionPro  ou  PC160PLS  (a  descrição  dos  programas  está disponível em anexo). 

Anexos 

99 

8. Cálculo de Resultados 

As actividades enzimáticas são expressas em nanomoles de substrato transformado por minuto e por mg de proteína, nas condições de reacção escolhidas, de  forma a obter uma cinética que é linear em função do tempo. 

A  actividade  específica  exprime‐se  por  proteínas  não  colagénicas  (NCP)  presentes  no músculo/fígado. 

AC =  ∆A   x  Vt   x     1       x     1               AC – actividade enzimática 

          ∆t        Va      ac x d       NCP 

∆A/∆t  ‐  variação da absorvância por minuto 

Vt  ‐  volume do meio de reacção; Va ‐ volume da amostra; d ‐ trajecto  óptico em metros 

aC ‐      absorvância         = m2 .mole‐1 

        concentração x d 

Unidades/factores de conversão: 

ac =               1                =    Abosvância 

          mole.l‐1 x mm        concentração x d 

ac =        litro (1dcm3)              =    0,1 m x 0,1 m x 0,1 m 

         mole x mm (0,001 m)           mole x 0,001 m 

ac =     m2     =  m2. mole‐1 

          mole 

NCP : mg.l‐1 

Se  os  factores  da  fórmula  forem  expressos  nas  unidades  internacionais  o  valor  de  U  será respectivamente: 

U =  (A). min‐1 x                      1                         x       1 

                                      l.mole‐1 . mm‐1 . m             mg.l‐1 

U = mole. min‐1 x l‐1 x mm x m‐1 x mg‐1 x l 

U = 109 nmol x min‐1 x 10‐3m x m‐1 x mg‐1 

U = 106 nmole x min‐1 x mg‐1 

 

9. Valores de referência 

85.0 – 180.0 nmol/min/mg PNC/CS (em músculo esquelético deltoide) 

 

10. Critérios de Confirmação de Resultados 

As amostras são processadas em duplicado no mesmo dia por dois operadores. 

Anexos 

100

O  resultado  inicial  é  confirmado  sempre  que  se  encontre  fora  dos  valores  de  referência.  A confirmação é efectuada em nova amostra do mesmo fragmento. Se este for insuficiente solicita‐se mais material biológico ao serviço que efectuou a biópsia e caso se justifique nova biópsia. 

 

11. Interpretação de resultados 

Uma  actividade  diminuída  de  citrato  sintetase  está  associada  a  má  conversação/transporte /manipulação da amostra. Uma actividade aumentada é muitas vezes indicadora de proliferação mitocondrial e pode sugerir uma patologia mitocondrial. 

 

 

‐ Determinação da actividade da succinato citocromo c redutase (Complexo II‐III) 

 

1. Interesse clínico 

A determinação da actividade de complexos conjugados tem como finalidade esclarecer situações em que as actividades dos complexos isolados, neste caso os CII e III, estão no limite inferior dos valores  de  referência.  Um  défice  do  CII+III  isolado  poderá  igualmente  indicar  um  défice  de ubiquinona,  a  sua  determinação  é  bastante  relevante  já  que  o  tratamento  nestes  casos,  a administração de coenzima Q10, é eficaz. 

 

2. Produto 

Igual à determinação da CS. 

 

3. Amostra 

Igual à determinação da CS. 

 

4. Reagentes 

   

  Referência  Marca  Acondicionamento 

Citocromo c  C‐3131  Sigma  ‐ 20 °C 

NaCN  S‐3296  Sigma  TA 

KH2PO4  2389213  Merck  TA 

K2HPO4  1.05099.0250  Merck  TA 

Succinato de sódio  8.20151.01000  Merck  TA 

Água Bidestilada  2652998  Labesfal  TA, Ultra Pura 

Anexos 

101 

5. Controlo de qualidade interno (CQI) 

Igual à determinação da CS. 

 

6. Método 

6.1. Descrição do método 

A  determinação  da  actividade  do  CII+III  resulta  da  cinética  da  enzima  succinato  citocromo  c redutase.  A  primeira  reacção,  apresentada  no  esquema,  representa  a  redução  da  CoQ  pelos equivalentes  reduzidos  do  succinato,  transferidos  pelo  CII.  A  redução  do  citocromo  c  pelos electrões da CoQ, transferidos pelo CIII, é medida e proporcional à actividade do CII+III. 

 

 

Succinato     →       CoQ H2     →       citocromo c 

(2H+, 2e‐)                 CII                        CIII 

 

 

6.2. Procedimento 

• Pipetar para as cuvetes segundo o quadro seguinte: 

 

  

Volume (µL)  Concentração 

Tampão fosfato 100 mM pH 7,4  550  55 mM 

Citocromo c 1 mM  100  0,1 mM 

NaCN 30 mM  30  0,9 mM 

Amostra/CQI  20  ‐ 

H2O  200  ‐ 

 

• Estabilizar a absorvância a 30 °C a 550 nm 

 

Succinato de sódio 30 mM  100  3 mM 

 

•  Ler  a  550  nm  a  30 °C  no programa VisionPro ou  PC160PLS  (a descrição  dos programas  está disponível em anexo). 

 

7. Cálculo de resultados 

O cálculo da actividade do CII+III é idêntico ao da CS. A actividade do complexo deve ser expressa em relação a da CS. 

Exemplo: CII‐III: 10 U    CS: 180 U (100%) 

Actividade/CS= 10/180 x 100 = 5.6 

Anexos 

102

8. Valores de referência 

2.6‐12.0 nmol/min/mg PNC/CS (em músculo esquelético deltóide). 

 

9. Interpretação dos resultados 

Um défice  isolado do complexo conjugado  II +III está associado a um défice de ubiquinona. Os défices  do  CII  e  CIII  poderão/deverão  ser  acompanhados  de  uma  diminuição  da  actividade complexo II+III. 

 

 

8.3. Extracção de DNA de biópsia e/ou homogeneizado muscular (Puregene® Tissue Kit ‐ 

GENTRA)  

 

Preparação da amostra 

Triturar aproximadamente 20 mg de músculo fresco ou congelado a ‐70 °C. Também podem ser utilizados os pellets dos homogeneizados usados para o estudo enzimático da CRM. Durante a manipulação manter o músculo em gelo. 

 Lise Celular 

1. Colocar o músculo previamente triturado ou o homogeneizado num eppendorf de 1,5 mL. 2. Adicionar 500 µL de Cell Lysis Solution e homogeneizar, utilizando uma vareta de vidro e 

vortex. 3. Adicionar 3 µL de Proteinase K Solution (20 mg/mL)(1). Misturar, invertendo o tubo várias 

vezes. 4. Incubar a 55 °C durante a noite, até a solução se tornar homogénea. Se possível inverter o 

tubo periodicamente e agitar no vortex, durante a incubação.  

 Tratamento com RNAse 

1. Juntar 3 µL de RNAse Solution (4 mg/mL) (2) à amostra lisada. 2. Misturar  a  amostra  invertendo o  tubo  várias  vezes  e  incubar  a  37  °C durante  15  a  60 

minutos. 

 Precipitação de proteínas 

1. Arrefecer a amostra à temperatura ambiente. 2. Adicionar 200 µL de Protein Precipitation Solution à amostra tratada. 3. Agitar no vortex durante 20 segundos e de seguida colocar no gelo 5 minutos. 4. Centrifugar a 14000 rpm durante 3 minutos, a 4 °C. O precipitado de proteínas forma um 

fino pellet. Caso não se observe esse precipitado repetir os passos 3 e 4.  

Anexos 

103 

Precipitação de DNA 1. Transferir o  sobrenadante, que contém o DNA, para um eppendorf de 1,5 ml contendo 

600 µL de Isopropanol a 100% (3). 2. Inverter o tubo lentamente várias vezes. 3. Centrifugar a 14000 rpm, durante 5 minutos, a 4 °C. 4.  Rejeitar o sobrenadante e secar o pellet com papel absorvente limpo. 5. Adicionar 600 µl de Etanol a 70% e inverter o tubo várias vezes para ressuspender o DNA. 6. Centrifugar a 14000 rpm, durante 1 minuto, a 4 °C. 7. Decantar o etanol cuidadosamente, invertendo o tubo, de forma a não perder o pellet. 8. Secar com papel e deixar à temperatura ambiente o tempo suficiente para secar. 

 Hidratação do DNA 

1. Adicionar 20 a 100 µL(4) de DNA Hydration Solution, de acordo com o rendimento obtido. 2. Incubar  a  65  °C  durante  1  hora  ou  durante  a  noite  à  temperatura  ambiente,  para 

completar a rehidratação. Agitar o tubo periodicamente para dispersar o DNA. 

 

Armazenar o DNA a 2‐8 °C ou de ‐20 °C a ‐80 °C. 

 

Observações e Reagentes: 

(1)  Proteinase K Solution (20 mg/mL), Promega  

(2)  RNAse Solution (4 mg/mL), Quiagen  

(3)  Isopropanol a 100%, Sigma  

(4) se utilizar pellet de biopsia muscular para extrair DNA, adicionar 20 a 50 µL de DNA Hydration Solution e 50 a 100 µL da solução de hidratação quando partir de tecido muscular.    

Anexos 

8.3.  Pre

PDSS1, 

Predicti

 

8.3.1. c.

Figura 3alteração

evisão  dos 

COQ2 e AD

ion. 

.1‐29C>T  

1‐ Previsão o c.1‐29C>T 

locais  de  s

DCK3, atrav

dos locais de(B) através d

splicing  pa

vés dos pro

e splicing pado programa

104

ra  as  nova

ogramas bio

ara a região 5a NetGene 2.

as  alteraçõe

oinformátic

5`UTR do ge 

es  identific

cos NetGen

 

 

ene PDSS1 no

cadas  nos  g

e 2 e Splice

ormal (A) e c

genes 

e Site 

com a 

Figuraltera

8.3.2

ra 32‐ Previsação c.1‐29C

2. c.721+4C>

ão dos locaiC>T (B) atravé

>T  

s de splicingés do progra

105 

A

g para a regiãama Splice S

A

ão 5`UTR doSite Predictio

o gene PDSS1on. 

 

1 normal (A)

 

Anexos 

) e com a 

 

 

Anexos 

Figura 3e com a 

Figura 3e com a 

3‐ Previsão dalteração c.7

4‐ Previsão dteração c.72

dos locais de721+4C>T (B

dos locais de21+4C>T (B) a

e splicing paB) através do

e splicing paatravés do p

106

ra a região e programa N

A

ra a região eprograma Spl

exão7 – intrãNetGene 2. 

exão7 – intrãlice Site Pred

 

ão7 do gene 

ão7 do gene diction.

PDSS1 norm

PDSS1 norm

mal (A) 

mal (A) 

 

 

8.3.3

Figurcom a

3. c.693‐136

ra 35‐ Previsãa alteração c

6A>G 

ão dos locaisc.693‐136A>

s de splicingG (B) através

107 

para a regiãos do program

o exão4 – intma NetGene 

trão4 do gen2. 

ne COQ2 nor

Anexos 

rmal (A) e 

Anexos 

Figura 3com a al

6‐ Previsão dteração c.69

dos locais de93‐136A>G (B

e splicing parB) através do

108

ra a região exo programa S

xão4 – intrãoSplice Site Pr

o4 do gene Crediction. 

COQ2 normal (A) e 

8.3.4

Figurnorm

. c.1660‐81

ra 37‐ Previsãmal (A) e com

C>G 

ão dos locaim a alteração 

s de splicingc.1660‐81C>

109 

A

g para a regiã>G (B) atravé

ão exão15 –és do progra

  

 

– intrão15 doma NetGene

o gene ADCKe 2. 

Anexos 

K3/CABC1 

Anexos 

Figura 38e com a a

8‐ Previsão doalteração c.16

os locais de sp660‐81C>G (B)

plicing para a r) através do p

110

região exão15rograma Splic

5 – intrão15 dce Site Predicti

o gene ADCK3ion. 

3/CABC1 norm

 

 

mal (A)