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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA PEDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA ALMEIDA SÍNTESE DE LÍQUIDOS IÔNICOS PARA EXTRAÇÃO DE MERCÚRIO FRANCISCO BELTRÃO JUNHO/2019

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA QUÍMICA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PEDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA ALMEIDA

SÍNTESE DE LÍQUIDOS IÔNICOS PARA EXTRAÇÃO DE MERCÚRIO

FRANCISCO BELTRÃO JUNHO/2019

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PEDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA ALMEIDA

SÍNTESE DE LÍQUIDOS IÔNICOS PARA EXTRAÇÃO DE MERCÚRIO

Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientadora: Dr.a Tânia Maria Cassol Coorientadora: Dr.a Irede Angela Lucini Dalmolin.

FRANCISCO BELTRÃO JUNHO/2019

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FOLHA DE APROVAÇÃO

PEDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA ALMEIDA

SÍNTESE DE LÍQUIDOS IÔNICOS PARA EXTRAÇÃO DE MERCÚRIO

Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Data de aprovação: 03 de julho de 2019.

--------------------------------------------------------------------- Prof.ª Dr.ª Tânia Maria Cassol

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

--------------------------------------------------------------------- Prof.ª Dr.ª Thalita Grando Rauen

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

--------------------------------------------------------------------- Prof.ª Dr.ª Irede A. L. Dalmolin

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

A folha de aprovação assinada encontra-se na coordenação do curso.

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AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento desse trabalho foi possível graças à colaboração de várias

pessoas, em primeiro lugar meus agradecimentos são aos meus Pais e minha irmã,

que além de não medirem esforços para me apoiar, são minha fonte de inspiração.

Especialmente quero deixar minha gratidão às Profªs. Drªs. Tânia Maria Cassol

e Irede Angela Lucini Dalmolin, que me deram todo o suporte necessário para o

desenvolvimento deste trabalho, assim como motivação para seguir em frente.

Também quero agradecer a todos os colaboradores que mantém o

funcionamento da UTFPR campus Francisco Beltrão, em especial aos técnicos de

laboratório, João e Ronaldo, que sempre estiveram à disposição e foram fundamentais

para a realização desse estudo. Por fim, agradeço aos meus amigos que sempre

estiveram juntos nessa caminhada.

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RESUMO

A redução dos impactos causados pela poluição do solo e da água é fundamental para

a melhoria da segurança ambiental e garantia de qualidade de vida. Atualmente

inúmeras técnicas têm sido desenvolvidas para minimizar os impactos gerados pela

contaminação de águas por metais pesados. O processo de extração líquido-líquido

surge como uma boa opção para recuperação de íons metálicos em soluções

aquosas. Entretanto, nesta técnica faz o uso de solventes, que na maioria dos casos

são orgânicos e possuem uma alta volatilidade acoplada com um potencial

toxicológico. Todavia, uma opção aos solventes orgânicos é o uso de Líquidos Iônicos

(LIs) à temperatura ambiente. Os LIs, emergem como uma alternativa limpa, para

quase todos os metais, podendo ser utilizados como agente de extração na sua forma

pura ou com solventes orgânicos. Sob tal motivação, o presente trabalho consistiu em

sintetizar e selecionar líquidos iônicos com base no cátion piridínio e imidazólio e

aplicá-los como solventes no processo de extração. Por conseguinte, foi analisado a

capacidade de extração do íon mercúrio na solução padrão, com o líquido iônico

Bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-1-metil-1-H-imidazol-3-ium [C8MIM][NTf2]. Os

resultados foram satisfatórios, quantificados pela análise da solução aquosa utilizando

o método de espectroscopia por absorção atômica.

Palavras-chave: Contaminação. Metais pesados. Água. Líquidos Iônicos.

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ABSTRACT

Reducing the impacts caused by soil and water pollution is fundamental for improving

environmental security and ensuring quality of life. Numerous techniques have now

been developed to minimize the impacts generated by heavy metal contamination in

waters. The liquid-liquid extraction process appears as a good option for recovery of

metallic ions in aqueous solutions. However, in this technique it makes use of solvents,

which in most cases are organic and have a high volatility coupled with a toxicological

potential. However, an option for organic solvents is the use of Ionic Liquids (LIs) at

room temperature. LIs emerge as a clean alternative to almost all metals and can be

used as extraction agent in its pure form or with organic solvents. Under such

motivation, the present work consisted in synthesizing and selecting ionic liquids based

on the pyridinium and imidazolium cations and applying them as solvents in the

extraction process. Therefore, the extraction capacity of the mercury ion in the

standard solution with the 3-octyl-1-methyl-1-H-imidazol-3-yl [C8 MIM] [NTf2] bis

(trifluoromethylsulfonyl) imide liquid was analyzed. The results were satisfactory,

quantified by analyzing the aqueous solution using the atomic absorption spectroscopy

method.

Key words: Contamination. Heavy Metals. Water. Ionic Liquids.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de um processo simples de equilíbrio líquido-líquido 15

Figura 2 – Diagramas isotérmicos de equilíbrio líquido-líquido Tipo 1 (um). (a):triângulo

retângulo; (b): triângulo equilátero e (c) diagrama de distribuição 17

Figura 3 – Diagrama esquemático do aparato experimental para os tratamentos

dos álcoois 23

Figura 4 – Diagrama esquemático do aparato experimental para as sínteses dos

líquido iônicos 24

Figura 5 – [Hg(II)] em [C8MIM][PF6] por tempo em 60 ºC, variando as concentrações

de NaCl: (■)0,(●)0.01 M, (▲)0.05 M e (▼)0.1 M. [HgCl2]=5. − M em 0.15 M tampão

de acetado de sódio, pH 4.68. 25

Figura 6 – Preparo do metanosulfonato de n-octila 26

Figura 7 – Estrutura do metanosulfonato de n-octila 26

Figura 8 – Preparo do metanosulfonato de n-decano 27

Figura 9 – Estrutura do metanosulfonato de n-decano 27

Figura 10 – Síntese do Líquido Iônico [C8MIM][CH3SO3] 28

Figura 11 – Síntese do Líquido Iônico [C10MIM][CH3SO3] 28

Figura 12 – Síntese do Líquido Iônico [C8MIM][NTf2] 29

Figura 13 – Estrutura do Líquido Iônico [C8MIM][NTf2] 29

Figura 14 – Síntese do Líquido Iônico [C8PYR][CH3SO3] 30

Figura 15 – Síntese do Líquido Iônico [C10PYR][CH3SO3] 30

Figura 16 – Aparato utilizado no processo de tratamentos dos álcoois 33

Figura 17 – Aparato experimental utilizado na síntese dos líquidos iônicos 34

Figura 18 – Frasco contendo o sistema após a separação das fases 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composições usuais dos líquidos iônicos 20

Tabela 2 – Características dos líquidos iônicos 35

Tabela 3 – Relatório de ensaio do laboratório LGQ 37

Tabela 4 – Eficiência de remoção pelo líquido iônico 37

Tabela 5 – Coeficiente de partição 38

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Na Sódio

Hg Mercúrio

Cl Cloro

Zn Zinco

S Enxofre

B Boro

Cr Cromo

Cd Cádmio

As Arsênio

LIs Líquidos iônicos

RMN Espectroscopia por ressonância magnética nuclear

NTf2 Bis (trifluorometilsulfonil) imida

BF4 Tetrafluorborato

PF6 Hexafluorfosfato

PF3(CF2CF3)3 Tris (pentafluoroetil) trifluorofosfato

CF3SO3 Triflato

N(CF3SO2) Bis (trifluorometilsulfonil) imida

[C8PYR][CH3SO3] Metanosulfonato de 1-octilpiridin-1-io

[C10PYR][CH3SO3] Metanosulfonato de 1-decilpiridin-1-io

[C8MIM][CH3SO3] Metanosulfonato de 3-octil-1-metil -1H-imidazol-3-io

[C10MIM][CH3SO3] Metanosulfonato de 3-decil -1-metil -1H-imidazol-3-io

[C4MIM][BF4] Tetrafluoroborato de 3-butil-1-metil-1-H-imidazol-3-ium

[C8MIM][NTf2] Bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-1-metil-1-H-

imidazol-3-ium

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

2 OBJETIVOS 14

2.1 OBJETIVO GERAL 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15

3.1 EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO 15

3.2 LÍQUIDOS IÔNICOS 19

3.2.1 Investigação do assunto 19

3.2.2 Seleção dos líquidos iônicos 20

3.3 METAIS PESADOS 21

3.3.1 Mercúrio 21

4 METODOLOGIA 23

4.1 SÍNTESES DE LÍQUIDOS IÔNICOS (METODOLOGIA PARA SAIS A BASE

DO CÁTION IMIDAZOLE) 23

4.1.1 Síntese do metanosulfonato de n-octila 26

4.1.2 Síntese do metanosulfonato de n-decano. 26

4.1.3 Síntese do metanosulfonato de 3-octil-1-metil -1H-imidazol-3-io 27

4.1.4 Síntese do metanosulfonato de 3-decil -1-metil -1H-imidazol-3-io 28

4.1.5 Síntese do bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-1-metil-1-H-imidazol-3-

ium 29

4.1.6 Síntese do metanosulfonato de 1-octilpiridin-1-io 30

4.1.7 Síntese do metanosulfonato de 1-decilpiridin-1-io 30

4.2 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO 31

4.2.1 Cálculo dos Desvios no Balanço de Massa 31

4.3 QUANTIFICAÇÃO DO Hg EXTRAÍDO 32

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 33

6 CONCLUSÕES 39

REFERÊNCIAS 40

ANEXO 44

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1 INTRODUÇÃO

Tendo em vista todo o crescimento industrial, a dissipação de metais pesados

gera uma preocupação cada vez maior. Apesar de certas atividades antropogênicas,

como a indústria mineradora e de galvanoplastia, serem constituintes do meio

ambiente, elas são geradoras de graves problemas ambientais, através da descarga

excessiva destes compostos (LIMA, 2016).

Atualmente os despejos de resíduos industriais são as principais fontes de

contaminação das águas dos rios com metais pesados. Inúmeras indústrias utilizam

diversos metais em suas linhas de produção e acabam lançando parte deles nos

cursos de água. Outras fontes importantes de contaminação do ambiente por metais

pesados são os incineradores de lixo urbano e industrial, que provocam a sua

volatilização e formam cinzas ricas em metais, principalmente mercúrio e arsênio

(MACEDO, 2004).

Os metais pesados são essenciais à humanidade, não só por fazerem parte da

constituição do corpo humano, mas também como matéria-prima para a produção de

diversos bens de consumo. Por outro lado, é conhecida a sua toxicidade e

bioacumulação nos organismos vivos bem como nos ecossistemas (LIMA, 2016).

É sabido que, o uso do mercúrio metálico é muito comum nas atividades

garimpeiras, devido à capacidade formar amálgama para extração do ouro

granulométrico que ficam disperso no sedimento de fundo. De forma que, para a

retirada do ouro é feito a queima do amálgama, dessa forma o mercúrio é lançado no

ambiente na forma de vapor, que é oxidado e retorna ao ambiente aquático, onde fica

sujeito aos processos de organificação, cujo produto é, então, mobilizado nas cadeias

alimentares aquáticas. Embora menos significativas, há também perdas no manuseio

que caracterizam uma fonte de contaminação líquida (BOISCHO; BARBOSA, 1993).

De acordo com Santos et al. (1992), a via respiratória na grande maioria das

vezes é menos grave, mais susceptível de ser tratada, na maioria dos casos, basta

afastar o paciente da área de risco e o problema regride. Entretanto, a via alimentar

pode ser a principal forma de contaminação, de forma que o pescado pode estar

contaminado com mercúrio, que em sua forma orgânica, ingressa no organismo

humano, através do consumo de peixe. A população em geral, não tem muitas

informações sobre essa possível contaminação e muito menos dos seus efeitos

colaterais.

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Ainda existe um déficit em relação ao controle dos metais pesados na água,

pois devido à sua elevada solubilidade em ambientes aquáticos, os metais pesados

podem ser absorvidos por organismos vivos. Depois de entrar na cadeia alimentar,

grandes concentrações de metais pesados podem acumular-se no corpo humano. Se

os metais são ingeridos além da concentração permitida, eles podem causar

problemas de saúde graves (BARAKAT, 2010)

Portanto, é necessário minimizar a exposição humana e ambiental a elementos

químicos perigosos, assim como, o desenvolvimento de métodos limpos e eficientes

para a eliminação desses compostos dos recursos hídricos.

Apesar de uma crescente conscientização com os problemas ambientais, o que

se faz ainda é pouco em relação à preservação e recuperação do meio ambiente.

Tendo em vista que, a poluição antrópica vincula-se também ao uso inadequado do

solo, além dos despejos de resíduos industriais, esgoto sanitário nos corpos d’água e

a deposição inadequada do lixo doméstico (QUEIROZ et al., 2007; LACERDA;

MIGUENS, 2011).

Ademais, a redução dos impactos causados pela poluição do solo e da água é

fundamental para a melhoria da segurança ambiental e garantia de qualidade de vida.

Grande parte das técnicas para minimizar os impactos sobre o solo e água

contaminados por metais pesados têm sido desenvolvidas para resolver problemas

locais, devendo ser adaptadas em função das variações e das condições do meio

(MUNIZ; OLIVEIRA-FILHO, 2006).

Vários métodos de tratamento e tecnologias tradicionais são usados para

remover esses metais de águas residuais, tais como, oxidação ou redução química,

eletrodiálise, ultrafiltração, troca iônica, evaporação, filtração por membrana,

precipitação química, osmose reversa e coagulação. No entanto, existem algumas

desvantagens que acompanham essas tecnologias, como alto custo, condições

restritas de funcionamento e grande possibilidade de produção de lamas, que acabam

tornando inviáveis (EL-ARABY et. al, 2017; STOJANOVIC; KEPPLER, 2012).

Nos últimos anos, grandes esforços têm sido feitos para desenvolver processos

químicos com pouco ou nenhum impacto ambiental. O uso de solventes orgânicos em

uma ampla gama de processos industriais é uma das principais causas das emissões

de compostos orgânicos voláteis na atmosfera. Uma opção aos solventes orgânicos

é o uso de Líquidos Iônicos (LIs) à temperatura ambiente.

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Os LIs, surgem como uma alternativa limpa, para quase todos os metais,

podendo ser utilizados como agente de extração na sua forma pura ou com solventes

orgânicos. Os líquidos iônicos baseados em cátions de amônio, fosfônio e imidazólio

conseguem formar pares iônicos ou complexos com os íons metálicos em matriz

aquosa, obtendo alta eficiência (REGEL-ROSOCKA; MATERNA 2014).

A extração líquido-líquido, por sua vez, consiste em uma etapa de separação

na qual ocorre a transferência de um soluto presente em uma fase líquida, chamada

de alimentação, para outra fase líquida, a extratora, composta por um solvente, de

preferência, imiscível ou parcialmente miscível com a solução original de alimentação.

A seletividade do solvente com o soluto é a essência da separação, uma vez que o

soluto de interesse é removido de uma solução contendo uma mistura de dois ou mais

componentes (MORAES, 2011).

Portanto, a extração líquido-líquido, aplicando LI como solvente conduzida em

baixas temperaturas, pode ser aplicada para remoção de contaminantes, como metais

pesados. No presente trabalho, o foco será a extração de mercúrio.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Extrair mercúrio, de sistema modelo simulando águas contaminadas, através

do contato com líquidos iônicos, com o intuito de substituir os solventes orgânicos

altamente voláteis e tóxicos, que são usualmente empregados no processo de

extração.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para atender o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram

delineados:

Sintetizar líquidos iônicos com base no cátion piridínio e imidazólio

Selecionar líquidos iônicos para aplicá-los como solventes;

Analisar a capacidade de extração dos líquidos iônicos para o mercúrio

em solução;

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16

Consiste em um recipiente fechado, com controle de temperatura a partir de

um banho e acompanhamento da temperatura do sistema com a adição de um

termômetro em uma das aberturas. Nas demais aberturas são feitas as adições dos

componentes da mistura. Com o auxílio de uma barra magnética envolta em teflon e

um agitador magnético a homogeneização constante do sistema é garantida.

Segundo Maduro (2005), a extração líquido-líquido é um dos métodos

analíticos mais relevantes de separação. Podendo ser realizada através de três

operações fundamentais:

− A fase aquosa e a fase solvente, sendo imiscíveis, devem ser dispersas em

volumes definidos;

− As fases devem entrar em contato da forma mais eficiente possível, para que

possa haver a extração de todo ou da maior parte do soluto;

− As fases devem ser fisicamente separadas para detecção adequada do soluto.

Para fins de análise, é definida uma constante que relaciona as concentrações

de uma espécie em ambas às fases, ou seja, a distribuição de um soluto entre dois

solventes particulares, chamada de coeficiente de distribuição ou coeficiente de

partição, K, de acordo com a Equação 1:

K= � ���� = [�/�/ ] (1)

em que Csolv é a concentração do soluto na fase solvente, Caq é a concentração na

fase aquosa.

Entretanto, para realizar a separação, o coeficiente de distribuição, K,

necessariamente deve ser maior que 1, visto que o soluto estará em maior

concentração na fase solvente, portanto, uma separação eficiente requer valores altos

para os coeficientes de distribuição.

De acordo com Perry & Green (1984) o valor de K é um dos principais

parâmetros utilizados para se estabelecer à razão mínima de solvente em relação à

alimentação que deve ser manipulada em um processo de extração. O coeficiente de

distribuição para o soluto deve, preferencialmente, ser grande de modo que uma baixa

razão de solvente pela alimentação possa ser utilizada, e um menor número de

estágios/contatos para obter a separação desejada.

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17

Os dados de equilíbrio líquido-líquido podem ser representados em diagramas

isotérmicos em coordenadas triangulares (triângulo retângulo ou equilátero) e

retangulares (diagrama de distribuição). Na figura 2, estão representados os

diagramas para sistemas ternários classificados como Tipo 1 (um), que tem por

característica um par de componentes imiscível (TREYBAL, 1980). Os vértices do

triângulo representam os componentes puros. Os catetos e hipotenusa do triângulo

retângulo, misturas binárias, sendo a abscissa a mistura A:C, a ordenada a mistura

A:B e a hipotenusa a mistura B:C. O componente C, soluto, se dissolve

completamente em A, diluente, e em B, solvente, mas os componentes A e B

dissolvem-se de forma limitada e são apresentados no diagrama de equilíbrio pela

linha de base ou de solubilidade mútua. O ponto L representa a solubilidade do

componente B em A e o ponto K a solubilidade do componente A em B.

Figura 2 - Diagramas isotérmicos de equilíbrio líquido-líquido Tipo 1 (um). (a):triângulo

retângulo; (b): triângulo equilátero e (c) diagrama de distribuição

(a) (b) (c)

Fonte: Adaptado de Treybal (1980).

A curva LRPEK é a curva binodal e apresenta a mudança da solubilidade das

fases I (curva LRP) e II (curva PEK) com a adição do soluto. Qualquer mistura fora da

curva LRPEK será uma solução homogênea. Qualquer mistura dentro da curva, como

por exemplo a mistura M, formará duas fases líquidas imiscíveis com as composições

indicadas em R (rica no componente A) e E (rica no componente B). A linha RE é uma

linha de amarração, ou tie line, que deverá passar necessariamente pelo ponto M, que

representa a mistura como um todo. O ponto P, conhecido como ponto crítico ou plait

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point, representa a última linha de amarração e o ponto onde as curvas de solubilidade

das fases ricas nos componentes A e B se encontram.

Neste tipo de sistema, o aumento da composição do soluto aumenta a

miscibilidade mútua entre o diluente e o solvente. O coeficiente de distribuição para o

soluto pode ser visualmente analisado pela inclinação das linhas de amarração. Na

Figura 2 é possível perceber uma inclinação favorável à fase extrato, indicando que o

coeficiente de distribuição é maior do que 1, ou seja, o solvente é adequado para o

processo de separação desejado.

A seletividade do solvente, ou seja, a capacidade que o solvente tem de extrair

com preferência o soluto e não o diluente, é determinada através da Equação 2.

� = ��á� � = ���,������,���á� �,����á� �,�� (2)

em que, ���, �� e ���,� são, respectivamente, a concentração do soluto na

fase solvente e na fase aquosa. E por analogia, �á� �,� � é a concentração do diluente

na fase solvente e �á� �,� a concentração do diluente na fase aquosa.

Existem ainda outros diagramas ternários isotérmicos, como o Tipo 0 (zero),

em que nenhum par de componentes é miscível; o Tipo 2 (dois) possui dois pares

imiscíveis; o Tipo 3 (três) é caracterizado por apresentar três pares imiscíveis, ou seja,

possuem três regiões bifásicas; já os dados de equilíbrio de sistemas muito complexos

são representados através de diagramas do Tipo 4 (quatro), com formação de fase

sólida.

Aplicando a regra das fases de Gibbs (SMITH, VAN NESS e ABBOTT, 2007)

ao sistema de três componentes com temperatura e pressão constantes, o número

dos graus de liberdade é igual a 3 menos o número das fases (estas condições

eliminam dois graus de liberdade T e P). Na área onde existe somente uma fase

líquida, dois graus de liberdade (duas composições) devem ser indicados. Em um

sistema onde há duas fases líquidas, existe apenas um grau de liberdade.

O processo de extração líquido-líquido surge como uma boa opção para

recuperação de íons metálicos em soluções aquosas. Entretanto, nesta técnica faz o

uso de solventes, que na maioria dos casos são orgânicos e possuem uma alta

volatilidade acoplada com um potencial toxicológico, dessa forma os líquidos iônicos

surgem como uma alternativa para a substituição total ou parcial desses solventes.

Tendo em vista que os líquidos iônicos possuem propriedades especificas como baixa

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19

pressão de vapor, e boa condição de recuperação eles se comportam como uma

opção limpa e sustentável (CASSOL, 2007).

3.2 LÍQUIDOS IÔNICOS

3.2.1 Investigação do assunto

Os líquidos iônicos possuem características muito interessantes, como

pressão de vapor irrelevante à temperatura ambiente assim como estabilidade térmica

ao longo de uma faixa de temperatura. Geralmente não são inflamáveis e também são

bons solventes para compostos inorgânicos e orgânicos. Uma boa definição foi

proposta por Stracke (2005):

Uma substância se encontra no estado líquido quando as interações entre as espécies constituintes são mais fortes do que aquelas existentes no estado gasoso, mas mais fracas que aquelas que conduzem ao estado sólido. Devido a esta situação de balanço energético, a maior parte dos líquidos é constituída por moléculas neutras já que a presença de espécies carregadas determina a existência de interações iônicas, normalmente suficientemente fortes para conduzir a substância ao estado de agregação sólido.

Devido a essas propriedades, eles podem ser usados como solventes com

propriedades únicas em diversas operações químicas, como síntese orgânica,

eletroquímica, extração, espectroscopia, espectrometria de massa, bem como

técnicas de separação tais como cromatografia líquida e gasosa, ou eletroforese

capilar. A variedade de aplicações de líquidos iônicos é também devida à possibilidade

de conceber as suas propriedades físico-químicas, selecionando o cátion e ânion, de

acordo com o objetivo do processo (FLIENGER et al, 2014).

Além disso, eles representam uma nova alternativa de solventes para reações

catalíticas. Por ser compostos inteiramente de íons eles possuem uma grande

diversidade de composições, sendo que, as propridedes como solventes podem ser

restritamente controladas. Muitos líquidos iônicos aumentam a eficiência de reações

catalíticas, de modo que melhoram a seletividade, assim como a reutilização de

catalisadores (Gordon, 2011).

A Tabela 1 mostra as possibilidades de combinações de cátions e ânions para

a síntese de líquidos iônicos.

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bis(trifluorometilsulfonil)imida [NTf2] ou hexafluorfosfato [PF6], são muito hidrofóbicos.

Com isso, a facilidade de substituição de ânions permite projetar compostos com

propriedades necessárias para uma aplicação específica.]

Portanto, é possível manipular tais ânions na busca por solventes com as

características desejadas. Neste trabalho, buscou-se por líquidos iônicos que

apresentassem imiscibilidade em água e afinidade com o soluto (metal) para que

ocorresse a formação de duas fases líquidas, ao contato com a água, e consequente

extração do metal da fase aquosa.

3.3 METAIS PESADOS

São denominados metais pesados, os elementos com massas atômicas entre

63,5 e 200,6 e densidade superior a 5 g/cm³, caracterizando-se pela sua toxicidade a

baixas concentrações. Muitos elementos se enquadram nesta categoria, como

mercúrio (Hg), cromo (Cr), cádmio (Cd) ou arsênio (As). Apesar de o arsênio ser um

semimetal, ele é inserido nesse grupo devido ao seu potencial tóxico (LIMA, 2016).

O uso de metais deflagrou no século XX, especialmente depois de 1950. O

resultado é uma infinidade de produtos que agora parecem essenciais para a vida

moderna (GRAEDEL; CAO, 2010). Deste uso, ocorreu a crescente presença de

metais em águas residuais industriais.

Tão ou mais importante que a questão envolvendo a quantidade de água

disponível, apresenta-se também a questão da qualidade da água disponível. O

tratamento de água é feito a partir da água doce encontrada na natureza que contém

resíduos orgânicos, sais dissolvidos, partículas em suspensão, microorganismos e

metais pesados. Segundo Babel et al. (2004), os metais pesados, por terem elevada

solubilidade em água, podem ser absorvidos por organismos vivos em etapas do ciclo

da água.

3.3.1 Mercúrio

O mercúrio (Hg) é o único elemento metálico líquido à temperatura ambiente.

Possui caráter nobre e forma compostos orgânicos e inorgânicos. Bastante raro,

porém, com extração e purificação simples, o mercúrio ocorre na forma de um mineral,

o cinábrio, principalmente no leste europeu, na Espanha, México e Argélia.

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Associado ao aumento do uso de Hg está o aumento da frequência de

acidentes ambientais envolvendo esse elemento químico e seus compostos, gerando

uma preocupação crescente por parte das autoridades ambientais da maioria dos

países (ANVISA, 2010).

Entre os metais lançados no meio ambiente, o mercúrio é considerado o de

maior potencial tóxico e o único que, comprovadamente, é passível de

biomagnificação ao longo da cadeia trófica, sofrendo ainda, organificação e atingindo

sua forma mais tóxica, o metilmercúrio, no sistema aquático (SIQUEIRA et al., 2005).

A contaminação de mercúrio em rios, principalmente os amazônicos, e na

atmosfera, está relacionada a um legado de atividades de garimpeiras, quando era

utilizado o mercúrio metálico em diversos processos, como na amalgamação do ouro

(TUNDISI, 2014). Ademais, segundo Lima (2013), na produção de 1 Kg de ouro são

utilizados 1,5 Kg de mercúrio, sendo que, 1 Kg é recuperado e o restante é perdido

para o ambiente, pela queima do amálgama e perdas no manuseio.

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Contudo, novos líquidos iônicos foram sintetizados com base no anel piridino

e imidazólio, para posterior análise de aplicação destes como solventes, vistos que

são provenientes de materiais baratos. De acordo com experimentos realizados por

Flinger et al. (2014), ficou constatado que os cátions derivados do anel piridino e

imidazólio, possuem grande influência sobre a extração do mercúrio, tendo em vista

que, a capacidade dos complexos clorados de mercúrio, interagir com esses cátions

são muito grandes. Além disso, o uso do ânion trifluorometanossulfonato resulta em

extração aprimorada de mercúrio.

Já no trabalho de Germani et al. (2007), ficou constatado que o uso dos

líquidos iônicos baseados no cátion imidazólio levaram a uma transferência

quantitativa de íons Hg (II), na ausência de um agente quelante. Vale ressaltar que

esta transferência não ocorreu instantaneamente, foi necessário um tempo para

alcançá-la.

Ademais, no estudo de Mancini et al. (2013), foi relatado a influência da adição

de um sal inorgânico à fase aquosa, como NaCl, ocasionando o efeito salting out, e

aumentando consideravelmente a taxa de remoção de Hg. Quando os procedimentos

de extração foram realizados a 60 °C usando HgCl2, foram solubilizados em soluções

aquosas de NaCl 0,1 mol/L ou NaBr. A Figura 5 mostra o efeito da concentração de

NaCl na extração de Hg (II).

Figura 5 - [Hg (II) ] em [C8MIM][PF6] por tempo em 60 ºC, variando as concentrações de NaCl: (■)0, (●) 0.01 M, (▲) 0.05 M e (▼) 0.1 M. [HgCl2]=5. − M em 0.15 M tampão de acetado de sódio, pH 4.68.

Fonte: Adaptado de Mancini et al. (2013).

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4.1.1 Síntese do metanosulfonato de n-octila

A Figura 6 mostra a rota de obtenção do líquido iônico metanosulfonato de

n-octila.

Figura 6 – Preparo do metanosulfonato de n-octila

Fonte: Autoria própria (2019).

O cloreto de metanossulfonia (5,72 g, 50 mmol) foi adicionado durante 45

minutos, com agitação vigorosa, a uma solução de n-octanol (6,51 g, 50 mmol) e

trietilamina (5,05 g, 50 mmol) em diclorometano (46,87 mL). Tendo em vista que se

trata de uma reação altamente exotérmica, um banho externo de gelo de água foi

usado para controlar a temperatura, mantendo a reação entre 10 e 20 ºC. Após adição,

continuou-se a agitação durante mais 2 horas, à temperatura ambiente. Na sequência,

adicionou-se (100 mL) de água destilada. A fase aquosa contendo o subproduto, foi

separada. A fase orgânica foi lavada com água destilada (200 mL) e em seguida

adicionou-se carbonato de sódio, para secar, logo após filtrou-se e o produto foi

concentrado em rotaevaporador. Portanto, obteve-se o metanossulfonato de n-octila

(Figura 7) desejado, como um líquido incolor.

Figura 7 – Estrutura do metanosulfonato de n-octila

Fonte: Autoria própria.

4.1.2 Síntese do metanosulfonato de n-decano.

Na Figura 8 é possível observar a rota de obtenção do líquido iônico

metanosulfonato de n-decano.

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Figura 8 – Preparo do metanosulfonato de n-decano

Fonte: Autoria própria (2019).

O cloreto de metanossulfonila (11,44 g, 100 mmol) foi adicionado, durante 45

min, a uma solução de decanol (15,82 g, 100 mmol) e trietilamina (10,1 g, 100 mmol)

em diclorometano (93,70 mL) sob forte agitação. Como trata-se de uma reação

altamente exotérmica, com o auxílio de um banho externo de gelo de água a

temperatura foi controlada, mantendo a reação entre 10 e 20 ºC. Após adição,

continuou-se a agitação durante mais 2 horas, à temperatura ambiente. Na sequência,

adicionou-se (200 mL) de água destilada. A fase aquosa contendo o subproduto, foi

separada. A fase orgânica foi lavada com água destilada (400 mL) e em seguida

adicionou-se carbonato de sódio, para secar. O produto resultante foi filtrado e

concentrado por rotaevaporação. Portanto, obteve-se o metanossulfonato de n-

decano (Figura 9) desejado, como um líquido incolor.

Figura 9 – Estrutura do metanosulfonato de n-decano

Fonte: Autoria própria (2019).

4.1.3 Síntese do metanosulfonato de 3-octil-1-metil -1H-imidazol-3-io

Na Figura 10 tem-se a rota de obtenção do líquido iônico do metanosulfonato

de 3-octil-1-metil -1H-imidazol-3-io.

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Figura 10 – Síntese do Líquido Iônico [C8MIM][CH3SO3]

Fonte: Autoria própria (2019).

O metanossulfonato de n-octila (8,89 g, 40 mmol) foi misturado com 1-

metilimidazol (3,42 g, 40 mmol) e a mistura reacional foi mantida sob agitação e

controle de temperatura à 70 ºC, por meio de um banho externo com óleo. Após 24 h,

a reação foi concluída, e obteve-se um cristal branco, o 1-octil-3-metilimidazólio

metanosulfonato. Em seguida para retirar as impurezas, foi realizada a lavagem com

acetato de etila (10mL), três vezes. Por fim, o produto foi destilado sob pressão

reduzida.

4.1.4 Síntese do metanosulfonato de 3-decil -1-metil -1H-imidazol-3-io

A Figura 11 mostra a rota de obtenção do líquido iônico metanosulfonato de

3-decil -1-metil -1H-imidazol-3-io.

Figura 11 – Síntese do Líquido Iônico [C10MIM][CH3SO3]

Fonte: Autoria própria (2019).

O metanossulfonato de n-decano (9,41 g, 40 mmol) foi misturado com 1-

metilimidazol (3,42 g, 40 mmol) e a mistura reacional foi mantido sob agitação e

controle de temperatura à 70 ºC com auxílio de um banho com óleo. Após 24 h, a

reação foi concluída, e um cristal branco foi obtido, o 1-octil-3-metilimidazólio

metanosulfonato. Uma etapa seguinte de retirada de impurezas foi adotada através

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da lavagem com acetato de etila (10mL), por três vezes. Para a concentração do

produto, submeteu-se a destilação sob pressão reduzida.

4.1.5 Síntese do bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-1-metil-1-H-imidazol-3-ium

A rota de obtenção do líquido iônico bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-

1-metil-1-H-imidazol-3-ium é apresentada na Figura 12 a seguir.

Figura 12 – Síntese do Líquido Iônico [C8MIM][NTf2]

Fonte: Autoria própria (2019).

Metanosulfonato de 3-octil-1-metilimidazol-3-io (15,3 g, 40mmol) foi

homogeneizado com Bis(trifluorometilsulfonil)imida de litio (11,48 g, 40mmol) em um

béquer, mantendo a agitação com auxílio de uma barra magnética envolta em teflon

e de um agitador magnético, por 30 minutos, a temperatura ambiente. Em seguida

lavou-se a solução com diclorometano. A fase orgânica contendo o líquido iônico e o

diclorometano foi secada com cloreto de cálcio e filtrado, em seguida o produto foi

destilado sob pressão reduzida. Obteve se um líquido esverdeado, com alta

viscosidade, representado na Figura 13.

Figura 13 – Estrutura do líquido iônico do bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-1-metil-1-H-

imidazol-3-ium

[C8MIM][NTf2]

Fonte: Autoria própria (2019).

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4.1.6 Síntese do metanosulfonato de 1-octilpiridin-1-io

A Figura 14 ilustra a rota de obtenção do líquido iônico metanosulfonato de 1-

octilpiridin-1-io.

Figura 14 – Síntese do Líquido Iônico [C8PYR][CH3SO3]

Fonte: Autoria própria (2019).

Para tanto, metanossulfonato de n-octila (8,89 g, 40 mmol) foi adicionado à

piridina (3,61 g, 40 mmol), e a mistura reacional foi mantido sob agitação e controle

de temperatura à 70 ºC, por meio de um banho externo com óleo. Após 24 h, a reação

foi concluída, obteve-se um cristal branco. Em seguida para retirar as impurezas, foi

realizada a lavagem com acetato de etila (10 mL), três vezes. Por fim, o produto foi

destilado sob pressão reduzida.

4.1.7 Síntese do metanosulfonato de 1-decilpiridin-1-io

Finalmente, para o líquido iônico metanosulfonato de 1-decilpiridin-1-io, tem-

se a seguinte rota de obtenção, ilustrada na Figura 15.

Figura 15 – Síntese do Líquido Iônico [C10PYR][CH3SO3]

Fonte: Autoria própria (2019).

O metanossulfonato de n-decano (9,41 g, 40 mmol) foi misturado com piridina

(3,61 g, 40 mmol) e a mistura reacional resultante foi mantida sob agitação e controle

de temperatura à 70 ºC, com auxílio de um banho externo com óleo. Após 24 h de

contato, a reação foi concluída, e obteve-se também um cristal branco. Em seguida

para retirar as impurezas, foi realizada a lavagem com acetato de etila (10 mL), três

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vezes. Para a concentração do produto, este foi submetido à destilação sob pressão

reduzida.

4.2 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO

Para o procedimento experimental de equilíbrio líquido-liquido foi utilizado a

metodologia proposta por Mancini et al. (2013). Uma solução padrão do metal em

análise foi preparada com concentração de de 5,89 mmol/L de HgCl2, 0,1 mol/L de

NaCl e 0,15 mol/L de tampão de acetato.

Contudo, primeiramente preparou-se a solução tampão de acetato com pH

4,68. Para tanto, foram dissolvidos 1,18 g de acetato de sódio, 10,5 g de ácido acético,

em 100 mL de água destilada. Na sequência foi preparada a solução padrão pela

adição de 40,1 mL da solução tampão em um balão volumétrico de 50 mL, e

dissolução de 0,08 g de cloreto de mercúrio e 0,29 g de cloreto de sódio. Aferiu-se o

volume total do balão de 50 mL com água destilada.

Posteriormente, para o processo de extração, as amostras foram colocadas

em um frasco de vidro com tampa, contendo volumes iguais de alimentação e

solvente, sendo 1 mL de solução padrão e 1 mL de líquido iônico, respectivamente.

Após, as fases serem colocadas em contato através de agitação com auxílio de uma

barra magnética revestida de teflon e um agitador magnético, à temperatura ambiente,

por 12 ou 24 horas. As fases formadas foram então clarificadas pela centrifugação a

2500 rpm por 20 minutos. Em seguida foram colocadas em repouso para que o

equilíbrio fosse atingido também por 24 horas. Por fim, ambas as fases foram

coletadas, armazenadas e catalogadas em tubos com tampa.

4.2.1 Cálculo dos Desvios no Balanço de Massa

Para testar a qualidade e precisão dos resultados dos experimentos de

equilíbrio de fases foram determinados os desvios do balanço de massa. Baseado na

lei da conservação das massas para um sistema fechado, comparou-se as massas

iniciais do metal na solução padrão com a massa determinada na fase aquosa após o

contato com o líquido iônico, de forma analítica por espetroscopia de absorção

atômica. E assim pode-se calcular o desvio da quantificação em porcentagem.

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4.3 QUANTIFICAÇÃO DO Hg EXTRAÍDO

Foram selecionadas duas amostras de fases aquosas e submetidas à análise

por espetroscopia de absorção atômica para quantificação das concentrações de

mercúrio nas soluções, após as extrações, em um laboratório da cidade de Francisco

Beltrão. (vide ANEXO).

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Tabela 2 – Características dos líquidos Iônicos

Entrada Líquidos Iônicos Solubilidade em Água

Estado físico à 25ºC

1

[C8PYR][CH3SO3]

Solúvel

Sólido

2

[C10PYR][CH3SO3]

Solúvel

Sólido

3

[C8MIM][CH3SO3]

Solúvel

Sólido

4 [C10MIM][CH3SO3]

Solúvel

Sólido

5

[C8MIM][NTf2]

Insolúvel

Líquido

6

[C4MIM][BF4]

Solúvel

Líquido

Fonte: Autoria própria (2019).

Mesmo que o aumento da cadeia carbônica está relacionado com a

hidrofobicidade, é possível verificar, na Tabela 2, que a modificação do ânion é

responsável pela diferença no ponto de fusão entre eles (entrada 3 e 5).

O objetivo deste trabalho foi a síntese de líquidos iônicos viáveis para a

extração líquido-líquido. Para tanto, se faz necessário algumas características

desejadas para esta aplicação, tais como, a imiscibilidade com água, baixo ponto de

fusão que garante estado líquido a temperatura ambiente, e facilidade de aquisição.

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A fase contendo o LI é mais densa, portanto ficava na parte inferior do frasco,

e possuí uma leve coloração esverdeada. Posteriormente, as amostras das fases

aquosas (fases superiores) foram coletadas cuidadosamente por uma agulha

conectada à uma seringa, buscando evitar o máximo a perturbação da interface, e

enviadas ao laboratório para análise. Os resultados obtidos, pela análise da fase

aquosa são mostrados na Tabela 3.

Tabela 3 – Relatório de ensaio do laboratório

Ensaio Tempo de agitação (h) Concentração de Hg2+ (mg/L)

1 12 0,8754

2 24 0,5184

Fonte: Autoria própria (2019).

A concentração do íon metálico na solução padrão inicial foi de 5,89.10-3 mol/L

ou 1,6.103 mg/L, após as diluições necessárias para as análises, respeitando o

princípio da conservação de massa, a concentração inicial foi de 5,333 mg/L. A partir

dos resultados obtidos pela análise das fases aquosas, foi calculado a eficiência de

remoção de mercúrio pelo líquido iônico, sendo diferença da concentração inicial e

final obtida pela análise, conforme é mostrada na Tabela 4.

Tabela 4 – Eficiência de remoção pelo líquido iônico

Ensaio Concentração inicial Hg2+

(mg/L)

Concentração final Hg2+

(mg/L)

Eficiência de remoção

(%)

1 5,333 0,8754 83,585

2 5,333 0,5184 90,279

Legenda: Ensaio1: 12 h de agitação e Ensaio 2: 24 h de agitação.

Fonte: Autoria própria (2019).

Tendo em vista que o tempo de repouso para ambos ensaios foi o mesmo,

em análise a Tabela 4, é possível constatar a influência do tempo de agitação na

transferência de massa. Além disso, é valido ressaltar a necessidade de instrumentos

adequados para coleta das amostras, para uma remoção completa. De tal forma,

infere-se que devido à viscosidade do LI, e a diferença de sua estrutura química em

relação à água, faz-se necessário um tempo maior de contato. Sugere-se, a partir dos

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resultados obtidos no presente trabalho, um tempo de contato igual ou maior a 24

horas, sob agitação constante e vigorosa.

O coeficiente de distribuição, K, necessariamente deve ser maior que 1, para

que haja extração líquido-líquido. Quando maior, o soluto preferencialmente se

encontrará na fase solvente, portanto, uma separação eficiente requer valores altos

para os coeficientes de distribuição. Neste trabalho, tendo em vista que os

experimentos foram conduzidos em sistema fechado, a diferença de concentração na

fase aquosa inicial e final é a concentração do soluto que migrou de fase, devido a

transferência de massa para a fase solvente contendo o líquido iônico, conforme é

mostrado na Tabela 5.

Tabela 5 – Coeficiente de partição das amostras analisadas

Ensaio Concentração de Hg2+ na

fase aquosa (mg/L)

Concentração de Hg2+ na

fase orgânica (mg/L)

Coeficiente de

partição (K)

1 0,8754 4,4576 5,0921

2 0,5184 4,8146 9,2874

Legenda: Ensaio1: 12 h de agitação e Ensaio 2: 24 h de agitação.

Fonte: Autoria própria (2019).

Percebe-se, através da Tabela 5, que foram encontrados coeficientes de

partição (K) altos, muito superiores a 1. Mesmo para o ensaio com menor tempo de

contato entre as fases líquidas, o valor de K foi consideravelmente satisfatório. De tal

forma, a escolha do líquido iônico bis(trifluorometilsulfonil)imida de 3-octil-1-metil-1-H-

imidazol-3-ium ([C8MIM][NTf2]), como solvente foi assertiva.

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6 CONCLUSÕES

A metodogia de síntese dos líquidos iônicos utilizada neste trabalho,

fundamentada na reação de Cassol (CASSOL et al. 2006), é considerado simples e

rápido, possibilitando uma grande variedade de LIs derivados dos cátions

metilimadozólio e piridino com elevados rendimentos.

A eficiência de extração de mercúrio pelo líquido iônico ([C8MIM][NTf2]) foi

satisfatória (83-90%). Além disso, vale ressaltar a pequena concentração de íons

metálicos na solução padrão. Portanto, ficou constatado a possibilidade da utilização

de LIs como solvente em processos com alto grau de especificidade.

Como sugestão para trabalhos futuros, a síntese dos líquidos iônicos em

maior quantidade para que dados de solubilidade mútua entre LI e água em diferentes

temperaturas seja determinado, bem como dados de equilíbrio de fases do sistema

ternário água + Hg + LI. A partir de tais dados é possível um estudo mais aprofundado

das propriedades termodinâmicas dos sistemas de interesse para extração via líquido-

líquido de tal metal.

Também sugere-se ampliar o estudo com outros íons metálicos

contaminantes. Por fim, é evidente a necessidade de alguns equipamentos

específicos para o processo de equilíbrio e coleta das amostras para uma otimização

do processo.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO

Relatórios de análise emitidos pelo laboratório LGQ

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