São Paulo, 2010 - Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesau1@5d3@cu… · Como é o ensino da acupuntura e moxibustão na China? ... medicina chinesa, que registraram suas teorias

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Nesta aula, você encontrará as respostas para as seguintes perguntas: ◦ O que NÃO é a acupuntura chinesa? ◦ O que é a acupuntura chinesa? ◦ Como se deve aplicar a acupuntura chinesa para

obter os melhores resultados? ◦ O que é a MTC? ◦ Quais são as partes constituintes da MTC? ◦ Como é o ensino da acupuntura e moxibustão na

China? ◦ Quais são as nossas dificuldades para entender a

nomenclatura e os mecanismos fisiológicos e patológicos da MTC?

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◦ Quais são as influências dos clássicos da Medicina Chinesa que dificultam a compreensão da MTC? ◦ Conclusões ◦ Bibliografia


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A acupuntura chinesa NÃO é, como muitos acham, um sistema médico completo que possamos aprender isoladamente, sem ter presente outros aspectos (teóricos, diagnósticos e terapêuticos) inseparáveis. Muitos querem aprender acupuntura chinesa achando que consiste simplesmente em decorar alguns pontos no corpo, colocar as agulhas e esperar os resultados milagrosos. Mas, em verdade, há muito mais do que isso.

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São Paulo,

A acupuntura chinesa NÃO é uma ciência exata (não se baseia em teorias expressas matematicamente, capazes de fornecer conceitos e resultados precisos) e também NÃO é PLACEBO (forma terapêutica sem atividade, cujo aspecto é idêntico ao de outra terapeuticamente ativa). Esta técnica, quando aplicada por um profissional de saúde com conhecimento e domínio dos princípios teóricos, diagnósticos e terapêuticos específicos que a sustentam, pode ser significativamente eficiente, ter um efeito terapêutico convincente e ser um procedimento totalmente seguro.


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Os resultados da prática da acupuntura dependerão da aplicação dos conhecimentos e habilidades do acupunturista e da condição do doente.

Também, é importante saber que a acupuntura não é uma terapia indicada apenas para o tratamento da dor. Embora não seja uma terapêutica que cura tudo, é eficaz no tratamento de muitas doenças, manifestações clínicas e condições patológicas.


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Em 2003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o documento "Acupuntura: Revisão e Análise de Relatórios sobre Ensaios Clínicos Controlados" (você pode ler o documento íntegro, em http://apps.who.int/). A OMS examinou ensaios clínicos controlados até 1998 e apresentou uma lista de doenças que são tratáveis pela acupuntura com demonstração evidente, assim como outras três categorias de doenças para as quais deveria ser considerada a acupuntura como tratamento.


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http://apps.who.int/medicinedocs/es/d/Js4926e/5.html

Por outro lado, a acupuntura não é um substituto das terapias da Medicina Moderna (MM). A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e a MM são sistemas médicos complementares e apenas em situações específicas são alternativos. A acupuntura não é sempre eficaz como um tratamento primário ou único, como também acontece com as terapias da MM.


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Por último, a acupuntura não é sempre uma solução rápida ou imediata de doenças e de manifestações clínicas. Nos processos agudos, é comum obter resultados terapêuticos em poucas aplicações, mas os problemas crônicos de saúde geralmente requerem meses de tratamento.


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A acupuntura chinesa é um descobrimento muito antigo e, embora não seja uma terapia cientificamente verificada na sua totalidade, é um dos métodos terapêuticos principais da MTC, sistema médico que atualmente é utilizado por ¼ da população mundial e que tem literatura escrita há quase 2.500 anos.


São Paulo,

Outras terapias que formam parte da MTC são a moxibustão (aquecimento de acupontos com ervas especiais em ignição) e a farmacologia chinesa (chamada inadequadamente “fitoterapia chinesa”, porque não só utiliza plantas), para mencionar apenas algumas das mais conhecidas.


São Paulo,

A acupuntura chinesa é uma terapia baseada na teoria dos meridianos e colaterais, que utiliza a inserção e manipulação de agulhas especiais em pontos corporais de organismos vivos, para regular as funções do corpo e obter efeitos terapêuticos no tratamento de doenças.


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Os acupontos (ou pontos de acupuntura) podem ser estimulados também com moxa acesa, sangria, ervas, ventosa, massagem, etc., e modernamente, com estimulação elétrica, laser e outros.


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A acupuntura chinesa forma parte da “Acupuntura e Moxibustão”, ramo terapêutico da MTC que trata doenças mediante a regulação do qi, do sangue e das funções dos órgãos internos. Este ramo terapêutico inclui: ◦ A teoria dos meridianos. ◦ A localização, a utilização, as indicações e as

combinações dos acupontos. ◦ Os métodos de manipulação de agulhas. ◦ A aplicação de moxa acesa.


São Paulo,

A OMS tem padronizado, até hoje, a definição e caracterização de: ◦ 14 meridianos, ◦ 361 pontos clássicos de acupuntura, ◦ 8 meridianos extras ◦ e 48 pontos extras.


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Teorias básicas da MTC (filosofia, anatomia,

fisiologia, etc.)

Terapia de acupuntura - moxibustão

Diagnóstico da MTC (métodos diagnósticos,

diferenciação de síndromes, etc.)

O conhecimento das teorias básicas possibilita entender as alterações no corpo, para fazer um bom diagnóstico

O conhecimento das teorias básicas possibilita entender os mecanismos das doenças, para fazer um bom tratamento

O diagnóstico correto possibilita a terapia eficaz e, vice-versa, o bom resultado terapêutico confirma o diagnóstico


São Paulo,

Para aplicar com eficácia a acupuntura e moxibustão é necessário saber e dominar as teorias básicas e o diagnóstico da MTC.

Veja um exemplo: Vamos supor que você, como acupunturista,

recebe uma pessoa em seu consultório com a queixa principal de dor no peito.


São Paulo,

Aplicando os métodos diagnósticos da MTC, você descobre que, acompanhando a dor no peito, também o doente tem: palpitação, falta de ar que piora com o esforço físico, cansaço, perda da força, língua pálida e pulso fraco e profundo.

Analisando as manifestações clínicas, a partir dos seus conhecimentos das teorias básicas da MTC, você chega ao diagnóstico tradicional chinês de “deficiência de qi do coração”.


São Paulo,

Tomando como base seu discernimento acerca do diagnóstico realizado e dos mecanismos subjacentes, você determina os acupontos que utilizará nesta pessoa e as manipulações necessárias para reforçar o qi do coração.

Se o diagnóstico e o tratamento forem corretos e a condição do doente o permitir, existirá maior expectativa de melhora ou de cura.


São Paulo,

Importante! O diagnóstico da MTC é diferente do

diagnóstico da MM. Por exemplo, a “deficiência de qi do coração” pode ser encontrada em várias doenças da MM: insuficiência cardíaca, angina do peito, arritmias, astenia geral, neuroses, etc.


São Paulo,

Veja este exemplo de correspondência de doenças e síndromes:

Doenças da MM Síndromes da MTC - Insuficiência cardíaca - Angina do peito - Arritmia - Astenia geral - Neuroses

Deficiência de qi do coração

Angina do peito

- Estagnação de qi do fígado e estase de sangue do coração - Obstrução do yang qi no peito - Deficiência de qi do coração


São Paulo,

Nota-se na tabela anterior que: ◦ Uma doença da MM pode significar várias

síndromes da MTC e ◦ uma síndrome da MTC pode significar várias

doenças da MM. Isto fica evidente, na tabela, com a “angina do

peito” e com a “deficiência de qi do coração”.


São Paulo,

Deste modo, pode-se deduzir que duas pessoas com a mesma doença da MM podem ter diferentes síndromes da MTC. Portanto, cada uma receberá um tratamento de acupuntura diferente e individualizado, para atingir os resultados esperados.

Para obter os melhores resultados com acupuntura, não é possível decidir o tratamento apenas partindo do diagnóstico da MM. É necessário fazer o diagnóstico da MTC.


São Paulo,

Seria errado: ◦ aplicar um esquema de tratamento de acupuntura a

partir apenas do diagnóstico, por exemplo, de “hipertensão arterial essencial”, porque esta entidade nosológica da MM pode corresponder a várias síndromes da MTC.


São Paulo,

◦ Assim, como também ninguém questionaria que seria impróprio indicar um tratamento de antibióticos partindo apenas do diagnóstico de “umidade-calor em fígado e vesícula biliar”, porque esta síndrome da MTC não significa necessariamente, presença de infecção bacteriana.


São Paulo,

A MTC, que se originou na China antiga e é o principal sistema da medicina tradicional da Ásia Oriental, continuou seu desenvolvimento na própria China e em países vizinhos, especialmente no Japão, na República da Coréia e no Vietnã, com algumas variações em conformidade com as condições locais, i.e., a disponibilidade de recursos naturais, as culturas autóctones e o clima político.


São Paulo,

A MTC é um sistema médico completo, abrangente e independente, originado há 23 séculos no mínimo, que se caracteriza por ter um enfoque holístico e natural, sua própria base teórica e experiência prática e o tratamento baseado na diferenciação de síndromes (ou identificação de padrões). Ela inclui a farmacologia, a acupuntura e outras terapias não medicamentosas.


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A correspondência entre a natureza e o ser humano é um dos conceitos básicos da MTC, que considera os seres humanos em conformidade adaptativa com o ambiente natural.

O holismo, característica inerente à MTC, é uma das ideias filosóficas que consideram o corpo humano como um todo orgânico que está integrado com o ambiente externo.

Nós não existimos aparte da natureza. Nós fazemos parte da natureza.


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A MTC foi criada por brilhantes estudiosos da medicina chinesa, que registraram suas teorias e experiências clínicas de geração em geração, literalmente, em milhares de livros. Calcula-se que existam entre 30-40.000 livros sobre MTC que foram escritos antes do final do século passado. Desde então, tem-se escrito e publicado milhares de livros e artigos em revistas profissionais na República Popular da China, em Taiwan, em Singapura e em Hong Kong.


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Este sistema médico se destaca pela sua originalidade e sua notável eficácia, com poucos efeitos adversos, quando aplicado adequadamente.


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MTC

Teorias básicas

Filosofia, anatomia, fisiologia, etiologia e patogenia

Diagnóstico Métodos diagnósticos, diferenciação de síndromes e diferenciação de doenças

Terapia Princípios terapêuticos, acupuntura e

moxibustão, terapias relacionadas com acupuntura, exercícios, massagem (tuina),

farmacologia, reabilitação e outros

Preservação da saúde

Clínica


São Paulo,

A formação universitária em MTC na China é independente da formação em MM. Por exemplo, existem universidades que oferecem o estudo de ambos os sistemas médicos separadamente, como é o caso da Universidade de Jinan.

Mas, há instituições que proporcionam apenas a formação em MM, tais como a Universidade Médica de Beijing, a Universidade Chinesa de Hong Kong e a Universidade Fudan de Shanghai.


São Paulo,

Outras universidades dão formação só em MTC, como são os casos da Universidade de Medicina Chinesa de Guangzhou (antigamente Universidade de MedicinaTradicional Chinesa de Guangzhou), da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Chengdu e da Universidade de Medicina Chinesa de Nanjing (onde está o Centro Internacional de Formação em Acupuntura de Nanjing e o Centro Colaborativo da OMS sobre Medicina Tradicional de Nanjing).


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Especificamente, a formação universitária de Acupuntura e Moxibustão na China tem duração de 5 anos em tempo integral e inclui matérias tais como: ◦ Teorias básicas da MTC (teorias de yin – yang, dos

5 elementos e dos órgãos zang – fu, fisiologia do qi, do sangue e dos fluidos corporais e fatores patogênicos). ◦ Diagnóstico (os 4 métodos diagnósticos e

diferenciação de síndromes segundo os diferentes critérios).


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◦ Acupuntura e moxibustão (canais e colaterais, conhecimento e localização dos acupontos, acupontos específicos, seleção e combinação de acupontos e conhecimento da aplicação das técnicas de manipulação de acupuntura e moxibustão). ◦ Clínica de acupuntura e moxibustão (tratamento de

doenças e prática clínica). ◦ Outras matérias afins.


São Paulo,

Além do mais, os cursos para obter o nível de mestrado e de doutorado têm uma duração de 3 anos, cada um.

Isto mostra que a formação universitária e os estudos de pós-graduação stricto sensu em Acupuntura e Moxibustão na China têm um padrão similar aos estudos universitários no Ocidente.


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Atualmente, existem instituições, como a Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Henan e a Universidade de Medicina Chinesa de Nanjing, que oferecem um curso de Fundamentos de MTC e Medicina Ocidental Integradas (de 3 anos de duração) para obter o mestrado. E inclusive, a Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Tianjin proporciona formação universitária em Ciência Clínica de MTC e Medicina Ocidental Integradas em 4 anos.


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A integração atual da MTC e a Medicina Ocidental, na China, é um processo de desenvolvimento da MTC que envolve a incorporação de conhecimentos científicos modernos, assim como a mistura de aspectos fundamentais da MTC e da Medicina Ocidental Moderna.

Este processo de integração exige o conhecimento e domínio profundo de ambos os sistemas médicos.


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Para os estrangeiros, um curso de Acupuntura e Moxibustão na China, apenas de nível introdutório, tem em média uma duração de 360 horas (3 meses).

Este tipo de curso, oferecido a pessoas que não têm nenhum conhecimento prévio de MTC (e, frequentemente, com os únicos requisitos de ter mais de 18 anos, ensino médio concluído e boa saúde), inclui matérias de nível básico.


São Paulo,

Cursos intensivos de períodos curtos, de 92-120 horas de duração (1 mês), também introdutórios, dão mais atenção à prática clínica de acupuntura e moxibustão, mas eliminam aspectos teóricos necessários.


São Paulo,

Os cursos avançados de acupuntura e moxibustão para estrangeiros, na China, são para reforçar a compreensão das teorias básicas da MTC e as habilidades de diagnóstico e tratamento, com ênfase na prática clínica. Têm duração média de 225-325 horas (3 meses) e proporcionam o domínio de cerca de 250 acupontos e do tratamento de 40 doenças, aproximadamente.


São Paulo,

A primeira dificuldade, e a mais importante, é o baseamento conceitual da MTC, que difere dos nossos conceitos científicos ocidentais.

A MTC tem características únicas conceitualmente diferentes da MM. Por isso, é indispensável entender o significado dos termos técnicos utilizados.


São Paulo,

Como não temos ideia clara dos conceitos da MTC, tais como eles são, os substituímos pelos termos que conhecemos e ainda achamos, erroneamente, que têm o mesmo significado.

Muitas vezes, a melhor palavra para traduzir um termo do chinês para nossa língua, não significa exatamente o mesmo que a palavra de origem.


São Paulo,

Por exemplo, a população chinesa comum, ainda com conhecimentos médicos mínimos, não tem dificuldade para saber a diferença entre “hepatite” (肝炎 - gān yán, inflamação do fígado) da MM e “fogo do fígado” (肝火 - gān huǒ) ou “ascensão de fogo do fígado” (肝火上炎 - gān huǒ shàng yán) da MTC, apesar de se utilizar o mesmo caractere 肝 (gān - fígado) em todos os casos.


São Paulo,

Mas, nós comumente achamos que o “fígado” das expressões técnicas da MM é exatamente o mesmo “fígado” das frases da MTC. Isto é errado.


São Paulo,

O “fígado” da MM NÃO é exatamente igual ao “fígado” da MTC. ◦ Quando uma pessoa tem “hepatite”, doença da MM,

os exames de sangue e a biópsia hepática refletem a inflamação do fígado. ◦ Mas, quando alguém tem “fogo do fígado” (ou

“ascensão de fogo do fígado”), síndrome da MTC, NÃO existe necessariamente alteração nos resultados dos exames de sangue e da biópsia hepática.


São Paulo,

◦ O “fogo do fígado” da MTC pode significar disfunções da MM, tais como: hipertensão arterial essencial, aterosclerose cerebral, enxaqueca, insônia, vertigem, etc., que não apresentam necessariamente alterações do “fígado” que conhecemos.

O fato de escolher a palavra “fígado” como a melhor tradução de 肝 (gān), não quer dizer que sejam conceitualmente iguais, especificamente, quando o caractere 肝 (gān) estiver sendo utilizado no âmbito da MTC.


São Paulo,

Importante! Muitos órgãos da MTC são conceitualmente

diferentes dos órgãos da MM, apesar de serem nomeados igualmente.

Inclusive, há órgãos da MTC que não existem para a MM, como é o caso do órgão triplo aquecedor, que estudaremos em aulas posteriores.

Veja outras aulas aqui.


São Paulo,

http://www.acupuntura-mtc.com/aulas-acupuntura-arquivo-pdf/aulas-acupuntura-arquivo-pdf.php

Também, existem diferenças de interpretação conceitual entre substâncias da MTC e a palavra selecionada na tradução.

Por exemplo, possivelmente, a palavra “sangue” é a melhor escolha para expressar o caractere chinês 血 (xuè), devido a que ambos os termos se referem à mesma substância. Mas, existe diferença na interpretação conceitual desses termos, como veremos em próximas aulas.



São Paulo,


As palavras que são selecionadas para traduzir os termos chineses nem sempre têm a mesma interpretação conceitual da realidade, ainda sendo a melhor escolha de tradução.

Os termos de ambos os idiomas podem ser idênticos, mas suas associações conceituais podem ser diferentes.


São Paulo,

Uma característica que devemos destacar é que nós, do Ocidente, temos necessidade inerente de fundamentar os processos e as funções sobre bases estruturais anatômicas, químicas, etc.


São Paulo,

Como a MM se fundamenta em evidências científicas que podem ser repetidas experimentalmente e têm uma base sistêmica, orgânica, tecidual, celular ou molecular demonstrável, não pode aceitar a existência de processos biológicos sem apoio estrutural bem definido.


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A MM tenta entender as causas e os processos das doenças procurando mudanças em estruturas corporais (órgãos, tecidos, sangue e outros fluidos e biomoléculas).

Mas, uma característica que devemos enfatizar é que o sistema da medicina chinesa NÃO se fundamenta estritamente sobre bases anatômicas ou estruturais.


São Paulo,

Por exemplo, na “Norma Estadual da República Popular da China: Terminologia Clínica de Diagnóstico e Tratamento Médico Chinês Tradicional” (1997), as expressões “frio patogênico que invade o estômago” e “frio que se estagna na cavidade do estômago” são tratados como sinônimos. Não existe nenhuma diferença entre “estômago”, “mucosa do estômago”, “cavidade do estômago”, etc.


São Paulo,

Outro exemplo é que a rede complexa de meridianos invisíveis e imateriais que se distribui ao longo do corpo, que se corresponde com os órgãos internos e que contém centenas de acupontos, tem uma disposição diferente daquela do sistema nervoso periférico, do sistema vascular ou de qualquer outro sistema anatômico conhecido da MM.


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Porém, muitos mecanismos patológicos e terapêuticos inexplicáveis para a MM, são completamente entendidos tomando por base a distribuição, as propriedades e as funções dos meridianos.


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Outra dificuldade, não menos importante e estreitamente relacionada com a interpretação conceitual, são as barreiras idiomáticas.

A nomenclatura médica chinesa difere da nossa, ante tudo, na origem dos termos e na quantidade de significados que eles têm. Comumente, os termos chineses têm conotações mais amplas que os termos correspondentes das línguas ocidentais.


São Paulo,

Por exemplo, o termo “qì” (氣), um dos conceitos mais importantes da MTC, como veremos em aulas posteriores, é um conceito exclusivo da filosofia e da medicina chinesa. Pode se considerar uma forma de matéria sutil ou de substância imaterial.



São Paulo,


Para representar o conceito de “qì”, tem se utilizado termos tais como “função”, “energia” ou “energia vital”, mas em verdade, eles não cobrem todos os significados deste conceito. ◦ O “qì” não é sempre função → por ex.: a expressão

“qì dos líquidos e dos cereais” significa “substâncias essenciais e energia que se obtêm dos alimentos”. ◦ O “qì” não é sempre energia → por ex.: a expressão

“grande qì” significa “atmosfera”, mas principalmente, o ar que respiramos.


São Paulo,

◦ O “qì” não é sempre vital → por ex.: a expressão “qì ruim” significa “fator patogênico” ou, simplesmente, “qì patogênico”.

Portanto, em lugar de tentar representar com termos ou expressões a palavra “qì”, como ela tem tantos significados e não existe um conceito similar no Ocidente, o melhor é continuar chamando este conceito mesmo de “qì”, ou, se preferir, “qi” e entender seus significados.

O mesmo acontece com muitos outros conceitos da MTC.


São Paulo,

Também, devemos considerar os nomes alternativos e as palavras ou expressões substitutas. Por exemplo: o “lábio” é chamado “porta voadora” e a “cabeça” é chamada “confluência dos canais yang” ou também “casa da inteligência”.


São Paulo,

Embora devemos utilizar termos compreensíveis para nós, como “lábio” e “cabeça”, sem que seja necessário traduzir os termos literalmente, é bom prestar atenção a eles porque expressam, frequentemente, características anatômicas ou funcionais.


São Paulo,

Por exemplo, a expressão “confluência dos canais yang” indica um lugar que é atingido por todos os canais yang do corpo e “casa da inteligência” revela uma parte do corpo que tem a ver com o intelecto. Em ambos os casos, a cabeça.


São Paulo,

Outro exemplo é a expressão “quatro exames diagnósticos” (tradução literal de 四診 - sì zhěn). Embora a tradução de 四 (sì) seja “4” (quatro), descrevem-se “5” (cinco) exames diagnósticos: 1. Inspeção. 2. Auscultação. 3. Olfação. 4. Interrogatório. 5. Palpação.


São Paulo,

O mistério está em que o caractere chinês 聞 (wén) significa escutar ou cheirar. Não existe nenhuma palavra no Ocidente que tenha estes dois significados simultaneamente.

Portanto, não existe dúvida que a tradução correta é “quatro exames diagnósticos” e que para nós existem cinco métodos de exames diagnósticos. Na prática, poderiam se chamar simplesmente “exames diagnósticos”, para evitar confusão.


São Paulo,

Realmente, não é estranho acontecer isto entre duas línguas. Por exemplo, se você tiver alguma noção do Inglês (língua que por ser indo-europeia está mais relacionada com o Português que o Chinês), deverá saber que o verbo “to be” do Inglês tem dois significados em Português: ser ou estar.


São Paulo,

A literatura médica chinesa apareceu pela

primeira vez há mais de 2.000 anos. Naquela época, devido à limitação do material utilizado para escrever (por exemplo, em tiras de bambu), precisava-se escrever concisamente.


São Paulo,

As orações eram comumente curtas, compostas de 3 ou 4 caracteres. Como muitas dessas orações têm sido citadas repetidamente, de geração em geração, atualmente muitos profissionais da medicina chinesa as consideram expressões médicas, na própria China.


São Paulo,

Consequentemente, a maioria de termos técnicos utilizados na MTC provém da literatura médica chinesa antiga e as expressões dos clássicos são citadas frequentemente.

Por exemplo, nos dicionários atuais aparecem frases antigas tais como “o rim governa os ossos” e “o rim é o órgão da água”. Nenhuma destas expressões são verdadeiramente médicas; são expressões comuns e não representam termos técnicos.


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Outros exemplos de frases metafóricas antigas citadas repetidamente na literatura médica chinesa moderna são: “fortalecer os mestres da água para dominar o sol brilhante” e “beneficiar a fonte do fogo para eliminar as sombras escuras”. Mas, nenhuma delas pode ser tomada como expressão médica.


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Tecnicamente, essas frases expressam o princípio terapêutico de “tratar o yang excessivo reabastecendo o yin” e “tratar o yin excessivo reforçando o yang”, respectivamente.


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Muitas doenças têm se redefinido com critérios diagnósticos modernos e especificado com o diagnóstico correspondente da MM, mas ainda são designadas com nomes tradicionais. Assim, continuam aparecendo nos textos expressões tais como: ◦ “sede enfraquecedora” para designar a “diabetes

melito” e ◦ “desordem súbita” para nomear a “cólera”,


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apesar de que são doenças que já estão padronizadas na China, com testes de determinação de açúcar plasmática de jejum e de tolerância à glicose para o diagnóstico da primeira e a presença de “vibrio cholera” nas fezes para o diagnóstico da última.


São Paulo,

Diferentemente dos ortopedistas chineses tradicionais, que foram os primeiros em substituir todos os nomes das doenças ortopédicas pelos termos usados na MM, noutros ramos da medicina clínica chinesa se mantém parcialmente os nomes das doenças tradicionais.


São Paulo,

Por exemplo, as expressões “erupção vermelha”, “erupção na garganta”, “erupção epidêmica” e “erupção vermelha com garganta pútrida” se referem à mesma doença, que na MM se denomina “febre escarlate” ou “escarlatina”.


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Muitos autores ocidentais usam os termos “broto” e “orifício” (abertura) em suas traduções dos antigos. Por exemplo, a frase “a língua é o broto do coração”, significa tecnicamente que “a língua mostra sinais do coração”. A expressão “o coração se abre na língua” significa o mesmo que a frase anterior.


São Paulo,

Na MTC, repetem-se expressões que manifestam o mesmo significado. Por exemplo, “o orifício do coração”, “o orifício do pulmão”, “os orifícios da cabeça”, etc.

O termo “orifício” significa o órgão do sentido: ◦ que mostra os sinais de uma propensão patológica

ou ◦ que sugere o que acontece nos órgãos internos.


São Paulo,

Por exemplo: ◦ O “orifício do coração” é a “língua”. ◦ O “orifício do pulmão” é o “nariz”. ◦ Os “orifícios da cabeça” são os “olhos”, os

“ouvidos”, as “narinas” e a “boca”, etc.


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Outro termo que oferece confusão nas traduções é o caractere 真 (zhēn), que se assemelha a um veículo. É o veículo que leva o ser imortal para o céu. Na MTC se usa em várias expressões e o seu significado varia.

Em chinês moderno, 真 (zhēn) significa “real”, “verdadeiro”, “genuíno”, “certo”, etc., como nas expressões “frio verdadeiro com calor falso” e “deficiência verdadeira com excesso falso”.


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Mas, no Cânon de Medicina (séculos III-V a.C.), o caractere 真 (zhēn) se usou num sentido diferente. O 真氣 (zhēn qì), o qi que existe desde o começo da vida de uma pessoa, é sinônimo de 原氣 (yuán qì), que significa “qi original”. Não tinha o significado de “qi verdadeiro”, como é traduzido por muitos autores ocidentais.

Portanto, não existe “qi verdadeiro” como também não existe “qi falso”.


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Para finalizar, existem outros caracteres que têm vários significados, que refletem a cultura chinesa antiga. Por exemplo, 青 (qīng) significa a cor do leste e da primavera.

Visto que a primavera é a estação em que as plantas e as árvores (do elemento madeira) começam a crescer, a cor verde dos brotos e das folhas novas é 青 (qīng). Por outro lado, a cor normal do leste é o azul.

Por isso, 青 (qīng) significa verde e azul.


São Paulo,

Na primavera, os brotos se desenvolvem na terra, cuja cor é amarela. Finalmente, a cor verde das plantas e as árvores se sobrepõe ao amarelo da terra e tudo se torna verde.

Por isso, na primavera, o verde da madeira predomina sobre o amarelo da terra.

Assim, de acordo com a teoria dos cinco elementos, a madeira controla a terra.


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Muitas das conclusões do pensamento chinês antigo, resultantes da observação da natureza, se aplicam na fisiologia, na patogenia, no diagnóstico e na terapia da MTC, segundo a concepção de correspondência entre a natureza e o ser humano.


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Mas, voltando ao caractere 青 (qīng), a palavra verde-azul não reflete exatamente o seu significado. 青 (qīng) também pode significar qualquer cor que resulte da associação de alguma cor com o azul: roxo (combinação de azul e vermelho), verde (união de azul e amarelo), etc., e também pode ter o sentido de cor preta e de “jovem”.

Não existe uma palavra nas línguas ocidentais que equivalha a 青 (qīng).


São Paulo,

A acupuntura chinesa é uma parte integrante das terapias da MTC e, portanto, precisa ser estudada em relação às teorias básicas e práticas diagnósticas da MTC, para obter os melhores resultados em sua aplicação.

A MTC é um sistema médico completo e independente, com fundamentos teóricos, diagnósticos e terapêuticos completamente próprios e conceitualmente diferentes. Consequentemente, ela deve ser entendida tal qual ela é.


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Para se entender a MTC exatamente como ela é e devido à grande influência de termos e expressões dos clássicos, cria-se a necessidade de explicar claramente o significado da nomenclatura e dos processos, evitando as confusões e erros de compreensão, comuns nos estudantes e nos próprios acupunturistas.


São Paulo,

Na próxima aula começaremos o estudo das teorias básicas da MTC, iniciando com a Filosofia e, mais especificamente, com a “teoria do qi essencial”, uma das categorias principais sobre as quais se estabelece e se desenvolve a MTC.

“Para você aprender o que não se explica nos cursos de acupuntura e MTC”


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CHUNCAI, Zhou. Clássico de Medicina do Imperador Amarelo. São Paulo: Roca, 1999.

UNSCHULD, Paul Ulrich (ed.). Approaches to Traditional Chinese Literature. New York: Kluwer Academic Publishers, 1988.


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