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Se nossos antepassados tivessem visto a Terra sob a perspectiva dos astronautas, certamente a teriam batizado de Planeta Água. A presença desse elemento – constituído por duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio – determinou que a vida, da forma que a conhecemos, pudesse vir a existir. Por isso, preservar a água é preservar a vida. É uma tarefa para todos nós. (Projeto Biodiversidade Brasil – Natura e TV Cultura)

sob a perspectiva dos astronautas, certamente a teriam batizado de ... · PDF fileÍndice Introdução 3 1.Objetivo 11 2.Descrição sucinta 15 2.1. A captação de água no Espaço

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Se nossos antepassadostivessem visto a Terrasob a perspectiva dos astronautas,certamente a teriam batizado

de Planeta Água.A presença desse elemento –constituído por duas moléculas de hidrogênio

e uma de oxigênio –determinou que a vida,da forma que a conhecemos,pudesse vir a existir.Por isso, preservar a águaé preservar a vida.É uma tarefa para todos nós.

(Projeto Biodiversidade Brasil – Natura e TV Cultura)

Índice

Introdução 3

1. Objetivo 11

2. Descrição sucinta 15

2.1. A captação de água no Espaço Natura Cajamar 21

2.2. Tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA) 22

2.3. Distribuição da água no Espaço Natura 23

2.4.Tratamento de efluentes na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) 24

2.4.1.Tratamento Preliminar do Efluente Industrial 25

2.4.2.Tratamento dos Efluentes Orgânicos 26

2.5. O controle do processo 30

2.6. Reaproveitamento da Água 30

3. Súmula dos Indicadores 31

3.1. Consumo de água potável 33

3.2. Consumo de Água por Unidade Vendida 33

3.3. Reutilização da Água 34

3.4. Ciclo da água no Espaço Natura 36

4. Linha do tempo 39

5. Benefícios da gestão ambiental 43

6.Anexos 49

introdução

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.5

A água recobre 77% da superfície terrestre. E é por conta disso que onosso planeta, visto do espaço, assemelha-se a uma esfera azul. Dessetotal, 97,5% são mares e oceanos, ou seja, água salgada, e apenas 2,5% são água doce – a maior parte concentra-se nas geleiras, nas regiões dos pólos e nos lençóis subterrâneos profundos dos continentes.

Mesmo com tanta abundância, somente 0,3% da água no planeta estádisponível para o consumo humano. Seu uso indiscriminado, ao longo dahistória da humanidade, vem colocando sob ameaça o futuro da própriavida na Terra. Segundo dados oficiais apresentados durante a Conferênciadas Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,a Rio +10, realizada em 2002, mais de 2 bilhões de pessoas já enfrentam problemas de escassez de água, principalmente no norte da África e naÁsia Ocidental. Até 2025, esse número deve saltar para 4 bilhões,o equivalente a 50% da população mundial prevista.

O Brasil é privilegiado, pois possui uma das maiores reservas de águadoce do mundo – estima-se que o país concentre quase 12% das águassuperficiais da Terra, aquelas de fácil acesso para o consumo. Grande parte dessa reserva, mais de 80%, concentra-se na região da Amazônia,uma área de baixíssima densidade populacional. As chuvas também são abundantes no país, com exceção do semi-árido nordestino, um dos locaisque mais sofre com o problema da escassez de água.

Nosso regime pluvial alimenta um dos maiores conjuntos hidrográficos domundo, composto de 55 mil quilômetros de rios capazes de movimentarmais de 5 mil quilômetros cúbicos de água por ano. Essas águas tornamúnica nossa biodiversidade e garantem o sustento dos povos indígenas e populações tradicionais que vivem às suas margens.

O Brasil também possui um enorme estoque de águas subterrâneas.Segundo estimativas, essa reserva teria aproximadamente 11 mil quilômetros cúbicos. O governo tem pouco controle e poucos dadossobre a quantidade de poços abertos e de água extraída deles. Acredita-seque existam 300 mil poços já perfurados no país e que novos 10 milsejam abertos ao ano. Empresas de serviços e indústrias são as que maisse utilizam dessa forma de obtenção de recursos hídricos.

Por causa dessa aparente fartura, por mais de 500 anos os recursos hídricos no Brasil foram tratados como inesgotáveis. Atualmente, sabe-seque a água é um recurso finito, mas o país enfrenta sérios problemas de

Introdução

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.7

Cachoeira naAmazônia

pag. 6 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

gestão de suas reservas hídricas, que incluem a falta de planejamento para sua correta utilização e manutenção. Entre os mais graves, está a ocupação urbana desordenada de áreas de mananciais, que provocam a contaminação do solo e dos lençóis freáticos.

Diante dessa ameaça, governos e empresas começam a questionar os atuais padrões de consumo da água, que estão profundamente relacionadosao modelo de desenvolvimento econômico adotado no país.

De modo geral, a população brasileira está bem informada sobre os riscos de escassez da água. De acordo com pesquisa inédita encomendadapelo Programa Água para a Vida (do WWF-Brasil) ao Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião Pública e Estatística (Ibope) sobre os hábitos deconsumo e a percepção da questão dos recursos hídricos no Brasil,divulgada em março de 2005, 88% dos brasileiros acreditam que o país iráenfrentar problemas de abastecimento de água, a médio ou longo prazos,em razão da forma como o recurso é utilizado. No entanto, a mesmapesquisa demonstrou que o brasileiro não sabe como participar de iniciativas coletivas para a preservação e proteção da água.

Para mudar esse cenário, é preciso promover a utilização responsável daágua, o que só será possível se as pessoas tomarem consciência de queesse recurso é valioso, escasso e importante para a manutenção da vida.Cabe à humanidade assumir a responsabilidade pelo uso criterioso e pelavalorização da água e pelo cuidado no tratamento dos assuntos, projetos,serviços e produtos relacionados a ela. Para isso, é importante adisseminação de informação a respeito do tema e a adoção detecnologias mais adequadas. Hoje, existem alternativas para grande partedos problemas ligados à água, tanto no ambiente doméstico quanto nos âmbitos empresarial e governamental. Entre elas, destacam-se os processos de tratamento e de reuso. As modernas estações detratamento de água e esgoto, por exemplo, já conseguem devolver a água com qualidade para suas fontes de origem, além de permitir sua reutilização para outros fins que não o consumo humano.

É nesse panorama, e com grande consciência sobre o valor desse recurso,que o gerenciamento da água no Espaço Natura Cajamar insere-se comoprática de caráter coletivo, colocando a atividade empresarial comoagenciadora de um novo modelo de desenvolvimento econômico a ser implantado e seguido: o da sustentabilidade.

Cachoeira naAmazônia

pag. 8 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

Números Natura 2004

• Volume de negócios: R$ 3,53 bilhões

• 407 mil Consultoras Natura no Brasil e 26 mil no exterior

• 3.177 colaboradores no Brasil e 378 no exterior

• 177 milhões de unidades vendidas

• 5 mil cidades atendidas

• 600 produtos no portfolio

• 3 filiais no exterior (Argentina, Chile e Peru)

• 1 distribuidor na Bolívia

• 1 loja na França

• Produção: capacidade de 150 milhões de unidades/ano

Apresentação da empresa

Companhia aberta desde maio de 2004, ano em que completou 35 anosde existência, a Natura desfruta de posição de liderança no mercadobrasileiro de cosméticos e produtos de higiene e perfumaria.

No Espaço Natura, em Cajamar, São Paulo, a empresa concentraprodução, logística e pesquisa, em um complexo com 81,5 mil m2

de área construída em terreno de 643 mil m2. Na unidade deItapecerica da Serra, também em São Paulo, são desenvolvidas asatividades comerciais e de marketing.

A história deste que é, hoje, um dos maiores grupos do país, comreceita bruta de R$ 2,5 bilhões em 2004, começou em uma pequenaloja e um laboratório inaugurados em 1969 na rua Oscar Freire,em São Paulo. Nascida com duas paixões – pela cosmética como veículode promoção do autoconhecimento e pelas relações humanas –,a Natura optou, há 30 anos, pelo sistema de venda direta, apoiado no trabalho de revendedoras independentes – as Consultoras Natura.

Ao longo do tempo, a Natura construiu uma marca forte e desenvolveuum portfolio de produtos de qualidade, que atendem às necessidades de uma ampla faixa de consumidores.Atualmente, esse portfolioé composto por cerca de 600 produtos – nas áreas de maquiagem,perfumaria, banho, cabelos, tratamento para rosto e corpo, higiene oral,proteção solar, entre outras.

Desde o início, a Natura é conduzida por crenças e valores expressos por meio de produtos, serviços e comportamentoempresarial, que buscam promover a melhor relação da pessoa consigo mesma, com a natureza e com o todo que a cerca. Em todas as suas práticas, a empresa reafirma seu comprometimento com a ética e a transparência.A responsabilidade de promover o bem-estar e de aprofundar os relacionamentos está presente no contato que a empresa mantém com seus públicos, bem como na interação com as comunidades onde atua e, mais amplamente,com o meio ambiente.

Espaço Natura Cajamar

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.9

objetivo

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.13

Este estudo de caso pretende relatar os processos e práticas adotados no gerenciamento dos recursos hídricos do Espaço Natura Cajamar, bemcomo apresentar seus principais resultados. É nosso propósito demonstrara materialização que a Natura vem fazendo do seu compromisso com odesenvolvimento sustentável, contribuindo, no âmbito de suas atividades,para a minimização de uma das maiores ameaças ao futuro da vida emnosso planeta: a escassez da água.

Ver anexo: texto da Política de Meio Ambiente Natura, na pág.49, eDeclaração Universal dos Direitos da Água, na pág.53.

Esta apresentação está organizada de acordo com as seguintes etapas quecompõem o ciclo hídrico no Espaço Natura:

1. Objetivo

Ciclo de água na Natura

2.Tratamentode água

3. Distribuição

4.Uso

5.Tratamen

todeefluent

es

7.R

etor

noà

natu

reza

1.Captaçã

o

6. Reaproveitamento

1. Captação de águasubterrânea

2. Tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA)

3. Distribuição noEspaço Natura

4. Utilização da água

5. Tratamento deresíduos na Estaçãode Tratamento deEsgoto (ETE)

a) TratamentoPreliminar doEfluente Industrial

b) Tratamento dosEfluentes Orgânicos

6. Reaproveitamentoda água

7. Rio Juquery/solo

descriçãosucinta

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.17

A Natura possui várias ações voltadas para a conservação e a utilizaçãoresponsável dos recursos hídricos em todo o processo produtivo e nassuas instalações. Comprometida com o modelo de sustentabilidade, aempresa mantém controle sobre suas atividades, produtos e serviços paraminimizar os possíveis impactos ambientais gerados por eles.

Uma das ferramentas utilizadas com esse objetivo é o Sistema deGerenciamento Ambiental Natura, SIGAN, que tem por base a NBR ISO 14001 (a companhia obteve a certificação NBR ISO 14001 em maio de 2004). O monitoramento realizado pelo SIGAN, em 2004,permitiu, entre outras iniciativas, identificar pontos falhos no consumo de água e promover o uso mais eficiente desse recurso, em um ano em que a produção cresceu 28%.

Por não existir rede de abastecimento público, a água utilizada no EspaçoNatura Cajamar provém de um poço artesiano local. Sua extraçãorespeita os critérios de regeneração do lençol freático ao qual o poço secomunica, observando-se a vazão máxima e mínima determinada durantea fase de perfuração e de testes.Todo o ciclo de captação, tratamento,distribuição e reaproveitamento da água é gerenciado de forma a garantirseu uso sustentável.

Um sistema instalado no poço artesiano, no local, mede o tempo de reposição do lençol freático e só retira mais água quando todo o líquido já foi reposto pela natureza, evitando seu esgotamento.Para tornar cada vez menor a necessidade de extrair água do poço e reduzir o consumo de maneira geral, o aumento da taxa de reutilizaçãoda água é meta permanente.

Na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) – considerada uma dasmais modernas do mundo –, toda a água usada nas instalações do EspaçoNatura é tratada antes de ser devolvida ao meio ambiente, com qualidadeacima dos padrões exigidos pela legislação ambiental estadual e federal.

Trata-se de um ciclo sustentado de uso e reuso da água, baseado emtecnologias de ponta e conceitos de consumo responsável, que buscaconsolidar um padrão de excelência nas relações da Natura com o meioambiente e auxiliar a companhia a tornar-se referência entre as empresasbrasileiras que adotam uma gestão socialmente responsável.

2. Descriçãosucinta

pag. 18 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

limpeza prédios solo

solo

ambiente

Excesso tratamentoexterno SABESP

ETA

Site Cajamar(refeição, fabricação, pias, chuveiros)

regas

ambienteproduto final

lavagem(filtros areia, carvão

e equipamentos)

consumo humano

lavagem

ambiente

ambiente

outros prédios ETEBioreator

regas

Tq. Equalização

reserva incêndiotancagem água

de chuva/ETE Itap

limpeza ruaespelhos de água

banheiros,vasos sanitários

solo

solo

testes/solo

efluenteindustrial

envioexterno

industrial

excesso para o rio

poçomicromedidores

Utilização de água no Site – Natura Cajamar

excesso do efluente biológico envio externo

obra donovo armazém

laboratórios/salasde treinamento

al. serviços

área de separaçãoe distribuição

fábricas

caldeiras

pag. 20 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.21

As fontes subterrâneas

A escassez de água no planeta levou pesquisadores do mundo inteiro a procurar novas fontes de abastecimento. Uma das mais importantes é a água subterrânea, armazenada no subsolo e represada por rochasou argila nos chamados aqüíferos. Os aqüíferos reúnem 97,5% de toda a água disponível em condições de exploração pelo homem.

De acordo com um levantamento feito pela Agência Nacional de Águas(ANA) em 2002, mais da metade da água de abastecimento público no Brasil provém do subsolo.Ali, a água passa por processos de filtraçãoe de autodepuração mais eficientes que os mais modernos métodos de tratamento das águas superficiais. Por isso, as reservas subterrâneassão as mais naturais e limpas fontes permanentes de abastecimento.Além de ser mais protegida contra contaminações e apresentar melhorqualidade, a água subterrânea é extraída a baixo custo, o que a tornaainda mais atrativa.

Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS),o aumento da utilização das águas subterrâneas pode ser positivo parao meio ambiente.A abertura de poços apresenta um impacto ambientalmuito inferior ao da construção de sistemas de abastecimento por viassuperficiais, desde que feitos com a outorga da autoridade competentee seguindo-se todas as exigências legais.

São várias as leis que regem o domínio das águas no Brasil. O Estado de São Paulo foi o primeiro a ter uma legislação específica. É umaoutorga, que concede o simples direito de uso, não a sua propriedade,e exige a gestão adequada dos recursos subterrâneos para não causarprejuízos à população e ao meio ambiente.

Atualmente, segundo estimativas, pelo menos 10 metros cúbicos por segundo de água são extraídos do subsolo da Região Metropolitanade São Paulo para uso em indústrias, condomínios e estabelecimentoscomerciais. O município de Cajamar, na Grande São Paulo, onde se localiza o Espaço Natura, é totalmente abastecido por águassubterrâneas. É dessa fonte natural que a Natura retira a água para suas instalações.

2.1.A captação de água no Espaço Natura Cajamar

A cidade de Cajamar, declarada Área de Proteção Ambiental (APA) pela Lei Estadual Nº 4.055, de 04/06/84, abriga o Espaço Natura,inaugurado em 2001. O fato de o município localizar-se em uma APAfavoreceu o objetivo da Natura de demonstrar que é possível praticarações sustentáveis em áreas ambientalmente protegidas.

Considerado o maior centro de pesquisa e desenvolvimento de produtoscosméticos da América Latina, o Espaço Natura possui 81,5 mil m2 deárea construída em um terreno de 643 mil m2 de topografia curvilínea,com pequenos morros e desníveis. Está localizado à margem da RodoviaAnhangüera, é repleto de eucaliptos e, em seu interior, corre o rioJuquery, margeado por uma pequena ferrovia.

Desde que começou a ser planejado, o Espaço Natura Cajamar já previaa utilização de fontes subterrâneas para suprir o seu abastecimento de água. Foi uma opção que veio ao encontro dos objetivos da empresade economizar o recurso e de não competir com a comunidade deCajamar pela utilização de água tratada.

Assim, toda a água utilizada nas instalações do Espaço Natura é captadade um poço artesiano, a 132 metros de profundidade, por meio de umabomba localizada a 35 metros da superfície. A retirada de água do soloatende aos regulamentos da outorga obtida pela empresa doDepartamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo(DAEE), que permite uma captação de 20 m3/hora, em 20 horas de operação.

Para cumprir rigorosamente a legislação e garantir a recuperação natural do lençol freático, evitando danos ao meio ambiente, a bomba de captação do poço artesiano do Espaço Natura está regulada para retirar exatamente 20 m3/hora e para operar apenas por 20 horas.Em seguida, o lençol fica em repouso por 4 horas para recuperar sua capacidade de vazão.

No caso de contingências, como seca, por exemplo, a Natura mantémuma parceria com uma indústria vizinha para utilizar sua água por meio de um sistema de captação já instalado.

2.2.Tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA)

A água bruta captada nas fontes subterrâneas pelo poço artesiano édirecionada à Estação de Tratamento de Água (ETA) da Natura, onde é submetida a uma série de processos que garantem sua qualidade eeliminam microorganismos nocivos à saúde, além de resíduos.

Nessa estação, a água adquire condições de potabilidade após passarpelas seguintes etapas de tratamento:

• Um dosador automático adiciona a quantidade de cloro necessária paratratar a vazão de água que será enviada ao filtro.A adição de cloro é necessária para a desinfecção e a eliminação de microorganismos, mau cheiro, gosto desagradável e qualquercoloração anormal que eventualmente possam estar presentes na água retirada do poço.

• Após processos de coagulação, neutralização e agitação, a decantaçãofaz com que os flocos originados na etapa anterior depositem-se no fundo do tanque de água, formando uma espécie de lodo.

• Na próxima etapa, a água passa por um filtro de areia que retém asimpurezas sólidas. O pH da água é controlado – e, se necessário,

Torre da caixa d’Agua do Espaço Natura Cajamar

corrigido –, e ela é bombeada para as caixas d'água da torre elevatória.Localizada na entrada do Espaço Natura, a torre da caixa d’água écomposta por 5 células de 200 m3 cada.

• A água potável é armazenada em quatro destas células: nas células um,dois, quatro e cinco. É esta água que abastece as fábricas, os restaurantese as torneiras do Espaço Natura. Na célula 3 fica a água destinada ao reuso.

2.3. Distribuição da água no Espaço Natura

Toda a tubulação hídrica do Espaço Natura obedece à codificação de cores da norma ABNT para indicar o tipo de água que está sendodistribuída. Nas unidades de produção, por exemplo, a água que édesmineralizada segue através de tubulações de aço inoxidável.

As águas destinadas ao consumo humano seguem em redes de cor verde. Já as águas que receberam tratamento na Estação de Tratamentode Esgoto (ETE) e são reutilizadas na rega de jardins, nas descargassanitárias, no sistema de combate a incêndios, na lavagem de pisos e na Central de Compostagem da Natura passam por tubulações de corbranca (mais detalhes no item 2.4).

bioreator

bomba

cloração(bomba dosadora)

caixada água

filtrode areia

fábricasrestaurantetorneiras detodo o site

Fluxograma de tratamento da água – ETA

ETE no EspaçoNatura Cajamar

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.25

2.4. Tratamento de resíduos na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)

Em 2001, a Natura investiu 3 milhões de dólares na implantação da Estaçãode Tratamento de Efluentes (ETE) no Espaço Natura Cajamar, colocando emfoco o futuro problema da escassez da água e buscando a conscientizaçãode seus colaboradores e de todos os que se relacionam com a empresapara essa questão.

Além de estar integrada com a mata nativa que circunda todo o Espaço Natura, a ETE é a única estação da América do Sul dotada da tecnologia canadense de ultrafiltração, que utiliza membranas paratratamento de efluentes industriais e domésticos. Com esses recursos, ela foiinaugurada com capacidade para tratar 230 mil litros por dia, quantidade deesgoto (resíduos químicos e orgânicos) equivalente ao produzido por umacidade de 45.000 habitantes. Hoje, com a instalação de uma nova membrana,a produção diária está em 253 mil litros, o que corresponde a um aumentode 10% de sua capacidade original.

A utilização dessa tecnologia, combinada com um sistema de coleta de esgoto sanitário a vácuo (veja box na página 27), possibilitou uma redução de 5 vezes em sua área construída em relação às estações de tratamento

Na ETE, o sistema de ultrafiltração para tratamento de esgoto e água permite que a Natura mantenha resultados acima dos padrões legais.

convencionais.Além disso, se a Natura tivesse que mandar os efluentesdomésticos e industriais para serem tratados fora (na Sabesp, por exemplo),além do impacto ambiental resultante da necessidade de transportar todoesse efluente e dos riscos associados a essa operação, teria um custo direto 5 vezes superior ao dispendido na operação atual.

O moderno sistema de controle e supervisão da ETE permite que ela funcionede forma automática, reduzindo o número de colaboradores necessários para asua operação. O ciclo de tratamento obedece a duas operações distintas:

Efluentes Industriais – As águas e efluentes provenientes da limpeza dosequipamentos de produção e dos pisos das fábricas são mandados paraa ETE por meio de tubulação própria. Estes efluentes chegam com alta concentração de elementos inorgânicos, óleos, álcool e outras substâncias utilizadas na fabricação dos produtos Natura.Efluentes Orgânicos – As águas e efluentes originados da cozinha e dos equipamentos sanitários são destinados à ETE também por meio de um sistema independente de tubulação, onde só entramelementos orgânicos.

Ver anexo: vídeo Estação de Tratamento de Efluentes Natura.

2.4.1. Tratamento Preliminar do Efluente Industrial

O tratamento é realizado nas seguintes etapas:

• Os efluentes industriais, com elevada carga de material químicoinorgânico e orgânico, além de metais solúveis e álcool, chegam à ETEcom pequenas partículas sólidas.

• Uma peneira separa os elementos sólidos, como pedaços de papel, delacres, de sacos plásticos ou de produtos mal dispersos.

• O material sólido retido é despejado em caçambas e destinado a aterrossanitários.

• A seguir, os efluentes líquidos são mandados para um tanqueintermediário, com capacidade de 3 metros cúbicos, que funciona comotanque pulmão ou reserva de contingência. Ele é usado por segurança,no caso de haver necessidade de interrupção do fluxo de efluentes paraa etapa seguinte do tratamento.

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.27pag. 26 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

• Os efluentes são bombeados para o tanque de equalização, onde se inicia o seu pré-tratamento. Ali, ficam em constante agitação atravésde injeção de ar comprimido, que homogeneiza a mistura e dissolveoxigênio na água.

• Do tanque de equalização, os efluentes industriais são bombeados parao tanque de reação, onde recebem produtos químicos e continuamsendo agitados.

• Uma amostra é coletada para se determinar a quantidade de cadaelemento químico necessário ao tratamento, a ser usado no tanque dereação. Então, ajusta-se o painel de controle para dar início ao processo.

• Durante todo o processo de reação, a água fica em constante agitaçãopara melhor dissolver os reagentes. Neste processo, formam-se flocosque decantam. Após cerca de 6 horas de agitação, obtém-se o lodoindustrial decantado.

• O líquido da superfície do tanque é mandado para um tanqueintermediário – chamado Elevatória 1 –, que tem função de segurança,caso a etapa seguinte do tratamento não possa receber imediatamenteo fluxo proveniente do tanque de reação.

• A água enviada para a Elevatória 1 é bombeada para o tanquebioreator, no qual a sua carga orgânica é removida por processo biológico.

• O material depositado no fundo do tanque de reação é bombeadopara o tanque de lodo físico-químico ou lodo industrial. Uma amostradeste lodo é colhida para análise de pH e consistência.

• O lodo industrial é agitado e recebe os reagentes químicos necessáriospara equilibrar os parâmetros de pH e consistência, determinados nolaboratório da ETE. Após agitação por mais 2 horas, o materialdecantado é mandado para o filtro prensa.

• A água extraída do filtro prensa é mandada para o bioreator.O material prensado, conhecido por torta de lodo industrial, éacondicionado em caçamba para ser enviado ao aterro industrial.

2.4.2.Tratamento dos Efluentes Orgânicos

Os efluentes sanitários contêm grande concentração de compostosorgânicos. Eles são formados pelas águas usadas nos restaurantes, nas piasdos banheiros e nos vasos sanitários – que funcionam com um sistema decoleta a vácuo (veja box ao lado).

Sistema de Coleta de Efluente à Vácuo

De acordo com o conceito de conservação dos recursos renováveis,o Espaço Natura Cajamar utiliza um sistema de coleta de efluentes a vácuo, apropriado para lugares com alta concentração de público.Ele economiza aproximadamente 90% do consumo de água médio de um sistema convencional.

O sistema usa apenas 2 litros de água por acionamento, permitindo uma economia de até 18 litros na limpeza de cada vaso sanitário em comparação com sistemas convencionais (válvula de pressão).No total, existem 660 vasos sanitários no Espaço Natura Cajamar.

Toda a água do sistema de coleta de esgoto a vácuo é proveniente da ETE, ou seja, é reutilizada. Isso evita o uso nos vasos sanitários da água potável proveniente do poço artesiano, que é destinada para fins mais nobres.

Estação de Tratamento de Efluentes no EspaçoNatura Cajamar

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.29

O tratamento de efluentes orgânicos na ETE segue as seguintes fases de operação:

• Na ETE, existem bombas que mantêm a pressão negativa do sistema.Assim, por meio desse processo, os efluentes sanitários já chegam àestação homogeneizados.

• Os efluentes sanitários passam, então, por uma peneira, que separa os elementos sólidos da água. Ela retém metais, plásticos, pedaços de tecido e demais partículas sólidas trazidas pelas tubulações.

• O fluxo segue para o tanque sanitário, que tem função de reserva de contingência ou pulmão.

• Do tanque sanitário, a água é bombeada para o bioreator, onde émisturada à água pré-tratada dos efluentes industriais. Ali, acontece oprocesso de biodigestão aeróbica dos elementos orgânicos – ou seja,em um meio equilibrado, bactérias digerem os elementos orgânicosdissolvidos na água.

• O líquido fica em constante agitação por meio de injeção de arcomprimido, para manter o nível de oxigênio na água e a atividade das bactérias aeróbicas. Nesta etapa, é feita uma avaliação comespectrofotômetro para determinar os níveis de nitrogênio, fósforo e outras substâncias.

• A concentração de bactérias na água é determinada através de análisemicroscópica. Conforme o resultado das análises, são adicionadoscomponentes químicos necessários à manutenção da população idealde bactérias.

• Estando em condições adequadas, a água do bioreator é mandada para o sistema de ultrafiltração de membrana. No filtro, a água pura é separada dos elementos orgânicos dissolvidos.

• Quando as membranas do filtro estão saturadas de matéria orgânica,é feita uma retrolavagem, e a água do processo é mandada de voltapara o bioreator.

• A massa orgânica do bioreator é constantemente monitorada e, quando sua concentração é muito alta, o produto do processo de retrolavagem é desviado para o tanque de lodo biológico.

• No tanque de lodo biológico, é colhida uma amostra do lodo para determinar a quantidade de reagentes químicos que deve seradicionada. O lodo é mantido em agitação por meio de injeção de ar comprimido, além de receber reagentes químicos.

pag. 28 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

• Após sua estabilização, o lodo biológico é mandado para o filtro de prensa. A água excedente do processo de prensagem retorna ao bioreator.

• A torta do lodo biológico é acondicionada em caçamba para serenviada a uma empresa de reciclagem, que a reprocessa e a transformaem um adubo orgânico.

Fluxograma Básico da Estação de Tratamento de Efluentes

ar

tanque deequalização

efluenteindustrial

peneiraindustrial

tanque dereação

tanque delodo industrial

filtro prensalodo industrial

caçambalodo

industrial

tanque delodo biológico

filtro prensalodo biológico

caçambalodo

biológico

rio

caixa decloração

sistema de ultrafiltração

bioreatorpeneirasanitário

efluentesanitário

caçamba

produtosquímicos

(reagentes)

ar

Entradas

Saídas

2.5. O controle do processo

Para dar suporte tanto à ETA quanto à ETE, a Natura implantou umlaboratório das águas, que funciona 24 horas e conta com uma equipeespecializada composta de um químico (bacharel), três técnicos químicos,três auxiliares e um mecânico industrial de manutenção. Esse laboratórioestá capacitado a realizar análises físico-químicas e biológicas da águautilizada no Espaço Natura Cajamar. Para monitorar a confiabilidade dosresultados dessas análises, semestralmente a empresa chama umlaboratório externo para fazer uma análise das mesmas amostras.Os resultados servem para validar os valores obtidos na análise interna.Em caso de discrepância, são realizadas contraprovas. Se as divergênciaspermanecem, é iniciado um processo de investigação para detectar se odesvio ocorreu por falha humana, erro de leitura de algum equipamentoou incorreção na metodologia das análises.

2.6. Reaproveitamento da água

Após os processos de tratamento na ETE, a água que sai da ultrafiltragemde membrana é mandada para a caixa de cloração, onde recebe cloropor meio de um dosador automático.

Deste ponto, a água é bombeada para a célula 3 da torre da caixa d’água,onde fica disponível para uso nos vasos sanitários, na reserva paracombate a incêndios, na limpeza de piso de rodagem e na rega dosjardins do Espaço Natura.

O excedente é mandado de volta para a natureza, mas antes serve de meio de vida para os peixes do lago da ETE e dos diversos espelhosd’água que existem no Espaço Natura Cajamar, o que comprova que a água está apropriada para ser despejada no rio Juquery.

Com o fechamento do ciclo da água, que retorna à natureza emcondições de qualidade satisfatórias, a Natura materializa as suas intençõesde minimizar os impactos ambientais de suas atividades e de contribuirpara a busca da sustentabilidade no uso deste recurso fundamental para a vida. Além disso, a empresa utiliza seus recursos hídricos sob aperspectiva permanente da economia e da eficiência de seus processos.

pag. 30 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

súmulados principais

indicadores

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.33

3.1. Consumo de água potável

Em 2004, a Natura apresentou um crescimento de 28% em suaprodução. Mesmo assim, o consumo de água potável no Espaço Naturamanteve-se dentro de padrões adequados para atender à expansão desuas atividades, só crescendo cerca de 8% (veja tabela e gráfico abaixo).

Água potável no Espaço Natura (em m3)

3.2. Consumo de Água por Unidade Vendida

Em outubro de 2004, a Natura concluiu a instalação de todos oshidrômetros para monitoramento do consumo nos edifícios do EspaçoNatura, na produção, em lavagens e excedentes. Com o monitoramentoaperfeiçoado, no ano passado, o consumo de água por unidade vendidateve uma redução de quase 50% em relação a 2002 (veja gráfico a seguir).Depreende-se desse dado que, quanto maior for o controle, menores sãoas perdas e o consumo. O controle com monitoramento permite que asanomalias sejam detectadas rapidamente e, dessa forma, são tomadasprovidências para corrigi-las o mais breve possível. Desse modo, odesperdício, se acontece, dura pouco tempo.

A meta para 2005 é reduzir em mais 1% o consumo relativo de água.

3. Súmulados principais

indicadores

jan.0

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez.

2002 2003 2004

pag. 34 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

Consumo de Água por Unidade Vendida(1)

(litros/unidade)

1. Unidades revendidas pelas Consultoras no Brasil (não se incluemamostras, brindes, material de apoio à revenda, produtos da linha Crer para Ver, entre outros).

3.3. Reutilização da Água

A reutilização da água no Espaço Natura vemcrescendo a cada ano, alcançando, em 2004, o índicede 39,50% (veja gráfico abaixo). Nos primeiros mesesde 2005, a empresa já aumentou este índice de reusopara uma média de 50%.

Reutilização da Água (% do total de água tratada na Estação de Tratamento de Efluentes)

2002 1,222003 0,872004 0,67

2002 16%2003 29%2004 39,5%

Adriana Alves,consumidora Natura

3.4. Ciclo da água no Espaço Natura

Confira abaixo o ciclo de utilização da água no Espaço Natura Cajamar,com números consolidados de 2004.

0,2% limpeza prédios

recebido70.202 m3

solo (178 m3)

solo (178 m3)

ambiente

Excesso tratamentoexterno SABESP

ETA

Site Cajamar(refeição, fabricação, pias, chuveiros)

22,4% al. serviços

10,9% laboratórios/salas de treinamento

0,2% regas

ambiente 12% produto final

35,3% lavagem(filtros areia, carvão

e equipamentos)2% área de separaçãoe distribuição

47,3% fábricas

5,3% caldeiras

4,8% consumohumano

17,6% lavagem

consumidores

ambiente

11,4% outros prédios 23.961m3

(17.480 m3)

ETE Bioreator

44% regas

Tq. Equalização

6% reserva incêndiotancagem água

de chuva/ETE Itap

37% limpeza ruaespelhos de água

13% mictórios,vasos sanitários

solo

solo

testes/solo

8.488 m3 220 m3

41.441 m3 66.457 m3

3.745 m3

tratou25.016 m3

entrou35.603 m3

efluente industrial34.683 m3

920 m3(11.764 m3)

retido2.329 m3

diferença entre aentrada com asoma do tratadoe enviado externo

envioexterno

8.268 m3

71.565 m3

produzidoretirado1.363 m3

diferença doproduzido como recebido

excesso para o rio(44.431 m3)

100% água de reciclo(29.066 m3)

97.516 m3

100% água potável

poço

0,3% obra donovo armazém

micromedidores

Utilização de água no Site –Natura Cajamar (janeiro a dezembro/2004)

linha do tempo

1995Devido ànecessidade deexpansão de suacapacidade física ede produção, aNatura inicia osplanos de construirsua nova unidadeindustrial.

Maio de 2004Implantação da NBR ISO 14001 e criação do Sistemade GerenciamentoAmbiental Natura(Sigan).

Agosto de 2004Início das obras deexpansão da ETENatura.

Outubro de 2004Conclusão dainstalação de todos os hidrômetros para monitoramentodo consumo de águanos edifícios doEspaço Natura.

2002Criação do Comitêda Sustentabilidade.

Maio de 2001Inauguração oficial doEspaço Natura Cajamar,com a presença do então presidente da República, FernandoHenrique Cardoso,de ministros de Estado e do governador de SãoPaulo, Geraldo Alckmin.

Outubro de 2000Implantação do ProjetoColeta Certa

Junho de 2000Alguns prédiossão entreguespara o início de sua ocupação:o ReservatórioElevado, aPortaria deCargas, o Picking,os refeitórios e aETE – Estação deTratamento deEfluentes.

Abril de 2000Início do tratamentode efluentes.

Fevereiro de 2000Término daconstrução da ETE.

Agosto de 1999O planejamento do espaço já éperceptível. O ladofuncional do Centrode Distribuiçãovolta-se para aestrada. Os demaisprédios abrem-separa o verde.

Agosto de 1998Início das obras e instalação das primeirasestruturas de ferro.

Abril de 1996Escolha deCajamar, àmargem daRodoviaAnhangüera,para aconstrução danova unidade.

1996Início dos projetosde engenharia,arquitetura,tecnologia edecoração.

4. Linhado tempo

benefícios da gestão sustentável

dos recursos hídricos

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.45

Com todos esses processos e práticas de gerenciamento dos recursoshídricos, a Natura obtém vários benefícios de economia, eficiência e sustentabilidade:

• Em 2004, a empresa conseguiu uma redução de 23% no consumo de água por unidade vendida em relação a 2003.

• O reciclo de água tratada e as operações caça-vazamentos tiveramresultados significativos. Mesmo com o crescimento de 28% de itensproduzidos em 2004, houve uma expansão sustentada do consumo de água.

• A reutilização da água aumentou de 29%, em 2003, para 39,5%, em2004. Em janeiro e fevereiro de 2005, o volume de reuso já superoueste índice e alcançou a média de 50%.

• Em 2004, foram implementadas ações para aumentar o reuso de águatratada, como a criação de novos pontos para rega, que deixou deutilizar água potável.

• A ETE está em obras de expansão de sua capacidade física paraatender ao crescimento da Natura. Hoje, a capacidade de tratamentode efluentes na ETE é de 253 m3/dia. Ela será ampliada para 340 m3/dia, o que deve suprir a demanda da empresa até 2008.

• Em 2004, foram tratados 40.245 m3 de esgoto oriundo dos efluentessanitários na ETE, contra 41.735 m3 em 2003 (3,5% a menos),embora o número de colaboradores no site tenha aumentado no mesmo período. Isso representa um crescimento sustentado com economia de água.

• Em 2004, foram enviados à ETE 35.336 m3 de efluentes industriaiscontra 27.941 m3 em 2003 (20,9% a mais), o que reflete o significativoaumento da produção da empresa.

• No total, o volume tratado dos efluentes sanitários e industriais em 2004 foi de 73.500 m3, contra 69.677 m3 em 2003, o que justifica a necessidade de ampliação da capacidade da ETE.

• O sistema de coleta a vácuo representa grande economia para a Natura, já que utiliza apenas 2 litros de água/descarga, contra 20 litros/descarga do sistema convencional. Ao utilizar 2 litros de águapor descarga, são tratados 220 m3 de esgoto/dia na ETE; usando 20 litros de água/descarga, seriam tratados 1.200 m3/dia.

5. Benefícios da gestão sustentável

dos recursos hídricos

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.47

Eficiência doSaída (mg/L) processo (%)

DQO DBO pH DQO DBO9/12/2004 57 2 7,6 98,7 99,914/12/2004 41 2 7,5 99,1 99,923/12/2004 40 3 7,4 99,0 99,928/12/2004 45 3 7,4 98,9 99,9

• A gestão responsável da água é recorrente nas discussões da Naturacom seus diversos públicos de relacionamento e tem sido assuntoabordado em seus vários veículos de comunicação, para públicosinternos e externos.

• Além dos benefícios práticos que traz ao ciclo da água no EspaçoNatura, a ETE também exerce um papel fundamental no programa de Educação Ambiental, sendo constantemente visitada por escolas,faculdades, órgãos públicos etc. Em 2004, por exemplo, recebeuaproximadamente 450 visitantes.

• A devolução de água e efluentes à natureza, que a Natura realiza emseu ciclo hídrico no Espaço Natura, obedece à Lei Estadual 997/76,artigos 12 e 18, ao Decreto Lei 8.468/76 e à Resolução 20/86 doConselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de acordo com o licenciamento ambiental concedido pela CETESB (Companhiade Tecnologia de Saneamento Ambiental).

A legislação estadual permite que estadevolução contenha até 60 mg/litro de DBO (Demanda Bioquímica deOxigênio) ou que se pratique 80% de remoção de DBO nos processos detratamento, enquanto a federal permiteuma devolução de até 10 mg/litro.

A Natura busca estar abaixo dos limites estabelecidos por lei. Dessaforma, a ETE devolve ao meio ambiente a água com qualidade acima dospadrões exigidos tanto pela legislação ambiental estadual quanto pelafederal, efetuando mensalmente todas as análises comprobatórias deatendimento às normas.

As análises realizadas durante o ano de 2004 mostram que os efluentestratados na Natura comportam, em média, em torno de 5 mg/litro deDBO ou realizam 99,9% de eficiência na remoção de DBO (veja gráficoabaixo, referente ao mês de dezembro de 2004).

O resultado é que a água excedente, não reutilizada em suas instalaçõese despejada no rio Juquery, é devolvida à natureza com qualidades físico-químicas e biológicas bem superiores àquelas que o próprio rioapresenta. Para se ter uma idéia, a média anual de DBO do Rio Juquerychega a 60 mg/litro, ou seja, bem acima do que a que a Natura devolvecom seus efluentes.

Eficiência da ETE em DBO

Entrada (mg/L) % ReduçãoDQO DBO pH DBO

9/12/2004 4.525 2.415 7,6 99,914/12/2004 4.670 2.610 7,4 99,923/12/2004 4.210 2.520 7,4 99,928/12/2004 4.232 2.605 7,5 99,9

pag. 46 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

DBO é a unidade demedida da quantidade de oxigênio necessáriapara que a flora biológicafaça a degradação naturalda poluição.

anexos

Política de Meio Ambiente Natura

A Natura assume que uma empresa ambientalmente responsável devegerenciar suas atividades de maneira a identificar os impactos sobre omeio ambiente, buscando minimizar aqueles que são negativos e amplificaros positivos. Deve, portanto, agir para a manutenção e melhoria dascondições ambientais, minimizando ações próprias potencialmenteagressivas ao meio ambiente e disseminando para outras empresas aspráticas e conhecimentos adquiridos na experiência da gestão ambiental.

Ao assumir a política de meio ambiente como parte do seu compromissocom o desenvolvimento sustentável, a Natura visa também à ecoeficiênciaao longo de sua cadeia de geração de valor ; e, ao buscar a ecoeficiência,favorece a valorização da biodiversidade e de sua responsabilidade social.

As diretrizes para o meio ambiente da Natura contemplam:• A responsabilidade para com as gerações futuras;• A educação ambiental;• O gerenciamento do impacto do meio ambiente e do ciclo de vida

de produtos e serviços; e• A minimização de entradas e saídas de materiais.

6. Anexos

Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental pag.53

Gerenciamento do impacto no meio ambiente e do ciclo de vida de produtos e serviços

A Natura opera sistemas de gestão ambiental com ampla identificação deriscos, plano de ação, alocação de recursos, treinamento de colaboradorese auditoria. Foca sua ação preventiva nos processos que oferecem danopotencial ao meio ambiente, à saúde e risco à segurança de seuscolaboradores, objetivando a prevenção à poluição, e realiza regularmenteatividades de controle e monitoramento. Produz estudos de impacto emtoda a cadeia produtiva; desenvolve parceria com fornecedores visando àmelhoria de seus processos de gerenciamento ambiental.

Minimização de entradas e saídas de materiais

Sem alterar seu padrão tecnológico atual, a Natura procura reduzir oconsumo de energia, água, produtos tóxicos e matérias-primas, e implantarprocessos de destinação adequada de resíduos. Investe na atualização deseu padrão tecnológico, visando à redução ou substituição de recursos deentrada; realiza o tratamento de efluentes e de resíduos em geral epromove o uso de matérias-primas renováveis. Possui processos paramedir, monitorar e auditar os aspectos ambientais associados ao consumode recursos naturais e à geração de resíduos, estabelecendoperiodicamente novas metas. Procura adotar práticas de bom manejoflorestal na extração de ativos e na utilização sustentável de recursosnaturais básicos; promove a reciclagem e o reuso de materiais, ogerenciamento da qualidade do ar, da água e do solo, o controle deefeitos sonoros, a redução do desperdício, e privilegia o uso de materiaisbiodegradáveis, entre outras iniciativas.

A Natura busca desenvolver projetos e orienta os investimentos visando à compensação ambiental pelo uso de recursos naturais e pelo impactocausado por suas atividades. Busca organizar a sua estrutura interna demaneira que o meio ambiente não seja um tema isolado, mas quepermeie todas as áreas da empresa, sendo considerado a cada produto,processo ou serviço que desenvolve ou planeja desenvolver. Isso permiteà empresa prevenir-se de riscos, além de reduzir custos, aprimorarprocessos e explorar novos negócios voltados para a sustentabilidadeambiental, favorecendo a sua inserção no mercado.

Responsabilidade para com as gerações futuras

No enfrentamento dos impactos ambientais resultantes de suas atividadesno setor de cosméticos, saúde e fitoterápicos, tanto no Brasil quanto noexterior, a empresa:

• Cumpre os parâmetros e requisitos exigidos pela legislação e demaisnormas subscritas pela organização;

• Controla-os e monitora-os em todas as fases de produção, com vistas àredução de uso de insumos de valor ambiental estratégico, à eliminaçãogradativa de ensaios com animais em matérias-primas para produtoscosméticos, à redução de impactos ambientais de embalagens e àpronta reparação de eventuais incidentes;

• Promove a melhoria contínua dos processos em toda a cadeiaprodutiva, incorporando tecnologias limpas;

• Trata a questão ambiental como tema transversal em sua estruturaorganizacional e a inclui no planejamento estratégico;

• Desenvolve novos negócios ou novos modelos de negócio levando emconta os princípios e as oportunidades oferecidas pela sustentabilidade.

Educação ambiental

A Natura busca disseminar a cultura da responsabilidade ambiental,individual e coletiva, entre colaboradores, equipes de vendas,fornecedores, prestadores de serviços e consumidores. Capacitacolaboradores para a prática da sustentabilidade nas atividadesprofissionais e estende esse compromisso às parcerias comfornecedores, inclusive por meio de cláusulas contratuais. Desenvolveações de educação ambiental e treinamento sobre a prática daresponsabilidade ambiental para colaboradores, estimulando o debate;promove campanhas internas dirigidas a familiares de colaboradores e à comunidade do entorno imediato da empresa; e participa ou apóia projetos e programas de educação ambiental voltados para a sociedade em geral.

pag. 52 Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental

1. A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cadapovo, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsávelaos olhos de todos.

2. A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida e de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamosconceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado no Art. 30 de Declaração Universal dos Direitos Humanos.

3. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo a água deve sermanipulada com racionalidade, preocupação e parcimônia.

4. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservaçãoda água e dos seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente, para garantir a continuidade da vidasobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservaçãodos mares e oceanos por onde os ciclos começam.

5. A água não é somente uma herança dos nossos predecessores,ela é sobretudo um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteçãoconstitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do Homem para as gerações presentes e futuras.

6. A água não é uma doação gratuita da natureza, ela tem um valoreconômico: é preciso saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosae que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

7. A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada.De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento, para que não se chegue a uma situação deesgotamento ou de deterioração de qualidade das reservasatualmente disponíveis.

8. A utilização da água implica o respeito à lei. Sua proteção constitui umaobrigação jurídica para todo o homem ou grupo social que a utiliza. Estaquestão não deve ser ignorada nem pelo Homem nem pelo Estado.

9. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de suaproteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

10. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedadee o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Documento redigido pela ONU, em 22 de março de 1992.

declaração universaldos direitos da água

ETE no EspaçoNatura Cajamar

Impresso em papel 100% reciclado.

Coordenação GeralEliane Anjos, Gerência de Meio Ambiente

Renata Sbardelini e Flávia Motta, Gerência de Relações Institucionais

Coordenação Editorial e EdiçãoCarmen Nascimento, Gerência de Conteúdo

Coordenação de ProduçãoKaren Cavalcanti, Juliana Nappo e Rafaela Dores, Gerência de

Comunicação Institucional

Pesquisa e redaçãoFolie Comunicação

Colaborou com esta publicaçãoMarcos Josmar, Estação de Tratamento de Efluentes

Projeto Gráfico e EditoraçãoModernsign Design e Inovação

Créditos das ImagensArnaldo Pappalardo (página 51), Eduardo Simões (página 9),

Marcos Suguio (páginas 22, 23, 34, 27, 40, 41 e 54),Roberto Linsker (página 6) e Willy Biondani (página35).