Sobre a fé como substrato para as relações do mundo da vida.docx

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    Francisco Rômulo Raulino Santos

    Sobre a fé como substrato para as relações humanas no mundo da vida.

    Não se sabe por que as coisas se movimentam, nem tão pouco porque

    se deslocam de um ponto A para um ponto B, mas às vezes alguma dificuldade

    pode se traspor ao deslocamento entre esses pontos, tal dificuldade como uma

    grande poça de areia movediça. Se o movimento existe de fato ou não, isso

    outra !ist"ria.

    #maginemos, por !ip"tese, que !ouvesse um individuo que não tivesse

    nen!um con!ecimento das coisas do mundo da vida, por conseguinte este

    seria analfabeto das verdades as quais usualmente dispomos para o que

    acreditamos ser o livre deliberar sobre a pr"pria vida. $al indiv%duo estaria

    desabilitado para viver inteligivelmente e no m&ximo ele performaria em ato sua

    natureza em uma ultima tentativa desesperada de sobreviver.

    #maginemos tambm que o individuo sem o repert"rio capaz de l!e

    garantir um n%vel elevado de esp%rito se'a dotado de vontade de pot(ncia para

    se perseverar vivo e a duras perdas deste mesmo substrato energtico pode

    continuar vivendo. )ara realmente continuar a existir esse individuo precisa se

    deslocar do ponto A para o ponto B, caso contr&rio defin!ar& em tristeza at

    c!egar perigosamente ao limite e por fim morrer. *ale aqui observar que as

    causa desse colapso são desimportantes, mas para fins de entendimento

    podemos dar uma nomenclatura para todo o con'unto dos fen+menos que l!e

    extinguirão a exist(ncia. )enso que um bom nome seria vida-.

    ntão o indiv%duo contempla ignorantemente toda a situação que se

    imp/e e se encontra perdido nela longe de saber qual seria sua mel!or ou pior 

    ação, mas por advento de sua vontade ele quer agir e agir a solver seu

    problema. Aqui não podemos vislumbrar qual a resposta para que um completo

    ignorante consiga o que quer e resta0nos, então, tentar explica o que não faz

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    sentido, cabe0nos tentar entender se ele consegue se deslocar do ponto A ao

    B.

     A pot(ncia que ele disp/e para viver limitada e seu decaimento causa

    um imenso inc+modo. $al inc+modo força que faz o individuo agir em uma

    busca desesperada e ignorante por mais pot(ncia. 1 medida que nossa

    personagem não executa seu deslocamento, sua pot(ncia mingua.

    le est& in'uriado pela aproximação ininterrupta do fim e apequenado

    pela falta do con!ecimento necess&rio para fazer o que devido. ntão, faz

    aquilo que tão somente poderia fazer. Não o caso aqui de esperar um grande

    final ou que milagrosamente uma solução apareça. Aqui o mundo da vida,despido de todas as ilus/es que cotidianamente o camuflam e o final dessa

    !ist"ria ser& igualmente apresentado.

    Nosso indiv%duo estava em um contexto cruelmente indiferente e seus

    talentos são limitados, em assim sendo, não devemos esperar dele mais do

    que ele capaz de fazer nem tão pouco dessa !ist"ria trivial. Naturalmente, o

    pecado de esperar em vão cobrado de quem espera e não de quem não

    c!egou, porque nada tem obrigação de acontecer ou não acontecer em função

    de uma vontade que não .

     A esta altura o indiv%duo não conseguiu apreender o con!ecimento

    necess&rio do mundo que o cercava e aquela grande poça de areia movediça

    não era s" um lembrete de sua ignor2ncia, mas tambm que ela logo se

    converteria em sua morte. $omado pela angustia advinda da contemplação da

    complexidade ele defin!a em sua pr"pria condição, fraco e claudicante diantede um mundo severo e entristecedor.

    Sentado por não mais acumular tanta pot(ncia, ele '& não se mexe

    para preservar o montante de vida que ainda possui em sua fr&gil exist(ncia.

     At aqui todo o processo foi conduzido por uma aparente e simples l"gica, ele

    não fez nada por que não sabia o que fazer e apenas manteve o que '& era 0 o

    ignorante e o im"vel. 3esse ponto em diante a l"gica começa a cair como uma

    m&scara e o que aparece como substituto o irracional.

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    )ensamentos embebidos por del%rios começam a inundar tudo que

    resta do seu ser. Ao que aparenta como se suas entran!as começassem a se

    decompor para que o todo vivesse um pouco mais. )arece estran!o, mas as

    entran!as do ser, n4cleo da vontade, não poderiam operar na racionalidade.

    stran!o como por tanto tempo elas, as entran!as, se deixaram empacotar 

    por uma fr&gil l"gica racional.

     Aqui importante perceber que a falta de con!ecimento do indiv%duo

    não faz mais diferença. Agora ele regido por outros princ%pios, ele regido

    pelo del%rio. 5 del%rio s" pode florescer quando nos tornamos demasiadamente

    alguma outra coisa.

    5corre a nossa personagem ol!ar para o centro da poça 6algo que ele

    não entendia7 e então como sua 4ltima vontade de agir ele se arrasta em

    direção ao centro do que ser& seu t4mulo. Na mente dele s" !& o afeto de

    tristeza e como escapar desesperadamente dele, então ele pensa

    devaneiantemente que talvez a solução este'a no centro do grande lago de

    areia movediça.

    Nosso indiv%duo era ignorante e im"vel por l!e faltar repert"rio de

    experi(ncia, mas agora por ser completamente delirante ele criou um substituto

    tão eficaz para 'ustificar uma ação, pois agora ele acredita que deve c!egar ao

    centro do obst&culo. Antes ele não agia por ignor2ncia e agora ele agiu por f.

    5 combust%vel ele sempre teve, era sua pr"pria pot(ncia, o que l!e

    faltava era uma direção e uma razão de ser, mas agora ele tem um elemento

    substituto e '& não precisa mais de nada. 8entamente ele vai entrando na sua4ltima empreitada e aos poucos vai afundando na areia 4mida, morna e

    pega'osa. Aos poucos vai sendo tragado pela ação que acol!eu.

    Nosso individuo começara a apreender a vida nos encontros que teve

    at aqui. $udo para ele era uma experi(ncia nova, desde a areia morna

    envolvendo seu corpo at a sensação de não conseguir mais respirar 

    acompan!ada tambm da agonia de seu corpo at seu eventual fim. Não se

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    em complet&0lo. A incompletude do dese'o torna poss%vel a vida, fazendo com

    que o !omem se mova em busca do que l!e falta e a f torna poss%vel suportar 

    a frustração de nunca conseguir o que se busca. São forças opostas que

    dançam em um t(nue equil%brio.

    Sobre a f est& toda a !ist"ria do pensamento !umano e ela tornou

    poss%vel o aparecimento da vontade. S" !& conting(ncia por que antes !ouve

    >, pois se s" existisse o dese'o e a incompletude a vida seria regida pelo

    princ%pio de necessidade e s" poderia ser de um 'eito, assim como acontece

    com os animais desprovidos de intelecto superior.

      @ma vez que a pr"pria atividade intelectiva !umana vem de suavontade, de sua faculdade deliberativa, preciso lembrar que estas vieram da

    >, primeiramente.

    importante observar que a f se origina da incompletude do dese'o,

    da >alta que comum a todos, sendo ela um a pr"pria > 0 complemento

    psicol"gico substituto. m assim sendo, a > e a >alta mantm uma relação de

    complementariedade inversamente proporcional.

    $udo aquilo ou aquele que pode suportar ter f pode tambm abrigar 

    as vicissitudes de uma alma superior. A vit"ria pode não existir, mas a

    sabedoria encontra seu sentido na superação das paix/es, transformando o

    que outrora adoecia em combust%vel para uma vida plena e aut(ntica.