Sobre a Recepcao Do Livro Da Lei

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    !!"#$!!!"!#$%&!!!!!"#$ &' !!"

    por Aleister Crowley

    Esta uma complementao da traduo produzida pela equipe do Espa-o Novo on, que se baseou em um extrato do livro The Confessions ofAleister Crowley,editado por John Symonds e Kenneth Grant, que se tra-ta de uma verso resumida do livro (a verso completa ainda no foi pu-

    blicada, mas est nos planos da O.T.O., segundo boatos).A presente edio foi retirada do Apndice IX da 2 Edio Revisada deLiber ABA Magick Book Four, e inclui os gaps do primeiro texto.As notas entre colchetes so de Hymenaeus Beta e esto no contexto desua edio doLivro 4, portanto todas as referncias devem ser procuradasnaquele volume; as que esto entre chaves pertencem aos tradutores (doENA ou do Hadnu) ou editores (do ENA, Hadnu ou de Symonds/Grant).

    Traduzido por Arnaldo Lucchesi Cardoso. Revisado por Nina Castro.Editado por Jonatas Lacerda. Trechos que no estavam presentes no TheConfessions of Aleister Crowley An Autohagiography abridged edi-tion e notas de rodap de Hymenaeus Beta foram traduzidos e editados

    por Frater S.R.

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    Sobre a Recepo dO Livro daLei

    Eu vos trago vinho de cima,Dos tonis do sol lendrio;Para cada um de vs o amor,E vida para cada um.

    Aleister Crowley1

    Este captulo o clmax deste livro2. Seu contedo to extraordi-nrio, ele exige uma explicao preliminar ampla e profunda, a tal ponto

    que fico em desespero. Isto to srio para mim que a minha responsabi-lidade me esmaga. Toda a minha vida anterior no foi nada mais do queuma preparao para este evento, e toda a minha vida subsequente no foimeramente determinada por ele, mas comprometida com ele.

    Eu fiz vrias tentativas para escrever a histria destas poucas se-manas, em particular aquela seo de O Templo do Rei Salomoque apa-receu em O Equincio I(7)3, e no captulo 7 da Introduo Parte 4 doLivro 44. Eu no posso incorporar esses documentos no corpo deste livro

    com exatido literria, porm eles so apresentados num apndice, jun-tamente com o texto dO Livro da Lei5. O comentrio sobre este livro j

    1[De Crowley, um poema sem ttulo em Orpheus(1905); este poema foi reimpressosob o ttulo Dionysus em Olla(1946), p. 89.]2[Ou seja, da primeira edio no-resumida de As Confisses de Aleister Crowley, doqual este apndice citado.]3[Ver Parte IV, Cap. 6.]4[Ver Parte IV, Cap. 7]5{Esta era a inteno de Crowley; que no foi cumprida. No entanto, ele viu o apare-cimento dO Livro da Lei, e todo material relevante, incluindo um fac-smile do rotei-ro original, em uma publicao separada e magnificamente produzida, O Equinciodos Deuses, em 1937.} [Veja a Parte IV da presente obra para este material. Crowley

    por algum tempo teve esperanas de que o Volume III dAs Confissespoderia servircomo a Parte IV doLivro 4, e planejou incluir o material relevante do Livro 4, ParteIV como um apndice. H evidncias de que Crowley estava em falta ou de uma ver-so datilografada ou das amostras de reviso da Parte III de suas Confissesao prepa-rar a Parte IV (O Equincio dos Deuses) em 1936. Uma vez que ele intencionava pu-

    blicar o relato das Confisses com o material do Livro 4, Parte IV, isso estimulou asua incluso nesta edio do Livro 4, j que ele aparentemente desejava que fossem

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    bastante extenso; e essa seo que trata das provas filosficas, histri-cas, fsicas e matemticas da justia do clamado dO Livro da Leide re-volucionar o pensamento e ao humanos, ainda necessita ser posto emsua forma final6.

    Portanto, proponho preservar o estilo da narrativa desta biografia emanter menos em vista o especialista em cincia, matemtica, filosofia,religio, histria, antropologia, e assim por diante, ao invs do homem domundo de educao geral e inteligncia mdia. Farei o possvel, no entan-to, para declarar claramente as premissas necessrias para apresentar aimportncia do Evento e para torna-lo inteligvel. Durante a maior partedos nove anos passados da minha vida eu estive preocupado, a cada anomais plenamente do que no anterior, com o problema de provar para a

    humanidade em geral as questes envolvidas. A fim de tornar os elemen-tos de minha tese to claros e distintos quanto possvel, eu tentarei sepa-r-los em sees.

    publicadas juntamente.] {Referncia ao Liber ABA Magick O Livro Quatro, deonde o presente texto o Apndice IX. S.R.}

    6[Consulte o The Law is for Allde Crowley, ed. Louis Wilkinson e Hymenaeus Beta(1996), para a verso popular autorizada de Crowley deste comentrio.]

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    IBreve Sinopse de Minha

    Narrativa7

    Ouarda8e eu partimos de Helwan para o Cairo (Data indetermina-

    da, provavelmente em 11 ou 13 de Maro {1904}). Ns alugamos umapartamento (endereo indeterminado) na Quarta feira, 16 de Maro. Umdia, no tendo nada em especial para fazer, eu realizei a Invocao Pre-liminar da Goetia9. Eu no tinha alguma inteno mais sria alm demostrar a ela os silfos10, assim como eu poderia t-la levado ao teatro. Elano pde (ou se recusou a) v-los, mas ao invs disso entrou em um esta-do mental estranho. Eu jamais a tinha visto antes numa situao comoaquela. Ela prosseguia repetindo como num sonho, porm intensamente,Eles esto esperando por voc. Eu fiquei aborrecido com o seu compor-tamento.

    17 de Maro. Eu no me recordo se repeti minha tentativa de mos-trar os silfos a ela, mas provavelmente o fiz. do meu temperamento per-sistir. Ela entrou novamente no mesmo estado e repetiu as suas observa-es, acrescentando: tudo sobre a criana, e tudo Osris. Eu acho

    que devo ter me aborrecido com a sua teimosia. Talvez por este motivoeu invoquei Thoth, o Deus da Sabedoria, provavelmente atravs da invo-cao impressa no Liber Israfel, sees V a XIV11, que eu sabia de cor.Eu tambm posso ter estado a me perguntar subconscientemente se nohaveria algo nas suas observaes, e queria ser esclarecido. O registrodiz, Thoth, invocado com grande sucesso, habita em ns. Porm esteesboo me chocou at certo ponto num esprito de complacncia, seno de arrogncia. Eu no me lembro de nada sobre qualquer resultado.

    7 [A amostra para reviso original adiciona Consulte os apndices para detalhescompletos, uma referncia aos relatos dados nos Captulos 6 e 7 da Parte IV do pre-sente volume.]8{A esposa de Crowley, Rose.}9[Ver Apndice IV, Liber Samekh.]10{Cada elemento terra, fogo, ar, gua tem os seus prprios elementais ou habi-

    tantes. Os silfos habitam os reinos do ar.}11O EquincioI(7), pgs. 23-26 [e no Apndice VII, p. 675.]

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    18 de Maro. Possivelmente eu repeti a invocao. O registro diz,Revelado que aquele que espera era Hrus, a quem eu havia ofendido ea quem deveria invocar. O que espera soa como um sarcasmo. Euachei que fosse pura insolncia de Ouarda oferecer observaes indepen-

    dentes. Eu queria que ela visse os silfos.

    Eu devo ter me impressionado em um ponto. Como Ouarda sabiaque eu havia ofendido Hrus? Os problemas de Mathers eram devidos sua excessiva devoo a Marte, que representa um lado da personalidadede Hrus, e sem dvida eu estava predisposto a errar na direo oposta, anegligenciar e antipatizar com Marte como sendo a personificao da vio-lncia ignorante.

    Mas o seu acerto preciso seria uma casualidade? Sua meno deHrus me deu uma chance de interrog-la. Como voc sabe que Hrusquem est dizendo tudo isso a voc? Prove a identidade dele. (Ouardaconhecia Egiptologia menos do que noventa e nove turistastas12dentre cem). As suas respostas eram assombrosas. As probabilidadesdas suas respostas estarem certas eram de uma em muitos milhes.

    Eu deixei que ela fosse em frente. Ela me instruiu sobre como in-

    vocar Hrus. As instrues, do meu ponto de vista, eram pura bagatela.Eu sugeri que fossem melhoradas. Ela se recusou enfaticamente a permi-tir que um nico detalhe fosse alterado. Ela prometeu sucesso (qualquercoisa que pudesse significar) no Sbado ou no Domingo. Se me tivesserestado alguma aspirao, esta seria a de alcanar o sam!dhi13(o que atagora eu ainda no havia conseguido). Ela prometeu que eu conseguiria.Eu concordei em colocar em prtica as suas instrues, de modo a mos-trar abertamente para ela que nada poderia acontecer se voc quebrassetodas as regras.

    Em algum dia antes de 23 de Maro, Ouarda identificou o Deus emparticular com o qual ela estava em comunicao em uma estela no Mu-seu B!l"q14, que ns nunca havamos visitado. Esta no a forma comum

    12{Nota do Tradutor: Cairota: natural do Cairo, Egito.}13{Samadhi: o objetivo da Yoga, a unio com o Senhor, raramente alcanada ape-nas por adeptos avanados do Caminho Espiritual.}

    14{O Museu Boulak no existe mais; suas antiguidades esto agora no Museu Nacio-nal, Cairo.}

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    de Hrus, mas a de Ra-Hoor-Khuit. Sem dvida eu estava muito impres-sionado pela coincidncia de que a pea exibida, uma estela muito obscu-ra e comum, trazia o nmero de catlogo 666. Mas eu repudiei a isso co-mo sendo uma bvia coincidncia.

    19 de Maro. Eu fiz um esboo do Ritual e realizei a invocaocom pouco sucesso. Eu fiquei desconcertado, no apenas pelo meu ceti-cismo e pelo absurdo do Ritual, mas por eu ter de realiz-lo usando tnica

    junto a uma janela aberta em uma rua ao meio dia. Ela me permitiu fazera segunda tentativa meia noite.

    20 de Maro. A invocao foi um sucesso surpreendente. Me foi

    dito que O Equincio dos Deuses tinha chegado; ou seja, que uma novapoca tinha comeado. Eu deveria formular uma conexo entre a forasolar-espiritual e a humanidade.

    Vrias consideraes me mostraram que os Chefes Secretos daTerceira Ordem (ou seja, da A!A! cujas Primeira e Segunda Ordenseram conhecidas como G!D!"# e R.R. et A.C. respectivamente) envia-ram um mensageiro para conferir-me a posio que Mathers tinha perdi-do.

    Eu coloquei uma condio de que eu deveria alcanar o sam!dhi;ou seja, que eu deveria receber um grau de iluminao, sendo que no casode no cumprimento disso, seria presunoso me colocar como um lderespiritual.

    21, 22 e 23 de Maro. Parece ter havido uma reao aps o sucessodo vigsimo dia. Os fenmenos desapareceram pouco a pouco. Eu tentei

    15{A G!D!(Golden Dawn Aurora Dourada) era a Primeira ou Ordem Externa deuma fraternidade universal conhecida como Grande Fraternidade Branca. Mathersque, com outros, fundou a Aurora Dourada, foi tambm membro de uma ordem Rosa-cruciana conhecida como a Ordem da Rosa Vermelha e da Cruz Dourada (Ros Ru-

    be et Aure Crucis); essa constitua a Segunda Ordem da Grande FraternidadeBranca. A Terceira Ordem da Grande Fraternidade Branca era a Estrela de Prata, a

    Astrum Argenteum ou a A!A!. Crowley iniciou sua carreira mgica como um nefi-to da G!D!e trabalhou seu caminho at a Terceira (ou Interna) Ordem da A!A!.}

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    elucidar a minha16 posio atravs dos mtodos antigos e realizei umalonga divinao pelo Tar que provou ser perfeitamente ftil.

    23 de Maro a 07 de Abril. Eu fiz averiguaes sobre a Estela e fizcom que as inscries fossem traduzidas em francs pelo curador assis-tente em B!l"q. Eu fiz parfrases poticas com elas. Ouarda me disseagora para entrar no quarto, onde todo este trabalho havia sito feito, exa-tamente ao meio dia nos dias 8, 9 e 10 de Abril, e para anotar o que euouvi, encerrando exatamente uma hora. Isso eu fiz. Nestas trs horas fo-ram escritos os trs captulos dO Livro da Lei.

    A declarao acima to sucinta quanto eu pude faz-la. Ela d os

    fatos principais, e traa as curvas de minhas reaes psicolgicas. L pelodia 8 de Abril, eu tinha sido convencido da realidade da comunicao eobedeci s instrues arbitrrias da minha esposa com certa confiana.

    No obstante eu mantive a minha atitude ctica. Eu reservei o direito deinquerir.

    16{Ra-Heru-Khuti-Ba-Hadit a deidade Egpcia particular sobre a qual dito ter re-gido o 2 Decanato de ries, em 1904, de 1 de Abril a 10 de Abril.}

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    IIA Reivindicao dO Livro da Lei

    a Respeito de ReligioA importncia da religio para a humanidade proeminente. O

    motivo que todos os homens percebem mais ou menos a Primeira No-bre Verdade que tudo dor; e a religio arroga-se de consol-los atra-vs de uma negao impositiva desta verdade ou ao prometer compensa-es em outros estados de existncia. Esta pretenso implica na possibili-dade de conhecimento originada de outras fontes diferentes da investiga-o solitria da Natureza atravs dos sentidos e do intelecto. Portanto, is-so exige a existncia de uma ou mais inteligncias prter-humanas17, ca-

    pazes e intencionadas de comunicar, por intermdio de certos homens es-colhidos, para a humanidade uma verdade ou verdades que no poderiamde outra forma serem conhecidas. A religio justificada ao impor a f,uma vez que a evidencia dos sentidos e da mente no conseguem confir-mar as suas declaraes. A evidncia de profecia e milagre vlida ape-nas na medida em que seja creditada ao homem atravs de quem a comu-nicao realizada. Ela estabelece que ele esta de posse de conhecimentoe poder diferentes, no apenas em grau, mas em gnero, daqueles desfru-tados pelo resto da humanidade. Isso sugere que ele tambm pode ser

    confivel em assuntos que so, por natureza, insuscetveis de verificao. claro, o argumento falacioso. No melhor dos casos entimema; lhefalta a integridade e infalibilidade do profeta-taumaturgo.

    A histria da humanidade est repleta de instrutores religiosos. Es-tes podem ser divididos em trs categorias: (1) homens tais como Moisse Maom declaram simplesmente que eles receberam uma comunicaodireta de Deus. Eles postulam um criador e sua interferncia pessoal nocurso da Natureza Eles apoiam sua autoridade por diversos mtodos,

    principalmente ameaas e promessas garantidas pela taumaturgia; eles seressentem com a crtica da Razo.

    (2) Homens tais como Blake e Boehme afirmaram ter entrado emcomunicao direta com uma inteligncia desencarnada que pode serconsiderada como pessoal, criativa, onipotente, nica; idntica a elesmesmos ou diferente. Cada uma tal alegao implica em sua prpria teo-ria do Universo. No necessariamente contempla uma mensagem de um

    17{Inteligncias no humanas (ou ainda inteligncias mais que humanas).}

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    ser superior, no sentido bruto da frase. Sua autoridade depende da certe-za interior do vedor. Tais instrutores no ressentem a Razo; eles de fatoa sadam como confirmao de sua alegao dentro dos limites de suaesfera de ao. Eles admitem livremente que a verdade que eles anunciam

    est por natureza em um plano que transcende as faculdades intelectuais,e que at mesmo no pode ser expressa por palavras.

    (3) Instrutores tais como Lao-tzu, o Buda e os mais elevadosj!nayogins18 anunciam que eles alcanaram a sabedoria, compreenso,conhecimento e poder superiores, porm no tem pretenso de impor osseus pontos de vista humanidade. Eles continuam essencialmente cti-cos. Eles baseiam seus preceitos na sua prpria experincia pessoal, di-zendo, na verdade, que eles descobriram que a realizao de certas aes

    a absteno de outras criou condies favorveis para a obteno do esta-do que os emancipou. Quanto mais sbios, menos dogmticos eles so;mais permitem a equao pessoal, e mais insistem em sua atitude ctica.Tais homens de fato formulam o seu conceito transcendental do Cosmosmais ou menos claramente; eles podem explicar o mal como iluso, etc.,etc.; mas o corao da sua teoria que o problema do sofrimento tem sidoexposto de modo errado, devido aos dados superficiais ou incompletosapresentados pela experincia humana normal atravs dos sentidos, e que possvel para os homens, em virtude de algum treinamento especial (de

    !sanaat a Magia(k) Cerimonial), desenvolver em si mesmos uma facul-dade superior razo e imune da crtica intelectual, e atravs de cujoexerccio o problema original do sofrimento resolvido satisfatoriamente.

    O Livro da Lei afirma cumprir com as condies necessrias parasatisfazer todos os trs tipos de buscadores.

    Primeiramente, ele afirma ser um documento no apenas verbal-

    mente, mas literalmente inspirado.

    No altere nem ao menos o estilo de uma letra; pois vede! tu, pro-feta, no vereis todos estes mistrios aqui ocultados.

    As pontuaes como tu quiseres; as letras? No as modifique em es-tilo ou valor!

    18{Gnana-Yoga, a unio atravs do conhecimento. Um tpico Gnana-yogi de uma or-dem elevada foi Shri Ramana Maharshi (1879-1950) de Tiruvannamalai, S. India.}

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    Este livro ser traduzido em todas as lnguas: mas sempre com ooriginal na escrita da Besta; pois h o risco de alterar as letras e suas

    posies uma em relao com a outra: nestas existem mistrios quenenhuma Besta profetizar. Que ele no procure tentar: mas vir al-gum aps ele, de onde Eu no digo, que descobrir a Chave de tu-

    do isso.

    O autor afirma ser um mensageiro do Senhor do Universo e, por-tanto fala com absoluta autoridade.

    Segundo, ele afirma ser a declarao de uma Verdade Transcen-dental, e ter vencido a dificuldade de expressar tal Verdade na linguagemhumana naquilo que realmente corresponde inveno de um novo m-

    todo de comunicao pelo pensamento, no meramente uma nova lingua-gem, mas um novo tipode linguagem; um cdigo literal e numrico en-volvendo as Cabalas Grega e Hebraica, a mais alta forma de matemticaetc. Ele tambm afirma ser a expresso de uma mente iluminada quecoincide com as ideias definitivas das quais o universo composto. Ain-da assim, feito de modo a ser compatvel com as personificaes maisou menos antropomrficas das ideias implicadas no pargrafo anterior.

    Terceiro, ele afirma que oferece um mtodo pelo qual os homens

    podem chegar independentemente conscincia direta da verdade sobre ocontedo do Livro; entrar diretamente em comunicao, por sua prpriainiciativa e responsabilidade, com o tipo de inteligncia que o instrui, eresolver todos os seus problemas religiosos pessoais. Veja CCXX III:63,67; e I:58.

    Em geral, O Livro da Lei afirma responder a todos os problemasreligiosos possveis. Fica-se impressionado pelo fato de que tantos delesso expostos e resolvidos separadamente num espao to curto. enfa-

    donho citar. A multiplicidade do assunto impressionante. Eu posso atmesmo dizer que estou em um estado crnico de desespero por causa datotal incapacidade de minha mente de atingir um entendimento abrangen-te dos contedos deste curto livro. Vinte e seis anos demonstraram issocom afiada preciso.

    Voltemos questo geral da religio. O problema fundamental ja-mais foi explicitamente declarado. Ns sabemos que todas as religies,sem exceo, foram demolidas no primeiro teste. A reivindicao da reli-gio completar, e (incidentalmente) reverter, as concluses da razo por

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    meio de uma comunicao direta de alguma Inteligncia superior em g-nero quela de qualquer ser humano encarnado. Eu pergunto a Maom,Como eu posso saber que o Coro no a sua prpria compilao?

    inoportuno responder que o Coro to sublime, to musical, toverdadeiro, to cheio de profecias que o tempo cumpriu e confirmouatravs de tantos eventos miraculosos que Maom no poderia t-lo es-crito por si mesmo. A questo se tornou ainda mais devastadora nos pou-cos ltimos anos, devido s descobertas da psicologia moderna, especi-almente a de Freud. Se poderia justamente ter certeza de que os Hottentotno escreveramLycidasou oPrincipiade Newton. Era seguro dizer queos Hottentot no poderiam ter possudo o conhecimento contido naqueleslivros. Se um Hottentot tivesse os produzido, ns os teramos justificado

    dizendo que ele os obteve de alguma fonte externa. Mas hoje em dia po-demos afirmar que ele os escreveu com auxlio da telepatia, da memriasubconsciente, ou o que no. A prova rgida demanda que os contedosdo livro sejam tais que o escriba no poderia t-los obtido, seja de suamente consciente ou inconsciente.

    O autor dO Livro da Leipreviu e procurou evitar todas estas difi-culdades ao inserir no texto descobertas que eu meramente no veria du-rante muitos anos por vir, mas nem ao menos teria o maquinrio para

    produzir. Algumas, de fato, dependem de eventos em cuja manifestaoeu no tomei parte.

    Pode ser dito que no obstante pode ter existido algum em algumlugar do mundo que possua as qualidades necessrias. Isso novamenterefutado pelo fato de que algumas das aluses se referem a fatos conheci-dos apenas por mim. Somos forados a concluir que o autor dO Livro daLei uma Inteligncia tanto alheia quanto superior mim mesmo, e ainda

    assim familiarizado com os meus segredos mais ntimos; e, o ponto maisimportante de todos, que esta Inteligncia desencarnada19.

    A existncia da religio verdadeira pressupe aquela de alguma In-teligncia desencarnada, quer a chamemos de Deus ou de qualquer outracoisa. E isso exatamente o que nenhuma religio jamais provou cientifi-camente. E isso o que O Livro da Leirealmente prova por evidncia in-terna, totalmente independente de qualquer declarao minha. Esta prova

    19Por esta palavra eu quero dizer apenas independente dos limites da vida animalcomo a conhecemos.

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    evidentemente o passo mais importante que a cincia j possa ter dado:pois ela nos abre um caminho inteiramente novo para o conhecimento. Aimensa superioridade desta Inteligncia particular, Aiwass20, comparadacom qualquer outra com quem a humanidade j tenha estado em comuni-

    cao consciente demonstrada no meramente pelo carter do prprioLivro, mas pelo fato dele abranger perfeitamente a natureza da prova ne-cessria para demonstrar o fato da Sua prpria existncia e as condiesdaquela existncia. E, alm do mais, por ter fornecido a prova requerida.

    20{Aiwass, a inteligncia que comunicou O Livro da Lei, no disse a Crowley comoera a grafia de seu nome. Em Grego Aiwass e na Cabala Grega o nome tem o valornumrico de quatrocentos e dezoito, o nmero da Grande Obra; em Hebraico Ai-waz, e soma noventa e trs, o nmero chave dO Livro da Lei. Crowley usava Aiwassou Aiwaz, dependendo da natureza do trabalho que ele estava realizando, isto , se

    seus experimentos fossem de natureza mstica (Aiwaz), ou de natureza mgica (Ai-wass).}

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    IIIA Afirmao dO Livro da Leide

    Estabelecer Comunicaes comInteligncia DesencarnadaNa seo acima eu expus que o fracasso das religies anteriores se

    deve, no tanto crtica hostil, mas ao seu defeito positivo. As suas ale-gaes no foram bem elaboradas. Foi mostrado acima que O Livro daLeirealmente demonstra a posio primria da religio da nica maneirapossvel. O nico argumento possvel, por outro lado, que uma comuni-cao no poderia ter sido feita atravs de uma Inteligncia desencarnada,

    porque tal no existe. verdade que no passado nenhuma tal foi conheci-da. Isto realmente constitui a suprema importncia dO Livro da Lei. Po-rm no existe uma razo a priori para duvidar da existncia de tais seres.

    Ns estamos familiarizados h bastante tempo com muitas foras desen-carnadas. Especialmente nos ltimos anos a cincia tem se ocupado prin-cipalmente com as reaes, no meramente de coisas que no podem ser

    percebidas diretamente pelos sentidos, mas de foras que no possuemnenhum Ser no velho sentido da palavra.

    Ainda assim o homem de cincia mediano ainda nega a existnciados elementais dos Rosacruzes, dos Anjos dos Cabalistas, dos n!"as,pi#!case devasdo sul da sia21, e os djinndo Islamismo, com a mesmamisosofia22cega como na poca Vitoriana. Aparentemente no ocorreu aele que a sua posio de duvidar da existncia da conscincia, exceto comrelao a certos tipos de estrutura anatmica, realmente idntica quelados Evanglicos geocntricos e antropocntricos de mente mais estreita. cmico limitar a conscincia. Nossos ancestrais provaram que apesardas Antpodas poderem ser habitadas, os homens no poderiam possuir

    almas; e agora ns argumentamos que porque ningum iria para Mercriopara esportes de inverno, seus equivalentes deveriam ser ausentar-se da-quele planeta. Os argumentos contra a existncia de Inteligncias espiri-tuais fede falsa analogia; sobre o topo do ser tenta provar uma negativa

    21{Elementais da cosmologia Hindu:Nats, espritos das rvores;Pisachas, espritos

    de fmeas sedutoras das guas;Devas, Seres Brilhantes ou deuses.}22{Nota do Tradutor: Misosofia dio da Sabedoria.}

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    universal, e falcias a priori repletas de ignoratio elenchi, non distributiomedii, non sequitur23, e as vezes completos Hobson-Jobsons.

    Nossas aes podem ser ininteligveis para as plantas; elas podemdemonstrar plausivelmente que ns somos inconscientes. Pode ser queno haja nada para provar que as clulas do planeta ou do sistema solarno servem uma conscincia de forma muito parecida como as clulas denossos corpos servem os nossos. Deve ser observado, alm disso, que anossa conscincia no pertence a ns mesmos como tal. A conscincia um fenmeno que conectamos com determinados estados transitrios dedeterminadas agregaes transitrias de clulas. No h absolutamentenenhuma razo para supor que algum tipo de conscincia no pode sercaracterstica de qualquer e toda combinao. O nosso motivo real para

    atribuir conscincia aos homens nossos irmos que a similaridade danossa estrutura nos capacita a nos comunicarmos atravs da linguagem, eassim que ns inventarmos uma linguagem na qual possamos falar comqualquer coisa que seja, ento comearemos a descobrir evidncias deconscincia. O Professor Farr descobriu nas plantas uma psicologia bas-tante clara em oposio mera reao mecnica a estmulos, e pode-seseguramente dizer que a cincia em geral est avanando nesta direo. Ateologia crist dualstica foi de fato o pior oponente do Pantesmo, apesarde suas reinvindicaes de assegurar a existncia do esprito.

    Eu francamente aceito as concepes mais materialistas da cinciavitoriana. Eu grito com alegria profana que a conscincia uma funodo crebro. Eu meramente adiciono que a natureza contnua, e que por-tanto absurdo supor que qualquer grupo especial de fenmenos e ne-nhum outro deveriam exibir qualidades nicas. A cincia j demonstrouque no somente o rdio, urnio, e alguns outros metais raros, so radioa-tivos, mas que toda matria at certo ponto. Eu meramente adiciono quea matria at certo ponto consciente; e de tal forma que possa haver, por

    todo o Universo, indivduos de muitas ordens somente os evangelistaszombariam com por que ns no os vemos? O Desconhecido desdea Austrlia antes de ser descoberta (como diz a charada de criana), atos bacilos, os raios de Hertz e os eltrons tem o atrevimento de existirsem o nosso reconhecimento formal.

    23[Lat., ignorncia do ponto em disputa (ou seja, parecendo refutar por argumentar

    um ponto no levantado), meio no-distribudo (ou seja, em um silogismo) e nosegue (ou seja, uma inferncia ilgica).]

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    Eu espero que as observaes acima tenham destrudo as negaesa priori da possibilidade da existncia de Inteligncias desencarnadas.

    No, ainda mais, eu confio que eu tenha estabelecido uma forte probabi-lidade de que eles esto por toda parte. Logo o caminho est claro para

    mim para ir em frente e afirmar positivamente que eu estabeleci comuni-cao com tal inteligncia; ou, melhor, que eu fui escolhido por ele parareceber a primeira mensagem de uma nova ordem de seres.

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    IVA Afirmao dO Livro da Leide

    Resolver os Problemas daFilosofiaO homem que chegou um pouco alm do Tudo sofrimento, no

    sentido comum da frase, deve estend-la para incluir seu desgosto com afutilidade e estupidez do Universo.

    Muitas solues foram propostas; em um sentido elas esto todas

    certas e todas erradas. Sua diferena depende do ponto de vista em que oproblema abordado, ou na nfase dada sobre um fator ou outro.

    O Livro da Leiresolve a disputa colocando um dedo no ponto fra-co. Tambm razo uma mentira; pois existe um fator infinito e desco-nhecido; e todas as suas palavras so artifcios. O Universo no pode serexplicado pela razo; sua natureza irracional. Esta e algumas outras

    proposies no livro nos possibilitaram reconciliar as antinomias da filo-sofia.

    Tome um exemplo: O conflito entre Livre Arbtrio e necessidade.A filosofia demonstrou que o Livro Arbtrio uma iluso, e ns nos sen-timos humilhados por nos reconhecermos como autmatos. O Livro daLeirestaurou a nossa independncia e autoestima, mostrando que, apesarde que assim seja, a necessidade que o governa foi estabelecida por nsmesmos para a nossa prpria convenincia; bastante como algum con-corda em ser amarrado pelas regras do jogo de Xadrez de modo que possadivertir-se jogando-o.

    Uma outra humilhao consistia na completa insignificncia dohomem no Universo. O Livro da Lei, enquanto admite isso, mostra que igualmente verdade que Todo homem e toda mulher uma estrela, quens somos cada um de ns, de fato, o que ns instintivamente nos senti-mos ser, o centro de uma esfera sem limites Desde a escrita dO Livro daLei, fsicos e matemticos desenvolveram de uma tal forma que justifi-casse sua posio. No h mais, por exemplo, nenhuma absurdidade nateoria de uma esfera sem fronteiras porm finita: qualquer sistema de

    pontos possui relaes internas de uma ordem racional ou euclidiana. O

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    Livro da Lei, portanto, justificou a nossa autoconscincia transcendental ea reconciliou com o fato de nossas relaes finitas com as outras pessoase coisas.

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    VO Conceito Histrico no Qual

    O Livro da Leise BaseiaEu j indiquei o escopo filosfico dO Livro da Lei. Mas assim

    como ele reconcilia uma interpretao impessoal e infinita do Cosmoscom um ponto de vista Egocntrico e prtico, igualmente o faz com a falasobre espao infinito na linguagem de uma Deusa e lida com os deta-lhes sobre comer e beber

    Sejais graciosos portanto: vesti-vos todos em finos trajes; comeis ri-

    cas comidas e bebeis vinhos doces e vinhos que espumam! Tam-bm, tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quan-do, onde e com quem quiserdes! Mas sempre a mim.

    Eu sou a Cobra que concede Conhecimento e Deleite e glria bri-lhante, e agito os coraes dos homens com embriaguez. Para meadorar tomai vinho e drogas estranhas sobre as quais direi ao meu

    profeta e com estas embriagai-vos! Elas no vos causaro dano deforma alguma. uma mentira, esta tolice contra o ser. A exposioda inocncia uma mentira. S forte, homem! desejai, desfrutai de

    todas as coisas de sentido e xtase: no temais que qualquer Deus tenegue por isto., etc.

    no menos do que com a emancipao da humanidade de todasas limitaes sejam quais forem

    Agora, portanto, Eu sou conhecida entre vs pelo meu nome Nuit, epor ele atravs de um nome secreto que Eu lhe darei quando final-mente me conhecer. Uma vez que Eu sou o Espao Infinito e as In-

    finitas Estrelas deste, fazei vs tambm assim. Nada ateis! Que nose faa diferena entre vs e uma coisa e qualquer outra coisa; poisdisto resulta dor.

    assim tambm reconcilia os conceitos cosmolgicos que trans-cendem tempo e espao com um ponto de vista convencional, histrico.Em primeiro lugar, ele anuncia a verdade incondicional, porm em se-gundo lugar cauteloso ao declarar que a frmula mgica (ou sistemade princpios) na qual a parte prtica do Livro est baseada no uma

    verdade absoluta por meio de uma relativa ao tempo terrestre da revela-o ( um ponto forte a favor do Livro o fato de que ele no tem qualquer

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    pretenso de resolver os problemas prticos da humanidade de uma vezpor todas. Ele se contenta em apontar para um estgio na evoluo).

    A histria religiosa tem dois estgios principais. No primeiro, oshomens no sabiam que a interveno do macho era necessria na repro-duo. Mut, o abutre, era adorado como um smbolo da Me do Universo,

    porque supunha-se que o pssaro era fertilizado pelo ar. (Maria, fertiliza-da pelo Esprito Santo spiritus, respirao, o Ruach hebreu, sopro, ar,mente uma outra forma da lenda). Supunha-se que o homem era a cri-ana da me Terra. Tivemos um perodo de gracioso Paganismo primiti-vo. Corresponde ao nascido uma vez na classificao de Wiliam James.Presentemente o homem da medicina, que combinou o sacerdote e o m-dico, descobriu o segredo do sexo, e isso era transmitido em certos mist-

    rios de iniciao. Assim o sacerdote estava apto a realizar milagres emmulheres infrteis. Esta era a principal fonte de sua prosperidade e poder.(Perceba que o sacerdote, para ser efetivo, precisa necessariamente serum herege; sua influncia depende de seu conhecimento de que o culto

    popular tolice).

    O mistrio do sexo se tornou popular. O culto de Isis deu lugar aodo Deus Moribundo. Este estava conectado com a aparente morte do sol,diariamente e anualmente. Lendas de enforcamento, crucificao, apu-nhalamento, etc., formaram os mistrios populares, e os poderes dossacerdotes repousavam sobre o fato de que eles possuam a interpretaoinicitica das fbulas que o vulgo tomava por fatos. Mas quando foi des-coberto que se o gro de trigo, caindo na terra, no morrer, fica ele s;mas se morrer, d muito fruto24depende por sua verdade em uma defini-o hertica de morte, e que o sol no morria, nem no ocaso nem no ou-tono, a analogia com a ressureio do corpo rompe. O poder dos sacer-dotes dependia do argumento Assim como por nossa Magia restauramoso milho morto, o vinho morto, o sol morto, tambm podermos restaurar

    seu marido ou irmo morto; podemos arranjar que voc se encontre comele novamente em um corpo glorificado em um mundo livre do sofrimen-to.

    Eu escrevi como se o sacerdotismo fosse totalmente egosta e de-sonesto. Mas O Livro da Lei, enquanto no nega os fatos, os reconciliacom a viso oposta de que o sacerdote sbio e benevolente, instruindo oignorante pouco a pouco. O Livro uma direo consciente da providn-

    24[Joo 12:24.]

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    cia no curso da evoluo Espiritual. Ele presume a existncia de um cor-po de iniciados comprometidos em zelar pelo bem estar da humanidade ecomunicar a sua prpria sabedoria pouco a pouco conforme a capacidadedo homem para receb-la. O Iniciado est muito bem consciente de que a

    sua instruo ser mal interpretada com malcia, desonestidade e estupi-dez: e, no sendo onipotente, ele tem de relevar a perverso dos seus pre-ceitos. Isso independente do jogo. OLiber I vel Magi25diz para o Ma-gus (aqui definido como o iniciado encarregado com o dever de comuni-car uma nova verdade para a humanidade) sobre o que ele pode esperar.

    Existem muitos instrutores mgicos, mas na histria registrada te-mos escassamente uma dzia de magino sentido tcnico da palavra. Eles

    podem ser reconhecidos pelo fato de que a sua mensagem pode ser for-

    mulada como uma nica palavra, cuja palavra deve ser tal que derrubetodas as crenas e cdigos existentes. Podemos tomar como exemplos aPalavra de Buddha-Anatta (ausncia de um atman ou alma), que deitou oseu machado sobre a raiz da cosmologia, teologia e psicologia Hindu, eque a propsito fez ruir as fundaes do sistema de castas; e certamentede toda moralidade aceita. Maom, novamente, com a simples palavraAllah, fez a mesma coisa com os politesmos, notoriamente pagos oucamuflados como Cristos, do seu perodo.

    Similarmente, Aiwass, expressando a palavra Thelema (com todasas suas implicaes), destri completamente a frmula do Deus Mori-

    bundo26. Thelema implica no meramente numa nova religio, mas numanova cosmologia, uma nova filosofia, uma nova tica. Ela coordena asdescobertas desconexas da cincia, da fsica psicologia, em um sistemacoerente e consistente. Seu propsito to vasto que impossvel atmesmo deixar entrever a universalidade da sua aplicao. Porm a totali-dade da minha Obra, desde o momento da sua manifestao, ilustra al-guma fase da Sua potencialidade, e a estria da minha prpria vida desde

    este perodo no nada mais do que um registro das minhas reaes aEla.

    25{O relato de Crowley do Grau de Magus. Veja O Equincio, vol. I, n. VIIeMagick, p. 423. A sua realizao deste exaltado grau, equivalente quele de Budaou Cristo, descrito no captulo 81 da presente obra.} [Para Liber B vel Magi subfigura I consulte o Apndice VII, p. 653.]

    26{O Deus Morimbundo Cristo; isto significa que Thelema transcende o Cristia-nismo.}

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    Para recapitular a base histrica dO Livro da Lei, deixe-me dizerque a evoluo (dentro da memria humana) apresenta trs grandes pas-sos: (1) a adorao da Me, continuamente reproduzindo-se por sua pr-

    pria virtude; (2) a adorao do Filho, reproduzindo-se por virtude e morte

    e ressureio voluntrios; (3) a adorao da Criana Coroada e Conquis-tadora (o on anunciado por Aiwass e implicado em Sua Palavra, The-lema).

    A teologia egpcia previu este progresso da humanidade e o simbo-lizou na triada de sis, Osris, Hrus. A cerimnia do Nefito da G!D!me preparou para o Novo on27; pois, no Equincio, o oficial que repre-sentou Hrus no Oeste tomou o trono de Osris no Leste28.

    O Livro da Lei cauteloso ao indicar a natureza da frmula impli-cada pela afirmao de que o oficial residente do templo (a Terra) H-rus, a Criana Coroada e Conquistadora. E novamente, a egiptologia e a

    psicologia nos auxiliam a compreender o que est implcito, e qual efeitoesperar, no mundo do pensamento e da ao.

    Hrus vingou seu pai Osris. Ns sabemos que o sol (de fato, todoelemento da natureza) no est sujeito Morte. Ns sabemos que a mu-

    dana (da qual a morte um caso), a primeira condio da vida e daconscincia. Quando dizemos que o sol se ps, ns sabemos que o querealmente aconteceu foi que entramos na sombra do planeta grosseiro so-

    bre o qual rastejamos. Ns sabemos que (dado o sentido competente paraperceb-lo) a luz est por toda parte, exceto onde um tal corpo grosseiromomentaneamente a obstrui. A Natureza uma manifestao de contnuae inextinguvel energia, e toda aparente morte de energia simplesmenteum caso de interrupo momentnea, como as trevas produzidas pela in-terferncia de dois raios de luz. O verdadeiro smbolo da Divindade, pe-

    lo qual ns conhecemos a energia criativa, portanto no nem a me enem o homem, mas a criana.

    Essa criana no meramente um smbolo de crescimento, pormde completa independncia e inocncia moral. Ento ns podemos espe-rar que o Novo on liberte a humanidade da sua pretenso de altrusmo,sua obsesso pelo medo e a sua conscincia de pecado. Ela no possuir

    27

    {Nota do Tradutor: do latim, on (tambm grafado como Aeon ou on), Era.}28[Para o Festival do Equincio da G!D!, consulte o Apndice VIII, p. 678.]

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    conscincia do propsito da sua prpria existncia. No ser possvel per-suadi-la de que ela deva se submeter a padres incompreensveis; ela so-frer com espasmos de paixo transitria; ela ser absurdamente sensvel dor e sofrimento de terror sem sentido; ela ser completamente sem

    conscincia, cruel, desamparada, afetuosa e ambiciosa, sem saber o por-que; ela ser incapaz de raciocinar, e ainda assim ao mesmo tempo serintuitivamente consciente da Verdade. Eu poderia continuar a enumerarindefinidamente os estigmas da psicologia infantil, mas o leitor poderfaz-lo igualmente por si mesmo, e toda ideia que vier a ele como sendocaracterstica de crianas o chocaro, como sendo aplicveis aos eventosda histria desde 1904, da Grande Guerra Proibio. E se ele possuirqualquer capacidade para compreender a linguagem do simbolismo, eleficar estupefato pela justeza e exatido do resumo do esprito do Novo

    on apresentado em O Livro da Lei.

    Eu posso agora salientar que o reinado da Criana Coroada e Con-quistadora est limitado pelo tempo pelo prprio O Livro da Lei. Nssoubemos, III:34, que Hrus ser por sua vez sucedido por Thmaist,Aquela da Dupla Baqueta; Ela que trar os Candidatos plena iniciao,e embora pouco saibamos a respeito das Suas caractersticas peculiares,ns sabemos pelo menos que Seu nome Justia29.

    29[Em seu Comentrio Antigo sobreLiber LegisIII:34, Crowley observou que aps oon de Hrus surgir o Equincio de Maat, a Deusa da Justia. Em seu Coment-rio Novo ele adicionou que aquele da dupla baqueta Thmaist de forma duplaThmais e Thmait, de quem os gregos derivaram sua Themis, Deusa da Justia. O es-tudante pode consultar O Equincio I(2), pgs. 244-261. Thmaist o Hegemon, quesegura um cetro com ponta de mitra. Ele o terceiro oficial no rank do Ritual do

    Nefito da G!D!, seguindo Hrus como Hrus segue Osris. Ele pode ento assumir

    o trono e lugar da Regncia do Templo quando o Equincio de Hrus chega a umfim. Consulte a verso no-resumida do Comentrio Novo aLiber LegisIII:34.

    A passagem em O Templo do Rei Salomoem O Equinciomencionada por Crowleycita material pertencente ao Ritual do Nefito da G.D. Este material est incluso nastranscries de manuscritos preparados por J.F.C. Fuller a partir dos cadernos de Al-lan Bennett, no Harry Ransom Humanities Research Center, Universidade do Texasem Austin. Estes do a ortografia copta, e falam: ela a Deusa !"#$-%[Thmaist] deforma dupla como !"#$-# [Thmais] (mais fogosa) / !"#$-$ [Thmait] (mais fludi-ca). Uma nota (provavelmente de Bennett) observa que S.R.M.D. [S. L. Mathers]diz que !"#$-#contm as letras %&'([as quatro letras hebraicas elementais] e pro-vavelmente a origem do grego )*+,[Themis], a Deusa-Justia. Ela tambm des-crita como a Portador do Cetro de Dupla Sabedoria de -'./[Chokmah], e portanto a

    ponta de mitra dividida em duas, e no fechada, exibindo a manifestao dual da

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    VIA Cosmografia e tica dO Livro

    da LeiS o Nada ,E o Nada um Universo de Bem-aventurana.

    Clouds without Water.30

    intil representar o Universo como Algo, e perguntar quanto sua origem, pois essa origem s pode ser alguma coisa igualmente inex-

    plicvel. Portanto devemos representa-lo como Nada. Mas quando nosperguntamos o que queremos dizer por Nada, percebemos que o Nada ab-soluto deve ser um Nada de nenhum tipo, de nenhum modo, em nenhum

    Sabedoria e da Verdade da mesma forma que no Nome do Hall do Nefito, umareferncia adicional sua natureza como de dupla baqueta.

    A forma de escrita da G.D. de Thmais (transliterada Thm-sh, copta !"#$-#) baseia-se na atribuio da letra coptashai(#) linha 31 da Escala Chave () por sua natu-reza fogosa e desenvolveu uma explicao complexa para a influncia de suas vrias

    formas na rvore da Vida, que confiavam na abrrogada atribuio copta de 0(hori=!), que se tornou"no Novo on; ver nota 143.

    Se a reconstruo proposta das atribuies coptas de Crowley descrita na nota 236 e atabela que segue so aceitas, ento estas trs formas da Deusa correspondem s atri-

    buies coptas das Sephiroth supernas da rvore da Vida com suas pronncias fon-ticas associadas: Kether = %(st), Chokmah = #(shou s) e Binah = $(ttou t). AssimThma-ae-st (copta !"#$-%, Thmaist), com referncia ao Pilar do Meio e influnciade Kether; (b) Thma-sh (copta, !"#$-#, Thmais), mais fogosa devido sua in-fluncia com respeito ao Pilar da Severidade; e (c) Thmaa-ett (copta !"#$-$,Thmait), mais fludica devido sua influncia com respeito ao Pilar da Misericr-

    dia. Tanto na doutrina da G.D. quanto na da A!A!, Chokmah refletida no Pilar daSeveridade, e Binah refletida no Pilar da Misericrdia.

    Em seu Comentrio Novo no-resumido sobreLiber LegisIII:34, Crowley adicionaque a seo rimada deste verso singularmente impressionante e sublime. Podemosobservar que os detalhes do ritual de troca de oficiais so os mesmos em toda ocasio.Portanto podemos deduzir que a descrio se aplica a este prprio Equincio dosDeuses. Como a condio foi cumprida? A introduo aoLivro 4, Parte IV nos diz.Esta introduo se tornou Gnesis Libri AL na Parte IV do presente volume.]30[Nas amostras de reviso do Confissesda Mandrake, o Captulo 50 (ou Estncia50, como Crowley o estilizou) comea aqui. A citao de Crowley, Clouds without

    Water, p. 93. Consulte tambm a nota 122, que discute o uso de Crowley de um epi-grama alemo relacionado para abrir a Parte III.]

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    lugar. Isso logicamente equivalente a algo de algum tipo, algum modo,nalgum lugar; que de fato o Universo como o percebemos. A equaonos confirma ao chamar o Universo de Nada. Mas pode-se perguntar setomamos ou no qualquer passo filosfico verdadeiro ao faz-lo. Eu

    acredito que sim; pois tornamos absurdo inquerir sobre como o Universosurgiu. Aprendemos que o Nada no pode existir. Eu expus bastante emmeuBerashith. O Livro da Leino contradiz aquelas concluses; mas vaimuito alm, estabelecendo uma cosmogonia completa, que combina asmais absurdas ideias metafsicas e matemticas com uma personificaodas mesmas adequada para a mente simples.

    Esta cosmogonia , em vigor, equivalente a uma generalizao dosfatos da cincia. Primeiro ns temos Nuit e Hadit representando os el-

    trons positivo e negativo, os princpios masculino e feminino do I Ching.Em outras palavras, Matria e Movimento. Hadit o centro de uma esferasem limites, e desta forma igualmente qualquer ponto nela. Toda mani-festao se deve combinao de Nuit e Hadit, cada caso particular deHadit, por assim dizer, realizando a si mesmo nas vrias possibilidadesque Nuit representa. Portanto, Hadit o cerne de toda estrela. Todo ho-mem e toda mulher uma estrela. Portanto cada um de ns um acrs-cimo de manifestaes agregadas ao redor de um centro idntico; idnti-co, ou seja, em natureza essencial. Cada estrela difere de qualquer outra

    por posio, de tal forma que novas permutaes constantemente se for-mam. Este sistema tem a vantagem de representar os fatos de forma mui-to adequada. difcil entende-lo a princpio por mtodos puramente inte-lectuais, e difcil explica-lo para as pessoas em geral em termos pura-mente intelectuais, pois a concepo envolve geometria transfinita. Desdeque o Livro foi escrito, no entanto, as concepes matemticas implcitasque naquela poca estavam alm do escopo da matemtica oficial foramformuladas por Cantor e sua escola. Isso me parece uma impressionantetestemunha de Aiwass de que Ele deve ter enunciado um sistema que en-

    volvia a matemtica que na poca ainda era ininteligvel para qualquerpessoa viva, mas que se tornaria nos prximos poucos anos a Chave-mestra das novas Tesourarias.

    Do ponto de vista antropocntrico, a cosmogonia dO Livro da Leinovamente reconcilia as escolas filosficas opostas do idealismo e do rea-lismo; e representa os fatos da Natureza. Pois existe um Universo objeti-vo composto pela soma das infinitas esferas cercando o infinito nmerode centros; ainda que igualmente, o Universo de cada homem a sua

    prpria criao, sendo as consequncias da ao mtua dos diversos as-pectos do tipo de unidade que ele com as diversas possibilidades abertas

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    para ele. Portanto o Universo de cada homem uma seleo nica depossibilidades.

    S h uma objeo a este esquema. Ele no explica a heterogenei-dade. Numa esfera sem limites, os centros so homogneos. Se tivsse-mos uma esfera limitada, seria bvio que as relaes geomtricas de todo

    ponto em um raio com todos os outros pontos na esfera seria diferente. Aprpria objeo supre a soluo. A ideia de Universo de qualquer homem imperfeita limitada. Portanto ele imagina que aquilo que ele chama deUniverso diferente daquele de qualquer outro. Mas conforme o homemadquire mais conhecimento, aumenta o estoque de ideias que ele tem emcomum com outros homens de desenvolvimento semelhante, e ele tende aconsiderar aquelas ideia que o distinguem de seus companheiros como

    irrelevantes. H uma distino delineada muito claramente entre o meubull-terrier e o seu pequins; entre o Jeov dos judeus selvagens e oAmun-Ra do egpcio civilizado. Mas o homem da cincia ou filsofomoderno no se preocupa com ces e divindades, e sua concepo deUniverso, baseada nas coordenadas de incontveis observaes, prati-camente idntica com aquela de qualquer outro homem de semelhante es-clarecimento. A tentativa de distinguir entre duas teorias modernas sem-

    pre tende a ruir. Ernst Hckel era um materialista intolerante, no entantofoi forado a uma teoria monstica que, por outro lado, era conversvel

    em termos de Misticismo definindo-se seus termos e aqueles de seusoponentes mais cuidadosamente, e mesmo o seu Monismo provou ser du-alista porque ele foi compelido a atribuir sua Mnada uma tendncia deexpressar-se como dade. O autor dO Livro da Leiviu tudo isso de fora,e forneceu uma reconciliao e explicao completas de todas as coisas.Pelo estudo do livro, me tornei apto a responder todas as minhas prpriasquestes filosficas: o mais satisfatoriamente, que toda nova descobertana matemtica, qumica e fsica tende a trazer o pensamento cientfico emharmonia com esta revelao.

    Toda cosmografia implica em algum tipo de teoria tica. No pre-sente caso, a harmonia que foi trazida em filosofia entre a perspectiva

    pessoal e impessoal reverberada perfeitamente. O homem concebidocomo se ao mesmo tempo nico, individual e eterno, contrmino como Universo e potencialmente consciente dos fatos, embora tambm con-dicionado, limitado, e responsvel. No momento s estamos preocupadoscom esta ltima concepo, e aqui O Livro da Lei se torna revolucion-rio. Isso porque no tempo e espao o on de Osris foi sucedido pelo de

    Hrus. Uma vez que a Frmula Mgica do on no mais a do DeusMoribundo, mas a da Criana Coroada e Conquistadora, consequente-

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    mente a humanidade dever governar a si mesma. Um ato correto podeser definido como o que executa a Frmula Mgica existente. Os motivosque eram vlidos no on de Osris so hoje pura superstio. Quais eramaqueles motives e sobre qual base eles se apoiaram? O antigo conceito

    era de que o homem nasceu para morrer; que a vida eterna deveria ser ob-tida por um ato mgico, exatamente da mesma forma que o sol tinha deser trazido vida a cada manh pelo sacerdote.

    No h necessidade de desenvolver a tica de Thelema em deta-lhes, pois tudo salta com absoluta lgica a partir do princpio singular,Faze o que tu queres ser o todo da Lei. Ou, colocado de outro modo,No existe lei alm de Faze o que tu queres. E, tu no tens direitoalm de fazer a tua vontade. Esta frmula inevitavelmente salta por si

    mesma a partir do conceito do individual delineado na seo anterior. Apalavra de Pecado Restrio. uma mentira, esta loucura contra oser. A teoria de que todo homem e toda mulher tem cada um atributosdefinidos cuja tendncia, considerada na devida relao ao ambiente, in-dica um curso de ao apropriado em cada caso. Buscar este curso deao realizar a verdadeira vontade do indivduo. Faze isto, e nenhumoutro dir no. O paralelo fsico vlido ainda. Em uma galxia cadaestrela tem a sua prpria magnitude, caractersticas e direo, e a harmo-nia celestial mantida melhor ao se ocupar com sua prpria vida. Nada

    poderia ser mais subversivo para aquela harmonia do que se um nmerode estrelas se estabelecesse num padro uniforme de conduta que insistis-se em todos buscando alcanar a mesma meta, seguindo no mesmo passo,e assim por diante. Mesmo uma simples estrela, ao se recusar a fazer asua prpria vontade, ao se restringir daquela maneira, imediatamente

    produziria desordem.

    Ilustremos com um nico exemplo como as ideias dO Livro daLei, totalmente subversivas como so nossa moralidade aceita, justifi-

    cam a si mesmas imediatamente no senso comum. Tomemos o caso doauto sacrifcio, que estamos acostumados a considerar como o mais altonvel das nobrezas social e tica. Devemos distinguir dois casos.

    No primeiro o homem subordina o seu prprio interesse pelo dacomunidade; como Winkelried31ele recebe quantas lanas austracas fo-

    31{Arnold von Winkelried um heri lendrio do sculo XVI, cuja histria conta que

    para abrir uma brecha na frente inimiga austraca, lanou-se sobre as suas lanas ten-

    tando derrubar quantos soldados fosse possvel, de modo que sua tropa suca pudessepenetrar a barreira. S.R.}

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    rem possveis em seu corao, de modo que os seus colegas possam pene-trar o bosque negro e impenetrvel. Neste caso, ele era um soldado. Erasua Verdadeira Vontade arriscar sua vida pelo seu pas, e sua ao foicomo a das clulas de nossos corpos, que se submetem ao metabolismo

    de modo que a comunidade possa prosperar. A ao de Winkelried foisupremamente egosta, e inteiramente de acordo com a tica de Thelema.

    No segundo caso, ns temos uma ideia sentimental de auto sacrif-cio, o tipo que mais estimado pelo plebeu e a essncia do Cristianismo

    popular. o sacrifcio do forte para o fraco. Isso totalmente contra osprincpios da evoluo. Qualquer nao que faz isto sistematicamentenuma escala suficientemente ampla, simplesmente destri a si mesma. Osacrifcio em vo; os fracos no so nem sequer salvos. Considere a

    ao de Zanoni32ao caminhar para o cadafalso a fim de salvar a sua espo-sa estpida. O gesto foi magnnimo; foi a evidncia da sua prpria cora-gem suprema e sua fora moral; mas se todos agissem por aquele princ-

    pio a raa iria deteriorar e desaparecer.

    Existe aqui um conflito entre moralidade privada e pblica. O sol-dado que corre atravs do bombardeio para ajuntar um colega irremedia-velmente mutilado um heri, sem dvidas; mas ele s um patriota in-diretamente, porque seu esprito no geral um bom exemplo. Mas o hu-manitarismo moderno corre deliberadamente contra a determinao da

    Natureza de eliminar o inapto. Huxley argumentou extensamente sobre aposio emEvoluo e tica, ele mostrou que os nossos esforos em per-turbar o equilbrio da Natureza so necessariamente fteis a longo prazo,e portanto um desperdcio de fora. Ns no deveramos proteger o fracoe o perverso dos resultados de sua inferioridade. Ao fazer assim, ns per-

    petuaremos os elementos de dissoluo no nosso prprio corpo social.Ns deveramos, ao invs disso, auxiliar a natureza sujeitando todo re-cm-chegado aos testes mais rigorosos da sua adequao para lidar com o

    seu ambiente. A raa humana cresceu em estatura e inteligncia enquantoa coragem individual ofereceu segurana, de modo que as pessoas maisfortes e mais hbeis foram capazes de reproduzir o seu tipo dentro dasmelhores condies. Porm quando a segurana se generalizou por meioda operao do altrusmo as mais degeneradas das pessoas muitas vezesforam a prole do mais forte. No havia necessidade para eles de emular asvirtudes de seus avs de modo a manter as posies que eles herdaram. Oaltrusmo do prprio ancestral, ao proteger a sua descendncia da adver-sidade, se tornou a runa de sua raa. Toda a histria humana mostra que

    32{Zanonipor E. G. E. Lytton Bulwer-Lytton.}

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    que a coisa mais gentil que qualquer um pode fazer para qualquer outro no interferir com ele.

    O Livro da Leiconsidera a comiserao como desprezvel. A razo parcialmente indicada no pargrafo acima. Porm, ainda mais, ter penade outro homem insult-lo. Ele tambm uma estrela, una, individuale eterna. O Livro no condena a luta Se ele for um Rei, tu no pode-rs feri-lo. O homem forte descobre o seu irmo em uma pancadaria33.

    H muitas prescries ticas de um carter revolucionrio no Li-vro, mas eles so todos casos particulares do preceito geral de realizar asua prpria Divindade absoluta e agir com a nobreza que se origina da-

    quele conhecimento. Praticamente todos os vcios surgem da falha em fa-zer isso. Por exemplo: a falsidade invariavelmente a filha do medo sobuma forma ou outra.

    Com relao ao que so comumente consideradas ofensas contra amoralidade, os resultados indesejveis muitas vezes observados so devi-dos ao mesmo erro. Homens fortes e bem sucedidos sempre se expressam

    plenamente, e quando eles so suficientemente fortes nenhum mal resultadisso seja para eles prprios ou para os outros. Quando isso ocorre, pra-

    ticamente sempre devido situao artificial acarretada por pessoas que,no tendo nada para fazer com relao sua vida, se intrometem na vidadas outras pessoas. possvel mencionar os casos de Sir Charles Dilke eCharles Steward Parnell. Nada importa a ningum fora do insignifican-temente pequeno crculo dos seus relacionamentos o que estes homensfaziam nas suas vidas privadas, mas a Inglaterra perdeu o seu maior mi-nistro de relaes estrangeiras e a Irlanda o eu maior lder, porque foidescoberto que eles estavam fazendo exatamente o mesmo que pratica-mente todos os demais de sua classe.

    Novamente com relao ao cime pessoal e paixo desajustada,seria demasiado dizer que nove dcimos da misria social no oriunda da

    pobreza surgem destas alucinaes? O Livro da Lei as varrem para forada existncia. No haver direito de propriedade sobre a carne humana.

    Ningum tem o direito de dizer o que qualquer outro dever ou no fazercom o seu prprio corpo. Estabelea este princpio de respeito absoluto

    33[A passagem continuava como Andrew Undershaft diz:, mas a amostra de reviso

    da Mandrake no continha a citao. Undershaft um personagem noMajor Barbara(1905) de George Bernard Shaw.]

  • 7/27/2019 Sobre a Recepcao Do Livro Da Lei

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    pelos outros e todo o pesadelo do sexo ser dissipado. A chantagem e aprostituio perdero automaticamente a sua raison dtre34. A influnciacorrupta da hipocrisia se partir como um junco podre. O suor da labutafeminina banalizada pela prostituio (como diz Bernard Shaw) se torna-

    r impossvel.

    Eu tenho escrito longamente nos anos recentes sobre a tica, tantoquanto sobre os problemas cosmogrficos resolvidos pela Lei de Thele-ma. Eu no preciso aqui me aprofundar ainda mais neles. Mas os eventossubsequentes da minha vida fornecero uma constante ilustrao de comoa cada vez que eu transgredi a Lei, como fiz algumas vezes com aquiloque fui estpido o suficiente para chamar de motivos mais nobres, euacabava entrando em uma confuso e fracassava em beneficiar aqueles

    em nomes dos quais optei por fazer um tolo de mim mesmo35.

    34{Nota do Tradutor: do francs, razo de ser.}35[As amostras de reviso tem uma passagem excluda no manuscrito: Sem mais ne-nhum prembulo, agora eu reimprimo o texto do Livro em fac-smile com uma trans-literao. Uma outra nota orientava a grfica a Imprimir no final, com as coisas do

    L[ivro] 4, pt. IV. Um conjunto encapado de folhas destas amostras de uma porodeste apndice Parte III dAs Confissessobrevive na Yorke Collection, Londres. composto por uma pgina com O Comento, e as 65 pginas do manuscrito dO Li-vro da Lei, com uma transcrio literal datilografada no rodap de cada pgina do fac-smile, paginada de 237 a 301. As amostrar no possuem nenhuma indicao internade que elas formam uma parte dAs Confisses, mas as orientaes de Crowley sobrea Parte III, e o fato de que as amostras esto na distintiva fonte tipogrfica Polyphilustpica da Mandrake, e usada na primeira edio dAs Confisses, as identificam confi-avelmente. Elas provavelmente datam de 1930, mas no catlogo datilografado de ja-neiro de 1951, G.J. Yorke identifica erroneamente estas amostras como uma edioabortiva em 1927 dO Equincio dos Deuses, citada no The Books of the Beast de

    Timothy dArch Smith (2 edio, 1991), pgs. 16, 18-19, onde as amostras so discu-tidas como BL5.]