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Saudações Companheiros e Companheiras! “Quando o ser humano compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções” Sobre o Grupo de Trabalho em Formação Política da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil Esse material visa iniciar o debate em torno da constituição do grupo de trabalho de formação política de nossa federação, caracterizando-o, colocando suas demandas, potencialidades e perspectivas. Não se propõe aqui se aprofundar em questões mais complexas e específicas e sim fornecer elementos para que isso seja feito posteriormente. Ou seja, é um texto que visa iniciar o debate, não findá-lo. 1. Problematização: a formação política dentro da FEAB É conhecido que vivemos um momento de quase completa alienação da base estudantil, fruto principalmente da dominação dos meios de comunicação e do sistema educacional como um todo, incluindo aí a universidade. Nesse cenário observamos que o nível de consciência de nossa base, do estudante comum de agronomia, é muito baixo. A FEAB historicamente cumpriu e cumpre um fundamental trabalho que é o de se inserir no conjunto de seus estudantes carregando as nossas bandeiras e luta e desafiando o senso-comum dominante na universidade. Portanto nos últimos anos experimentamos uma grande diminuição do nível de consciência em geral, tanto na base quanto na militância. Foi parcialmente abandonado o Plano Nacional de Formação – PNF, pela federação, entendendo que esse plano já não cumpria com os desafios conjunturais e estruturais da federação. Ainda assim não houve uma clara proposta da FEAB, seja das suas direções como dela como um todo, que suplantasse o vácuo que deixou o PNF. A Coordenação Nacional de Montes Claros/UFMG iniciou em conjunto com os companheiros da então Nacional da ABEEF, Lavras/UFLA, um processo assessoria da companheira Roberta Transpadini, habitual colaboradora na formação política do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. O debate continuou após a posse de Aracaju/UFS enquanto coordenação nacional e teve como principal fruto o Curso Nacional de Formação Política realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF, em maio de 2009. Esta assessoria auxiliou os então grupos de coordenação nacional a visualizar o conjunto das executivas e entender a complexidade que é trabalhar a formação política no movimento estudantil: Houve no passado uma realidade onde muitos dos estudantes da federação estavam organizados dentro de um instrumento partidário, que fornecia a eles a formação político-teórico. Atualmente vivemos um momento de baixa inserção

Sobre o GT em Formação Política da FEAB

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Saudações Companheiros e Companheiras!

“Quando o ser humano compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e

procurar soluções”

Sobre o Grupo de Trabalho em Formação Política da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil

Esse material visa iniciar o debate em torno da constituição do grupo de trabalho de formação política de nossa federação, caracterizando-o, colocando suas demandas, potencialidades e perspectivas. Não se propõe aqui se aprofundar em questões mais complexas e específicas e sim fornecer elementos para que isso seja feito posteriormente. Ou seja, é um texto que visa iniciar o debate, não findá-lo.

1. Problematização: a formação política dentro da FEABÉ conhecido que vivemos um momento de quase completa alienação da base

estudantil, fruto principalmente da dominação dos meios de comunicação e do sistema educacional como um todo, incluindo aí a universidade. Nesse cenário observamos que o nível de consciência de nossa base, do estudante comum de agronomia, é muito baixo. A FEAB historicamente cumpriu e cumpre um fundamental trabalho que é o de se inserir no conjunto de seus estudantes carregando as nossas bandeiras e luta e desafiando o senso-comum dominante na universidade.

Portanto nos últimos anos experimentamos uma grande diminuição do nível de consciência em geral, tanto na base quanto na militância. Foi parcialmente abandonado o Plano Nacional de Formação – PNF, pela federação, entendendo que esse plano já não cumpria com os desafios conjunturais e estruturais da federação. Ainda assim não houve uma clara proposta da FEAB, seja das suas direções como dela como um todo, que suplantasse o vácuo que deixou o PNF. A Coordenação Nacional de Montes Claros/UFMG iniciou em conjunto com os companheiros da então Nacional da ABEEF, Lavras/UFLA, um processo assessoria da companheira Roberta Transpadini, habitual colaboradora na formação política do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. O debate continuou após a posse de Aracaju/UFS enquanto coordenação nacional e teve como principal fruto o Curso Nacional de Formação Política realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF, em maio de 2009.

Esta assessoria auxiliou os então grupos de coordenação nacional a visualizar o conjunto das executivas e entender a complexidade que é trabalhar a formação política no movimento estudantil:

– Houve no passado uma realidade onde muitos dos estudantes da federação estavam organizados dentro de um instrumento partidário, que fornecia a eles a formação político-teórico. Atualmente vivemos um momento de baixa inserção

dos estudantes em partidos, o que ao mesmo tempo que dificulta a construção política, sobrecarrega a demanda da FEAB por formação.

– Fomos então buscar nos companheiros que contribuem com a formação política dos movimentos sociais da Via Campesina auxílio na construção de nossas próprias ferramentas. O problema disso é que nossa dinâmica de movimento é muito diferente da do movimento social: as gestões de coordenação nacional, responsáveis por pensar a formação política e a executiva como um todo, duram apenas um ano, enquanto nos m.s. ficam por muito mais tempo. Nossa militância é transitória, ou seja é difícil que nossas lideranças se mantenham por mais de dois, três anos dentro da federação, enquanto nos movimentos sociais se mantêm por até mesmo décadas. Isso dificulta a construção de um processo consolidado de formação política.

– Enquanto nos partidos e nos movimentos sociais se pensa a formação à longo prazo, equacionando nisso pontos táticos e estratégicos, visando os objetivos do instrumento político, como realizar essa formação dentro da diversidade da FEAB é uma pergunta essencial. Isso considera também nossos objetivos, ou seja, onde estamos hoje e onde queremos chegar enquanto organização, sendo que o militante formado politicamente, consolidado e com o entendimento da federação permanece pouco mais de um ou dois anos até se formar.

Considerando essa problemática, é de se imaginar que uma Coordenação Nacional, durante um ano, está extremamente aleijada para pensar um programa de formação política. Pode ter sucesso em elaborar um curso pontual, algum espaço reflexivo, porém terá grandes dificuldades em construir um processo contínuo e pensado de formação política. Essa fragilidade se demonstra no fato de que todo esforço em conjunto com a companheira Roberta Transpadini resultou em um curso de formação que contrariamente as expectativas de seus organizadores, foi um fim nele mesmo. Essa fragilidade também se demonstra no fato de que estamos desfalcados da companheira que nos assessorou no passado por problemas pessoais da mesma.

O ideal então seria que tivéssemos uma direção com uma gestão de dois anos ou mais, que pudesse pensar a organização com calma, com espaços de diálogos, etc. Isso na nossa realidade é virtualmente impossível. Qual a alternativa então, de não se perder o debate acumulado pelas antigas coordenações nacionais em torno da formação política? Como fazer com que as futuras coordenações nacionais tenham consigo todo o entendimento das anteriores, possível apenas com a dinâmica de pensar constantemente a federação e suas demandas? Essas de fato são perguntas nada simples, mas que temos que encarar como questão objetiva e necessária dentro da federação.

2. O Grupo de Trabalho

2.1 PropostaA Coordenação Nacional de Curitiba, refletindo em torno disso trouxe para a FEAB

em sua plenária de superintendências de Lavras em setembro de 2009, a proposta da constituição de um Grupo de Trabalho que se debruçasse em cima da questão da formação política. Não se eximindo da responsabilidade de tocar esse processo enquanto direção, os companheiros nos trouxeram que este grupo de trabalho poderia abrir perspectivas interessantes, como aumentar a construção conjunta e participativa da formação política, incluir as antigas coordenações nacionais com o seu acúmulo, ampliar o debate para além da coordenação nacional, enriquecendo o mesmo. Também suprimos o desafio da transitoriedade do movimento estudantil, já que esse Grupo de Trabalho irá continuar a trabalhar ao longo dos anos, de acordo com o interesse da FEAB, com a

dinâmica de companheiros saindo e outros entrando, mas o debate sempre avançando e se mantendo vivo.

2.2 ObjetivoMais importante que a aprovação consensual dessa proposta é a consolidação da

mesma. Para isso deve-se pensar uma dinâmica de funcionamento para o grupo de trabalho para que o mesmo tenha sucesso em sua empreitada. Porém ainda não esclarecemos qual é essa empreitada, ou seja, qual é o objetivo do grupo de trabalho de formação política?

O grupo não pode se limitar em ser apenas um fórum que discuta a federação e suas demandas, apesar dessa reflexão ser importante. Não pode ser apenas uma reunião de militantes sem um norte definido. Então coloquemos aqui quais são os objetivos dessa nova ferramenta ainda em gestação:

a) Discutir a conjuntura da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil; quais são nossos objetivos imediatos, táticos e estratégicos; quais são nossas debilidades e potencialidades a ser exploradas; entender a federação como um todo;

b) Construir um Programa de Formação Política para a FEAB; analisar as últimas experiências de formação política; quais os sucessos e quais os fracassos; correlacionar a formação política aos nossos objetivos táticos e estratégicos;

c) Propor espaços de formação políticas para a FEAB; mesmo durante a construção do Programa de formação, propor espaços que supram nossas necessidades imediatas e constantes de formação política; dar subsídio a iniciativas locais e regionais de formação;

d) Fornecer elaboração teórica sobre formação política e outros temas correlacionados para a FEAB, na forma de cadernos de textos, de documentos isolados, entre outros.

Claramente podemos ver que são objetivos de grande importância e difícil concretização. Não podemos então cair em ilusões do tipo que o Grupo de Trabalho irá suprir todas as nossas debilidades e angústias em torno da formação política e da FEAB como um todo. Importante lembrar que o que determinará o tamanho do sucesso do grupo de trabalho será o próprio grupo de trabalho. É uma ousadia com a qual devemos ter o cuidado de não avaliar prematuramente nem condená-la com expectativas demasiadas. Portanto, devemos procurar alcançar cada um dos pontos apresentados, sem euforia que atropele o processo, nem fatalismos que nos impeçam de avançar.

2.3 ComposiçãoExposto os objetivos do nosso GT de Formação Política, passemos então para

como iremos conduzir os trabalhos do mesmo. Esse grupo deve ser centralizado pela Coordenação Nacional, que coordenará e conduzirá as atividades do mesmo, envolvendo o planejamento e a dinâmica de funcionamento. Isso se deve pois o grupo de Coordenação Nacional está em constante contato com as bases da federação, acompanhando sempre os espaços nacionais e regionais, além de estar presente nos fóruns mais amplos que permitem analisar a conjuntura, como espaços da Via Campesina e do Fórum de Executivas, por exemplo. A Coordenação Nacional irá dividir, de acordo com as demandas e possibilidades essas tarefas com outros militantes.

Deverão compor o grupo, necessariamente um representante de cada CN anterior, a ser indicado pelo próprio grupo de escola ou sugerido pela Coordenação Nacional. Isso é de grande valor para que se enriqueçam as avaliações e se socializem experiências e balanços de períodos anteriores. Somando-se as antigas coordenações nacionais, deverão também outros grupos ou indivíduos que possam enriquecer o grupo de trabalho, seja porque possui maturidade política, ou porque sente que deve contribuir com o grupo.

A inserção desses outros indivíduos fica sob responsabilidade da Coordenação Nacional.

2.4 Funcionamento.Sabendo o que queremos e como iremos construir esse grupo de trabalho, temos

que agora pensar o seu funcionamento, dentro de todas as dificuldades que enfrentamos dentro de nossa realidade de movimento estudantil, como nosso calendário, que impossibilita por exemplo, encontros periódicos desse grupo. Incluindo nessa conta a distância em que estamos nas mais diferentes escolas de agronomia espalhadas pelo país fica difícil imaginar que esse grupo se reunirá com constância.

Ou seja, devemos pensar uma dinâmica de funcionamento para que o grupo funcione mesmo com essas dificuldades. Temos que centrar nossa discussão nos meios de comunicação disponíveis, como correio eletrônico, telefone, conversação via internet, entre outros. Porém não se pode eximir na necessidade de se ter espaços onde nossa militância se encontre fisicamente e discutir com maior propriedade e fluidez. A princípio, aproveitar os espaços nacionais da FEAB já existentes é um possibilidade real. O primeiro de fato irá acontecer no seminário de construção do CONEA em Santa Maria/UFSM.

A continuidade e frequência, além do envolvimento e apropriação das escolas, irá determinar como será o funcionamento de fato, caso contrário, a formação política estará fadada em se centralizar na coordenação nacional, de maneira descontínua e precarizada.

“Só crescemos na ousadia”