SOCIOLOGIA DO AMBIENTE ▪ 2013/2014

Instituto Superior Técnico ▪ engenharia do ambiente

PARTE I

1. A emergência da questão ambiental

2. Sociologia do ambiente: uma proposta de mudança de paradigma

3. Sociologia do ambiente: uma disciplina entre duas abordagens

4. O Conceito de complexo ecológico

PARTE II

Caso prático

PARTE I

ANO MARCOS POLÍTICOS CRISES

1968 Clube de Roma: Os limites do crescimento Meio ambiente é finito e impõe limitações à

atividade económica

1972 Conferência de Estocolmo

1973 Choque petrolífero Confronto com a dependência em

relação aos recursos fósseis

1976 Desastre de Seveso Confronto com a falibilidade

tecnológica

1979 Three Mile Island Confronto com a falibilidade

tecnológica

1984 Desastre de Bhopal

1986 Desastre de Chernobyl

1987 Relatório Bruntland: O Nosso Futuro Comum

1. Emergência da questão ambiental – Década de 70

2. Sociologia do ambiente: uma proposta de mudança paradigmática

Rotura com o «velho» paradigma que moldou a sociologia

Premissas HEP – Paradigma da excecionalidade humana

Sobre os seres humanos

Os homens têm uma herança cultural acumulada à herança genética e são muito diferentes das outras espécies animais.

Sobre os fenómenos sociais

Os fatores sociais (incluindo a tecnologia) são os grandes determinantes das ações humanas.

Sobre o contexto inerente às sociedades

Os ambientes sociais e culturais (incluindo a tecnologia) são os grandes determinantes das ações humanas.

Sobre os constrangimentos às sociedades

A cultura é cumulativa e o progresso tecnológico e social não tem limites, encontrando-se sempre uma solução para os problemas.

http://portugalfotografiaaerea.blogspot.pt/2013/10/salto-de-castro.html

2. Sociologia do ambiente: uma proposta de mudança paradigmática

Proposta de um novo paradigma

Premissas NEP – Novo Paradigma Ecológico

Sobre os seres humanos

Embora possuam características excecionais, os homens encontram-se no meio de muitas outras espécies do planeta, todas elas envolvidas no ecossistema global.

Sobre os fenómenos sociais

As ações humanas são influenciadas pelos fatores sociais e também por intrincadas relações de causa-efeito com a natureza.

Sobre o contexto inerente às sociedades

Os homens vivem e estão dependentes de um ambiente biofísico limitado que provoca fortes constrangimentos às ações humanas.

Sobre os constrangimentos às sociedades

Apesar de aparentemente a criatividade humana e as suas potencialidades superarem os limites da capacidade de carga do planeta, as leis ecológicas devem ser contempladas.

3. Sociologia do ambiente: uma disciplina entre duas abordagens

Abordagem construtivista

Os problemas ambientais no seu estado apenas físico, químico ou biológico não são tidos enquanto tal, e não têm qualquer eco social, enquanto não se produzir qualquer comunicação sobre isso.

Atitudes e representações sobre a questão ambiental. Que fatores que interferem no

grau de consciencialização social para os problemas ambientais?

Movimentos ambientalistas. Que fatores impulsionam a sua emergência? Que estratégias utilizam para influenciar a política pública e que efeitos é que essas estratégias têm?

Media e ciência. Que papel têm os media em gerar atenção societal para a questão ambiental? Que papel tem a ciência em gerar interesse societal para a questão ambiental?

3. Sociologia do ambiente: uma disciplina entre duas abordagens

Abordagem realista

Os problemas ambientais existem independentemente da perceção societal sobre os mesmos. São o produto da relação entre as sociedades humanas e a natureza, ou os meios físicos e biológicos de que dependem as sociedades.

Relação sociedade-ambiente. Construção de modelos que permitam compreender a relação de moldagem mútua entre, por um lado, o meio físico e, por outro, a estrutura e a ação social.

Que causas societais?

Que impactes?

Que respostas societais para os problemas?

Complexo ecológico

Repositório de resíduos

Waste repository

Depósito de recursos

Supply depot

Habitat

Living space

Causas societais

Impactos societais

Local global

Como é que as atividades humanas estão a afetar a “capacidade de carga” dos ecossistemas para exercer as funções de “depósito de recursos”, “habitat” e “repositório de resíduos”?

3. As três funções dos ecossistemas (Dunlap, 2000)

Ambiente construído**

Ambiente social*

Ambiente modificado***

Ambiente natural****

População

Tecnologia

cultura Estrutura social

Indivíduo

4. O conceito de complexo ecológico

*relações sociais

**Casas, cidades, sistemas viários

***Aspetos do ambiente biofísico modificados pela ação humana ****Condições ambientais não modificadas pela ação humana

População

Tecnologia****

Cultura** Estrutura social*

Indivíduo***

Ambiente social

Ambiente construído

Ambiente modificado

Ambiente natural

*Instituições e sistemas de regras partilhados que regulam a ação humana dos indivíduos e a sua relação com o meio físico

**Sistemas partilhados de valores e crenças

***Agentes coletivos e individuais

***Artefactos físicos

Repositório de resíduos

Waste repository

Depósito de recursos

Supply depot

Habitat

Living space

PARTE II

Caso prático

População

Tecnologia

Cultura Estrutura social

Indivíduo

Ambiente social

Ambiente construído

Ambiente modificado

Ambiente natural

Tipologia de sistemas tecnológicos

INTERATIVIDADE

Grau de interação entre componentes

INTERLIGAÇÃO

Grau de interligação entre componentes

Linear Cada componente ou sub-sistema cumpre uma só função ou finalidade, numa sequência linear e visível de etapas.

Complexa Cada componente ou sub-sistema cumpre mais do que uma função em simultâneo.

Apertada Funcionamento do sistema tecnológico obriga a uma forte interdependência entre as componentes que lhe dão corpo. Inoperacionalidade de uma das componentes favorece disrupções em cadeia.

Folgada Funcionamento do sistema tecnológico assenta na performance mais ou menos autónoma das suas componentes. Inoperacionalidade de uma das componentes não afeta necessariamente a performance do sistema.

Tipologia de acidentes tecnológicos

Falha de componente (component failure accident)

Acidente causado por um conjunto de falhas, em interação umas com as outras, já prognosticadas por quem desenhou ou opera no sistema;

Acidente do tipo sistémico (system accident)

Acidente causado por um conjunto de falhas, em interação umas com as outras não-prognosticadas e que excedem as capacidades dos dispositivos de segurança pré-existentes.

Barragens

Sistemas tecnológicos de interação linear e de interligação apertada

O que é que o acidente de Grand Teton ilustra?

Multicausalidade. Desastres são o produto de múltiplas causas ambientais, tecnológicas e humanas

Sinais de ameaça. Desastres dão, com frequências, sinais de que algo mais grave e disruptivo poderá ocorrer.

Atenuação social do risco. Atitude corporizada da desqualificação social do risco. É comum entre leigos e peritos sobretudo em face de riscos de baixa probabilidade de ocorrência e de elevado potencial catastrófico.

Sobreconfiança técnica na infalibilidade da tecnologia. Desqualificação social do risco alimenta-se, com frequência, num excesso de confiança na tecnologia, influenciando o processo decisório.

5 Junho 1976

rotura da barragem devido a um problema

de erosão interna, causada por uma

brecha

3 Junho 1976

fugas de água sem detritos de terra

detetadas a jusante da barragem

albufeira quase cheia

Comportas inoperacionais

Dezembro

1975

Monitorização das águas subterrâneas revela fugas de água superior ao previsto

aumento da velocidade de

enchimento da albufeira

Novembro 1975

Barragem concluída

Início do primeiro

enchimento

1973

Grandes fissuras detetadas na

extremidade direita da barragem

Injeção de betão apenas nalgumas

1970

Geólogo do Bureau de Reclamation descobre que a encosta onde a

barragem iria ser construída encontrava

cheia de fissuras

1972

Geólogos do U.S. Geological Survey

manifestam preocupação: área

com atividade sismica