Sociologia, uma introdução

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Aula de 09 de maio

Numa era de extremo individualismo, decisivo ressaltar a importncia do convvio social bem como de conhec-lo melhor: eu sou eu e minhas circunstncias; se no salvo minhas circunstncias, no salvo a mim mesmo (Ortega y Gasset).

Por que ler os clssicos: criao de perspectivas para uma leitura crtica e um modo prprio de apoderar-se dela Marx: anlise da emergncia do capitalismo, da luta de classes e a proposta de uma revoluo comunista; Durkheim: dotar a sociologia de um mtodo de investigao e compreender o equilbrio social;Weber: a racionalizao do mundo e a reforma protestante como produtora de uma nova tica de acordo com o esprito do capitalismo nascente.

Socializao/educao: papel da cincia introjetar a dvida relativamente ao senso comum (noes recebidas): pr em questo a nossa cultura: no percebemos que a nossa maneira de ver, agir e sentir resposta a um hbito cuja origem desconhecemos (10) pensar o impensado!Santo Agostinho: O hbito uma segunda natureza.

A natureza no uma totalidade sistmica, mas uma coleo de acasos singulares, aos quais a imaginao, pelo mecanismo de associao de ideias e pelo hbito formado na experincia, confere sentido e finalidade. Na vida social, a imaginao sobrepe, ao fluxo de impresses desconexas que afetam a mente, uma totalidade esquemtica constituda de modelos estveis de meios e fins, de causas e efeitos, padres de conjuno constante que simulam regularidade no apenas nas relaes humanas como tambm nos processos da natureza. O hbito uma segunda natureza sob o efeito da qual supomos tanto a continuidade dos processos gerais da existncia social e natural as leis de hoje sero vlidas amanh, o sol nascer amanh como hoje quanto a durao de nossa prpria vida (VALADARES, 2009, p. 267).

Crtica da soberania do sujeito (filosofia iluminista)Trecho sobre Freud (CARMO, 2007, p. 11):

Sculo XIX: investigao dos fenmenos sociais carter cientficoHomem: animal social (Aristteles)No vivemos no isolamento, pois a sociedade precede a todos ns (CARMO, 2007, p. 14).A vida humana s existe como vida coletiva. O indivduo isolado, como Robinson Cruso, s existe na fico. A prpria sobrevivncia depende do processo de socializao (id., p. 15).

Socializao O conjunto de hbitos, valores, atitudes e impulsos de cada indivduo , pois, mais adquirido socialmente do que herdado biologicamente (id., p. 13).

A emergncia da Sociologia, como cincia, est subordinada a um contexto especfico enquanto condies de possibilidade (base emprica) questes sociais (conflitos sociais, processos de identidade, consumo, trabalho, etc.). Cincia teraputica (modelo mdico) intervenes no corpo social (tratamento dos problemas sociais do mundo moderno)A reflexo das cincias sociais ajudam a compreender a sociedade contempornea em sua complexidade a partir de uma pluralidade de chaves interpretativasRelao entre reflexo terica (saber) e prticas de reivindicao dos movimentos sociais (poltica) problemas de justia social

ModernidadeRevoluo industrial: usinas, fbricas, indstrias, trabalhadores (proletariado p/ Marx), patres (burguesia/capitalistas), luta de classes Conhecimento sociolgico = transformar e reformar a sociedade frente ao desemprego, crime, suicdio, afrouxamento da moral, perda da coeso familiar, luta de classes, etc, problemas que a ameaavam.Indivduo = efeito, e no fundamento, do mundo moderno, como dizia o liberalismo.Sociedade > indivduo Sociologia = explicar as estruturas sociais e compreender as representaes que os indivduos fazem de suas relaes sociais.

No a conscincia do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrrio, o seu ser social que lhe determina a conscincia (Karl Marx) recusa de uma explicao psicologizante, hegemnica poca, bem como aos diversos determinismos: biolgico, segundo as quais a raa determinaria a capacidade intelectual e moral dos indivduos, o que explicaria, de forma naturalizante, as desigualdades sociais; climtico, segundo a qual o meio geogrfico e climtico explicaria tais variaes a condio gentica e o habitat determinaria a conformao dos indivduos.Mtodos iniciais fsica e biologia, sobretudo biologiaPsicologia/Economia intenes, motivos e interesses, geralmente conscientes (individualismo metodolgico)Sociologia: explicaes funcionais da biologia, organismo vivo (sociedade > indivduo), e no a partir da conscincia ou dos interesses individuais, j que estes encontram-se subordinados a uma dada cultura:[...] todo indivduo histrico est arraigado, de modo logicamente necessrio, em ideias de valor (WEBER, p. 131).

Primado das instituies sociais sobre os indivduos socializao, educao, etc.: A influncia indireta das relaes sociais, das instituies e dos agrupamentos humanos, submetidos presso de interesses materiais, estende-se por todos os domnios da cultura. Sem exceo, at mesmo nos mais delicados matizes do sentimento religioso e esttico (WEBER, p. 119). Impacto da teoria da evoluo de C. Darwin leis que regem a evoluo das sociedades: linear, do simples ao complexo, da chamar as sociedades diferentes da nossa como primitivas (primeiras).Critrios axiolgicos de base Cada valorao de uma vontade alheia s pode ser uma crtica a partir da prpria cosmoviso, [...] com base no ideal da prpria pessoa (WEBER, p. 115). no se trata de negar a liberdade individual, mas de destacar que estas so geradas a partir de estruturas sociais, de uma dada cultura:O conceito de cultura um conceito de valor. A realidade emprica cultura para ns porque e na medida em que a relacionamos com ideias de valor. Ela abrange aqueles e somente aqueles componentes da realidade que atravs desta relao tornam-se significativo para ns. Uma parcela nfima da realidade individual que observamos em cada caso matizada pela ao do nosso interesse condicionado por essas ideias de valor [...]. E somente por isso, e na medida em que isso ocorre, interessa-nos conhecer [...] (WEBER, p. 127).PerspectivismoDistintamente dos objetos das chamadas cincias da natureza (botnica, por exemplo), os objetos das cincias sociais no so dados a priori da realidade concreta, mas so recortes de certos fenmenos, [...] precisamente aqueles que conferimos uma significao geral para a cultura [...] (WEBER, p. 129). No uma coisa, no sentido lato do termo:[...] a comprovao desta significao que constitui a premissa para que algo se converta em objeto de anlise (WEBER, p. 127). No podemos, portanto, falar de significado e sentido fora do contexto social e histrico em que eles so utilizados (GUIMARES, 2009, p. 13).

Referncias bibliogrficas:ALMEIDA, H. B. de; SZWAKO, J. E. Apresentao In: _____ (Orgs.). Diferenas, igualdade. So Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009, p. 6-9.CARMO, P. S. do. Sociologia e sociedade ps-industrial. So Paulo: Paulus, 2007.GUIMARES, A. S. A. Introduo In: ALMEIDA, H. B. de; SZWAKO, J. E. (Orgs.). Diferenas, igualdade. So Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009, p. 10-19.VALADARES, A. A. A teoria da causalidade imaginria na filosofia de Hume. Kriterion, Belo Horizonte, n 119, Jun/2009, p. 251-268. Disponvel em: . WEBER, M. A objetividade do conhecimento na Cincia Social e na Cincia Poltica In: _____. Metodologia das Cincias Sociais (1). Trad: Augustin Wernet. So Paulo/Campinas: Cortez/Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1992, p. 107-154.