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DISCURSO DO EX.mo SR. MINISTRO OSCAR SARAN A, PRESIDENTE DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL, NO ATO DE INSTALAÇÃO

DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Sinto-me profundamente desvanecido por participar, com meus ilustres colegas do Conselho da Justiça Federal, desta cerimônia da instalação da Seção da Justiça Federal de Primeira Instância, no Estado de São Paulo, e de presidi-la na qualidade de presidente dêsse Egrégio Conselho, órgão do Tribunal Federal de Recursos.

Agradeço à boa Providência o haver permitido que essa honra me cou­besse, a mim que sou filho dêste grande Estado brasileiro e que, em minha judicatura nesse Egrégio Tribunal, sempre pugnei pelo restabelecimento da Justiça Federal de Primeira Instância.

E é, também, com justa ufania que me permito assinalar que partiu do Tribunal Federal de Recursos a primeira iniciativa dêsse restabelecimento, quando, em maio de 1965, dirigiu essa Côrte, ao então Ministro da Justiça, o eminente Senador Milton Campos, representação sôbre o funcionamento da Justiça Federal, encarecendo, a um só tempo, a necessidade do aumento do número de seus Juízes e a do restabelecimento da Justiça da União, em sua Primeira Instância.

Salientamos, então, que a experiência da prática judiciária, desde 1937, quando foi suprimida essa Justiça, não era favorável ao sistema que na Carta de 1937 prevalecera e recomendava, antes, o seu restabelecimnto.

E assim o fizemos, não só pela verificação quotidiana das causas sujeitas ao nosso pronunciamento, como ainda apoiados nas lições de dois eminentes mestres, a do insigne estadista Campos Salles, e a do eminente magistrado Castro Nunes.

Dissera Campos Salles, na exposição de motivos que precedeu o Decreto n9 848, de II de outubro de 1890, ato que logo nos albores da República, criou a Justiça Federal:

"O organismo judiciário no sistema federativo, sistema que repousa es­sencialmente sôbre a existência de duas soberanias na tríplice esfera do poder público, exige, para o seu regular funcionamento, uma de­marcação clara e positiva, traçando os limites entre a jurisdição federal e a dos Estados, de tal sorte que o domínio legítimo de cada uma destas soberanias seja rigorosamente mantido e reciprocamente res­peitado."

De Castro Nunes invocamos a afirmativa de que: "O sistema republicano-federal é, de sua essência, dualista. Há a com­petência federal e a competência estadual. E na prática elas podem colidir. Ora, as controvérsias daí resultantes. precisam ser dirimidas, para o regular funcionamento do regime. Mas por quem? Por auto-

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ridade estadual é visto que não, pois esta tem sua jurisdição circuns­crita aos limites e ínterêsses do Estado respectivo. E assim, não obri­gando aos outros a solução dada pela justiça de um dêles, a conse­qüência seria reinar nas decisões variedade e desacôrdo, incompa­tíveis com a índole do direito federal, o qual deve ser uno e reger su­perior e igualmente, sem distinção, todos os Estados.

De necessidade, pois, há de a solução ser dada por autoridade federal. E é lógico que o seja pela judiciária."

E permito-me recomendar aos estudiosos e futuros historiadores da Justiça Federal, a leitura, a êsse propósito, da exposição gue consta da Revista do Tribunal Federal de Recursos n9 6, de abril a junho de 1965, página 259.

O Ato Institucional n9 2, de 27 de outubro de 196.5, como sabemos, resta­beleceu a magistratura federal de Primeira Instância. Sob a sua vigência, e para dar execução a seus preceitos, foi eÀ7edida a Lei n9 5.010, de 30 de maio de 1966, cujo anteprojeto tive a honra de preparar, juntamente com o ilustre jurista e magistrado paulista, o Dr. Hely Lopes Meirelles, e o jovem e ilus­trado jurista, hoje magistrado no Estado da Guanabara, Dr. Francisco Caval­canti Horta.

A seguir, participamos da Comissão elaboradora do projeto final, formada ainda pelo então Procurador-Geral da República, o ilusu·e Professor Alcino de Paula Salazar, e pelo eminente advogado Dr. Nehemias Gueiros.

A êsse tempo, ocupava a Pasta da Justiça o Embaixador Juracy Magalhães. Terminado que foi nosso trabalho, entregamo-lo ao Eminente Presidente da Re­pública, o saudoso Marechal Castello Branco, que, em todo o seu curso, muito o prestigiou e ao seu ilustre Ministro da Justiça, já então o Senador Mem de Sá, que hoje nos honra com a sua presença, e que se incumbiu de revê-lo e de encaminhá-lo, em Mensagem ao Congresso Nacional, Mensagem essa que se consubstanciou na Lei n9 5.010, de 30 de maio de 1966.

Esta lei atribuiu a implantação do nôvo aparelhamento judiciálio ao Tri­bunal Federa! de Recursos, por intermédio de órgão especial que nêle criou, o Conselho da Justiça Federal. O nôvo Diploma Constitucional, de 24 de janeiro de 1967, veio consolidar a iniciativa do Ato Institucional, e assegurar o funcio­namento da Justiça Federal de Primeira Instância, tal qual fôra restabelecida.

Nomeados seus Juízes, em março de 1967, iniciou o Conselho da Justiça Fe­deral seus trabalhos de implantação, faltando hoje para terminá-los a insta­lação das Seções Judiciárias nos Estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, Paraná - esta a ser instalada em breves dias -, Mato Grosso, e nos Territórios. Não obstante, com a presente instalação a que hoje temos a honra de proceder, podemos, sem dúvida, considerar que chegamos ao coroamento da árdua obra empreendida, pôsto que nesta Seção se concentra o maior movimento judiciário da União.

Feito ó3te relato, que julguei devido para que possa constar, ad perpetuam, dos anais de nossa História Judiciária, devo encarecer a importância crescente e a magnitude da tarefa com que se defronta a Justiça Federal.

É de Bryce o conceito de que "não há melhor critério de apreciação da excelência de um govêrno do que o da eficiência de seu sistema judicial"

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(Modem Democracies, vol. II, pág. 421). E em nossos dias, em que o rit­mo das transformações sociais se acelera vertiginosamente, urge dar à Justiça formas e regras de funcionamento capazes de atender ao "estado de mudança" em que vivemos, para usarmos a frase de Servan-Schreiber, em seu atualíssimo "Desafio Americano". Constatamos, para pesar nosso, que essa necessidade não é reconhecida como seria mister, e que tanto em suas normas processuais, como em seu aparelhamento, os órgãos do Poder judiciário, como existentes, não atendem a êsses urgentes reclamos. O processo carece de uma reforma de fon en comble em que se expurguem praxes anacrônicas, e recursos excessivos e intermináveis, que fazem com que a tramitação de uma causa, muitas vêzes de insignificante alcance, ou de urgência manifesta, se dilate por anos a fio. Ainda é atual a observação de Shakespeare, no monólogo de Hamlet, quando alinha entre os males que afligem os homens as demoras da lei - The law's delays. E cumpre reconhecer que o processo trabalhista está a minish·ar ao procedi­mento civil - que prevalece no âmbito federal - lições e experiências dignas de serem aproveitadas.

O Estado, cada vez mais, amplia suas atividades, e essa ampliação se faz sentir entre nós com intensidade maior no setor federal. Basta que consideremos a crescente intervenção econômica e social do Estado, qualquer que seja o seu regime político, para que possamos aferir as conseqüências dessa expansão no aparelhamento judiciário federal brasileiro.

Por outro lado, os regimes democráticos têm no Poder Judiciário o órgão competente para resguardar os direitos individuais que proclamam. Já Mon­tesquieu afirmara, no Século XVIII, que não pode haver garantia da liberdade sem um Judiciário capaz de assegurá-la.

E hoje, em que não está apenas em causa a liberdade dos cidadãos, mas a soma dos direitos sociais que as Constituições modernas reconhecem como essenciais à existência de todos os homens, mais do que nunca urge propor­cionar ao Poder que os garante plena capacidade para o desempenho dessa função, indispensável ao Estado Democrático.

À luz dessas necessidades, o organismo que ora se instala, forçoso é re­conhecer, apresenta-se ainda incipiente e limitado. Devemos crer, porém, e esperar, que a Justiça Federal de Primeira Instância venha a ser ampliada e representada por seus Juízes, não apenas nas Capitais dos Estados e Ter­ritórios, mas em tôdas as localidades onde se congreguem largas populações, e nas quais a ação da União Federal se manifeste com maior intensidade.

Ainda uma vez, invocamos o exemplo da Justiça do Trabalho, com as suas Juntas de Conciliação e Julgamento e seus Tribunais Regionais, ,dissemi­nados por todo o território nacional. E no que tange a esta Seção, já se fazem ouvir as solicitações de centros como Santos e Campinas pela criação de órgãos judiciários federais.

Formulando os votes para que assim suceda, devo felicitar os Juízes desta Seção c, em particular, o Presidente da sua Comissào de Instalação, o Juiz da P. Vara, o Exm9 Sr. Dr. Luiz Rondon Teixeira de Magalhães, pel03 esforços empregados em sobrepujar as inúmeras dificuldades materiais que bem conhecemos, e pelos resultados alcançados, que se concretizam nesta sóbria c bela instalação, condizente com a majestade da Justiça e com a dignidade de seus tribunais.

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E êsses louvores se devem estender, respeitosamente, ao Ex.mo Sr. Presidente da República, e aos ilustres Ministros da Justiça e da Fazenda, pelo muito que concorreram, com a sua boa-vontade, e com o seu alto prestígio, para que tais resultados fôssem obtidos.

Agradecimentos também são devidos ao Congresso Nacional, que concedeu o crédito especial destinado à aquisição dêste valioso edifício, que em boa hora recebe o nome de "Forum Pedro Lessa". Na História do Direito Federal, o vulto dêsse eminente jurista - que antes de pertencer ao Egrégio Supremo Tri­bunal Federal foi Juiz do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e Pro­fessor da Faculdade de Direito desta Capital -, emerge no primeiro plano, como um dos mais autorizados intérpretes, e divulgador pioneiro dêsse Direito, quer em sua obra clássica Do Poder ]udiciáTio, quer nos seus luminosos votos na Suprema Côrte do País. A memória de Pedro Lessa, ao lado dos nomes de Ruy Barbosa, Lafayette e João Mendes, estava, sem dúvida, a reclamar a perpetuação no pórtico de uma Casa destinada à prática da Justiça, e à apli­cação do Direito Federal.

Por fim, cumpro ainda o dever de agradecer ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - por seu eminente presidente e demais ilustres mem­bros -, a generosa acolhida dada aos Juízes desta Seção, e aos seus Serviços Auxiliares, no curso de todo o período dos seus b'abalhos de instalação. Tal acolhida seria, aliás, de esperar, nesta terra onde a fidalguia das atitudes não é virtude excepcional, mas prática corrente.

Meus Senhores.

Declaro instalada, na Seção Judiciária do Estado de São Paulo, a Justiça Federal de Primeira Instância.

Cometo aos seus Juízes, em sua plenitude, as atribuições e os podêres que a Constituição e as leis federais lhes conferem.

E conforme à Constituição, invoco para o seu bom e exato exercício a proteção Divina.

DISCURSO DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS, EX.mo SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA, NA CERIMÔNIA DE

INAUGURAÇÃO DO EDIFÍCIO-SEDE DO TRIBUNAL

Os estudiosos das ciências sociais assinalam, desde os períodos ,mais re­motos, como uma das principais razões da existência do Estado, surgida dentre as populações primitivas, e à medida que estas evoluiam para as primeiras ci­dades, a necessidade da existência de magistrados, que dirimissem os litígios ocorrentes dentre seus membros, e para a imposição de penas aos transgressores de suas leis e de seus costumes.

E tão sagradas eram essas funções, exercidas em nome da divindade, que juízes e sacerdotes se confundiam. É o que lemos, aliás, no Velho Testamento, no Livro dos Juízes, também Sumos Sacerdotes.

Somente com o correr dos tempos é que as funções se diferenciaram, e, em Roma, da qual recebemos nossas instituições jurídicas básicas, vemos surgir as

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primeiras magistraturas CIVIS e singulares na figura do Pretor, incumbido de aplicar a lei, e investido de honras e prerrogativas consulares.

Mas, pelo fato de ser coletiva na Grécia, a imposição da lei fazia-se a judicatura na praça pública, e a céu aberto - na Agora -, como também em Roma, no Forum, embora neste tivessem os Pretores seus pavilhões, em que p.is­h'ibuiam justiça. Por isso, das duas grandes civilizações ocidentais recebemos, como legados arquitetônicos, seus templos, mas nenhum pretório. pa Idade Média, dominada pela sua profunda fé cristã, foram-nos legadas maravilhosas catedrais góticas; mas, no tocante à Justiça, restou-nos apenas a h'adição co­movente do bom São Luís, Rei de França, distribuindo-a a seus súditos à sombra de um carvalho.

Somente no Século XIX, com a vitória do constitucionalismo formal, nas­cido nos fins do Século XVIII na jovem nação norte-americana, e na França Revolucionária, é que a idéia da separação dos Podêres veio .trazer, como con­seqüência, a edificação de Palácios da Justiça, dos quais podemos apontar, como exemplos, os de Paris e o de Bruxelas, .aquêle vizinhando com a Notre Dame, na Ilha de São Luís, em pleno coração da velha metrópole, e êste do­minando tôda a cidade. Também em Washington, o palácio da Côrte Suprema dos Estados Unidos destaca-se numa das principais artérias, com sua bela co­lunata grega.

No Brasil, proclamada a República, cuidou o Govêrno Federal de dar sede condigna ao Supremo Tribunal, que a Constituição de 1891 colocara na cúpula do Poder Judiciário, dedicando-lhe o edifício de linhas nobres que ainda hoje embeleza a Avenida Rio Branco, na antiga Capital Federal, e onde se acha agora instalada a Justiça Federal de 1<). Instância da Seção do Estado da Guanabara. A seu turno, o Tribunal Federal de Recursos, criado em cum­primento aos preceitos da Constituição de 1946, foi condignamente instalado no belo edifício do antigo Pavilhão Britânico, da Exposição Internacional COIDf>­

morativa do Centenário de nossa Independência, e que fôra doado ao Brasil pelo Govêrno de Sua Majestade. E foi patrono de sua instalação e da inaugu­ração dessa imponente sede, realizada na administração de seu primeiro pre­sidente, o ilustre Ministro Afrânio Antônio da Costa, o eminente Presidente da República, ° Sr. Marechal Eurico Gaspar Dutra, que, por motivos de saúde, não pôde comparecer a esta cerimônia, mas que está presente em nossa grata lembrança, e no bronze que ornamenta êste salão.

Dêsse nobre edifício, viemos como pioneiros da primeira hora, para a Nova Capital, e neste mês de junho de 1960, realizou o Tribunal Federal de Recursos, sob a segunda presidência do Ministro Afrânio Antônio da Costa, sua primeira Sessão na sede provisória, que ainda ocupamos, e da qual nos deveremos mudar, para êste edifício, sua sede definitiva, logo que se inicie o recesso das férias ju­diciárias dos Tribunais Superiores, no próximo mês de jUll10.

Mas agora, que tal mudança tem início simbolicamente, com êste ato inau­gural, é o momento de agradecermos aos Podêres Executivo e Legislativo, cujos altos representantes nos honram com a sua presença; ao Sr. Prefeito do Distrito Federal e ao SI'. Superintendente da Novacap, tôda a atenção, todo o prestígio e tôda a colaboração que deram ao Tribunal, e que tornou possível a sua inau­guração, a primeira dentre a dos edifícios que participam do conjunto monu­mental desta Capital incomparável que é Brasília, e que traduz, na prática e na

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realidade arquitetônica, o respeito que merecem os altos Tribunais da República. E ocorre, a êsse propósito; uma circunstância impar que desejo assinalar, como prova evidente e tangível de nossas instituições políticas democráticas. Assim é que, no delineio da nova Capital, seus ilustres planejadores e arquitetos obser­varam à risca a teoria de Montesquieu, e colocaram, na Praça apropriadamente denominada ''Dos TrêsPodêres", lado a lado, os edifícios sede dos Três Podêres da República, os do Legislativo, o do Executivo e o do Judiciário, êste repre­sentado pela Côrte Suprema da Federação, o Supremo Tribunal Federal. E para completar a instalação do Judiciário Federal, foi reservada esta Praça, a "Praça dos Tribunais Superiores", onde terão sede as últimas Instâncias da Jus­tiça Federal, da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho.

Reunir-se-ão, em um só local, tôdas as sedes da Justiça da União e das manifestações dessa Justiça, em seus aspectos cívico, militar, político e social.

No que conceme ao Tribunal Federal de Recursos, ao qual, pro brevitate, limito minhas referências, direi que nêle se realiza, em tôda sua exatidão, a .ob­servação de Burke, a de que "a judicatura é algo de eÀ'terior ao próprio Estado". Em seu Pretório, a União, sob seus aspectos de Administração Federal, iguala-se ao homem comum, e a ambos, sem distinguí-los, o Tribunal procura fazer Jus­tiça, ao mesmo tempo que resguarda a unidade da interpretação e da aplicação do Direito Federal. Acentue-se que, já agora, êsse Direito é aplicado, em Pri­meira Instância, pela Magistratura Federal, e que dentre as tarefas do Tribunal compreendem-se aquelas que, no regime judiciário anterior a 1946, cabiam ao Supremo Tribunal, as de ser o órgão de Segunda Instância dessa Magistratura, o fiscal de seu fiel exercício, e o unificador de sua jurisprudência. Ao Tribunal Federal de Recursos foi cometido e por êle cumprido o árduo, mas honroso en­cargo de instalar, em todo o território brasileiro, essa nova Magistratura Federal. E aqui vemos, com satisfação, vários dentre seu ilustres titulares a prestigiarem esta cerimônia. Sob êsse aspecto, saliento que o Tribunal Federal de Recursos, no campo judiciário, se constitui em uma das mais seguras garantias da uni­dade nacional. E nesta inauguração de sua nova sede, coincidente com o mo­mento em que a Revolução ,reexamina a estrutura política da Nação, para melhor adaptá-la às realidades brasileiras, devemos ver, no simbolismo dêsse ato, a necessidade indeclinável da modernização do aparelhamento judiciário do País, para expungí-lo dos arcaísmos de que ainda padece.

Permitam-me, agora, os ilustres convidados e ouvintes, que eu diga algumas palavras sôbre o edifício que inauguramos. Seu planejamento se fêz sob a presi­dência de nosso ilustre colega, Minisb."o Armando Sampaio Costa, e o lança­mento de sua pedra fundamental na do colega eminente que nos dá o prazer de sua presença, o ilustre Ministro José Thomaz da Cunha Vasconcellos Fillio.

As obras de edificação tiveram início e grande impulso sob a presidência do meu caro e eminente colega Ministro Godoy Ilha, cabendo-me o encargo de atender ao seu término e a satisfação de presidir a esta inauguração, embora restem ainda certos serviços finais de conclusão, e os de sua mudança, que ficam aos cuidados do meu eminente sucessor, já eleito, o Ministro Amarílio Benjamin. Trata-se, pois, de trabalho coletivo, como soem ser os bons tra­balhos b.umanos, e dos créditos de sua realização devemos todos participar, jun­tamente com alguns funcionários dedicados do Tribunal, sôbre cujos ombros pesou a parte mais gravosa dêsses encargos. '

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À Novacap, êsse eficiente órgão de execução urbanística de Brasília, incum­biram os encargos de administração das obras, realizadas em duas etapas pelas emprêsas Construtora Rabello S.A. e Ribeiro Franco S.A. Ao arquiteto Hermano Montenegro devemos a parte arquitetônica e artística dêste belo edi­fício. Dêle direi que ,não obstante suas linhas modernas que se destinam ao século futuro, êle sugere, em sua solidez retangular, um antigo templo greco-ro­mano, cujas colunas severas se substituem pelas lâminas de concreto, em sua elegante sobriedade. Dirijo ,meu agradecimento aos engenheiros e arquitetos, quer os das emprêsas construtoras, quer os da Novacap, a cuja dedicada cola­boração devemos a execução desta grande obra. E estendo ainda êsses agrade­cimentos, aos trabalhadores que, por um quatriênio, aqui mourejaram; êsses criadores anônimos da grandeza de Brasília, oriundos, em sua maior parte, do Nordeste, do Norte e do Centro de nossa Pátria, e cujo ânimo de b:abalho constante e devotado, por si só serve de desmentido aos presságios pessimistas de futurologistas mal informados, que não conhecem esta Terra e sua brava gente.

Agradeço ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República seu compa­recimento por intermédio de tão ilustre representante, o Senhor Minish·o Rondon Pacheco. Nosso colega em letras jurídicas e, desde sua juventude, dedicado às atividades parlamentares, em brilhante carreira legislativa estadual e federaL traz S. Ex.a as mais altas credenciais para representar o eminente Marechal Arthur da Costa e Silva nesta cerimônia inaugural.

Também particularmente grata a todos nós, dêste Tribunal, é a presença amiga do eminente Ministro da Justiça, o Ex.IDO Sr. Professor Luís Antônio da Gama e Silva, cujo nome ilustre temos a honra de ver inscrito, ao nosso lado, nos dizeres comemorativos dêste ato, gravados no limiar dês te Pretório. J\1elhor testemunho não poderíamos dar a S. Ex?- de nossa estima, da alta conta em que o temos pelos serviços que tem prestado à Justiça, e especialmente, no que nos toca, para o sucesso da implantação da Justiça Federal de Primeira Instância.

Penhorado agradeço a presença do eminente Ministro Presidente do Su­premo Tribunal Federal e dos ilustres Juízes dessa Excelsa Côrte. Para nós, que exercemos a judicatura, êsse Alto Pretório, além de ser a cúpula do Poder Judiciário, é o nosso paradigma, e o espelho onde todos buscamos um reflexo, pelo saber de sua jurisprudência e pelas virtudes exemplares de seus eminentes Juízes.

Aos Presidentes e Juízes tanto dos Tribunais Superiores, como os da Se­gunda e da Primeira Instância, por igual, os nossos agradecimentos. Do mesmo modo ao Exm9 Sr. Prefeito do Distrito Federal e às altas autoridades civis e militares que, neste ato inaugural, conosco confraternizam e demonstram a uni­dade do Govêrno da República. Ao eminente Procurador-Geral da República, Dr. Décio Miranda, aos ilustrados membros do Ministério Público, e aos nossos co­laboradores dedicados, os Srs. Advogados, os mesmos agradecimentos.

Ao Exm9 Revm9 Sr. Arcebispo, não somente agradeço sua bondosa pre­sença, como peço vênia para, com humildade, lembrar suas palavras de bene­dição, rogando à Divina Providência - que é a sede da própria Justiça - que seu Santo Espírito seja o guia dos Juízes dêste Tribunal, quer os da hora presente, quer daqueles que, de futuro, venham a integrá-lo.

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ATADA SESSÃO ESPECIAL DO TRIBUNAL PLENO, REALIZADA AOS

VINTE E TRÊS DIAS DO MÊS DE JUNHO DO ANO DE MIL NOVE­

CENTOS E SESSENTA E NOVE, CONVOCADA PARA A POSSE DOS Ex.mos SRS. MINISTROS AMARiLIO BENJAMIN E ARMANDO LEITE

ROLLEMBERG, NOS CARGOS DE PRESIDENTE E VICE-PRESI­

DENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS, RESPECTIV A­MENTE.

Aos vinte e três dias do mês de junho do ano de mil novecentos e sessenta e nove, na Sala de Sessões do Tribunal Federal de Recursos, às quatorze horas, sob a Presidência do Ex.mo Sr. Ministro Vasco Henrique d'Ávila, Ministro mais antigo da Casa, em virtude da ausência justificada do Ex.mo Sr. ~v1inistro Presi­dente Oscar Saraiva, presentes os Exce­lentíssimos Srs. Ministros Djalma Ta­vares da Cunha Mello, Américo Godoy Ilha, Armando Leite Rollemberg, Antô­nio Neder, Márcio Ribeiro, José Joaquim Moreira Rabcllo, Esdras da Silva Guei­ros, Inácio Moacir Catunda Martins, Henoch da Silva Reis e o Ex.mo Senhor Subprocurador-Geral da República, Dr. Firmino Ferreira Paz, funcionando como Secretário o Bel. Francisco Soares de Moura, Diretor-Geral da Secretaria, foi declarada aberta a Sessão especialmen­te convocada para a posse dos Ex.mos Srs. Ministros Amarílio Benjamin e Ar­mando Rollemberg, respectivamente, nos cargos de Presidente e Vice-Presi­dente do Tribunal. O Ex.mo Sr. Minis­tro Presidente Henrique d'Ávila convi­dou o Ex.mo Sr. Presidente do Tribu­nal Superior Eleitoral, Ministro Eloy da Rocha, o Ex.mo Sr. Ministro de Estado das Comunicações, Professor Carlos Furtado de Sinlas, e o Ex.mo Sr. Pre­feito do Distrito Federal, Dr. Wadjô da Costa Gomide, para comporem a Mesa, e

proferiu as seguintes palavras: "Dignas Autoridades presentes, meus Caros Co­legas, Senhoras e Senhores. Declaro aberta a Sessão Solene e extraordinária destinada à posse dos eminentes Senho­res Ministros Amarílio Benjamin e Ar­mando Rollemberg, recentemente elei­tos, respectivamente, para a Presidência e Vice-Presidência desta Côrte de Justi­ça. Encontro-me na Presidência em vir­tude da ausência, por motivo de saúde, do eminente Ministro Oscar Saraiva, de quem recebi a seguinte carta: "Brasí­lia, 21 de junho de 1969. Eminente Co­lega e prezado amigo Ministro Henri­que d'Ávila. Um mal-estar de saúde, conseqüente aos meus esforços dos úl­timos dias, impede-me, por proibição médica imperativa, de presidir à ceri­mônia da transmissão da Presidência aos ilustres Colegas Amarílio Benjamin e Armando Leite Rollemberg. Rogo-lhe, como Ministro mais antigo, que me substitua, como que honrará o brilho da cerimônia. E assim fazendo transmi­ta, com as minhas desculpas, os votos que faço, de coração, para o sucesso e o bom êxito da nova administração, com as mais sinceras felicitações aos Colegas que a assumem, e em especial ao emi­nente Presidente Amarílio Benjamin. Se possível, ficaria grato que esta carta fôs­se lida logo no início dos trabalhos, e antes da transmissão. Muito cordialmen-

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te, o colega amigo (as.) Oscar Saraiva." Antes de levar a têrmo tão significativo e assinalado ato, contudo, devo, em meu nome e no de meus ilustres Pares, for­mular ao Presidente que hoje se despe­de nossos calorosos votos de pronto e completo restabelecimento, que o habi­lite a retornar ao nosso convívio ami­gável e ao exercício de sua judicatura, que tanto tem enobrecido e ilustrado nossos anais forenses, e acrescido o re­nome dêste Tribunal perante a consciên­cia jurídica do País." Dito isso, o Ex.mo Sr. Ministro Henrique d'Ávila, Presiden­te, designou os Ex.mos Srs. Ministros Djalma da Cunha Mello e Henoch Reis para introduzirem no recinto o Exmo. Sr. Ministro Amarílio Aroldo Benjamin da Silva, após o que, determinou ao Sr. Secretário que procedesse à leitura do Têrmo de Posse. A seguir, o Ex.mo Sr. Ministro Presidente Henrique d' Ávila convidou o Ex.mo Sr. Ministro Amarí­lio Benjamin, eleito em Sessão Plena rea­lizada dia 12 de junho de 1969, a pres­tar o compromisso do art. 29 do Regi­mento Interno, e assinar o Têrmo de Posse do cargo de Presidente do Tribu­nal Federal de Recursos, para o biênio de 1969 a 1971, após o que declarou S. Ex.a empossado e o convidou a assumir a Presidência da Sessão. Assumindo a Presidência, o Ex.mo Sr. Ministro Ama­rílio Benjamin convidou o Ex.mo Sr. Mi­nistro Almando Leite Rollemberg, eleito em Sessão Plena realizada dia 12 de ju­nho de 1969, a prestar o compromisso regimental e assinar o Têrmo de Posse do cargo de Vice-Presidente do Tribu­nal Federal de Recursos, para o biênio de 1969 a 1971, o que se efetuou. Dando prosseguimento à Sessão, o Ex.mo Sr. Ministro Presidente Amarílio Benjamin declarou empossados, como Membros efetivos do Conselho de Justiça Federal, os Ex.mos Srs. Ministros Moacir Catun­da, Esdras Gueiros e Henoch Reis, Membros suplentes os Exmos. Srs. Mi­nistros Henrique d'Ávila, Godoy Ilha e IvIárcio Ribeiro, Corregedor-Geral da

Justiça Federal o Ex.mo Sr. Ministro Moacir Catunda, Diretor da Revista do Tribunal o Ex.mo Sr. Ministro Antônio Neder, eleitos em Sessão Plena realiza­da no dia 12 de junho de 1969. A se­guir, o Ex.mo Sr. Ministro Presidente Amarílio Benjamin concedeu a palavra ao Ex.mo Sr. Ministro Moacir Catunda, que assim se e:q)ressou:

"Na conformidade do disposto na norma regimental, abrem-se hoje as portas do Egrégio Tribunal Fe­deral de Recursos para a solenida­de que, marcando. o fim de uma sé­rie de trabalhos e êxitos, fixa o têr­mo inicial de um período de novas esperanças, a começar com a posse dos seus novos dirigentes. Pena é que, a esta festa de resso­nâncias equivalentes às dimensões nacionais da jurisdição do Egrégio Tribunal, não haja podido compa­recer, por razões de saúde, S. Ex'). o Sr. MiIústro Oscar Saraiva, o ín­clito Presidente cujo biênio de fe­cundo trabalho hoje alcança o seu têrmo final. A ausência do ilustre Magistrado confrange seus colegas e nos sensi­biliza de modo especial, eis que, das suas confabulações com os dirigen­tes agora empossados, é que surgiu a idéia da escolha do humilde mem­bro que vos fala, para saudá-los, em nome do Plenário do Egrégio Tribunal.

Com preocupações, temores e hu­mildade, de envolta com natural alegria, é que recebemos o manda­to para transmitir-lhes a mensagem dos colegas, o que faremos prestan­do, antes, em nome dêles, respei­tosa homenagem às personalidades componentes da ilustre Mesa, e à respeitável assistência, de onde emergem, causando-nos especial sa­tisfação, figuras ex-ponenciais do Poder judiciário, federal e local, do Poder Executivo, do Poder Legis-

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lativo, da alta administração, fe­deral e local, das gloriosas Classes Armadas, da Ordem dos Advoga­dos, do Ministério Público, da So­ciedade de Brasília, numa síntese perfeita do que há de mais ex­pressivo nas letras e na cultura da Capital Federal.

O Sr. M in. Arnarílio Atoldo Ben;a­min da Silva - Permiti, antes que nos tenhamos dirigido à vossa sin­gular e respeitabilíssima novel qua­lidade de "primeira entre iguais", traduzida na investidura de Presi­dente, dizer algo ao vosso sentimen­to de homem nascido no grande Es­tado da Bahia.

Pois bem. Ainda no Ceará, depois da indicação de nosso nome, feita pelo inolvídável Presidente Mare­chal Castello Branco, e antes que assumíssemos o cargo, recebíamos informações sôbre a mecânica do funcionamento do Tribunal Federal de Recursos, mandadas por S. Ex;.L o eminente Ministro José Joaquim Moreira Rabello, cuja vitoriosa per­sonalidade enriquece, no judiciário Federal, a galeria de filhos ilustres da ilustre Bahia, e a quem nos hon­ramos dedicar especial amizade.

Posteriormente à assunção do car­go, compondo a Egrégia Primeira Turma, sob a Presidência dessa magnífica figura de homem, cida­dão e Juiz, que é S. Ex;.L, o SI. Mi­lústrO Henrique d'Ávila, é que vi­mos travar conhecimento com ou­tro membro do Tribunal, natural do Município de Jacobina, da glorio­sa Bahia, S. Ex;.L, o Sr. Ministro Amarílio Benjamin.

Em virtude da vizinhança de nos­sas cadeiras, do convívio diurno, da similitude da formação profissional, da afinidade de pontos de vista sô­bre numerosas questões postas a julgamento, aquelas relações de

mera cortesia evoluíram no sentido da formação da amizade que hoje nos liga, mercê da qual vivemos êste momento de viva alegria, em que perpassam por nossa memória nu­merosos episódios da sua exemplar vida de môço pobre, ded:icado ao jornalismo, nos idos de 1927 a 1932, para angariar os meios com que pu­desse prosseguir os estudos de Di­reito, os quais, concluídos, creden­ciaram-no, em 1932, a assumir o cargo de Juiz-Preparador, com fun­ções de substituição ao Juiz de Di­reito, o qual deixou para exercer o magistério e a advocacia, em sua terra natal, até o ano de 1955. Foi Deputado à Assembléia Cons­tituinte da Bahia, em 1947, re­eleito à 2.a e 3.a Legislaturas, LÍ­der da Maioria, Secretário do Inte­rior e Justiça, quando elaborou o Anteprojeto da Reforma Judiciária; em 1955, Desembargador do Tri­bunal de Justiça, de 1955 a 1960. Professor de Teoria Geral do Esta­do, de 1957 a 1960, e Ministro do Tribunal Federal de Recursos, de 1960 a esta parte.

Em razão do último predicamento, integrou, pelo período legal, o Egré­gio Tribunal Superior Eleitoral, com eficiência e grande descortino, produzindo votos memoráveis, dos quais seja exemplo o respeitante ao caso da influência do poder eco­nômico no processo eleitoral. Eis, em resumo, seu curriculum vitae, que atesta esfôrço pessoal a servi­ço do talento.

O convívio, na mocidade, com o tio, Des. Perilo Benjamin, nume tutelar da família, certamente que lhe in­troduziu no ser o génnen do ma­gistrado que há sempre sido, ora no desempenho do cargo específi­co, ora disfarçadamente, como po­lítico, na acepção helênica do têr­mo, ou como professor, ou como ad-

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vogado. Sim, especialmente como advogado, pois que êstes exercitam a Magistratura na mais remontada significação, como dizia o grande jurista-filósofo que foi o saudoso Desembargador José Antônio No­gueira, citando o magistério de G. Ranson, Juiz do Tribunal do Sena, de que "os bons advogados é que fazem os bons juízes".

Consoante magistral ensinamento de Carlos Maximiliano, o Magistra­do faz o papel de "intermediário entre a lei e a vida", porque o Di­reito não é só uma coisa que se conhece, é também uma coisa que se sente, através daquele sexto sen­tido que o famoso De Greef deno­mina de sensibilidade jurídica, e que visa a praticá-lo, entendido não como geometria, em que dos pos­tulados e axiomas se deduzem as leis, e destas os colorários, mais como ciência social, destinada a re­ger relações humanas em que ne­nhum raciocínio, por mais brilhan­te que seja, poderá ser válido se não fôr adequado à realidade do meio em que vivemos, como discur­sou eminente advogado.

Atestamos. No interêsse da reali­zação dêsse ideal jurídico, S. Ex.a, o Sr. Ministro Amarílio Benjamin, trabalhador infatigável, mergulha na leitura dos processos, noite ve­lha, pesquisando, sentindo os fatos, anotando, com sua letra miúda, compondo seus famosos e enormes cadernos de apontamentos, os quais somam 23 volumes, vinculados a mi­lhares de julgamentos feitos neste Pretório, onde a União Federal, suas autarquias e emprêsas públi­cas igualam "ao homem comum, e o Tribunal, sem distingui-los, procura fazer justiça, ao mesmo tempo que resguarda a unidade de interpreta­ção e da aplicação do Direito Fe­deral", como anotou, com proprie-

dade, S. Ex.a o Sr. Ministro Oscar Saraiva, no discurso pronunciado ao ensejo da inauguração do edifício­sede.

Pontualidade, exatidão funcional e sentimento de Direito são atribu­tos que exornam a personalidade do ilustre filho da ilustre Bahia e nôvo Presidente do Tribunal, S. Ex.a o S1'. Ministro Amarílio Benjamin, o qual tem sido membro dos mais prestigiosos do Tribunal, "pelo sa­ber, trabalho e amor à Justiça, cons­tantemente fiel a si mesmo, à sua vocação e ao seu destino, sempre generoso, embora sofrido", obser­vou S. Ex.a, o Sr. Ministro Antônio Neder, em solenidade passada.

O Sr. Min. Armando Leite Rollem­berg: O destino, no seu irreversí­vel decreto, determinou que a con­tigüidade teritorial, com o consec­tário inafastável da interpretação dos costumes e cultura do seu glo­rioso Estado de Sergipe Del Rey, com os da heráldica Bahia, tives­sem prosseguimento no episódio da acertada e feliz eleição de V. Ex.a para o cargo de Vice-Presidente, pelo biênio de 1969 a 1971.

Os conceitos emitidos a propósito da individualidade do Presidente tem perfeita adequadação à perso­nalidade do Vice, pelo que não nos repetiremos, no interêsse de redu­zirmos ao mínimo a caceteação à douta Mesa e à ilustrada assistência. Contudo, não deixaremos no olvi­do a justa estima, conceito e pres­tígio, gerados não só da cordiali­dade no trato para com os cole­gas, mas especialmente, da vossa aI. tiva compreensão e atilada recepti. vidade a todos os movimentos que possam concorrer para o engrande­cimento da instituição a que per­tence e serve, com superior espírito púplico e grande lustre.

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Seja-nos lícito confessar o despri­moroso sentimento de inveja que sentimos não podendo, em virtude de nossas insuficiências, igualarmo­nos a S. Ex.a, o Sr. Ministro Ar­mando Rollemberg, em seriedade, austeridade e no zêlo, quase divi­no, com que executa a operação de separar o joio do trigo; inflexível, no reconhecimento do bom direito, mostra-se severo, no bom sentido, na recíproca, de resguardar o patri­mônio público.

Tendo feito os estudos secundários em Sergipe e Bahia, e os superiores em Belo Horizonte, onde, em 1943, colou grau em Ciências Jurídicas e Sociais -, volvendo ao estado na­tal, praticou o magistério de Direi­to Civil, Constitucional e Comercial, na Faculdade de Direito de Araca­ju, de que foi fundador.

Eleito à Assembléia Constituinte de Sergipe, foi Relator do projeto da Constituição do Estado, sendo re­eleito pelo período de 1951 a 1954. Eleito Deputado Federal, pelo pe­ríodo de 1955 a 1958, foi reeleito pelos períodos de 1959-1962 e 1963-1967, exercendo, então, na Câmara dos Deputados, funções nas Comis­sões de Economia e Constituição e Justiça, e o cargo de 39-Secretário, do mesmo órgão do Congresso Na­cional.

Nomeado Ministro do Tribunal Fe­deral de Recursos, em 1963, desde então exerce a judicatura, com ca­rinho, amor e pontualidade, que traduz o pundonor da responsabi­lidade. Atualmente, integra o Supe­rior Tribunal Eleitoral, na qualida­de de membro do de Recursos.

No Tribunal, onde se decidem ques­tões envolvendo grandes interêsses financeiros e se transformam em realidade, impregnadas de calor hu­mano, as promessas de garantia e

efetividade do direito contidas nos textos inertes da Constituição e das Leis ordinárias, as intervenções de S. Ex.a, o Senhor Ministro Armando Rollemberg, emadurecidas nas me­ditações que as antecedem, em via de regra granjearam os sufrágios da maioria.

Srs. Ministros Presidente e Vice­Presidente. Excelências:

O mandato que ora ides desempe­nhar, conferido na eloqüência de uma votação unânime, traduz ato de confiança e elevado sentimento de cordialidade. Sois portadores, ambos, de largo tirocínio e dos atri­butos que identificam as mais altas e aprimoradas qualidades da ma­gistratura brasileira. O Tribunal está certo de que sua direção se acha entregue a mãos seguras e ca­pazes de conduzi-lo, ao Conselho e à Justiça Federal, aos seus mais al­tos e gloriosos destinos, com apoio do Plenário e a ajuda de Deus, co­limando à felicidade da grande pá­tria.

Sêde felizes.

Temos dito."

A seguir, o Ex.mo Sr. Ministro Presi­dente Amarílio Benjamin concedeu a pa­lavra ao Ex.mO Sr. Subprocurador-Geral da República, Dr. Firmino Ferreira Paz, que disse o seguinte:

"Em primeiro lugar, expresso, asso­ciando-me ao pronunciamento do eminente Ministro Henrique d'Ávi­la e demais Ministros que tiveram a palavra perante êste Tribunal, o sentimento de pesar pela ausência do eminente Ministro Oscar Sarai­va, para, neste ensejo, em meu no­me pessoal e em nome do Ministé­rio Público Federal, prestarmos sinceras homenagens e formularmos votos para que S. Ex.a logo se res­tabeleça de saúde.

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Ex.mo Sr. Ministro Amarílio Ben­jamin, V. Ex.a seguindo a tradição da gloriosa Bahia, representa, pe­rante êste Tribunal, a expressão da inteligência. a expressão da cultu­ra, a e::\.1?ressão da integridade mo­ral, com que, seja perante à Justi­ça baiana, seja nas lides políticas da Bahic" tem norteado tôda a sua vida pública. Seria demasiado fastioso prolongar ou repetir os elogios que já recebeu V. Ex.a do eminente Mi­nistro Moacir Catunda. V. Ex.a é, hoje, perante a consciência jurídica do País, um dos expoentes máximos. Basta considerar que V. Ex.a se há conduzido com a maior indepen­d.ência, com a maior integridade, com a d.emonstração da máxima cultura jurídica.

Ex.mo Sr. Ministro Armando Rol­lemberg, lembro-me, neste instante, que, quando da posse de V. Ex.a

p~ran\e êste ,!ribunal, .fu~ eu, tam­bem, aquela epoca, o mterprete do p::msamento do tl/linistério Público Federal, e, hoje, repito, tenho a sa­tisfação de ver confi.rmado tudo que disse. V. Ex. a, ainda jovem ascende a um dos mais altos postos desta Re­pública, que é o de Vice-Presiden­te de um dos mais altos Tribunais do País. E continua a conquistar pela cultura, pela inteligência, pela integridade moral, tôdas as qualida­des inerentes à personalidade de um Juiz. V. Exª', desde aquela época em que o cum.primentei, até hoje, só tem crescido na minha admira­ção e, também, na minha amizade. Aos demais membros dêste Tribu­nal que foram empossados, do Can­semo da Justiça Federal, da Corre­gedoria-Geral da Justiça Federal, e na Direção da Revista de Jurispru­dência do Tribunal, quero, também, prestar, neste ensejo, as mi.rillas ho­l11.enagens mais afetuosas, mais sin­ceras. Encerrando as minhas pala-

vras, quero manifestar, em meu no­me pessoal e do Ministério Público Federal, aos empossados, a todos, a expressão mais sincera das minhas homenagens e os votos mais cor­diais, mais fervorosos. Muitas e mui­tas felicidades, no desempenho dos cargos que ora ocupam, desejo a todos."

A seguir, o Ex.mo Sr. Ministro Presi­dente Amarílio Benjamin concedeu a palavra ao lImo. Sr. Representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, DI. Luiz Carlos Bettiol, que se expressou da forma se­guinte:

"Em ato tão solene na vida do Tri­bunal, os advogados de Brasília respondem presente, para dizer, por meu intermédio, uma palavra de agradecimento e outra de con­fiança

AgradeciInento ao Presidente Sa­miva que em biênio particularmen­te difícil soube guardar a dignida­de do Tribunal e da Justiça.

Não fôsse V. Ex.a um homem ex­cepcionalmente dotado, de rara sensibilidade política e de aguda visão da coisa pública e não teria chegado ao término do seu manda­to cercado da admiração reconheci­da de seus pares e de seus jurisdi­cionados. Não tivesse V. Ex.a bem vivida ex­periência, acumulada desde ao lon­go de inúmeras funções públicas e não teria sido possível suportar a imensa carga administrativa da Presidência sem descuidar da cria­ção, organização e implantação da Justiça Federal e da construção do edifício-sede, um monumento tão perene quanto seu exemplo de ci­dadão.

A nós advogados deu gõsto traba­lhar sob sua Presidência. As portas de seu gabinete jamais se fecharam

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ao debate jurídico que V. Ex.a tra­ta com precisão científica, só ame­nizada por impecável elegância de estilo.

Como não se furtou ao diálogo des­preocupado e descontraído, repas­sado de profunda cultura humanís­tica, e cheio de observações de um homem que vive seu tempo e que só fêz enaltecer a memória de seu pai, o Desembargador Saraiva.

V. Ex.a é substituído por outro ex­poente dessa Côrte. O Ministro

. Amarílio Benjamin checra à sede presidencial por direito de conquis­ta. Não a recebe com a consagra­ção de um Jurista, nem com o mo­mento de glória de um Magistrado, o que repugnaria ao seu tempera­mento discreto de homem bom, mas como um nôvo estímulo a continuar servindo ao seu País, com o mesmo entusiasmo do Juiz instrutor no in­terior da Bahia, com a mesma inde­pendência do Desembargador, com a mesma ânsia pela verdade do professor, com a mesma dedicação do Ministro.

Sabe V. Ex.a - advogado que foi - a importância, para a Justiça, de uma harmoniosa convivência entre Juízes e advogados. Não terá esque­cido, por certo, a imagem de Cala­mandrei:

"Somos as tintas de um mesmo quadro. As qualidades de inde­pendência, serenidade e equilí­brio do Juiz são realçadas pela paixão e pela combatividade do advogado ... "

Essa convivência harmoniosa re­comendada pela experiência, no mo­mento cresce de importância, tor­nando-se um imperativo patriótico, diante da evidente crise do direito ameaçado por intenso processo de "laicização" diante da escalada de economistas e tecnocratas. Ansiosos

em institucionalizar as transforma­ções sociais com total e solene des­prêzo do p!oblema jurídico. Temos certeza, porque confiamos em V. Ex.a, Ministro Amarílio Ben­jamin, que durante o seu mandato Juízes e advogados não deL'l:arão cair a bandeira da luta pelo Direi­to."

A seguir, o Ex.mo Sr. Ministro Presi­dente Amarílio Benjamin proferiu as seguintes palavras:

"Cumprimos neste momento a de­terminação dos eminentes Ministros desta Côrte de Justiça, assumindo a presidência do Tribunal, para o biê­nio que hoje se inicia. O critério assentado e tradicionalmente segui­do indicou a nossa vez ao pôsto mais alto, pela ordem de antigui­dade. Dissemos após a votação unâ­nime do dia doze do corrente, ao calor da consagradora eleição, e ho­je o repetimos, que, com a nossa escolha, não obstante o lema esta­belecido, víamos também nos votos dos ilustres colegas, dadas as re­petidas provas de atenção que nos têm marcado o convívio, desde 1960, quando aqui chegamos, o de­liberado intento de, ainda uma vez, distinguir o mais simples dos mem­bros do Tribunal Federal de Re­cursos. Renovamos os agradeCimen­tos que, então, manifestamos, e o propósito, em que os traduzimos, do maior cuidado para não des­merecermos a honrosa incumbên­cia, tornada mais difícil pelo brilh.o e operosidade da administração do Sr. Ministro Oscar Saraiva, cujo entusiasmo nem mesmo a moléstia, nos vários momentos em que o en­volveu, pôde arrefecer. Durante muito tempo S. Ex.a servirá de pa­radigma, pela dedicação e eficiên­cia com que se houve. Rendemos­lhe tôda a nossa admira cão e com os olhos voltados para o 'seu traba-

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lho, é que sentimos o ônus que nos toca.

Em 1946, a Carta Magna de 18 de setembro teve o propósito de criar um tribunal que julgasse em Se­gunda Instância as causas do inte­rêsse federal. O alvo imediato foi retirar essa atribuição, do Supremo Tribunal Federal, deixando-o mais desafogado e, ao mesmo tempo, circunscrevendo-o à sua tarefa pri­mordial de guarda da Constituição e da uniformidade na aplicação do direito. O constituinte, porém, não teve, nem podia ter idéia das di­mensões do nôvo órgão jurisdicio­nal que criou. A experiência que havia, mesmo quando, no 19 grau, funcionava uma Justiça própria da União, extinta em 1937 e substi­tuída por Juízes estaduais especia­lizados, na Capital de cada unida­de da Federação, apontava maior destaque para as questões políti­cas em que a Primeira República foi useira e vezeira. Conhecia-se, mas se praticava pouco a ação tui­tiva de direitos individuais contra lesões causadas por decisões e atos administrativos, instituída pelo art. 13 da Lei n9 221, de 20 de novem­bro de 1894. O próprio mandado de segurança que, desde a Consti­tuição de 1934, deu forma rápida à defesa do indivíduo contra abu­sos e ilegalidades da Administração, somente ganhou vulto devagar, e foi com o Tribunal Federal de Re­cursos que adquiriu sua maior ex­pansão, constituindo, ainda hoje, a maioria de seus julgamentos. Em tudo isso, porém, o que ressalta­mos é que o Tribunal imaginado pelo Estatuto de 1946 cresceu de tal m0do que se tomou um dos órgãos mais solicitados, e em que mais se julga no País, com a par­ticularidade de versar os mais di­ferentes processos, ordinários ou

especIaIs; e os temas mais varia­dos do direito, compondo muitas vêzes trabalhos pioneiros. Compa­receram ao nosso pretório Minis­tros de Estados, autoridades fe­derais da administração direta ou da administração. descentralizada, servidores civis, militares ou autár­quicos, cidadãos comuns e pessoas jurídicas de direito privado ou de direito público.

De último, restaurada a Justiça Fe­deral, coube ao 'Tribunal instalá­la, traçar-lhe os rumos de funcio­namente e supervisioná-la, de mo­do direto, judicial e administrati­vamente, através do Conselho da Justiça Federal, e sem prejuízo dos recursos comuns.

Neste Tribunal, observamos a re­gra dos Evangelhos, na interpreta­ção mais fiel, porém, que os versí­culos merecem na vocação do Juiz: "Julgai, mas havereis de procurar fazê-lo com segurança, na exatidão do vosso entendimento, diante dos fatos e do direito que deva ser aplicado. Atentai que também se­reis julgados pela comunidade a que pertencerdes. Se agirdes de ou­tro modo, causareis o pior mal à Justiça, pois as sentenças, não me­recerão confiança, nem frutificarão a paz." É certo que julgar é difícil, mas a sociedade não pode dispensar êsse elemento da proteção. Já dissemos um dia, que os podêres do Estado não se dividiam rigorosa e exata­mente pelas funções que exerciam mais de perto. Distribuiam-se por principalidades, cabendo a todos, eventualmente, a prática de tôdas as funções. Na verdade, entretanto, a função primária e essencial é jul­gar. Julga-se na escolha e comando das soluções administrativas. Julga­se no assento da norma geral. Jul­ga-se no ajuste da norma geral às

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realidades. Os juízes, por encarna­rem o aspecto mais visível do poder de julgar, é que por êles respon­dem. Seja como fôr, julgar exige, entre muitos atributos, experiência, informação, bom senso, sensibilida­de e poder de conclusão, como con­dições indispensáveis. Não basta confrontar a lei e o fato. Fôra as­sim, a sentença seria um simples e frio raciocínio. Cabendo ao Juiz en­contrar a solução adequada das controvérsias, incumbe-lhe, sobre­tudo, fixar a medida do direito que satisfaz ao conflito, sem generosi­dade ou mesquinharia, porque dar de mais ou de menos é o mesmo êrro ou falta de prumo; com a lei ou sem ela, quando a ela faltar a visão do problema; e sempre ten­do em vista, mesmo no caso parti­cular, o interêsse comum, na pro­porção que deve entrar ou influir na solução preferida. A hora pre­sente, em que se vive o drama de uma "civilização posta à prova", dentro da crise de valôres e con­ceitos tradicionais, que assalta o mundo, nós Juízes sentimos que a nossa responsabilidade se multipli­cou. Felizmente, com o espírito de reforma que marca o tempo bra­sileiro, para que o País saia do sub­desenvolvimento e possa ter opor­t.unidade nas revelações do segun­do milênio, todos os homens res­ponsáveis voltam os olhos igual­mente, assim como em outros seto­res, para os serviços judiciários. Fa­lamos todos animadamente em no­vos códigos, juízes e tribunais, re­visão de competências e fórmulas especiais de julgar. Independente­mente, porém, do pensamento ou posição de cada homem do govêr­no, do profissional ou do ciaadão comum, a próxima reforma judiciá­ria, para vingar e realmente mudar para melhor, há de se distinguir pe­la simplificação do processo, pela

redução dos recursos, sem prejuízo do exame da causa por mais de um Juiz, pelo prestígio legal dos pre­cedentes e pela normatividade das decisões da mais alta instância. Sob tal aspecto revisionista, já existe o exemplo do Supremo Tribunal, que, na década a findar-se empreendeu verdadeira evolução nos seus méto­dos de trabalho, não obstante con­serve, como outrora, a linha da sabe­doria jurídica de seus acórdãos, sempre que as imposições do escla­recimento ou do debate a determi­nam. A súmula, fixando a posição da Alta Côrte sôbre as várias teses examinadas, e as funções legislati. vas do Regimento Interno, reco­nhecidas expressamente hoje na Constituição de 1967, art. 115, pa­rágrafo único, traduzem ao vivo a renovação a que se procedeu.

Quisemos dizer no rápido esbôço que acabamos de traçar da nossa função, da nossa conduta e do nos­so modo de ver para o futuro, que o Tribunal Federal de Recursos, conosco em sua presidência, há de também procurar cumprir e corres­ponder ao seu destino, conforme o exigem a Constituição, a consciên­cia vigilante do povo brasileiro e a vontade de seus Juízes. Mais do que nunca, contando com a gene­rosa compreensão pública, nos es­forçaremos para que não se ador­meça o ânimo na estagnação do direito; para que os nossos ares­tos exprimam o direito justo de cada divergência; e para que nós todos os Ministros desta Casa sejamos uma real esperança aos que nos batem à porta, e a nós mesmos, pelo ideal de bem servir, e de colaborar no grande anseio nacional de uma vida melhor para todos os brasileiros.

Em nosso nome pessoal e no do Sr. Ministro Armando Rollemberg, vi-

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ce-presidente da nova administra­ção, jurista brilhante, digno Juiz e sincero amigo, agradecemos a to­dos quantos aqui se acham presen­tes, dando-nos o calor de seu apre­ço. Agradecemos especialmente as generosas se estimulantes palavras do Sr. Ministro Moacir Catunda, que, embora dos mais novos juízes da Casa, já se firmou como aba­lisado cultor do direito e sensível aplicador da lei; Dr. Firmino Fer­reiTa Paz conceituado Subprocura­dor-Geral da República, a cuja te­nacidade e inteligência tanto de­vem a União e o Ministério Públi­co; e o Dl'. Luiz Carlos Bettiol, jo­vem advogado que se distingue pelo valor da inteligência e do ca­ráter."

Compareceram à solenidade os Ex.mos Srs. Ministros Carlos Furtado Simas, das Comunicações, José Pereira Lira, Presidente do Tribunal de Contas da União, Eloy da Rocha, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cyro Ver­síani dos Anjos, Presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Djaci Falcão e Adalicio Nogueira, do Supremo Tribunal Federal, José Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho, Ministro aposentado do Tribunal Federal de Re­cursos, Iberê Gilson, do Tribunal de Contas da União, Célio Silva e Xavier de Albuquerque, do Tribunal Superior Eleitoral, Prefeito do Distrito Federal, Engenheiro Wadjô da Costa Gomide, Procurador-Geral da República, Dl'. Dé-

cio Miranda, Desembargadór Raimundo Ferreira Macêdo, Presidente do Tribu­nal de Justiça do Distrito Federal, De­sembargador José Júlio Leal Fagundes, Presidente do Tribunal Regional Elei­toral, Desembargadores José Fernandes e Mário Brasil, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Dr. Hemique Fonse­ca de Araújo, 49 Subprocurador-Geral da República, Juízes Federais José Bo­livar de Sousa, OUo Rocha, Victor Ma­galhães Cardoso Rangel Junior, José Je­sus Filho, Juízes Federais Substitutos, Jacy Garcia Vieira e João Augusto Di­dier do Rêgo Maciel, Secretário de Se­gurança Pública do Distrito Federal, Coronel Jurandir de Palma Cabral, Pre­sidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, Dl'. Antônio Carlos Osório, representante do Sr. Governador do Estado da Bahia, Dl'. Raul Soares Silveira, representante do SI'. Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, Coronel Wenceslau Braga dos Santos, represen­tante do Sr. Chefe do Estado-Maior das Fôrças Armadas, Coronel Danilo Ven­turini, Dr. Valdir Meuren, Juiz de Direi­to, Deputado Aniz Badra, Senador Gil­berto Marinho, além de outras autori­dades civis e militares presentes ou re­presentadas. O Ex.mO Sr. Ministro Presidente declarou encerrada a Sessão às 16 horas e 30 minutos do que, para constar, foi lavrada a presente Ata.

Tribunal Federal de Recursos, 23 de junho de 1969. - Francisco Soares de Moura, Secretário.