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neuza-teixeira
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poema
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Sorria, mas suspirava,
E ainda mais triste
ficava,
Como nem imaginais.
Meu Deus, que criança
aquela!
Que tão precoce tristeza!
Dizem-lhe um dia: «TeresaSabes? A tua mãe morreu.»
Fez-se pálida de morte...
E, levando as mãos ao seio,
Ia a falar, mas, no meio,
Reprimiu-se e emudeceu.
E desde então nunca a viram
Mais com as suas
companheiras;
Ficava-se horas inteirasÀ sombra do laranjal.Surpreendiam-na sozinha
Com os olhos fitos no
espaço
E esfolhando no regaço
As rosas do seu rosal.
As brisas, gemendo
tristes
Por entre a verde
folhagem,
Segredavam-lhe a
linguagem
Sonora da solidão.
Essas mil vozes do
campo,
Todas ela
compreendia,
Que fadado para poesia
Fora aquele coração.
Ai, que infância tão de
gelo!
Que madrugada da
vida!Ai, pobre alma estremecidaPelas saudades da mãe!
Quantas vezes, alta noite,
A triste julgava vê-la
Em cada fúlgida estrela
Que o firmamento
contém!
Um dia, ao cair da tarde,
E de uma tarde de Outono,
Acordou de um brando
sono
E pôs-se a rir para mim.
«Já sorris? És salva,
filha,
Enfim!» E a beijei
contente.
Olhando-me
ternamente
Ela repetiu: «Enfim!»
Enfim!... mas que triste acento
Nessa palavra vertera!Foi como que se dissera
Pra tecerem com elas
grinaldas,
Não procurem do monte
nas fraldas
A modesta e inodora
cecém.
Se igualmente desejas,
amigo,
Para aqui mais que versos,
poesia,
Antes deixes a folha vazia,Pois meus versos poesia não têm.
Sonhando, chorei.
Sonhava
Que morta te estava a
ver.
Acordei: ardentes
lágrimas
Senti nas faces correr.
Sonhando, chorei.
Sonhada
Que tu me querias
deixar.
Acordei: amargamente
Fiquei depois a chorar.
SONHO
(DE H. HEINE)
Sonhando, chorei,
Sonhava
Que esse amor ainda
era meu.
Acordei: corre o meu
choroComo ainda assim não correu,
Abril de 1864
A NOVIÇA
«Oh! vem, querida irmã, do santuário do templo,
Já desce a receber-te o celestial Esposo.
Vem ser da nossa fé sublime o vivo exemplo;
Vem, deixa sem pesar do mundo o falso gozo.
«Vem; dos círios à luz, ao som de alegres hinos,
Cinge o hábito escuro, emblema da humildade,
E, abrasada no ardor dos teus estos divinos,
Despe, ao entrar no claustro, as galas da vaidade,
«Esposa do Senhor, virgem cândida e pura,
Do teu noviciado expiram hoje os dias.
Não tremas ao fitar as portas da clausura;Também na estreita cela há brandas alegrias.»Assim das monjas soa o religioso canto:Juntas, em procissão pelas extensas naves,