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STARTUP, EMPREENDEDORISMO ESCALÁVEL E SUSTENTÁVEL NOS
DIAS ATUAIS
Silvânia Francisca do Nascimento 1
Ricardo Andrade da Costa Silva 2
RESUMO
Esse artigo apresenta uma análise no desenvolvimento de novos negócios inseridos em
um ambiente de extrema incerteza chamados de startups. Como principais referenciais
teóricos são apresentados os livros de The Startup Owner's Manual (Steve Blank & Bob
Dorf) e The Lean Startup (Eric Ries). Devido às grandes mudanças tecnológicas que
aconteceram nos últimos anos, empresas jovens especialmente aquelas ligadas às
tecnologias passaram a ser denominadas de startups. Essa pesquisa teve como objetivo
descrever qual a finalidade de ser uma startup, demonstrando diferentes formas de
empreender na atualidade. O trabalho demonstrou também histórias de modelos de
negócios que deram certo rendendo lucro para seus investidores.
Palavras-Chave: Startup. Empreendedorismo Sustentável. Tendência de Mercado.
Inovação.
INTRODUÇÃO
Avaliar oportunidades de negócio, prover recursos necessários, iniciar ações
apropriadas para assegurar o sucesso, são habilidades de um bom empreendedor. Nesse
sentido, a startup é focada em criar novos produtos ou serviços observando as novas
tendências, sob incertezas do mercado, sendo composta por uma visão estratégica e um
produto. Portanto, uma startup deve apresentar uma inovação no produto ou algum
diferencial em seu processo, por serem promissoras permite uma visibilidade e
rentabilidade em curto prazo.
No entanto, os negócios elaborados através da internet não podem ser tratados com
a mesma semelhança dos tradicionais, devido ao ambiente de extrema distinção e
acessibilidade de milhares de produtos sendo oferecidos simultaneamente.
Através dessa necessidade de mercado foram surgindo adaptações de negócios
tradicionais para os ambientes das startups várias aceleradoras foram surgindo, como
Google, Facebook, Yahoo, entre outras. O sucesso dessas empresas é diretamente ligado
a ideias revolucionarias que tem como base seus modelos de negócio. Mas devido às
incertezas de mercado algumas empresas com negócios similares não tiveram a mesma
sorte, restando que a incidência de fracasso das startups nos primeiros anos é bastante
altaa.
1Estudante do Curso de Administração - Faintvisa; E-mail: [email protected]
2Msc. em Gestão de Políticas Públicas. Coordenador do curso de História, Professor de Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável em Administração na FAINTVISA; E-mail: [email protected]
Através das metodologias inovadoras que estão surgindo a cada ano podem tornar
esse processo menos arriscado de acordo com os autores Blank (2013) e Eric Ries
(2012), que trazem conceitos para validação do modelo de negócio através do feedback
junto aos clientes.
Desta maneira, este artigo apresenta como problemática: Como podemos
empreender de forma escalável e sustentável na atualidade? E apresenta como objetivo
demonstrar a importância de uma startup, apontando seu formato e implementação no
mercado.
2 PRIMÓRDIOS DE UMA STARTUP: CONCEITOS BÁSICOS
Para entender o termo startup necessita-se dar uma viajada no tempo. O conceito
sobre empreendedorismo não é recente, pois já foi utilizado por vários autores ao longo
do tempo com abordagens importantes sobre assuntos que envolvem a essência do
desenvolvimento das empresas.
A partir do século XVIII já se encontra citações sobre profissionais
empreendedores. Com essa visão clássica introduzida por Richard Cantillon (1759), o
agente econômico era visto como aquele que se especializava na tomada de risco. Essa
visão do autor é muito importante, pois demonstra que desde o início do século XVIII já
se mencionavam as incertezas de se empreender no mercado. De igual forma, nos dias
atuais não é diferente. Vários autores clássicos contribuíram para incorporar e assimilar
informações e novas tecnologias, conduzindo o conceito de empreendedorismo,
contribuindo assim, para a substituição de produtos e processos ultrapassados com o
passar do tempo.
Em meados dos anos 70, o termo empreendedorismo tomou uma forma mais
amadurecida após passar por diferentes fases se utilizando de renovações contínuas após
seu amadurecimento para evitar a morte da organização. Neste modelo, as empresas se
constituiriam de três fases: startup, profissionalização e descentralização. Foi nessa
época que o termo startup se mostrou presente pela primeira vez nas organizações, pois
sempre foi colocado como estágio inicial de empresas, onde o empreendedor tinha papel
crucial na tomada de decisão e grande orientador do negócio. Assim, o Serviço
Brasileiro de apoio a micro e pequenas (SEBRAE) entende:
[...] uma empresa nova, até mesmo embrionária ou ainda em fase de
constituição, que conta com projetos promissores, ligados à pesquisa,
investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras. Por ser jovem e estar
implantando uma ideia no mercado, outra característica das startups é possuir
risco envolvido no negócio. Mas, apesar disso, são empreendimentos com
baixos custos iniciais e são altamente escaláveis. (SEBRAE, 2011)
Sendo assim, para esse tipo de organização observa-se que os investimentos
iniciais da mesma não são tão altos quanto os gastos em uma organização da startup bem
centralizada, contudo, seu foco no produto é bem maior que as demais empresas já
estabelecidas no mercado podendo crescer de forma consideravelmente alta.
2.1 PRÁTICAS MODERNAS SOBRE STARTUP
A economia conciliada com os fatores da globalização, que carrega por si um
alto grau de dinamismo, fez com que as organizações buscassem novas formas de
adequação aos modelos de negócio se tornando mais inovadores.
Com o passar do tempo, às formas de empreender foram se inovando,
acompanhando o crescimento tecnológico mundial e ampliando a sua concorrência,
depois da grande bolha da internet (dot-com buble) nos Estados Unidos, entre os anos
de 1995 a 2000.
Nesse período foi investido mais que nunca nas chamadas startups, difundidas a
partir das empresas “.com”, ou seja, um grupo de pessoas executando uma ideia, para
possivelmente gerar lucros.
Segundo a Associação Brasileira de Startup, “O termo se refere aquela empresa
de base tecnológica ou um modelo de negócio repetível e escalável, que possui
elemento de inovação e trabalhem em condições de extrema incerteza.” Dito de outra
forma, startup é um grupo de pessoas que tem uma ideia que seja repetível, quer dizer
capaz de vender o mesmo produto ou serviços para todos os clientes sem mudar sua
estrutura e escalável, por ser capaz de atender clientes em grande escala, por vezes em
escala global. Em geral, as startups tem uma base tecnológica, mas não necessariamente
são da internet. É um projeto de negócio em fase inicial, que tem muito potencial para
crescer, geralmente sendo inovador e mantendo uma cultura de agilidade no processo.
A startup se diferencia das demais empresas por dois fatores cruciais, risco e
oportunidade, que consiste em uma empresa que vai solucionar o problema de uma
forma diferente e inovadora podendo ser validada ou não no mercado, correndo um
grande risco de perder todo investimento do produto ou serviço.
Algumas das principais características das startups são as incertezas em relação
ao negócio, não tem como afirmar se terá sucesso. É um modelo de negócio enxuto,
capaz de entregar o mesmo produto em escala ilimitada, sem muitas adequações do
mesmo ao potencial cliente. De acordo com Steve Blank (2012, p. 21), “Uma startup é
uma organização construída para encontrar um modelo de negócio repetível e
escalável”. Por ser escalável, a empresa tende a crescer sem influenciar o modelo de
negócio inicial. Com um potencial aumento da receita e baixo investimento de custo,
tem condições de aumentar a margem e acumular lucros em curto prazo.
Para Eric Reis (2012, p.7) “Startup é uma instituição humana projetada para
criar novos produtos e serviços sob condições de extremas incertezas”. Isso significa
que podemos encontrar empreendedores em qualquer lugar; as startups são formadas
por um conjunto de pessoas, pois as ideias não valem muito se não tiver um time
competente para colocá-las em ação, cujo diferencial é ter funcionários extremamente
criativos e dedicados criando uma cultura gerencial que gere resultados.
A grande sacada das startups é o seu poder de inovação, seja ela incremental ou
radical, que na maioria das vezes agrega tecnologia justamente a ideia inovadora do
processo, podendo dar certo ou não, independente do porte da empresa e da sua
atividade, pois esta busca sempre se faz em um mercado de extrema incerteza.
Não existe uma linha de pensamento para se criar uma startup. Por obvio que há
um norte a ser seguido para se economizar tempo e dinheiro, já que as informações hoje
são mais bem organizadas e acessíveis. Porém, deve-se ter bem claro a questão de que o
produto ou serviço nada mais é que a solução para os problemas de um conjunto de
pessoas, e sem elas, nem haveria a necessidade destes serem lançados.
Para o co-fundador da aceleradora americana Y Combinador, uma startup é uma
empresa criada para crescer rapidamente.
Ser recém-fundada não caracteriza em si mesmo construir uma
empresa startup. Nem é necessário para um startup que se trabalhe
com tecnologia, ou que se tomem financiamentos de alto risco (...). A
única coisa essencial é o crescimento. Todo o resto que nós
associamos com startups decorre do crescimento. (GRAHAM, 2012).
Podemos observar que o diferencial das startups para as demais formas de
empreender é a sua essência, o fator velocidade de crescimento e estabilidade é crucial.
Ou seja, o produto oferecido tem que agradar um grande número de clientes
simultaneamente, pois é a base de uma startup que deseja ser rentável e lucrativa não
vindo a falhar como acontece em um grande número de casos.
Um dos grandes erros cometidos pelos empreendedores é na etapa de
desenvolvimento do produto, pois o foco da empresa passa a ser na elaboração. A
proximidade com o cliente fica em segundo plano, a critério do setor de marketing que
irá encontrar possíveis clientes para teste do produto recém-fabricado pelos
engenheiros; é uma etapa longa que envolverá um grande custo de capitais. Esses
pequenos grupos de usuários vão reportar erros e adequações dos produtos às suas
especificações com a equipe de marketing, planejando o lançamento e os canais de
distribuição do produto. E em sua última etapa, a empresa investe no setor de vendas
com as intensas campanhas de marketing. Às vezes não obtém sucesso o processo de
adequação de produto, pois o potencial cliente tem um papel essencial e a empresa só
vai perceber isso através de feedbacks ajustados ao seu modelo de negócio.
3 ABORDAGENS SOBRE STARTUPS ENXUTAS
Com a necessidade de enxugar custos e aumentar as possibilidades do projeto
obter os resultados esperados Ries (2012) encontrou na filosofia um sentido para o
desenvolvimento da empresa a Lean Startup, que se tornou um grande referencial no
desenvolvimento das startups no mundo. Esse termo se refere a abordagem de processos
de produção enxuta com a qual as empresas tendem a operacionalizar suas etapas
através de ferramentas e técnicas de implementação com a qual visa agilizar seus
processos, diminuindo os custos da produção. Essa técnica já é bastante conhecida pela
administração como a filosofia just-in-time, atualmente o principal pilar do sistema
Toyota de produção. Por essa técnica, os produtos são fabricados tão somente no
momento em que forem vendidos ou montados.
De acordo com Slack (2009) “A abordagem enxuta de gerenciar operações é
fundamentada em fazer bem as coisas simples, em fazê-las cada vez melhor e eliminar
todos os desperdícios em cada passo do processo”. Tal filosofia prega que para o
produto ser bom ele tem que eliminar os desperdícios em seus processos agregando
valor a sua atividade final, sendo assim, o cliente sempre tem que está satisfeito com o
produto que lhe foi oferecido, pois ele é o ponto crucial de toda produção.
Quando se está no processo de desenvolvimento do produto na Lean Startup o
seu foco principal é o desejo do cliente, sendo assim, o produto será puxado pelas
respostas aos experimentos e teste de hipóteses realizadas junto aos mesmos para uma
possível validação e lançamento no mercado.
A resposta a essas pequenas ações chamadas de feedback do cliente,
pode ser de cunho quantitativo ou qualitativo. Ele permite elucidar e
documentar, de forma básica, o modelo e arquétipo do seu cliente
alvo. É importante frisar, que mais uma vez, ainda estamos num olhar
hipotético sobre a situação-problema (ERIC RIES, 2012, p. 25)
Ao se iniciar o processo de uma startup e não se tendo nenhuma noção de quem
será o público-alvo nem ao menos que tipo de produto irá ser lançado no mercado, é de
suma importância para o restante do processo que essa análise seja bastante proveitosa.
Essa interpelação tem como base a comunicação direta com os possíveis clientes, por
meio de questionários ou perguntas diretas através da descrição de pequenas histórias
com a intenção de fazer o cliente responder empiricamente, sendo capaz de fornecer
respostas valiosas para o desenvolvimento do produto.
3.1 PROCESSOS DAS STARTUPS ENXUTA
A metodologia possibilita a observação de uma startup enxuta e pode-se
observar uma nova descoberta no desenvolvimento de negócios sustentáveis buscado
agilidade nos processos. Essa experiência é focada na progressão organizacional, ou
seja, existem processos que serão traçados para alcançar um objetivo comum para
efetivar a aplicabilidade.
[...]empreender é administrar. Uma startup é uma instituição, não um
produto, assim, requer um tipo de gestão, especificamente construída
para seu contexto de extrema incerteza. [...] acredito que
“empreendedor” deveria ser considerado um cargo em todas as
empresas modernas que dependem da inovação para seu crescimento
futuro (ERIC RIES, 2012, p.89).
A falta de compreensão da importância da administração desses novos modelos
de negócios por parte dos empreendedores é uma das principais causas do fracasso do
negócio. Segundo Ries (2012) muitos empreendedores adotam o lema “just do it”, ou
simplesmente faça, e não utilizam as informações que a administração propõe. Grande
parte desses tipos de empreendedores têm uma visão errada das startups ao pensar que
esses modelos de negócio estão em um ambiente inovador, portanto não deva ser
gerenciado.
Para Ries (2012), existe cinco princípios fundamentados para esse modelo. Tais
princípios são descritos abaixo:
Empreendedores estão por toda parte: Quando pensa-se em
empreendedorismo leva-se em consideração pessoas que estão formalizadas no
mercado. Esse pensamento é um tanto retrógrado, qualquer pessoa pode validar
uma ideia e empreender não precisa necessariamente estar ligada a uma
segmentação de mercado já formalizada. No entanto, empresas de grande porte
também podem funcionar na abordagem de startup sem precisar mudar sua
visão de mercado. É muito importante entender que o empreendedor de startup
pode ser encontrado em qualquer lugar, não necessariamente em uma garagem.
Empreender é Administrar: pensar em startup como uma instituição e não
como produto, sendo assim este tipo de gestão é constituído pelo seu contexto de
extrema incerteza de mercado, tendo em vista o administrador como o grande
orientador da criação e inovação com escalabilidade.
Aprendizado validado: o foco principal de se criar uma startup é aprender a
desenvolver um negócio que seja sustentável, ou seja, a princípio cada elemento
da visão estabelecida pelo administrador tem que estar em constante
experimentação para obter o sucesso almejado em sua validação.
Construir-Medir-Aprender: ao se pensar em uma startup é importante
converter ideias em produtos, obter uma percepção do cliente para assim saber
se é viável prosseguir com o processo de idealização do produto. Para isso, é
estabelecido um feedback direto com os possíveis usuários, tornando-se um ciclo
de reciprocidade.
Contabilidade para inovação: os investimentos que são utilizados na startup, a
princípio, são apenas para idealização dos processos, sendo um tipo inovador de
contabilidade que requer pessoas responsáveis por esse determinado processo,
definindo marcos e priorizando o financiamento específico.
A grande questão a ser abordada pela startup enxuta são as experimentações
científicas, pois são etapas centrais de todo processo de desenvolvimento do produto.
Para isso, deve ser seguido determinados parâmetros de execução, com um plano de
negócio de extrema complexidade através de hipóteses que serão testadas
constantemente com os clientes.
Essa abordagem faz com que as táticas empreendedoras se tornem ágeis
reduzindo o trabalho, custo e o tempo de atração do mercado, tendo como resultado um
produto mínimo viável (MVP), que é utilizado na realização dos testes quantitativos
rápidos no mercado. Nesse sentido, Eric Ries (2012, p. 124) assim dispõe:
A startup enxuta só funcionará se formos capazes de construir uma
organização tão adaptável e ágil quanto os desafios enfrentados por
ela. Isso requer atacar os desafios humanos inerentes a essa nova
maneira de trabalho.
Isso exigirá agilidade na parte humana do processo, encarando desafios e tendo
que se adaptarem constantemente as inovações com bastante criatividade. Embora essa
técnica seja poderosa, é apenas uma das maneiras de uma organização funcionar em um
nível elevado, se comprometendo a alcançar o máximo de desempenho por meio de
medidas corretas.
4 DENVOLVIMENTO DE CLIENTES FOCADO NO STARTUP OWNER’S
MANUAL
O foco no cliente é a principal arma que uma organização deve utilizar e no
manual de desenvolvido criado por Blank & Dorf no livro Owner’s Manual (2012) tem
o intuito de mensurar as expectativas do cliente com olhar no produto a fim de validar
uma hipótese para facilitar o processo e fazer correções em pouco tempo.
O desenvolvimento de clientes começa testando as hipóteses nas ruas.
Não em reuniões de planejamento nem em várias páginas de um plano
de Marketing bem formatado, mas por clientes potenciais que riem de
você, te ignoram, te mandam embora e por outros que te ensinam
enquanto você ouve suas reais necessidades (STEVE BLANK 2012,
p.78).
Para o autor, o contato com os seus possíveis clientes é essencial para o sucesso
de validação das startups; com eles se aprende muito mais que qualquer processo bem
elaborado de um plano de negócio, esse contato é passivo de muita informação das
partes, obtendo resultados imediatos e lúcidos dos usuários em tese.
As teorias adotadas pelos autores são divididas por várias etapas de processos
para que o produto final saia de acordo com seu público alvo. Assim, a seguir, tem-se os
conceitos segundo o The startup owner's manual, por Steve Blanck and Bob Dorf
(2012).
4.1 EXPLORAÇÕES DE CLIENTES
Nesta primeira etapa, os investidores devem entender a visão da empresa com a
qual trabalharão, detalhando cada componente do modelo de negócio e criando
experimentos para validação da ideia. As primícias no desenvolvimento do modelo
devem ser entendidas pelo cliente apenas por hipóteses; o foco principal é o processo de
validação com o cliente em relação a cada ideia lançada, para obter conhecimento
através de possíveis feedbacks e assim ajustar o modelo de negócio.
[...] um método rigoroso para demonstrar o progresso quando uma
pessoa está pisando no solo da extrema incerteza no qual as startups
crescem. A aprendizagem validada é o processo de demonstrar
empiricamente que uma equipe descobriu verdades valiosas acerca das
perspectivas de negócio presentes e futuras de uma startup. Ela é mais
concreta, mais exata e mais rápida do que prognósticos de mercado ou
o clássico planejamento empresarial. É o antídoto principal contra o
problema fatal de alcançar o fracasso: executar com sucesso um plano
que não leva a lugar nenhum (ERIC RIES, 2012, p.89).
Através da descoberta do cliente temos três respostas, sendo elas: Validação da
hipótese, problema e solução, que podem ser viabilizadas com a demonstração do
produto aos futuros clientes obtendo opiniões sobre eles. Nessa etapa é apresentado ao
cliente um MVP, com o mínimo possível de funcionalidades. Essa fase de validação é
refeita por várias vezes até o produto se adequar ao gosto do público alvo.
4.2 VALIDAÇÕES DE CLIENTES
A princípio, essa etapa de validação é para testar se o modelo de negócio que
está sendo validado é passível de repetição e escalabilidade. Com este intuito serão
testados novos canais de aquisição e uma gama maior de possíveis clientes com um
foco maior no preço e na distribuição do produto validado. Nesta etapa, também será
utilizado uma pesquisa quantitativa para obtenção de melhores resultados para validação
qualitativa, tendo em vista identificar novas direções que obtenham melhores resultados
para a continuidade das startups, obtendo assim uma resposta para o direcionamento do
planejamento de marketing e vendas em longo prazo.
4.3 CONCEPÇÕES DE CLIENTES
Nesta fase a startup está focada nas vendas e na percepção do cliente para o
produto já validado. Os investimentos são nos canais de distribuição e divulgação, tendo
que atingir o sucesso de vendas, para arrecadar o montante investido. As estratégias
usadas para a obtenção de clientes variam de acordo com o tipo das startups que estão
sendo oferecidas, pois os nichos de mercado existente são bem definidos anteriormente
no princípio do projeto.
4.4 ESTRUTURA DA EMPRESA
Quando a startup chega nesta fase ela está passível de alcançar um modelo de
negócio repetível e escalável se tornando uma empresa. A partir daí é importante se criar
uma cultura de missão. Essa mudança é o ápice de uma startup, partindo para uma nova
etapa de crescimento focada na departamentalização dos processos e na flexibilidade
das variações de mercado, escolhendo uma equipe competente para o alinhamento dos
objetivos. Finaliza-se definindo um projeto a longo prazo e desenvolvimento de
clientes, que é o foco principal de toda organização.
5 BUSINESS MODELO GENERANION
Através de um modelo de negócio pode-se detalhar como uma empresa pretende
chegar as suas metas e gerar valor. No caso das startups, elas podem ser reinventadas de
um modelo tradicional sendo utilizadas em um contexto muito diferente ou idealizar um
modelo totalmente novo. Um plano de negócio bem elaborado é aquele que se faz
projeções financeiras, planos, metas, detalhamento de atividades de marketing, vendas,
etc. É uma ferramenta super antiga e bastante usada por várias corporações guiando a
empresa em direção aos seus objetivos. No entanto, devido o dinamismo de uma
startup, requer um modelo mais flexível e que acompanhe as alterações do negócio.
É importante frisar que a startup está em uma busca constante pelo modelo de
negócio que seja escalável e lucrativo, sendo de grande importância as inovações a fim
de encontra a melhor forma de capturar valores.
O Busuness Model Generation (2010) dos autores Alexandre Osterwalder e
Yves Pigneur, tem como nova proposta à criação de um modelo de negócio, em
ambientes de grande competitividade. Nesse intuito, é lançada uma nova metodologia
que auxilia os empreendedores a transformarem suas ideias em ações, tendo como
principal vantagem à rapidez na estruturação e nos testes de hipótese do produto ou
serviço. “Não há um único modelo de negócio (...). Há realmente uma série de
oportunidades e um monte de opções e nós apenas temos que descobrir todas elas.”
(OSTERWALDER, 2010, p. 198).
O modelo proposto pelos autores é o Business Model Canvas, sendo utilizado
como uma ferramenta para comunicação de ideias através de diversos critérios
integrados do negócio, com a meta de facilitar o entendimento de todas as fases do
negócio para todos envolvidos. As ideologias do conceito de Canvas vão de acordo os
autores citados anteriormente Blank & Dorf (2012) e Ries (2012), que permite a
inserção de hipóteses para validação com o cliente, a partir de esse processo inserir
modificações no projeto.
O Business Model Canvas, de Osterwalder (2010) é dividido em nove elementos
que representam o negócio. São eles:
Segmento de Cliente: é importante a empresa entender quem é o cliente, qual
tipo de relacionamento, quanto ele esta disposto a pagar e que canal de
distribuição ele frequenta.
Proposta de Valor: Após a definição do cliente é importante estabelecer quais
produtos e serviços que resolvem o problema ou satisfazem a necessidade de
um segmento de cliente especifico.
Canais: São as interfaces da empresa com os clientes, que devem conter desde
o reconhecimento da empresa pelos clientes, passando pelas vendas até o
período de pós-vendas.
Relacionamento com os Clientes: Este tipo de relacionamento deve ser
pautado por três principais motivos: Aquisição de novos clientes, Retenção dos
clientes, Aumento das vendas dos clientes atuais.
Fonte de Receita: A empresa compreende quais são os clientes dos variados
segmentos, para assim identificar o quanto estão dispostos a pagar. A fonte
pode envolver pagamentos por transações ou pagamentos recorrentes. As
formas mais comuns são: Tarifa por uso, Publicidade, Tarifas de assinatura e
etc.
Recursos-chave: Significa a representação das propostas de valores da
empresa através de canais com o cliente. Tem diferentes naturezas como:
Físicas, Intelectual, Humana e Financeira.
Atividades-chave: Representam as principais atividades realizadas na empresa
para que funcione o modelo de negócio. São divididas em três grupos:
Produção, Resolução de Problemas e Plataforma de rede.
Parcerias-chave: São alianças estratégicas que servem para avaliar os riscos e
incertezas, com aquisição de determinados recursos e ganhos escalados.
Estrutura de Custo: O último elemento do Canvas é identificar os custos
relevantes, refletindo as atividades e os recursos nas operações. Analisando
quais custos são mais importantes para o funcionamento do negócio, devendo
ser incluídos os custos fixos e variáveis.
Esses elementos são divididos em três visões: Visão do cliente, Visão da operação,
Visão financeira.
6 MODELOS DE STARTUP DE SUCESSO
Tendo em vista o grande sucesso dessa ferramenta de empreender a startup vem
se destacando cada dia no mercado cada vez mais concorrido. Graças ao seu baixo custo
de implementação e por ser delimitado apenas pela criatividade humana, surgem
constantemente novas ideias de produtos, sendo difundida por empresas que buscam um
espaço de aplicabilidade no mundo digital.
Com o surgimento da Internet os fundamentos econômicos,
empresariais e tecnológicos da economia tradicional são desafiados,
renovando o sistema e fazendo com que os empreendedores
desenvolvam novos modelos para os negócios dentro desta nova
economia (TURBAN, 2004, p. 26).
Em outros termos, as empresas têm aumentado sua participação no mercado à
medida em que o consumo tem crescido mundialmente. A emergência da comodidade
que os consumidores necessitam contemporaneamente faz com que essas empresas
tecnológicas cresçam gradativamente. Apesar do seu rápido desenvolvimento e ganhos
extraordinários, a concorrência neste setor é altíssima, implicando na necessidade de
constantes inovações a cada demanda criada pelos programadores ou condicionada
pelos usuários através de críticas ou sugestões.
Essas empresas geralmente procuram resolver problemas em que a
solução não é aparente e o seu sucesso não é garantido. Contam com
projetos promissores ligados a pesquisa, investigação e
desenvolvimento de ideias inovadoras. (TURBAN, 2004, p. 45).
Muitas empresas de sucesso atualmente iniciaram-se através das startups como a
Google, Ebay, Amazon, Facebook, Instagram, entre outras.
Através de uma pesquisa feita pela Revista EXAME.com em 2014, com a ajuda
de Fernando de la Riva, diretor-execultivo da Concrete Solutions, Marcelo Nakagawa,
professor de Empreendedorismo do Insper e João Kepler Braga, investidor-anjo e
mentor na Seed investimentos, lista algumas startups de sucesso que revolucionaram
seus mercados. São elas:
No mundo, há mais de 500 milhões de pessoas que usam o Whatsapp para se
comunicar. Para Riva, o aplicativo afetou diretamente os segmentos de telecomunicação
e redes sociais. Em fevereiro desse ano, a empresa foi comprada pelo Facebook por 16
bilhões de dólares. Fundado em 2009, pelos empreendedores Jan Koum e Brian Acton.
A startup foi fundada pelo brasileiro Mike Krieger e pelo americano Kevin
Systom e mudou a maneira como as pessoas compartilham fotos em smartphones. Em
2012, o Facebook comprou o aplicativo por aproximadamente um bilhão de dólares.
Como rede social, o Instagram é importante para quem deseja potencializar a sua marca
e conquistar novos consumidores.
Tinder
Não há muito tempo, quem queria conhecer gente nova recorria a sites de
encontros e relacionamentos. Hoje, o Tinder ajuda quem deseja flertar por meio de
smartphone. O aplicativo usa dois componentes para ajudar no flerte: a geolocalização,
para achar potenciais encontros mais próximos, e o social. “Um ponto relevante neste
caso é que quem desenvolveu o aplicativo foi a própria IAC, dona do match.com,
okcupid e do Par perfeito. Eles preferiram atacar o mercado antes que um novo entrante
atacasse”, explica Riva.
Spotify
É um dos serviços pioneiros quando se fala em steaming de música. O aplicativo
começou a ser desenvolvido em 2006, em Estocolmo, na Suécia. Em 2012, a startup
ganhou a 16ª edição do prêmio Webby, que premia os sites mais importantes da internet.
Em maio de 2014, o serviço chegou ao Brasil. Os artistas ganham de acordo com a
quantidade de vezes que a música é tocada.
7 METODOLOGIA
Este artigo desenvolveu-se por uma pesquisa de natureza científica, com o
problema abordado de maneira qualitativa, com os objetivos analisados a partir de um
significativo levantamento bibliográfico e documental para um embasamento teórico
sobre estratégias organizacionais. Buscou-se utilizar como base central os conceitos de
planos de negócio e empreendedorismo. Com um foco inovador nas maneiras de
empreender de forma escalável e sustentável.
CONCLUSÃO
Esse artigo teve por objetivo descrever e avaliar a importância de se investir em
uma Startup, analisando os processos de desenvolvimento desse modelo de negócio,
com uma análise contextual das etapas e ferramentas abordadas pelos autores Ries
(2012), Blanck (2012) e Osterwalder (2010). Os resultados obtidos através das análises
bibliográficas demonstraram que os objetivos da pesquisa foram atingidos, sendo
possível visualizar de forma estruturada alguns dos processos utilizados.
Por se tratar de um ambiente de incerteza em que as startup estão inseridas e por
ser um método recente, alguns empreendedores não sabem qual metodologia deve ser
implantada ou até mesmo se precisam utilizar de alguma, e no caso de empresas
consolidadas é necessário para inovação e eficiência dos recursos nos processos de
mudanças.
Na criação de uma nova empresa, é importante muita dedicação e apetite para se
arriscar por parte dos sócios envolvidos. A vantagem de empreender na internet se dá
pelo aporte financeiro no início das atividades que são bastante reduzidos, já que
geralmente não tem ativos fixos. Além disso, tem a possibilidade de conseguir mais
clientes em um curto espaço de tempo, obtendo um grande ganho escalado através das
operações.
As metodologias pesquisadas demonstram que se completam em seus ciclos, por
ser um termo recente no empreendedorismo apresentam alternativas interessantes,
principalmente no contexto da internet, onde as mudanças ocorrem com grande
facilidade. Os autores têm pontos de vista complementares que auxiliam a quem deseja
empreender nas áreas de tecnologia, visando à satisfação do seu cliente.
Essa pesquisa descritiva serve para ampliar os conhecimentos de futuros
empreendedores que desejam investir em inovadores formatos com base nas áreas
tecnológicas. Ou até mesmo quem já tem seu formato de empresa consolidado no
mercado possa administrar de forma mais eficiente com foco na inovação de seus
processos.
STARTUP, SCALABLE AND SUSTAINABLE ENTREPRENEURSHIP IN
PRESENT DAY
ABSTRACT
This graduation paper presents an analysis on the development of new business placed
in an extremely uncertain called startup environment. For this are presented as the main
theoretical references The Startup Owner's Manual books (Steve Blank & Bob Dorf),
The Lean Startup (Eric Ries). Due to major technological changes that have happened in
recent years young companies especially those related to technology were named
startup. This article will aim to describe what the purpose of being a startup
demonstrating different forms of entrepreneurship today. This article aims to describe
what the purpose of being a startup demonstrating different forms of entrepreneurship
today.
Key-words: Entrepreneurship; Sustainable Management, Market Trends, Innovation
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