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8/17/2019 STF. Constitucionalidade. Art. 384, CLT..pdf
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 658.312 SANTA CATARINA
RELATOR
: MIN
. DIAS
TOFFOLI
RECTE.(S) : A ANGELONI & CIA LTDA ADV.(A / S) :DIEGO DANIEL STÜRMER RECDO.(A / S) :RODE KEILLA TONETE DA SILVA ADV.(A / S) :PAULO SÉRGIO ARRABAÇA AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS SUPERMERCADOS-
ABRAS ADV.(A / S) :HUMBERTO BRAGA DE SOUZA E OUTRO(A/S)AM. CURIAE. :FEDERAÇÃO BRASILEIRA DOS BANCOS-FEBRABAN
ADV.(A / S) :CARLOS MRIO DA SILVA VELOSO E OUTRO(A/S)
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
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>INTERVALO DE ?@ MINUTOS PREVISTO NO ART! DA CLT! PARA MULHERES ANTES DO LABOR EMSOBREORNADA! CONSTITUCIONALIDADE! O *$:$.$+. * ."0'.'"%'**$ * +'# * CLT "9 00.'4'0 *'0.009 " 4:' *$0 C+$3 <$3 ,+ '"$+4*' *
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RE 658312 / SC
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>DIREITO DO TRABALHO E CONSTITUCIONAL!RECEPÇÃO DO ARTIGO DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEISDO TRABALHO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE ?Q!DISCUSSÃO ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE DOINTERVALO DE ?@ MINUTOS PARA MULHERES ANTES DA
ORNADA ETRAORDINRIA! MATÉRIA PASSVEL DEREPETIÇÃO EM INWMEROS PROCESSOS3 A REPERCUTIRNA ESFERA DE INTERESSE DE MILHARES DE PESSOAS!PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL!
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RE 658312 / SC
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 658.312 SANTA CATARINA
VOTO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
Precede o julgamento em testilha uma breve contextualização.Ressalte-se, como proêmio, que o resultado do julgamento do
recurso de revista pelo ribunal !uperior do rabalho "ez prevalecer, no
ponto que interessa a esse julgamento, o ac#rdão mediante o qual oribunal Regional do rabalho da $%& Região deu provimento parcial aorecurso da trabalhadora e, al'm de lhe ter concedido certas verbastrabalhistas, condenou a empregadora ao (pagamento de quinze minutoscom o adicional de )*+ , de "orma indenizat#ria, nos termos do art. /01da 23, pedido esse que havia sido julgado improcedente na sentença4"ls. $)0 a $516.
7mporta esclarecer os pontos essenciais levantados no recurso
extraordin8rio9 a6 os arts. ):, inciso 7, e 5:, inciso ;;;, da 2onstituição<ederal de $=00 teriam concretizado, de"initivamente, a igualdade entrehomens e mulheres, razão pela qual o art. /01 da 2onsolidação das 3eisdo rabalho não teria sido recepcionado pela nossa 2arta >agna? b6 nãose justi"icaria (a di"erenciação apenas em razão do sexo, sob pena de seestimular a discriminação no trabalho entre iguais, ainda mais quando(a recomposição da "adiga, no ambiente de trabalho, ' igual para ohomem e para a mulher? c6 al'm de inexistir raz@es su"icientes para otratamento desigual, esse não possuiria gênese constitucional. Assim,pugna a recorrente pela re"orma da decisão objurgada, para que sejaa"astada sua condenação ao pagamento da indenização re"erente aointervalo de $) minutos, com adicional de )*+, previsto na normain"raconstitucional, sob pena de o"ensa ao princBpio da isonomia.
!aliento inexistir precedente desta 2orte especi"icamente sobre om'rito desse tema. Cs recursos submetidos a julgamento "oram julgados
prejudicados por "undamentos outros. Vid9 ARD n: E)/.005FPR, Relatoraa >inistra C!"#$ L%&i' , julgado em /*F0F$% e ARD n: 5/$./$/FR!, de
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#i$' "*'+,"i' , julgado em $5FEF$/. Cs demais recursos que tramitavamna 2orte baixaram G origem ap#s o reconhecimento da repercussão geral
da mat'ria.Helineadas as quest@es constitucionais controvertidas, impende tecer
algumas consideraç@es acerca do texto e do hist#rico da norma inquinadade inconstitucional, a qual se encontra no 2apBtulo 777 da 2onsolidaçãodas 3eis do rabalho - que traz regras especB"icas sobre a (Proteção dorabalho da >ulher. Dis o texto9
(Art. /01. Dm caso de prorrogação do hor8rio normal, ser8
obrigat#rio um descanso de quinze 4$)6 minutos no mBnimo,antes do inBcio do perBodo extraordin8rio do trabalho.
Dsse dispositivo ingressou neste paBs na vida jurBdica das mulherescom o Hecreto-lei n: ).1)%, de $: de maio de $=1/, o qual "oi sancionadopelo então presidente IetJlio Kargas durante o perBodo do Dstado Lovo,no qual não s# se uni"icou toda a legislação trabalhista, como tamb'm seinseriram no mundo jurBdico novos direitos dos trabalhadores.
emos de relembrar que a cl8usula geral da igualdade "oi expressaem todas as 2onstituiç@es brasileiras.
C art. $5=, inciso ;777, da 2onstituição de $0%1 previa que (a leiser8 igual para todos, quer proteja, quer castigue, e recompensar8 emproporção dos merecimentos de cada um.
A 2onstituição de $0=$, com a redação dada pela Dmenda2onstitucional de / de setembro de $=%E, preocupava-se com a igualdade
"ormal entre as pessoas, a "im de impedir que se "izessem distinç@es em"unção das posses ou de tBtulos nobili8rquicos ou de nascimento,estabelecendo o seguinte9 (todos são iguaes perante a lei. A RepJblicanão admitte privilegios de nascimento, desconhece "oros de nobreza, eextingue as ordens honori"icas existentes e todas as suas prerogativas eregalias, bem como os titulos nobiliarchicos e de conselho 4art. 5%, M %:6.
!omente com a 2onstituição brasileira de $=/1 ' que, pela primeiravez, ressaltou-se o tratamento igualit8rio entre o homem e a mulher,
quando, de "orma exempli"icativa, retratou a 2onstituição a obrigação da
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lei de garantir esse tratamento isonNmico9 (todos são iguais perante alei. Lão haver8 privil'gios, nem distinç@es, por motivo de nascimento,
sexo, raça, pro"iss@es pr#prias ou dos pais, classe social, riqueza, crençasreligiosas ou ideias polBticas 4art. $$/, O$6. Dsse texto "oi retomado,quanto a seus aspectos elucidativo e ilustrativo, incluindo o tratamentoisonNmico quanto ao gênero, no art. $)/, M $:, da Dmenda 2onstitucionaln: $ de $=E=.
Quando "oi sancionada a 2onsolidação das 3eis rabalhistas,vigorava a 2onstituição de $=/5, a qual se limitou, como na 2onstituiçãode $=1E, a garantir a cl8usula geral de igualdade, expressa na "#rmula
(todos são iguais perante a lei. Lessa Jltima 2arta, o art. $)5, inciso 77,proibia, expressamente, qualquer tratamento di"erenciado nos sal8riospara um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo, nacionalidade ouestado civil.
Lem a inserção de cl8usula geral de igualdade em todas as nossas2onstituiç@es nem a inserção de cl8usula especB"ica de igualdade degênero na 2arta de $=/1 impediram, como ' de todos sabido, a plenaigualdade entre os sexos no mundo dos "atos.
Lão "oi por outro motivo que a 2onstituição <ederal de $=00, sobre otema, explicitou, em três mandamentos, a necess8ria garantia daigualdade, sob seus diversos aspectos. Assim9 i6 "ixou a cl8usula geral deigualdade, prescrevendo, em seu art. ):, &'-+ , que (todos são iguaisperante a lei, sem distinção de qualquer natureza 4...6? ii6 estabeleceuuma cl8usula especB"ica de igualdade de gênero, declarando que (homense mulheres são iguais em direitos e obrigaç@es 4art. ):, inciso 7, 2<6? e iii6
ao mesmo tempo, deixou excepcionada a possibilidade de tratamentodi"erenciado, por opção do constituinte, na parte "inal desse dispositivo,salientando que isso se dar8 (nos termos da 2onstituição.
As situaç@es expressas de tratamento desigual, sobre as quaispoderia ocorrer alguma dJvida, "oram dispostas "ormalmente na pr#pria2onstituição, como podemos veri"icar, por exemplo, nos arts. 5:, inciso;;, e 1*, M $:, inciso 777, letras a e b.
Pela leitura esses dispositivos podemos concluir que a 2onstituição
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<ederal veio a se utilizar de alguns crit'rios para esse tratamentodi"erenciado9 i6 em primeiro lugar, levou em consideração a hist#rica
exclusão da mulher do mercado regular de trabalho e impNs ao Dstado aobrigação de implantar polBticas pJblicas, administrativas ou meramentelegislativas de natureza protetora no mbito do direito do trabalho4P7ALIST, Uacqueline V WAR!DH, 3eila 3. 4orgs.6. O /",0", d'M*" $, "'i*. WrasBlia9 SL7<D>,<undação <ord e 2DP7A, %**E6? ii6considerou existir um componente orgnico, biol#gico, a justi"icar otratamento di"erenciado, inclusive pela menor resistência "Bsica damulher? e iii6 considerou haver, tamb'm, um componente social, pelo "ato
de ser comum o acJmulo de atividades pela mulher no lar e no ambientede trabalho X o que, de "ato, ' uma realidade e, portanto, deve ser levadoem consideração na interpretação da norma, como prop@e a met#dicaconcretista de <riedrich >Yller 4c". M+,d, d +"'4'*, d, Di"i+,C,$+i+&i,$'*. rad. Peter Laumann9 Rio de Uaneiro, Renovar, %**) e O$,, -'"'di0#' d, di"i+,: i$+",d7, +,"i' #+9di&'+"+"'$+ d, di"i+,. rad. Himitri Himoulis et. al.. !ão Paulo9 Revistados ribunais, %**06. Lão vislumbro ser a esp'cie um enunciadonormativo que retrate mecanismo de compensação hist#rica pordiscriminaç@es socioculturais "undado na doutrina do (impactodesproporcional, tal qual desenvolvida pelo sistema jurBdico norte-americano. C art. /01 da 23 levou em consideração os outros doiscrit'rios acima elencados.
Dsses parmetros constitucionais são legitimadores de umtratamento di"erenciado, desde que a norma instituidora amplie direitos
"undamentais das mulheres e atenda ao princBpio da proporcionalidadena compensação das di"erenças. Dssa ' a tese em jogo e, ao se analisar oteor da regra atacada, podemos in"erir que a norma trata de aspectos deevidente desigualdade de "orma proporcional, garantindo o perBodo dedescanso de, no mBnimo, quinze 4$)6 minutos antes do inBcio do perBodoextraordin8rio de trabalho, G mulher trabalhadora.
Z "ato que houve, com o tempo, a supressão de alguns dispositivosprotetores da mulher que cuidavam do trabalho noturno e da jornada de
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trabalho da empregada, previstos nos arts. /51 a /5E, /50 a /0* e /05 da2onsolidação das 3eis do rabalho. Ccorre que, quando da revogação
desses dispositivos pela 3ei n: 5.0)), de %1F$*F0=, o legislador entendeuque deveria manter a regra do art. /01 da 23, a "im de lhe garantir umadi"erenciada proteção, dada a identidade biossocial peculiar da mulher eda sua potencial condição de mãe, gestante ou administradora do lar.
Ali8s, não h8 como negar que h8 di"erenças quanto G capacidade"Bsica das mulheres em relação aos homens X inclusive comlevantamentos cientB"icos 4id WARRC!, Alice >onteiro de. C", dDi"i+, d, T"'4'*,. 3tr, %**0, p. $*0*? 2C!A, Uurandir <reire. [omens
e >ulheres. I$9 O"d# Mdi&' N,"#' F'#i*i'". Rio de Uaneiro9 Iraal,$=5=, p.%/)-%E$? !\AP7RC, Ana >aria. Hi"erença sexual, igualdade degênero9 ainda um debate contemporneo. I$9 H]vila, >aria 7n8cia,PDHRC, Rosa 4Crgs.6. T&$d, , D$,*i#$+,: '4" 0;$",&,*,0i' ,&i'*. Rio de Uaneiro9 >auad9 Wapera, %**/. p.0/-=1? WDLLD,
Uames . he Politics o" American <eminism9 Iender 2on"lict in2ontemporar^ !ociet^. Sniversit^ Press o" America, %**56. 2uida-se deargumento real e que deve ser considerado. anto ' que o art. /=* da 23protege a trabalhadora, impedindo o empregador de contratar mulher em(serviço que demande o emprego de "orça muscular superior a %* 4vinte6quilos para o trabalho continuo, ou %) 4vinte e cinco6 quilos para otrabalho ocasional.
2on"ira-se, sobre o tema, o esc#lio do saudoso pro"essor 2elsoRibeiro Wastos9 (homens e mulheres não são, em diversos sentidos, iguais,sem que com isso se queira a"irmar a primazia de um sobre o outro. C
que cumpre notar ' que, por serem di"erentes, em alguns momentoshaverão "orçosamente de possuir direitos adequados a estasdesigualdades 4WA!C!, 2elso Ribeiro e >AR7L!, 7ves Iandra.C,#$+!"i, C,$+i+i7, d, "'i*. !ão Paulo9 !araiva, $=0=, p. $06.
C ribunal !uperior do rabalho vem reconhecendo a vigência dodispositivo ora impugnado. Hestaco trecho do voto do eminente >inistroI <'$d"' M'"+i$ Fi*, , Relator no julgamento do RR n: $%$$**-*5.%*$*.).$/.**%E, da !'tima urma, em 5F/F$%, que acentuou a
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necessidade da manutenção da discriminação positiva em bene"Bcio damulher9
(Ressalte-se que o #'i," d0'+ natural da mulhertrabalhadora, em comparação com o homem, dada a di"erentecompleição "Bsica, $7, =,i d&,$id"'d, -*, C,$+i+i$+ d1>88 , que garantiu, por exemplo, di="$+ &,$di? para aobtenção da aposentadoria para homens e mulheres, bem comopreviu perBodos distintos de licenças maternidade epaternidade 42<, art. 5:, ;K777 e ;7;? art. %*$, M 5:, 7 e 77? AH2,
art. $*, M $:6.Assim ' que a pr#pria 2onstituição da RepJblica, tendoem mira o estabelecimento de uma i0'*d'd #'+"i'* , emdetrimento de uma igualdade meramente "ormal, estabeleceualgumas di="$' $+" , @,. 3ogo, com o objetivoprecisamente de concretizar o princBpio albergado no inciso 7 doart. ): da 2<, devem-se +"'+'" di0'*#$+ ,#$ #*" na medida das suas desigualdades.
Z justamente dentro desse conceito de igualdade material
que se insere a ideia de concessão de '$+'0$ -&=i&' Gstrabalhadoras do @, =#i$i$, , em "unção de suascircunstncias pr#prias, como ' o caso do i$+"'*, d 15#i$+, antes de iniciar uma jornada extraordin8ria de quetrata o '"+. 38B d' CLT.
Heve ser observado, por outro lado, que o Pleno desta2orte !uperior, apreciando i$&id$+ d i$&,$+i+&i,$'*id'd4c"r. !-77L-RR-$.)1*F%**)-*1E-$%-**.)6, concluiu que o '"+. 38B
d' CLT "oi "&-&i,$'d, pela C,$+i+i7, d 1>88entendendo que a razão de ser do re"erido dispositivo legal ' a-",+7, d' +"'4'*'d,"' #*" , "isicamente mais "r8gil que ohomem e submetida a um maior desgaste natural em "ace dasua dupla jornada de trabalho, o que justi"ica o +"'+'#$+,di="$&i'd, d' #*" em termos de jornada de trabalho eperBodo de descanso 4HDU, =F/F$%6.
amb'm nesse sentido, h8 os seguintes julgados daquela 2orte
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!uperior9 !-77L-RR-$.)1*F%**)-*1E-$%-**.) Relator o >inistro I<'$d"' , ribunal Pleno, HDU de $/F*%F*=? !-RR-%$0E**-
50.%**=.).*%.**5*, Relator o >inistro , R,4"+, F"i" /i#$+' , %&urma, julgado em EF/F$/? !-D-RRX1E)**-1$.%**/.).*=.**E0, Relatora>inistra M'"i' C"i+i$' I"i0,$ /di , !ubseção 7 Dspecializada emHissBdios 7ndividuais, HDU $%F*/F%*$*? !-D-RR-%0E01**-5/.%**%.).*=.*=**, Relator o >inistro H,"!&i, R'#$d, d S$$' /i" ,!ubseção 7 Dspecializada em HissBdios 7ndividuais, HDU %*F%F*=? !-RR-1/)**-10.%**0.).*1.**$=, %& urma, Relator o >inistro R$'+, dL'&"d' /'i' , HDU $EF$%F$*? !-RR-$5%=$F%***-*$)-*=-**, 0& urma,
Relatora a >inistra M'"i' C"i+i$' I"i0,$ /di , HU $)FEF*=? !-RR-%*$=0F%**)-*$/-*=-**, $& urma, Relator o >inistro L*i, $+ C,"";' ,HU $%FEF*=? !-RR-///=F%***-*E=-*=-**, )& urma, Relatora a >inistra!+i' M'0'*7 A""d' , HU $%FEF*=? e !-RR-$/**-$1.%**0.).*%.*//%,Relator o >inistro F"$'$d, Ei, O$, , julgado em %=FEF$$.
Lão parece existir "undamento sociol#gico ou mesmo comprovaçãopor dados estatBsticos a amparar a tese de que o dispositivo em questãodi"icultaria ainda mais a inserção da mulher no mercado de trabalho. Lãoh8 notBcia da existência de levantamento t'cnico ou cientB"ico ademonstrar que o empregador pre"ira contratar homens, em vez demulheres, em virtude da obrigação em comento.
Por sua vez, diante desses argumentos jurBdicos, não h8 espaço parauma interpretação que amplie, sob a tese gen'rica da isonomia, aconcessão da mesma proteção ao trabalhador do sexo masculino, poisal'm de os declinados raciocBnios l#gico e jurBdico impedirem que se
aplique a norma ao trabalhador homem, sob o prisma teleol#gico danorma, não haveria sentido em se resguardar a discriminação positivadiante das condicionantes constitucionais mencionadas. Adotar a teseampliativa acabaria por mitigar a conquista obtida pelas mulheres.
orno a insistir9 o di&"#$ , na esp'cie, não viola a universalidadedos direitos do homem, na medida em que o legislador vislumbrou anecessidade de maior proteção a um grupo de trabalhadores, de "orma
justi"icada e proporcional.
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7nexiste, outrossim, violação da 2onvenção sobre a Dliminação deodas as <ormas de Hiscriminação contra a >ulher - adotada pela
Resolução n: /1F$0* da Assembleia Ieral das Laç@es Snidades em$0F$%F$=5= e rati"icada pelo Wrasil em $:F%F$=01, por meio do Hecreto3egislativo n: =/, de $1 de novembro de $=0/ -, na medida em que seu art.$: bem delineou o sentido da expressão (discriminação, a saber9
(Artigo $: - Para "ins da presente 2onvenção, a expressãoOdiscriminação contra a mulher signi"icar8 +,d' di+i$7,@&*7, , "+"i7, 4''d' $, @, G +$' -," ,4+,
, "*+'d, -"di&'" , '$*'" , "&,$&i#$+, 0,, ,@"&&i, -*' #*" independentemente de seu estado civil,com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitoshumanos e liberdades "undamentais nos campos polBtico,econNmico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo4negritos nossos6.
A normativa internacional, al'm de vigorar em nosso paBs, "oi
recepcionada pela nossa 2arta 2onstitucional de $=00, que, inclusive,proclamou outros direitos especB"icos das mulheres9 i6 nas relaç@es"amiliares, ao coibir a violência dom'stica 4art. %%E, MM ): e 0:6? ii6 quantoao mercado de trabalho, ao proibir a discriminação 4art. 5:, inciso ;;;6 e,principalmente, iii6 ainda quanto ao mercado de trabalho, ao garantiruma proteção especial G mulher mediante incentivos especB"icos,con"orme previsão do art. 5:, ;;, regulamentado pela 3ei n: =.5==, de %Ede maio de $===, que inseriu na 2onsolidação das 3eis do rabalho regras
sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho.C "ato ' que tanto as disposiç@es constitucionais, convencionais
como as in"raconstitucionais não impedem que ocorram tratamentosdi"erenciados, desde que existentes elementos legBtimos para o di&"#$e que as garantias sejam proporcionais Gs di"erenças existentes entre osgêneros, ou ainda, de"inidas por algumas conjunturas sociais. !obre otema, id a s#bria e exata colocação de 2elso AntNnio Wandeira de>ello9
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RE 658312 SC
(Por via do princBpio da igualdade, o que a ordem
jurBdica pretende "irmar ' a impossibilidade dedesequiparaç@es "ortuitas ou injusti"icadas. Para atingir este bem, este valor absorvido pelo Hireito, o sistema normativoconcebeu "#rmula h8bil que interdita, o quanto possBvel, taisresultados, posto que, exigindo igualdade, assegura que ospreceitos gen'ricos, os abstratos e atos concretos colham a todossem especi"icaç@es arbitr8rias, assim proveitosas quedetrimentosas para os atingidos 4O &,$+%d, "di&, d,-"i$&-i, d' i0'*d'd. !ão Paulo, >alheiros, $===, p. $06.
Reitero9 não houve tratamento arbitr8rio ou em detrimento dohomem. C que o legislador veri"icou "oi a necessidade de, diante dasdi"erenças j8 suscitadas, con"erir Gs mulheres o bene"Bcio normativo
juslaboral.Anoto, "4i 0"'+i' , outras hip#teses normativas em que se concebeu
a igualdade não a partir de sua "ormal e irreal acepção, decorrente do
liberalismo cl8ssico, mas como um "im necess8rio em situaç@es dedesigualdade9 i6 direitos trabalhistas extensivos aos trabalhadores nãoincluBdos no setor "ormal, como ' o caso das trabalhadoras dom'sticas? ii6licença-maternidade, sem prejuBzo do emprego e do sal8rio, com prazosuperior G licença-paternidade? iii6 prazo menor para a mulher adquirir aaposentadoria por tempo de serviço e de contribuição, nos termos dosarts. 1*, inciso 777 e %*$, M 5:, da 2onstituição <ederal? iv6 3ei n: =.)*1, de/* de setembro de $==5, que dispNs que cada partido ou coligação deve
reservar o mBnimo de /*+ e o m8ximo de 5*+ para candidaturas de cadasexo 4art. $*, M /:, com a redação dada pela 3ei n: $%.*/1, de %**=6? e v6(3ei >aria da Penha 43ei n: $$./1*F%**E6, que estabeleceu uma s'rie deproteç@es especiais Gs mulheres vBtimas de violência dom'stica.
A !egunda urma desta 2orte, no julgamento do >! n: %=.=E/,Relator o >inistro <i*#'" M$d , entendeu ser possBvel, em etapa deconcurso pJblico, exigir-se teste "Bsico di"erenciado para o homem e amulher quando preenchidos os requisitos da necessidade e da adequação
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para o di&"#$. Vid importante trecho do voto9
(Lo caso, h8 que se destacar que as atribuiç@es previstaspara o cargo pleiteado, notadamente Oa garantia daincolumidade "Bsica de dignit8rios, testemunhas e de pessoasameaçadas que conduzam exigem bom condicionamento"Bsico, motivo pelo qual concluo que a exigência do teste deaptidão "Bsica possui estrita pertinência com as atribuiç@es docargo e que ' per"eitamente legBtimo G Administração PJblicaselecionar os candidatos mais bem quali"icados.
Ademais, no que se re"ere G suposta violação do princBpioda isonomia tendo em vista o estabelecimento de regrasdistintas para homens e mulheres para realização do teste "Bsico,acolho o parecer do >inist'rio PJblico <ederal que, aplicando ateoria do impacto desproporcional, assentou o seguinte9
O!e, na prova de es"orço "Bsico, considerasseabsolutamente iguais homens e mulheres, criaria paraestas um impacto desproporcional. !abe-se que os homens
possuem maiores condiç@es de resistência "Bsica do que asmulheres, o que se prova pela mera veri"icação do queocorre nos esportes. Lão h8, em qualquer competição queenvolva resistência "Bsica, disputa entre homens emulheres. 2ada um desses grupos compete entre si.
Assim, entendo que a exigência especB"ica do teste deaptidão "Bsica no certame em questão, para cargo de 'cnico de
Apoio DspecializadoFransporte, não in"ringe o exto2onstitucional.
Ante o exposto, casso a liminar anteriormente de"erida evoto pela denegação da segurança 4HUe %/F=F$$6.
C amparo da jurisprudência e da doutrina a essa tese tamb'm "oi bem lembrado pela Procuradoria-Ieral da RepJblica em seu respeit8velparecer 4"l. 1%E69
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_Ademais, a 23, ao estabelecer um 2apBtulo destinado G
OPRCD`C HC RAWA3[C HA >S3[DR, demonstrouinequBvoco interesse em estabelecer regime jurBdico distintoentre homens e mulheres, em situaç@es especB"icas. Hessemodo, não se a"igura inconstitucional a di"erenciaçãoestabelecida em razão de crit'rio objetivo e razo8vel 4saJde damulher6, tal como ocorre na esp'cie.
C tratamento di"erenciado entre homem e mulher j8 "oiadmitido pelo !upremo ribunal <ederal9
D>DLA9 Promoção de militares dos sexosmasculino e "eminino9 crit'rios di"erenciados9 carreirasregidas por legislação especB"ica9 ausência de violação aoprincBpio da isonomia9 precedente 4RD %%).5%$, 7lmarIalvão, HU %1.*1.%***64A7-AgR )$$.$/$-WA - >in.!epJlveda Pertence, Primeira urma, HU de $).*1.%**)6.
Kale transcrever excerto do artigo OA 7nterpretação do
Artigo /01 da 2onsolidação das 3eis de rabalho e oratamento 7sonNmico entre [omens e >ulheres, acerca dotema9
O!em embargo, com a devida vênia G tese de"endidapor parte da doutrina e da jurisprudência p8trias, queper"ilham entendimento no sentido de ser inconstitucionalo texto do art. /01 da 23, entende-se que a proteção ao
labor da mulher quanto a sua duração con"igura-seproteção G situação desigual, sem qualquer o"ensa aoprincBpio constitucional da igualdade.4C37KD7RA, >aria<ernanda Pereira de. I$9 Repert#rio 7CW de jurisprudência9trabalhista e previdenci8rio, n. $/, p. 1%)-1%%, $& Quinzenade julho de %**06.
HJvida não h8 de que a 2onstituição <ederal de $=00 representou
um marco contra a discriminação da mulher, inclusive nos ambientes
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laboral e "amiliar. Lo entanto, não vislumbro motivos para que se utilizedesse argumento para eliminar garantias que "oram instituBdas por
escolha do legislador, dentro de sua margem de ação.Ainda que existisse alguma dJvida - o que não ocorreu com este
Relator X na esp'cie caberia a aplicação do ("orema i$ d4i, -",*0i*'+," , que, para alguns doutrinadores, como IarcBa Amado 4'-dPS37HC, 2arlos Wernal. E* $,&,$+i+&i,$'*i#, ' d4'+. Wogot897nstituto de Dstudios 2onstitucionales, %**E, p. $56, ', em verdade, umaregra de pre"erência quando h8 zona de penumbra quanto Gconstitucionalidade ou não de uma decisão discricion8ria adotada pelo
legislador.Ha mesma "orma, quando se vislumbra, pela abertura constitucional,
uma pluralidade de concretizaç@es possBveis, h8 que se respeitar o(pensamento possibilista, h8 muito de"endido por Peter [berle,apoiado no esc#lio de Lilas 3uhmann 4,#-*@i++ $d D#,J"'+i ,P!K, 1, $=E0, p. 1=1 e ss.6, na de"esa da pr#pria democracia, desde que,como bem anotou aquele "il#so"o e jurista, as alternativas surjam dosmarcos constitucionais 4[WDR3D, Peter. /*"'*i#, &,$+i+&i9$:+di, d +,"' &,$+i+&i,$'* d *' ,&id'd '4i"+'. Estudio
preliminar y traducción de Emilio Mikunda-Franco. >adrid9 ecnos, %**%, p.E06.
C dispositivo atacado não viola o art. 5:, inciso ;;;, da 2onstituição<ederal, na medida em que não diz respeito a tratamento di"erenciadoquanto ao sal8rio a ser pago a homens e mulheres, a crit'riosdi"erenciados de admissão, ou mesmo a exercBcio de "unç@es diversas
entre diversos gêneros. Dssa norma, como j8 salientei, com o devidorespeito Gqueles que advogam a tese contr8ria, não gera, no plano de suae"ic8cia, prejuBzos ao mercado de trabalho "eminino. Ali8s, o intervaloprevisto no art. /01 da 23 s# tem cabimento quando a trabalhadoralabora, ordinariamente, com jornada superior ao limite permitido pela leie o empregador exige, diante de uma necessidade, que se extrapole esseperBodo. Adotar-se a tese da prejudicialidade nos "aria in"erir, tamb'm,que o sal8rio-maternidade, a licença-maternidade, o prazo reduzido para
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a aposentadoria, a norma do art. /=$ da 23, que proBbe a despedida datrabalhadora pelo "ato de ter contraBdo matrimNnio ou estar gr8vida, e
outros bene"Bcios assistenciais e previdenci8rios existentes em "avor dasmulheres acabariam por desvalorizar a mão de obra "eminina.
Portanto, h8 que se concluir que o art. /01 da 23 "oi recepcionadopela atual 2onstituição, visto que são legBtimos os argumentos jurBdicos agarantir o direito ao intervalo. C trabalho contBnuo imp@e G mulher onecess8rio perBodo de descanso, a "im de que ela possa se recuperar e semanter apta a prosseguir com suas atividades laborais em regularescondiç@es de segurança, "icando protegida, inclusive, contra eventuais
riscos de acidentes e de doenças pro"issionais. Al'm disso, o perBodo dedescanso contribui para a melhoria do meio ambiente de trabalho,con"orme exigências dos arts. 5:, inciso ;;77 e %**, incisos 77 e K777, da2onstituição <ederal.
Hescabe G !uprema 2orte decidir sobre a interpretação da norma emseu nBvel in"raconstitucional e de"inir de que "orma se dar8 seucumprimento? qual ser8 o termo inicial da contagem? se haver8 ou não odever de se indenizar o perBodo de descanso e quais serão os eventuaisrequisitos para o c8lculo do montante.
Antecipo que não considero que essa norma constitua um nJcleoirreversBvel do direito "undamental, ou que implique o mBnimoexistencial social do direito "undamental da trabalhadora mulher. Lessesentido, não h8 que se olvidar que, em sua redação primitiva, "4i0"'+i' , os arts. /5= e /0* da 23 proibiam o trabalho noturno para asmulheres. Ap#s a avaliação pelo constituinte e pelo legislador, esses
dispositivos acabaram sendo revogados pela 3ei n: 5.0)), de %1F$*F0=,remanescendo em vigor hoje, por outro lado, o art. /0$ da 23, o qualestabelece que o trabalho noturno das mulheres ter8 sal8rio superior aodiurno, "ixa um percentual adicional de %*+ 4vinte por cento6 no mBnimo4M $:6 e estipula que (cada hora do perBodo noturno de trabalho dasmulheres ter8 )% 4cinquenta e dois6 minutos e /* 4trinta6 segundos 4M %:6.
Lo "uturo, havendo e"etivas e reais raz@es "8ticas e polBticas para arevogação da norma, ou mesmo para a ampliação do direito a todos os
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trabalhadores, o espaço para esses debates h8 de ser respeitado, que ' o2ongresso Lacional.
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