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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CORNÉLIO PROCÓPIO
CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL MECÂNICA
FRANCIELLE BANQUES DAS NEVES LAERTES MORO CONQUE JUNIOR
MARCUS VINICIUS FERNANDES DE OLIVEIRA
MANUTENÇÃO MECÂNICA INDUSTRIAL STRAIN GAGE
CORNÉLIO PROCÓPIO 2012
EXTENSOMETRIA
Trata-se de uma técnica utilizada para analisar experimentalmente as tensões e
deformações em estruturas mecânicas e de alvenaria. Essas são apresentadas nas
estruturas devido aos carregamentos e efeito da temperatura. Como já foi citado,
conhecer a extensão destas e monitorá-las constantemente é muito importante.
Os chamados extensômetros elétricos são dispositivos para medir deformações cujo
principio é transformar pequenas variações nas dimensões em variações
equivalentes em resistência elétrica. Tal princípio será aprofundado posteriormente.
A medida de deformação é realizada colando um extensômetro na estrutura de
interesse, de forma que maior vantagem desta técnica é não modificar ou prejudica-
la durante o estudo.
As características das medidas com extensômetros são resumidas abaixo:
Alta precisão de medição;
Pequeno tamanho e pouco peso;
Excelentes respostas aos fenômenos dinâmicos;
Fácil utilização desde que conhecida a boa técnica;
Excelente linearidade;
Medições possíveis dentro de uma ampla faixa de temperatura;
Aplicáveis submersos em água ou em atmosfera de gás corrosivo desde que
utilizado tratamento apropriado;
Usados como elementos transdutores para medidas de várias quantidades
físicas (força, pressão, torque, aceleração, deslocamento);
Possibilita a medida de locais remotos;
A saída (sinal analógico, ou após transformação em sinal digital) pode ser
aplicada à engenharia de controle.
Esses extensômetros elétricos dividem-se em três grupos:
Extensômetros elétricos de indução: baseados na variação da impedância do
circuito de um solenóide quando submetido a uma deformação;
Extensômetros de semicondutores: que se baseiam na propriedade que
exibem certos materiais não metálicos de variarem a resistência sob a ação
de deformações.
Extensômetros elétricos de resistência, o strain gage: que se baseiam na
variação da resistência elétrica de um condutor (circuito) quando submetido a
uma deformação.
SENSOR ELÉTRICO DE RESISTÊNCIA – O STRAIN GAGE
O strain gage possui grande utilidade no ramo da Engenharia. Trata-se de um
sensor elétrico cujo principio de funcionamento é baseado na variação da resistência
quando submetido a uma deformação.
Consta essencialmente de uma grade metálica sensível, ligada a uma base que se
cola à peça ou estrutura que se deseja monitorar. O fio sensível tem, na maioria dos
extensômetros, um diâmetro aproximado de 0,01mm e é constituído por ligas
metálicas especiais. A grade fica embebida entre duas folhas de papel ou dentro de
uma fina película de plástico. Nas extremidades do fio sensível estão soldados dois
outros de maior diâmetro que constituem o elemento de ligação do extensômetro ao
circuito de medição.
Existem dois tipos básicos de strain gages:
Wire gage: extensômetro de fio;
Foil gage: extensômetro de película.
Figura 1 – Strain Gages
PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO – PONTE DE WHEATSTONE
As primeiras aplicações da extensometria ocorreram por volta de 1856 quando
Thomsom (Lord Kelvin) realizou experimentos com ferro e cobre e concluiu que a
resistência elétrica de ambos mudava quando estes sofriam deformações. Para tal
procedimento, ele utilizou a chamada "Ponte de Wheatstone" e um galvanômetro
(indicador).
Porém foi só a partir do século passado que o strain gage passou a ser considerado
o único sistema de medição de deformação que contempla todas as propriedades
requeridas para o desempenho ótimo, capaz de fornecer medidas com precisão de
10-6 mm/mm.
Como sabemos, um extensômetro elétrico transforma uma deformação, numa
variação proporcional da sua resistência elétrica, de forma que a relação entre a
deformação aplicada ( 0LL ) e tal variação de resistência é dada por:
kR
R 0
Onde R0 é a resistência inicial do extensômetro, R é a variação dessa resistência
devido à deformação e k é o chamado fator do extensômetro, um valor
característico de cada tipo e calculado experimentalmente.
A ponte de Wheatstone está representada na Figura 2:
Figura 2: Ponte de Wheatstone
O circuito da ponte contém quatro resistências, 1R a 4R . Se os nós 2 e 3 forem
ligados a uma fonte de potência com voltagem conhecida EV , aparecerá uma outra
diferença de potencial AV , entre os nós 1 e 4 . O valor de AV depende dos
quocientes entre resistências 21 RR e 43 RR . Tem-se então a seguinte equação:
))(()()()( 43214231434211 RRRRRRRRRRRRRRVV EA
A ponte de Wheatstone está em equilíbrio quando:
0EA VV
Assim é necessário que se verifique:
4321 RRRR ou 3421 RRRR
Partindo então do princípio que uma dada ponte de Wheatstone está equilibrada,
qualquer variação de resistência em uma ou mais resistências da ponte, provocará
uma diferença de potencial AV diferente de zero.
Sabe-se também que a resistência elétrica está relacionada com o comprimento e
área transversal de um dado material da seguinte forma:
ALR
A partir daí é fácil concluir que quando uma barra metálica sofre uma variação do
seu comprimento, por tração ou compressão, também acarreta uma variação do seu
volume, resultando a diminuição (no caso da tração) ou um aumento (no caso da
compressão) da área da seção transversal desta barra, e consequentemente
variando sua resistência.
A ponte de Wheatstone converte essa variação de resistência em uma tensão na
saída, da ordem de mV ou V; esses dados de variação podem ser coletados por
diferentes voltímetros e até mesmo ser processado num microcomputador para um
melhor monitoramento do objeto analisado.
São três as maneiras de utilizar as pontes de Wheatstone associadas à strain gages,
de forma que os extensômetros ocupem o lugar de uma das resistências da ponte. A
Figura 3 as ilustra:
Figura 3 – Associações possíveis da ponte de Wheatstone
Outro tipo de associação de extensômetros é a do tipo roseta, geralmente usada
para medir duas ou três componentes planas da deformação, pois um extensômetro
só pode medir efetivamente a deformação em uma direção. Assim, para determinar
as componentes independentes de uma deformação plana, outras medidas
linearmente independentes devem ser realizadas por dois ou três extensômetros,
com a forma de roseta (ver Figuras 8 e 9 do Anexo 1). Outras associações possíveis
são:
Extensômetro tipo diafragma: utilizado para medir deformações em duas
direções diferentes, associação constituída de quatro strain gages sobre uma
mesma base;
Extensômetro para medir tensão residual: composto de três strain gages
sobre uma base, devidamente posicionados para utilização do método de
medição de tensão residual;
Extensômetro para transdutores de carga (strain gage load cell): dois
extensômetros dispostos lado a lado sobre a mesma base, sendo assim
utilizados em células de carga (medição de tensão e compressão).
Condicionamento de sinail
VANTAGENS E CUIDADOS A SEREM TOMADOS
Para uma adequada medição da variação da resistência nas associações de strain
gages e ponte de Wheatstone é necessário considerar alguns fatores, como por
exemplo: os cabos elétricos utilizados para montagem do circuito e instalação do
extensômetro, terminais dos extensômetros, compensação da variação da
temperatura, etc.O bom desempenho do strain gage vai depender destes fatores.
Os adesivos normalmente utilizados na colagem de strain gages podem ser
nitrocelulose, cianacrilato, cerâmicos e fenólicos. Eles devem apresentar elevada
resistência mecânica, boa aderência, facilidade de aplicação e baixa sensibilidade
ao efeito da temperatura sobre o seu desempenho.
Considerando-se que a temperatura gera deformações em corpos sólidos e que
estas poderiam ser confundidas com a provocada pela ação da força a ser medida,
há necessidade de se "compensar" os efeitos de temperatura através da introdução
no circuito de Wheatstone de resistências especiais que variem com o calor de
forma inversa a dos extensômetros. Outra grande vantagem deste tipo de
extensômetro é ser capaz de substituir outros tipos quando de trata de locais de
difícil acesso, também é de fácil manuseio e análise e não compromete a estrutura
durante o processo de instalação.
CONCLUSÃO
Os strain gages possuem outras inúmeras aplicações que vão além de medir
deformações, de forma que grandeza física capaz de produzir uma variação de
resistência elétrica pode em princípio ser analisada através deste sensor:
deslocamento, força, torque, aceleração, temperatura, vazão, pressão, etc.
Por substituir outros tipos de sensores, principalmente quando se trata de locais
remotos (o strain gage pode ter apenas 1 mm de comprimento enquanto um relógio
micrométrico requer um espaço muito maior para ser instalado), ser simples e eficaz,
ele tem sido cada vez mais utilizado e muito atrativo no ponto de vista da construção
civil, atendendo adequadamente às suas necessidades.
Referências Bibliográficas OLIVEIRA ALMEIDA, Dr. P. A. de. Extensometria elétrica I,Escola Politécnica de São Paulo, São Paulo,[s.n.], 2004. Disponível em: < www.lem.ep.usp.br/pef5003/EE-1-0304.pdf>. Acesso em 14 de maio de 2012. Solo Grampeado: ensaios, mecanismos e monitoramento, Rio de Janeiro, [s.n.;s.d.]. Disponível em:<www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0221071_07_cap_03.pdf>. Acesso em 14 de maio de 2012.
Anexos
Figura 4 – Extensômetro elétrico de resistência.
Figura 5 – Aplicação de Strain Gage.
Figura 6 – Strain Gage aplicado em um cubo metálico.
Figura 7 – UCAM – 60 – Indicador de deformação digital.
Figura 8 – Três extensômetros associados em uma roseta.
Figura 9 – Associação de dois extensômetros em uma roseta de duas direções.
Especificação de Strain Gage
Figura 8 – Decodificação de Strain Gage