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ENSINO SUBLIMINAR: O USO DE MÉTODOS SUBLIMINARES EM SALA DE AULA Subliminal Teaching: The Use of Subliminal Methods in the classroom Osvaldo Lazaro Salerno 1 Orientador: Prof. Mr Lucas Felix de Oliveira 2 RESUMO: O presente trabalho apresenta uma abordagem do uso de recursos subliminares em contexto de sala de aula, com a finalidade de apresentar uma possibilidade de exploração da mente inconsciente potencializando a capacidade de aprendizagem dos alunos inibindo possíveis barreiras psicológicas, além de agir como agente motivacional dentro do processo. Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de averiguar a viabilidade do método subliminar bem como das tecnologias que podem ser aplicadas nesse contexto. PALAVRAS CHAVES: Subliminar, Ensino, Inconsciente, Psicologia. ABSTRACT: The present work presents an approach of the use of subliminal resources in the classroom context, with the purpose of demonstrating the possibility of exploring the subconscious mind potentializing the capacity of the students' learning, putting an end to any psychological barriers and acting as a motivational agent inside this process. For doing this, a bibliographical research was accomplished with the objective of discovering the viability of the subliminal method as well as of the technologies that can be applied in that context. KEY WORDS: Subliminal, Teaching, Subconscious, Psychology. ______________________ 1 Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba - MG. E-mail: [email protected] *Licenciado em Química pela Universidade de Uberaba (UNIUBE). Discente do curso de Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). 2 Professor Orientador: Lucas Felix de Oliveira. ** Graduado em Psicologia e Licenciatura pela Universidade de Uberaba (UNIUBE), Pós-Graduação em Administração do Serviço de Saúde pela Universidade de Ribeirão Preto. Mestre em Ciências e Valores Humanos pela Universidade de Uberaba.

Subliminariedade Em Sala de Aula

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Page 1: Subliminariedade Em Sala de Aula

ENSINO SUBLIMINAR: O USO DE MÉTODOS SUBLIMINARES EM SALA

DE AULA

Subliminal Teaching: The Use of Subliminal Methods in the classroom

Osvaldo Lazaro Salerno1

Orientador: Prof. Mr Lucas Felix de Oliveira2

RESUMO: O presente trabalho apresenta uma abordagem do uso de recursos subliminares em

contexto de sala de aula, com a finalidade de apresentar uma possibilidade de exploração da

mente inconsciente potencializando a capacidade de aprendizagem dos alunos inibindo possíveis

barreiras psicológicas, além de agir como agente motivacional dentro do processo. Para tal foi

realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de averiguar a viabilidade do método

subliminar bem como das tecnologias que podem ser aplicadas nesse contexto.

PALAVRAS CHAVES: Subliminar, Ensino, Inconsciente, Psicologia.

ABSTRACT: The present work presents an approach of the use of subliminal resources in the

classroom context, with the purpose of demonstrating the possibility of exploring the

subconscious mind potentializing the capacity of the students' learning, putting an end to any

psychological barriers and acting as a motivational agent inside this process. For doing this, a

bibliographical research was accomplished with the objective of discovering the viability of the

subliminal method as well as of the technologies that can be applied in that context.

KEY WORDS: Subliminal, Teaching, Subconscious, Psychology.

______________________ 1 Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade Federal

do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba - MG. E-mail: [email protected]

*Licenciado em Química pela Universidade de Uberaba (UNIUBE).

Discente do curso de Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade Federal do Triângulo

Mineiro (UFTM). 2 Professor Orientador: Lucas Felix de Oliveira.

** Graduado em Psicologia e Licenciatura pela Universidade de Uberaba (UNIUBE), Pós-Graduação em

Administração do Serviço de Saúde pela Universidade de Ribeirão Preto. Mestre em Ciências e Valores Humanos

pela Universidade de Uberaba.

Page 2: Subliminariedade Em Sala de Aula

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INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica que aborda o uso de recursos

subliminares em ambiente de sala de aula. Parte da expectativa de se criar um novo modelo

didático que explore a percepção subliminar, com intuito de trazer algumas contribuições para

melhorar a qualidade do ensino utilizando a mente inconsciente como auxiliadora do processo

ensino-aprendizagem.

Dentro dessa temática analisa o funcionamento da percepção subliminar, quais recursos

tecnológicos podem ser usados em aula e os possíveis benefícios que esse novo modelo didático

pode trazer para os alunos.

Para essa finalidade foram pesquisados livros, sites e artigos com intuito de verificar o

que outros autores já relataram sobre esse assunto. Em geral faz uma transposição de outras áreas

do saber como Psicologia, Propaganda e Publicidade que já se favorecem com teorias que usam a

mente inconsciente para finalidades distintas direcionando esses estudos para a prática educativa.

O estudo em questão se justifica pela necessidade cotidiana dentro das escolas de se

promover um ambiente que possibilite ao máximo a aprendizagem dos alunos.

É notório que o uso de mensagens subliminares desenvolvidas por especialistas em

publicidade gera uma tendência comportamental nas pessoas que acabam sendo influenciadas a

adquirir determinado produto. A inquietação que ocorre ao estudar esse tipo de tema é “Por que

não usar esses estudos para favorecer a aprendizagem?”.

Em um contexto de constantes transformações decorrentes das novas tecnologias de

informação, a educação cada vez mais se beneficia de novos recursos em um ambiente no qual

ocorre a minimização das distâncias através de novas modalidades de ensino como Ensino a

distância (EAD), teleconferências, entre outros, que remete a um fenômeno de globalização

educacional.

Nesse novo cenário cada vez mais dinâmico, os estudos focados em promover melhoras

na qualidade do ensino tendem a assumir os mais diversificados rumos diante das novas

abordagens e problemas apresentados nesse contexto. Tendências mudam de acordo com a

problemática apresentada, bem como novas pesquisas trazem avanços no processo ensino-

aprendizagem.

Page 3: Subliminariedade Em Sala de Aula

3

Tais estudos proporcionam melhor compreensão dos paradigmas que norteiam o meio

educativo. Dentre as diversas ciências auxiliadoras da educação ressalta-se a psicologia que é o

estudo de todas as manifestações humanas compreendidas pelo intelecto ou razão. Vários foram

os pesquisadores dessa área que deram contribuições significativas e de impacto que são

utilizadas até o presente momento para se compreender os aspectos constituintes da

aprendizagem. Dentre esses destacam-se por seus trabalhos Skinner, Piaget, Rogers, Vygotsky e

Gardner.

ABORDAGEM SUBLIMINAR

O funcionamento da mente também vem sendo priorizado em outras áreas do

conhecimento. Dentre essas é possível citar a neurociência e até mesmo setores como de

publicidade e propaganda que se favorecem com pesquisas relacionadas ao comportamento

humano, tendo em vista a necessidade de atender ao mercado que gira em torno do consumo.

Para melhor compreender como a mente processa informações é preciso analisar o

mecanismo pelo qual ocorre a coleta de informações e como essas são racionalizadas pela mente.

A percepção humana é a função cerebral que atribui significado aos estímulos sensoriais

que por sua vez são interpretados por mecanismos de associação dos quais variam de acordo com

a vivência e padrões internos de cada individuo.

Day (1979) apresenta um capítulo destinado a descrever a percepção e a aprendizagem.

Demonstra que desde criança os seres humanos são dotados da capacidade de distinção das

percepções e que à medida que ocorre o amadurecimento cerebral, esses vão ficando cada vez

mais aprimorados. Assim quanto maior é a idade do indivíduo, mais real é o ambiente percebido.

Dentro de seus estudos Day (1979) fala da importância dos órgãos sensoriais nas

experiências perceptivas.

Todo conhecimento chegaria ao individuo por meio dos órgãos sensoriais. Em virtude dessa concepção, intensificaram-se o interesse pela estrutura e funcionamento dos órgãos sensoriais e a preocupação com a contribuição tanto das experiências passadas como dos processos inatos para a experiência perceptiva. (DAY, 1979, p.5)

Essa afirmativa remete a complexidade do fenômeno perceptivo no âmbito dos processos

sensoriais e sua diversificada forma de estimulação e interpretação.

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4

A percepção pode ser classificada como consciente ou subliminar, sendo a segunda

denominada dessa forma devido ao fato de receber estímulos sensoriais que estão em um limiar

abaixo da linha da consciência normal.

O limiar é o diferencial entre os estímulos que sensibilizam os sentido e os que não

sensibilizam.

O site http://martakatv.mvhosted.com/ traz outros conceitos de limiar como:

Limiar absoluto: nível mais baixo no qual um indivíduo pode experimentar uma sensação.

Limiar relativo: ou d.m.n. (diferença marginal notada): diferença mínima que pode ser

detectada entre dois estímulos similares. A diferença marginal notada não é um número absoluto,

mas relativo.

Malgarejo (2002, p.24) faz uma analogia do funcionamento da mente com um

computador e explica que os sentidos são fontes de entrada e saída de informações e que os

órgãos do sentido podem ser comparados a hardwares que coletam informações, que por sua vez

são analisadas por nossa mente que atua como software. Assim a codificação dessas informações

se dá pela percepção.

Quando os órgãos são sensibilizados por um estímulo esse leva a informação por meio de

sinais elétricos que percorrem o cérebro e lá são transformados em informação útil.

Segundo Puentes (1996, p.48) a mente humana funciona através de áreas cerebrais

distintas.

“A mente funciona através de áreas cerebrais distintas, que são: percepção, não-consciente

(aqui estão englobados: subconsciente, inconsciente, inconscientes coletivo etc, aos efeitos de

resumir e fazer uma divisão mais objetiva), consciente e pré-motora”. (PUENTES, 1996, p.48).

Esse modelo segmentado mostra que cada região é responsável por diferentes tarefas.

Para o estudo em questão destacam-se duas regiões importantes que são a mente

consciente e mente inconsciente.

A primeira é responsável por todas as analises lógicas, racionais. Através da mente

consciente toma-se ciência das coisas que ocorrem no decorrer da vida, é por meio dela que se

resolvem os problemas e se interpreta tudo que acontece. Em geral essa fica em prevalência

comandando o tempo todo.

Puentes (1996) caracteriza a mente consciente como:

Page 5: Subliminariedade Em Sala de Aula

5

Se localiza na zona frontal e faz parte do córtex e sub-córtex cerebral . Sua função é a de ordenar, analisar e discernir toda a informação que recebe do subconsciente, e fazer com que se cumpram as ordens que lá chegam. O consciente é a mente objetiva, governa o sistema nervoso e tem sua base no cérebro. Governa os músculos voluntários e os sentidos (paladar, tato, audição, visão e olfato). É a parte da mente que analisa, sintetiza, deduz, raciocina, etc. A memória do consciente é imperfeita e nula, porque esquece. (PUENTES, 1996, p.49)

Nessa ótica percebe-se a prevalência dessa região no decorrer das atividades cotidianas.

A mente inconsciente é o local onde ficam retidas informações antigas como trajetória de

vida, formação moral, traumas. Também é responsável por características como a criatividade e

recordações de vidas passadas. Ela também tem a função de reservatório.

Puentes (1996) descreve a mente inconsciente como:

É uma pequena zona que estaria situada debaixo do subconsciente, na qual estão gravados todos os instintos primários do individuo (sexo, perpetuação, defesa, etc), ou seja, todos os instintos elementares que acompanham o ser humano, desde sua origem selvagem, perdido na noite dos tempos. Estas gravações nunca chegam a ser conscientes à vontade. (PUENTES, 1996, p.50).

Por essa razão muito do que se aprende ou se absorve fica retido no inconsciente e não

chega a mente consciente.

Para que não aja uma sobrecarga devido à quantidade de informações que são absorvidas

pelos órgãos do sentido, a mente faz a separação desses estímulos através de um mecanismo

semelhante a um filtro, e define o que é importante e deve ser interpretado, e o que não é

relevante.

Essa distinção ocorre o tempo todo. Uma pessoa ao conversar com outra na rua se

concentra na conversa e não escuta o som dos pássaros, dos carros e de outras pessoas. Isso

ocorre porque o foco de sua atenção está no diálogo. Esse tipo de comportamento é chamado de

atenção seletiva. Porém, mesmo não percebendo, os órgãos do sentido estão coletando o

estímulo.

No exemplo anterior a pessoa que está conversando escuta os pássaros, mas não toma

consciência disso. Esse estímulo auditivo chega à mente e é filtrado ficando retido no

inconsciente.

A todo instante estímulos sensoriais afetam os indivíduos direta ou indiretamente

influenciando-os em sua forma de agir e pensar. Por está razão os estudos envolvendo estímulos

subliminares sempre foram motivos de controvérsia, polêmica e especulação dentro do campo

cientifico e até mesmo no poder legislativo.

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Nos Estados Unidos existem legislações específicas que proíbem o uso de mensagens

subliminares em propagandas de produtos exibidos por veículos de comunicação em massa. No

Brasil tramita no senado o projeto de Lei 4068/08, do deputado Walter Brito Neto (PRB-PB) com

a mesma finalidade. Isso para se evitar excessos ou induzir determinados comportamentos

consumistas.

Por esse motivo é preciso ter cautela ao abordar um estudo sobre percepção subliminar e

uso de mensagens subliminares em sala de aula, pois este precisa estar muito bem amparado por

padrões éticos que regulamentem seu uso da maneira correta e não como simples forma de

manipulação de pessoas.

Em um ambiente escolar existem fatores internos e externos que influenciam a

aprendizagem. Dentre os fatores internos pode-se citar em primeira instância a “Motivação”, que

é definida pelo dicionário Aurélio como:

“Conjunto de fatores, os quais agem entre si, e determinam a conduta de um individuo”

(DICIONARIO AURELIO, p. 374).

O fator motivacional se estabelece à medida que ocorre a pré-disposição de um indivíduo

em “querer algo” em determinada situação. Assim a motivação consiste em um fator interno do

homem.

Vários estudos da área da educação mencionam o valor da motivação como agente que

opera a favor da aprendizagem. Tais tendências levam os professores a buscar no seu dia a dia

dentro das salas de aula os mais diversificados meios para promover a motivação dos alunos em

aprender. Contudo nem sempre conseguem êxito em seus esforços e acabam por desanimar

atribuindo o fracasso a uma serie de outros fatores.

A questão importante a se refletir é: “Como fazer essa motivação surgir?” já que ela é

interna e não depende apenas dos estímulos externos. Muitos especialistas atribuem como fator

de motivação a contextualização, pois através dela é possível criar uma aproximação do que é

estudado em forma de teoria com a vida real.

Essa ponte entre o saber teórico e o cotidiano facilita de maneira significativa a

aprendizagem.

Outro aspecto determinante no processo se estabelece a partir da experiência que é

individual e inerente a cada um. A experiência se cria e se converte em conhecimento dentro da

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7

realidade vivenciada pelo aluno que pode vir a ser um ponto referencial para o surgimento da

motivação.

É sabido que os seres humanos se interessam por aquilo que conhecem. Assim é mais

fácil se sentir motivado por algo que já é do conhecimento do que por um assunto novo.

Day (1979) reforça essa idéia falando do diferencial entre a aprendizagem de indivíduos

motivados e não motivados.

Hoje em dia, a relação entre aprendizagem e motivação se acha bem estabelecida, embora a natureza dessa relação ainda seja motivo de controvérsia. O individuo motivado aprende diferentemente do individuo não motivado. Assim como a aprendizagem está envolvida na percepção, assim também é de esperar que o estado motivacional do observador afete sua percepção. Em suma, o que é percebido é, em parte, uma função de seus motivos. (DAY, 1979, p.91)

Essa análise aponta como a relação motivação-percepção está sempre interligada, e se

torna determinante no desenvolvimento da aprendizagem.

Como em geral os alunos estão vendo determinado tema pela primeira vez, se não houver

uma conexão do assunto estudado com sua vida cotidiana ou em sua profissão, provavelmente

não se sentirão motivados a estudar.

Tanto experiência quanto motivação são fatores que afetam a percepção, e por isso são tão

amplamente mencionados por pesquisadores como grandes facilitadores do processo.

O uso de recursos subliminares em sala de aula poderia acarretar grandes vantagens

levando em consideração esse aspecto. Isso porque já se sabe que os estímulos subliminares bem

como as mensagens subliminares afetam nosso inconsciente induzindo determinados

comportamentos.

Malgarejo (2002) mostra a possibilidade de se utilizar esse recurso para fins construtivos:

Poderemos estar, enquanto interagimos com os meios de comunicação de massa, em contato com alguma técnicas de estimulação subliminar, que apesar de geralmente serem anti-éticas e tendenciosas os estímulos subliminares podem ser utilizados, se utilizados da forma correta, para estimular o trabalhador a desenvolver melhor sua tarefa, tornar-se mais produtivo e eficiente. (MALGAREJO, 2002, p.132)

A questão é compreender essas técnicas de estimulação subliminar e aproveitá-las como

potencializadores dentro de sala de aula.

Dessa forma se torna possível introduzir estímulos subliminares de caráter positivo

objetivando motivar os alunos a estudar.

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Em uma aula que utilizasse projeção por datashow poderia ser inserido, através de

programas específicos com função de taquicoscópios, mensagens subliminares para motivar os

alunos como:

“EU GOSTO DE ESTUDAR ESSE ASSUNTO”

“EU ME INTERESSO POR ESSE TEMA”

“É INTERESSANTE ESTUDAR ESSA MATÉRIA”.

As sugestões subliminares ao serem captadas por nossos órgãos e não sendo assimiladas a

nível consciente ficam retidas no inconsciente, lá permanecem agindo sobre os indivíduos que

acabam por interiorizar essas se sentindo motivados a estudar mais.

Puentes (1996) acredita na efetividade do uso do inconsciente para melhorar condutas

através de sugestões:

“As sugestões destinadas a capacitá-lo a alcançar metas especificas, entram na mente pré-

consciente ou inconsciente (subconsciente) e permanecem ali, ativas, exercendo influências na

conduta e nos sentimentos. (PUENTES, 1996, p.40)”.

Isso ocorre porque o inconsciente aceita a sugestão induzindo ao comportamento

esperado.

Outro fator positivo na aplicação de mensagens subliminares vem de encontro a um

problema elucidado por vários educadores, o fato de certas áreas do conhecimento, sofrerem

discriminação por possuírem uma rotulação de matéria difícil ou complicada. Dentre essas

podemos citar a Química, Física e Matemática que muitas vezes são vistas como as grandes

“vilãs” para os estudantes.

Nesse sentido em aulas dessas matérias o uso de recursos com mensagens subliminares

poderia oferecer vantagens sendo utilizadas para remover as barreiras psicológicas imposta pelo

rótulo. Mensagens como:

“A QUÍMICA FAZ PARTE DA MINHA VIDA”

“SOU CAPAZ DE APRENDER QUÍMICA”

“APRENDER QUÍMICA É PRAZEROSO”

“QUÍMICA É FÁCIL”

Tornariam essas aulas menos penosas para os alunos, que por sua vez poderiam adquirir

uma nova concepção dessas matérias anulando o rótulo já previamente criado.

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Outro ponto que poderia ser explorado no uso de mensagens subliminares é o hábito de

estudo. Em geral pesquisas apontam que a maior parte dos estudantes não tem um planejamento

de seus estudos e muitas vezes não possuem o hábito de estudar fora das escolas ou

universidades.

Essa conduta pode atrapalhar o desenvolvimento dos alunos no decorrer de suas vidas.

Esse fator poderia ser minimizado ao usar mensagens subliminares incentivando os educandos a

estudarem e criarem o hábito de estudar. Para isso poderiam ser introduzidas sugestões

subliminares melhorando esse aspecto como, por exemplo:

“DEVO ESTUDAR PARA APRENDER MELHOR”

“É PRECISO ESTUDAR CONSTANTEMENTE”

“ESTUDANDO MINHA VIDA SERÁ MELHOR”

“VOU CRIAR O HÁBITO DE ESTUDAR”

“ESTUDAR É BOM”

Ainda poderiam ser formuladas outras sugestões como forma de incentivo, para melhorar

a questão da evasão escolar como:

“ESTOU ME SAINDO BEM NOS ESTUDOS”

“VOU CONTINUAR ESTUDANDO”

“DEVO PERSISTIR SEMPRE NOS MEUS OBJETIVOS”

Os exemplos citados evidenciam apenas uma pequena parte dos recursos subliminares: as

“mensagens subliminares escritas” em forma de frases que podem ser projetadas por

equipamentos com função de taquicoscópio.

Taquicoscópios são aparelhos que projetam imagens em alta velocidade simultaneamente

a uma projeção convencional, essas imagens podem receber figuras ou mesmo mensagens

escritas, que devido a alta velocidade são incapazes de serem assimiladas a nível consciente pelo

sistema visual humano, mas são captadas e levadas ao interior da mente inconsciente.

O site http://www.musicaeadoracao.com.br/efeitos/mensagens_subliminares.htm traz um

artigo de Wilson Porto Reis no qual ele descreve uma série de aplicações de mensagens

subliminares em experimentos, bem como sua aplicação até mesmo em quadrinhos infantis.

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O desenvolvedor do programa SILENTIDEA, demonstra várias situações positivas nas

quais as mensagens subliminares podem ser atribuídas. Vão da aprendizagem de línguas

estrangeiras e aumento da capacidade de memorização, até o aumento da auto-estima e mudanças

de hábitos e atitudes autodestrutivas.

Em reportagem da revisa Mundo Estranho (ME) edição de dezembro de 2008, é descrito

um experimento realizado em meados de 1957 pelo publicitário americano Jim Vicary que

provou os efeitos das mensagens subliminares utilizando a projeção por um aparelho dessa

natureza durante a exibição do filme férias de amor, onde foi introduzida uma mensagem

subliminar incentivando o consumo de pipoca e Coca-Cola.

O resultado obtido foi um aumento significativo do consumo destes produtos, provando

assim a eficácia desse recurso.

Batista, Rodriges, Brizante et all (2008) comentam outro experimento de Cheesman e

Merrikle (1984) no qual eram utilizadas cores e nomes de cores, expostas rapidamente em tela de

projeção, mesmo não conseguindo ler o conteúdo ou ver a cor devido a alta velocidade de

exposição, ao serem questionados sobre quais nomes e cores tinham percebido, os voluntários

obtiveram 66% de acerto, o que evidencia o efetividade da percepção subliminar.

As mensagens subliminares escritas devem seguir certas regras para que sejam mais bem

aceitas pela mente inconsciente. Dentre alguns aspectos a serem revisados em sua construção

destacam-se:

• O uso de frases afirmativas ou imperativas.

• Construção em primeira pessoa do singular.

• Exclusão do termo “NÃO”.

• Evitar frases de cunho negativo ou que enfatizam perdas.

• Preferencialmente as palavras devem ser escritas em caixa alta ou negrito.

Estes pontos destacados se justificam pela forma como a informação chega até a mente. A

mente geralmente possui dificuldades de assimilar o não ou frases que denotem perda. Isso

porque os seres humanos são programados para ganhar e não para perder. Dessa forma o

inconsciente reage melhor quando as mensagens possuem caráter afirmativo ou imperativo.

O termo de negação “não” também é excluído pela mente inconsciente transformando

uma frase negativa em positiva, exemplo: não vou ser preguiçoso, com a exclusão do Não a frase

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se torna “vou ser preguiçoso” mudando toda a lógica da sugestão e por isso deve ser evitado. A

mesma frase poderia ser transcrita desta forma “vou ter disposição para fazer minhas atividades”.

As frases devem ser escritas em 1ª pessoa do singular, pois é dessa forma que se conversa

estabelecendo um diálogo interno. Devem ser escritas em caixa alta ou negrito para que tenham

ênfase o que chamará a atenção para o que está escrito mesmo que a nível inconsciente.

Existem muitas outras formas de se utilizar estímulos subliminares. Ainda mais efetivas

que as mensagens em forma de texto, o uso de imagens é um fator potencial a ser utilizado.

As imagens possuem poder de sugestão maior que o texto, isso porque a mente

inconsciente faz comparações analógicas que são processadas mais rapidamente quando se usa

esse tipo de linguagem. Alguns estudos recentes como, por exemplo, a Programação

Neurolinguística (PNL) remete a essa perspectiva elucidando que a mente inconsciente trabalha

melhor através da comunicação com imagens e metáforas.

Dentre os principais estudos nessa área destacam-se os de Richard Bandler e Milton

Erikson (1927-1977) considerado o pai da hipnose moderna e que percebeu a importância da

utilização do inconsciente como provedor de mudanças de conduta.

Outros estudos explicam de maneira diferente a efetividade das imagens, através da

atividade cerebral. Calazans (2007) descreve um estudo que fala sobre os hemisférios cerebrais,

sendo o hemisfério esquerdo responsável pela análise digital da informação e o hemisfério direito

pela assimilação Analógica.

A informação digital precisa ser racionalizada. Um exemplo de informação digital pode

ser manifestado por um pedido de informação de endereço. Ao pedir um endereço de uma

residência a uma pessoa, essa nos fala o nome da rua, bairro e número. Assim para chegar ao

destino é preciso analisar todas as informações, ler as placas das ruas até achar a rua certa, depois

verificar o número.

Essa mesma informação pode ser dada de maneira analógica, quando alguém dá as

coordenadas do endereço, como: “a segunda rua à direita. É uma casa de cor verde”.

É importante ressaltar que mesmo tendo funções diferentes, os hemisférios cerebrais não

funcionam isoladamente, e por isso não é possível desenvolver técnicas visando o impacto em

apenas um dos hemisférios.

Alguns estudos mostram que a informação é mais rapidamente assimilada quando ocorre

de maneira analógica. Isso se deve ao fato da mente realizar comparação por processos internos

Page 12: Subliminariedade Em Sala de Aula

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fazendo com que a sinapse ocorra mais rapidamente percorrendo um caminho distinto. Por isso

metáforas e imagens são mais efetivas, se beneficiando da associação e comparação, que remete

novamente a percepção.

O uso de imagens subliminares se mostra funcional por diversos fatores psicológicos,

entre esses nota–se algumas tendências dos seres humanos em relação à percepção visual.

Pesquisas no campo da Gestalt salientam esses fatores que são:

• Tendência a estruturação: que evidencia uma tendência de agrupar coisas semelhantes;

• Figura-fundo: tendência a se notar uma figura principal que se sobressai ao fundo, não

muito bem definido.

• Pregnância das formas: é um modo de organização visual, que se estabelece a partir da

clareza, equilíbrio e unificação dos elementos visuais.

• Constâncias perceptivas: conjunto de fatores constituintes da percepção humana e que são

formados na infância.

Os psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e

Kurt Koffka (1886-1940) demonstraram em suas pesquisas sobre a Gestalt, que o todo de uma

imagem é mais complexo do que uma simples somatória das partes o que facilita a introdução de

outras formas de imagens em um contexto que pode se tornar uniforme e não perceptível.

Por essa razão é possível criar imagens com outras imagens embutidas que podem ser

percebíveis ou não. Esse tipo de estudo vem sendo aperfeiçoado por publicitários e até mesmo

por artistas e pode ser aplicado também em contexto de sala de aula.

Magron, Machado e Silva (2002) citam alguns aspectos utilizados na construção de imagens

com caráter subliminar sendo:

• Inversão de figura-fundo.

• Embutir imagens dentro de imagens.

• Imagens com duplo sentido.

• Uso de projeção taquicoscópica.

• Luz de baixa intensidade.

• E luz de fundo.

Imagens como fonte de sugestões subliminares, podem ser agregadas em diversos

recursos didáticos apresentados em sala de aula. Assim é possível usar imagens subliminares na

criação de Slides que podem ser reproduzidos em datashow, em lâminas de retroprojetor, em

Page 13: Subliminariedade Em Sala de Aula

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painéis, vídeos educativos, aulas com utilização de computadores, apostilas e até mesmo em

instrumentos de avaliação como provas escritas.

Essas imagens podem ser projetadas por taquicosquópios semelhante às mensagens

subliminares escritas, ou inseridas em figuras como sugere a semiótica estudada por Calazans

(2006) através de iconesos ou discurso gráfico.

Através de materiais impressos é possível inserir iconesos em imagens adicionando

significados extras ao conteúdo principal, que pode reforçar ainda mais a aprendizagem ou

dependendo do caso a memorização.

O quadro demonstrado por Calazans (2006) descreve os processos pelos quais podem ser

agregadas as mensagens subliminares.

QUADRO 1: FONTES EMISSORAS DE ESTIMULOS SUBLIMINARES

ORGÃO

SESÓRIO

RECEPTOR

BASE CÓDIGO DE

COMUNICAÇÃO

TIPO DE

MENSAGEM

TÉCNICA SUBLIMINAR VÉÍCULO

PROJEÇÃO

TAQUICOSCÓPIA

CINEMA

TELEVISÃO/VIDEO

COMPUTADOR

VISÃO PERIFÉRICA

(PISCA/MOVIMENTO)

CINEMA

TELEVISÃO/VIDEO

INTERNET

VITRINE DE LOJA

PALCO DE TEATRO

PALANQUE DE POLÍTICO

NÉON

ICONESOS

FOTOGRAFIA

DESENHO/PINTURA

LOGOTIPO

OLHO

FÍSICA

VISUAL

DINÂMICA

IMPRESSOS

DISCURSO

GRÁFICO

ONOMATOPÉIA (HQ)

JORNAL

REVISTA

LIVRO

Page 14: Subliminariedade Em Sala de Aula

14

ESTÁTICA

AMBIENTE/URBANO PANFLETO

OUTDOOR/CARTAZ

PLACA/FACHADA DE LOJA

GRAFITE/PINCHAÇÃO

ENGENHARIA DE SOM

SUBLIMINAR

SUPERMECADO

CONSULTÓRIO/ESCRITÓRIO

CINEMA

FUNDO MUSICAL/JINGLE TELEVISÃO/VÍDEO

RÁDIO

TEATRO

PALANQUE POLÍTICO

OUVIDO

FÍSICA

AUDITIVO

SONORA

VERBAL

FIGURAS DE

LINGUAGEM

IMPERATIVOS

RIMA/REFRÃO

PERGUNTA COM

RESPOSTAEMBUTIDA

VENDA PESSOAL

BOATOS

SLOGANS

FALA

PELE FÍSICA TÁTIL - TEXTURA TIPO DE PAPEL DOS

IMPRESSOS MATRIAL DAS

EMBALAGENS

NARIZ QUÍMICA OLFATIVO - ESSENCIAS/FRAGÂNCIAS

FEROMÔNIOS

TINTA DOS IMPRESSOS

TEATRO

PALANQUE POLÍTICO

LÍNGUA QUÍMICA PALATINO - SABORES ALIMENTOS

PASTA DE DENTES

CIGARROS

FONTE: MENSAGENS SUBLIMINARES MULTIMÍDIA (QUADRO SINÓTICO) CALAZANS (2006)

O caminho realizado pelos estímulos subliminares passa pelos seguintes passos:

• 1º Recepção do estímulo por via dos órgãos do sentido

• 2º Sinal transmitido ao nervo óptico

Page 15: Subliminariedade Em Sala de Aula

15

• 3º Envio para o córtex

• 4º Dependendo do tipo de estímulo ocorre a passagem para o Lobo Parietal ou Lobo

Temporal.

• 5º Chegada à mente inconsciente.

• 6º Saturação do conteúdo subliminar no inconsciente.

• 7º Ação ou conduta proveniente da sugestão.

Em geral existem várias fontes emissoras de estímulos ou mensagens subliminares. A

questão é conseguir desenvolver técnicas que possibilitem estabelecer conexão com a prática

educativa.

Além de estímulos subliminares visuais é possível trabalhar com estímulos auditivos,

olfativos e táteis.

Os seres humanos utilizam mais os sentidos da visão e audição por uma questão

evolutiva. Até o presente momento foram citados estímulos subliminares visuais via mensagens

de texto escritas e através de imagens.

Saindo desse enfoque e passando para a audição, existe a possibilidade de desenvolver

materiais didáticos se favorecendo da inserção de conteúdo subliminar a partir de sons ou

músicas.

É comum em aulas o uso de música fundo, ou mesmo em aulas de português a realização

de análises de letras musicais. Esses materiais pedagógicos podem receber conteúdos de

sugestões subliminares implícitas.

Hoje, as novas tecnologias proporcionam a produção de materiais didáticos com maior

facilidade e menor custo. Existem na Internet diversos programas pagos e gratuitos capazes de

produzir áudios de boa qualidade.

Malgarejo (2002, p.122) fala do uso de programas específicos como Subliminar Record

System, capaz de gerar áudios com conteúdo subliminar e em freqüências que induzem estados

alterados de consciência.

Menos específicos que esse programa, existem editores de música, como o programa

Sound Forge, que podem vir a ser utilizados na elaboração de áudios com conteúdo subliminar.

A criação de áudios subliminares parte das seguintes perspectivas:

1ª Mixagem: A interposição ou sobreposição do som é geralmente usada na construção de

mensagens subliminares dentro de sons ou músicas já existentes.

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16

A música principal entra como tema ficando a mensagem subliminar imperceptível

enquanto fundo.

2ª Construção: É possível utilizar três vias na construção dessas mensagens:

• A primeira e através de velocidade aumentada.

• A segunda invertendo-se a mensagem embutida de maneira que ela seja ouvida de traz

para frente.

• A terceira reduzindo o volume até uma freqüência imperceptível ao ouvido humano.

O conteúdo da sugestão deve seguir o mesmo princípio de construção das mensagens

escritas diferenciando-se apenas pelo fato de as sugestões serem feitas verbalmente e gravadas

através de microfone.

Embora não sendo percebidas conscientemente, as informações contidas nos áudios

subliminares conseguem chegar até o inconsciente e lá agem influenciando a conduta. O ouvido

humano consegue perceber freqüências na faixa de 15 Hz a 24.000 Hz, ou 24 MHz. Porém, sofre

variação de acordo com a idade do indivíduo, sendo que em pessoas com mais idade ocorre a

perda da audição de certas faixas.

Freqüências abaixo de 15 Hz não são captadas a nível consciente sendo retidas no

inconsciente.

Calazans (2006) aponta uma análise sobre a efetividade de sons com ritmo de 80 ciclos

por segundo capazes de produzir estados alterados de consciência. A explicação para esse

número se deve a comparação inconsciente com as batidas do coração de uma mãe

amamentando. Também fala da potencialidade de sons com 72 batidas por segundo que é uma

freqüência semelhante às batidas cardíacas.

Puentes (2001) comenta que em alguns seguimentos religiosos são usadas músicas com

ritmos semelhantes a esse ciclo para induzir transes sendo possível uma reprogramação

psicológica do indivíduo através de sugestões.

Ao ficar exposto a essa freqüência, o indivíduo se torna mais sensível a sugestões que

podem ser dadas de maneira inconsciente ou consciente.

Carreiro (2006) cita exemplos de transe provocados por ingestão de substâncias químicas

como o chá do Santo Daime, mediante as músicas que se baseiam nessa mesma lógica.

No seminário “Subliminares e Cognição Conduta”, Dutkevicz Reis (2001) reforça a

possibilidade de se usar recursos subliminares em aulas apoiados pela idéia de Faria.

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“A tecnologia subliminar sonora não se limita somente ao cinema, à publicidade e aos

shows, mas segundo Faria, presta-se também à aprendizagem subliminar, já que pode ser

utilizada como recurso de ensino (CONDUTA, DUTKEVICZ, REIS, ET ALL, 2001, p.9)”.

Essa afirmativa ressalta a possibilidade de se utilizar técnicas subliminares em contexto

educacional promovendo melhoras a partir do uso do inconsciente.

Apesar de serem menos utilizados, o tato e o olfato constituem fontes a serem explorados

de maneira inconsciente em aulas, principalmente se voltadas à questão da apatia.

Dentro dos fundamentos da PNL encontramos características relacionadas ao toque.

Segundo esses estudos é possível por meio de associações, resgatar acontecimentos ou mesmo

sensações que estão guardadas no interior da mente inconsciente através de condicionamentos

criados durante essas lembranças.

É natural alguém se lembrar de uma pessoa ou acontecimento marcante ao ouvir uma

música que tocava na ocasião do acontecimento ou mesmo quando se estava na presença da

pessoa ao qual se tem recordação.

Isso porque a música tornou-se uma extensão do acontecimento que gerou um trajeto

através da comunicação elétrica cerebral, ou seja, através de uma sinapse. Assim a música se

tornou um gatilho para resgatar a lembrança.

Em hipnose acontece o mesmo procedimento sendo denominado signo-sinal ou sinal

hipnogênico do qual acontece, por meio de reflexos condicionados, um desencadeamento

instantâneo do estado de transe do individuo que não precisa passar novamente por todas as

etapas do processo hipnótico.

Da mesma forma é possível criar esse condicionamento por meio do toque resgatando

uma sensação ou mesmo se criar um condicionamento novo.

Em seu artigo intitulado Âncoras e Estratégias, disponível no site

http://www.descubrapnl.com.br/artigos/ler_artigo.php?art_id=43234015812e0 Rodrigo Zambon,

fala sobre técnicas de PNL que visam utilizar representações internas ou externas para resgatar

reação ou estados internos, sendo essas denominadas âncoras.

Zambon (2003) define ancora como sendo:

“Uma âncora é qualquer estímulo ou representação tanto externa quanto interna, que gera

determinada reação ou estado interno. As âncoras podem ocorrer com naturalidade ou serem

criadas para fins específicos”. (ZAMBON, 2003)

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Fazendo uma transposição desses conceitos à prática educativa é possível criar condições

dentro de sala de aula para que ocorram essas associações.

É possível trazer a lembrança de uma boa aula de química experimental por meio de um

aperto de mão. Desde que esse tenha ocorrido durante o momento da aula.

Em artigo desenvolvido pelo Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), sobre a

utilização da neurolinguística na educação é descrita a importância dos gestos no processo.

O tom de voz, os gestos, as frases que usamos, a expressão facial, o contato visual etc são comunicações de pressuposições subjacentes e formam um “conjunto” que determina como somos percebidos pelas pessoas a quem nos dirigimos. Essa percepção é processada principalmente pela mente inconsciente. Ë importante ficarmos atentos porque, de alguma maneira, “nós somos a mensagem! (INAP, 2008, p.4)”.

Dentro dessa perspectiva o modo como se age torna-se fundamental durante o processo e

deve ser sempre aproveitado, se favorecendo dos momentos marcantes.

Desenvolver bom relacionamento, criando condições de afinidade entre professor e aluno

e aproveitar essa relação através de técnicas de PNL, fortaleceria de maneira significativa o

trabalho docente.

O uso da percepção olfativa também pode ser considerado dentro da proposta subliminar.

Existem estudos na área de química referentes às substâncias denominadas feromônios que são

responsáveis pela comunicação inconsciente entre seres humanos e animais.

Essas substâncias são captadas por uma estrutura específica situada na cavidade nasal

chamada de Vomêronasal.

Os feromônios são substâncias de origem hormonal que são exaladas pelos corpos dos

animais como forma de comunicação. Nos insetos, como a formiga, essa comunicação é bem

perceptível através dos rastros (trajeto enfileirado de formigas). Através dos feromônios as

formigas são capazes de se guiar ou mesmo enviar informações umas às outras.

Nos seres humanos em geral os feromônios possuem características de comunicação

sexual, mas que podem ser utilizada para outros fins como melhorar a questão do relacionamento

interpessoal.

Esse recurso pode ser aplicado também na prática docente. Em lojas especializadas em

perfumes é possível adquirir perfumes à base de feromônios ou ativadores de feromônios. Assim,

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um professor que utilize esse perfume em ambiente de sala de aula pode por meio químico

estabelecer melhor relação com seus alunos.

Esse artifício pode melhorar a interação professor-aluno criando assim um elo que facilita

o processo ensino aprendizagem.

Também é possível criar associações olfativas semelhantes às táteis, utilizando cheiros

para trazer recordações de aulas e assim relembrar determinados conteúdos.

Essas associações são muito úteis até mesmo para conteúdos que exigem memorização.

Muitas instituições de ensino em especial as que enfatizam a preparação para o vestibular,

utilizam estratégias de ensino que se baseiam em técnicas de memorização como é o caso dos

conhecidos “macetes”, que em quase toda sua totalidade se baseiam em associações.

Assim, ao utilizar associações inconscientes seria possível desenvolver técnicas de

memorização ainda mais efetivas, pois essas ficariam enraizadas no inconsciente podendo ser

resgatada no momento oportuno pelo aluno.

Todos os recursos subliminares apontados podem ser trabalhados isoladamente ou mesmo

combinados entre si. O fator determinante no caso é o tempo de exposição desses estímulos, sua

aplicação dentro dos materiais didáticos desenvolvidos e o direcionamento dado pelo profissional

que os manipula.

Outro aspecto positivo é que os recursos subliminares podem ser utilizados em novas

modalidades de ensino com EAD, ou mesmo teleconferências, já que o computador e TV são as

principais vias de acesso a essa modalidade de ensino.

Ao analisar todas essas formas de abordagens subliminares percebem-se o papel da

percepção no ensino, bem como a possibilidade de utilizar esse recurso de maneira dirigida e

orientada para o desenvolvimento humano.

No contexto atual é possível perceber a aquisição dos conhecimentos de engenharia

subliminar, em geral sigilosos, inseridos principalmente na área de comunicação objetivando

desenvolver o consumo excessivo, a manipulação de pessoas via meios de comunicação e

aceitação de idéias pré-determinadas.

Conduta, Dutkevicz, Reis, et all (2001) comentam no seminário “Subliminares &

Cognição”, o ponto de vista do Prof Dr Fialho do curso de Pós Graduação em Ergonomia de

Softwares sobre a utilização dos recursos subliminares em aula.

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Ao aliarmos a pesquisa a respeito das mensagens subliminares à cognição, trazemos à tona uma proposta baseada nos conteúdos estudados em Ergonomia Cognitiva, disciplina ministrada pelo Dr. Francisco Fialho, na Pós-Graduação da EPS, UFSC, com o intuito de “chamar atenção” para o que pode ser um problema, do ponto de vista moral e legal, e, ao mesmo tempo, instrumento de aprendizado em salas de aula; onde professores conheçam, dominem e regulem, com responsabilidade, os meios, inclusive subliminares, capazes de enfocar o aluno como um ser não limitado apenas aos estímulos sonoros e conscientes, mas como ser amplamente capacitado para perceber e sentir mediante todos seus canais sensitivos de ligação com o mundo externo (CONDUTA, DUTKEVICZ, REIS, ET ALL, 2001, p.2).

Essa análise remete a reflexão da via de mão dupla que pode vir a ocorrer com o uso

desses recursos, o que reforça a necessidade de se desenvolver uma prática acompanhada e bem

orientada.

Freedman (1988) comenta que são usadas diversas técnicas com fins manipuladores, na

transmissão de filmes e propagandas, e adverte que essas possam ser usadas no futuro próximo a

partir de novos recursos tecnológicos até mesmo para hipnotizar os telespectadores.

“É possível que novos comerciais de alta tecnologia possam chegar a hipnotizar os

consumidores. Rápidas mudanças de cena, música e som pulsante, frases repetitivas e logotipos

piscantes são algumas destas técnicas (FREEDMAN, 1988, p.1)”.

Essa perspectiva futurista de cunho negativo remete a fatos concretos do uso

inconseqüente dos recursos subliminares na atualidade por meio de veículos de comunicação,

fato reforçado pela atual condição ambiental irregular referente à alta produtividade das

indústrias em função do capitalismo.

Calazans (2006) e Malgarejo (2002) também concordam que as técnicas subliminares vêm

sendo utilizadas com essas finalidades, ressaltam a preocupação com esse tipo de abordagem, até

mesmo na questão de saúde mental.

No site http://www.calazans.ppg.br/c008.htm Calazans comenta o uso de técnicas

subliminares no desenho Pokemon que provocou ataques de epilepsia em algumas crianças.

O próprio criador do programa SILENTIDEA adverte no site

http://www.codelines.com/silentidea/silentbr.htm que o programa não deve ser utilizado por

pessoas que sofram de epilepsia, pois os flashs podem afetar o sistema nervoso provocando

ataques.

Outros possíveis inconvenientes podem ocorrer ao utilizar essa metodologia, no caso do

uso de feromônios, há a possibilidade de que alguns alunos do sexo oposto que sejam mais

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sensíveis a este estímulo, se sentirem atraídos afetiva ou sexualmente pela pessoa que está

manipulando esse recurso, o que pode acarretar situações constrangedoras para ambas as partes.

Por esse motivo antes de adotar a metodologia subliminar é necessário a realização de

procedimentos experimentais dentro de instituições de ensino através de pesquisas mais

aprofundadas para que possam ser coletados dados suficientes sobre todos aspectos dessa prática.

E talvez até mesmo a criação de curso específico com código de conduta ética, para se evitar

problemas pessoais e legais, bem como uso indevido desse conhecimento.

É necessário, para adequação desse método, que o professor conheça seus alunos,

realizando uma avaliação diagnóstica coletiva e individual, com a finalidade de verificar as

características e necessidades (individuais e coletivas) dos alunos e turmas na elaboração do

material e para que não ocorram problemas provenientes dos recursos utilizados.

O enfoque principal dado neste trabalho foi a possibilidade de usar os recursos

subliminares dentro de sala de aula, como forma de facilitar o processo educativo.

A utilização dos mesmos para se obter benefícios próprios, ou manipular pessoas como

vem sendo feito por diversos meios de comunicação, desmerecem os estudos que poderiam ser

utilizados a favor do homem e da construção de uma sociedade melhor.

Segundo a lei de diretrizes e bases da educação (LDB), a educação visa o aprimoramento

do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da

autonomia intelectual e do pensamento crítico.

De maneira alguma, a proposta apresentada enfatiza a manipulação dos alunos perante a

utilização desses recursos, mas sim, parte do principio que é possível criar condições para que os

educandos consigam se auto-ajudar mediante as técnicas que possibilitem a reprogramação para

bons hábitos e elaboração de projetos de vida, que é o principio de muitas psicoterapias, e que

vão de encontro ao aprimoramento da pessoa humana como consta na constituição.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em tese, a proposta de se usar recursos subliminares se mostrou aplicável e viável dentro

do contexto de sala de aula, chegando a conclusão que seria possível através dessa metodologia

promover mudanças nos hábitos e postura dos alunos com a aplicação do estudo desenvolvido.

Porém, antes de se utilizar esse modelo didático dentro de sala de aula, seria necessário

mais pesquisas que envolvessem empiricamente esse processo dentro das instituições de ensino,

para assim comprovar sua legitimidade, bem como possíveis inconvenientes que decorram desta

prática.

Também é importante ressaltar que antes de recorrer a essa proposta didática, professores

e profissionais da educação deveriam receber treinamento específico a fim de realizar avaliações

diagnósticas, evitando efeitos nocivos aos alunos durante a utilização dos estímulos subliminares.

A priori seria necessária também a criação de um código de ética que norteasse essa

prática para se evitar abusos ou uso indevido, tornando assim um modelo didático seguro e que

garantisse condições ideais de aprendizagem.

É importante frisar que o modelo proposto nesta pesquisa não é por si só via de resolução

dos problemas descritos, apenas se mostra como auxílio para educadores no decorrer de sua

prática educativa, podendo ser associado a outras estratégias de ensino.

De maneira geral é preciso ter cuidado ao manusear esse tipo de conhecimento, pois o que

se percebe é o uso do mesmo em diversos setores para influenciar, persuadir ou mesmo

convencer e criar aceitação de conduta. Esse não pode de maneira alguma ser o enfoque dado a

essa metodologia em ambiente escolar.

É dever do Estado, instituição de ensino e dos educadores e profissionais da educação,

segundo a Lei de diretrizes e bases da educação (LDB), garantir a autonomia individual dos

cidadãos.

Por esse motivo essa proposta deve gerar reflexões sobre o tema que levem a caminhos

sustentáveis e seguros que não anulem a autonomia e a personalidade dos alunos durante o

processo.

Os recursos subliminares podem ser considerados como ferramentas de auxilio a educação

a fim de melhorar questões cotidianas inerentes a professores e alunos, contribuindo e garantindo

para o desenvolvimento humano.

Page 23: Subliminariedade Em Sala de Aula

23

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