Subsídio - Oxidação de Alfa Ácidos No Lúpulo

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  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    Universidade de So Paulo

    Instituto de Qumica de So Carlos

    Reatividade de iso--cidos e seus derivadoshidrogenados frente ao radical 1-hidroxietila:

    implicaes na perda de qualidade sensorial dacerveja

    Natlia Ellen Castilho de Almeida

    Dissertao apresentada ao Instituto deQumica de So Carlos, da Universidade deSo Paulo, como um dos requisitos para oobteno do ttulo de Mestre em Cincias.

    rea de Concentrao: Qumica Analtical

    Orientador: Prof. Dr. Daniel Rodrigues Cardoso

    So Carlos2011

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    Este exemplar foi revisado e alteradoem relao verso original, sob aexclusiva responsabilidade do autor.

    So Carlos, 11/03/2011

    ___________________________

    Natlia Ellen Castilho de Almeida

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    DEDICATRIA

    Aos meus pais, Antnio e lia, e ao

    meu irmo Kayo, pelo apoio, incentivo

    constante e amor. A minha av Maria

    pelos ensinamentos e carinho.

    Ao meu namorado Gustavo Metzker

    pelo carinho, apoio, conselhos e

    ajuda.

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    EPGRAFE

    "A diferena entre o possvel e o

    impossvel est na vontade humana"

    (Louis Pasteur)

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    AGRADECIMENTOS

    Agradecimentos

    Agradeo primeiramente a Deus por me acompanhar sempre. O meu Deus

    o Deus do impossvel.

    Ao Prof. Dr. Daniel R. Cardoso pela orientao e ensinamentos. Ao Prof. Dr.

    Douglas W. Franco pela infra-estrutura utilizada.

    Aos amigos Clayston e Tatiane (Fefe) por compartilharem momentos bons e

    difceis.

    A Rafaela e Leandro pelo companheirismo desde 2004 (Turma de

    Bacharelado do IQSC-USP).

    Aos colegas do Laboratrio da Qumica da Aguardente e Laboratrio de

    Qumica Analtica e Inorgnica, IQSC-USP, pela convivncia. Em especial, agradeo

    ao Wendel Aquino, Fernanda Seixas, Juliana Grippa e Andr (Barbie) pela ajuda e

    amizade.

    Ao Sr. Julio Landmann (Hopsteiner) pela gentileza de doar o extrato de lpulo

    isomerizado.

    Ao Prof. Dr. Antnio Gilberto Ferreira e Eduardo Sanches pela disponibilidade

    na realizao dos experimentos de ressonncia magntica nuclear (DQ - UFSCar).

    Ao Instituto de Qumica de So Carlos (IQSC), Universidade de So Paulo

    (USP) pela oportunidade.

    Ao Prof. Dr. Antonio C. Burtoloso e a Viviana pela ajuda nas snteses (IQSC -

    USP).

    A FAPESP pelo auxlio financeiro.

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    SUMRIO

    SUMRIO

    Lista de EsquemasLista de Figuras

    Lista de Tabelas

    Abreviaturas

    Resumo

    Abstract

    1. INTRODUO 18

    2. OBJETIVOS 333. MATERIAL E MTODO 34

    3.1. Reagentes 34

    3.2. Isolamento das trans-isohumulonas 35

    3.3. Isolamento das cis-isohumulonas 36

    3.4. Preparo das dihidro-isohumulonas 37

    3.5. Preparo das tetrahidro-isohumulonas 38

    3.6. Caracterizao qumica dos compostos 39

    3.6.1. Estudo eletroqumico das isohumulonas 40

    3.7. Reatividade dos compostos de interesse frente ao radical1-hidroxietila

    41

    3.7.1. Estudos com o radical 1-hidroxietila: formao eestabilidade do aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    41

    3.7.2. Determinao das constantes de velocidade aparentesdecorrentes das reaes dos compostos de interesse frente ao radical1-hidroxietila

    43

    3.8. Clculo quntico, ab initio DFT, na determinao daspropriedades eletrnicas das isohumulonas

    45

    3.9. Caracterizao qumica dos produtos da reao entre oradical 1-hidroxietila e os iso--cidos

    46

    4. RESULTADOS E DISCUSSO 47

    4.1. Isolamento das isohumulonas 47

    4.2. Preparo dos derivados reduzidos/hidrogenados dasisohumulonas

    48

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    SUMRIO

    4.2.1. Preparo das dihidro-isohumulonas 48

    4.2.2. Preparo das tetrahidro-isohumulonas 49

    4.3. Caracterizao qumica das isohumulonas isoladas e seus

    derivados reduzidos/hidrogenados

    50

    4.3.1. Caracterizao qumica das trans-isohumulonasisoladas

    50

    4.3.2. Caracterizao qumica das cis-isohumulonas isoladas 57

    4.3.3. Caracterizao qumica das dihidro-isohumulonas 61

    4.3.4. Caracterizao qumica das tetrahidro-isohumulonas 65

    4.3.5. Estudo eletroqumico das isohumulonas 70

    4.4. Reatividade dos iso--cidos e seus derivados e algunsfenis frente o radical 1-hidroxietila

    73

    4.4.1. Estudos com o radical 1-hidroxietila: formao do adutoradical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    73

    4.4.2. Estudos com o radical 1-hidroxietila: estabilidade doaduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    79

    4.4.3. Estudos com o radical 1-hidroxietila: determinao dasconstantes de velocidades aparentes da reao entre o radical

    1-hidroxietila e os compostos de interesse

    83

    4.4.3.1. Reatividade dos iso--cidos e seus derivados frenteo radical 1-hidroxietila

    85

    4.4.3.2. Reatividade de alguns fenis frente ao radical 1-hidroxietila

    93

    4.5. Identificao dos produtos de reao 96

    4.6. Mecanismo da reao 99

    5. CONCLUSES 102

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 105

    APNDICES

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    LISTA DE ESQUEMAS

    Lista de Esquemas

    Esquema 1. Reao de isomerizao trmica das humulonas cis-(2-ac) e trans-isohumulonas (1-ac) durante o cozimento do mostofermentado e adicionado de lpulo. A relao trans-/cis-ishumulonas emcondies normais de fabricao da cerveja de 32:68. (a) iso-n-humulona, (b) isocohumulona, (c) isoadhumulona

    23

    Esquema 2. Reao de degradao fotoqumica dos iso--cidos emcerveja

    27

    Esquema 3. Formao e reaes subseqentes dos radicais1-hidroxietila, em destaque, e 2-hidroxietila em cerveja, de acordo com o

    proposto dor Andersen e Skibsted

    30

    Esquema 4.Reao de Fenton 31

    Esquema 5. Reao de formao do spin radical [4-POBN/CH(CH3)OH] 41

    Esquema 6. Ilustrao da reao de competio entre a armadilhaqumica 4-POBN e a isohumulonas pelo radical 1-hidroxietila

    44

    Esquema 7. Reao de formao das espcies aduto oxidado e4-POBN ligado a duas molculas de radical 1-hidroxietila

    82

    Esquema 8. Esquema de reao propondo o efeito de polifeniscontendo o grupo catecol na oxidao do etanol no vinho e na cerveja.Adaptado de Elias e Andersen

    96

    Esquema 9. Mecanismo proposto para a reao entre as isohumulonase o radical 1-hidroxietila

    101

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    LISTA DE FIGURAS

    Lista de Figuras

    Figura 1. Consumo mdio anual de cerveja per capita por pas e grficoda distribuio de bebidas alcolicas no mercado brasileiro 18

    Figura 2. Fluxograma do processo industrial cervejeiro 19

    Figura 3. Estrutura qumica dos -cidos (1a-c) e -cidos (2a-c). (1a) n-lupulona, (1b) colupulona, (1c) adlupulona, (2a) n-humulona, (2b)cohumulona, (2c) adhumulona

    22

    Figura 4. Estrutura qumica das isohumulonas em sua forma molecular(a) e aninica (b)

    24

    Figura 5. Estrutura qumica da dihidro-isohumulonas (1a-c) e tetrahidro-isohumulonas (2a-c), derivados reduzidos e hidrogenados dos iso--cidos, respectivamente. (1a) dihidro-iso-n-humulona, (1b) dihidro-isocohumulona, (1c) dihidro-isoadhumulona, (2a) tetrahidro-iso-n-humulona, (2b) tetrahidro-isocohumulona, (2c) tetrahidro-isoadhumulona

    28

    Figura 6. Estrutura qumica de alguns fenis presentes na cerveja. (a)quercetina, (b) morina, (c) kaempferol, (d) cido p-cumrico, (e) cidoclorognico, (f) cido cafeico

    32

    Figura 7. Ilustrao esquemtica da separao dos diastereoismeros

    por complexao com a -ciclodextrina

    48

    Figura 8. Evoluo dos precursores isohumulonas - e produtos dareao dihidro-isohumulonas - no sistema de cromatografia planarutilizando slica gel como fase estacionria e hexano/ter etlico (1:4 v/v)acidificado com cido actico como fase mvel. (R) reao; (M) mistura;(P) precursores

    49

    Figura 9. Evoluo dos precursores isohumulonas - e produtos dareao tetrahidro-isohumulonas - no sistema de cromatografia planar

    utilizando slica gel como fase estacionria e hexano/ter etlico (1:1 v/v)acidificado com cido actico como fase mvel.(R) reao; (M) mistura;(P) precursores

    50

    Figura 10. Espectro eletrnico de absoro das trans-isohumulonasisoladas em soluo contendo 10 mL de etanol e 1 mL de soluoaquosa de HCl (2,0 mol L-1). Concentrao de trans-isohumulonas de 3,210-5mol L-1

    51

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 11. (a) Cromatograma de ons total da amostra comercialcontendo as isohumulonas, formas cis- e trans- (em vermelho) e dastrans-isohumulonas isoladas (em azul). (b) Espectro de massas(ESI(-)MS) da espcie trans-coisohumulona referente ao pico 2, tr= 11,4

    min. (c) Espectro de massas (ESI(-)MS) da espcie trans-iso-n-humulonareferente ao pico 4, tr= 16,5 min

    52

    Figura 12. Espectro de 1H RMN (200 MHz) das trans-isohumulonasisoladas, em CDCl3. Os sinais marcados com (*) indicam impurezaspresentes na amostra

    54

    Figura 13. Cromatograma caracterstico das trans-isohumulonas emmeio alcolico (5,0 10-3mol L-1) submetido a separao em uma colunaLUNA C-18 e eluio isocrtica 56% do solvente B. Vazo da fase mvel2,5 mL min.-1 Volume de injeo 500 L. Comprimento de onda de

    monitoramento = 270 nm

    55

    Figura 14. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo diretada frao 1 contendo trans-isohumulona

    56

    Figura 15. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo diretada frao 2 contendo trans-isohumulonas

    56

    Figura 16. Espectro eletrnico de absoro das cis-isohumulonasisoladas em soluo contendo 10 mL de etanol e 1 mL de soluoaquosa de HCl (2,0 mol L-1). Concentrao de 4,6 10-5mol L-1

    57

    Figura 17. (a) Cromatograma de ons total da amostra comercialcontendo as isohumulonas, formas cis- e trans-, (em vermelho) e das cis-isohumulonas isoladas (em azul). (b) Espectro de massas (ESI(-)MS) daespcie cis-isocohumulona referente ao pico 1, tr= 10,5 min. (c) Espectrode massas (ESI(-)MS) das espcies cis-isoadhumulona e cis-iso-n-humulona referente ao pico 3, tr= 14,7 min. Os sinais marcados com (*)indicam impurezas presentes na amostra

    58

    Figura 18. Espectro de 1H RMN (200 MHz) das cis-isohumulonasisoladas, em CDCl3. Os sinais marcados com (*) indicam impurezas

    presentes na amostra

    59

    Figura 19. Cromatograma caracterstico das cis-isohumulonas em meioalcolico (1,0 10-3mol L-1) submetido a separao em uma coluna LUNAC-18 e eluio isocrtica 56% do solvente B. Vazo da fase mvel 2,5mL min.-1 Volume de injeo 500 L. Comprimento de onda demonitoramento = 270 nm

    60

    Figura 20. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo diretada frao 1 contendo cis-isohumulonas

    61

    Figura 21. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo diretada frao 2 contendo cis-isohumulonas

    61

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 22. Espectro eletrnico de absoro das dihidro-isohumulonas,formas cis- e trans-, em soluo contendo 10 mL de etanol e 1 mL desoluo aquosa de HCl (2,0 mol L-1). Concentrao de 2,3 10-5mol L-1

    62

    Figura 23. (a) Cromatograma de ons total das dihidro-isohumulonas. (b)Espectro de massas (ESI(-)MS) da espcie trans- e cis-dihidro-isocohumulona referente aos picos 1 e 2, tr= 6,3 e 7,6 min. (c) Espectrode massas (ESI(-)MS) da espcie trans- e cis-dihidro-iso-n-humulonareferente aos picos 3 e 4, tr= 8,2 e 10,0 min. (d) Espectro de massas(ESI(-)MS) da espcie cis- e trans-dihidro-isoadhumulona referente aospicos 5 e 6, tr= 11,7 e 15,1 min

    63

    Figura 24. Espectro de 1H RMN (200 MHz) das dihidro-isohumulonas,formas cis- e trans-, em CDCl3. Os sinais marcados com (*) indicam

    impurezas presentes na amostra

    65

    Figura 25. Espectro eletrnico de absoro das tetrahidro-isohumulonas,formas cis- e trans-, em meio etanol. Concentrao de 2,3 10-5mol L-1

    66

    Figura 26. (a) Cromatograma de ons total das tetrahidro-isohumulonas,formas cis- e trans-. (b) Espectro de massas (ESI(-)MS) da espciecis- etrans-tetrahidro-isocohumulona referente aos picos 1 e 2, tr= 19,2 e 21,5min., respectivamente. (c) Espectro de massas (ESI(-)MS) das espciescis- e trans-tetrahidro-iso-n-humulona referente ao pico 3, tr= 26,0 min.(d) Espectro de massas (ESI(-)MS) das espcies cis- e trans-tetrahidro-

    isoadhumulona referente ao pico 4, tr= 29,6 min

    68

    Figura 27. Espectro de 1H RMN (200 MHz) das tetrahidro-isohumulonas,formas cis- e trans-, em CDCl3. Os sinais marcados com (*) indicamimpurezas presentes na amostra

    69

    Figura 28. Voltamograma cclico das trans-isohumulonas em sua formaaninica, em acetonitrila contendo 0,2 mol L-1 de perclorato detetrabutilamnio como eletrlito suporte. Eletrodos: diamante dopadocom boro (trabalho), platina (contra-eletrodo), ferroceno (referncia

    interna). A velocidade de varredura foi 50 mV s

    -1

    71

    Figura 29. Voltamograma cclico das trans-isohumulonas em sua formamolecular, em acetonitrila contendo 0,2 mol L-1 de perclorato detetrabutilamnio como eletrlito suporte. Eletrodos: diamante dopadocom boro (trabalho), platina (contra-eletrodo), ferroceno (refernciainterna). As velocidades de varredura foram: a = 10 mV s-1,b = 50 mV s-1,c = 100 mv s-1, d = 200 mV s-1

    72

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 30. (a) Cromatograma de ons total dos produtos decorrentes dareao de formao do aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    sobatmosfera de O2. T = 25

    0 C; t = 5 minutos. (b) Espectro de massas(ESI(+)MS) do eluato em tr= 6 min referente espcie 4-POBN

    74

    Figura 31. (a) Cromatograma de ons total dos produtos decorrentes dareao de formao do aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    sobatmosfera de Ar. T = 250 C; t = 5 minutos. (b) Espectro de massas(ESI(+)MS) com atribuio dos ons do eluato em tr = 7,9 min. (c)Espectro de massas (ESI(+)MS) com atribuio dos ons do eluato em tr= 8,6 min. (d) Espectro de massas (ESI(+)MS) com atribuio dos onsdo eluato em tr = 9,2 min. (e) Espectro de massas (ESI(+)MS) comatribuio dos ons do eluato em tr= 12,8 min

    77

    Figura 32. Estruturas qumicas das quatro espcies formadas da reaoentre 4-POBN e o radical 1-hidroxietila: (a) aduto oxidado; (b) adutoradical; (c) e (d) 4-POBN ligado a duas molculas do radical 1-hidroxietil;(e) aduto reduzido

    77

    Figura 33. Espectro de ressonncia paramagntica de eltrons (RPE)registrado em banda-X (9,521 GHz) do aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    obtido em soluo aquosa gua/etanol ( 5%) atemperatura de 250C

    78

    Figura 34. Decaimento do aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH] na

    presena e ausncia de catalase (47,4 mg mL-1). T = 250C

    80

    Figura 35. rea dos picos cromatogrficos referentes s espcies adutooxidado, aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    e 4-POBN contendo duasmolculas do radical 1-hidroxietila em funo do tempo de reao e napresena de catalase

    81

    Figura 36. Grfico (F/F-1)*k2*[4-POBN] vs. concentrao de trans-isohumulonas. Medidas obtidas por espectrometria de massas (ESI-(+)-MS/MS e espectroscopia de ressonncia paramagntica de eltrons

    (EPR). T = 25

    o

    C; 1 minuto de reao

    85

    Figura 37. Configurao espacial das cis-isohumulonas (a) e trans-isohumulonas (b), com os respectivos momentos de dipolo eltrico

    90

    Figura 38. Ilustrao dos orbitais moleculares ocupados de maiorenergia (HOMO) calculados para os diastereoismeros cis- (a) e trans-isohumulonas (b)

    91

    Figura 39. Representao das ligaes C-H envolvidas na abstrao dotomo de hidrognio na reao. (a) trans-isohumulonas; (b) cis-isohumulonas

    92

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 40. Espectro de on isolado 240,1 m/z decorrente da reao doradical 1-hidroxietila e 4-POBN (pico 1), na presena de cidoclorognico (pico 2) ou cido cafeico (pico 3). As injees foramrealizadas em batelada

    94

    Figura 41. Espectros de ressonncia paramagntica de eltrons (RPE)registrados em banda-X (9,521 GHz) do aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH]

    decorrente da reao controle (em preto), reaoprocessada na presena cido clorognico (em vermelho) e reaoprocessada na presena do cido cafeico (em azul). Os espectros foramobtidos a temperatura de 25oC

    95

    Figura 42. (a) Cromatogramas de ons total da soluo alcolicacontendo as trans-isohumulonas (em vermelho) e dos produtos

    decorrentes da reao das trans-isohumulonas e o radical 1-hidroxietila(em azul),sob atmosfera de Ar, T = 250C, t = 1 minuto de reao. (b)Espectro de massas (ESI(-)MS) com atribuio do on do eluato em t r=17,7 min. (c) Espectro de massas (ESI(-)MS) com atribuio do on doeluato em tr= 21,5 min

    98

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    LISTA DE TABELAS

    Lista de Tabelas

    Tabela 1. Percentuais de isohumulonas no extrato de lpulo pr-isomerizado 53

    Tabela 2. Dados cinticos com respeito ao decaimento do aduto radical[4-POBN/CH(CH3)OH]

    no meio reacional e a temperatura de 25 0C80

    Tabela 3. Constantes de velocidade aparentes da reao entre o radical1-hidroxietila e os iso--cidos e seus derivados, em sua forma aninica,determinadas por EPR e ESI-(+)-MS/MS, em 1 minuto de amostragem

    86

    Tabela 4. Constantes de velocidade aparentes da reao entre o radical1-hidroxietila e as iso-n-humulonas, em sua forma molecular,determinadas ESI-(+)-MS/MS, em 1 minuto de amostragem

    88

    Tabela 5. Propriedades eletrnicas dos diastereismeros cis- e trans-iso--cidos, em sua forma molecular, calculadas usando o mtodo M06/6-31+G(d)

    89

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    ABREVIATURAS

    Abreviaturas

    4-POBN - -4-piridil-1-xido-N-tert-butilnitrona-CD - -ciclodextrina

    BDE - Bond Dissociation Energy

    CDCl3 - Clorofrmio deuterado

    CID - Colision Induced Dissociation

    ESI-MSn - Espectrmetro de Massas

    DFT - Density Functional Theory

    IEF-PCM - Integral Equation Formalism as PolarizableContinuum Model

    HER - 1-hydroxyethyl radical1H RMN - Ressonncia Magntica Nuclear de Hidrognio

    HOMO - Highest Occuped Molecular Orbital

    IAA - Iso--cidos

    LC-MSn - Liquid Chromatography/Mass Spectrometry

    MBT - 3-metil-but-2-eno-1-tiolNHE - Normal hydrogen electrode

    Rf - Riboflavina 5-monofosfato de sdio

    RPE - Ressonncia Paramagntica de eltrons

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    RESUMO

    RESUMO

    Os iso--cidos so os principais constituintes responsveis pelo sabor amargo da

    cerveja, sendo estes facilmente degradados durante o seu processo de

    envelhecimento ou exposio a radiao luminosa, em particular o diastereoismero

    trans-. O radical 1-hidroxietila o radical majoritrio formado na cerveja durante o

    processo de envelhecimento. O presente trabalho descreve a reatividade dos iso--

    cidos frente ao radical 1-hidroxetila atravs do uso da tcnica de spin-trappingcom

    deteco por espectroscopia de ressonncia paramagntica de eltrons (RPE) e

    espectrometria de massas (ESI-(+)-MS/MS). Observou-se que ambos os

    diastereoismeros cis-e trans-iso--cidos so degradados na presena do radical

    1-hidroxietila com constantes de velocidade aparentes de 1,8 108e 9,2 109L mol-1s-

    1, respectivamente. A reatividade dos dihidro-iso--cidos com o radical estudado foi

    similar reatividade da mistura diastereoisomrica dos iso--cidos, apresentando

    constante de velocidade aparente de 1,5 109L mol-1s-1. Os anlogos tetrahidro-iso-

    -cidos no apresentaram reatividade para com o radical 1-hidroxietila, sugerindo

    os hidrognios allicos como stio reacional. Adicionalmente, os clculos ab initiopor

    DFTdemonstraram que os valores de BDEpara os hidrognios allicos das cadeias

    laterais prenila e isohexenoila so equivalentes e, desta maneira, sugerindo a maior

    reatividade do diastereoismero trans- a ser creditada a um fator entrpico, j queambos os grupos esto no mesmo plano espacial. Os produtos de oxidao foram

    determinados por LC-ESI-MSn e verificou-se a formao dos hidroxi-allo-iso--

    cidos, recentemente descritos na literatura. O conjunto de resultados obtidos

    possibilitou a proposta de mecanismo para processo de oxidao e perda dos cidos

    amargos da cerveja, observado no envelhecimento da bebida.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    ABSTRACT

    ABSTRACT

    The iso--acids are the main responsible constituents for the bitter taste of beer, they

    are easily degraded during the aging and light exposed process, specially the trans-

    diastereoisomer. The 1-hydroxyethyl radical is the major radical produced during the

    beer aging process. The present work describes the reactivity of iso--acids towards

    the 1-hydroxyethyl radical as probed by the spin-trapping technique and detected by

    electron paramagnetic resonance (EPR) and mass spectrometry (ESI-(+)-MS/MS). It

    was observed that both diastereoisomers cis- and trans-iso--acids are degraded in

    the presence of 1-hydroxyethyl radical with apparent rate constant of 1.8 108e 9.2

    109L mol-1s-1, respectively. The reactivity of dihydro-iso--acids towards the studied

    radical was similar to the reactivity of the iso--acids diastereoisomeric mixture,

    showing apparent rate Constant of 1.5 109 L mol-1 s-1. The tetrahydro-iso--acids

    analogues did not observed reactivity towards the 1-hydroxyethyl radical suggesting

    the allilic hydrogens as the reaction sites. In addition, the ab initioDFT calculations

    demonstrated that the BDE values for the allilic hydrogens of the prenyl and

    isohexenoyl side chains are equivalents and according to that suggesting the higher

    reactivity of the trans- diastereoisomer to be accounted to an entropic factor since

    both goups are in the same plane of the space. The oxidation products were

    determined by LC-ESI-MS

    n

    and its was verified the formation of hydroxyl-allo-iso-

    -acids. The data colected allows a mechanism to be proposed for the oxidation

    process and loss of bitter acids of beer during the beverage aging.

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    1. INTRODUO

    A cerveja cons

    com um consumo mun

    produo anual em torn

    apresenta uma mdia

    bebidas alcolicas no pa

    Figura 1. Consumo mdio analcolicas no mercado brasile

    INTRODUO

    iderada a bebida alcolica mais consu

    dial mdio per capita ao redor de 21

    o de 1,22 106hectolitros1. O consumo

    de 47,6 litros/ano2, representando 66

    s, Figura 1.

    ual de cerveja per capita por pas e grfico da diiro1.

    ida mundialmente,

    ,9 litros/ano e uma

    per capita no Brasil

    % do mercado de

    tribuio de bebidas

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    INTRODUO

    Por regulamentao, a cerveja produzida a partir de gua de boa qualidade,

    malte de cevada, fermento e lpulo (Humulus lupulus), podendo ainda ser utilizadas

    outras fontes de carboidratos como co-adjuntos tais como arroz, milho e trigo3

    . A

    cerveja , por definio, uma bebida carbonatada de baixo teor alcolico que tem

    atrado consumidores h mais de 100 anos por apresentar atributos sensoriais

    peculiares, tais como frescor, aroma e amargor caracterstico4.

    O processo industrial para a produo de cerveja encontra-se ilustrado na

    Figura 2. O incio do processo ocorre pela moagem do malte de cevada juntamente

    com a gua, resultando em uma suspenso que submetida a aquecimento a

    temperatura de aproximadamente 60 oC para que as enzimas, amilase e protease,

    degradem o amido e protenas do malte, formando uma mistura de glicose e

    aminocidos tambm denominada mosto doce.

    Figura 2. Fluxograma do processo industrial cervejeiro.

    MOAGEMgua

    FILTRAO

    FERVURA

    FERMENTAO

    FILTRAO

    MATURAO

    ENVASE PASTEURIZAO

    lpulo

    CO2

    leveduras

    malte de cevada

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    INTRODUO

    Logo aps a etapa de filtrao, h adio do lpulo#e em seguida aplica-se

    um gradiente de temperatura, podendo chegar at 95 oC, durante aproximadamente

    uma hora; tem-se ento o processo de fervura/cozimento dos mosto doce. Em

    seguida, os materiais suspensos provenientes do lpulo so retidos e a mistura

    ento resfriada para a adio das leveduras; dar-se- a fermentao. Esta etapa

    dividida em dois estgios: aerbico e anaerbico. No estgio aerbico ocorre o

    crescimento das leveduras na presena de oxignio, ao passo que no estgio

    anaerbico, as leveduras transformam a glicose em etanol e dixido de carbono,

    sendo este ltimo recuperado e armazenado para o reaproveitamento ao final do

    processo. Existem dois tipos de leveduras que so utilizadas no processo cervejeiro,

    Saccharomyces carlsbergensis e Saccharomyces cerevisiae, as quais conferem o

    tipo de fermentao empregado. Utilizando leveduras do tipo Saccharomyces

    carlsbergensis tem-se uma cerveja de baixa fermentao, as quais decantam

    durante a produo de etanol, ao passo que uma cerveja tida como de alta

    fermentao so empregadas leveduras do tipo Saccharomyces cerevisiae, as quais

    ficam suspensas no final do processo e suportam altas concentraes de etanol.

    Ao final da fermentao, as leveduras so removidas, obtendo uma cerveja

    denominada green beer, esta ltima ainda no adequada ao consumo imediato por

    apresentar compostos de sabor e aroma indesejveis. Consequentemente, requerido um perodo denominado de maturao, no qual a cerveja mantida em

    torno de 0 oC por um tempo relativamente grande (semanas) para que tais

    compostos sejam vagarosamente degradados/transformados at atingirem nveis de

    concentrao abaixo de seus valores crticos (limiares de sensao). Ainda,

    comumente empregada, ao final do processo cervejeiro, uma correo do amargor

    #O lpulo pode ser adicionado ao processo cervejeiro atravs da adio direta de flores secas (innatura),pelletsou extratos3.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    da cerveja acabada adicionando-se extrato de lpulo pr-isomerizado. Por fim, a

    cerveja segue para o envase, aps filtrao e adio de dixido de carbono,

    podendo ainda passar ou no pelo processo de pasteurizao5,6

    .

    De acordo com a Lei da Pureza da Cerveja (Reinheitsgebot), promulgada

    pelo Duque Guilherme IV da Baviera em 1516, foi institudo na Alemanha o uso

    apenas do malte de cevada, gua, lpulo e fermento como ingredientes para a

    fabricao da cerveja7. Desta forma, o uso do lpulo no processo de fabricao da

    cerveja foi reforado. Este ingrediente foi introduzido na cervejaria durante a Idade

    Mdia pelos monges europeus que refinaram as tcnicas de produo. Inicialmente,

    o lpulo era adicionado como um preservativo de ao bactericida de origem natural

    para que a cerveja pudesse ser estocada por longos perodos; porm, passou a ser

    um agente de aroma essencial e singular da cerveja.

    O lpulo uma planta trepadeira perene, pertencente famlia

    Cannabinaceae, espcie Humulus lupulus, cuja composio qumica complexa,

    compreendendo uma gama muito grande de metablitos secundrios localizados

    especialmente nas glndulas localizadas atrs das brcteas do cone de lpulo.

    Estas glndulas so cobertas com um p resinoso amarelo chamado de lupulina.

    Entre as diversas classes de compostos qumicos presentes na lupulina encontram-

    se os leos essenciais (0,5 5% v/m), polifenis (3 6% m/m) e os -cidos e -cidos (4 30% m/m)5,8, tambm denominados humulonas e lupulonas

    respectivamente, os quais possuem grande impacto na qualidade da cerveja. As

    estruturas qumicas dos -cidos e -cidos esto apresentadas na Figura 3.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    Figura 3. Estrutura qumica dos -cidos (1a-c) e -cidos (2a-c). (1a) n-lupulona, (1b) colupulona,(1c) adlupulona, (2a) n-humulona, (2b) cohumulona, (2c) adhumulona.

    Desta forma, o lpulo e seus componentes so considerados essenciais na

    produo de cerveja e responsveis pela distino desta de qualquer outra bebida

    alcolica carbonatada. Ainda, dentre os componentes utilizados no processo

    industrial da cerveja, o lpulo representa o de menor custo6 e, neste contexto,

    interessante enfatizar que apenas as plantas femininas formam o cone de lpulo e,

    portanto, somente estas so comercializadas.

    Apesar de no possurem impacto direto nas propriedades sensoriais dacerveja, os -cidos so os precursores dos iso--cidos, comumente chamadas por

    isohumulonas, responsveis pelo amargor caracterstico e qualidade da espuma da

    cerveja9,10. Conforme j mencionado, as humulonas so introduzidas ao processo

    cervejeiro pela adio do lpulo ao mosto e, aps a fervura deste, h converso das

    humulonas, pouco solveis em meio aquoso (60 mg L-1a 100 oC), s espcies mais

    hidroflicas denominadas isohumulonas, conforme ilustrado no Esquema 1.

    1a-c 2a-c

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    INTRODUO

    Esquema 1. Reao de isomerizao trmica das humulonas cis- (2-ac) e trans-isohumulonas(1-ac) durante o cozimento do mosto fermentado e adicionado de lpulo. A relao trans-/cis-ishumulonas em condies normais de fabricao da cerveja de 32:68. (a) iso-n-humulona, (b)isocohumulona, (c) isoadhumulona9.

    Estes compostos contendo um anel de 5 membros consistem em pares de

    diastereoismeros, trans-isohumulonas (1a-c, Esquema 1) e cis-isohumulonas (2a-c, Esquema 1), cada qual com 3 anlogos: iso-n-humulona (a), isocohumulona (b) e

    isoadhumulona (c), Esquema 1. A configurao absoluta cis-/trans- determinada

    pela orientao do grupo hidroxila em C4 e a cadeia lateral prenila em C5, sendo a

    denominao trans- referente direo oposta de ambos os substituintes com

    respeito ao anel de 5 membros. Verifica-se que, aps a fervura do mosto, a razo

    cis-/trans- em geral 7:3, uma vez que os diastereoismeros cis- so

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    termodinamicamente mais estveis (configurao de menor energia), visto que os

    grupos laterais volumosos prenila e isohexenoila esto transposicionadas9.

    O valor de pKa varia sensivelmente para cada anlogo de iso--cidos; porm,

    este pode ser aproximado para 311,12. Sabe-se que o pH da maioria da cerveja gira

    em torno de 4,2 e 4,4, principalmente para cervejas do tipo large11,12. Desta forma,

    as isohumulonas encontram-se predominantemente na forma aninica na bebida

    (aproximadamente 84%), cuja frmula estrutural est apresentada na Figura 4b.

    Evidentemente, esta afirmativa pode no ser verdadeira para cervejas mais cidas,

    estando presentes, neste caso, os iso--cidos em sua forma molecular, Figura 4a.

    Figura 4. Estrutura qumica das isohumulonas em sua forma molecular (a) e aninica (b).

    A concentrao de iso--cidos presentes no produto acabado varia entre 15

    a 80 mg L-1 (4,1 10-5a 2,2 10-4mol L-1), conferindo diferentes graus de amargor13.

    Desta forma, as isohumulonas representam aproximadamente 80% de todo

    componente derivado do lpulo presente na cerveja10.

    Quimicamente, a cerveja pode ser considerada uma soluo alcolica com

    concentrao hidrogeninica (CH+) de 10-4,2 mol L-1, contendo centenas de

    substncias dissolvidas14. Entretanto, os constituintes de uma cerveja fresca, recm

    engarrafada, no esto em equilbrio qumico. Termodinamicamente, uma garrafa de

    cerveja um sistema fechado e ir empenhar-se para alcanar uma condio demenor energia e mxima entropia. Por conseguinte, muitas converses de seus

    (a) (b)

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    INTRODUO

    constituintes so termodinamicamente possveis, sendo que sua relevncia para a

    qualidade de cerveja , em sua maioria, determinada pelas velocidades de reao

    em condies prticas de armazenamento do produto14

    .

    Com o aumento da exportao da cerveja, principalmente devido

    globalizao do mercado, problemas relacionados ao tempo de prateleira do produto

    (shelf-life) tornam-se de extrema importncia para a indstria cervejeira. Sabe-se

    que a cerveja suscetvel a sofrer diversas reaes durante o seu armazenamento,

    as quais levam a perda de amargor e frescor do produto, bem como o

    desenvolvimento de compostos que conferem aroma e sabor indesejveis14. Desta

    forma, o conhecimento dos possveis caminhos, mecanismos e constantes de

    velocidade especficasdas reaes que ocasionam a perda da qualidade sensorial

    do produto podem auxiliar no desenvolvimento de tcnicas e mtodos para a

    conservao do produto.

    Neste aspecto, as isohumulonas so particularmente sensveis a degradao

    durante o armazenamento15, o que leva no somente a perda sensorial de amargor,

    mas tambm formao de compostos volteis de aroma, tais como 4-metil-2-

    pentanona e 3-penteno-2-ona14,15. Existem indcios fortes que apontam o

    envolvimento dos iso--cidos na formao de aromas indesejveis tpicos de

    cerveja velha, podendo estes cidos sofrerem degradao oxidativa, mesmo na

    ausncia de oxignio molecular12.

    Diversos estudos reportaram que o envelhecimento da cerveja est

    diretamente relacionado com a degradao das trans-isohumulonas, visto que a

    configurao cis- mostrou-se mais estveis e menos suscetveis aos processos

    A velocidade de cada reao ir determinar a viabilidade de cada caminho e est intrinsecamenterelacionada a constante de velocidade especfica da reao e ao teor dos reagentes.Constante de velocidade especfica refere-se constante de velocidade determinada diretamentepelo decaimento ou formao da espcie de interesse.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    deteriorativos4,5,16. Todavia, produtos de oxidao de ambos os diastereoismeros,

    cis- e trans-isohumulonas, formados durante o armazenamento da cerveja contida

    em garrafa PET, foram apontados em estudos recentes17,18

    . Estes compostos foram

    chamados de hidroperoxi-allo-isohumulonas e hidroxi-allo-isohumulonas e so

    decorrentes de reaes de degradao dos iso--cidos via radicalide, na presena

    de traos de metais de transio, tais como ons de ferro, e oxignio molecular17.

    Durante um tempo considervel a reao de degradao via foto-oxidao

    das isohumulonas foi estudada com muito afinco11,19-22. Neste contexto, verificou-se

    que os iso--cidos sofrem degradao na presena de luz e riboflavina,

    fotosensibilizador naturalmente presente na cerveja19,20. Este tipo de reao tem

    impacto direto na qualidade sensorial da bebida no somente pela perda do amargor

    caracterstico do produto, mas, sobretudo, pelo impacto negativo de alguns produtos

    de degradao.

    A ttulo de exemplificao, pode-se citar a formao do 3-metil-2-buteno-1-tiol

    (MBT)19-22, cujo mecanismo de formao est ilustrado no Esquema 2. Verifica-se

    que aps iniciada a reao com a transferncia de 1 eltron do cromforo

    -tricarbonila das isohumulonas para a riboflavina no estado tripleto excitado (3RF*),

    excelente aceptor de eltrons (E = + 1,77 V vs. NHE)22, o radical alcoxila formado

    sofre uma clivagem de Norrish do Tipo I gerando o cido dihidrohumulnico e oradical 4-metilpenta-3-enol. Este radical sofre rpida descarbonilao e, na presena

    de radicais tiis (SH) o MBT ento formado11,21. A presena desta substncia

    confere um odor extremamente desagradvel ao produto, lembrando o odor

    decorrente dos tiis secretados pelas glndulas anais do gamb listrado (Mustela

    Vison L.), fato este agravado pelo baixo limiar de percepo do produto formado

    (aproximadamente 1 ng L-1)19,22.

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    INTRODUO

    Esquema 2. Reao de degradao fotoqumica dos iso--cidos em cerveja11,21.

    Em adio, Lusk e Murakami23revelaram recentemente a existncia de dois

    novos compostos formados a partir da exposio da cerveja luz. Pouco se

    conhece sobre a estrutura destes compostos; no entanto, sabe-se que estes so

    decorrentes da fotodegradao dos iso--cidos sensibilizado pela riboflavina. Como

    resultado, atravs da anlise sensorial dos mesmos, verificou-se que estas

    substncias possuem aroma indistinguvel ao conferido pelo MBT, alm de

    apresentarem a mesma massa molecular.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    Verifica-se uma crescente busca pelas indstrias cervejeiras por

    aperfeioamento em seu processo industrial, cuja finalidade consiste em atribuir ao

    produto acabado melhorias referentes estabilidade, qualidade sensorial e aumento

    do tempo de prateleira do mesmo. De fato, os derivados hidrogenados e reduzidos

    dos iso--cidos, em especial tetrahidro-isohumulonas (2a-c, Figura 5) e dihidro-

    isohumulonas (1a-c, Figura 5), vm sendo empregados no processo industrial da

    cerveja por serem reconhecidamente menos sensveis* a degradao via

    fotoqumica que os seus precursores, isohumulonas.

    Figura 5. Estrutura qumica da dihidro-isohumulonas (1a-c) e tetrahidro-isohumulonas (2a-c),

    derivados reduzidos e hidrogenados dos iso--cidos, respectivamente. (1a) dihidro-iso-n-humulona,(1b) dihidro-isocohumulona, (1c) dihidro-isoadhumulona, (2a) tetrahidro-iso-n-humulona, (2b)tetrahidro-isocohumulona, (2c) tetrahidro-isoadhumulona.

    Assim, o uso dos derivados reduzidos dos cidos amargos do lpulo vem de

    encontro melhoria na qualidade sensorial do produto, uma vez h, em parte, uma

    minimizao na formao de aromas indesejveis e perda sensorial de amargor19-22.

    Entretanto, na prtica, vrios problemas so detectados, j que os derivados

    reduzidos tambm podem sofrer decomposio via radicalide, levando a formao

    de produtos de degradao especficos, tais como 4-metil-3-pentenal, o qual lembra

    o odor de papelo e assim conferindo um aroma tpico de cerveja velha22. A

    exposio das tetrahidro-isohumulonas luz conduz a formao do composto

    * O atributo menos sensvel est relacionado ao menor impacto sensorial dos fotoprodutos dedegradao e no a estabilidade qumica da espcie.

    (1a-c) (2a-c)

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    INTRODUO

    4-metilpentanal, sendo, neste caso, a descarbonilao do radical 4-metil-pentanoil

    competitiva com a abstrao de hidrognio a partir de um doador apropriado22.

    Entretanto, os produtos de degradao dos derivados hidrogenados e reduzidos dos

    iso--cidos no apresentam um impacto negativo to expressivo quanto ao

    conferido ao MBT, formado a partir da isohumulonas.

    Adicionalmente, a presena das tetrahidro-isohumulonas na cerveja resulta

    em uma maior estabilidade da espuma, bem como o aumento no poder de amargor

    do produto. Por outro lado, o uso das dihidro-isohumulonas no processo cervejeiro

    culmina em uma reduo do amargor, bem como o decrscimo da estabilidade da

    espuma5,24. Neste contexto, um aspecto importante a ser lembrado o fato de que o

    uso dos derivados de iso--cidos, os quais no so de origem natural, no

    permitido na fabricao de cervejas destinadas ao mercado Alemo em decorrncia

    do Reinheitsgebot.

    A partir desses exemplos de alteraes que ocorrem durante o

    armazenamento da cerveja, segue que a natureza das mudanas do sabor um

    processo complexo e depende principalmente do tipo da cerveja, concentrao de

    oxignio dissolvido e das variaes de temperatura submetidas ao produto durante o

    transporte e estocagem.

    Sabe-se que a concentrao de radicais gerados durantes o processo deenvelhecimento natural da cerveja aumenta com o teor de oxignio dissolvido, com

    elevadas temperaturas de armazenamento14ou com o aumento das concentraes

    de alguns metais de transio, tais como ons de ferro e cobre. Entretanto, pelo fato

    do radical hidroxila (OH) apresentar alta reatividade (E0= + 2,7 V vs. NHE) e baixa

    seletividade, Andersen e Skibsted25 demonstraram, atravs de experimentos de

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    INTRODUO

    spin-trapping e ressonncia paramagntica de eltrons, que o radical 1-hidroxietila

    (HER) o radical predominante formado na cerveja.

    O radical HER proposto por originar-se da reao entre o etanol, co-

    solvente, com o radical hidroxila, conforme ilustrado o Esquema 325,26. De fato,

    verificou-se que radicais hidroxila abstraem tomos de hidrognio de molculas de

    etanol com uma constante de velocidade de 1,9 109L mol-1s-1. Esta abstrao de

    tomo de hidrognio ocorre preferencialmente no carbono C1 (85%), formando o

    radical 1-hidroxietila, sendo em menor extenso no carbono C2 (13%), resultando no

    radical 2-hidroxietila25. Sabe-se ainda que ambos os radicais formados durante a

    oxidao do etanol reagem com o oxignio molecular (O2), resultando na formao

    do radical hidroperoxila (OOH) e acetaldedo como produto principal ao final25.

    Esquema 3. Formao e reaes subseqentes dos radicais 1-hidroxietila, em destaque, e2-hidroxietila em cerveja, de acordo com o proposto dor Andersen e Skibsted25.

    Ainda, Elias e Andersen27 demonstraram recentemente que o radical HER

    quantitativamente a espcie radical responsvel pela oxidao do vinho. Desta

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    forma, o radical 1-hidroxietila formado a partir da oxidao do etanol pelo radical

    hidroxila decorrente da reao de Fenton25,28, Esquema 4.

    Esquema 4.Reao de Fenton25,28.

    interessante ressaltar que compostos fenlicos, presentes tanto na cerveja

    quanto no mosto, so reativos frente ao radical 1-hidroxietila29,30. Estas substncias

    fenlicas esto presentes na bebida em teores considerveis, os quais giram em

    torno de 460 mg L

    -1

    (2,7 10

    -3

    mol L

    -1

    expresso em equivalente de cido glico)

    30-32

    .Dentre estes compostos fenlicos, pode-se citar compostos pertencentes classe

    dos flavonides, tais como: quercetina, kaempferol e morina; bem como alguns

    cidos cinmicos como cido cafeico, clorognico e p-cumrico, cujas estruturas

    qumicas esto apresentadas na Figura 6.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    INTRODUO

    Figura 6. Estrutura qumica de alguns fenis presentes na cerveja. (a) quercetina, (b) morina, (c)kaempferol, (d) cido p-cumrico, (e) cido clorognico, (f) cido cafeico.

    Substncias fenlicas so conhecidas pela suas propriedades antioxidantes,

    sendo ento de extrema importncia na preservao de alimentos ao evitar ou inibir

    processos oxidativos que levam a deteriorao o produto. Neste contexto, Marfak e

    Trouillas30determinaram as constantes de velocidade da reao entre o radical HER

    e alguns flavonides, tais como quercetina (4,0 104 L mol-1 s-1), kaempferol

    (3,1 104 L mol-1 s-1) e morina (2,9 104 L mol-1 s-1). Consequentemente, esta

    reatividade ocasiona a decomposio destes antioxidantes naturais e, portanto, a

    diminuio da capacidade redox do produto.

    (a) (b)

    (c) (d)

    (e) (f)

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    OBJETIVOS

    2. OBJETIVOS

    Aparte do melhor conhecimento a respeito do processo de deteriorao

    oxidativa da cerveja, os principais objetivos e metas do presente trabalho podem ser

    resumidos conforme descrito a seguir:

    - Estudo da reatividade de isohumulonas frente ao radical 1-hidroxietila;

    - Estudo da reatividade dos derivados reduzidos e hidrogenados dos

    iso--cidos, dihidro-isohumulonas e tetrahidro-isohumulonas respectivamente,

    frente ao radical 1-hidroxietila;

    - Determinao dos produtos de reao;

    - Estudo eletroqumico da forma molecular das trans-isohumulonas;

    - Propor o mecanismo de degradao das isohumulonas via radicalide, bem

    como elucidar o stio de reao e verificar a dependncia estereoqumica da reao;

    - Estudo da reatividade de alguns fenis, presentes na cerveja, frente ao

    radical 1-hidroxietila.

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    MATERIAL E MTODO

    3. MATERIAL E MTODO

    3.1. Reagentes.

    Acetonitrila, cido clordrico 36-38% e etanol foram obtidos da J. T. Baker;

    acetato de etila e metanol foram obtidos da Tedia, cido frmico 98-100%, cloreto de

    ferro (II) (FeCl2.4H2O), hidrxido de amnia e o perxido de hidrognio 30% foram

    obtidos da Merck; acetato de amnio, cido p-cumrico, borohidreto de sdio,

    -4-piridil-1-xido-N-tert-butilnitrona (4-POBN), -ciclodextrina 98%, catalase de

    fgado bovino, catalisador paldio suportado em carbono 10%, diciclohexilamina

    99%, ferroceno, quercetina e o perclorato de tetrabutilamnio foram obtidos da

    Sigma-Aldrich; sulfato de sdio (Hexis); clorofrmio deuterado (Acros Organics);

    gases argnio (5,0), hidrognio (4,5), Helio (5,0) e nitrognio foram obtidos da White

    Martins. O extrato de lpulo pr-isomerizado (30% massa/volume) foi gentilmente

    cedido pela empresa Hopsteiner. A gua de alta pureza (18 M cm-1) utilizada foi

    previamente destilada e purificada utilizando um sistema de purificao Milli-Q

    (Millipore). Placas de TLC com matriz slica gel suportadas em alumnio contendo

    200 m de espessura de camada e indicador fluorescente (254 nm) foram obtidas da

    Fluka Analytical. Todos os reagentes utilizados foram de grau analtico e utilizados

    sem prvio tratamento. Os solventes foram de grau cromatogrfico (HPLC) utilizados

    sem prvio tratamento, com exceo do acetato de etila que foi tratado seguindo

    procedimento descrito na literatura33.

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    MATERIAL E MTODO

    3.2. Isolamento das trans-isohumulonas.

    Os diastereoismeros trans- foram isolados utilizando metodologia proposta

    por Khatib e Verpoorte34, na qual se partiu de uma soluo aquosa comercial

    contendo uma mistura de sais de potssio das isohumulonas na forma cis- e trans-

    (6,6 g). A esta soluo foi adicionada uma soluo aquosa de -ciclodextrina (1,5 g,

    em 12 mL de gua), gota a gota, mantida a 70 oC, utilizando-se a razo molar

    (Riso--cidos/-ciclodextrina) 4:1. A mistura reacional foi mantida sob agitao a 70oC

    durante 30 minutos, ocorrendo a complexao seletiva ao formar complexos de

    -ciclodextrina com os trans-iso--cidos. A seguir, a mistura reacional foi

    devidamente armazenada a 4 oC, sob o abrigo de luz e em repouso, por 48 horas.

    Ao trmino da reao de complexao, formou-se um precipitado amarelo

    claro, o qual foi filtrado e lavado vrias vezes com etanol/gua (1:2 v/v) e acetato de

    etila. Na etapa seguinte, adicionou-se 50 mL de metanol ao complexo, sob agitao,

    para que houvesse a liberao das trans-isohumulonas, as quais ficaram em

    soluo enquanto que a -ciclodextrina precipitou. Por conseguinte, um novo

    processo de filtrao foi realizado utilizando-se um filtro de placa porosa e o solvente

    removido por roto-evaporao a presso reduzida. Ento, adicionou-se acetato de

    etila (25 mL) para que resqucios de -ciclodextrina fossem precipitados e, por fim, asoluo resultante de uma nova filtrao foi roto-evaporada at a secura. Obteve-se,

    desta forma, uma mistura contendo as trans-isohumulonas na sua forma aninica, a

    qual foi posteriormente caracterizada por espectroscopia eletrnica de absoro

    (UV-vis), ressonncia magntica nuclear (1H RMN) e cromatografia lquida hifenada

    ao espectrmetro de massas (LC-ESI-MSn).

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    MATERIAL E MTODO

    Adicionalmente, a trans-isocohumulona foi cromatograficamente separada da

    trans-iso-n-humulona utilizando-se um sistema de cromatografia lquida de alta

    eficincia (HPLC) semi-preparativo, detector de arranjo de diodos na regio do

    UV-vis. A separao foi obtida atravs de uma coluna LUNA C-18 10 m (20 cm x

    0,7 cm); fluxo 2,5 mL min.-1; fase mvel solvente A H2O/cido frmico (99:1 v/v) e

    solvente B Etanol/cido frmico (99:1 v/v); sistema isocrtico, cuja relao da fase

    mvel foi 56% do solvente B em A. Uma soluo alcolica contendo apenas os

    diastereismeros trans- (20 mg/injeo) foi ento injetada para obter o perfil

    cromatogrfico desejado, coletando as fraes dos analitos de acordo com os

    respectivos tempos de reteno. As fraes foram posteriormente caracterizadas por

    LC-ESI-MSn.

    3.3. Isolamento das cis-isohumulonas.

    Os cis-iso--cidos foram isolados partindo-se se uma soluo comercial

    contendo sais de potssio dos diastereismeros cis- e trans- (1,6 g). A esta soluo

    contendo a mistura diastereoisomrica foi adicionada vagarosamente a uma soluo

    aquosa equimolar de -ciclodextrina (1,5 g, em 12 mL de gua)(Riso--cidos/-ciclodextrina= 1:1)

    34, mantida a 70 oC. A reao seguiu durante 30 minutos,

    sob agitao a 70 oC, havendo a complexao das trans-isohumulonas com a

    -ciclodextrina. A mistura reacional foi armazenada a 4 oC, sob o abrigo de luz e em

    repouso, por 48 horas e, aps a precipitao do complexo, este foi isolado atravs

    de uma prvia filtrao e o sobrenadante, contendo os cis-iso--cidos dissolvidos,

    foi centrifugado a 7.000 rpm, 4 oC, por 30 minutos, com o intuito de precipitar

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    MATERIAL E MTODO

    resqucios de complexo na soluo. Em seguida, todo complexo foi retido no filtro de

    placa porosa e a soluo resultante liofilizada.Adicionou-se cuidadosamente acetato

    de etila (25 mL) ao slido resultante e -ciclodextrina remanescente foi retida em um

    filtro de placa porosa, sendo a soluo sobrenadante roto-evaporada at a secura.

    Por fim, obteve-se uma mistura contendo os diastereoismeros cis- em sua forma

    aninica, a qual foi caracterizada por UV-vis, 1H RMN e LC-ESI-MSn.

    Ainda, a cis-isocohumulona foi separada dos homlogos cis-isoadhumulona e

    cis-iso-n-humulona aplicando as mesmas condies experimentais empregadas na

    separao dos trans-iso--cidos, partindo-se de uma soluo alcolica contendo os

    trs anlogos de cis-iso--cidos. Em seguida, as fraes foram caracterizadas por

    LC-ESI-MSn.

    3.4. Preparo das dihidro-isohumulonas.

    As dihidro-isohumuloonas foram preparadas partindo-se de uma mistura de

    cis- e trans-iso--cidos (400 mg; 1,1 10-3mol) em metanol (27 mL) e adicionando-

    se borohidreto de sdio (92,0 mg), sobre agitao, por 23 horas, a temperatura

    ambiente (25

    o

    C). Aps o trmino da reao, a mistura reacional foi acidificada comcido clordrico (12 mol L-1) a pH 1 e o solvente foi removido por roto-evaporao a

    presso reduzida. O resduo foi ento re-dissolvido em gua (20 mL) e a soluo

    resultando extrada com acetato de etila (3 x 20 mL), sendo a fase orgnica

    posteriormente seca com Na2SO4. Aps seca, o solvente da fase orgnica foi

    removido por roto-evaporao, obtendo uma mistura cis- e trans-dihidro-

    isohumulonas, a qual foi caracterizada por UV-vis, 1H RMN e LC-ESI-MSn.

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    MATERIAL E MTODO

    O desenvolvimento da reao foi monitorado atravs de cromatografia planar,

    TLC, utilizando-se placas de matriz slica gel suportada em alumnio contendo

    200 m de espessura de camada e indicador fluorescente (254 nm). Como solvente

    de eluio foram utilizados Hexano/ter etlico (1:4 v/v) acidificado com cido actico

    e como revelador foi utilizado o permanganato de potssio (KMnO4).

    3.5. Preparo das tetrahidro-isohumulonas.

    Os derivados hidrogenados dos iso--cidos foram obtidos seguindo a rota

    sinttica descrita por Verzele e De Keukeleire9. Assim, a hidrogenao das olefinas

    das cadeias laterais conectadas aos carbonos C5 e C4, referentes aos grupos

    prenila e isohexenoila respectivamente, foi obtida partindo-se de uma soluo

    contendo os diastereismeros cis- e trans- (200 mg; 5,52 10-4 mol) em metanol

    (25 mL), com adio do catalisador paldio suportando no carbono 10% (59,0 mg),

    sob atmosfera de hidrognio (H2) (presso ambiente). Depois de decorrido 6 horas

    de reao, sobre agitao vigorosa e a temperatura ambiente (25 oC), o catalisador

    foi retido e a mistura reacional roto-evaporada at a secura para a obteno da

    mistura cis- e trans- tetrahidroisohumulonas. Os produtos da reao seguiram paraposterior caracterizao qumica por UV-vis, 1H RMN e LC-ESI-MSn.

    A reao foi monitorada atravs de cromatografia planar TLC, utilizando-se

    placas de slica gel e solventes de eluio Hexano/ter etlico (1:1 v/v) acidificado

    com cido actico.

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    MATERIAL E MTODO

    3.6. Caracterizao qumica dos compostos.

    A pureza dos compostos isolados e sintetizados foi avaliada por

    Espectroscopia Eletrnica de Absoro (UV-vis), Cromatografia Lquida hifenada ao

    Espectrmetro de Massas (LC-ESI-MSn) e Ressonncia Magntica Nuclear

    (1H RMN).

    - LC-ESI-MSn: Sistema de HPLC Shimadzu Prominience LC20AD hifenado ao

    espectrmetro de massas de mltiplo estgio do tipo ion-trap Bruker modelo

    Esquire 4000.

    Coluna: Agilent C-18 extended (5 m, 2,1 x 150 mm); fluxo 0,5 mL min -1; fase

    mvel35solvent A Acetato de Amnio (5 10-3mol L-1)/H2O/Etanol (80:20 v/v), pH

    aparente ajustado a 9,4 com hidrxido de amnia, solvente B Acetonitrila/Etanol

    (60:40 v/v); gradiente 0,3 min: 0% B isocrtico, 3 4 min.: 0 16% B, 4 - 54 min.: 16

    30% B, 54 57 min.: 30 95% B, 57 65 min.: 95% B isocrtico.

    Espectrmetro de Massas (ESI-MSn): utilizou-se um divisor de fluxo na

    interface HPLC/MS, cujo fluxo que chegou at o espectrmetro de massas foi 150

    L min-1. Condies de nebulizao: presso 40 psi, fluxo do gs (N2) 9 L min-1;

    temperatura de desolvatao 365 oC, voltagem do capilar 3500 V; modo de deteco

    de ons negativo.- 1H RMN: para realizar as anlises de ressonncia magntica nuclear, os

    compostos foram previamente dissolvidos em uma soluo etanol/cido frmico

    (99:1 v/v) e todo solvente foi removido por roto-evaporao a presso reduzida. Este

    procedimento foi requerido para garantir que os iso--cidos e seus derivados

    estivessem em sua forma protonada. Assim, os espectros de ressonncia magntica

    nuclear foram obtidos utilizando-se clorofrmio deuterado (CDCl3) como solvente,

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    MATERIAL E MTODO

    nos equipamentos: Bruker 200 MHz, 4,7 T, AC200, Instituto de Qumica de So

    Carlos (IQSC), Universidade de So Paulo (USP); Bruker, 400,21 MHz, DRX 400-9.4

    T, Departamento de Qumica (DQ), Universidade Federal de So Carlos (UFSCar).

    - UV-vis: os espectros eletrnicos de absoro na regio do ultravioleta visvel

    dos compostos foram obtidos em um espectrofotmetro Hitachi modelo U-3501.

    Utilizou-se uma cela de quartzo de caminho tico 1,0 x 1,0 cm. As medidas de

    absoro foram efetuadas pela leitura direta dos espectros, sendo utilizado como

    referncia o prprio solvente.

    3.6.1. Estudo eletroqumico das isohumulonas.

    As medidas eletroqumicas foram realizadas em um potenciostato AUTOLAB

    modelo PGSTAT100, utilizando-se o eletrodo de diamante dopado com boro como

    eletrodo de trabalho, fabricado pela Adamant Technologies S.A., Sua, com

    dopagem 8.000 ppm de boro e rea superficial 6,25 mm2. O contra-eletrodo utilizado

    foi uma rede de platina, cuja rea superficial de 3,0 mm 2. O potencial do eletrodo

    de referncia foi checado contra o potencial padro do par de ferroceno (Fe+1/Fe).

    Neste caso, o potencial medido relatado contra o Eletrodo Normal de Hidrognio(NHE) usando Eo= 0,630 V vs. NHEpara o Fe+1/Fe, em acetonitrila36.

    Variou-se a taxa de velocidade de varredura de 10 mV s -1 a 200 mV s-1.

    Ainda, as medidas foram efetuadas em meio orgnico (perclorato de

    tetrabutilamnio em acetonitrila 0,1 mol L-1), a temperatura ambiente (25 oC), sob

    atmosfera inerte (N2).

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    MATERIAL E MTODO

    3.7. Reatividade dos compostos de interesse frente ao radical 1-hidroxietila.

    3.7.1. Estudos com o radical 1-hidroxietila: formao e estabilidade do

    aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH].

    O radical 1-hidroxietila foi gerado, conforme j demonstrado no Esquema 3, a

    partir do radical hidroxila, o qual resulta da Reao de Fenton25,28, Esquema 4.

    Entretanto, em funo da dificuldade na deteco direta da maioria dos radicais

    devido seus baixos tempo de meia vida, a reao deste com os compostos de

    interesse, presentes na cerveja, foi estudada utilizando-se o 4-POBN como

    armadilha qumica (spin-trap), formando o aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH],

    Esquema 5.

    Esquema 5. Reao de formao do spin radical [4-POBN/CH(CH3)OH].

    O valor da constante de velocidade especfica da reao entre o 4-POBN e o

    radical 1-hidroxietila est relatada na literatura com o valor de 3,1 107L mol-1s-1 37.

    Como um todo, a reao foi conferida adicionando-se 60 L de uma soluo

    de FeCl2.4H2O (2,0 10-3mol L-1) levemente acidificada (pH ~ 4,5) a 1 mL de uma

    soluo contendo o 4-POBN (3,2 10-3 mol L-1) a 6% de etanol (ca. 1 mol L-1). A

    mistura reacional foi cuidadosamente desgaseificada com argnio, seguida do

    acrscimo de 80 L de soluo de H2O230% (59,0 10-3mol L-1) para promover a

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    MATERIAL E MTODO

    formao do radical 1-hidroxietila e posterior gerao do aduto radical. A reao foi

    monitorada at os 5 primeiros minutos aps a adio do perxido de hidrognio,

    verificando as espcies formadas. Vale ressaltar que a concentrao analtica do

    perxido de hidrognio foi determinada atravs do espectro eletrnico de absoro

    (= 240 nm; 240= 39,4 L mol-1cm-1)38.

    A reao foi ento monitorada atravs de duas tcnicas: Espectroscopia de

    Ressonncia Paramagntica de Eltrons (RPE) e Cromatografia Lquida hifenada ao

    Espectrmetro de Massas (LC-ESI-MSn).

    Parmetros instrumentais:

    - Espectrmetro de Ressonncia Paramagntica de Eltrons (RPE):

    Espectrmetro Bruker modelo EMX operando na banda-X.

    Campo magntico central: 3.378 G; freqncia: 9,53 GHz; atenuao: 23 dB;

    potncia: 1 mW; modulao da freqncia: 100 KHz; modulao da amplitude: 1 G.

    - LC-ESI-MSn: Sistema de HPLC Shimadzu Prominience LC20AD hifenado ao

    espectrmetro de massas de mltiplo estgio de tipo ion-trap Bruker Esquire 4000.

    Coluna Agilente C-18 extended (5 m; 2,1 x 150 mm); fluxo 0,3 mL min.-1;

    fase mvel solvente A H2O/cido Frmico (99,9:0,1 v/v), solvente B

    Acetonitrila/cido Frmico (99,9:0,1 v/v); gradiente 0 - 15 min.: 0 25% B, 15 20

    min.: 25 100% B, 20 23 min.: 100% B isocrtico, 23 25 min.: 100 0% B.Espectrmetro de Massas (ESI-MSn): utilizou-se um divisor de fluxo na

    interface HPLC/MS, cujo fluxo que chegou at o espectrmetro de massas foi

    100 L min.-1. As condies de nebulizao foram presso 30 psi, fluxo de gs (N2)

    9 L min.-1, temperatura 250 oC, voltagem do capilar de 3.000 V, operando no modo

    de deteco de ons positivo.

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    MATERIAL E MTODO

    Avaliou-se tambm a influncia da adio de catalase na estabilidade do

    aduto radical, a qual decompe o excesso de perxido adicionado que

    supostamente pode interferir na quantificao do aduto [4-POBN/CH(CH3)OH]

    .

    Assim, foi realizado um estudo sobre a estabilidade do aduto radical na presena e

    ausncia de catalase. Desta forma, para o estudo na presena de catalase,

    adicionou-se 100 L da enzima (47,4 mg mL-1)38 mistura reacional aps decorrido

    o tempo de amostragem da reao, seguindo para a anlise por ESI-(+)-MSn,

    segundo os parmetros instrumentais abaixo:

    Espectrmetro de Massas (ESI-(+)-MSn): utilizou-se um divisor de fluxo na

    interface HPLC/MS, cujo fluxo que chegou at o espectrmetro de massas foi

    100 L min.-1. As condies de nebulizao foram presso 30 psi, fluxo de gs (N2)

    9 L min.-1, temperatura de desolvatao 250 oC, voltagem do capilar de 3000 V.

    Modo de deteco de ons positivo.

    3.7.2. Determinao das constantes de velocidade aparentes

    decorrentes das reaes dos compostos de interesse frente ao radical 1-hidroxietila.

    Para estimar as constantes de velocidade de segunda ordem de capitao do

    radical 1-hidroxietila pelos iso--cidos e seus derivados, foi utilizada a abordagem

    de cintica de competio39,40. Neste contexto, o 4-POBN compete com os

    compostos de interesse pela captao do radical 1-hidroxietila formado, conforme

    ilustrado no Esquema 6.

    Constante de velocidade aparente refere-se constante de velocidade determinada indiretamenteatravs da utilizao de uma sonda qumica.

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    MATERIAL E MTODO

    Esquema 6. Ilustrao da reao de competio entre a armadilha qumica 4-POBN e aisohumulonas pelo radical 1-hidroxietila.

    Desta forma, os compostos foram primeiramente dissolvidos em etanol. No

    caso dos cidos amargos derivados do lpulo, as concentraes destes foram

    determinadas atravs da leitura da soluo pelo espectrofotmetro UV-vis, de

    acordo com os respectivos coeficientes de absortividade (279 nm = 11.150

    L mol-1 cm-1, iso--cidos; 279 nm = 11.150 L mol-1 cm-1, dihidro-isohumulonas;

    254 nm= 17.690 L mol-1cm-1, tetrahidro-isohumulonas)9.

    Seguindo uma cintica de competio, volumes diferentes da soluo de iso-

    -cidos foram adicionados em 60 L de uma soluo aquosa de FeCl2.4H2O

    (2,0 10-3mol L-1) levemente acidificada (pH ~ 4) e 1 mL de uma soluo de 4-POBN

    (3,2 10-3 mol L-1) a 6% de etanol (1 mol L-1). Desgaseificou-se a mistura por 5

    minutos para ento acrescentar 80 L da soluo de H2O230% (59,0 10-3mol L-1). A

    reao foi monitorada pelo aduto radical [4-POBN/CH(CH3)OH] aps decorrido 1

    minuto da adio do perxido de hidrognio, acrescentando 100 L de catalase

    (47,4 mg mL-1) ao final.

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    MATERIAL E MTODO

    interessante ressaltar que a sonda utilizada foi o aduto radical

    [4-POBN/CH(CH3)OH], sendo este monitorado pelas tcnicas RPE e

    ESI-(+)-MS/MS.

    Parmetros instrumentais:

    Espectrmetro de Ressonncia Paramagntica de Eltrons (RPE):

    Espectrmetro Bruker modelo EMX operando na banda-X.

    Campo magntico central: 3.378 G; frequncia: 9,53 GHz; atenuao: 23 dB;

    potncia: 1 mW; modulao da frequncia: 100 KHz; modulao da amplitude: 1 G.

    Espectrmetro de Massas (ESI-(+)-MS/MS): utilizou-se um divisor de fluxo na

    interface HPLC/MS, cujo fluxo que chegou at o espectrmetro de massas foi

    100 L min.-1. As condies de nebulizao foram presso 30 psi, fluxo de gs (N2)

    9 L min.-1, temperatura de desolvatao 250 oC, voltagem do capilar de 3000 V.

    Modo de deteco de ons positivo.

    3.8. Clculo quntico, ab initio DFT, na determinao das propriedades

    eletrnicas das isohumulonas.

    Para a determinao das configuraes espaciais mais estveis das

    molculas dos diastereoismeros cis- e trans-isohumulonas foi utilizado o clculo de

    dinmica molecular por DFT (Teoria de Densidade do Funcional), com o mtodo

    B3LYP, base 6-311+G(d,p), otimizando em um contnuo dieltrico simulado em

    etanol com o formalismo da equao integral como modelo contnuo polarizado

    (IEF-PCM). Por outro lado, as entalpias de dissociao dos hidrognios (BDE),

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    MATERIAL E MTODO

    momento dipolo eltrico e energia dos orbitais de fronteira HOMO foram obtidas

    atravs de clculo usando o mtodo DFTutilizando a base M06/6-31+G(d).

    3.9. Caracterizao qumica dos produtos da reao entre o radical

    1-hidroxietila e os iso--cidos.

    Os produtos da reao entre os iso--cidos e o radical 1-hidroxietila foram

    caracterizados por LC-ESI-MSn.

    - LC-ESI-MSn: Sistema de HPLC Shimadzu Prominience LC20AD hifenado ao

    espectrmetro de massas de mltiplo estgio do tipo on-trap Bruker modelo

    Esquire 4000.

    Coluna: Agilent C-18 extended (5 m, 2,1 x 150 mm); fluxo 0,3 mL min -1; fase

    mvel solvente A H2O/cido frmico (99,9:0,1 v/v), solvente B Acetonitrila/cido

    frmico (99,9:0,1 v/v); gradiente 0 5 min: 0 30% B, 5 20 min.: 30 50% B, 20 -

    35 min.: 50 65% B, 35 55 min.: 65 100% B, 55 60 min.: 100 0% B.

    Espectrmetro de Massas (ESI-MSn): utilizou-se um divisor de fluxo na

    interface HPLC/MS, cujo fluxo que chegou at o espectrmetro de massas foi

    100 L min

    -1

    . Condies de nebulizao: presso 30 psi, fluxo do gs (N2) 9 L min

    -1

    ;temperatura de desolvatao 365 oC, voltagem do capilar 3500 V; modo de deteco

    de ons negativo.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

    47/115

    RESULTADOS E DISCUSSO

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1. Isolamento das isohumulonas.

    Primeiramente, foi testada uma metodologia clssica consolidada por Verzele

    e De Keukeleire9para promover o isolamento dos diastereoismeros cis- e trans-.

    De acordo com este procedimento, formam-se sais de diciclohexilamina das trans-

    isohumulonas ao final. No entanto, este mtodo eficaz somente na situao em

    que se tem ao menos 30% das espcies trans- em soluo comparado com a forma

    cis-. Como no se obteve os sais de diciclohexilamina dos diastereoismeros trans-,

    sups ser devido presena de contaminantes oriundo da oxidao do extrato, o

    que em princpio pode inibir a precipitao dos sais de deciclohexilamina. Deve-se

    dizer que no se obteve sucesso mesmo aps exaustivas tentativas.

    As trans- e cis-isohumulonas foram isoladas e purificadas eficientemente com

    o emprego da -ciclodextrina para promover a complexao estreo-seletiva dos

    diastereoisomeros trans-32. A Figura 7 ilustra esquematicamente o processo de

    separao dos iso--cidos por complexao seletiva com -ciclodextrina, o qual se

    d pelas interaes hidrofbicas entre a cavidade interior da -ciclodextrina(hidrofbica) com as cadeias laterais isohexenoila e prenila dos ismeros trans-,

    conectadas aos carbonos C4 e C5, respectivamente.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

    48/115

    Figura 7. Ilustrao esque-ciclodextrina.

    4.2. Preparo dos

    4.2.1. Prepar

    Os derivados

    com a metodologia des

    monitorada atravs de c

    dos compostos na placa

    reao foi completada c

    representado pela letra

    passo que o fator de

    representado pela letra

    de reduo foi de 87%.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    tica da separao dos diastereoismeros p

    erivados reduzidos/hidrogenados das is

    das dihidro-isohumulonas.

    reduzidos dos iso--cidos foram pr

    crita anteriormente no item 3.4. A evo

    omatografia planar (TLC). Desta forma,

    de slica gel, apresentada na Figura 8,

    om 23 horas de amostragem. Neste ca

    P apresentaram um fator de reteno

    reteno (Rf) verificado para os pro

    R foi igual a 0,32. O rendimento final

    or complexao com a

    ohumulonas.

    parados de acordo

    luo da reao foi

    atravs da evoluo

    constatou-se que a

    o, os precursores

    (Rf) igual a 0,35, ao

    dutos da reao

    btido para a reao

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 8. Evoluo dos precursores isohumulonas - e produtos da reao dihidro-isohumulonas -no sistema de cromatografia planar utilizando slica gel como fase estacionria e hexano/ter etlico(1:4 v/v) acidificado com cido actico como fase mvel. (R) reao; (M) mistura; (P) precursores.

    4.2.2. Preparo das tetrahidro-isohumulonas.

    Os derivados hidrogenados dos iso--cidos foram preparados de acordo

    com a metodologia proposta por Verzele e De Keukeleire9. A reao foi

    acompanhada utilizando-se uma placa de slica gel (TLC), em um sistema de

    cromatografia planar, conforme consta na Figura 9. Desta forma, de acordo com os

    fatores de reteno (Rf) dos precursores e produtos da reao, 0,11 e 0,20

    respectivamente, aps 6 horas de amostragem todos precursores foram

    consumidos, sendo ento a reao finalizada. O rendimento verificado para a reao

    de hidrogenlise foi de 89%.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 9. Evoluo dos precursores isohumulonas - e produtos da reao tetrahidro-isohumulonas - no sistema de cromatografia planar utilizando slica gel como fase estacionria ehexano/ter etlico (1:1 v/v) acidificado com cido actico como fase mvel.(R) reao; (M) mistura;(P) precursores.

    4.3. Caracterizao qumica das isohumulonas isoladas e seus derivados

    reduzidos/hidrogenados.

    4.3.1. Caracterizao qumica das trans-isohumulonas isoladas.

    Primeiramente, os diastereoismeros trans- foram caracterizados por

    espectrofotometria UV-vis pela leitura direta das trans-isohumulonas isoladas em

    soluo contendo 10 mL de etanol e 1 mL de soluo aquosa de HCl (2,0 mol L-1).

    Desta forma, atravs da leitura do espectro eletrnico de absoro, Figura 10, nota-

    se a presena de duas bandas centradas em 227 e 279 nm, cujos coeficientes de

    absortividade molar so 10.200 e 11.150 L mol-1 cm-1, respectivamente. Estes

    valores esto de acordo com os reportados na literatura9 para a espcie trans-

    isohumulona.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 10. Espectro eletrnico de absoro das trans-isohumulonas isoladas em soluo contendo10 mL de etanol e 1 mL de soluo aquosa de HCl (2,0 mol L-1). Concentrao de trans-isohumulonasde 3,2 10-5mol L-1.

    A segunda tcnica utilizada na caracterizao qumica das trans-

    isohumulonas isoladas foi a LC-ESI-MSn. Comparando-se o perfil cromatogrfico dos

    diastereoismeros trans- isolados (em azul) com o cromatograma da soluo

    comercial de iso--cidos contendo as formas cis- e trans- (em vermelho), Figura

    11, constata-se que h uma sobreposio do segundo pico do cromatograma

    inerente a soluo das isohumulonas com o primeiro pico do cromatograma das

    trans-isohumulonas, cujo tempo de reteno (tr) 11,4 minutos. Estes picos so

    referentes aos diastereoismeros trans-, sendo o pico em 10,5 minutos (tr) do

    cromatograma da soluo de isohumulonas referente forma cis-. Esta informao

    deve-se ao fato de que os compostos trans- esto presentes em menor proporoque as formas cis-, pois a formao deste ltimo termodinamicamente favorecida9.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 11. (a) Cromatograma de ons total da amostra comercial contendo as isohumulonas, formascis- e trans- (em vermelho) e das trans-isohumulonas isoladas (em azul). (b) Espectro de massas(ESI(-)MS) da espcie trans-coisohumulona referente ao pico 2, tr= 11,4 min. (c) Espectro de massas(ESI(-)MS) da espcie trans-iso-n-humulona referente ao pico 4, tr= 16,5 min.

    A Figura 11bapresenta o espectro de massas do pico 2 do cromatograma

    das trans-isohumulonas isoladas, no qual se observa o on [M-H]-347 m/z referente

    molcula desprotonada. Este on referente espcie trans-isocohumulona, a

    qual apresenta uma massa molecular igual a 348 g mol-1.

    Por outro lado, o pico 4, tr = 16,5 minutos, refere-se a trans-iso-n-humulona,

    cuja massa molecular 362 g mol-1, resultando no on referente molcula

    0 5 10 15 20 25 Time [min]

    0

    2

    4

    6

    5x10

    Intens.

    0 5 10 15 20 25 Time [min]

    0

    2

    4

    6

    5x10

    Intens.

    251.1278.1 329.2

    347.2

    369.2

    -MS, 11.3-11.5min #(1117-1137), Background Subtracted

    0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    4x10Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    265.2283.3 343.2

    361.3

    383.2

    -MS, 16.1-16.7min #(1595-1653)

    0

    1

    2

    3

    4

    4x10

    Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    soluo comercial de iso--cidos

    trans-isohumulonas isoladas

    1

    2

    3

    4

    5

    [M-H]-

    [M-H-H2O]-

    [M-H-prenila]-

    [M-H-isohexenoila]-

    [M-H]-

    [M-H-H2O]-

    [M-H-isohexenoila]-

    (a)

    (b)

    (c)

    -

    -

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    desprotonada [M-H]-= 361 m/z , Figura 11c. interessante ressaltar que a trans-

    isoadhumulona, por estar presente inicialmente no extrato de lpulo isomerizado em

    pequena quantidade, sua complexao no foi efetiva; consequentemente, no foi

    detectada a trans-isoadhumulona na soluo final das trans-isohumulonas isoladas.

    Ainda, pela da anlise cromatogrfica do extrato de lpulo pr-isomerizado

    (cromatograma em vermelho apresentada na Figura 11a), concedido gentilmente

    pela Hopsteiner, constatou-se um excesso de 70% dos ismeros cis- em relao aos

    trans-iso--cidos, sendo os percentuais dos compostos apresentados na Tabela 1.

    Como um todo, a pureza verificada para a soluo aquosa comercial contendo as

    formas cis- e trans-iso--cidos foi de 90%.

    Tabela 1. Percentuais de isohumulonas no extrato de lpulo pr-isomerizado.

    cis-

    isocohumulona

    trans-

    isocohumulona

    iso-n-humulona

    (cis- e trans-)

    isoadhumulona

    (cis- e trans-)25,9% 3,6% 66,0% 4,5%

    As trans-isohumulonas isoladas foram caracterizadas ainda por 1H RMN, cujo

    espectro obtido encontra-se na Figura 12. A partir deste, foram identificados alguns

    sinais caractersticos dos diastereoismeros trans-9,13, cujos deslocamentos

    qumicos () so: 2,14 ppm (1H, m); 2,40 ppm (2H, m); 2,70 ppm (2H, d, J = 7 Hz);

    3,27 ppm (2H, d, J = 7 Hz); 5,00 ppm (1H, t, J = 7 Hz); 5,18 ppm (1H, t, J = 7 Hz).

    Ainda, interessante ressaltar que o sinal em 2,70 ppm caracterstico das trans-

    isohumulonas, sendo este parmetro utilizado para a distino destes compostos

    dos seus ismeros cis- pela leitura dos espectros de ressonncia magntica nuclear.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 12. Espectro de 1H RMN (200 MHz) das trans-isohumulonas isoladas, em CDCl3. Os sinaismarcados com (*) indicam impurezas presentes na amostra.

    Portanto, constata-se que as formas trans- foram isoladas com sucesso a

    partir da complexao seletiva utilizando a -ciclodextrina, resultando em uma

    pureza estimada de 95%.

    Utilizando um sistema HPLC semi-preparativo, buscou-se isolar os anlogos

    trans-isocohumulona e trans-iso-n-humulona. Para tal, testou-se vrias condies

    cromatogrficas, variando-se desde a composio da fase mvel at o tipo de

    coluna utilizada. Referente fase mvel, testou-se diversos solventes de eluio,

    acidificados ou no, bem como a aplicao de gradiente de eluio ou no modo

    isocrtico, variando, neste ltimo, a proporo entre os solventes empregados.

    Dentre as colunas testadas, Waters X-Bridge C18 5 m (10 mm x 250 mm) e LUNA

    C-18 10 m (20 cm x 0,7 cm), a coluna LUNA foi aquela que apresentou maior

    eficincia na separao dos anlogos. Desta forma, as melhores condies obtidas

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    na separao esto descritas no item 3.2, na qual foi empregado um sistema

    isocrtico com a relao de fase mvel de 56% do solvente B sobre o solvente A.

    O cromatograma resultante est apresentado na Figura 13, no qual se pode

    notar a presena de dois picos majoritrios P.1 e P.2. De fato, o primeiro pico

    apresenta o tempo de reteno de 15,0 minutos e refere-se trans-isocohumulona,

    ao passo que o pico 2, tr = 18,6 minutos, referente eluio da trans-iso-n-

    humulona.

    Figura 13. Cromatograma caracterstico das trans-isohumulonas em meio alcolico (5,0 10-3mol L-1)submetido a separao em uma coluna LUNA C-18 e eluio isocrtica 56% do solvente B. Vazo dafase mvel 2,5 mL min.-1 Volume de injeo 500 L. Comprimento de onda de monitoramento= 270 nm.

    Assim, os compostos foram coletados em duas fraes respectivas aos picos

    P.1 e P.2. No espectro de massas da frao 1, Figura 14, verificou-se a presena

    dos ons das molculas desprotonadas [M-H]- 347 e 361 m/z, os quais so

    referentes a trans-isocohumulona, [Ma-H]-, e resqucios da trans-iso-n-humulona,

    [Mb-H]-, respectivamente. Ainda, os ons 379 e 393 remetem a produtos (impurezas

    na amostra) decorrentes da oxidao dos iso--cidos. Como um todo, o percentual

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    verificado para a trans-isocohumulona foi de 55% com relao aos demais

    compostos presentes, no obtendo uma boa separao cromatogrfica.

    Figura 14. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo direta da frao 1 contendo trans-isohumulona.

    Por outro lado, pelo espectro de massas da frao 2, apresentado na Figura

    15, obteve-se um percentual de 85% referente a trans-isocohumulona. Aqui, nota-se

    a presena dos mesmos ons contidos no espectro de massas da frao 1;

    entretanto, a intensidade relativa ao on da molcula desprotonada [M-H]-361 m/z,

    respectivo a trans-isocohumulona, bem maior que os demais ons.

    Figura 15. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo direta da frao 2 contendo trans-isohumulonas.

    251.0

    347.1

    361.1

    379.1

    393.1

    -MS, 0.2-2.5min #(27-297)

    0.00

    0.25

    0.50

    0.75

    1.00

    1.25

    1.505x10

    Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    265.0347.1

    361.1

    379.1

    393.1

    -MS, 0.2-1.6min #(20-187)

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.05x10

    Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    [Ma-H]-

    [Mb-H]-

    [Mb-H+O2]-

    [Ma-H+O2]-

    [Ma-H-isohexenoila]-

    -

    [Ma-H]-

    [Mb-H]-

    [Mb-H+O2]-

    [Ma-H+O2]-

    [Ma-H-isohexenoila]-

    -

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    4.3.2. Caracterizao qumica das cis-isohumulonas isoladas.

    O espectro eletrnico de absoro da soluo contendo as cis-isohumulonas

    isoladas, apresentado na Figura 16, foi similar ao espectro apresentado pelas trans-

    isohumulonas, Figura 10. De fato, as bandas centradas em 227 e 279 nm aqui

    apresentadas so condizente com os dados reportados na literatura9, sendo os

    coeficientes de absortividade molar (227 nm = 10.200 e 279 nm = 11.150 L mol-1cm-1)

    iguais para ambos os diastereoismeros cis- e trans-iso--cidos.

    Figura 16. Espectro eletrnico de absoro das cis-isohumulonas isoladas em soluo contendo 10mL de etanol e 1 mL de soluo aquosa de HCl (2,0 mol L-1). Concentrao de 4,6 10-5mol L-1.

    Caracterizou-se as cis-isohumulonas isoladas por LC-ESI-MSn, obtendo ento

    o perfil cromatogrfico apresentado na Figura 17. Neste, possvel observar a

    sobreposio do primeiro pico do cromatograma de ons total inerente soluo

    comercial de iso--cidos (em vermelho) com o pico 1 do cromatograma de ons

    total dos diastereoismeros cis- isolados (em azul). Conforme j mencionado no

    texto, estes picos, cujo tempo de reteno 10,5 minutos, so referentes s formas

    cis-, sendo que as formas trans- eluem em 11,4 minutos, representado pelo pico 2.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 17. (a) Cromatograma de ons total da amostra comercial contendo as isohumulonas, formascis- e trans-, (em vermelho) e das cis-isohumulonas isoladas (em azul). (b) Espectro de massas(ESI(-)MS) da espcie cis-isocohumulona referente ao pico 1, tr= 10,5 min. (c) Espectro de massas(ESI(-)MS) das espcies cis-isoadhumulona e cis-iso-n-humulona referente ao pico 3, tr= 14,7 min.Os sinais marcados com (*) indicam impurezas presentes na amostra.

    Pelo espectro de massas do pico 1 contido cromatograma das cis-

    isohumulonas isoladas, nota-se o on [M-H]- 347 m/z respectivo molcula

    desprotonada referente forma cis-isocohumulona, Figura 17b. Por outro lado, o

    espectro de massas do pico 3, Figura 17c, cujo tempo de reteno 14,7 minutos,

    0 5 10 15 20 25 30 Time [min]

    0

    2

    4

    6

    8

    5x10

    Intens.

    0 5 10 15 20 25 30 Time [min]

    0

    2

    4

    6

    8

    5x10

    Intens.

    182.0 233.1

    251.0

    278.1

    329.1

    347.1

    -MS, 10.2-10.3min # (1018-1026), Background Subtracted

    0

    2

    4

    6

    4x10Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    196.0

    265.1 343.1

    361.1

    -MS, 14.6-14.8min # (1456-1475), Background Subtracted

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    1.2

    5x10

    Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    1

    2

    3

    4

    soluo comercial de iso--cidos

    cis-isohumulonas isoladas

    (a)

    (b)

    (c)

    -

    -

    [M-H-prenila-isohexenoila] -

    [M-H-isohexenoila-H2O]

    -

    [M-H-isohexenoila]-

    [M-H-prenila]-[M-H-H2O]

    -

    [M-H]-

    [M-H-prenila-isohexenoila]-

    [M-H-isohexenoila]- [M-H-H2O]-

    [M-H]-

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    aponta o on 361 m/z como sendo o on das molculas desprotonadas. Este

    referente s formas cis-isoadhumulona e cis-iso-n-humulona.

    Por fim, as cis-isohumulonas isoladas foram caracterizadas por1

    H RMN,

    sendo possvel identificar alguns sinais caractersticos destes compostos9,13,

    conforme consta na Figura 18. Pela leitura do espectro, pode-se identificar alguns

    sinais caractersticos das espcies cis-, cujos deslocamentos qumicos () so:

    2,43 ppm (2H, m); 3,30 ppm (2H, d, J = 6,5 Hz); 5,01 ppm (1H, t, J = 6,5 Hz);

    5,19 ppm (1H, t, J = 6,5 Hz). Ainda, podem ser notados alguns sinais referentes a

    impurezas presentes na amostra, os quais esto marcados no espectro e so

    referentes a possveis produtos de oxidao advindos do extrato de lpulo.

    Figura 18. Espectro de 1H RMN (200 MHz) das cis-isohumulonas isoladas, em CDCl3. Os sinaismarcados com (*) indicam impurezas presentes na amostra.

    Logo, constata-se que as cis-isohumulonas foram isoladas de forma eficaz ao

    empregar a complexao seletiva com a -ciclodextrina, obtendo uma pureza

    estimada de 90%.

  • 7/21/2019 Subsdio - Oxidao de Alfa cidos No Lpulo

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Empregando a mesma metodologia utilizada ao buscar isolar cada anlogo

    das trans-isohumulonas isoladas, os anlogos dos diastereoismeros cis- foram

    tentativamente isolados atravs do sistema HPLC semi-preparativo. Pela leitura do

    cromatograma contido na Figura 19, verifica-se que os picos P.2 e P.3 referem-se

    eluio dos homlogos cis-iso-n-humulona e cis-isoadhumulona da coluna, em 16,9

    e 18,6 minutos (tr), respectivamente. O pico P.1 remete a cis-isocohumulona, cujo

    tempo de reteno 13,9 minutos.

    Figura 19. Cromatograma caracterstico das cis-isohumulonas em meio alcolico (1,0 10-3mol L-1)submetido a separao em uma coluna LUNA C-18 e eluio isocrtica 56% do solvente B. Vazo dafase mvel 2,5 mL min.-1Volume de injeo 500 L. Comprimento de onda de monitoramento = 270nm.

    O espectro de massas do pico P.1, Figura 20, apresenta os ons majoritrios

    das molculas desprotonadas [M-H]-361 m/z, [Mb-H]-, e 347 m/z, [Ma-H]

    -, os quais

    so referentes cis-iso-n-humulona e cis-isocohumulona, respectivamente. Logo, o

    percentual verificado da cis-isocohumulona foi estimado em 60% com relao aos

    demais compostos presentes; portanto, no se obteve uma separao

    cromatogrfica eficiente.

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 20. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo direta da frao 1 contendo cis-isohumulonas.

    No espectro de massas dos picos P.2 e P.3, Figura 21, o on 361 m/z

    consiste no on das molculas desprotonadas, o qual referente aos homlogos cis-

    isoadhumulona e cis-iso-n-humulona. De fato, a amostra apresentou uma pureza

    estimada em 95%, verificando uma boa separao cromatogrfica.

    Figura 21. Espectro de massas (ESI(-)MS) resultante de injeo direta da frao 2 contendo cis-isohumulonas.

    4.3.3. Caracterizao qumica das dihidro-isohumulonas.

    Conforme j exposto, a reduo da funo carbonila do isohexenoila dos iso--cidos conduz a formao dos dihidro-iso--cidos. Logo, verifica-se que estes

    251.1265.1

    329.1

    347.1

    361.1

    -MS, 3.9-6.8min #(462-815)

    0

    1

    2

    3

    5x10

    Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    265.1 343.1

    361.1

    -MS, 4.3-7.2min #(518-870)

    0

    2

    4

    6

    8

    5x10

    Intens.

    100 150 200 250 300 350 m/z

    [Ma-H]-

    [Mb-H]-

    [Ma-H-H2O]-

    [Ma-H-isohexenoila]-

    [Mb-H-isohexenoila]-

    -

    [M-H]-

    [M-H-H2O]-

    [M-H-isohexenoila]-

    -

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    compostos reduzidos apresentam um centro quiral a mais na molcula, o qual se

    situa no carbono contendo o grupo hidroxila formado.

    Pela leitura do espectro eletrnico de absoro dos dihidro-iso--cidos,

    contido na Figura 22, nota-se uma similaridade com os espectros apresentado pelos

    precursores, iso--cidos. Este resultado est de acordo com relatos na literatura9,

    sendo ento os coeficientes de absortividade molar 10.200 e 11.150 L mol -1 cm-1

    respectivos s bandas centradas em 227 e 279 nm.

    Figura 22. Espectro eletrnico de absoro das dihidro-isohumulonas, formas cis- e trans-, emsoluo contendo 10 mL de etanol e 1 mL de soluo aquosa de HCl (2,0 mol L-1). Concentrao de2,3 10-5mol L-1.

    O perfil cromatogrfico resultante da caracterizao dos derivados reduzidos

    dos iso--cidos por LC-ESI-MSn est apresentado na Figura 23. Nota-se a

    presena de 6 picos majoritrios, cujos tempos de reteno so: 6,3 minutos, pico 1;

    7,6 minutos, pico 2; 8,2 minutos, pico 3; 10 minutos, pico 4; 11,7 minutos, pico 5;

    15,1 minutos, pico 6.

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Figura 23. (a) Cromatograma de ons total das dihidro-isohumulonas. (b) Espectro de massas(ESI(-)MS) da espcie trans- e cis-dihidro-isocohumulona referente aos picos 1 e 2, tr= 6,3 e 7,6 min.

    (c) Espectro d