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21.ARROLAMENTO. INVENTÁRIO NEGATIVO. INVENTÁRIO ADMINISTRATIVO 21.1. ARROLAMENTO Consiste o arrolamento em processo de inventário simplificado, havendo a redução de atos formais, estando disciplinado nos artigos 1031 a 1038 do CPC. A legislação em vigor prevê duas modalidades de arrolamento: o sumário e o comum, ocorrendo quando aos herdeiros maiores e capazes convier fazer partilha amigável, ou quando os bens do espólio tiverem valor igual ou menor que 2000 ORTN. Segundo o art. 1038 do CPC, aplicam-se subsidiariamente ao arrolamento as normas concernentes ao inventário. 21.1.1. Arrolamento sumário – Arts. 1032 e ss. do CPC Consiste em forma simplificada de inventário, sendo possível sua realização quando todos os herdeiros são capazes, e concordam em efetuar partilha amigável. Havendo testamento, faz-se necessária a fiscalização do testamenteiro e do Ministério Público. A petição inicial deverá ser instruída com a certidão de óbito do falecido. Podem os herdeiros requerer a nomeação de inventariante indicado por eles. Serão apresentados os herdeiros e descritos os bens. Fica dispensada a lavratura de termos de declarações iniciais e de partilha (art. 1032 do CPC). 1

SUCESS+òES 2012 - 21 - ARROLAMENTO. INVENTARIO EXTRAJUDICIAL E INVENT+üRIO NEGATIVO

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Direito Civil VI

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21.ARROLAMENTO. INVENTRIO NEGATIVO. INVENTRIO ADMINISTRATIVO 21.1. ARROLAMENTO Consiste o arrolamento em processo de inventrio simplificado, havendo a reduo de atos formais, estando disciplinado nos artigos 1031 a 1038 do CPC.A legislao em vigor prev duas modalidades de arrolamento: o sumrio e o comum, ocorrendo quando aos herdeiros maiores e capazes convier fazer partilha amigvel, ou quando os bens do esplio tiverem valor igual ou menor que 2000 ORTN. Segundo o art. 1038 do CPC, aplicam-se subsidiariamente ao arrolamento as normas concernentes ao inventrio. 21.1.1. Arrolamento sumrio Arts. 1032 e ss. do CPC

Consiste em forma simplificada de inventrio, sendo possvel sua realizao quando todos os herdeiros so capazes, e concordam em efetuar partilha amigvel. Havendo testamento, faz-se necessria a fiscalizao do testamenteiro e do Ministrio Pblico.

A petio inicial dever ser instruda com a certido de bito do falecido. Podem os herdeiros requerer a nomeao de inventariante indicado por eles. Sero apresentados os herdeiros e descritos os bens. Fica dispensada a lavratura de termos de declaraes iniciais e de partilha (art. 1032 do CPC).

Os bens sero avaliados de maneira sumria para fins de partilha, dispensando-se a avaliao por avaliadores judiciais, prevista no inventrio solene (art. 1033 do CPC).

Segundo o art. 1034, pargrafo 2 do CPC, o imposto de transmisso ser objeto de lanamento administrativo, devendo, em seguida, ser efetuado o pagamento dos impostos devidos Fazenda Pblica.

Devem ser acrescentadas as certides negativas de tributos relativos aos bens do esplio (art. 1031 do CPC).

A partilha ser homologada de plano pelo juiz, uma vez pagos os impostos. Havendo um s herdeiro, ser dispensada a partilha. Aps o decurso do prazo recursal, ser expedido o formal de partilha, ou carta de adjudicao, caso exista apenas um herdeiro.

21.1.2. Arrolamento comumConsiste, tambm, em forma simplificada de inventrio. Difere do arrolamento sumrio pelo fato de este ltimo tomar por base a concordncia das partes, enquanto que o arrolamento comum se fundamenta no valor reduzido da herana.Poder ser efetuado arrolamento comum quando o valor dos bens no exceder a duas mil Obrigaes Reajustveis do Tesouro Nacional (ORTN), conforme o art. 1036 do CPC. Atualmente a verificao feita segundo a Taxa Referencial (TR), criada pela Lei 8 177/91.

O inventariante ser nomeado, dispensando-se assinatura de termo de compromisso, e, em seguida apresentar as declaraes, indicando o valor estimado dos bens. Apresentar, tambm, o plano de partilha, ou esboo de partilha, o qual dever observar a igualdade dos quinhes. Caso no seja possvel, os bens ficaro indivisos, efetuando-se a partilha em partes iguais, na proporo dos quinhes.

Aps o pagamento dos tributos, o juiz julgar a partilha (art. 1036, pargrafo 5 do CPC). Pago o imposto causa mortis, expede-se o formal de partilha, ou carta de adjudicao, se for o caso.Na hiptese de haver impugnao do valor atribudo aos bens, dever ser feita avaliao, devendo o avaliador apresentar laudo em 10 dias (pargrafo 1).

Segundo estabelece o art. 1038 do CPC, as normas referentes ao inventrio podero ser aplicadas, subsidiariamente, ao arrolamento.21.2. INVENTRIO NEGATIVOConsiste o inventrio negativo em meio judicial de se provar, para determinados fins, a inexistncia de bens.

Na maioria das vezes, com este procedimento busca-se evitar a incidncia de causa suspensiva, prevista no art. 1523, I do Cdigo Civil, referente exigncia de realizao de partilha de bens pelo vivo ou viva que pretende casar novamente, sob pena de ser obrigatrio o casamento sob o regime de separao de bens. Desejando casar por outro regime, estas pessoas podero requerer a abertura de inventrio negativo para comprovao da inaplicabilidade da causa suspensiva, provando no haver prejuzo para os herdeiros.

A lei no impe a necessidade de realizao de inventrio negativo, porm, a doutrina e a jurisprudncia entendem como importante para que o cnjuge vivo evidencie a ausncia do impedimento, e fique, assim, isento da penalidade aplicvel, conforme prev o art, 1523, pargrafo nico do Cdigo Civil. Diante desta possibilidade, dever o vivo ou viva apresentar o requerimento ao juiz no prazo legal, estabelecido no art. 1796 do Cdigo Civil.

O interessado dever afirmar diante do juiz a veracidade de suas alegaes, reduzindo-se a termo. Em seguida ser aberta vista aos herdeiros, curadores de rfos e ausentes (se for o caso), e Fazenda Pblica.

Estando os interessados de acordo, o juiz ir proferir a sentena, declarando a negatividade do inventrio, sendo esta deciso encaminhada aos autos de habilitao para o casamento do pessoa em tela.

Outra possibilidade diz respeito comprovao de que o falecido no deixou bens, nem numerrio suficiente para responder por suas dvidas, na medida em que o art. 1792 estabelece que o herdeiro no responde por encargos superiores s foras da herana.21.3. INVENTRIO EXTRAJUDICIAL OU ADMINISTRATIVO

A partir da Lei 11 441, de 4 de janeiro de 2007, tornou-se possvel outro procedimento de inventrio alm do judicial, tendo em vista desafogar o Judicirio e simplificar o procedimento para os cidados.Trata-se da realizao de inventrio e partilha amigvel por escritura pblica, lavrada pelo notrio, independentemente de homologao judicial. Decorre de alterao introduzida pela citada lei em relao aos artigos 982 e 983 do CPC.

Consiste em opo oferecida pela lei, cabendo a escolha aos interessados, desde que cumpridos os requisitos estabelecidos. A Lei 11 441/2007 recebeu orientao da Resoluo nmero 35 do Conselho Nacional de Justia no que se refere uniformizao do procedimento.

Consoante o art. 27 da Resoluo do CNJ, a existncia de credores do esplio no consiste em obstculo realizao do inventrio extrajudicial.

O cessionrio de direitos hereditrios poder promover inventrio extrajudicial, desde que todos os herdeiros estejam presentes e de acordo, conforme o art. 16 da Resoluo n. 35 do CNJ.

Segundo o art. 30 desta mesma Resoluo, aplica-se a Lei 11 441/2007 aos bitos ocorridos antes de sua vigncia.a) Requisitos

- Consoante modificao introduzida no art. 982, esta modalidade de inventrio requer interessados capazes e concordes.

- Por outro lado, no ser possvel este procedimento na hiptese de existir testamento ou interessado incapaz.- As partes interessadas devem estar assistidas por advogado, dispensando-se, porm, procurao. Do termo lavrado constar seu nome e sua OAB, segundo o art. 8 da Resoluo n. 35 do CNJ.- Os prazos para abertura e encerramento do inventrio foram ampliados, devendo ser aberto 60 dias aps a abertura da sucesso, devendo ser concludo nos 12 meses seguintes, conforme o art. 983.- livre a escolha do tabelio de notas, no se aplicando as regras de competncia do CPC, conforme o art. 1 da Resoluo do CNJ;

- vedada a escritura pblica de inventrio e partilha referente a bens situados no exterior; b) Partes interessadas - So consideradas partes interessadas o cnjuge ou o companheiro sobrevivente, os herdeiros legtimos, eventuais cessionrios e eventuais credores.

As partes e respectivos cnjuges devem ser nomeados e qualificados, mencionando-se a data do casamento, o regime de bens, pacto antenupcial.

c) Lavratura da escritura pblica

- Dever ser indicado o autor da herana, sua qualificao completa, informando, ainda, a data e o local de seu falecimento, alm dos dados constantes da certido de bito;

- Mencionar a no existncia de testamento;- Compete aos herdeiros indicar o passivo e o ativo do esplio;

- obrigatria a nomeao de interessado para representar o esplio, com poderes de inventariante;

- O credor do esplio poder receber diretamente o pagamento de seus direitos mediante acordo com os herdeiros;

- Consiste a escritura pblica em ttulo hbil para registro imobilirio, bem como para outras finalidades, tais como transferncia de propriedade de veculos junto ao DETRAN, providncias junto a companhias telefnicas, conforme o art. 3 da Resoluo n. 35 do CNJ. No depende a escritura pblica, portanto, de homologao judicial.

- Apresentao dos seguintes documentos: certido de bito do autor da herana, seu RG e CPF; certido de casamento do cnjuge sobrevivente e dos herdeiros casados; certides de nascimento dos interessados, RG e CPF; certido de propriedade dos bens e outros que se fizerem necessrios.

- Os tributos cabveis devem ser recolhidos antes da lavratura da escritura.O tabelio poder se negar a lavrar a escritura na hiptese de verificar indcios de fraude ou em caso de dvidas sobre a declarao de vontade de algum herdeiro, tendo em vista constituir-se esta modalidade em procedimento fundado no consenso entre os interessados. d) Alvar para levantamento ou recebimento de valoresNo inventrio judicial, o levantamento de valores dever ser feito mediante alvar judicial. Sendo o inventrio realizado por via administrativa, a liberao de valores ou crditos no depende de alvar, sendo hbil para tanto a escritura pblica, a qual tem a mesma eficcia do alvar judicial.

OBS Analisar a Resoluo n. 35, de 24 de abril de 2007, do CNJ (cnj.jus.br)