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Direitos das Sucessões – Parte 2 1. Espécies: a. Sucessão Legítima: previsão em lei; b. Sucessão Testamentária: previsão em lei; c. Sucessão Mista: 20% testamentária e 80% legítima. Ambas as modalidades poderão ser aplicadas na mesma sucessão. 2. Hipóteses de cabimento da sucessão legítima: a. Falecimento ab intestato: o falecido não deixou testamento; b. Pré-morte do herdeiro testamentário: o herdeiro testamentário morre antes do testador, não sendo o testamento aplicado, incidindo-se a sucessão legítima; c. Renúncia: o herdeiro pode renunciar ao testamento, sendo aplicada a sucessão legítima, salvo se houver disposição testamentária apresentando um substituto ao herdeiro testamentário; d. Indignidade do herdeiro testamentário; e. Existência de herdeiro necessário; f. Testamento nulo ou anulável. 3. Contemplados na lei como herdeiros legítimos: Ordem de vocação hereditária (art. 1829 do CC/02): Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único ); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Companheiro: tem direito sucessório previsto no art. 1790 do CC 1 , o qual é diferente do direito sucessório do cônjuge. Artigo 1844, CC/02 2 : não havendo herdeiros sucessíveis, a herança é destinada ao município onde se localizam os bens (herança anômala). Parentesco: I. Consanguíneo – biológico: descendentes, ascendente e os colaterais; II. Outra origem: atualmente é o socioafetivo. 1 Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 2 Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.

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Direitos das Sucessões – Parte 2 1. Espécies:

a. Sucessão Legítima: previsão em lei; b. Sucessão Testamentária: previsão em lei; c. Sucessão Mista: 20% testamentária e 80% legítima. Ambas as modalidades poderão ser aplicadas na

mesma sucessão.

2. Hipóteses de cabimento da sucessão legítima:

a. Falecimento ab intestato: o falecido não deixou testamento; b. Pré-morte do herdeiro testamentário: o herdeiro testamentário morre antes do testador, não sendo o

testamento aplicado, incidindo-se a sucessão legítima; c. Renúncia: o herdeiro pode renunciar ao testamento, sendo aplicada a sucessão legítima, salvo se houver

disposição testamentária apresentando um substituto ao herdeiro testamentário; d. Indignidade do herdeiro testamentário; e. Existência de herdeiro necessário; f. Testamento nulo ou anulável.

3. Contemplados na lei como herdeiros legítimos:

Ordem de vocação hereditária (art. 1829 do CC/02): Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Companheiro: tem direito sucessório previsto no art. 1790 do CC1, o qual é diferente do direito sucessório do cônjuge.

Artigo 1844, CC/022: não havendo herdeiros sucessíveis, a herança é destinada ao município onde se localizam os bens (herança anômala). Parentesco:

I. Consanguíneo – biológico: descendentes, ascendente e os colaterais; II. Outra origem: atualmente é o socioafetivo.

1 Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 2 Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.

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O parentesco consanguíneo pode ser:

· Linha reta: ascendentes: pais, avós, bisavós...e descendentes: filhos, netos, bisnetos... · Linha colateral – transversal: irmãos, tios, primos, tios – avós.

Regras: I. Somente é possível mudar de classe quando a anterior estiver extinta; II. Na hipótese da existência de vários herdeiros de mesma classe, o de grau mais próximo exclui o herdeiro de

grau mais remoto, salvo a existência do direito de representação.

Ø Contagem de grau em linha reta:

Ø Contagem de grau dos colaterais: busca-se o ascendente comum:

Pode-se herdar por direito próprio ou por direito de representação, o qual exige a morte do herdeiro mais próximo e este tem descendência. Por fim, observa-se que o cônjuge concorre com o descendente e com o ascendente do de cujus. Independentemente de regime de bens, o de cujus tem um parente colateral, quem herdará a totalidade da herança será o cônjuge. O cônjuge quando concorre com parentes leva apenas a parte da herança. Enquanto que o cônjuge, como herdeiro necessário de 3ª classe, receberá a totalidade da herança por falta de herdeiros da 1ª e 2ª classes. Sucessão do Descendente: A partilha da sucessão do descendente pode se dar de duas formas:

I. Por cabeça: quando os descendentes estiverem no mesmo grau; II. Por estirpe: quando os descendentes estiverem em graus diferentes.

Artigo 1852, CC/023: existe representação (art. 1851 – conceito)4 da sucessão do descendente. Dessa forma, nem sempre o grau mais próximo afastará o de grau mais remoto.

3 Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente. 4 Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

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Sucessão Avoenga: é a sucessão do avô, quando os netos receberão a herança por direito próprio, pois sumiu a classe dos filhos. Sucessão do Ascendente: dá-se pela linha materna e linha paterna. Metade da herança vai para linha materna e a outra metade vai para linha paterna. Observação: quando houver somente um herdeiro, este adjudica a herança. A parte pressupõe mais herdeiros. Ainda, entre ascendentes NUNCA haverá representação (art. 1852 do CC/02). Sucessão do Cônjuge: Art. 1830 do CC/025: exclusão do cônjuge na sucessão:

· Quando houver a separação judicial; · Quando ocorrer a separação extrajudicial (escritura pública – art. 1124-A, CPC)6; · Quando separado de fato, desde que tenha ocorrido há mais de 2 anos e o cônjuge sobrevivente ter sido

culpado pela separação.

Artigo 1831 do CC/02: direito real de habitação (art. 1414 e 1225, ambos do CC/02) do cônjuge, ou seja, o direito de residir de forma gratuita em imóvel alheio, sem a necessidade de verificar o regime de bens, sem prejuízo na partilha da herança, desde que seja o único imóvel destinado à moradia a ser inventariado. O direito real de habitação, referente ao seu limite, o CC/02 foi omisso. A doutrina entende que esse direito é vitalício. Em caso de imóveis em condomínio, o direito real de habitação do cônjuge incidirá na totalidade do bem, considerando que a posse tem caráter indivisível. Vide Enunciado n. 271 do CJF: o cônjuge pode renunciar o direito real de habitação, nos autos do inventário ou por escritura pública, sem prejuízo a sua herança, considerando que a posse é diferente da propriedade, ou seja, pode renunciar um direito e aceitar o outro. Entretanto, tendo em vista que o direito à moradia é uma garantia fundamental consagrado na CF/88 no art. 6º, é possível a renúncia de tal direito, este é disponível? O professor Cassettari entende que não e questiona o aludido enunciado do CJF. Direito Real de Habitação do Companheiro: A lei n. 9278/96 – Lei da União Estável conferia este direito, o qual foi revogado pelo CC/02, que não concedeu tal direito ao companheiro. Para doutrina e jurisprudência, o companheiro tem direito real de habitação, sendo um direito vitalício, em razão de uma interpretação analógica do art. 1831 para a união estável. (Enunciado n. 117 do CJF). Sucessão do Cônjuge (art. 1571, I, CC/02): a morte dissolve a sociedade conjugal, põe fim ao regime de bens, tendo como consequência a partilha de bens, ou seja, deve ser feito o divórcio do cônjuge sobrevivente. Dessa forma, apresentam-se os bens particulares (os que não se comunicam entre os cônjuges) e os bens que não se comunicam, chamados de MEAÇÃO. A concorrência vai permitir que o cônjuge também tenha direito à herança, além da sua meação e seus bens particulares.

5 Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. 6 Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).