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1 CAPITULO 1: ASPECTOS QUÍMICOS RELACIONADOS AO SUCO DE LARANJA 1.1. Introdução O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo (35%), concentrando sua produção no estado de São Paulo, sendo responsável por 80% do comércio mundial de suco de laranja concentrado congelado. Cabe ressaltar a importância dos EUA nesse mercado, tendo o estado da Florida seu principal produtor (25%). Em quanto no Brasil o consumo de suco de laranja é de 2 litros por pessoa por ano, os EUA chegam a 25 litros, assim como na Espanha e em Portugal. Esse panorama faz com que a produção brasileira seja destinada à exportação ficando somente 3% do suco produzido no mercado interno. O consumo de suco industrializado no Brasil é pequeno, quando comparado com as demais bebidas de importância comercial. Sendo que, apenas na década de 90, a indústria de sucos passou a dar importância ao potencial do mercado nacional, isto em virtude da estabilidade econômica e crescimento do poder aquisitivo dos brasileiros. A indústria aposta ainda nas mudanças de hábito de consumidor, pois a cada dia aumenta a tendência do consumidor em adquirir produtos naturais e mais nutritivos. Isto reflete nas ações de informações e propagandas das empresas, que estão atentas ao mercado em ampla expansão e nos seus principais concorrentes, os refrigerantes de frutas e repositores e energéticos vendidos como sucos de frutas.

Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

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CAPITULO 1: ASPECTOS QUÍMICOS RELACIONADOS AO SUCO DE

LARANJA

1.1. Introdução

O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo (35%), concentrando sua

produção no estado de São Paulo, sendo responsável por 80% do comércio mundial de

suco de laranja concentrado congelado. Cabe ressaltar a importância dos EUA nesse

mercado, tendo o estado da Florida seu principal produtor (25%). Em quanto no Brasil o

consumo de suco de laranja é de 2 litros por pessoa por ano, os EUA chegam a 25 litros,

assim como na Espanha e em Portugal. Esse panorama faz com que a produção

brasileira seja destinada à exportação ficando somente 3% do suco produzido no

mercado interno.

O consumo de suco industrializado no Brasil é pequeno, quando comparado com

as demais bebidas de importância comercial. Sendo que, apenas na década de 90, a

indústria de sucos passou a dar importância ao potencial do mercado nacional, isto em

virtude da estabilidade econômica e crescimento do poder aquisitivo dos brasileiros.

A indústria aposta ainda nas mudanças de hábito de consumidor, pois a cada dia

aumenta a tendência do consumidor em adquirir produtos naturais e mais nutritivos. Isto

reflete nas ações de informações e propagandas das empresas, que estão atentas ao

mercado em ampla expansão e nos seus principais concorrentes, os refrigerantes de

frutas e repositores e energéticos vendidos como sucos de frutas.

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1.2. Introdução aos componentes químicos e nutricionais dos alimentos.

1.2.1 Carboidratos – açucares e polissacarídeos.

Os carboidratos possuem função de suprir nossa necessidade energética. Esse é o

nutriente primário nesta questão, pois na sua falta os lipídios e as proteínas, nessa

ordem, cumprem com tal função. Os açucares, composto por sacarídeos, são

carboidratos pequenos, quando formado por um sacarídeo chama-se monossacarídeos,

por dois ou mais de oligossacarídeos. São considerados pequenos comparados aos

polissacarídeos, com alto peso molecular, porém nem todos fornecem energia pelo fato

de não serem digeridos por nosso organismo.

O amido é o carboidrato mais abundante e mais importante nutriente, ele é um

polissacarídeo de fácil digestão, os alimentos com maior quantidade de amido são os

grãos e raízes, ex: arroz, milho, trigo, mandioca, porém ele está presente em quase todos

os alimentos de origem vegetal. As pectinas são menos propicias a digestão, tendo como

papel o auxilio na manutenção de nosso sistema digestivo, mais precisamente no

intestino, estão presentes na estrutura de vegetais, principalmente nas frutas. A celulose,

a hemicelulose e as fibras estão presentes na estrutura, e nas paredes da célula vegetal,

porém nem todas são digeridas por nosso organismo, mas também agem na manutenção

do intestino. As pectinas e as celuloses, hemicelulose e fibras, quando susceptíveis a

digestão, são o que conhecemos como fibras alimentares, ex: celulose das folhas das

hortaliças.

1.2.2 Lipídios.

Os lipídios têm como função primaria à reserva de energia para quando faltar

carboidratos. Esse grupo é representado pelos óleos e gorduras, que se acumulam no

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tecido adiposo (camada de gordura abaixo da pele) quando não consumidos por nosso

organismo. Eles ainda exercem algumas funções que não a reserva de energia, por isso

mesmo na presença de carboidratos suficientes, eles se tornam indispensáveis em nossa

dieta. Os lipídeos são compostos por ácidos graxos, e por questão de estrutura química

não são solúveis em água, somente em “solventes orgânicos” (querosene, tinner,

gasolina...). Acontecem em pequenas quantidades nos alimentos vegetais, exceto nos

grão oleaginosos, ex: soja, semente de girassol, feijão; e sementes.

1.2.3 Proteínas

As proteínas têm como função primária, servir de matéria-prima para a

construção dos tecidos vivos. Podem ser consumidas como fonte de energia na falta de

carboidratos e lipídeos. As proteínas são grandes estruturas formadas pela junção dos

aminoácidos. Nem toda proteína é um nutriente para nós, ex: DNA e RNA. Os

aminoácidos quem não formam uma proteína exercem funções semelhantes, e ainda

outras funções em nosso organismo, esses são os aminoácidos essenciais. As proteínas,

de importância nutricional, são abundantes nos alimentos de origem animal (proteína

animal), ex: carne, ovo, leite. Os vegetais também possuem proteínas de importância

nutricional (proteína vegetal), principalmente nos grãos oleaginosos e sementes.

1.2.4 Vitaminas

Vitaminas são assim classificados não por sua estrutura, haja vista, que não há

correlação entre elas nesse sentido. Pode-se dizer que são uma coleção de compostos

orgânicos presentes nos tecidos vivos de importância nutricional de catalisador (um

coadjuvante que facilita reações químicas), essencial ao bom funcionamento de nosso

organismo, ex: ácido ascórbico (vitamina C), vitaminas A e B. Nosso organismo produz

algumas vitaminas, mesmo assim elas devem ser suplementadas na nossa dieta. A falta

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de algumas delas podem ocasionar doenças a exemplo do escorbuto, ocasionada pela

falta de vitamina C.

1.2.5 Minerais

Minerais são componentes inorgânicos, ex: Fe (ferro) Na (sódio) K (potássio),

mesmo quando contido em um composto orgânico. São de essencial valor nutricional,

alguns devem ser consumidos em maiores quantidades que outros para suprir nossa

necessidade diária. Suas funções são diversas, ex: Fe no transporte de oxigênio no

sangue, Ca (cálcio) na formação dos ossos.

1.3. Matéria-prima: a Laranja.

Dentre as frutíferas do gênero Citrus, o grupo das laranjas é o maior e mais

importante economicamente. A laranja é cultivada no mundo todo entre as latitudes

40ºN e 40ºS, em regiões de diferentes climas, como o tropical úmido, o semi-árido, o

temperado e o subtropical. A laranjeira exige solos profundos, por ser uma árvore de

grande porte, e índice pluviométrico mínimo de 1.200 mm, necessitando de irrigação na

estação seca.

FIGURA 1: CORTE TRANSVERSAL DO FRUTO DE LARANJA.

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Coposição Porcentagem (%)Tabela 1: Composição aproximada da laranja in natura .

Suco 40 - 45Casca externa (flavedo)Casca interna (albeldo)Polpa e membranasSemente

8 - 1015 - 3020 - 300 - 4

Fonte: ABECITRUS, 2004

ºBrix Acidez(%) Ratio % de suco12,0 0,96 12,5 4110,3 0,12 85,0 4510,0 0,10 83,0 4513,0 0,92 14,1 4012,3 0,77 15,9 3712,2 0,93 13,1 5011,8 0,95 12,5 5211,8 1,05 11,2 5012,0 1,00 12,0 50

VariedadeHamlinLima

CorLaranjaAlaranjado claro

Natal

PiralimaBaianinhaBarãoWestin

Alaranjado Laranja ForteAlaranjado

Tabela 2: Características típicas da principais cariedades de laranja no estado maduro

Alaranjado claroLaranja vivoAlaranjado Laranja Forte

PêraValência

Fonte: FUNDECITRUS, 2004

A casaca consiste de uma camada externa (flavedo) e uma camada interna

(albedo) que protege a porção comestível ou polpa interna (endocarpo) da fruta. Dois

componentes do flavedo podem afetar indiretamente a qualidade do suco processado: os

cromoplastos e as bolsas de óleo. Os cromoplastos contêm carotenóides, que são

parcialmente responsáveis pela cor do suco. Embora, o suco contido nas vesículas do

endocarpo possui uma fração oleosa, o óleo da casca prepondera no suco processado.

Este óleo “contamina” o suco durante a extração, mas pode ser recuperado e

acrescentado aos concentrados de laranja.

No albedo, estão presentes constituintes importantes como a flavononas

(hespiridina) que são responsáveis pelo sabor amargo característicos da laranja. A

pectina que possui propriedade emulsificante no suco. Fibras à base de celulose que

podem se incorporadas ao suco durante a extração.

O endocarpo é a fonte do suco de laranja que está contido nas vesículas dos

segmentos ou gomos da fruta. As células do endocarpo são separadas durante o

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processamento da fruta e utilizadas como agente de turvação no suco. O resíduo do

endocarpo é comumente misturado com os resíduos da casca para produção de

subprodutos como, por exemplo, a ração animal.

1.4. Caracterização do suco.

A legislação Brasileira define suco de laranja como sendo a bebida não

fermentada e não diluída, obtida da parte comestível da laranja (Citrus sinesis), através

de processo tecnológico adequado. O suco não poderá conter substâncias estranhas à

fruta, sendo proibida a adição de aromas e corantes artificiais. Não será permitida a

associação de açucares e edulcorantes (adoçantes) hipocalóricos e não calóricos na

fabricação de suco. De acordo com a legislação brasileira, o suco de laranja deve

apresentar as seguintes características químicas.

Mínimo Máximo10,5 -7,0 -- 13,0

25,0 -- 0,035

Tabela 3: Características químicas de suco integral de laranjaConstituintes

Sólidos solúveis (ºBrix)Ratio (ºBRix/acidez)Açucares totais de laranja (g/100g)Ácido ascórbico (mg/100g)Óleo essencial de laranja % (v/v)

Fonte: Ministério da Agricultura, 1999. Embora o suco de laranja não possa ser considerado como um alimento básico,

ele é um excelente complemento alimentar. O ácido ascórbico ou vitamina C é o

nutriente mais importante no suco de laranja. O ácido fólico (uma vitamina) é outro

nutriente presente no suco em quantidades significativas. Riblofavina (vitamina B2)

niacina (uma vitamina), ferro e vitamina A geralmente ocorrem no suco de laranja em

quantidades menores que 2% da necessidade diária. O suco é rico em potássio, mas

pobre em sódio. A celulose, a hemicelulose e a pectina presentes são fontes de fibras,

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mas fornece uma pequena quantidade para as necessidades diárias da maioria das

pessoas.

Tabela 4: Composição típica do suco de laranja fresco (100g)Composto Valor

"Calorias"GlicídiosProteínasLipídiosCálcioFerroFósforoSódioPotássioRetinolTiaminaRiboflavinaPirodoxinaNiacinaÁcido pantotênicoÁcido fólicoVitamina EÁcido ascórbico

64 cal13,10g0,60g0,40g18mg

0,35mg13mg3mg

148mg25µg78µg50µg40µg

50µg

300µg

200µg200µg

20µg

Fonte: Franco, 2001 e Macrer ET al., 1993.

1.5. Compostos químicos presentes no suco de laranja

O suco de laranja é composto por água, açucares, ácidos orgânicos, pectina,

minerais, óleos essenciais, fibras, proteínas e lipídios.

Tabela 5: Composição aproximada de suco de laranjaConstituintes Porcentagem (%)

Água 85 - 90AçucaresÁcidosPectinasMineraisÓleos essenciaisFibrasProteínasLipídios

6 - 90,5 - 1,50,5 - 1,50,5 - 0,80,2 - 0,50,5 - 1,00,5 - 0,80,1 - 0,2

Fonte: Macrer ET al., 1993

Os sólidos solúveis do suco de laranja são constituídos principalmente de

açucares e ácidos. Os açucares são mais abundantes (70-80%), predominando a glicose,

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frutose e sacarose numa proporção 1:1:2. O total de açucares, especialmente a fração de

sacarose geralmente aumenta com o avanço da maturidade do fruto. Esses três são

importantes para a determinação da doçura do suco.

O principal ácido presente no suco de laranja é o ácido cítrico. O total de acidez

é expresso em gramas de ácido cítrico por 100 mL de suco. O teor de sólidos solúveis é

expresso em ºBrix. Uma faixa de 9 a 14ºBrix e de 0,5 a 1,5% de acidez pode ser

considerada adequada, em termos de maturação, para o processamento industrial da

laranja.

O suco contém somente pequenas quantidades de celulose, hemicelulose e

substancias péctica (pectinas), embora eles sejam um importante constituinte do suco no

que diz respeito à qualidade, pois, a pectina atua como estabilizador coloidal, mantendo

a polpa suspensa no suco, relacionado diretamente com a consistência do produto. O

tratamento térmico visa não somente o controle de microorganismos mais também a

inativação enzimática da pectinesterase que provoca a degradação da pectina.

Aproximadamente 0,7% do suco consistem em compostos nitrogenados.

Aminoácidos livres (constituintes das proteínas) é a fração mais importante do

nitrogênio presente, correspondendo em 70% do total.

O sabor característico do suco é facilmente modificado através do

processamento. Seu sabor agradável é resultado de complexa mistura de muitos

componentes voláteis em proporções características. O óleo da casca é introduzido

durante o processamento da fruta, contribuindo significamente para o seu sabor. O

balanço entre os componentes do óleo e os componentes do suco é necessário para a

qualidade do sabor do suco.

A hespiridina e o limonin são os principais constituintes do amargor que ocorre

no suco. A hespiridina é o responsável pelo gosto amargo típico da fruta e do suco

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fresco. O limonin é o responsável por um gosto amargo extremamente negativo para a

qualidade do suco, este não está presente no suco fresco, porém durante o tratamento

térmico pode ser produzido a partir do ácido limonóico. As indústrias procuram

diminuir a concentração de limonin utilizando variedades com menor teor de ácido

limonóico, e controlando a maturação, pois durante a maturação da fruta o ácido migra

para a semente diminuindo a sua concentração no suco.

A quantidade dos minerais presentes no suco é de interesse nutricional. Os

minerais são expressos como cinzas, correspondendo a 0,4% da massa do suco. A

composição das cinzas varia em relação às variedades, maturação do fruto e métodos de

cultivo.

O aroma típico da laranja está associado a inúmeros constituintes. A

contribuição individual deles e suas relativas proporções, bem como suas interações

proporcionam as características de odor para cada variedade. Estes componentes então

presentes nas vesículas de suco do endocarpo da fruta e, em maior quantidade nas

bolsas de óleo da casca. Quando ocorre a extração, as bolsas de óleo rompem-se e parte

desse óleo é incorporado ao suco.

Durante o processo industrial, a extração do suco de laranja ocorre de tal

maneira que o mínimo de óleo contido na casca seja incorporado ao suco. Com processo

tecnológico adequado, o óleo é recuperado para posterior reconstituição do aroma do

suco de laranja. O excedente do óleo da casca é comercializado como aromatizante para

indústrias de doces e refrigerantes.

A coloração do suco de laranja é devida aos carotenóides, com exceção das

laranjas vermelhas, nas quais as antocianinas, tipo de componente flavonóide, são

responsáveis pela coloração típica. O beta-caroteno está presente no suco de laranja

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numa concentração de 0,5 mg/L, representando uma pequena, mas significantes fonte de

vitamina A. A cor é uma das principais qualidades do suco de laranja.

Os lipídios (gordura) constituem aproximadamente 0,07% do suco de laranja e

são constituídos principalmente por ácidos graxos, sendo que o palmítico, palmitoléico,

oléico, linoléico e linolênico perfazem 90% de total.

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CAPITULO 2: DESCRIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DO SUCO DE

LARANJA INTEGRAL PASTEURIZADO.

2.1. Introdução

O produto, o suco de laranja integral pasteurizado, tem suas etapas de produção

dispostas de acordo com o fluxograma adiante. Essa proposta de linha tecnológica está

de acordo com o que há de mais avançado. Visando um produto de alto valor agregado

e excelência em qualidade. Estão incluídos os três pontos críticos de controle, a análise

da composição química do suco da laranja fornecida e do produto produzido, a análise

microbiológica e de inativação enzimática e a quarentena, que serão detalhados no

capítulo seguinte.

Também estão incluídas as etapas de clarificação e desaeração, não obrigatórias,

mas indispensáveis na garantia de qualidade do produto, no que relaciona a estabilidade

do suco e sua vida de prateleira (validade). Com a realização de todas estas etapas pode-

se esperar um produto de excelente valor nutricional, seguro e de agradável sabor,

aroma e visual.

A compostagem e a ETE (estação de tratamento de efluentes), são as duas etapas

de gerenciamento de resíduos sólidos e líquidos, respectivamente. Por essa razão sua

descrição será detalhada no volume dois deste documento.

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2.2. Fluxograma do processo produtivo do suco de laranja integral pasteurizado.

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2.3. Descrição das etapas de produção do suco de laranja integral pasteurizado.

2.3.1. Recepção das laranjas.

As laranjas recebidas serão selecionadas previamente, pelo critério de tamanho.

Sendo que as destinadas à produção de suco serão as menores, ou seja, as de menor

valor comercial in natura. Não se pode presumir que as laranjas cheguem limpas e/ou

inspecionadas, e mesmo que isso aconteça, não elimina a necessidade de sua execução

na linha de produção, haja vista, que discorrerá um intervalo de tempo e prováveis

contaminações até o momento de extração, seja no transporte, no manuseio ou no

armazenamento da matéria-prima.

2.3.2. Caracterização química do suco das laranjas recebidas.

A caracterização da matéria-prima, no que diz respeito as suas características

química, será feita através da análise do ºBrix (teor de sólidos solúveis), ATT (Acidez

total titulável), Ratio (razão entre ºBrix e ATT) e pH. Essas análises não cumprem com

os requisitos mínimos legais da composição do produto, pois neste momento a intenção

dessas análises é a caracterização dos lotes de matéria-prima fornecida. Esses dados

serão usados também para determinar a maturação e o ponto ideal de extração do suco.

Com a disponibilidade dessas informações será possível estipular as

características do produto final, e até mesmo manipular tais características, misturando

porções de lotes diferentes de matéria-prima.

2.3.3. Armazenamento das laranjas.

As laranjas em caixas serão armazenadas em ambiente próprio, protegido de luz,

limpo periodicamente e com devida circulação de ar. Não está previsto nenhum

tratamento químico de conservação, já que sua necessidade é extremamente resumida

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pelo fato do tempo de armazenamento ser curto, não ultrapassando três dias. Cada lote,

antes caracterizado, será disposto separadamente uns dos outros no depósito.

2.3.4. Lavação das laranjas.

A alimentação do lavador será realizada por um elevador de canecos trazendo da

caixa de despejo até a entrada do lavador. A lavação tem como finalidade a limpeza na

superfície da casca, usando primeiramente jatos de água clorada (5 ppm), seguido de

enxágüe com água límpida. Dois pontos devem ser observados nessa etapa, primeiro é

a remoção total das sujidades grosseiras na casca (terra e qualquer coisa estranha à

laranja), o segundo está relacionado à incidência de microorganismo na casca. A

desinfecção da casca não ocorrerá completamente, porém busca-se um nível bastante

baixo, suficiente para não gerar risco de contaminação nas etapas seguintes.

O lavador das laranjas será dotado de escovas sanitárias rotativas (25 escovas),

com duas colunas de jatos de água, a primeira de água clorada e a segunda de água

límpida. É pelo fato da água ser pulverizada somada ao efeito de escovação que se

atingirá o nível de limpeza e desinfecção pretendida. Tal equipamento terá capacidade

nominal para lavar cerca de cinco toneladas por hora.

2.3.5. Inspeção das laranjas.

Seguido da lavação das laranjas faz-se a inspeção. A inspeção consiste na

retirada manual da mesa de seleção de frutas, as que apresentarem algum tipo de avaria,

podridão, bolores (fungos), ou ataques de pragas (insetos e pássaros). O lavador

alimenta a mesa de seleção. A mesa de seleção é dotada de uma esteira sanitária

circulante com calha de escoamento da água da lavação.

Para a realização dessa etapa os operadores devem passam por um treinamento

que esclareça os critérios de seleção e o seu comportamento quanto aos cuidados de

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higiene. O ambiente onde se realizará tal etapa deve ser mantido limpo, arejado e livre

de contaminações externas.

2.3.6. Extração do suco

As laranjas limpas e inspecionadas seguirão para a extratora. A alimentação será

realizada com o auxilio de um elevador e uma esteira, que alimentarão de forma

constante dando suporte a extratora, e ainda terá uma esteira de escape na possibilidade

de ocorrer algum problema. Esta proposta leva em conta uma extratora modelo OIC-500

produzido por Organização Industrial Centenário Ltda. com capacidade para produção

de 1500L/h (mil e quinhentos litros por hora). Essa extratora fica em uma plataforma,

um mezanino construído de concreto, e abaixo deste posiciona-se a rosca sem fim que

recolherá a casca, bagaço e sementes separados do suco.

2.3.7. Clarificação do suco

O suco extraído, suco bruto, possui um ter alto de pectinas e fibras vegetais

(partes pequenas do bagaço que não são retidas na extratora). A clarificação em uma

centrífuga clarificadora pretende separar essas partes sólidas do suco tornando-o um

produto mais límpido, sem tendência á formar duas fazes, uma com matéria decantada

no fundo e uma fase liquida na parte superior da garrafa.

A pectina ao contrário das fibras possui função emulsificante, de manter as

partículas solidas suspensas no suco liquido. Esse efeito se inverte quando a pectina é

desnaturada por enzimas pectinesterase, por isso se torna necessário a redução destas até

um nível que não propicie a atuação das enzimas nem comprometa seu efeito

emulsificante. A centrífuga clarificadora em questão é uma GIC 3.000-AL com

capacidade para 3000L/h (três mil litros por hora) produzida por GRATT Indústria de

Maquinas LTDA.

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2.3.8. Desaeração do suco

A retirada de oxigênio do produto está relacionada à manutenção do ácido

ascórbico (vitamina C). Essa operação tem pouca significância quanto às características

sensórias do suco, porém reduz o escurecimento causado pela decomposição do ácido

ascórbico, principalmente no produto integral (não concentrado). O escurecimento

ocorre no inicio do armazenamento, e levando em consideração que o produto em

questão possui tempo reduzido de estocagem (e validade), o fator “oxigênio residual” se

torna perigoso para a qualidade do produto.

A operação consiste na retirada do oxigênio pela utilização de equipamentos

(ainda não definidos), que usam pressão negativa (vácuo), forçando a desaeração do

produto.

2.3.9 Pasteurização do suco

Esta é operação possui duas funções extremamente importantes, usando o calor

por um intervalo de tempo (80-90ºC, 30-60s) é capaz de desnaturar microorganismos

que deteriorariam o produto ou ainda gerariam riscos a saúde dos consumidores, e a

desnaturação (perda da atividade biológica) da pectinesterase (enzima que decompõem

a pectina).

O equipamento é um pasteurizador, um trocador de calor com finalidade de

prover a pasteurização. Dois modelos são bastante comuns, o pasteurizador de placas

paralelas e o de tubos concêntricos (duplo tubo). Esta proposta leva em consideração um

pasteurizador duplo tubo (conforme proposta apresentada pela Organização Industrial

Centenário Ltda).

O equipamento possui feixes de aquecimento e de resfriamento, além de possuir

feixes para recuperar a energia (calor) do suco. O suco deve atingir a temperatura de

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pasteurização (80-90ºC) o mais rápido o possível e ser resfriado, da mesma forma, até a

temperatura de envaze (~30ºC).

2.3.10 Envaze a quente do suco.

O envaze a quente do suco (~30ºC), é mais simples que o envaze a frio (-5ºC),

pois não necessita de um refrigerador específico e nem de equipamento para

esterilização das embalagens virgens. O suco que sai do pasteurizador (~30º), já é apto

para o envaze mesmo sem esterilização da embalagem, isso é mais simples e menos

custoso que o envaze a frio, porém não e tão eficiente. Por ser tratar de um produto de

vida curta, o envaze a quente é mais indicado.

As embalagens devem, para uma melhor estabilidade do produto, protegê-lo da

luz, do oxigênio e do calor sempre que possível. Os equipamentos (enchedoras

rotativas, em linha, etc...) para essa função devem encher com um volume homogêneo

para todas as unidades além de lacrar devidamente.

2.3.10 Estocagem do produto.

Para se estocar o produto final, deve-se prestar atenção em alguns pontos,

temperatura, tempo de estocagem, incidência de luz (luz natural) e limpeza do local.

Uma câmera fria é mais indicada para estocagem, mantendo-se temperaturas em torno

de 5ºC, sem luz externa e sempre limpa. Todo o deslocamento do produto e a disposição

nos postos de vendas devem ser refrigerados a mesma temperatura e todos os outros

pontos também devem ser controlados. O tempo médio de validade médio de sucos

produzidos por essa linha fica em torno de 25 á 30 dias.

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CAPÍTULO 3: CONTROLE DE QUALIDADE E SANIDADE NA PRO DUÇÃO

DE SUCO DE LARANJA INTEGRAL PASTEURIZADO.

3.1. Introdução

Quando se tratar de controle de qualidade deve-se se levar em consideração

questões do produto e do processo produtivo, do ambiente de produção (chão de

fábrica) e do comportamento dos operários. Todo procedimento realizado nesta questão

deve ser bem fundamentado e bem disseminado em todos os setores da empresa, deve

ser seguido à risca, para que não comprometa em nenhum momento o produto.

Critérios de sanidade e de identidade são previstos em lei, porém há procedimentos não

obrigatórios que são de extrema importância para a qualidade do produto.

Quanto ao produto, critérios de contaminação microbiológica, físico-químico, e

de identidade são mensurados por análises, dependendo da análise ela pode ser realizada

na própria indústria, outras têm de ser terceirizadas por laboratórios credenciados.

Quanto ao processo produtivo, procura-se padronizar as operações para que se atinja o

máximo de produtividade e que se estabeleça um padrão de identidade, sempre

buscando o aprimoramento da qualidade do suco. A higienização dos equipamentos e

do ambiente de produção é de suma importância na segurança sanitária do produto. Os

operários devem ser treinados e cobrados quanto a sua higiene pessoal.

3.2. Fatores que influem na qualidade do suco de laranja.

A qualidade do suco de laranja é influenciada basicamente por fatores

microbiológicos, enzimáticos, químicos e físicos, que comprometem suas características

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organolépticas (aroma, sabor, cor, consistência, estabilidade da turbidez, separação de

fases solido/liquido) e nutricionais (vitaminas). Em conjunto, esses fatores e as

alterações durante o condicionamento, distribuição e estocagem irão influenciar a vida-

de-prateleira do produto.

3.2.1 Fatores microbiológicos.

A deterioração de natureza microbiológica do suco de laranja limita-se aos

microorganismos tolerantes ao meio ácido (caso do suco de laranja), com predomínio de

bactérias láticas, leveduras e fungos. As bactérias e os fungos são destruídos mais

facilmente que as leveduras. A atividade dos microorganismos pode ser acompanhada

pela presença de seus metabólitos (compostos resultantes de sua atividade biológica),

principalmente pela produção de CO2 (gás carbônico) e conseqüente estufamento da

embalagem. Alguns destes consomem oxigênio (bactérias e fungos) e outros não

(leveduras). Levando em consideração a devida vedação das embalagens pode-se dizer

que as deteriorações são causadas principalmente pelas leveduras em quanto o produto

não for aberto, após esse momento a deterioração se dá pelas bactérias e fungos.

Para que isso ocorra é necessário a presença de cepas viáveis (estado

“adormecido” do microorganismo que ainda é capaz de exercer sua função biológica)

após a produção, porém a legislação proíbe que isso ocorra. Ainda há a possibilidade de

recontaminação após a produção, no armazenamento, no ponto de venda ou ainda na

residência do consumidor.

O calor (~90ºC) é o método usado para o controle, desnaturando (morte ou

inviabilização) dos microorganismos. Sabe-se que em geral temperaturas entre 15 á 35

ºC ocorre a faixa de atividade máxima dos microorganismos, acima disto a tendência é a

desnaturação e abaixo disto a tendência é cessar a atividade biológica. Conclui-se então

que o calor “mata” e o frio não deixa os microorganismos se desenvolverem.

Page 20: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

20

3.2.2 Fatores enzimáticos.

O suco de laranja possui em sua composição enzimas, principalmente a

pectinesterase (pectina metil esterase – PME), que acelera a decomposição (hidrolise)

da pectina, esta, responsável pela estabilidade do suco. Sua atividade máxima ocorre

com pH em torno de 7,0, porém se observa atividade numa ampla faixa de pH, no caso

do suco com pH em torno de 4,0 (ácido). Se o conteúdo original de pectina for baixo,

haverá precipitação (decantação da matéria sólida), formando duas fazes nu suco. Se o

conteúdo de pectina original for elevado, haverá a formação de um gel semi-rígido no

suco.

A turbidez (uma única faze bem homogenia) que os sucos apresentam é uma

propriedade importante para sua aceitação no mercado consumidor. A turbidez é

resultado da mistura de partículas em suspensão, lipídios, proteínas, pectina, celulose e

hemicelulose, que resultam da ruptura das células da laranja durante a extração.

Os fragmentos macroscópicos, contendo também a pectina, são considerados

polpa. Essa polpa e a turbidez estão correlacionadas e contribuem para a viscosidade do

suco de laranja. A estabilização da turbidez requer que a seqüência de eventos que

induzem à precipitação seja interrompida. Através da clarificação pode-se chegar a um

teor de polpa ideal, nem baixo e nem alto de mais, juntamente com o calor

(pasteurizador) que é usado para desativar a pectinesterase, porém deve ser conduzido

de forma a não prejudicar a qualidade do suco.

3.2.3 Fatores químicos.

Os fatores químicos que influem na qualidade do suco de laranja normalmente

são de natureza oxidativa (reação com o oxigênio). A oxidação ocorre com a vitamina C

e com os compostos responsáveis pelo aroma e sabor do suco, alterando sensivelmente

as características sensoriais e nutricionais do produto. Essas reações oxidativas

Page 21: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

21

dependem das condições de processo utilizadas (tratamento térmico), da presença do

oxigênio, da embalagem utilizada, da relação tempo/temperatura de estocagem, além da

influencia da luz.

3.2.4. Tratamento térmico.

Considerando que, no processo HTST (high temperature and short time -

pasteurização), uma fina camada do produto é submetida ao tratamento térmico em um

trocador de calor, os alimentos não sofrem um super aquecimento, uma vez que o

produto é rapidamente aquecido e resfriado, minimizando as alterações químicas com

adequada letalidade aos microorganismos e enzimas. Podem ser utilizados dois tipos de

trocadores de calor: a placas e os tubulares. O trocador de calor de placas consiste de

um conjunto de placas de metais corrugadas com aberturas para a passagem de dois

fluidos (suco e água aquecida ou vapor), entre os quais ocorrerá a transferência de calor.

No outro tipo, o alimento líquido passa através de um tubo a outro e água aquecida é

recirculada através das paredes do tubo.

O trocador de calor a placas apresenta uma elevada área superficial por unidade

de volume e peso de equipamento. Apresenta, também, uma facilidade de manutenção e

limpeza, contribuindo para a higiene do processo. Os trocadores tubulares são utilizados

com fluidos viscosos e quando se necessita de altas pressões, também são eficientes

com fluidos que tenham elevado teor de polpa (caso deste produto) e que iriam provocar

problemas de entupimento nos trocadores a placas.

3.2.5. Influencia do oxigênio.

O oxigênio também influencia a qualidade e estabilidade dos sucos de frutas e

concentrados. Ele pode estar dissolvido, no espaço livre da embalagem (oxigênio

residual) ou pode permear através da embalagem. A perda do ácido ascórbico e o

escurecimento estão relacionados à concentração inicial de oxigênio, entretanto, a

Page 22: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

22

desaeração do suco não afeta a qualidade sensorial, nem aumenta a vida útil deste

produto.

Os benefícios da desaeração seriam conseguidos na retenção do ácido ascórbico,

aroma e sabor durante o processamento. A oxidação do ácido ascórbico, alem de perdas

nutricionais, também produz pigmentos escuros, os quais são responsáveis pelo

escurecimento do suco (browning). A presença de oxigênio dentro da embalagem é

responsável pela rápida degradação inicial da vitamina C, em torno de 1,0mg de

oxigênio vai decompor aproximadamente 10,0mg de vitamina C.

Apesar de o oxigênio acelerar a perda do ácido ascórbico, sob condições

anaeróbicas (ausência de oxigênio) também se verifica a degradação deste composto e

ocorrem reações de escurecimento. As reações de escurecimento e de natureza

oxidativa, envolvendo os diversos constituintes do suco, são muito complexas e

exercem efeito catalítico umas nas outras.

3.2.6. Influência da embalagem e da relação tempo/temperatura de estocagem.

A embalagem influi na qualidade do suco de laranja, promovendo um ambiente

adequado ao seu armazenamento e manuseio, de maneira a beneficiar a vida-de-

prateleira do produto. Para tanto, faz-se necessário que não só o produto atenda aos

padrões da legislação vigente, como também, que o sistema de acondicionamento

utilizado seja capaz de preservar a sua qualidade. Assim, a embalagem para o suco de

laranja dever ser livre de microorganismos deteriorantes que possam se desenvolver nas

condições de estocagem e comercialização e não deve apresentar problemas de

migração, nem permitir a permeação de odores estranhos que possam alterar as

características organolépticas do suco. Como para qualquer outro produto, deve

apresentar formato e resistência mecânica adequados para resistir às solicitações do

sistema de distribuição (manuseio, movimentação, transporte e estocagem), a fim de se

Page 23: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

23

apresentar integra ao consumidor final. A embalagem também deve apresentar

integridade do fechamento, evitando, assim, uma recontaminação microbiológica e

problemas de vazamento durante a distribuição e comercialização do produto. Por fim,

deve proteger o suco da exposição ao oxigênio, apresentando baixa permeabilidade do

gás através do material da embalagem e do sistema de fechamento.

A temperatura de estocagem é considerada o fator mais importante na

estabilidade e qualidade dos sucos cítricos. A temperatura é o fator predominante na

degradação do ácido ascórbico por via anaeróbica, a retenção da vitamina C diminui

como aumento do tempo e temperatura de estocagem.

Á vida-de-prateleira desse produto é determinada com base nas alterações

microbiológicas, encerrada quando a contagem de bolores e leveduras alcançarem

valores próximos a 104 UFC/ml (10.000 unidades formadoras de colônias por mililitro

de suco). A garrafa PET é adequada para o acondicionamento do suco de laranja

pasteurizado, apesar de apresentar uma pequena colapsagem no final da vida-de-

prateleira, o que poderia ser resolvido com uma melhoria no design da garrafa, através

da utilização de um formato que confira à embalagem uma maior resistência mecânica.

3.2.7. Influência da luz.

O efeito da luz tem sido pouco investigado e as descobertas são contraditórias,

atribuíram às mudanças sensórias e perdas do ácido ascórbico em suco de laranja

refrigerado, exposto à luz em combinação com o crescimento microbiano e a presença

do oxigênio no suco. Em revisão sobre a vida-de-prateleira de alimentos processados

assepticamente, comenta-se que a exclusão da luz e do oxigênio com estocagem à baixa

temperatura e o uso de embalagens inertes, que evitem a absorção do sabor (flavor

scalping), minimizam a formação de sabores estranhos (off flavors) que surgem durante

a comercialização e estocagem de sucos cítricos. A luz tem um efeito significativo sobre

Page 24: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

24

a destruição da vitamina C em suco de laranja pasteurizado e acondicionado a quente, o

que demonstra o efeito catalítico da luz sobre a oxidação aeróbica do ácido ascórbico.

3.3. Boas práticas de fabricação e análise de perigos e pontos críticos de controle

em indústrias de alimentos e bebidas. BPF E APPCC.

3.3.1 Introdução

O sistema APPCC é uma ferramenta fundamental da melhoria contínua da

qualidade para as indústrias alimentícias, nos dias atuais. E como é uma ferramenta da

qualidade, é necessário que o seu gerenciamento deva ser abordado com uma nova visão

administrativa, em que todas as pessoas envolvidas entendam e incorporam o sistema e

passem a desempenhar suas funções em equipe, visando sempre os mesmos objetivos.

Podemos definir, então, que implantar e implementar o Sistema APPCC consiste no

“Gerenciamento da Qualidade” que, por sua vez, é uma filosofia que tem por finalidade

melhorar continuamente a produtividade em cada nível de operação e em cada área

funcional de uma organização, utilizando todos os recursos financeiros e humanos

disponíveis. A melhoria é direcionada para satisfazer objetivos amplos, tais como custo,

qualidade, visão de mercado, planejamento e crescimento da empresa.

Em abril de 1998 o projeto APPCC iniciou por uma iniciativa da CNI/SENAI e

do SEBRAE, visando levar as ferramentas para produção de alimentos seguros para as

indústrias de alimentos. A resolução RDC nº275, de 21 de outubro e 2002, estabeleceu

o regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados aplicados aos

estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação de

Boas Práticas de Fabricação (check list).

Page 25: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

25

3.3.2 O que é o sistema APPCC.

O sistema APPCC é baseado numa série de etapas, inerentes aos processos

industriais de alimentos e bebidas, incluindo todas as operações que ocorrem desde a

obtenção da matéria-prima até o consumo, fundamentando-se na identificação dos

perigos potenciais à segurança do mesmo, bem como nas medidas para o controle das

condições que geram os perigos.

O sistema tem como objetivo identificar os perigos relacionados com a saúde do

consumidor, que podem ser gerenciados em segmentos da produção, estabelecendo

formas de controle para garantir a segurança que proporciona, o sistema tem sido

utilizado com êxito por inúmeras empresas para controlar aspectos de qualidade e de

fraude econômica.

3.3.3 Por que utilizar o sistema de APPCC

A segurança dos alimentos e bebidas é a principal e primeira responsabilidade da

indústria, além de outras características de qualidade, como aspecto, sabor e custo.

A análise da qualidade e/ou segurança do produto por análise de produtos final é

relativa, de alcance limitado. Por mais rigorosos que sejam os planos de amostragem, a

caracterização de 100% das unidades do lote ou do conjunto de lotes produzidos,

dificilmente á alcançada em condições práticas. O sistema se destina ao controle durante

a produção e tem por base princípios e conceitos preventivos que identificam os pontos

ou etapas, nos quais os perigos podem ser controlados, com subseqüente aplicação de

medidas preventivas que garantam a eficiência do sistema. Os perigos considerados são

os de natureza física, química e biológica.

Os principais benefícios que o Sistema proporciona:

• Garantia da segurança do alimento ou bebida;

Page 26: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

26

• Diminuição dos custos operacionais, pela redução substancial da necessidade de

recolher, destruir ou reprocessar o produto final por razões de segurança;

• Diminuição da necessidade de testes dos produtos acabados, no que se refere à

determinação de contaminantes;

• Redução de perdas de matérias-primas e produtos;

• Maior credibilidade juto ao cliente;

• Maior competitividade do produto na comercialização;

• Atendimento aos requisitos legais do Ministério da Saúde (MS) e do Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e de legislações

internacionais.

3.3.4. Pré-requisitos para a implantação do sistema APPCC.

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são pré-requisitos fundamentais,

constituindo-se na base higiênico-sanitária para a implantação do Sistema APPCC.

Quando o programa de BPF não é eficientemente implantado, implementado e

controlado, pontos crítico e controle adicionais são identificados, monitorizados e

mantidos sob a égide do Plano APPCC, tornando-o complexo. Portanto, a implantação e

implementação das Boas Praticas de Fabricação irá simplificar e viabilizar o Plano

APPCC, assegurando sua integridade e eficiência, com o objetivo de garantir a

segurança dos alimentos.

3.3.5. Boas Práticas de Fabricação (BPF)

As Boas Práticas de Fabricação são necessárias para controlar as possíveis fontes

e contaminação cruzada e para garantir que o produto atenda às especificações de

identidade e qualidade. O Programa BPF abrange os seguintes aspectos:

• Projetos do prédio e instalações: facilidade de limpeza, operações sanitárias e

fluxos lógicos;

Page 27: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

27

• Limpeza e conservação de instalações hidráulicas, pisos e paredes, terrenos,

instalações elétricas e isolamentos tratamento de lixo;

• Programa de qualidade da água: potabilidade;

• Recebimento de matérias-primas e estocagem: áreas apropriadas para estoque de

matéria-prima, embalagens, produto acabado, produtos químicos e insumos;

• Qualidade da matéria-prima e ingredientes: deve-se conhecer o grau de

contaminação de cada matéria-prima e ingrediente. Inclui especificações de

produtos e seleção de fornecedores;

• Higiene pessoal: higiene corporal, controle de doenças, o uso de uniforme,

toucas e calçados limpos e adequados, evitar atitudes não higiênicas (como tocar

o produto com as mãos, comer, fumar na área de processo);

• Controle integrado de pragas (insetos, roedores, pássaros);

• Projeto sanitário dos equipamentos;

• Manutenção preventiva dos equipamentos;

• Limpeza e sanificação de equipamentos e utensílios;

• Calibração dos instrumentos: deve-se proceder à calibração periódica dos

instrumentos de controle de temperatura, pressão, peso e outros parâmetros

relacionados à segurança do produto;

• Programa de recolhimento (recall); procedimentos escritos, implantados pela

empresa para assegurar o recolhimento do lote de um produto, de forma

eficiente e rápida e o mais completamente possível, a qualquer tempo em que se

fizer necessário;

• Procedimento sobre reclamações dos consumidores e/ou importadores: deve ser

mantido um registro de todas as reclamações e das tomadas de decisão pelo setor

competente;

Page 28: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

28

• Garantia e controle de qualidade: atividades que complementam as BPF.

Estabelecem especificações de qualidade e inspecionam matérias-primas,

produtos auxiliares e matéria de embalagem e executam avaliações de higiene

nas áreas da fábrica.

• Treinamento periódicos para funcionários, iniciando-se com a integração à

empresa, tornando-os responsáveis e comprometidos com a qualidade dos

serviços. A chefia deverá estar sempre reforçando o treinamento e orientando os

mesmos.

Foram publicados as Portarias referentes às Boas Praticas de Fabricação: nº 326

de 30/07/97 da secretaria de Vigilância Sanitária – DOU de 01/08/97; Portaria nº 368 de

04/09/97 do MAPA – DOU de 08/09/97, que regulamentam as condições higiênico-

sanitárias e de Boas práticas de Fabricação para estabelecimentos

produtores/industrializadores de alimentos e Portaria nº 275 de 21/10/2002 da ANVISA

– DOU de 06/11/2002 que aprova o regulamento técnico de Procedimentos

Operacionais Padronizados aplicados aos estabelecimentos

produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação (check list) da BPFs.

Além do Programa BPF, deve-se desenvolver implantar e implementar,

monitorar e verificar os estabelecimentos que produzem/industrializam alimentos e

bebidas e os Procedimentos Padrões de Higiene Operacional – PPHO, que são

requisitos e condições mínimas para as práticas adequadas de higiene. As indústrias que

exportam alimentos ou bebidas adotam os seguintes PPHOs segundo o órgão

internacional FDA (Food and Drug Administration).

• Potabilidade da água;

• Higiene das superfícies de contato com o produto;

• Prevenção de contaminação cruzada;

Page 29: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

29

• Higiene pessoal;

• Proteção contra contaminação/adulteração do produto;

• Identificação e estocagem adequada dos produtos tóxicos;

• Saúde dos colaboradores;

• Controle integrado de pragas.

Em 06 de novembro de 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) publicou no DOU, a Resolução – RDC nº 275 citada acima, os POPs ou

PPHOs que devem ser implantados e implementados, monitorados e verificados pelas

indústrias de alimentos e bebidas que comercializam seus produtos em território

nacional. São eles:

• Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios;

• Controle da potabilidade de água;

• Higiene e saúde dos manipuladores;

• Manejo de resíduos;

• Manutenção preventiva e calibração de equipamentos;

• Controle integrado de vetores e pragas urbanas;

• Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;

• Programa de recolhimento de alimentos (recall).

3.4. Etapas do processo produtivo referentes ao Gerenciamento da

Qualidade.

3.4.1. Introdução

No capítulo dois foram apresentadas as etapas de produção, e contido em tal

contexto estavam às etapas referentes ao Gerenciamento da Qualidade. Tais etapas têm

Page 30: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

30

com objetivo realizar o acompanhamento da produção tornando-o confiável, gerando

dados que auxiliara as tomadas de decisão referentes à identidade do produto, sua

segurança sanitária e a eficiência da linha de produção.

3.4.2. Análise da composição química das laranjas recebidas

As análises das laranjas recebidas têm por finalidade avaliar a matéria-prima

quanto suas características químicas, gerando dados que serão usados para manipular o

processo produtivo. O ponto de maturação deve ser respeitado, e sua condição de

higiene deve ser observada.

As análises a serem realizadas são:

• ºBrix - fundamentada na leitura refratométrica dos graus Brix da amostra a

20ºC;

• pH - usando os princípios da determinação potenciométrica a 20°C;

• ATT (acidez total titulável) - Fundamenta-se na reação de neutralização dos

ácidos com solução padronizada de álcali, até o ponto de equivalência ou

potenciômetro até que a solução atinja pH = 8,2;

• Ratio (ºBrix/ATT) - Baseia-se na divisão do valor do grau ºBrix pelo valor

da acidez total titulável.

3.4.3 Análise da composição química do produto final.

As análises químicas do produto poderão ser de amostras retiradas após a

parboilização ou de unidades engarrafadas. Elas têm por objetivo a mensuração e

certificação dos padrões de identidade determinados por lei. São elas:

• ºBrix - fundamentada na leitura refratométrica dos graus Brix da amostra a

20ºC;

• Ratio (ºBrix/ATT) - Baseia-se na divisão do valor do grau ºBrix pelo valor

da acidez total titulável.

Page 31: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

31

• Açucares totais - Os açúcares redutores reagem com os íons cúpricos da

solução de Fehling, reduzindo-se a íons cuprosos, sob a ação do calor em meio

alcalino. Ao reagir com os íons cúpricos, os açúcares sofrem oxidação,

enquanto que o cobre é reduzido, formando-se um precipitado vermelho de

óxido cuproso. Os açúcares não redutores devem sofrer uma prévia hidrólise

com ácido clorídrico dissociando o dissacarídeo em seus monossacarídeos.

• Ácido ascórbico (vitamina C) - Baseia-se na redução de

2,6-diclorofenolindofenol-sódio (DCFI) pelo ácido ascórbico. O DCFI em meio

básico ou neutro é azul, em meio ácido é rosa e sua forma reduzida é incolor. O

ponto final de titulação é detectado pela viragem da solução de incolor para rosa,

quando a primeira gota de solução do DCFI é introduzida no sistema, com todo

ácido ascórbico já consumido.

• Óleo essencial - Baseia-se na separação do d-limoneno por co-destilação

com um solvente e titulação com solução de bromato de potássio na presença de

metilorange.

3.4.3 Análises microbiológicas e de inativação enzimática

Os níveis de contaminantes (microorganismos deteriorantes e patogênicos)

devem atender as especificações contida na Resolução-RDC nº12, de 2 de janeiro de

2001.

(...) Art. 1º Aprovar o REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE PADRÕES

MICROBIÓLOGICOS PARA ALIMENTOS, em Anexo. (...)

Os padrões retirados da Resolução-RDC nº 12 referentes ao suco de laranja

integral pasteurizado se enquadram nos seguintes

parâmetros:

Page 32: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

32

n c m M

Coliformes a 45ºC 10 5 3 5 10

Salmonella sp/25 mL Aus 5 0 Aus -

17 SUCOS, REFRESCOS,RFRIGERANTES E OUTRA BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS. EXCLUINDO OS DE BASE LÁCTEA E DE CHOCOLATE (CACAU E SIMILARES)

i) sucos pasteurizados e refrigerados, incluindo água de coco, caldo de

cana, de açai e similares, isolados ou em mistura

Tolerância para Amostra INDICATIVA

MICROORGANIMOGRUPO DE ALIMENTOS

Tolerãnica para Amostra Representativa

Fonte: Resolução-RDC nº12 de 02/01/2001.

Coliforme trata-se de bactérias formadas por grupos de diferentes gêneros que

incluem os Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria. As bactérias do

grupo Coliforme habitam o intestino de animais mamíferos, como o homem, e são

largamente utilizadas na avaliação da qualidade das águas, servindo de parâmetro

microbiológico básico às leis de consumo criadas pelos governos e empresas

fornecedoras que se utilizam desse número para garantir a qualidade da água para o

consumo humano. Nesse caso, a presença de um número alto de Coliformes na água

significa um nível elevado de poluição e risco à saúde pela presença de organismos

patogênicos.

Há os Coliformes Totais, que são grupos de bactérias gram-negativas, que

podem ou não necessitar de Oxigênio - Aeróbicas ou Anaeróbicas, que não formam

esporos, e são associadas à decomposição de matéria orgânica em geral. Há também os

Coliformes Fecais, também chamados de Coliformes Termotolerantes pois toleram

temperaturas acima de 40ºC e reproduzem-se nessa temperatura em menos de 24 horas.

Este grupo é associado às fezes de animais de sangue quente.

Pelo estudo da concentração dos Coliformes nas águas pode-se estabelecer um

parâmetro indicador da existência de possíveis microorganismos patogênicos que são

responsáveis pela transmissão de doenças pelo uso ou ingestão da água, tais como a

febre tifóide, febre paratifóide, disenteria bacilar e cólera.

Page 33: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

33

A E. coli (principal contaminante fecal) assume a forma de um bacilo e pertence

à família das Enterobacteriaceae. São aérobias e anaerobias facultativas. O seu habitat

natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente.

Possui múltiplos flagelos dispostos em volta da célula.

A E. coli é um dos poucos seres vivos capaz de produzir todos os componentes

de que é feita, a partir de compostos básicos e fontes de energia suficientes. Ela é lactase

positiva, uma enzima fermentadora de açucares que é grandemente responsável pela

flatulência de cada pessoa, especialmente após o consumo de leite e seus derivados.

Possuem fímbrias ou adesinas que permitem a sua fixação, impedindo o

arrastamento pela urina ou diarréia. Muitas produzem exotoxinas. São susceptiveis aos

ambientes secos, aos quais não resistem. Possuem lipopolissacarídeo (LPS), como todas

as bactérias Gram-negativas. Esta molécula externa ativa o sistema imunitário de forma

desproporcionada e a vasodilatação excessiva provocada pelas citocinas produzidas

pode levar ao choque séptico e morte em casos de septicémia.

Salmonella é um gênero de bactérias, vulgarmente chamadas salmonelas,

pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo conhecida há mais de um século. Tem

em seu nome uma referência ao cientista estadunidense chamado Daniel Elmer Salmon,

que associou a doença à bactéria pela primeira vez.

São bactérias Gram-negativas, em forma de bacilo, na sua maioria móveis (com

flagelos peritríquios), não esporulado, não capsulado, sendo que a maioria não fermenta

a lactose. As salmonelas são um gênero extremamente heterogêneo, composto por três

espécies, Salmonella subterranea, Salmonella bongori e Salmonella enterica, esta última

possuindo quase 2000 sorotipos. A classificação em serogrupos depende do antigénio

O, enquanto que a classificação em serótipos depende do antigénio H.

Dentre as de maior importância para a saúde humana destacam-se a Salmonella

Page 34: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

34

Typhi (Salmonella enterica enterica sorovar Typhi), que causa infecções sistêmicas e

febre tifóide – doença endémica em muitos países em desenvolvimento – e a Salmonella

Typhimurium (Salmonella enterica enterica sorovar Typhimurium), um dos agentes

causadores das gastroenterites.

Os métodos de análises determinados pelo MAPA (Minitério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento) são descritos na Portaria nº 410 de 27 de maio de 1974 no

Regulamento Geral de Bebidas.

A atividade da Pectinesterase (PE) é determinada pelo método pela FMC

Corporation, descrito por REED et. Al. (1986). Basicamente o método consiste na

medida, determinada por titulação, da razão de liberação de grupos carboxila de uma

solução de pectina 1,0% com 0,15M de NaCl a pH 7,0e 30ºC, adicionado de suco de

laranja. A atividade pode ser descrita como baixa quando na titulação são usados 5,0mL

e alta quando usados 10,0mL da solução de NaCl na titulação.

3.4.4. Quarentena

Esta etapa não envolve nenhuma analise, consiste basicamente num período após

a confecção do produto final até sua liberação para comercialização. Este período tem

por objetivo certificar que nenhuma falha tenha ocorrido durante o processo, essa

certificação é visual, ou seja, num período de três dias o produto está apto à

comercialização se nenhuma anomalia for observada. No caso do suco se verifica a

consistência, ocorrência de duas fazes ocasionada por uma desnaturação da

pectinesterase mal sucedida, a formação de um precipitado ou um gel na parte superior

da embalagem. Ainda deve-se observar se pigmentos escuros são formados, se a

embalagem estufa, pela formação de CO2 (gás carbônico), ou ainda se há algum dano na

embalagem, e se há formação de colônias de fungos visíveis.

Page 35: Suco Itegral de Laranja Paseurizado - Tecnogia e Processamento

35

Nesse período, de três dias, todo o lote deve ser armazenado sob refrigeração, e

caso nenhum problema seja identificado, o lote está liberado para comercialização.

Essa etapa ainda deve ser mais bem detalhada, porém sua realização é obrigatória por

lei.