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Este suplemento faz parte integrante da edição n.º 938 deste jornal e não pode ser vendido separadamente SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE O MIRANTE COLETE ENCARNADO O campino que nunca amou uma mulher e caiu sete vezes do cavalo João Domingos vai ser homenageado nas festas deste ano do Colete Encarnado 2 Colete Encarnado é das festas mais tradicionais e emblemáticas do Ribatejo De 2 a 4 de Julho a cidade recebe milhares de visitantes para assistirem às largadas de toiros, aos concertos musicais e para conviverem. Deolinda e José Cid são os cabeças de cartaz da festa 3 “Preciso acreditar que as obras do novo hospital arrancam este ano” Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira dá imagem de tranquilidade 4 e 5

Suplemento Festas do Colete Encarnado

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O MIRANTE | 01 Julho 2010 SOCIEDADE | 1

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SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE

O MIRANTECOLETE ENCARNADO

O campino que nunca amou uma mulher e caiu sete vezes do cavaloJoão Domingos vai ser homenageado nas festas deste ano do Colete Encarnado 2

Colete Encarnado é das festas mais tradicionais e emblemáticas do RibatejoDe 2 a 4 de Julho a cidade recebe milhares de visitantes para assistirem às largadas de toiros, aos concertos musicais e para conviverem. Deolinda e José Cid são os cabeças de cartaz da festa 3

“Preciso acreditar que as obras do novo hospital arrancam este ano”Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira dá imagem de tranquilidade 4 e 5

O MIRANTE 01 Julho 2010 COLETE ENCARNADO | 2

Dedicou toda a sua vida ao campo ao ponto de renunciar à escola e à vida com uma mulher. João Domingos, conhecido por “Bago de Milho” tem dois amores, a campinagem e o Benfica, ao ponto de ter tatuado o símbolo do clube no peito.

O pai disse-lhe um dia que para ser campino teria que cair do cavalo “sete vezes e meia”. João Domingos ao longo dos muitos anos dedicado à campinagem já caiu sete vezes. “Ain-da me falta a meia”, diz com humor. Conhecido pela alcunha de “Bago de Milho”, vai ser homenageado na edição deste ano das festas do Colete Encar-nado, em Vila Franca de Xira. O troféu Pampilho de Ouro que vai receber já tem um destino, vai ser entregue ao sobrinho.

“Bago de Milho” dedicou toda a sua vida ao campo. Renunciou à escola para acompanhar o pai que também era campino na herdade da Companhia Previdente, no Alentejo. Com 70 anos feitos no dia 23 de Maio conta que nos tempos do regime ditatorial de Salazar a oportunidade de andar pelo campo a tratar dos toiros lhe “dava toda a liberdade que precisava”. Nunca casou porque nunca encontrou uma mulher que amasse, mas também não se im-porta porque, diz, a sua grande paixão era andar ocupado com os trabalhos do campo e as “mulheres não gostam disso”. Confessa que levou uma vida celibatária.

Passa os dias na companhia dos seus cães na Herdade da Casa Palha entre Alcochete e Vila Franca de Xira. Vive numa casa modesta ao lado da casa do patrão. Só sai do campo quando precisa de comprar alguma coisa ou para ir ao médico. Recorda que um dia teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Quando começou a sentir-se mal foi de mota até ao posto médico de Samora Correia (Benavente). Con-

RetiRo. Actualmente o “Bago de Milho”, alcunha pela qual é conhecido, passa os seus dias na herdade da Casa Palha

O campino que nunca amou uma mulher e caiu sete vezes do cavaloJoão Domingos vai ser homenageado nas festas deste ano do Colete Encarnado

ta que lhe meteram um comprimido debaixo da língua e o mandaram de volta para casa. Estava a entrar em casa quando apareceu o patrã o que ao vê-lo aflito chamou uma ambulância que o levou para o hospital de Vila Franca de Xira.

A saúde agora já não lhe permite cavalgar pelos campos. Mas no dia da homenagem e para cumprir a tradição vai aparecer a cavalo. Vai fazer um grande esforço, mas “vai valer a pena”, diz. Dos acidentes que teve enquanto campino recorda o grande susto que apanhou quando um dia caiu da mon-tada e ficou no chão de frente para um toiro a poucos metros. Foi o maior susto porque o seu pai morreu aos 60 anos colhido por um toiro exactamente nas mesmas circunstâncias.

O campino natural de Samora Cor-reia compara os toiros às mulheres. “Hoje diz-se que os toiros não são tão bravos. Mas há de tudo como antiga-mente, os mais e os menos bravos. Os toiros são como as mulheres: uma carta fechada”. João Domingos só saiu dos campos para ir cumprir o serviço militar. Esteve no Regimento de Cavalaria 3 em Estremoz. Depois foi mobilizado para a Guerra Colonial.

“Bago de Milho” é adepto do Benfica e até tem o símbolo do clube tatuado no peito. Assume-se como um homem feliz que sempre fez o que gostava. “Nunca pensei ser outra coisa na vida nem estou arrependido de ter levado esta profissão. A única mágoa que guardo é a de já não ter pernas para andar com o resto da malta a ver o gado”.

Sobre a arte da campinagem nos dias de hoje, “Bago de Milho” é muito crítico. Diz que a profissão está “com-pletamente descaracterizada”. “Está a perder-se a figura do campino. Agora temos vedações que separam as her-dades e facilitam muito a vida a quem toma conta do gado. Os homens só têm de ir dar a ração aos animais, de tractor ou moto de quatro rodas”. E acrescenta que actualmente o cavalo hoje “é só para enfeitar”, para levar às festas.

01 Julho 2010 O MIRANTE3 | COLETE ENCARNADO

De 2 a 4 de Julho a cidade de Vila Franca de Xira recebe milhares de visitantes para assistirem às largadas de toiros, aos concertos musicais e para conviverem. Um dos pontos altos da festa é a homenagem ao campino.

A festa mais importante da cidade de Vila Franca de Xira está de regresso entre os dias 2 e 4 de Julho. O Colete Encarnado celebra este ano a sua 78ª edição com um programa ambicioso que a própria presidente da Câmara Munici-pal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, diz querer ser “o melhor da última década”. Para isso tocam em Vila Franca de Xira na Avenida Pedro Vítor os Deolinda, grupo sensação da música portuguesa, autores de canções como “Fon Fon Fon” e “Um contra o Outro” (2 de Julho às 23h30). Os dias seguintes são abrilhantados por José Cid (dia 3 de Julho às 23h00) e no dia 4 de Julho a fadista Carminho encerra os grandes concertos, às 22h00.

Mas não será só de música que vai viver a Festa do Colete Encarnado. Estão previstas largadas de touros para sexta-feira, 2 de Julho (às 21h30), no dia 3 de Julho às 18h30 e no domingo, 4 de Julho, às 10h30. Durante os três dias vão estar expostos 22 automóveis clássicos e 20 motas antigas no Celeiro da Patriarcal e no dia 3 de Julho destaque para uma feira de velharias, coleccionismo e arte-sanato urbano (no jardim municipal às 09h00), uma concentração de campinos com deposição de uma coroa de flores no monumento ao campino (10h00) e um concerto, no largo da câmara, da Banda do Ateneu Artístico Vilafranquense (às 11h00).

O ponto alto será a tradicional ho-menagem ao campino, marcada para as 16h00 de sábado no largo da câmara. Este ano a autarquia entrega o pampilho de ouro a José Domingos, mais conhecido pelos colegas pela alcunha de “Bago de Milho”. A partir das 22h30 realiza-se a tradicional noite da sardinha assada, disponível nas tertúlias e nos postos públicos (situados na Rua Primeiro de Dezembro (junto à antiga lota), Rua Almirante Cândido dos Reis (junto à

Touros, sardinhas e animação nas festas do Colete EncarnadoDeolinda e José Cid são os cabeças de cartaz da festa

companhia de seguros), na Rua Serpa Pinto (próximo da churrasqueira) e no quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira). Às 03h00 da madrugada é distribuído Caldo Verde.

O último dia de festa, 4 de Julho, começa com uma manhã desportiva no

jardim municipal, às 09h00. Mais tarde, às 15h00, dá-se a partida da oitava re-gata Vila Franca – Moita. Às 18h00 é a vez da centenária Praça de Touros Palha Blanco receber a tradicional corrida do Colete Encarnado. Este ano João Moura, António Telles e Ruben Pinar lidam seis toiros Oliveira Irmãos. Os forcados são os Amadores de Vila Franca de Xira. Os bilhetes estão à venda na praça e nos locais habituais. O encerramento dos festejos dá-se no dia 4 de Julho às 24h00 com o lançamento de fogo-de-artifício no Rio Tejo.

Durante os três dias vão andar pelas ruas vários grupos de animação: Bandi-nha dos Cavalos, Grupo Alminhas Dana-das, Farra Balbúrdia, Pilha Galinhas, Salta Pocinhas, o grupo dos Zés Pereiras “Os Amarantinos” e “Os Baionenses”, a Tuna da Escola Superior de Comunicação So-cial, Tuna Médica de Lisboa, Inoportuna e Xirabrass. Durante os três dias de festa vão estar abertas 36 tertúlias, espalhadas pela cidade. O Colete Encarnado é das festas mais tradicionais e emblemáticas do Ribatejo. Anualmente milhares de pessoas deslocam-se à cidade para viver três dias de aficion.

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Está a viver uma situação nova em termos de gestão do Município. Qual o balanço desta partilha de respon-sabilidades com eleitos de outra área política, que decidiu aceitar?

Em primeiro lugar, esclarecer que não se trata de uma situação nova, uma vez que já no primeiro mandato (1998 a 2001) havíamos partilhado responsabilidades com outra força política. Quanto a este mandato, e como tive oportunidade de referir no momento da tomada de posse, o que estamos e vamos continuar a fazer é retribuir a confiança da população com trabalho e empenho. Por isso, estamos a trabalhar com todos os que se revêem

neste projecto e com todos os que, ideo-logicamente diferentes, querem trabalhar na construção de um futuro melhor para todos.

Que dificuldades foram criadas a Vila Franca de Xira com o atraso do QREN?

O Município de Vila Franca de Xira candidatou e viu aprovadas um conjunto de obras no âmbito do QREN, desde logo ao nível dos equipamentos de educação, regularização e requalificação de linhas de água, reabilitação urbana e requalificação da frente ribeirinha cujos trabalhos estão em desenvolvimento.

Como tem sido o relacionamento da câmara com outros parceiros, nomeadamente com os do projecto de requalificação da frente ribei-rinha (nomeadamente a Refer e a Obriverca)?

O Município de Vila Franca de Xira, na sua responsabilidade de promotor das intervenções, estabeleceu parcerias com diversas entidades, entre elas a REFER e a OBRIVERCA, sendo que o atraso da intervenção da OBRIVERCA no espaço da antiga Fábrica do Arroz se ficou a dever a questões e decisões levantadas e a tomar pela REFER.

De que forma está o concelho de Vila Franca de Xira a ser afectado pela crise? Quais as zonas que estão a ser mais afectadas e porquê?

“Preciso acreditar que as obras do novo hospital arrancam este ano”Presidente da câmara de Vila Franca de Xira dá imagem de tranquilidade

Maria da Luz Rosinha responde às perguntas colocadas por O MIRANTE com grande segurança e só tem uma hesitação quando se refere à construção do novo hospital. Com cautela usa a expressão “Preciso acreditar”. Quanto à segurança, uma das questões que mais preocupa os cidadãos afirma que o município é, ao nível da Área Metropolitana de Lisboa e do País, dos Municípios com menor índice de criminalidade.

01 Julho 2010 O MIRANTE5 | COLETE ENCARNADO

O desemprego é desde logo o maior problema com que o País e o Concelho se debatem e que nos preocupa. No fim do mês de Abril de 2010 (dados do Centro de Emprego), existia um total de 6926 desempregados, dos quais, 4890 estão desempregados há menos de 1 ano.

De notar que as pessoas se inscrevem no Centro de Emprego da área da residên-cia, o que não significa que o número de desempregados diga na totalidade respeito a perdas de emprego do concelho de Vila Franca de Xira.

E resposta a este problema é necessa-riamente uma resposta de âmbito nacional, enquanto que à escala local nos compete articular e congregar esforços das redes de solidariedade.

O trabalho desenvolvido pela Rede So-cial assenta numa parceria alargada, efec-tiva e dinâmica, que envolve cerca de 150 instituições, do sector público e privado, e que tem contribuído para o planeamento estratégico da intervenção social local, articulando a intervenção dos diferentes agentes locais para o desenvolvimento social. A Rede Social é, pois, um fórum de articulação de respostas, que congrega a intervenção de todos os agentes sociais locais. As acções da Rede constam em dois tipos de planos – o do CLAS e do das Comissões Sociais de Freguesia.

O que teve que mudar ao nível das finanças municipais e dos inves-timentos públicos?

Estamos a reflectir com os serviços sobre os impactos, quer dos cortes or-çamentais quer da quebra de receitas para serem tomadas decisões quanto ao segundo semestre deste ano.

A insegurança é um dos proble-mas que mais preocupa os cidadãos. Está satisfeita com a actuação das forças de segurança sedeadas no concelho?

O Município de Vila Franca de Xira é, ao nível da Área Metropolitana de Lisboa e do País, dos Municípios com menor ín-dice de criminalidade, sendo a ocorrência com maior índice de registo de queixa a referente à violência doméstica, que não se insere certamente no espírito da pergunta, razão pela qual não nos assiste particular preocupação em relação ao assunto, considerando a acção das forças de segurança (PSP e GNR) fundamental para garantir e melhorar os níveis de segurança existentes.

De notar que este ano iremos inaugurar a nova esquadra da PSP na Póvoa de Santa Iria, que servirá também a freguesia do Forte da Casa.

Acredita que o novo hospital de Vila Franca de Xira esteja construí-

do até ao final do seu mandato, em 2013?

Preciso de acreditar que este ano terão início as obras de construção do novo Hospital de Reynaldo dos Santos, pois caso contrário significaria que muitos problemas tinham surgido.

Como têm corrido os contactos da câmara de Vila Franca de Xira com os responsáveis pela saúde para a resolução dos problemas que existem na assistência aos cidadãos?

O Município tem sido um parceiro activo e exigente junto dos responsáveis da área da saúde. Assim se justifica e está à vista de todos o resultado da aposta na construção de novos equipamentos de saúde tem sido uma realidade desde 1998. Desde esse ano que a Câmara Mu-nicipal tem entendido como prioritários os investimentos directamente relacionados aos cuidados primários de saúde da sua população. Assim foi possível desenvolver um vasto trabalho, traduzido na construção de raiz de um conjunto de equipamentos desta natureza e, também, na adaptação de espaços a estas funcionalidades. Desde essa altura para cá, têm-se concretizado avultados investimentos na construção de Centros de Saúde no nosso Concelho, criando melhores condições para utentes e profissionais do sector. São os casos do Forte da Casa, Bom Sucesso / Arcena, Alverca do Ribatejo, Póvoa de Santa Iria, Vialonga e Castanheira. Em construção está Vila Franca de Xira e para iniciar se possível até final do ano Alhandra.

Mantém a ideia de instalar alguns serviços da autarquia no centro co-mercial Vila Franca Centro. Se sim, quando é que isso vai acontecer?

A Câmara Municipal já deliberou sobre esta matéria. Mudar serviços da dimensão dos da Câmara de Vila Franca de Xira pelo que necessita de um trabalho de rectaguarda muito aprofundado o que tem vindo a acontecer.

Não é normal os autarcas estarem a favor do encerramento de escolas, mas em Vila Franca de Xira a câmara concorda com encerramentos. O que é diferente neste concelho para motivar esta posição?

O que é normal nos autarcas é serem responsáveis e defenderem as melhores condições no caso em apreço para o en-sino das suas crianças, o que em muitos casos poderá significar o encerramento de estabelecimentos, entre outros como o do Monte Gordo (que já estava previsto desde 2007) e o da Calhandriz, pelo número reduzido de crianças que os frequentam. De notar que defendemos a continuidade dos estabelecimentos das Quintas e das

Cachoeiras, ainda que os mesmos não tenham o número mínimo dos 21 alunos previstos na Lei, o que garante o funcio-namento destas duas escolas no próximo ano lectivo.

Este ano tem havido mais feridos do que é habitual nas festas taurinas já realizadas no Ribatejo. Está mais preocupada que habitualmente?

A nossa preocupação é idêntica à de anos anteriores. O aumento de feridos pode estar relacionado com uma série de factores que não são controláveis pelos organizadores. O que desejo é que cada um dos que decida entrar no recinto das esperas para brincar com os touros o faça de forma consciente e responsável de modo a não colocar em causa a sua integridade física e a de outros.

Deu algumas instru-ções especiais para re-forço da segurança das pessoas nas largadas?

Estão já emitidos Editais em papel e on line informan-do que a participação nas esperas é feita de forma voluntária e que a C.M. não se responsabiliza pelo que acontece no interior dos espaços delimitados para as esperas de toiros. Essa informação é ainda frequentemente veiculada no decorrer das esperas, através do sistema de som instalado nas ruas da cidade.

Para além disso é tam-bém feito o aviso aos proprietários de lojas ou outros imóveis que devem proceder às diligências necessárias no sentido de salvaguardar os seus bens, não assumindo a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira quaisquer encargos decorrentes de danos que se venham a verificar.

Tem sido prática das autarquias não assumi-rem responsabilidades em relação aos feridos. Se um ferido nas larga-das pedir uma indem-nização à câmara que vai fazer?

Na sequência da respos-ta anterior, o aviso é prévio e está feito.

Era possível a um presidente de câmara de um concelho de Vila

Franca de Xira, que fosse contra este tipo de festas, acabar com elas?

Esta questão não se coloca em Vila Franca de Xira. A Presidente gosta da Festa e mesmo que tal não acontecesse respeitaria integralmente a tradição e o gosto dos vila-franquenses.

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Neuza Almeida, 31 anos, Empresária Natural de Vila Franca de Xira, Neuza

Almeida, 31 anos, diz que só à noite é que costuma passar pelas festas do Colete Encarnado para ver o ambiente e as tasquinhas. Como não é aficionada, dispensa as largadas de toiros. Para a edição deste ano já convidou alguns familiares para virem ver, pela primeira vez, como é o Colete Encarnado. No seu entender, além do Museu do Neo-Realismo e da zona ribeirinha que liga Vila Franca de Xira a Alhandra, a cidade pouco mais tem de atractivo. “Mesmo à noite não tem qualquer tipo de entrete-nimento”, diz. Uma Loja do Cidadão é o que, no entender de Neuza Almeida, mais falta lhe faz no seu dia-a-dia, uma vez que, para tratar de algum assunto, tem sempre de se deslocar até Lisboa.

Colete Encarnado é uma festa com tradiçãoÉ no primeiro fim-de-semana de Julho que Vila Franca de Xira exalta as tradições e demonstra a vertente de cidade tauromáquica. Entre os dias 2 e 4 a cidade recebe milhares de visitantes para as festas do Colete Encarnado, que são também um ponto de encontro e convívio entre os habitantes do concelho. Quem vive em Vila Franca de Xira não deixa de passar pelas festas.

Paulo Farinha, 38 anos, Empresário Paulo Farinha nasceu na Alemanha

mas trabalha actualmente em Vila Franca de Xira. O proprietário de um stand de automóveis assume que não é um frequentador assíduo das festas do Colete Encarnado, mas sempre que pode, passa pelo recinto.

Caso tivesse que recomendar a um amigo algo para ver na cidade, só lhe ocorre as tascas, garraiadas e os conjun-tos musicais que tocam durante o Colete Encarnado. “Além disso não tem mais nada. Talvez o passeio ribeirinho” afirma. No seu dia-a-dia, Paulo Farinha sente a falta de mais espaços verdes e zonas de lazer na cidade. No seu entender, Alverca do Ribatejo, está mais desenvolvida a todos os níveis que Vila Franca de Xira, que é sede do concelho.

Álvaro Costa, 39 anos, Gerente de lojaPara Álvaro Costa, 39 anos, o Colete

Encarnado é um ponto de reencontro com os amigos que normalmente não vê durante todo o ano porque estão fora. Quando era mais jovem, o vilafranquense era um assíduo frequentador das festas. Pai de um filho pequeno, revela que esse papel lhe retira tempo para, actualmente, poder ir mais vezes até ao recinto das festividades. Gosta particularmente da diversão, das tasquinhas, da sardinhada e da confraternização. O Colete Encarnado e a Feira de Outubro são duas iniciativas que recomendaria a um amigo que quisesse visitar a sua terra. Fora isso, afirma, Vila Franca de Xira não tem grandes atractivos. O gerente lamenta que muitas lojas do Vila Franca Centro estejam fechadas. Um cinema é das coisas que mais sente falta em Vila Franca de Xira.

Hélder Alfaia, 28 anos, Técnico de reparação de tacógrafos

Hélder Alfaia mora em Marinhais e nunca esteve no Colete Encarnado, apesar de ter vontade de visitar as festas, como aficionado que é. Apesar da distância, conhece relativamente bem Vila Franca de Xira. Na cidade gosta particularmente do jardim que existe à beira-rio por trás da estação dos comboios (Jardim Constanti-no Palha). Quando pode, aproveita para dar uns passeios junto à zona ribeirinha. O maior problema que sente quando chega à cidade é atravessá-la. Considera que há muita confusão e muito trânsito, principalmente na entrada Norte, pela rua Alves Redol, que sofreu obras no ano passado.”Já conheço Vila Franca há alguns anos e lembro-me de ver a cidade sempre com obras”, afirma Hélder Alfaia.

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Samuel Póvoa , 66 anos, OurivesSempre que pode, Samuel Póvoa,

66 anos, marca presença nas festas do Colete Encarnado. As largadas de toiros são as actividades que este vilafran-quense aguarda com mais expectativa. Mas, de uma forma geral, gosta de toda a envolvência que caracteriza a festa, que costuma atrair milhares de pessoas a Vila Franca de Xira.

Sobre a cidade, o ourives recomen-daria aos visitantes que dessem um

Lurdes Assunção, 66 anos, ComercianteO desfile de campinos e atrelagens

pelas principais ruas da cidade que se realiza no sábado é o que mais agrada a Lurdes Assunção, de entre o progra-ma das festas do Colete Encarnado. Com 66 anos, assume que essa é a única iniciativa que gosta nos dias de festa. “A partir daí não vejo mais nada. Depois é confraternizar com os meus amigos na noite do Colete Encarnado. Mas uma coisa privada”, conta.

Lurdes Assunção afirma que Vila Franca de Xira não está muito virada para atrair turistas. Ainda assim, sugeria aos amigos que visitassem o Jardim Constantino Palha e o pas-seio ribeirinho que liga a cidade a Alhandra.

No seu entender, o comércio na cidade está a morrer aos poucos. “É preciso criar algo para atrair as pes-soas. Podia-se construir uma univer-sidade na antiga Escola da Marinha. Seria um pólo de desenvolvimento”, refere.

Alice Lambuça, 71 anos, ComercianteComo vilafranquense que é, Alice

Lambuça, 71 anos, gosta do Colete Encarnado. Mas o facto de ter que trabalhar na sua loja, tira-lhe tempo que gostava de ter para ir mais vezes

Fernando Soares, 73 anos, Médico estoma-tologista

Está há cerca de meio século em Vila Franca de Xira. Hoje, com 73 anos, Fernando Soares continua a achar interessantes as festas do Colete Encarnado. Mas lamenta que estejam a ficar descaracterizadas da sua matriz originária. “Quando vim para a cidade faziam-se arraiais e demonstrações do que era realmente a festa brava. Não deviam ser só as esperas. Mas os tempos mudaram”, refere o médico. Se convidasse alguém a vir até Vila Franca de Xira esperaria que as pessoas gostassem da cidade. Coisa cada vez mais difícil, afirma.“Já se comeu bem aqui. Hoje é difícil encontrar um bom restaurante. Só se fazem corridas de toiros nas festas. Temos um espaço espectacular que está subaproveitado que é o Ateneu Artístico Vilafranquen-se”. Fernando Soares diz que fazem falta bons acessos ao hospital.

Maria de Fátima Santos, 47 anos, Funcionária de clínica

Não nasceu em Vila Franca de Xira mas considera-se vilafranquense de gema, uma vez que veio muito nova morar para a cidade ribatejana. Maria de Fátima Santos, 47 anos, não costuma ir com regularidade ao Colete Encarna-do. Diz que nunca lhe foi incutida essa tradição mas, garante que “há sempre

até ao recinto das festividades. Mesmo assim, às vezes à noite, dá um saltinho até à festa. A comerciante lamenta que a cidade esteja a morrer. “Mesmo em termos de festas. Vila Franca de Xira já não é o que era”, garante. Apesar disso aconselharia os seus amigos a visitarem a cidade durante esse período festivo que, no seu entender, não foi devidamente anunciado, à semelhança de outros eventos que se vão realizando pela cidade. Quando se pergunta do que é que mais sente falta no seu dia-a-dia a resposta não podia ser mais clara. Clientes. “Como não há iniciativas que chamem mais pessoas de fora, a não ser o Colete Encarnado e a Feira de Outubro, ninguém visita Vila Franca de Xira”, refere.

tempo para uma voltinha pelas festas”. A Feira de Outubro e a Feira do Cavalo são dois eventos que recomendaria aos amigos que quisessem visitar a terra. No entanto deixa um lamento. “É um crime ver a destruição de monumentos como a Quinta do Farrobo e a Quinta do Palear. Podiam recuperar, nem que fosse para turismo rural”, sugere. A falta de uma oferta satisfatória ao nível dos transportes públicos, é aquilo que, Maria de Fátima Santos, mais sente falta no seu dia-a-dia.

salto até à zona do Monte Gordo, ao Jardim Constantino Palha, ao Jardim de Santa Sofia ou à emblemática praça de toiros Palha Blanco. Diz ainda que há bons restaurantes em Vila Franca de Xira. A falta de um maior policiamento na cidade é o que Samuel Póvoa mais sente falta no seu dia-a-dia, em par-ticular na zona junto à igreja. “De vez em quando a polícia passa aqui. Mas devia passar mais vezes”, defende.

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