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Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll MINISTÉIUO PUBLICO FEIJFRAL Procuradoria-Geral da EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI 2" TURMA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. No /2015/GTLJ-PGR Inquérito n. 3.883/DF Relator: Ministro Teori Zavascki o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA vem, perante Vossa Excelência, oferecer denúncia, Clll separado, cn1 2(>7 (duzentos e sessenta c sete) páginas, digitadas somente e111 ;111verso, instruída com cópia digitalizada do Inquérito n. 3i"lH3/J)F (Doc. 1), além, de outros documentos (Does. 2 a 10), esclarecendo c re- querendo a esse respeito o seguinte: A peça acusatória anexa consiste em pretensão punitiva de- duzida em juízo em face exclusivamente de FERNANDO AI'- FONSO COLLOR DE MELLO, LUIS PEREIRA DUARTE DE AMOP..JM, CLEVERTON MELO DA COSTA, FER- NANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO c PEDR.O PAULO !JERGAMASCHI DE LEON! RAMOS. A acuSJçào envolve fOI- tos j:1 esclarecidos no curso do Inquérito n.

Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

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Page 1: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

Supremo Tribunal Federa:

20/08/2015 15:40 0040945

I llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll

MINISTÉIUO PUBLICO FEIJFRAL

Procuradoria-Geral da Rcpúblic~

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI 2" TURMA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

No /2015/GTLJ-PGR Inquérito n. 3.883/DF Relator: Ministro Teori Zavascki

o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA vem,

perante Vossa Excelência, oferecer denúncia, Clll separado, cn1 2(>7

(duzentos e sessenta c sete) páginas, digitadas somente e111 ;111verso,

instruída com cópia digitalizada do Inquérito n. 3i"lH3/J)F (Doc.

1), além, de outros documentos (Does. 2 a 10), esclarecendo c re-

querendo a esse respeito o seguinte:

A peça acusatória anexa consiste em pretensão punitiva de­

duzida em juízo em face exclusivamente de FERNANDO AI'-

FONSO COLLOR DE MELLO, LUIS PEREIRA DUARTE

DE AMOP..JM, CLEVERTON MELO DA COSTA, FER­

NANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO c PEDR.O PAULO

!JERGAMASCHI DE LEON! RAMOS. A acuSJçào envolve fOI­

tos j:1 esclarecidos no curso do Inquérito n. 3883/D~-~

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I'CIZ

No entanto, existem varias situações pendentes de elucJdaç:io,

o que torna necessária a continuidade das investigaçôcs. Por isso, a

denúncia é instruída apenas com cópia digital do inquérito e1n re-­

ferência, a qual são anexados alguns elementos obtidos dirctanJcntc

pelo Ministério Público.

No caso, no decorrer das investigações objeto do Inquérito 11.

3~R3/DF, comtatou-se a existência de uma organização criminos;1

implantada na Petrobras DistribuidoraS/A- BR DIS'TRIBUI­

])ORA entre os anos de 201 O e 2014, preordenada;] pr]tica, prin­

cipalmente, de crimes de peculato, corrupção ativa e passiva c

bvagem de dinheiro_ O grupo em questão, comandado pelo Scna-

dor FEl"Z_NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, era cs-

truturado em quatro núcleos:

a) núcleo adn1inistrativo, formado por diretores c fí_mcio-

n:irios de alto escalão da BR DISTRII3UIDORA que ocupar;Jnl

seus c1rgos por indicação político-partidária c que, nessa condiç\o,

praticaram ilegalidades em contratos celebrados em bencf1cJO de

determinadas empresas, conforme orientação dirct;J ou indireta do

p;lrlamentar que os apadrinhara;

b) núcleo econôn1ico, formado por empresas e cmpres:1rios

que celebraram contratos com a 13J:Z, DISTRIBUIDORA, que fo-

ram beneficiados pelas ilegalidades cometidas pelos diretores c

funcionários de alto escalão da sociedade de economia Jnist;J ap,l-

drinhados c que, em contrapartida, pagaram vantagens indevicbs

2 de 7

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ao parlamentar responsável pela indicação c manutcnç:lo c111 seus

cargos (apadrinhamento) dos integrantes do núcleo administrat1vo:

c) núcleo financeiro, formado por operadores c intermnh-

ários que se encarregaram de articular os vários núcleos do grupo

criminoso e, particularmente, de receber as vantagens indevidas lbs

empresas bencflCJadas c repassá-las ao parlamentar que vJabiliz,Jv;J

o flmcionamento do esquerna, fazendo tudo isso mediante estraté-

gías de ocultação de sua origem ilícita, através do uso de diversas

empresas e pessoas, manipulando sobretudo dinheiro em espécie;

d) núcleo político, formado pelo Senador respons:tvcl pcLl

indicação c manutenção em seus cargos dos diretores c fllllCJOJJJ-

nos de alto escalão da BR DISTRIBUIDORA que, sob ementa-

çao sua, principalmente por meio de seu "oper;rdor particular",

cometeram ilegalidades que beneficiaram cmpres;rs contr;Jt;llLJs

pela sociedade de economia mista, bem corno pelos auxiliares que

colaboraram diretamente para o recebimento de vantagens indcvi­

cbs pelo parlamentar em questão, como contrap;trticla pcLr vJabili­

za\:Jo do fimcionamento do esquema.

Os fàtos concernentes ao caso são complexos, envolvendo di­

versas pessoas, a maioria das quais não tem foro por prerrogativa de

fimçào perante o Supremo Tribunal FederaL

Os elementos dos autos indicam. que, além dos dcnuncio1dos,

integram a organização criminosa JOÃO MAURO BOSC:IIl-

ERO, ALBEIUO YOUSSEF; ADARICO NEGROMONTE FI­

LHO, JAYME ALVES DE OLIVEIRA FILHO, RAFAEL

J de 7

') .. ~~f

L.-

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ANGULO LOPEZ, ADIR. ASSAD, ROBEl<.TO TROMBElA

RODRIGO MOI<--ALES, RICARDO RIBEIRO PESSOA,

LUIS CLAUDIO CASEIRA SANCI-{ES, DEMETRIUS ZAC:f\­

IUAS DIU!\NA,JOSÉ ZONIS c MARCOS AURÉLIO FRON

TIN SANTANA,

Cinco desse' envolvido' (ALBERTO YOUSSEf; RAFAEL

ANGULO LOPEZ, ROBERTO TROMBETA, RODRICO

MORALES e RICARDO PESSOA) realizaram acordos de coLJ,,

boração devidamente homologados scp pelo Supremo Ti'íbuncli

Fcderal,seja pela 13" Vara Federal de Curitiba, Outro, ta1nbé1n po-

tcncialmentc envolvido, CARLOS ALEXANDRE DE OU

VE!RA FILHO, também realizou acordo de cobbor<~ç;\o,

pendente de homologa\:ão,

f\ jurisprudência atual do Supremo Tribunal Fcdcnl comi-

dera que, em regra, deve ocorrer o desmembramento de c1sos

como esse, permanecendo na Corte ;!penas os detentores da prcr-

rogativa de foro:

"INQUÉRITO IMPUTAÇÃO DOS CRIMES DE PE­CULATO (ART 312 DO CÓDIGO PENAL) E FI<--AUUE À LJCITAÇÀO (ART. 89 DA LEI 8,666/1993), DESMEM­l3RAMENTO EM 1<--ELAÇÀO AOS DENUNCIAI)OS QUE NÃO POSSUEM PKERROGATIVA DE lcORO AGRAVO REGIMENTAL RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, L O Plenário do Supremo Tri­bunal Federal consolidou o entendin1ento de que o desrnernbran1ento deve ser a regra, diante da tnani­festa excepcionalidade do foro por prerrogativa de função, ressalvadas as hipóteses em que a separação possa causar prejuízo relevante. Precedente, 2. No CLIO,

o agravante nJo logrou êxito em comprovar de llnncira oh-

4 de 7 (

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jctiva prejuÍzo concreto e real no JUlgamento ordinár10. 3. Agravo regimentJ l a que se nega provimento." (STF, l'leno, lnq 2(,71 AgR/ AP, Rei. Min. Teori Zav;rscki, j. Oíl.05.2014, v.u., DJE de 27.05.2014)

Atente-se ;rinda para os fundamentos do voto do Mmistr"

Luís Barroso no julgamento do Agravo Regimental no I nquc'rito

n. 3515 (Rclatoria do Ministro Marco Aurélio)- que originou re­

ferido entendimento anterior- , quando disse:

... J Nessa linha, proponho que se estabeleça o crrt.ério de que o desmembramento seja J regra geral, adrnitindo-se exceção nos casos etn que os fatos relevantes estejan1 de tal forma relacionados que o julgan1ento en1 se­parado possa ocasionar prejuízo relevante à prestação jurisdicional. Como regn, essa sitrnção tende a ser nrais comum nos casos em que lr;~a uma C]Uanticbdc cxprcssiv;r de envolvidos, mas esse não há de ser o p;rdmetro dctermÍJWl­te. Incorporando observação feita pelo Ministro Tcori Z<l­vascki c referendacl;r por outros membros do colcgi<~do,

acrescento que o dcsmembrarnento, como rq;r;r, deve ser determinado na primeira oportunidade possível, tão logo se possa constatar a inexistência de potencial prejuízo rclcvalltc.

Em SJtuações de coautoria, portanto, o normal seria IIL\Ilter

no Supremo Tribunal Federal o processo somente clll rdr1:óio ao

Senador FEP..NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO No

entanto, c na linha da absoluta excepcionalidade de que trat;nn os

precedentes do Supremo Tribunal Federal, apesar de não scrcJJI t:l­

tularcs de foro por prerrogativa de função, os demais denunciados

apresentaram condutas estreita e essencialmente vinculadas ao par­

lament;rr em referência, auxiliando-o diretamente no rcccbinrento

5 de 7

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1'(;1(

c na ocultação de valores de origem ilícita relacionados ;to cs-

qucma.

Pela essencialidade da produção das provas ao longo

do processo e sua análise ao final, exatamente para n;\o prcju­

dior a produção das provas c, espcciabnentc, "ocasionar prejuízo rc-

lc!;antc à prestação jurisdicional", afigura-se fundarnental que

LUIS PEREIRA DUARTE DE AMOIUM, CLEVEil..TON

MELO DA COSTA, FERNANDO i\NTONJO DA SILVA TI­

AGO c PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONJ RA-

MOS tenham o mesmo tratamento processual de FERNANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO, sendo todos processados

conjuntarnente perante o Supremo Tribunal Federal.

Assim, requer-se a cisão proccssu:1l do feito, mantendo-se no

Supremo T\·íbunal Federal o processamento pelos fatos narr;tdos

exclusivamente em relação a FERNANDO AFFONSO COL­

LOR DE MELLO, LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM,

CLEVERTON MELO DA COSTA, FERNANDO ANTONIO

Di\ SILVA TIAGO c PEDRO PAULO DEI.<..GAMSCHI DELE-

ON f RAMOS, c remetendo-c.e cópia dos autos, bem como das

J\çàcs Cautelares 11. 3870 (afastamento de sigtlos fiscal c hlllcírío)

c n. 3909 (busca c apreensão) para a 1T Vara Federal de Curitiba,

volvidos: JOÃO MAURO lJOSCHIEP-.0, ALI3ER.T'O YOUSSEI~

ADAIUCO NEGROMONTE FILHO, JAYME ALVES I)E

OLIVEfl<..A FILHO, RAFAEL ANGULO LOPEZ, ADII{., AS~

zjf/) (.-"'''-

(,de 7

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SAD, ROBERTO TROMBETA, ll..ODR!GO MORALES,

CARLOS ALBERTO DE OL!VGEIRA SANTIAGO, RI­

CARDO Rll3EfRO PESSOA, LUIS CLAUDIO CASEIRA

SANCHES, DEMETRJUS ZACARIAS DIUANA, JOSÉ ZO­

NIS c MAJZ.COS AURÉLIO FRONT!N SANTANA.

Brasília (DF), 19 de agosto de 2015.

7 de 7

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Supremo Tribunal Federal

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11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

MlNISTEJ:UO PúBLICO FEDERAL

Procuradoria-Geral da República

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI 2" TURMA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

No 1 /2015/GTLJ-PGR Inquérito n. 3883/DF Relator: Ministro Teori Zavascki

«O qf.le me prcomptl 11àa é o ,~rito dos rormtJftJS, d,Js Pio­lcllfos1 dos dc.>'oncstos, r/(lS sr111 ümÍfCI~ dos sem hitíl. O que IIIC preon.fJ'il é o si!êl/(ío dos b,li!S." (Martin Luthcr Kingjr)

O . PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, no

exercício da função institucional prevista no art. 129, inciso I, da

Constituição de 1988, no art. 6", inciso V, da Lei Complementar n.

75/1993 e no art. 24 do Código de Processo Penal, tendo ern vista

os fatos apurados no Inquérito n. 3883/DF, vem oferecer a pre­

sente DENÚNCIA em face de:

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, bra­sileiro, casado, empresário e político, atualmente detentor de mandato de Senador, nascido em 12/08/1949, filho de Lcda Collor de Mello, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda- CPF/MF sob o n. 029.062.871-72, residente na Avenida Álvaro de Otacílio, n. 3749, ap;lrtamen­to 602, Jatiúca, Maceió, Alagoas, no SMLN Ml, Trecho I O, Conjunto Ol, s/n., Casa 01, Brasília, Distrito Federal, e na Rua dos Ingleses, n. 308, andar 7, Morro dos Ingleses, São Paulo, São Paulo, com domicílio fimcional no Senado Fede­raJ,"localizado na Praça dos Três Poderes, Anexo I, 13° andar,

J),,;li,, Di;<,i<o FcJ~ ~·

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c.:cc '"- _ _ ______ -----·- ____ _ ___ _ __ ___ _ ___ --·-----------·-------·--. . ______ . ___ _ __

LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM, brasileiro, casado, policial militar reformado e administrador de empre­sas, nascido em 21/04/1961, filho de lvone Pereira de Amo­rim, inscrito no CPF/MF sob o 11. 332.104.974-00, residen­te no Condomínio Aldebaran, Quadra M, Casa 05, Tabuleiro dos Martins, Maceió, Alagoas, com domicílio profissional na sede da empresa TV Gazeta de Alagoas Ltda., localizada na R.ua Aristeu de Andrade, n. 355, Farol, Maceió, Alagoas;

CLEVERTON MELO DA COSTA, brasileiro, casado, as­sessor parlamentar, nascido em 18/11/1964, filho de Diva Melo da Costa, inscrito uo CPF/MF sob o n. 410.805.804-68, residente e domiciliado no Loteamento Trevo do Fran­cês, !<..ua Águas Claras, Quadra l~ n. 13, Marechal Deodoro, Alagoas;

FERNANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO, brasileiro, casado, assessor parlamentar, nascido em 12/09/1963, filho de Benedita Silva Tiago, inscrito no CPF/MF sob o n. 341.145.304-44, residente e dorniciliado na Rodovia AL 1 Ol, Residencial Mares do Sul, 60, A, Massagueira, Marechal Deodoro, Alagoas; c

PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RA­MOS, brasileiro, casado, en1presário, nascido ern

22/0311960, filho de Myrtbis Ruschel Berg;mraschi de Leo­ni Ramos, inscrito no CPF/MF sob o n. 599.838927-15, re­sidente na Alameda !tu, n. 93, apartamento 141 ,Jardins, São Paulo, São Paulo, com domicílio profissioml na sede da em­presa GPI Participações e Investimentos S/ A, localizada na Rua Padre João Manoel, n. 923, 11 o andar, Cergueira César, São Paulo, São Paulo.

2 de 267

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1. Individualização e tipificação das condutas

No caso, no mínimo entre os anos de 201 O e 2014, verificou-

se o funcionamento de uma organização criminosa relacionada à

sociedade de economia mista federal Petrobras Distribuidora S/ A

- BR DISTIUBUIDOIU, voltada principalmente ao desvio de

recursos em proveito particular, à corrupção de agentes públicos e

à lavagem de dinheiro. Os integrantes do grupo criminoso tiveram

atuações distintas no esquerna em questão. Por isso, rnostra-se ne­

cessário individualizar e tipificar, separacbmente, a conduta de cada

um.

1.1. Fernando Affonso Collor de Mello

1.1.1. Entre 2010 e 2014, em São Paulo/SP e no Rio de Ja­

neiro/R], FERNANDO AFFONSO COLLOR. DE MELLO, na

condição de Senador, de modo livre, consciente e voluntário, em

unidade de desígnios com seu "operador particular" PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEON! RAMOS e seu "testa-de­

ferro" LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM, solicitou, acei-

tou promessa nesse sentido e recebeu, para si e para esses últimos,

vantagem pecuniária indevida, no valor total de pelo menos R$

6.000.000,00 (seis milhões de reais), para viabilizar irregularmente

um contrato de troca de bandeira de postos de combustível ceie-

brado entre a DVllR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a BR

DISTRIBUIDORA, o que acabou de fato ocorrendo nos anos de

2010 e 2011, por intermédio da atuação de LUIZ CLAUDIO

3 de 267

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I'(; I\

CASEIRA SANCHES, Diretor de Rede de Postos de Serviço da

sociedade de economia mista em questão, sediada na capital cari­

oca, o qual fora politicamente indicado para tal cargo pelo parla­

mentar, através do seu partido político, o Partido Thbalhista

Brasileiro- PTB. O recebimento dos valores ocorreu por meio de,

pelo menos, 4 (quatro) pagamentos em espécie, realizados por

CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA SANTIAGO, rcprcscn-

tantc da ernpresa contratada, em datas não identificadas ao longo

do ano de 2012, em postos de combustível localizados na capital

paulista, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar e maneira de

execução, tendo sido os valores recolhidos por emissários de AL··

BERTO YOUSSEF e posteriormente repassados aos destinat:Irios

finais. Assirn, FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO,

agindo dolosamente, cometeu, no Inínimo 4 (qu;rtro) vezes, o

crime de corrupção ativa em concurso material e em concurso de

pessoas, previsto no art. 317, § 1°, cumulado com o art. 327, § 2",

combinado com os arts. 29 e 69, todos do Código Penal.

1.1.2. Entre 2010 e 2014, ern S5o Paulo/SP e no l:Z.io de Ja­

neiro/R], FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, na

condição de Senador, de modo livre, consciente e voluntário, em

unidade de desígnios com seu "operador particular" PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONJ RAMOS c seu "testa-de­

ferro" LUIS PEREIRA DUARTE DE AMOR!M, solicitou, acei-

tou promessa nesse sentido e recebeu, para si e para esses últimos,

vantagem pecuniária indevida, no valor total de pelo menos R$

20.000.000,00 (vinte milhões de irregular-

4 de 267

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mente a celebração de quatro contratos de construção de bases de

distribuição de combustíveis (novos cais flutuantes no 1erminal do

Amazonas - TEMAN, na Base de Caracaraí - BAR.AC c na Base

de Oriximiná- BARIX, ampliação do Terminal de Duque de Ca­

xias- TEDUC, Nova Base de Cruzeiro do Sul- BASUL 11 c Base

ele Porto Nacional - BAPON) entre a UTC ENGENHARIA

S/ A e a BR DISTRIBUIDORA, o que acabou de E.tto ocor­

rendo entre o final do ano de 2010 e o início do ano de 2011, por

intermédio da atuaçào de JOSÉ ZONIS, Diretor de Operações e

Logística da sociedade de economia mista em questão, sediada na

capital carioca, o qual fora politicamente indicado para tal cargo

pelo parlamentar. O recebimento dos valores ocorreu por rneio de,

pelo menos, 21 (vinte e um) pagamentos em espécie, realizados

por RICARDO RIBEIRO PESSOA, representante da empresa

contratada, em datas não identificadas ao longo do final de 201 O

até m.eados de 2012, na sede da UTC ENGENHARIA S/ A na

capital paulista, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar e ma­

neira de execução, tendo sido os valores recolhidos por PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONJ RAMOS e por AL-

BERTO YOUSSEF ou por seus enlÍssários e posteriormente re­

passados aos destinatários fimis. Assim, FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, agindo dolosam.ente, cometeu, no mí--

nimo 21 (vinte e uma) vezes, o crime de corrupção ativa em con­

curso material e em concurso de pessoas, previsto no art. 317, § 1",

cumulado com o art. 327, § 2°, combinado c

todos do Código Penal.

5 de 2(,7

Page 13: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

I'CR

1.1.3. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em Brasília/ DF,

Sào Paulo/SP e Maceió/ AL, o Senador FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e vo-

luntário, em unidade de desígnios com seu "operador particular"

PEDRO PAULO BERGAMASCHl DE LEONI RAMOS, de-

positou em dinheiro ou recebeu depósitos em dinheiro de R$

2.616.409,20 (dois milhões, seiscentos e dezesseis mil, quatrocen­

tos e nove reais e vinte centavos) em snas contas bancárias pessoais

(conta 201, agência 4454, do Itaú Unibanco, conta 10il68811,

agência l, Banco Santander, conta 116750, agência 5977, do

Banco do Brasil, conta 7557906, agência 4883, do Banco do l3rasil

e conta 20001, agência 2842, do Banco Bradesco), valor este con­

sistente em parte da propina recebida em função dos contratos cc-

lebrados entre a DVBR - DERIVADOS DO BRASIL S/ A c a

UTC ENGENHAIUA S/ A, de urn lado, e a Bit DISTRIBUI-

DORA, de outro, tendo havido fi:acionamento de operações, de

modo que o valor de cada mna, nas mesrnas datas ou em datas

próximas, fosse inferior a .R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou R$

100.000,00 (cem míl reais). Essa estratégia objetivava evitar a iden­

tificação dos depositantes e a comunicação das operações ao Con-·

selho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, conforme

previsto nos arts. 9°, § 1°, incisos [ e lll, 12, inciso li, c 13, inciso I,

da Carta. Circular n. 3.461/2009, o que acabou de L1to ocorrendo,

levando à ocultação e dissimulação da natureza, da origem, da lo­

calização, da disposição, da movimentação e da propriedade de va-

6 de 267

Page 14: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

I'(; IZ

descritos. Os depósitos foram feitos ou recebidos crn 61 (sessenta c

um) dias distintos, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar c

maneira de execução, tendo sido realizados de forma reiterada c

no âmbito de organização criminosa. Assim, FEI.<..NANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, agindo dolosamente, cometeu,

no minimo 61 (sessenta e uma) vezes, o crime de lavagem de di­

nheiro qualificado em concurso material e em concurso de pes­

soas, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1998, combinado

com os arts. 29 e 69 do Código Penal.

1.1.4. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014,em Maceió/AL,

o Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, de

modo livre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios com

seu "operador particular" PEDRO PAULO UERGAMASCHI

DE LEONI RAMOS e com seu "testa-de-ferro" LUIS PE-

REIRA DUARTE DE AMORIM, diretor da GAZETA DE

ALAGOAS LTDA., depositou em dinheiro ou recebeu depósitos

em dinheiro de R$ 4.190.543,20 (quatro milhões, cento e 1101JCI/ta mil,

quinhentos e quarenta e três reais e JJinte centaJJos) ern contas da refc-

rida empresa (conta 62596, agência 3047, do Banco Bradesco,

principalmente, e conta 19527, agência 1465, do ltaú Unibanco),

valor este consistente ern parte da propina recebida em fu n<,ciío dos

contratos celebrados entre a DVBR DERIVADOS DO BRA­

SIL S/ A e a UTC ENGENHARIA S/ A, de um lado, e a BR

DISTRIBUIDOI<..A, de outro, tendo havido o fi·acionamento de

operações, de modo que o valor de cada uma, nas mesmas datas ou

em datas próximas, fosse inferior a Fl$ lOJJOO,OO (dez mil reais) ou

p 7 de 267

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R$ 100.000,00 (cem mil reais), além da mistura de dinheiro ilícito

com recursos lícitos da empresa. Essa estratégia objetivava evitar a

identificação dos depositantes c a comunicação das oper:tções ao

Conselho de Controle ele i\.tividades Financeiras - COAF, con-

forme previsto nos arts. 9°, § 1°, incisos I e lll, 12, inciso li, e 13,

inciso I, da Carta Circular n. 3.46112009, o que acabou de f;no

ocorrendo, levando à ocultação e dissimulação da natureza, da ori­

gem, da localização, da disposição, da movirnenta~cão c da proprie­

dade de valores provenientes diretamente dos crimes de corrupção

passiva já descritos. Os depósitos foram feitos ou recebidos em 67

(sessenta e sete) dias distintos, em diferentes circunst;Íncias de

tempo, lugar e m~tneira de execução, tendo sido realizados de

forma reiterada e no âmbito de organização criminosa. Assim,

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, agindo dolo-

samente, cometeu, no mínimo 67 (sessenta e sete) vezes, o cnme

de lavagem de dinheiro qualificado em concurso material e em

concurso de pessoas, previsto no art.1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1998,

combinado com os arts. 29 e 69 do Código Penal.

1.1.5. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em Maceió/ AL,

o Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR. DE MELLO, de

modo livre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios com

seu "operador particular" PEDRO PAULO BEl~GAMASCHI

DE LEONI RAMOS e com seu "testa-de-ferro" LUIS PE­

REil<--A DUARTE DE AMORTM, diretor da TV GAZETA DE

ALAGOAS LTDA., depositou em dinheiro ou recebeu depósitos

em dinheiro de R$ 8.814. 794,86 (oito mil!úies, oitocentos e quatorze

. ~ 8 de 267

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mil, setecentos e nm;cnta e quatro reais c oitenta e seis ccnta11os) na cont;1

da empresa H0 61000, agência 3047, Banco 13radcsco, valor este

consistente em parte da propina recebida em função dos contratos

celebrados entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a

UTC ENGENHARIA S/ A, de um lado, c a BR DISTRIBUI­

DORA, de outro, tendo havido o li-acionamento de operações, de

rnodo que o valor de cada uma, nas mesrnas datas ou em datas

próximas, fosse inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou

n .. $1 00.000,00 (cem mil reais), além da mistura de dinheiro ilícito

com recursos lícitos da empresa. Essa estratégia objetivava evitar a

identific;1ção dos depositantes e a cornunicação das operações ao

Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, con­

forme previsto nos arts. 9°, § 1°, incisos I e lll, 12, inciso 11, e 13,

inciso I, da Carta Circular n. 3.461/2009, o que acabou de fàto

ocorrendo, levando à ocultação e dissimulação da natureza, da ori­

gem, da localização, da disposição, da movimentação e da proprie­

dade de valores provenientes diretainente dos crimes de corrupção

passiva já descritos. Os depósitos foram feitos ou recebidos ern 122

(cento e vinte e dois) dias distintos, em diferentes circunstânci;Js de

tempo, lugar e maneira de execução, tendo sido realizados de

forma reiterada c no âmbito de org;mização criminosa. Assim,

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, agindo dolo­

samente, cometeu, no mínirno 122 (cento e vinte e duas) vezes, o

crime de lavagem de dinheiro qualificado em concurso material c

em concurso de pessoas, previsto no art. l 0 , § 4°, da Lei n.

9.613/1998, combinado com os arts. 29 e 69 do Códi o Penal.

9 ele 267

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1. 1.6. Entre janeiro de 201 O e dezembro de 2014, em Brasí­

lia/DF, FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, na

condição de Senador, de modo livre, consciente e voluntário, em

unidade de desígnios com CLEVERTON MELO DA COSTA e

FERNANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO, norneou os dois

últimos para cargos de assistente ou auxiliar parlamentar em seu

gabinete no Senado Federal, sem que e.les tivessem a obrigação de

efetivamente desempenhar atividades relacionadas às suas esferas de

atribuições funcionais. Os dois assessores, na realidade, nesse perí­

odo, residiram em Alagoas c lá prestaram serviços particulares a

FERNANDO AFFONSO COlLOR DE MELLO c a duas de

suas empresas, a GAZETA DE ALAGOAS LTDA. c a TV GA­

ZETA DE ALAGOAS LTDA., inclusive depositando parte dos va­

lores em espécie oriundos de propina relacionada aos contratos

celebrados entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a

UTC ENGENHARlA S/ A, de um lado, e a BR. DISTRIBUI­

DORA, de outro, nas contas das pessoas jurídicas vinculadas ao

Senador, no valor total de R$ 1.968.768,00 (um milhão, novecen­

tos c sessenta e oito mil, setecentos e sessenta e oito reais), rece­

bendo ambos remuneração das empresas para tanto. Ao mesmo

tempo, auferiram vencimentos do Senado Federal, no valor total

de R$ 327.550,97 (trezentos e vinte e sete mil, quinhentos c cin­

quenta reais), sem prestar a correspondente contrapartida ao ser­

viço público, o que os caracteriza como autênticos "funcionários

fantasmas", por meio dos quais ocorreu desvio de recursos públi-

cos. Assim,

10 de 2(>7

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I'CR

aproveitando-se das facilidades que a função de Senador lhe pro­

porciona, desviou dinheiro público de que tinha a posse, no sen­

tido de disponibilidade jurídica, em razão do cargo, em favor de

CLEVERTON MELO DA COSTA e FERNANDO ANTO-

NIO DA SILVA TIAGO, nomeando-os para cargos de assistente

ou auxiliar parlamentar, sem que eles trabalhassem como tais, em­

bora recebessem os correspondentes vencimentos. A conduta foi

praticada ao longo de 48 (quarenta e oito) meses, em diferentes

circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução. Assim,

agindo dolosamente, FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO cometeu, 48 (quarenta c oito) vezes, o crime de pecuL1to

qualificado, em concurso material e em. concurso de pessoas, pre­

visto no art. 312, caput, cumulado com o art. 327, § 2°, combinados

com os arts. 29 e 69, todos do Código Penal.

1.1.7. Entre 2013 c 2014, em São Paulo/SI~ FERNANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e

voluntário, utilizou valores em espécie c valores anteriormente de­

positados em contas bancárias de sua empresa TV GAZETA I)E

ALAGOAS LTDA., ambos oriundos de propina relacionada aos

contratos celebrados entre a DVBR - DERIVADOS DO B.RA-­

SIL S/ A e a UTC ENGENI-IAR.JA S/ A, de um lado, c a BR

DISTRIBUIDORA, de outro, para adquirir o veículo da marca

Lam/;o~!fhini, modelo A1Jentador Roadster, ano 2013/2014, cor azul,

placa FCL0700, chassi ZHWER1ZD2ELA02159,junto à empresa

AUTO Il...OSSO COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA, pelo va­

lor de R$ 3.200.000,00 (três milhões e duzentos mil reais). FER-

~ 11 de 267

Page 19: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO pagou

R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) em valores em

espécie .. O financiamento de parte do valor do automóvel, no

montante de R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais),

tern o maior número de suas parcelas pagas pela TV GAZETA DE

ALAGOAS Ll'DA. O carro, apesar de ser um bem de luxo de uso

pessoal, foi registrado em nome da ÁGUA BRANC!\ PARTICI­

PAÇÕES L1DA., empresa de ocultação patrimonial do parlamen­

tar. Desse modo, FERNANDO AFFONSO COLLOR. DE

M.ELLO ocultou e dissimulou a naturez.a, a origem, a localização, a

disposição, a movimentação c a propriedade de bens c valores pro­

venientes, direta ou indiretamente, dos crimes de corrupç;\o <Itiva

já descritos, inclusive os convertendo em ativo lícito de empresa a

ele vinculada, fazendo-o no âmbito de organização criminosa. As­

sim, agindo dolosarnente, ele cometeu o crime de lavagem de di­

nheiro qualificado previsto no art. 1", caput, § l", inciso !, e§ 4", da

Lei n. 9.613/1998.

1.1.8. Ern 2013, em São Paulo/SP, FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e vo­

luntário, em unidade de desígnios com LUIS PEll-.ElRA

DUART'E DE AMORIM, utilizou valores em espécie e valores

anteriormente depositados em contas bancárias de sua empresa

GAZETA DE ALAGOAS LTDA., ambos oriundos de propina re­

lacionada aos contratos celebrados entre a DVHR - DERIVA-

DOS DO BRASIL S/ A e a UTC ENGENHARIA S/ A, de um

lado, e a BR DISTRIBU!DOIZ.A, de outro, para ad9 irir o veí-

12 de 267

Page 20: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

PGR

cu lo da marca Bentlcy, modelo Continental Flyinx Spur, ano 2012,

cor cinza, placa GJCOllO, chassi SCBBE53W4DC080725,junto à

empresa BRJTJSH CARS DO BRASIL LTDA., pelo valor de

R$ 975.000,00 (novecentos e setenta e cinco mil reais). FER­

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO pagou

R$ 675.000,00 (setecentos c cinqucnta mil reais) por meio de

transferências diretas da GAZETA DE ALAGOAS lTDA. c

R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) por meio de transferência

da ÁGUA BRANCA PARTICIPAÇÕES LTDA., antecedida de

depósito em dinheiro na conta da empresa na mesma quantia c na

mesma data. Os restantes R$ 225.000,00 (duzentos e vinte e cinco

mil reais) foram pagos por meio de transferências diretas da em­

presa PHISICAL COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTA­

ÇÃO LTDA., operada por ALBEI(fO YOUSSEF, o qual recebeu

orientação nesse sentido de LUIS PEREIRA DUARTE DE

AMO RIM. O carro, apesar de ser um bem de luxo de uso pessoal,

foi registrado em nome da AGUA BRANCA PARTICIPAÇÔES

LTDA., empresa de ocultação patrimonial do parlamentar. Desse

modo, FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, com o

auxílio de LUÍS PEREIRA DUARTE DE AMORIM, ocultou e

dissimulou a natureza, a origem, a localização, a disposição, a movi­

mentação e a propriedade de bens e valores provenientes, direta ou

indiretamente, dos crimes de corrupção ativa já descritos, inclusive

os convertendo em ativo lícito de empresa a ele vinculada, f.1-

zendo-o no âmbito de organização criminosa. Assim, agindo dolo-

13 de 267

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PCR

previsto· no art. 1°, caput, § 1°, 111C1SO I, e § 4°, da Lei n.

9.613/1998.

1.1.9. Entre 2013, em São Paulo/SP, FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente c vo-

luntário, utilizou valores anteriormente depositados em espécie

em contas bancárias de sua empresa TV GAZETA DE ALAGOAS

LTDA., oriundos de propina relacionada aos contratos celebrados

entre a DVBR --DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a UTC EN­

GENHArUA S/ A, de um lado, e a BR DISTR!l3UIDORA, de

outro, para adquirir o veículo da marca LandR.o!Jcr, modelo I<.angc

/(ouer SDVS Vi1gue, ano 2013/2014, cor preta, placa FC01102,

chassi SALGA2HFJEA15l827, junto à empresa AUTOSTAR

COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA., pelo valor de

R$ 570.000,00 (quinhentos e setenta mil reais). FERNANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO pagou o preço por meio de

transferências da ÁGUA BR.ANCA PARTICIPAÇÕES LTDA.,

antecedidas de transferências da TV GAZETA DE ALAGOAS

LTDA. para essa empresa nas mesmas datas e praticamente nos

mesmos· valores. O carro, apesar de ser um bem de luxo de uso

pessoal, foi registrado em nome da ÁGUA BRANCA PARTICI­

PAÇÕES LTDA., empresa de ocultação patrimonial do parlamen­

tar. Desse modo, FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO ocultou c dissimulou a natureza, a origem, a localização, a

disposição, a movimentação e a propriedade de bens e valores pro­

venientes, direta ou indiretamente, dos crimes de corrupção ativa

já descritos, inclusive os convertendo em ativo lícito de

14 de 2(>7

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ele vinculada, fazendo-o no âmbito de organização crirninosa. As­

sim, agindo dolosamente, ele cometeu o crime de lavagem de di­

nheiro qualificado previsto no art. 1°, caput, § 1°, inciso I, c§ 4°, tb

Lei n. 9.613/1998.

1.1.10. Entre 2011 e 2014, em São Paulo/SP, FEI<..NANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e

voluntário, utilizou valores anteriormente depositados em espécie

em contas bancárias de sua empresa TV GAZETA DE ALAGOAS

LTDA., oriundos de propina relacionada aos contratos celebrados

entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A c a UTC EN­

GENHARIA S/ A, de um lado, e a BJ<.. DISTlUBUIDORA, de

outro, para adquirir o veículo da marca Fcrrari, modelo 458 fta/ía,

ano 2010/2011, cor vermelha, placa FFIOllO, chassi ZFf~67N­

FL2B0177478, junto à empresa AUTO ROSSO COMÉRCIO

DE VEÍCULOS LTDA., pelo valor de R$ 1.450.000,00 (urn mi­

lhão, quatrocentos e cinquenta rnil reais). FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO fez um financiamento para

pagar parte do valor do automóvel, no montante de R$750.000,00

(setecentos c cinquen ta mil reais), sendo as respectivas parcelas pa­

gas pela TV GAZETA DE ALAGOAS .LIDA. No entanto, o carro,

apesar de ser um bem. de luxo de uso pesso<Jl, foi registrado em

nome da ÁGUA BRANCA PARTICIPAÇÕES LfDA., empresa

de ocultação patrimonial do parlamentar. Desse modo, FER­

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO ocultou c dissimu-

lou a natureza, a origem, a localização, a disposição, a

movime>,Wçõo c' pmpácd'<k de bem ç ~lorerfli-

15dc267

Page 23: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

I'Giz

reta ou indiretamente, dos crimes de corrupção ativa já descritos,

inclusive os convertendo em ativo lícito de empresa a ele vmcu~~

lada, fazendo-o no âmbito de organização criminosa. Assim,

agindo dolosamente, ele cometeu o crime de lavagem de dinheiro

qualificado previsto no art. 1°, caput, § 1°, inciso I, e§ 4°, da Lei n.

9.613/1998.

1.1.11. Entre 2010 e 2014, em Maceió/ALe São Pauio/SP,

o Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, de

modo livre, consciente e voluntário, fmjou empréstimos fictícios

supostamente por ele tomados perante a TV GAZETA DE ALA­

GOAS LTDA., no valor total de cerca de R$ 35.600.000,00

(trinta e cinco milhões e seiscentos mil reais), bem como fmjou

empréstimos fictícios Sllpostamcnte por ele, juntamente com sua

esposa, concedidos à ÁGUA 13RANCA PARTICIPAÇÕES

LTDA., no valor total de cerca de R$ 16.500.000,00 (dezesseis

milhões c quinhentos mil reais), a firn de justificar tanto a aquisi­

ção de bens pessoais de luxo, em especial os veículos já rnenciona­

dos, com valores oriundos de propina relacionada Jos contratos

celebrados entre a DVBR.- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a

UTC ENGENHAlUA S/ A, de um lado, e a BR DISTRIBUI-

DORA, corno o posterior o registro dessas coisas em nome d~1

ÁGUA BRANCA PARTICIPAÇÕES LTDA., empresa de oculta­

ção patrünonial do parlamentar. Desse modo, FEFlNANDO Af­

FONSO COLLOR DE MELLO, por meio de pelo menos lO

(dez) empréstimos fictícios, forjados em diferentes circunst~ncias

de tempo, lugar e maneira de execução, ocultou c dissimulou a na-

16 de 267

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I'CI\

tureza, a origem, a localização, a disposição, a movimentação e a

propriedade de bens e valores provenientes, direta ou indireta­

mente, dos crimes de corrupção ativa já descritos, fazendo-o no

âm.bito de organização criminosa. Assim., agindo dolosamente, ele

corneteu, pelo menos 10 (dez) vezes, o crime de lavagem de di-­

nheiro qualificado em concurso material, previsto no art. 1°, § 4°,

da Lei n. 9.613/1998, combinado com o art. 69 do Código Penal.

1.1.12. Em 2013, em Maceió/ AL, FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e vo-

luntário, utilizou valores em espécie oriundos de propina

relacionada aos contratos celebrados entre a DVBR - DERIVA-

DOS DO BRASIL S/ A e a UTC ENGENHARIA S/ A, de unr

lado, e a BR DISTRIBUIDORA, de outro, para adquirir o veí-

culo da marca Porsclze, modelo Panamera S, ano 2011/2012, cor

preta, placa OHB0758, chassi WPOAB2A76CL060146, deixando o

automóvel registrado em. nome de terceiro, a empresa GM CO­

MÉRCIO DE COMBUSTÍVEIS LTDA., para fins de ocultação

patrimonial. Desse modo, FERNANDO AFFONSO COLLOR

DE MELLO ocultou e dissimulou a natureza, a origem, a localiza-­

ção, a disposição, a movimentação e a propriedade de bens e valo­

res provenientes, direta ou indiretamente, dos crimes de corrupção

ativa já descritos, fazendo-o no âmbito de organização criminosa.

Assim, agindo dolosamente, ele cometeu o crime de lavagem de

dinheiro qualificado, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1998.

17 de 2(,7

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1.1.13. Entre 2011 e 2014, FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e voluntário,

em unidade de desígnios com seu "testa-de-ferro" LUIS PE-

REIRA DUARTE DE AMO RIM, diretor da TV GAZETA DE

ALAGOAS LTDA., utilizou valores depositados em espécie nas

contas da empresa, oriundos de propina relacionada aos contratos

celebrados entre a DVB.R -·DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a

UTC ENGENHARIA S/ A, de um lado, e a Bl~ DISTRIBUI-

DORA, de outro, para custear despesas pessoais efetuadas com

cartões de crédito ou débito, no valor total de R$ 597.037,47

(quinhentos e noventa e sete mil e trinta e sete reais e quarenta c

sete centavos), bem como para realizar transferências outras para

suas contas pessoais e para as contas pessoais de sua esposa, no va-

lor total de R$ 1.040.630,00 (um rnilhão, quarenta mil, seiscentos

c trinta reais), como estratégia de dissimulação da ilicitude do di­

nheiro. Os atos foram praticados por meio de 62 (sessenta e du:rs)

operações, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar e maneira

de execução. Desse modo, r~ERNANDO AFFONSO COLLOR

DE MELLO ocultou e dissimulou a natureza, a origem, a localiza­

ção, a disposição, a movimentação e a propriedade de valores pro­

venientes, direta ou indiretamente, dos crimes de corrupção <1tiva

já descritos, fazendo-o no âmbito de organização criminosa. Assim,

agindo dolosamente (com dolo direto), ele cometeu, 62 (sessenta e

duas vezes) o crime de lavagem. de dinheiro qualificado em con-

"" "" "''"'''~, P~''"" no '"· 1", § 4", d, Lei o ~

18 de 267

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I'(; I(

1.1.14. Entre 2010 e 2014, em Drasília/DF; 1<-io de

Janciro!RJ, Sào Paulo/SP c Maceió/ AL, o Senador FEKNANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente c

voluntário, em unidade de desígnios com LUÍS PEREIRA DU-

ARTE DE AMORIM, CLEVERTON MELO DA COSTA,

FERNANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO, PEDRO PAULO

13ERGAMASCHI DE LEONI RAMOS (além de João Mauro l3os-

chicro, Alberto Youssef, jayn1e Alves de OliiJeira Filho, Adarico Negro­

monte Filho, Rafoel Angulo Lopez, Adir Assad, Roberto 'lh>mbeta,

R.odrigo Mora/e;~ Carlos Alberto de Ofil!eira Santiago, Ricardo Ribeiro

Pessoa, Luis Cláudio Caseira Sanclzes, Dernétrius Laca rias Diuana, José

Zonis e i'vfarcos Aurélio Frontir1 Santana, que, por estesjàtos, não sã<> de-

mmciados perante o Supren1o 'Tribu11al Federal), constituiu e integrou

pessoalmente organização criminosa formada por mais de quatro

pessoas, estruturalmente ordenada c caracterizada pela divisão ele

tarefas, formada por um núcleo político, um núcleo financeiro, um

núcleo econômico e um núcleo administrativo, preordenada a ob-

ter vantagens indevidas no âmbito da Bl<. DISTRIBUIDORA,

por meio da prática de crimes de peculato, corrupção ativa c pas­

siva e lavagem de dinheiro, todos sancionados com penas máximas

superiores a quatro anos de privação de liberdade. O parlamentar

exercia posição de comando no grupo criminoso, o qual era inte­

grado por funcionários públicos, tanto do Senado Federal quanto

da Polícia Federal, bem como da sociedade de econornia mista fe-

dera! Petrobras Distribuidora S/ A, que se utilizaram de suas condi­

ções funcionais para a prática de infi·ações penais. Assim, agindo

19 ele 267

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dolosamente, ele cometeu o crime de organização criminosa qua­

lificado, previsto no nt. 2°, § 3° e § 4°, inciso 11, da Lei n.

12.850/2013.

1.1.15. Em 15/08/2014, em Brasília/DF, o Senador FER­

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre,

consciente c voluntário, encaminhou à agência 4454 do ltaú Uni­

banco pedido de estorno de créditos relativos a depósitos em di­

nheiro crn sua conta pessoal de n. 201, cujos comprovantes foram

encontrados durante diligência de busca e apreensão com AL­

BERTO YOUSSEF. Com isso, o parlamentar procurava se desvin-

cular dessas operações c evitar a instauração de investigação sobre

os fatos no âmbito do Supremo Tribunal Federal, não tendo ele al­

cançado o objetivo pretendido por circunstâncias alheias à sua

vontade, pois os estornos não restaram efetivados, e o inquérito

contra ele foi instaurado, levando à identificação de orgamzaç~w

criminosa que atuou entre 2010 c 2014 na BR DISTR!l3UI­

DORA. Assim, agindo dolosamente, FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO cometeu o crime de impedimento ou

obstrução de investigação de organização criminosa, em sua forma

tentada, previsto no art. 2°, § F, combinado com o art. 14, inciso

li, do Código Penal.

1.2. Luis Pereira Duarte de Amorim

1.2.1. Entre 2010 e 2014, em São Paulo/SI' e em

Maceió/ AL, LUIS PERE!.RA DUARTE DE AMORIM, na con­

dição de interposta pessoa do Senador FERNANDO

20 de 2(>7

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COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e voluntário,

em unidade de desígnios com o parlamentar, concorreu para que

esse últim.o recebesse vantagem pecuniária indevida, no valor tot;ll

de .R$ 26.000.000,00 (vinte e seis milhões de reais), para viabilizar

irregularmente um. contrato de troca de bandeira de postos de

combustível celebrado entre a DV!3R - DERIVADOS DO

URASIL S/ A e a BR DISTRIBUfDORA c guatro contratos de

construção e amp.liação de bases de combustíveis celebr;ldos entre

a UTC ENGENHARIA S/ A e a mesma sociedade de economia

mista federal, o gue acabou de fato ocorrendo. LUIS PEREIRA

DUARTE DE AMORIM recebeu valores em espécie de AL-­

BERTOYOUSSEF e de pelo menos um emissário dele, [lAFAEL

ANGULO LOPEZ, em nome de FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, a guem as quantias foram repassadas.

LUIS PER.EIRA DUARTE DE AMORIM também se benefi­

ciou financeiramente das operações ilícitas, depositando valores em

espécie de origem ilícita, de forma fi·acionada, em suas contas ban­

cárias pessoais, no montante total de R$ 266.798,00 (duzentos c

sessenta e seis mil, setecentos e noventa e oito reais). Os atos foram

praticados por meio de pelo menos 25 (vinte e cinco) recebinJen­

tos de vantagens indevidas, em diferentes circunstâncias de tempo,

lugar e maneira de execução. Assim, agindo dolosamente, ele co­

meteu, no mínin1o 25 (vinte e cinco) vezes, o crime de corrupção

ativa em concurso 1Tlaterial e em concurso de pessoas, previsto no

art. 317, § 1°, cumulado com o art. 327, § 2°, combinado com os

arts. 29 e 69, todos do Código Penal.

21 de 267

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1.2.2. Entre 2013 e 2014, especialmente em 11/06/2013,

14/06/2013, 02/09/2013, 02/10/2013, 24/10/2013, 25/10/2013,

3l!l0/20l3 e em 27 de janeiro de 214, em São Paulo/SI' e Ma­

ceió/ AL, LUIS PER.EIR.A DUARTE DE AMORIM, de modo

livre, consciente c voluntário, recebeu valores em espécie de ori­

gcrn ilícita, oriundos de propina relacionada aos contratos celebra-

dos entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a UTC

ENGENHARIA S/ A, de um lado, e a 13Ft DISTRIBUIDORA,

junto a ALBERTO YOUSSEF, no escritório desse último na capi­

tal paulistana, e junto ao emissário RAFAEL ANGULO LOPEZ,

na capital alagoana, e repassou as quantias ao Senador FEIZ.-

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, tendo sido identi-

ficada inclusive a emissão de dois cheques pelo "testa de ferro" em

favor de seu patrão, em 27/03/2013 c 28/03/2013, no valor total

de R$ 25.000,00 (vinte c cinco mil reais), bto ilustrativo dessa

prática. A utilização de dinheiro em espécie c a intermediaçào de

LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM, em pelo menos 08

(oito) oportunidades, em diferentes circunst;Íncias de tempo, lugar

e maneira de execução, constituem estratégias de ocultação ou dis­

simulação da origen1, da localização, da disposição, da movimenta­

ção e da propriedade de valores provenientes, direta ou

indiretamente, dos crimes de corrupção ativa já descritos, de fórma

reiterada c no âmbito de organização criminosa. Assim, agindo do-

losamcnte, LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM cometeu,

pelo menos 08 (oito) vezes, o crime de lavagem de dinheiro quali-

Jr 22 de 267

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I'(;JZ

ficado en1 concurso !llaterial, previsto no art. 1°, § 4", da Lei n.

9.613/1998, combinado com o art. 69 do Código Penal.

1.2.3.Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em. Maceió/ AL,

LUIS PERHRA DUARTE DE AMOJUM, na condição de dire­

tor da GAZETA DE ALAGOAS LTDA., de modo livre, consci-

ente e voluntário, em unidade de desígnios com o Senador

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, depositou em

dinheiro ou recebeu depósitos crn dinheiro de R$ 4.190.543,20

(quatro milhões, cento c noventa mil, quinhentos c quarenta e três

reais e vinte centavos) nas contas da empresa (conta 62596, agência

3047, do Banco Bradesco, principalmente, e conta 19527, agência

1465, do ltaú Unibanco), valor este consistente em parte da pro··

pina recebida em função dos contratos celebrados entre a DVBR

- DERIVADOS DO BRASIL SI A e a UTC ENGENHARIA

SI A, de um lado, e a B.R DISTRIBUIDOR.A, de outro, tendo h a-

vicio o fi·acionamento de opera<,:ões, de modo que o valor de caéb

uma, nas mesmas datas ou em datas próximas, fosse inferior a

R$10.000,00 (dez mil reais) ou R$ 100.000,00 (cem mil reais),

além da mistura de dinheiro ilícito com recursos lícitos da em-

presa. Essa estratégia objetivava evitar a identificação dos deposi­

tantes e a comunicação das operações ao Conselho de Controle de

Atividades Financeiras - COAF, conforme previsto nos arts. 9", §

1", incisos I e IH, 12, inciso II, c 13, inciso !, da Carta Circular n.

3.461/2009, o que acabou de fato ocorrendo, levando à ocultação

e dissimulação da natureza, da origem, da localiza~:ão, da disposi-

23 de 267

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diretamente dos crimes de corrupção passiva já descritos. Os de­

pósitos foram feitos ou recebidos em 67 (sessenta c sete) dias dis-

tintos, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar c maneira de

execução, tendo sido realizados de fonna reiterada e no âmbito de

organização criminosa. Assim, LUIS PEREIRA DUARTE DE

AMORIM, agindo dolosamente, cometeu, no mínimo 67 (ses­

senta c sete) vezes, o crime de lavagem de dinheiro qu;llificado Clll

concurso material e em concurso de pessoas, previsto no art. 1°, §

4°, da Lei n. 9.613/1998, combinado com os arts. 29 c 69 do Có­

digo Penal.

1.2.4. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em Maceió/ AL,

LUIS PEREIRA DUARTE DE AMOJUM, na condição de dire­

tor da TV GAZETA DE ALAGOAS LTDA., de modo livre, cons-

ciente e voluntário, em unidade de desígnios com o Senador

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, depositou em

dinheiro ou recebeu depósitos em dinheiro de R$ 8.814. 794,86

(oito milhões, oitocentos e quatorze mil, setecentos e noventa e

quatro reais c oitenta c seis centavos) em um das contas da em-

presa (conta 61000, agência 3047, Banco Bradesco), V<llor este

consistente em parte da propina recebida em função elos contratos

celebrados entre a DVBR.- DERIVADOS DO JJRAS!L S/ A e a

UTC ENGENHARIA S/ A, de um lado, e a BR DISTRll3Ul-

DORA, de outro, tendo havido o fi-acionamento ele oper<lÇÕes, de

modo que o valor de cada uma, nas mesmas datas ou em datas

próximas, fosse inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou

R$ 100.000,00 (cem m.íl reais), além da mistura de dinheiro ilícito

~ 24 de 267

Page 32: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

P(;J(

com recursos lícitos da empresa. Essa estratégia objetivava evitar a

identificação dos depositantes c a comunicação das operaçôes ao

Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF; con-

forme previsto nos arts. 9°, § 1°, incisos l e Ill, 12, inciso ll, e 13,

inciso I, da Carta Circular n. 3.461/2009, o que acabou de fato

ocorrendo, levando à ocultação e dissimulação da natureza, da ori­

gcrn, da localização, da disposição, da movimentação c da proprie­

dade de valores provenientes diretamente dos crimes de corrupção

passiva já descritos. Os depósitos foram feitos ou recebidos em 122

(cento e vinte e dois) dias distintos, em diferentes circunstâncias de

tempo, lugar e maneira de execução, tendo sido realizados de

forma reiterada e no âmbito de organização criminos;L Assim,

LUIS PEREIRA DUAH.TE DE AMORIM, agindo dolosarnente,

cometeu, no mínimo 122 (cento e vinte e duas) vezes, o crillle de

lavagem de dinheiro qualificado em concurso material c em con­

curso de pessoas, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1998,

combinado com os arts. 29 e 69 do Código Penal.

1.2.5. Em 2013, em São Paulo/SI~ LUIS PEREIRA DU-·

ARTE DE AMORIM, na cond.ição de diretor da GAZETA DE

ALAGOAS LTDA., de modo livre, consciente e voluntário, em

unidade de desígnios com o Senador FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, concorreu para a utilização de valores em

espécie e valores anteriormente depositados em contas bancírias

da empresa, ambos oriundos de propina relacionada aos contratos

celebrados entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a

UTC ENGENHARIA S/ A, de un1 lado, e a BR DISTRIBUI-

~-25 de 267

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DORA, de outro, para adquirir o veículo da marca BcntleJ' modelo

Continental Flying Spur, ano 2012, cor cinza, placa GJCOllO, chassi

SCBBE53W4DC080725,junto à empresa BRITISH CAl<--S DO

BRASIL LTDA., pelo valor de l.t$ 975.000,00 (novecentos e se­

tenta e cinco mil reais). FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO pagou R$ 675.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais)

por meio de transferências diretas da GAZETA DE ALAGOAS

LTDA. c R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) por meio de

transferência da ÁGUA BRANCA PARTICIPAÇÕES LTDA.,

antecedida de depósito em dinheiro na conta da empresa na

mesma quantia e na mesma data. Os restantes R$ 225.000,00 (du­

zentos e vinte e cinco mil reais) foram pagos por meio de transfe-

rêncJas diretas da empresa Pl·HSICAL COMÉRCIO

IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA., operada por AL­

BERTO YOUSSEF; o qual recebeu orientação nesse sentido de

LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM. O carro, apesar de

ser um bem de luxo de uso pessoal, foi registrado em nome da

ÁGUA BflANCA PAilTICIPAÇÕES LTDA., empresa de oculta­

ção patrimonial do parlamentar. Desse modo, LUIS PEREIRA

DUARTE DE AMORIM contribuiu para a ocultação e dissi­

mulação da natureza, da origem, da localização, da disposição, da

rnovimentação e da propriedade de bens e valores provenientes,

direta ou indiretamente, dos crimes de corrupção ativa já descritos,

fazendo-·o no âmbito de organização criminosa. Assim, agindo do­

losamente, ele cometeu o crime de lavagem de dinheiro quaJifi ..

cado previsto no art. 1°, § 4°, da Lei 11. 9.613/1998.

26dc2ü7

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1.2.6. Entre 2011 e 2014, LUIS PEREIRA DUARTE DE

AMORIM, na condição de diretor da TV GAZETA DE ALA­

GOAS LTDA., de modo livre, consciente e voluntário, em uni-

dade de desígnios com o seu patrão FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, concorreu para a utilização de valores

depositados em espéCie nas contas da empresa, oriundos de pro­

pina relacionada aos contratos celebrados entre a DVDR- DERI­

VADOS DO BRASIL S/ A e a UTC ENGENHARIA S/ A, de

um lado, e a BJ{_ DISTIUBUIDORA, de outro, para custear des­

pesas pessoais do Senador, efetuadas com cartões de crédito ou dé­

bito, no valor total de R$ 597.037,47 (quinhentos e noventa e sete

mil c trinta e sete reais e quarenta e sete centavos), ben1 como para

a realização de tnnsferéncias outras para contas pessoais do parla­

mentar e para as contas pessoais da esposa dele, no valor total de

R$ 1.040.630,00 (um milhão, quarenta mil, seiscentm e trinta re­

ais), como estratégia de dissimulação da ilicitude do dinheiro. Os

atos foram praticados por meio de 62 (sessenta e duas) operações,

em diferentes circunstâncias de te1npo, lugar e maneira de execu-

ção. Desse modo, LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM

contribuiu para a ocultação e dissimulação da origem, da localiza­

ção, da disposição, da movimentação e da propriedade de valores

provenientes, direta ou indiretamente, dos crimes de corrupção

ativa já descritos, fazendo-o no âmbito de organização criminosa.

Assim, agindo dolosamente, ele cometeu, 62 (sessenta c duas) ve­

zes, o crime de lavagem de dinheiro qualificado em concurso de

27 de 267

Page 35: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

pessoas e ern concurso material, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n.

9.613/1998, combinado com os arts. 29 e 69 do Código Peml.

1.2.7. Entre 2010 e 2014, em Brasília/D~ Rio deJ;meiro/RJ,

São Paulo/SP e Maceió/ AL, LUIS PEREIRA DUARTE DE

AMORIM, de modo livre, consciente e voluntário, em unidade

de desígnios com o Senador FERNANDO AFFONSO COL­

LOI<.. DE MELLO, CLEVERTON MELO DA COSTA, FEIZ­

NANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO, PEDRO PAULO

BEH.GAMASCHI DE LEONI RAMOS (alón de João Mauro 13os-

c!tiero, Alberto Yousse[, Jayrne Alves de OlitJeira Pilho, Adarim Ni)fY0-

11/0nfe Pilho, P..afael Angulo Lopez, Adir Assad, Roberto '!Yotnheta,

Rodr(;;o Morales, Cr1rlos Alberto de 0/iiJeira SanfÍC\~o, Ricardo Ribeiro

Pessoa, Luis Cláudio Caseira Sand1es, Dernétríus Zacarias Diuaua,Josc'

Zonis e Marcos Aurélio Frontin Santana, que, por estes jàtos, não são de­

nunciados perante o Suprenw Tribunal Pedcral), constituiu e integrou

pessoalmente organização crim.inosa formada por rnais de quatro

pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de

tarefas, formada por um núcleo político, um núcleo financeiro, um

núcleo econômico e um núcleo administrativo, preordenada a ob-

ter vantagens indevidas no âmbito da BR DISTRIBUIDORA,

por meio da prática de crimes de peculato, corrupção ativa e pas­

siva e lavagem de dinheiro, todos sancionados com penas máximas

superiores a quatro anos de privação de liberdade. LUIS PE­

REIRA DUARTE DE AMORIM auxiliava o parlamentar, espe­

cialmente no que tange ao recebimento de forma oculta de

valores ilícitos, no exercício da posição de comando no grupo cri-

JJY-28 de 267

Page 36: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

minoso, o qual era integrado por tlmcionários públicos, tanto do

Senado Federal quanto da Polícia Federal, bem como da sociedade

de economia mista federal Petrobras Distribuidora S/ A, que se uti­

lizaram de suas condições funcionais para a prática de infl-ações

penais. Assim, agindo dolos~unente, ele cometeu o crime de orga­

nização crüninosa qualificado, previsto no art. 2°, § 3° e § 4°, in-

ciso li, da Lei n. 12.850/2013.

1.3. Cleverton Melo da Costa

1.3.1. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em Maceió/ AL,

CLEVERTON MELO DA COSTA, assessor parlamentar do Se­

nador FERNANDO AFFONSO COLLOr~, DE MELLO, de

modo livre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios com

seu chefe, depositou valores em espécie, oriundos da propina rela­

ciomda aos contratos celebrados entre a DVBR- DERIVADOS

DO BRASIL S/ A e a UTC ENGENHARIA S/ A, de um bdo, c

a BR D!STRIBU!DORA, de outro, em contas bancárias das em­

presas GAZETA DE ALAGOAS LTDA. e TV GAZETA DE

ALAGOAS LTDA., no montante total de R$ 1.342.612,00 (um

rnilhão, trezentos e quarenta e dois mil, seiscentos c doze reais),

tendo havido geralrnentc o fracionamento de operações, de modo

que o valor de cada uma, nas mesmas datas ou em datas próximas,

fosse inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou R$ 100.000,00

(cem mil reais), alérn da mistura de dinheiro ilícito com recursos

lícitos da empresa. Essa estratégia objetivava evitar a identificação

dos depositantes e a comunicação das operações ao Conselho de

29 de 2(>7

Page 37: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

Controle de Atividades financeiras - COAF; confonne previsto

nos arts. 9°, § l 0, incisos I e I !I, 12, inciso li, e 13, inciso I, da Carta

Circular n. 3.46112009, o que acabou de fato ocorrendo, levando

à ocultação e dissimulação da natureza, da origem, da localização,

da disposição, da movimentação e da propriedade de valores pro­

venientes diretamente dos crimes de corrupção passiva já descritos.

Os depósitos foram feitos em l3 (treze) dias distintos, em diferen­

tes circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução, tendo

sido realizados de forma reiterada e no âmbito de organização cri-

minosa. Assim, CLEVERTON MELO DA COSTA, agindo dolo-

samente, cometeu, no mínim.o 13 (treze) vezes, o crirne de

lavagem de dinheiro qualificado em concurso material e em con­

curso de pessoas, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1998.

1.3.2. Entre janeiro de 201 O c dezembro de 20 14, em 13rasí­

lia/DF e Maceió/ AL, CLEVERTON MELO DA COSTA, de

modo livre, consciente e vo.luntário, em unidade de desígnios com

o Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO,

aceitou ser nomeado por esse último para o cargo de assistente ou

auxiliar parlamentar em seu gabinete no Senado Federal, sem que

o nomeado tivesse a obrigação de efetivamente desempenhar ati­

vidades relacionadas à sua esfera de atribuições funcionais. CLE-

VERTON MELO DA COSTA, na realidade, nesse período,

residiu em Alagoas e lá prestou serviços particulares a FER­

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO e a duas de suas

empresas, a GAZETA DE ALAGOAS LTDA. e a TV GAZETA

DE ALAGOAS LTDA., inclusive depositando parte dos valores em

p-30 de 267

Page 38: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

I'ClZ

espéoe oriundos de propma relacionada aos contratos celebrados

entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a UTC EN­

GENHARIA S/ A, de um lado, e a BR DISTRIBUIDORA, de

outro, nas contas das pessoas jurídicas vinculadas ao Senador, no

valor total de R$ 1.968.768,00 (um milhão, novecentos e sessenta

e oito mil, setecentos c sessenta e oito reais), recebendo remunera-

ção das empresas para tanto. Ao mesmo tempo, CLEVERTON

MELO DA COSTA auferiu vencimentos do Senado Federal, no

valor total de R$ 194.455,27 (cento e noventa e quatro mil, qua-

trocentos e cinquenta e cinco reais e vinte c sete centavos), sem

prestar a correspondente contrapartida ao serviço pó blico, o que o

caracteriza como autêntico "funcionário fantasma", por meio do

qual ocorreu desvio de recursos públicos em proveito particular.

Desse modo, CLEVERTON MELO DA COSTA, como benefici­

ário, concorreu para que FERNANDO AFFONSO COLLOR

DE MELLO, aproveitando-se das facilidades que a função de Se­

nador lhe proporciona, desviasse dinheiro público de que tinha a

posse, no sentido de disponibilidade jurídica, em razão do cargo,

em favor do primeiro, nomeando-o para cargo de assistente ou au­

xiliar parlamentar, sem que ele trabalhasse como tal, embora rece­

besse os correspondentes vencimentos. A conduta foi praticada ao

longo de 48 (quarenta e oito) meses, em diferentes circunstâncias

de tempo, lugar e maneira de execução. Assim, agindo dolosa-

mente, CLEVERTON MELO DA COSTA, ocupando orgo co-

missionado de assessoramento na Administração Pública, cometeu,

48 (quarenta e oito) vezes, o crime de peculato qualificado em

31 dc2G7

Page 39: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

concurso material e em. concurso de pessoas, previsto no art. 312,

caput, cumulado com o art. 327, § 2°, combinados com os arts. 29 e

69, todos do Código Penal.

1.3.3. Entre 2010 c 2014, em Brasília/DF, .Rio de Janeiro/R),

São Paulo/SP e Maceió/AL, CLEVERTON MELO DA COSTA,

de modo livre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios

com o Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO, LUIS PEREIRA DUARTE DE AMORIM, FER­

NANDO ANTONIO DA SILVA 'riAGO, PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI .RAMOS (além dcjoão Mauro 13os-

cl!iero, Alberto Yousscf, Jayrne Alves de Oliveira I'ilho, Adarico Ni)~YO­

monte Filho, Rajàcl An,~ulo Lopez, Adir Assad, I<o/Jcrto 'Jrom/Jcta,

f~odr~~o Morales, Carlos Alberto de 0/it;cim Santia,...;o, Ricardo ]{i/Jciro

Pessoa, Luis Cláudio Caseira Sanches, Detnétrius Zacarias Diuana,José

Zonis e Marcos Aurélio Frontin Santana, que, por estes fatos, não são de­

nunciados perante o Supremo Tribunal Pcdcral), constituiu e integrou

pessoalmente organização criminosa formada por mais de quatro

pessoas, estruturalmente ordenada c caracterizada pela divisão de

tarefas, formada por um núcleo político, um núcleo financeiro, urn

núcleo econômico e um núcleo administrativo, preordenada a ob­

ter vantagens indevidas no ârnbito da BR DISTIUBUIDORA,

por meio da prática de crimes de pecubto, corrupção ativa c pas­

siva c lavagem de dinheiro, todos sancionados com penas múximas

superiores a quatro anos de privação de liberdade. CLEVERTON

MELO DA COSTA auxiliava o parlamentar, especialmcn te no

que tange ao recebimento de forma oculta de valores ilícitos, no

>Jtr 32 de 267

Page 40: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

PCR

exercício da posição de comando no grupo criminoso, o qual era

integrado por funcionários públicos, tanto do Senado Federal

quanto da Polícia Federal, bem como da sociedade de economia

mista federal Petrobras Distribuidora S/ A, que se utilizaram de

suas condições funcionais para a prática de infi-ações penais. Assim,

agindo dolosamente, de cometeu o crime de organiza~~;io crimi­

nosa qualificado, previsto no art. 2°, § 3° c § 4°, inciso 11, da Lei 11.

12.850/2013.

1.4. Fernando Antonio da Silva Tiago

1.4.1. Entre janeiro de 2011 c abril de 2014, em Maceió/ AL,

FERNANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO, assessor parlamen­

tar do Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO, de modo livre, consciente e voluntário, em unicbde de

desígnios com seu chefe, depositou valores em espécie, oriundos

da propina rc.lacionada aos contratos celebrados entre a DV 13R -

DER.IVADOS DO BRASIL S/ A c a UTC ENGENHARIA

SI A, de um lado, e a BR DISTRIBUIDORA, de outro, em con­

tas bancárias das empresas GAZETA DE ALAGOAS LTDA. e TV

GAZETA DE ALAGOAS LTDA., no montante total de

R$ 612.156,00 (seiscentos e doze mil, cento c cinquenta c seis re­

ais). A utilização de valores em espécie c o seu depósito em contas

de pessoas jurídicas, com a 1nistura de dinheiro ilícito com rccur-

sos lícitos das empresas, objetivava a ocultação e dissimulação da

natureza, da origem, da localização, da disposição, da movimenta­

ç:lo e da propriedade de valores provenientes diretamente dos cri-

~···

33 de 267

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mes de corrupção passiva já descritos. Os depósitos foram feitos

ern 04 (quatro) dias distintos, em diferentes circunstâncias de

tempo, lugar e maneira de execução, tendo sido realizados de

forma reiterada c no âmbito de organização criminosa. Assim,

FERNANDO ANTONIO DA SILVA TJAGO, agindo dolosa-

mente, cometeu, no mínimo 04 (quatro) vezes, o crin1c de lava­

gem de dinheiro qualificado em concurso mater'ial c em concurso

de pessoas, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1')98, combi­

nado com os arts. 29 c 69 do Código Penal.

1.4.2. Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2014, em Brasí­

lia/DF, FERNANDO ANTONIO DA SILVA TIAGO, de modo

livre, consciente c voluntário, em unidade de desígnios com o Se-

nadar FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, acei-

tou :o.er nomeado por esse último para o cargo de assi:o.tente ou

auxiliar parlamentar em seu gabinete no Senado Federal, sem que

o nomeado tivesse a obrigação de efetivamente desempenhar ati­

vidades relacionadas à sua esfera de atribuições funcionais. FER-

NANDO ANTONIO DA SILVA TU\GO, na realidade, nesse

período, residiu em Alagoas e lá prestou serviços particulares a

FERNANDO AFFONSO COLLOR. DE MELLO e a duas de

suas empresas, a GAZETA DE ALAGOAS LTDA. e a TV GA­

ZETA DE ALAGOAS LTDA., inclusive depositando parte dos va­

lores em espécie oriundos de propina relacionada aos contratos

celebrados entre a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a

UTC ENGENHAl:z.JA SI A, de um lado, e a BR DISTRil3UI-

Page 42: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

Senador, no valor total de R$ 612.156,00 (seiscentos e doze mil,

cento e cinquenta e seis reais), recebendo remuneração das empre­

sas para tanto. Ao mesmo tempo, FERNANDO ANTONIO DA

SILVA TIAGO auferiu vencimentos do Senado Federal, no valor

total de R$ 133.095,70 (cento c trinta e três rnil e noventa e cinco

reais e setenta centavos), sen1 prestar a correspondente contrapar­

tida ao serviço público, o que o caracteriza como autêntico "fun­

cionário fantasrna", por rncio do qual ocorreu desvio de recursos

públicos em proveito particular. Desse modo, FERNANDO AN­

TONIO DA SILVA TJAGO, como beneficiário, concorreu para

que FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, aprovei­

tando-se das facilidades que a função de Senador lhe proporciona,

desviasse dinheiro público de que tinha J posse, no sentido de dis­

ponibilidade jurídica, em r;~zão do cargo, em favor do primeiro,

nomeando-o para cargo de assistente parlamentar, sem que ele tra-­

balhasse como tal, embora recebesse os correspondentes venci-·

rnentos. A conduta foi praticada ao longo de 48 (quarenta e oito)

meses, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar e mancir<l de

execução. Assim, agindo dolosan1ente, FERNANDO ANTONIO

DA SILVA TIAGO, ocupando cargo comissionado de assessora­

mento na Administração Pública, cometeu, 48 (quarenta e oito)

vezes, o crime de peculato qualificado em concurso material e em

concurso de pessoas, previsto no art. 312, caput, cumulado com o

art. 327,§ 2°, combinados com os arts. 29 e 69, todos do Código

Penal.

35 de 267

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I'(

1.4,3, Entre 201 O e 2014, em Brasília/ DF, Rio de Janeiro/R),

São Paulo/SP e Maceió/ AL, FErlNANJJO ANTONIO DA

SILVA TIAGO, de modo livre, consciente e voluntário, em uni­

dade de desígnios com o Senador FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, LUIS PEREIRA DUARTE DE AMO­

rUM, CLEVERTON MELO DA COSTA, PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS (além de João Mauro 13os­

chiero, Alberto 11mssef, jay111e AliJes de 0/iiJcíra Filho, Adarico Ncgro­

fiJOrtte Pilho, R.afael Angulo Lopcz, Adir Assad, Roberto 'fi'ombcta,

Rodri,ç;o Moralcs, Carlos Alberto de OliiJcira Santiago, Ricardo Ril1eiro

Pessoa, Luis Cláudio Caseira Sanches, Demétrius Zacarias Diuana, José

Zonis e Marcos Aurélio Prontin Santana, que, por estes Já tos, nào selo de­

nunciados perante o Supremo Tribunal Federal), constituiu e integrou

pessoalmente organização criminosa formada por mais de quatro

pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de

tareüs, formada por um núcleo político, um núcleo financeiro, um

núcleo econômico e um núcleo administrativo, preordenada a ob­

ter vantagens indevidas no âmbito da BR DISTRIBUIDORA,

por meio da prática de crimes de peculato, corrupção ativa e pas­

siva e lavagem de dinheiro, todos sancionados com penas máximas

superiores a quatro anos de privação de liberdade. FERNANDO

ANTONIO DA SILVA TIAGO auxiliava o parlamentar, especial­

mente no que tange ao recebimento de forma oculta de valores

ilícitos, no exercício da posição de comando no grupo criminoso,

o qual era integrado por funcionários públicos, tanto do Senado

Fcdwl q""n<o d; Pnlki" fndwl, bem wmn d';;;;-dn eco-

Jô de 267

Page 44: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

nomia mista federal Petrobras Distribnidora S/ A, que se utilizaralll

de suas condições funcionais para a pr:ttica de infrações penais. As­

sim, agindo dolosamente, ele cometeu o crime de organizaçào cri­

minosa qualificado, previsto no art. 2°, § 3° e§ 4°, inciso Il, da Lei

n. 12.850/2013.

1.5. Pedro Paulo Bergatnaschi de Leoni Rmnos

1.5.1. Entre 2010 e 2014, ern Sào Paulo,/SP e no Rio de Ja-

neirolRJ, PEDRO PAULO BEl~GAMASCHI DE LEONI I~A-

MOS, na condição de "operador particular" do Senador

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo li-

vre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios com esse úl­

timo, concorreu para que o parlamentar solicitasse, aceitasse

promessa nesse sentido e recebesse, para si e para outrem, V<mta-

gern pecuniária indevida no valor total de R$ 6.000.000,00 (seis

milhões de reais), para viabilizar irregularrnente um contr<lto de

troca de bandeira de postos de combustível celebrado entre a

DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a B.R DISTRl.BUI-

DORA, o que acabou de fato ocorrendo nos anos de 201 O e

2011, por intermédio da atuação de LUIZ CLAUDIO CASEIRA

SANCHES, Diretor de Rede de Postos de Serviço da sociedade

de economia mista em questão, sediada na capital carioca, o qual

fora politicamente indicado para tal cargo pelo Senador, através de

seu partido político, o Partido Trabalhista Brasileiro - PTI3. O re­

cebimento dos valores ocorreu por meio de, pelo menos, 04 (qua­

tro) pagamentos em espécie, realizados por CARLOS ALBERTO

p-37 de 267

Page 45: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

DE OLIVEIRA SANTIAGO, representante da empresa contra­

tada, em datas não identificadas ao longo do ano de 2012, em pos­

tos de combustível localizados na capital paulista, em diferentes

circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução, tendo sido

os valores recolhidos por emissários de ALDEl~TO YOUSSEF c

posteriormente repassados aos destinatários finais. Assim, PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS, agindo dolosa­

mente, concorreu para que FEitNANDO AFFONSO COLLOR

DE M.ELLO cometesse, no mínimo 04 (quatro) vezes, o crime de

corrupção ativa em concurso material e em concc1rso de pessoas,

previsto no art. 317, § 1°, cumulado com o art. 327, § 2°, combJ­

nado com os arts. 29 e 69, todos do Código PenaL

1.5.2. Entre 2010 e 2014, em São Paulo/SP e no Rio de Ja-­

neiro/H.], PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEON! RA-

MOS, na condição de "operador particular" do Senador

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo li-

vre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios com esse úl­

timo, concorreu para que o parlamentar solicit;Jsse, aceitasse

promessa nesse sentido e recebesse, para si e para outrem, vanta-

gem pecuniária indevida no valor total de R$ 20.000.000,00

(vinte milhões de reais), para viabilizar irregularmente a celebraçio

de quatro contratos de construção de bases de distribui<,~ão de

co1nbustíveis (novos cais IIutuantes no Terminal do Amazonas -

TEMAN, na Base de Caracaraí - BARAC e na Base de Orixi­

miná - BARIX, ampliação do Terminal de Duqüe de Caxias -

"fEDUC, Nova Base de Cruzeiro do Sul - BASUL e B~1se de

3S de 267

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PGJZ

Porto Nàcional- BAPON) entre a UTC ENGENHARIA SI A e

a BR DISTRfl3UIDORA, o que acabou de fato ocorrendo entre

o final do ano de 2010 e o início do ano de 2011, por intermédio

da atuação de JOSÉ ZON!S, Diretor de Operações e Logística da

sociedade de economia mista em questão, sediada na capital cari­

oca, o qual fora politicamente indicado para tal cargo pelo Sena­

dor. O recebimento dos valores ocorreu por meio de, pelo menos,

21 (vinte c um) pagantentos em espécie, realizados por RI­

CARDO RIBEIRO PESSOA, representante da empresa contra­

tada, em datas não identificadas ao longo do final de 201 O até

meados de 2012, na sede da UTC ENGENHARIA S/ A na capi-

tal paulista, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar c maneira

de execução, tendo sido os valores recolhidos por PEDRü

PAULO BEl~GAMASCHI DE LEONI RAMOS e por AL-

BERTO YOUSSEF ou por seus emissários e posteriormente re­

passados aos destinatários finais. Assim, PEDRO PAULO

BERGAMASC!-11 DE LEONI RAMOS, agindo dolosamente,

concorreu para que FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO cometesse, no mínimo 21 (vinte e uma) vezes, o crime

de corrupção ativa em concurso material e em concurso de pes-

soas, previsto no art. 317, § 1 °, cumulado com o art. 327, § 2°,

combinado com os arts. 29 e 69, todos do Código PenaL

1.5.3. Em 2010 e 2011, no Rio de Janeiro/!~, PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS, na condição de

"operador particular" do Senador FERNANDO APFONSO

COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e voluntário,

r 39 de 267

Page 47: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

em unidade de desígnios co.m JOSÉ ZONIS, Diretor de Opera­

ções e Logística (DIOL) da BR DISTRIBUIDORA, e RI-

CARDO RIBEIRO PESSOA, Presidente da UTC

ENGENHARIA S/ A, concorreu para que esse último, em con­

junto com o penúltimo, fi:ustrasse e fi·:llldassc, mediante a prévia

seleção das empresas que seriam convidadas, os Procedimentos Li­

citatórios Simplificados referentes às obras de construção de bases

de distribuição de combustível da sociedade de economia mista fe­

deral (novos cais flutuantes no Terminal do Amazonas ~ TEMAN,

na Base de Caracaraí ~ BARAC e na Base de Orixirninú ~ BA-

RIX, ampliação do Terminal de Duque de Caxias -- TEDUC,

Nova Base de Cruzeiro do Sul ~ BASUL c Base de Porto Nacio-

na! ~ BAPON), com o intuito de obter a celebração dos corres-

pondentcs contratos entre BR DISTRIBUIDORA e a UTC

ENGENI-IARJA S/ A. Em razão desse expediente fraudulento, ;1s

licitações foram direcionadas para a UTC ENGENHARIA S/ A,

que acabou celebrando c executando os 04 (quatro) contratos,

bem como recebendo os respectivos pagamentos, em diferentes

circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execuç3o. Assim, PE-

DRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS, agindo

dolosarnente, cometeu, pelo menos 04 (quatro) vezes, o crime de

fraude a licitação qualificado, em concurso material e em concurso

de pessoas, previsto no art. 90, cumulado com o art. 84, § 2°, da

Lei n. 8.666/1993, combinados com os arts. 29 e 69 do Código

PenaL

40 de 267

Page 48: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

!'CF-

1.5.4. Em 2010 e 2011, no Rio de Janeiro/Rj, PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS, na condição de

"operador particular" do Senador FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e voluntário,

em unidade de desígnios com JOSÉ ZON IS, Diretor de Opera-

ções e Logística (DIOL) da BR DISTRIBUIDORA, e lU-

CARDO RIBEIRO PESSOA, Presidente. da UTC

ENGENHARIA S/ A, concorreu para que o penúltimo, em favor

do último, violasse o sigilo dos orçamentos estimados das obras de

construção de bases de distribuição de combustível da sociedade

de economia mista federal (novos cais tlutuantes no Terminal do

Amazonas - TEMAN, na Base de Caracaraí - BARAC e na Base

de Oriximiná- BARIX, ampliação do Terminal de Duque de Ca­

xias - TEDUC, Nova Base de Cruzeiro do Sul - BASUL e 13ase

de Porto Nacional - BAPON), no âmbito dos respectivos Proce··

dimentos Licitatórios Simplificados. Os orçamentos em questão,

que não deveriam. ser franqueados às licitantes, foi entregue à

UTC ENGENHARIA S/ A, que ficou em vantagem competitiva

nos certames e inclusive praticou "jogos de planilha", elevando ar­

bitrariamente o preço de vários itens c evitando que a BP .. DIS­

TRIBUIDORA obtivesse propostas de preço menores. Assim,

PEDRO PAULO BERGAMASCH! DE LEONI RAMOS,

agindo dolosamente, contribuiu para gue JOSÉ ZON!S, em 04

(guatro) licitações distintas, em diferentes circunstâncias de tempo,

lugar e maneira de execução, revelasse a RICARDO RIBEIRO

PESSOA fatos de que tinha ciência em razão do cargo de Diretor

~ 41 de 267

Page 49: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

de Operações e Logística da BR DISTRIBUIDORA e que deve-

riam permanecer em sigilo, causando dano à sociedade de econo"""

mia mista federal. PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE

LEONI RAMOS corneteu, pelo menos 04 (quatro) vezes, o crime

de violação de sigilo funcional qualificado, em concurso material e

em concurso de pessoas, previsto no art. 325, § 2°, combinado

com os arts. 29 e 69, todos do Código Penal.

1.5.5. Entre 2010 e 2014, em São Paulo/SI~ PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI l~AMOS, de modo livre,

consciente e voluntário, em unidade de desígnios com seu sócio

JOÃO MAURO BOSCHIERO, manteve uma "conta-corrente de

valores ilícitos" junto a ALBERTO YOUSSEF, realizando créditos

mediante a coleta de valores em espécie oriundos de propina rela­

cionada aos contratos celebrados entre a DVBR - DERIVADOS

DO B.RASIL S/ A e a üfC ENGENHARIA S/ A, de um lado, e

a BR DISTTliBUIDOL<..A, de outro, a qual era efetuada pelos

transportadores de dinheiro RAFAEL ANGULO LOPEZ e A DA­

RICO NEGROMONTE, bem como mediante transferências

bancárias baseadas em contratos e notas fiscais fictícios entre em-

presas controladas por PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE

LEONI RAMOS (lnvestminas Participações S/ A, Globalbank As­

sessoria Ltda., Conasa- Companhia Nacional de Saneamento, Sa­

nesalto Saneamento S/ A, Companhia Águas de ltapema) ou

empresa que a ele devia valores (Synthesis Empreendimentos

Ltda.) e empresas operadas por ALBERTOYOUSSEF (MO Con­

sultoria Comercial e Laudos Estatísticos Ltda. e Arbor Assessoria c

42 de 267

Page 50: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

Consultoria Contábil Ltda.), e realizando débitos por meio de en­

tregas de valores em espécie principalmente por RAFAEL AN-

GULO LOPEZ e JAYME ALVES DE OLIVEIRA FILHO, bem

como por meio de transferências bancárias baseadas em contratos

e notas fiscais fictícios, como a realizada pela Construtora e Co­

mércio Camargo Corrêa S/ A à Globalbank Assessoria Ltda. Esse

"banco de propinas" teve a finalidade de misturar valores de ori­

gem distinta, geralmente ilícita e eventualmente lícita, levando à

ocultação e dissimulação da natureza, da origem, da localização, da

disposição, da movimentação e da propriedade de valores proveni­

entes diretamente dos crimes de corrupção passiva já descritos. N<l

administração dessa "conta-corrente", foram praticadas pelo menos

17 (dezessete) coletas de dinheiro em espécie (quatro referentes ao

contrato de troca de bandeira de postos e combustível c treze rela­

tivos aos contratos de construção de bases de combustível), 12

(doze) transferências bancárias baseadas em documentos falsos, um

número indefinido de entregas de dinheiro em espécie, sendo cer­

tas pelo menos 17 (dezessete), as quais correspondem à soma dos

registros .de entrada de PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE

LEONI RAMOS (dez) e de LUIS PEREIRA DUARTE DE

AMORIM (sete) no escritório de ALBERTO YOUSSEF, e 01

(uma) transferência baseada em documentos falsos, operações reali­

zadas em diferentes circunstâncias de tempo, lugar c maneira de

execução, de forma reiterada e no âmbito de organização crimi­

nosa. Assim, agindo dolosamente (com dolo direto), PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS cometeu, no

43 de 267

Page 51: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

PCR

mínimo 47 (quarenta e sete) vezes, o cnme de lavagem de di­

nheiro qualificado em concurso material e em concurso de pes-

soas, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei n. 9.6l3/199H, combinado

com os arts. 29 e 69 do Código Penal.

1.5.6. Em 11/02/2012, 17/1112012 e 17/11/2012, em São

Paulo/SP ou no Rio de Janeiro/R], PEDRO PAULO BERGA­

MASCI-:11 DE LEONI RAMOS, na condição de "operador parti­

cular" do Senador FErlNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO, recebeu valores em espécie de JAYME ALVES DE OLJ­

VEIRA FILHO, Policial Federal e prestador de serviços de trans­

porte de dinheiro a ALBERTO YOUSSEF; no montante total de

R$ 1.474.270,00 (um milhão, quatrocentos e setenta e quatro mil,

duzentos e setenta reais), oriundos de propina relacionada aos con-

tratos celebrados entre a DVBR - DERIVADOS DO BRASIL

SI A e a UTC ENGENHARIA S/ A, de um lado, e a Bll... DIS-

TRIBUIDORA, de outro. A movimentação de valores ern espé­

cie, no âmbito do "caixa de propinas" que PEDRO PAULO

13ERGAMASCHI DE LEONI RAMOS rnantinha junto a AL­

BERTO YOUSSEF, objetivava a ocultação e dissimulação d;1 natu­

reza, da origem, da localização, da disposição, da movimentação c

da propriedade de valores provenientes diretamente dos crimes de

corrupção passiva já descritos. As operações foram realizadas em 03

(três) datas distintas, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar c

maneira de execução, de forma reiterada e no âmbito de organiza-

ção criminosa. Assim, agindo dolosamente, PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS cometeu, no mínimo 03

44 de 267

Page 52: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

(três) vezes, o crime de lavagem de dinheiro qualificado, em con­

curso material, previsto no art.l 0 ,§ 4°,da Lei n. 9.613/1998.

1.5.7. Entre 2011 e 2014, em três ocasiões distintas, em datas

não precisamente determinadas, em São Paulo/SP, PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS, na condição de

"operador particular" do Senador FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, recebeu valores em espécie de RAFAEL

ANGULO LOPEZ, funcionário e transportador de dinheiro a

ALBERTO YOUSSEF, no montante total de R$ 700.000,00 (se-

tecentos mil reais), oriundos de propina relacionada aos contr:~tos

celebrados entre a DVBR - DEIUVADOS DO l3RASIL S/ A e a

UTC ENGENHARIA S/ A, de um lado, e a BR DISTRlBUl-

DORA, de outro. A moviment:~ção de valores em espécie, no âm-

bito do " . caixa de . n propmas que PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS m.antinha junto a AL­

BERTOYOUSSEF, objetivava a ocultação e dissimulação da natu­

reza, da origem, da localização, da disposição, da movimentação c

da propriedade de valores provenientes diretamente dos crimes de

corrupçào passiva já descritos. As operações foram realizacl.1s em 03

(três) datas distintas, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar e

rn.aneira de execução, de forma reiterada e no âmbito de organiz;J­

ção criminosa. Assim, agindo dolosamente, PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS cometeu, no mínimo 03

(três) vezes, o crime de lavagem de dinheiro qualificado, em con­

curso material, previsto no art. 1 ", § 4°, da Lei n. 9.613/1998.

45dc2ú7

Page 53: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

1.5.8. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em Brasília/ DF;

São Paulo/SP e Maceió/ AL, PEDRO PAULO BERGAMASCHI

DE LEONI RAMOS, na condiç~ão de "operador particular" do

Senador FERNANDO AFFONSO COLLOJ<... DE MELLO, de

modo livre, consciente e voluntário, em unidade de desígnios com

esse últili10, concorreu para que o parlamentar depositasse em di­

nheiro ou recebesse depósitos em dinheiro de R$ 2.616.409,20

(dois milhões, seiscentos e dezesseis mil, quatrocentos c nove reais

e vinte centavos) em suas contas bancárias pessoais (conta 201,

agência 4454, do ltaú Unibanco, conta 10868811, agência 1,

13anco Santander, conta 116750, agência 5977, do Banco do l3rasil,

conta 7557906, agência 4883, do Banco do Brasil c conta 20001,

agência 2842, do Banco Bradesco), valor este consistente em parte

da propina recebida em função dos contratos celebrados entre a

DV!3R - DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a UTC ENGE­

NHARIA S/ A, de um lado, e a BR DISTRII3LJIDORA, de ou-

tro, tendo havido fi-acionarnento de operações, de modo que o

valor de cada uma, nas mesmas datas ou em datas próximas, fosse

inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou R$ 100.000,00 (cem

mil reais). Essa estratégia, adotada por orientação c solicitação de

PEDRO PAULO BEJZ.GAMASCHI DE LEON! RAMOS, obje-

tivava evitar a identificação dos depositantes c a comunicaç:io das

operações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras -

COAF~ conforme previsto nos arts. 9°, § 1 a, incisos I e 111, 12, in­

ciso li, e 13, inciso I, da Carta Circular n. 3.461/2009, o que aca­

bou de fato ocorrendo, levando à ocultação c dissimulação da

LJ)--46 de 267

Page 54: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

natureza, da origem, da localização, da disposição, da movÍnlcnta­

ção e da propriedade de valores provenientes diretamente dos cri­

mes de corrupção passiva já descritos. Os depósitos foram feitos ou

recebidos em 61 (sessenta e um) dias distintos, em diferentes cir­

cunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução, tendo sido re­

alizados de forma reiterada e no âmbito de organização criminosa.

Assim, PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONf RA-

MOS, agindo dolosamente, concorreu para que FERNANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO cometesse, no mínimo 61

(sessenta e uma) vezes, o crime de lavagem de dinheiro qualificado

em concurso material c em concurso de pessoas, previsto no art.

1°, § 4°, da Lei n. 9.613/1998, combinado com os arts. 29 e 69 do

Código Penal.

1.5.9. Entre janeiro de 2011 e abril de 20l4,em Maceió/AL,

PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEON! RAMOS, na

condição de "operador particular" do Semdor FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre, consciente e vo-

luntário, em unidade de desígnios com esse último, concorreu para

que o parlamentar depositasse em dinheiro ou recebesse depósitos

em dinheiro de R$ 4.190.543,20 (quatro milhões, cento e noventa

mil, quinhentos e quarenta e três reais e vinte centavos) nas contas

da empresa GAZETA DE ALAGOS LTDA. (conta 62596, agência

3047, do Banco Bradesco, principalmente, e conta 19527, agência

1465, do Itaú Unibanco), valor este consistente em parte da pro­

pina recebida em fimção dos contratos celebrados entre a DVBR

- DERIVADOS DO BRASIL S/ A e a UTC ENGENHARIA

47 de 267

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SI A, de um. lado, e a BR DISTRIBUIDORA, de outro, tendo h a-

vido o fi·acionamento de operações, de modo que o valor de cada

uma, nas mesmas datas ou em datas próximas, fosse inferior a R$

10.000,00 (dez mil reais) ou R$ 100.000,00 (cem mil reais), além

da mistura de dinheiro ilícito com recursos lícitos da empresa. Essa

estratégia, estratégia, adotada por orientação c solicitação de PE-

DRO PAULO 13ERGAMASCHI DE LEONI RAMOS, objeti-

vava evitar a identificação dos depositantes e a comunicação das

operações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras -

COAF, confonne previsto nos arts. 9°, § 1°, incisos 1 e IH, 12, in­

ciso fi, e 13, inciso I, da Carta Circular n. 3.461/2009, o que aca­

bou de fato ocorrendo, levando à ocultação e dissimulação da

natureza, da origem, da localização, da disposição, da movimeuta­

çio e da propriedade de valores provenientes diretamente dos cri­

mes de corrupção passiva já descritos. Os depósitos foram feitos ou

recebidos em 67 (sessenta e sete) dias distintos, em diferentes cir­

cunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução, tendo sido re­

alizados de forma reiterada e no âmbito de organização criminosa.

Assim, PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONI R.A-

MOS, agindo dolosamente, concorreu para que FERNANDO

AFFONSO COLLOR DE MELLO cometesse, no mínimo 67

(sessenta e sete) vezes, o crime de lavagem de dinheiro qualificado

em concurso material e em concurso de pessoas, previsto no art.

1°, § 4°, da Lei n. 9.61311998, combinado com os arts. 29 e 69 do

Código PenaLY

48 de 267

Page 56: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

i'CIZ.

1.5.10. Entre janeiro de 2011 e abril de 2014, em

Maceió/AL, PEDRO PAULO BERGAMASCH! DE LEONI

RAMOS, na condição de "operador particular" do Senador FER­

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, de modo livre,

consciente e voluntário, crn unidade de desígnios com esse último,

concorreu para que o parlamentar depositasse em dinheiro ou rc-

cebcsse depósitos em dinheiro de lt$ 8.814.794,86 (oito milhões,

oitocentos e quatorze rnil, setecentos e noventa c quatro reais c oi-

tenta e seis centavos) em um das contas da empresa TV GAZETA

DE ALAGOAS LTDA. (conta 61000, agência 3047, Banco Bra-

desco), valor este consistente em parte da propina recebida em

função dos contratos celebrados entre a DVBR- DERIVADOS

DO BRASIL S/ A c a UTC .ENGENIIARIA S/ A, de um lado, c

a BR DISTRJBUIDORA, de outro, tendo havido o fi·aciona-

mcnto de operações, de modo que o valor de cada uma, nas mes­

mas datas ou em datas próxirnas, fosse inferior a R$ 10.000,00

(dez mil reais) ou R$ 100.000,00 (cem mil reais), além da mistur;r

de dinheiro ilícito com recursos lícitos da empresa. Ess:r estratégia,

adotada por orientação e solicitação de PEDRO PAULO BER­

GAMASCHI DE LEONT RAMOS, objetivava evitar a identifica­

ção dos depositantes e a comunicação das operações ao Conselho

de Controle de Atividades Financeiras - COAF, conforme previsto

nos arts. 9°, § F, incisos I e III, 12, inciso II, e 13, inciso I, da Carta

Circular n. 3.46112009, o que acabou de fato ocorrendo, levando

à ocultação e dissimulação da natureza, da origem, da localização,

da disposição, da movimentação e da propriedade de valores pro-

#-49 de 267

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venientes diretamente dos crimes de corrupção passiva já descritos.

Os depósitos foram feitos ou recebidos em 122 (cento e vinte c

dois) dias distintos, em diferentes circunstâncias de tempo, lugar e

maneira de execução, tendo sido realizados de forma reiterada c

no â.mbito de organização criminosa. Assim, PEDRO PAULO

l3ERGAMASCHI DE LEONJ !~AMOS, agindo dolosamente,

concorreu para que FERNANDO AFFONSO COLLOR DE

MELLO cometesse, no mínimo 122 (cento e vinte e duas) vezes,

o crime de lavagem de dinheiro qualificado em concurso material

c em concurso de pessoas, previsto no art. 1°, § 4°, da Lei 11.

9.613/1998, combinado com os arts. 29 e 69 do Código Penal.

1.5.11. Entre 2010 e 2014, em l3rasília/DF, Rio de

Janeiro/I~. São Paulo/SP e Mace1ó/ AL, PEDRO PAULO l3ER­

GAMASCHI DE LEONI RAMOS, de modo livre, consciente c

voluntário, em unidade de desígnios com o Senador FER­

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, LUIS PEREIRA

DUARTE DE AMORIM, CLEVERTON MELO DA COSTA,

FERNANDO ANTONIO DA SILVA T!AGO (além de João

Mauro Boschicro, Alberto Yaussef,jayme AliJes de OlilJeira Filho, Adaricu

Ncxronwnte Filho, Raj1el Angulo Lopcz, Adir Assad, Roberto "Ji-ombcta,

Rodr(;;o Mora/e;~ Carlos Alberto de 0/ilJeim Santiago, f(icardo Rii>cim

Pessoa, Luis Cláudio Caseira Sanchcs, Demétrius Zacarias Diuana,José

Zonis e l\1.arcos Aurélio Frontin Santana, que, por estes fatos, uão são de­

nunciados perante o Suprenw 'JYilmnal Federal), constituiu e integrou

pessoalmente organização criminosa formada por rnais de quatro

pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada

50 de 267

Page 58: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

tarefas, formada por um núcleo p9lítico, um núcleo financeiro, um

núcleo econômico e um núcleo administrativo, preordenada a ob-

ter vantagens indevidas no âmbito da BR DISTlUBUIDORA,

por meio da prática de crimes de peculato, corrupção ativa e pas­

siva e lavagem de dinheiro, todos sancionados com pen;Js máxim<lS

superiores a quatro anos de privação de liberdade. PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS realizava a arti-

culação entre todos os núcleos, qualificando-se como "operador

particular" de FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO

e auxiliava o parlamentar no exercício da posição de comando no

grupo criminoso, o qual era integrado por funcionários públicos,

tanto do Senado Federal quanto da Polícia Federal, bem como da

sociedade de economia m.ista federal Petrobras Distribuidora S/ A,

que se utilizaram de suas condições funcionais para a prática de in­

fi·ações penais. Assim, agindo dolosamente, ele cometeu o crüne de

organização criminosa qualificado, previsto no art. 2°, § 3° e § 4",

inciso II, da Lei n. 12.850/2013.

2. Contextualização dos fatos no âmbito da chan'lada

"Operação Lava Jato"

A intitulada "Operação Lava Jato" desvendou um grande

esquema de corrupção de agentes públicos e de lavagem de

dinheiro relacionado à sociedade de economia mista federal

Petróleo Brasileiro S/ A - PETROBRAS. A operação assim

denominada abrange, na realidade, um conjunto diversificado de

investigações e ações penais vinculadas à 13" Vara da Scçiio

4fr 51 dc267

Page 59: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

Judiciária da Justiça Federal no Paraná, em Curitiba.

Inicialmente, procurava-se apurar um esquema de lavagem de

dinheiro envolvendo o ex-Deputado Federal JOSÉ MO H AMEI)

JANENE, o doleiro CARLOS HABIB CHATEl<.. e as empresas

CSA Project Finance Ltda. e Dunel Indústria e Comércio Ltda.

Essa apuração resultou no ajuizamento da ação penal objeto do

Processo n. 5047229-77.2014.404.7000.

A investigação inicial foi, a seu tempo, ampliada para alcançar

a atuação de diversos outros doleiros, revelando a ação de grupos

distintos. Esses doleiros relacionavam-se entre si para o desenvolvi­

mento das suas atividades criminosas. Formavam, todavia, grupos

autônomos e independentes, com alianças ocasionais. Isso deu ori-

gem a quatro operações, que acabaram, em seu corljunto, por ser

conhecidas como "Operação Lava Jato":

a) Operação Lava Jato (propriamente dita), referente às atividades do doleiro CARLOS HABIB CHATER, denun­ciado nos autos dos Processos n. 5025687-03.2014.404.7000 e n. 5001438- 85.2014.404.7000;

b) Operação Bidone, referente às atividades do doleiro ALBERTO YOUSSEF; denunciado nos autos do Processo n. 5025699-1.7.2014.404.7000 e em várias outras J\CÔes penais;

c) Operação Dolce Vitta I c 11, referente às atividades da dolcira NELMA MITSUE PENASSO KODAMA, denun­ciada nos autos do Processo n. 5026243-05.2014.404.7000;

d) Operação Casa Blanca, referente às atividades do do­lciro RAUL HENRIQUE SROUR., denunciado nos autos do Processo n. 025692- 25.2014.404.7000.

i1J-

S2 de 267

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No decorrer das investigações sobre lavagem de dinheiro,

detectaram-se elem.entos que apontavam no sentido da ocultação

de recursos provenientes de crimes de corrupção praticados no

âmbito da PETROBRAS. O aprofundamento das apurações

conduziu a indícios de que, no mínimo entre os anos de 2004 e

2012, as diretorias da sociedade de economia mista em questão

estavam divididas entre partidos políticos, que eram responsáve1s

pela indicação e manuten<,~ão dos respectivos diretores.

Por outro lado, apurou-se que as empresas que possuíam

contratos com a PETROBRAS, notadamente as m~uorcs

construtoras brasileiras, criaram um cartel, que passou a atuar de

maneira mais efetiva a partir de 2004. Esse cartel era formado,

dentre outras, pelas seguintes empreiteiras: ODEI3RECI~IT, UTC,

OAS, GALVÃO ENGENHARIA, CAMAR.GO CORR.ÊA,

QUEIROZ GALVÃO, MENDES JÚNIOR, ANDRADE

GUTIERREZ, lESA, ENGEVIX, SETAL, TECIJINT,

PROMON, MPE, SKANSKA e GDK. Eventualmente,

participavam das fi·audes as empresas ALUSA, FI f) ENS,

JARAGUÁ EQUIPAMENTOS, TOMÉ ENGENHARIA,

CONSTRUCAP e CARIOCA ENGENIIARIA.

Especialmente a partir de 2004, essas empresas passaram a

dividir entre si as obras da PETROBRAS, evitando que outras

construtoras não integrantes do cartel fossem convidadas para os

correspondentes processos seletivos. Referido cartd atuou ao

53 de 267

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longo de anos, de manerra organizada, inclusive com regras

previamente estabelecidas. Antes do início dos certames, já se

sabia qual seria a empresa ganhadora. As demais licitantes

apresentavan1 propostas - em valores rnaJOres do que os

apresentados pela empresa que deveria vencer - apenas para dar

aparência de legalidade à f1lsa disputa.

Para garantir a manutenção do cartel, era relevante que as

empresas cooptassem agentes públicos da PETlZOI3R .. AS,

especialmente os diretores, que possuíam grande poder de decisão

no âmbito da sociedade de economia mista. 1 Isso foi facilitado em

razão de os diretores, como inicialmente ressaltado, haverem sido

nomeados com. base no apoio de partidos, tendo ocorrido

comunhão de esforços e interesses entre os poderes econômico e

político para implantação e funcionamento do esquema.

Os funcionários de alto escalão da PETROBRAS recebiam

vantagens indevidas das empresas cartelizadas e, em contrapartida,

não apenas se omitiam em relação ao cartel -ou seja, não criavam

obstáculos ao esquema nem atrapalhavam seu funcionamento -,

mas também atuavam em favor das construtoras, restringindo os

participantes das convocações e agindo para que a empreiteira

escolhida pelo c1rtel fosse a vencedora do certame. Ademais, esses

funcionários permitiam negociações diretas injustificadas,

celebravam aditivos desnecessários c com preços excessivos,

aceleravam contratações com supressão de etapas relevantes~

1 A PETROBRAS, m época, possuía as seguintes Diretorias: Financeira; Cás c Energia; Exploração c Produção; Abastecimento; Internacional; Serviços.

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vazavam inforrn.ações sigilosas, dentre outras irregularidades, todas

em prol das empresas cartelizadas.

As empreiteiras que participavam do cartel e ganhavam as

obras, em contrapartida, pagavam vantagens indevidas, em

princípio, aos altos funcionários da PETROURAS. Esses V<tlorcs,

porém, destinavam-se não apenas aos diretores da sociedade de

economia mista, mas também aos partidos políticos c aos

parlamcütares responsáveis pela indicação c manutenção de tais

pessoas nos respectivos cargos.

A repartição política das diretorias da PETR0!3R.AS

revelou-se mais evidente em relação à Diretoria de Abastecimento,

à Diretoria de Serviços e à Diretoria Internacional, envolvendo

sobretudo o Partido Progressista - Pl~ o Partido dos Thlnlhadores

- PT e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro -

PMDB, da seguinte forma:

a) A Diretoria de Abastecimento, ocupada por PAULO ROBERTO COSTA entre 2004 e 2012, era de indicaç;Jo do PP, com posterior apoio do PMDB;

b) A Diretoria de Serviços, ocupada por R.ENATO DU­QUE entre entre 2003 e 2012, era de índic1ção do PT;

c) A Diretoria Internacional, ocupada por NESTOR CERVERÓ entre 2003 e 2008, e por JOR.GE ZELADA entre 2008 e 2012, era de indicação do l'MDB.

Para que fosse possível o trânsito dos valores desviados entre

os dois pontos da cadeia - ou seja, das empreiteiras para os

diretores e políticos - atuavam profissionais encarregados da

lavagem de ativos, que podem ser chamados de "operadores" ou

55 de 267

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I'GIZ

"intennediários". l<...cfcridos operadores encarregavau1-sc de,

mediante estratégias de ocultação da origem dos recursos, lavar o

dinheiro e, assim, permitir que a propina chegasse aos seus

destinatários de maneira insuspeita.

O operador do Partido Progressista, em boa parte do período

em que funcionou o esquema, era ALBERTO YOUSSEF O

operador do Partido dos Trabalhadores era JOÃO VACCArU

NETO. Os oper;rdores do Partido do Movimento Democrático

l3rasileit'o eram FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES,

conhecido corno FERNANDO BAIANO, e JOAO AUGUSTO

REZENDE HENRIQUES.

O repasse dos valores dava-se em duas etapas. Primeiro, o

dinheiro era repassado das construtoras ou empresas para o

operador. Para tanto, havia basicamente três formas: a) entrega ele

valores em espécie; h) depósito e movimentação financeira no

exterior; c) contratos simulados de consultoria com empresas de

fachada.

Uma vez disponibilizado o dinheiro ao intermedi:1rio,

iniciava-se a segunda etapa, na qual as vantagens indevi(bs saíarn

do operador e eram enviadas aos destinatários finais (agentes

públicos e políticos), descontada a comissão do intermediário. Em

geral, havia pelo menos quatro formas de os operadores

repassarem os valores aos destinatários finais das vantagens

i"d"ido" Ç

56 de 2(,7

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a) A prhneira forma - uma das mais comuns entre os po­líticos - consistia na entrega de valores em espécie, que era feita por meio de funcionários dos operadores, os quais fni­anl viagens eJn voos con1erciais, con1 valores ocultos no cor­po, ou em voos fi-etados;

b) A segunda fonna era a realização de transferências ele­trônicas ou depósitos em dinheiro para empresas ou pessoas indicadas pelos destinatários ou, ainda, o pagamento de bens ou contas em nome dos beneficiários;

c) A terceira forma ocorria por meio de transferências e depósitos em contas no exterior, em nome de empresas <?[fshorcs de responsabilidade dos agentes públicos ou de seus tuniliares;

d) A quarta fonna, adotada sobretudo em épocas de ctm­panhas eleitorais, era a realização de doações "oficiais", devi­damente declaradas, pelas construtoras ou empresas coliga­daS: diretamente para os políticos ou para o diretório nacio­nal ou estadual do partido respectivo, as quais, ern verdade, consistiam em propinas pagas e disfarçadas do seu real pro­pósito.

As investigações da denominada "Operação Lava Jato" des­

cortinaram a atuação de organização criminosa complexa. Des­

tacam-se, nessa estrutura, basicamente quatro núcleos:

a) O núcleo político, formado principalmente por parla­mentares que, utilizando-se de suas agremiações partidárias, indicavam e mantinham funcionários de alto escalão da i'E-· TROBRAS, em especial os diretores, recebendo vantagens indevidas pagas pelas empresas cartelizadas (componentes do núcleo econômico) contratadas pela sociedade de economia mista, após a adoção de estratégias de ocultação da origem dos valores pelos operadores financeiros do esquema;

b) O núcleo econôtnico, formado pelas empreiteiras ctr­telizadas e outras empresas contratadas pela I'ETROBRAS, que pagavam vantagens indevidas a funcionários ele alto cs­cJião da sociedade de economia mi>ta c aos componentes do núcleo político, por meio da atuação dos operadores fimn­ceiros, para nunutenção do esquema~-

57 de 267

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I'GR

c) O núcleo administrativo, formado pelos funcionários de alto escalão da PETROJ3RAS, especialrnente os diretores, os quais eram indicados pelos integrantes do núcleo político e recebiam vantagens indevidas das empresas cartelizadas, componentes do núcleo econômico, para viabilizar o funci­onamento do esquen1a;

d) O núcleo financeiro, formado pelos operadores ou in-­termediários, ene<uregados tanto do recebimento das vanta­gens indevidas das empresas cartelizadas integrantes do nú­cleo econômico, como do repasse dessa propina aos compo­nentes dos núcleos político e administrativo, mediante estra­tégias de ocultação da origem desses valores.

No curso das investigações e ações penais, foram celebrados,

dentre outros, acordos de colaboração premiada com dois dos

principais agentes do esquema delituoso em questão: a) PAULO

I~OBEKTO COSTA, Diretor de Abastecimento da PETR.O­

BRAS entre 2004 e 2012, integrante destacado do núcleo admi­

nistrativo da organização criminosa; e b) ALBERTO YOUSSEF,

doleiro que integrava o núcleo financeiro da organização crimi­

nosa, atuando no recebimento de vantagens indevidas das empresas

cartelizadas e no seu posterior pagamento a funcionários de alto

escalão da PETROBRAS, especialmente a PAULO ROBEltTO

COSTA, bem como a políticos e seus partidos, especialmente ao

Partido Progressista e a seus parlamentares, rnediante estratégias de

oculta<,:ão da origem desses valores. As declarações de ambos os co­

laboradores apontaram o possível envolvimento de vários intc-

grantes do núcleo político da orgaruzação cnrmnosa,

preponderantemente autoridades com prerrogativa de foro perante

o Supremo Tribunal FederaL cY 58 de 267

Page 66: Supremo Tribunal Federa: 20/08/2015 15:40 0040945 I

A partir de então, a "Operação Lava Jato" apresentou maiores

desdobramentos no Supremo Tribunal Federal, com a instauração

de inquéritos para investigar o envolvimento de diversos políticos.

Antes disso, no entanto,já havia sido deflagrado um procedimento

!solado, em razão da apreensão de documentos, durante a "Opera­

ção Bidone" (uma das fases iniciais da "Operação Lava Jato", como

já explicado acima), na sede de uma das empresas opcrad~1s por

ALBERTOYOUSSEF, a GFD INVESTIMENTOS LTDA.

Na ocasião, foram arrecadados oito comprovantes de depósito

em. dinheiro, no valor total de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),

na conta bancária pessoal do Senador FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO e um comprovante de depósito em di­

nheiro, no montante de R$ 17.000,00 (dezessete mil reais), na

conta de uma das empresas do parlamentar em questão, a GA­

ZETA DE ALAGOAS LTDA. O oficio da 13'Vara Federa! do Pa-

raná, em Curitiba, que encaminhou cópia dos elementos em

referência, restou autuado como Inquérito n. 3883/DF no Su­

premo Tribunal Federal.

No decorrer da investigação, verificou-se que um esquema

de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, bastante semelhante

ao descoberto pela "Operação Lava Jato" em relação à PETil,O­

BI~S, foi implantado em uma das subsidiárias da sociedade de

economia mista federal: a Pctrobras Distribuidora S/ A ~ Bll, DIS­

TRIBUIDORA. l~ealmentc, detectou-se que, entre os anos de

2010 o 20[4, pdo "'"M !C$ 26.000.000,00 (viw o"''·~·

59 de 267

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de reais) em propina foram pagos ao Senador FEitNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO, em razão de um contrato de

troca de bandeira de postos de combustível celebrado entre a Pe­

trobras Distribuidora S/ A, no âmbito da Diretoria de Redes de

Postos de Serviço, c a ernpresa DVBR - DEI"tlVADOS DO

BRASIL S/ A, bem corno em função de contratos de construção

de bases de distribuição de combustíveis firmados. entre a mesma

BR DISTRIBUIDORA, na esfera da Diretoria de Operações e

Logística, e a empresa UTC ENGENHARIA S/ A. As vantagens

ilícitas foram pagas por meio de sofisticado esquema de lavagem

de dinheiro, envolvendo diversas pessoas físicas e empresas, sob o

controle e a coordenação do operador PEDRO PAULO IJER­

GAMASCHI DE LEONI RAMOS, chegando às mãos do parla-

mentar beneficiado, geralmente, em valores em espécie.

3. A organização criminosa implantada na Petrobras

Distribuidora S/ A

A Petrobras Distribuidora S/ A, conhecida como BR DIS-·

TRIBUIDORA, é uma sociedade de economia mista federal de

capital fechado, subsidiária integral da Petróleo Brasileiro S/ A -·

PETROBRAS, subordinada ao Ministério de Minas e Energia. A

empresa foi criada em 12 de novembro de 1971, com base na Lei

n. 2004/1953, tendo sede no Rio de Janeiro. Atua principalmente

no segmento de distribuição e comercialização de combustíveis

derivados do petróleo, como gasolina, óleo diesel e querosene de

~ 60 de 267

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I' C R.

aviação, e de biocombustíveís, como etano] e biodiesel, além de lu-

brificantes, emulsões asfálticas e produtos químicos.

A BR DISTRIBUIDORA está presente nos vinte e seis Es­

tados brasileiros e no Distrito Federal, com cerca de 7.500 (sete

mil e quinhentos) postos de serviços. Ela é a maior empresa do se­

tor de distribuição de combustíveis do Brasil, tendo como princi­

pais concorrentes a Petróleo lpiranga e a Raízen (ioint 1!CI11t4Yc

formada por Shell e Cosan). Em 2010, apresentou um total de

vendas de cerca de US$ 47,760,400,000.00 (quarenta c sete bi­

lhões, setecentos e sessenta milhões e quatrocentos rnil dólares).

A estrutura administrativa básica da Pctrobras Distribuidora

SI A é formada pelo Conselho de Administração, pela Presidência

e pela Diretoria Executiva, a qual é integrada por quatro Direto­

rias: a) Rede de Postos de Serviço; b) Mercado Consun1.Í­

dor; c) Financeira e de Serviços; d) Operações e Logística.

A interação entre esses órgãos fundamentais c os demais órgãos a

eles subordinados e relacionados pode ser visualizada no seguinte

gáfico fi>··

61 de 267

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PETROBRAS ESTRUTURA GERAL ~ OISTRIBUJl>Ot:IA.S A

DRPS ___ .,._.,.. ' ,...,..,"""' ... "<...-.:<>

-~"ii:!~J.~~r~~?~.~J··.~l~l~r~·:···[·~~-~1- -~;!~j[ ~;~! 1!··-~~~- J' ~::.t:""' ... .,"'t:_ -=....-~ .. _ .. '"':i'_ ~- -·~·'-<:.-i ~-~ -~- ij __ .... • _ ....... l- (-· 'IW"- ~-=~ il ______ jL____ - --~ ·-·- ____ _j --·-···

As apurações levadas a efeito no caso conduziram à constata­

ção de gue, pelo menos entre os anos de 2010 e 2014, funcionou

no âmbito da BR DISTRIBUIDORA uma organização crimi­

nosa preordenada principalmente ao desvio de recursos em pro­

veito particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem de

dinheiro. Isso ocorreu essencialmente em razão da influência, sobre

a sociedade de economia mista em questão, do Partido Trabalhista

Brasileiro - PTB, em especial de seu Senador pelo Estado de Ala­

goas, FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO, bem

como de. seu amigo pessoal e "operador particular", PEDRO

PAULO BERGAMASCHI DE LEONI RAM~

62 de 267

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O grupo crunmoso em referência, de forma similar ao es­

quema relacionado à PETROBRAS, era estruturado da seguinte

fonna:

a) núcleo adrninistrativo, formado por diretores e funcio­

nários de alto escalão da BR DISTRIBUIDOFlA que ocuparam

seus cargos por indicação político-partidária e que, nessa condição,

praticaram ilegalidades em contratos celebrados em benefício de

determinadas empresas, conforme orientação direta ou indireta do

parlamentar que os apadrinhara;

b) núcleo econômico, formado por empresas e empresários

que celebraram contratos com a BR DISTltiBUIDORA, que fo­

ram beneficiados pelas ilegalidades cometidas pelos diretores c

funcionários de ~1lto escalão da sociedade de economia mista apa­

drinhados e que, em contrapartida, pagaram vantagens indevidas

ao parlarnentar responsável pela indicação e manutenção em seus

cargos (apadrinhamento) dos integrantes do núcleo adrninistrativo;

c) núcleo financeiro, formado por operadores c intermedi­

ários que se encarregaram de articular os vários núcleos do grupo

criminosó e, particularmente, de receber as vantagens indevidas das

empresas beneficiadas e repassá-las ao parlamentar que viabilizava

o funcionamento do esquema, fazendo tudo isso mediante estraté­

gias de ocultação de sua origem ilícita, através do uso de diversas

empresas e pessoas, manipulando sobretudo dinheiro em espécie; e

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i'CR

d) núcleo político, formado pelo Senador responsável pela

indicação e manutenção em seus cargos dos diretores e funcioná-

rios de alto escalão da BR DISTR!l3UIDORA que, sob orienta-

ção sua, principalmente por meio de seu "operador particular",

cometeram ilegalidades que beneficiaram empresas contratadas

pela sociedade de economia mista, bem como pelos auxiliares que

colaboraram diretamente para o recebimento de vantagens indevi­

das pelo parlamentar em questão, como contrapartida pela viabili­

zação do funcionamento do esquema. 2

3.1. Núcleo administrativo

PAULO ROBERTO COSTA, em seu Termo de Colabora-

ção n. 01, esclareceu cotno acontecem as indicações para cargos de

alto escalão ern entidades, empresas e órgãos governamentais no

Brasil. Referindo-se especificamente à PETROL3RAS, ele ressal-

tou que" a co1npet8ncia técnica não era suficiente para progredir, sendo ne­

cessário para ascender ao nÍllel de diretoria tun apadrinhan1ento político,

COIUo ocorre em todas as empresas vinculadas ao governo". Logo adiante,

falando em termos mais gerais, explicou que essa forma de ascen­

são funcional gera para o contemplado um dever de contrapartida,

pois, "o ,~;rupo politico sc1npre de111amlrllií a(~to em troca", salientando,

mais explicitamente, que" toda indicação política no país para os ca~~os

de diretoria j!rCssupr)e que o it~~icie facilidades ao grupo político

2 Os clc1ncntos obtidos na investigação, até o momento, nJo cvldcnciaJll o pag;:uncnto de propina ao núcleo admínistrativo da organizaçJo crin1inosa

implantada na BR DISTRIBUIDORA. No entanto, nJo se descarta css;~

possibilidade.

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I'GR

que o indicou, realizando o dcsuio de recursos de obras c contratos Jinuados

pelas crnprcsas c á~~ãos a que esteja uinculado para benefício deste mesmo

gmpo polítiw".3

Em seu Termo de Declarações Complementar n. 06, ao ser

indagado sobre o Senador FERNANDO AFFONSO COLLOR.

DE MELLO, PAULO ROBERTO COSTA afirmou que "ou11ia

dizer que ele tinha rnuita influência política na BR Distrilmidora". Na

mesma ocasião, tratando do "operador particular" do parlamentar

em referência, destacou que "sabe que Pedro Paulo Leoni Ramos tai/1-

/Jém tem bastante influência na l3R Distrilmidora".

RICARDO RJBEIRO PESSOA, em seu Termo de Colabo-

ração n. 02, foi objetivo e confirmou que FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO e PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS detinham a indicaçfto

política e o consequente controle de duas Diretorias da l3R I) IS­

TRIBUIDORA. Ele afirmou que, no ano de 2010, o "operador

particular" do Senador do PTB disse-lhe o seguinte: "nós ternos

unJa ou duas diretorias dentro da 131< Distri!JUidora nas quais tentos

acesso e ascendência". Mais adiante, RICARDO Rll3ETRO PES-

SOA foi mais claro, destacando ser do seu conhecimento q~

3 Ess<Js ;~firmativas de PAULO ROBERTO COSTA são corroboradas por p[lgin<l de agenda do advogado M;~thcus de Oliveira, apreendida '"' sede da empresa GFD Investimentos Ltda., da qml consta a seguinte anotaçJo sobre abertura de cn1prcsas c contas bancárias no exterior em f:-JVor do ex··· diretor de Abastecimento da PETROBRAS: "R.cuuiào Paulo i{o/;crlo Costa. A - C~(fshores: 1. Pode !tatJcr problemas em ahrir oj{s!torcs em 1/0//IC do ])r. Paulo Clll mzdo de ter ocupado ca~~o de indicação política '"' Pclrobras. (. .. }" (Processo 5049557-14.2013.404. 7000/PR, Evento 253, AP-INQPOL3, p;,gina 5) (Doc. 9).

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"alén1 da diretoria ocupada por JOSÉ ZONIS (Diretoria de OperaçiiCs c

Logísticas), COLLOR tarnbém era responsá1;e/ pela indicação do oa<­

paNte da diretoria de postos de cmulmstír;eis (Diretoria de Rede de Postos

de Serl!iços)" (Petição n. 5673/DF).

Exatamente na Diretoria de Rede de Postos de Serviço e na

Diretoria de Operações e Logística da BR DISTR.IBUJDORA

ocorrera.m os contratos, até o momento identificados, que servi-

ram de base para o pagamento de propina ao Senador FER-

NANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO. Entre 2009 c

2013, a primeira foi ocupada por LUIZ CLAUDIO CASE!l<.A

SANCHES, ao passo que a segunda foi ocupada por JOSÉ ZO­

N!S. Ambos chegaram aos cargos por indicação política do Partido

Trabalhista Brasileiro - PTB, em especial do parlamentar em refe­

rência, a quem prestaram a devida contrapartida, rncdiante favore­

cimento ilegal a empresas apontadas por ele e por seu "operador

particular", PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONl

RAMOS.

a) A Diretoria de Rede de Postos de Serviço

Pará a compreensão dos detalhes que antecederam alguns cri­

mes objeto da presente denúncia, há de se dizer que, no ano de

2011, a BI~ DISTRIBUIDORA celebrou contrato de troca de

bandeira de postos de combustíveis com a empresa DVBR- DE­

RIVADOS DO BRASIL S/ A. O negócio foi conduzido, desde as

tratativas, entabuladas em princípio no ano de 201 O, no âmbito da

Diretoria de Rede de Postos de Serviço, então ocupada por LUIZ

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CLAUDIO CASEIRA SANCHES. Com o surgírnento de suspcí-

tJs em torno da negociação, em razão da "Operação Lava Jato", a

PETROBRAS constituiu um Grupo de Trabalho de Avcrigua\:ão

- GTA que analisou os fatos e produziu um relatório com anexos

(Doc. 7).

Inicialmente, a oportunidade de negócio foi trazida ao co-

nhecimento da BR DISTRIBUIDORA pelo BANCO SAN­

TANDER, em 15/06/2010. No dia seguinte, em 16/06/201 O, o

Diretor de Rede de Postos de Serviço (DR.PS) LUIZ CLAUDIO

CASEIRA SANCHES solicitou uma avaliação do assunto pelo

então Gerente Corporativo de Il_ede de Postos (GCF<-P) DEME­

TR!US ZACARIAS DIUANA, que pediu a análise do tema pelo

então Gerente de Gestão Estratégica e Negócios Corporativos

(GGENC) DIÓGENES CASTILHO DE MATTOS NETO, o

qual, considerando a viabilidade da negociação, passou a estar à

fi·ente das tratativas (Anexos 10, 11 e 12 do relatório do GT'A).

DIÓGENES CASTILHO DE MATTOS NETO, inclusive,

assinou acordo de confidencialidade com o BANCO SANTAN-

DER e participou de reuniões para discutir o negócio, consoante

iuforrnações repassadas por mensagem eletrônica de 11/08/201 O

(Anexos. 13, 14 e 15 do relatório do GTA).Apesar disso, toda a ne­

gociação era acompanhada e orientada pelo Diretor de Rede de

Postos de Serviço (DR.PS) LUIZ CLAUDIO CASEIRA SAN­

CHES, conforme mensagens eletrônicas trocadas em 06/10/20 I O

(Anexo 16 do relatório do GTA). ~

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Por motivo nao esclarecido, em 03/ll/201 O, o BANCO

SANTANDER saiu da negociação e liberou a B.R DISTR113UI­

D01Z.A para tratar diretamente com o representante da DVBR -

DERIVADOS DO BRASIL S/ A, que era CARLOS ALBERTO

DE OLIVEIRA SANTIAGO. Nesse momento, também por ra­

zões obscuras, o Gerente Corporativo de Rede de Postos (GCRI')

DEMÉTRIUS ZACARIAS DIUANA passou a conduzir todos os

trâmites da contratação no ân1bito da BR DISTRIBUIDORA.

Ouvido a respeito do assunto pelo Grupo de Trabalho de Averi­

guação - GTA da PETROBRAS, o Gerente de Gestão Estratégica

e Negócios Corporativos (GGENC) DIÓGENES CASTILHO

DE MATTOS NETO afirmou:

"Que em 2010 recebeu o contato do Banco Santander que estava oferecendo uma oportunidade de negócio para a 13R, na aquisição de uma rede de postos. Que estava em negocia-· ção com o Santandcr, já tendo, pelo que lembre, celebrado um acordo de confidencialidade e que durante esta. negocia-· ção foi chamado pelo GCRP na época, o Demétrius, que disse ter urna reunião com a DV.BR para tratar deste assunto, com um dos seus sócios, o Carlos Santiago. Que não sabe quem indicou o Carlos Santiago para vir à BR.. Que partici­pou da reunião e mencionou que já estava negociando com o Santander. Que logo depois o Santandcr liberou a llR para negociar diretamente com a DVBR." (Anexo 3 do rela­tório do GTA).

Estranhamente, ao ser ouvido pelo Grupo de Trab~1lho de

Averiguação, o Gerente Corporativo de Rede de Postos (GCRP)

DEMÉTRIUS ZACARIAS DIUANA afirmou "que não negociou

nada co111 o Carlos Santiago" (Anexo 3 do relatório do GTA). No

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CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA SANTIAGO e DEMÉ-

TRIUS ZACAiz!AS DIUANA, a qual também contou con1 a

participação de LUIZ CLAUDIO CASEIRA SANCHES, como

consta do relatório do GTA: "E111 2911012010foí realizada rcu11ião

entre o represerltante da DVBR (Sr. Carlos Santiago), o DRPS (Luiz

Sanchcs) e o CCRP (Demétríus)".

Com o afastamento do BANCO SANTANDER das negoci­

ações, CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA SANTIAGO pas­

sou a tratar do assunto no âmbito da BR DISTRIBUIDORA,

agindo em nome da DVBR - DERIVADOS DO BRASIL S/ A.

Paralelam.entc a isso, por orientação de LUIZ CLAUDIO CA­

SEIRA SANCHES, DEMÉTRIUS ZACAlUAS DIUANA pas-

sou a agir ativamente na negociação, demonstrando grande

interesse na celebração do contrato c excluindo o envolvimento

no assunto das áreas comerciais da sociedade de cconon11a mista

(Gerências de Automotivos- GATs).

O fato chamou a atenção de outros funcionários da BR DIS-

TIUBUIDORA envolvidos na negociação. RODRIGO SO­

BREIRA DE SOUZA, em depoimento ao Grupo de Trabalho de

Averiguação, ressaltou "que a negociação foi conduzida pelo Dcmétrius

e que as áreas comerciais não participaram da negociação c que cxistill run

dcscorrfórto com isso" (Anexo 3 do relatório do GTA). Por sua vez,

LUIZ ALBERTO ROGOGINSKY, ao ser ouvido, afirmou o se-

guintc:

"( .. :) Que achou fora do usu,1l que o Demétrius conduzi:~ a

negocnçâo d;cmmcmc com ' DVllR, ""' ' 1'"""'~-

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!'GIZ

efetiva do Luís Alves, que na época era o GAT-2. Que o Marcelo fez uma apresentação para o Luis Alves, que ficou como ouvinte e mencionou que estava à parte da negocia-· ção. Que o Demétrius não gostou da iniciativa e informou ao depoente que a negociação deveria ser mantida no âmbi­to da GCR.l'. Que não participou da submissão do negócio ,] DE, sendo que soube depois que os GATs assinaram os con­tratos. Que o Demétrius conduziu ativamente o assunto, com uma vontade grande de fechá-lo, sendo que o Danilo participou como elaborádor dos cálculos solicitados pelo Dernétrius. ( ... )

Que o respons:ível pela condução foi o Demétrius. Que não pensa ser normal que a condução deste tipo de negócio fos·· se feita sem a participação da área comercial. Que o GCR.P deveria participar também da negociação, rnas não de forma tão contundente e sem a participação da área comercial. Que ninguém sabe o motivo pelo qual o Demétrius adotou este estilo centralizador neste caso" (Anexo 3 do relatório do GTA).

A vontade do Gerente Corporativo de Rede de Postos

(GCRP) DEMÉTRIUS ZACAR!AS DJUANA de realizar a con-

tratação sob exame era tão grande que ele elaborou o Documento

Interno do Sistema Petrobras (DIP) de propositura do negócio à

aprovação da Diretoria Executiva da BR DISTIUBU!l)ORA in­

cluindo informação L1lsa sobre o relatório que continha os dados

de desempenho dos postos da rede que passaria a ostentar :1 ban­

deira da sociedade de economra mista. No DIP UR-

DRPS/GCRP 102/2011, ele afirmou que o documento em

questão seria um "relatório auditado" por ernpresa particular:

"Os volumes de vendas contemplados no estudo econômico foram definidos da seguinte forma:

- 1 o ano: volume de realização informado pela DVl3R atra­vés de relatório auditado pela Ernst & Young -· 28.258nr' /mês;

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I' GIZ.

- 2" ano: crescimento estimado de 7% ao volume do l 0 ano - 30.236 m 3 /mês

- 3" ano: crescimento estimado de 14'){, ao volume do 1 o ano - 32.214 111

3 /mês.

O crescimento das vendas no 2" e 3" anos foram projetados, de forma conservadora, com base no histórico de migração de postos para a imagem da BR" (Anexo 17 do relatório do GTA).

Todavia, o próprio teor do documento em análise evidencia

que não se trata de um relatório de auditoria, ressaltando que, no

caso, realizou-se apenas "urna m;afiação do demonstratÍ!JO nZio auditado

do uohmw de litros de com!JustÍ11eis e nr' de GNV uemlidos pela DVBR

e fornecidos pela empresa" (Anexo 18 do relatório do GTA). Em ou­

tro trecho do relatório, isso fica mais explícito:

"Devido ao fato de os procedimentos acima descritos não se constituírem um exame de auditoria conduzido de acordo com <lS normas de auditoria, não expressamos opinião sobre os respectivos itens. Os procedimentos pré acordados, solici­tados pela Administração da Companhia (DVBR.) e por nós executados não constituem uma auditoria e portanto não es­tamos em condição de expressar, como de fàto não estamos expressando, urna opinião sobre os itens objeto de nossos procedimentos pré acordados" (Anexo 18 do relatório do GTA) 4

A consideração do volume de vendas da rede de postos da

DVBR - DERIVADOS DO BRASIL S/ A era essencial para a fi-

xação do. preço a ser pago pela BR DISTRIBUIDORA e para a P-4 () docun1ento etn referência ainda htzia u1na expressa rcss~dva,

recomendando que não fosse utilizado fora do úmbito da DVBR -DERIVADOS Do BRASIL S/ A: "Este relatório c seus ANJ!XOS dcsli'"'"'­se aa uso exdusil!o da AdrniHislmçào e Acionistas da CoiJipauhia, e 1ulo devem ser distribuídos a pessoas que não j{mJm t1wolvidas na d~·finiçrlo rh> escopo dos trabal!tvs c q11e, consequcntcmeutc, dcsumllcccm seus ol~jct.ivos" (Anexo 18 do relatório do GTA).

71 dc267

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própria aprovação do negócio pela Diretoria Executiva da socie­

dade de economia mista. Com base em informação falsa a respeito

da suposta "auditoria" sobre esse dado, inserida por DEMÉTl:UUS

ZACARIAS DIUANA, em comum acordo com o Diretor de

Rede de Postos de Serviço (DRPS) LUIS CLAUDIO CASEIRA

SANCHES e com o representante da DVBR DERIVADOS DO

BRASIL S/ A, CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA SANTI-

AGO, houve a aprovação do negócio, na mesma data em que foi

proposto, em 15/07/2011 (Anexo 17 do relatório do GTA).

O fato foi destacado pelo Grupo de Trabalho de Averiguação

da PETROBI~AS. O respectivo relatório, ao tratar do documento

de empresa privada apontado como uma "auditoria" no caso, res­

saltou:

"O GTA apurou que este relatório se limitou a confrontar o volume de litros vendidos, demonstrado nos livros fisCJis e preparados pela DVBR, com o volume de litros vendidos demonstrados nos relatórios analíticos operacionais (livro de rnovimentação de combustíveis) e com a planilha enomi-­nhada à BR.

Deste modo, verificou-se que o número estipulado con~o base de volume para a celebração do negócio não se baseou nu1n relatório de auditoria, como in­formado no DIP de propositura, mas sim um relató­rio não auditado, e realizado seu~ qualquer verifica­ção no cmnpo.

É certo que as GATs envolvidas fizeram uma estimativa de qual seria o potencial de vendas da rede da DVBR., conside­rando o quadro após o embandeiramento. Não obstante, esta estimatíva nem sequer foi mencionada no DIP de propositu-ra.

Nesse sentido, ao deixar de mencionar estas condi-çõe>, o DIP de prop~i<u'" deixou d• repM'" p~

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DE inforn~ações relevantes para o processo decisório, principalmente porque havia uma percepção clara de que o volume era un1a dimensão deter1ninante para a definição do bônus.

O GTA entende que o ex-empregado Demétrius fa­lhou ao trazer informações equivocadas para a DE, quando afirmou que utn relatório, que não se carac­teriza cmno de auditoria, seria um relatório de audi­toria. O GTA deixa de enquadrar sua falha no regi­n~e disciplinar e normas internas, eis que o Sr. De­tnétrius não é tnais e1npregado do Sistema Petro­bras" (grifos no original).

O contrato de troca de bandeira de postos de combustíveis

em questão consiste em um negócio de direito privado, que não se

submete à exigência de licitação, por se inserir na área finalística da

BR DISTRIBUIDOH.A, sociedade e economia mista que desen­

volve atividade econômica. Foram celebrados, na realidade, cinco

grupos de contrato, da seguinte forma: a) um pré-contrato, cclc-

brado entre a DR DISTRIBUIDORA e a DVDR. - DERIVA-

DOS DO BRASIL S/ A, o qual estabelece as condições gerais da

contratação, especialmente um pagamento de I<..$ 140.000.000,00

(cento e quarenta milhões de reais) pela sociedade de econo!llia

mista em favor da empresa privada, em três parcelas anuais, refe­

rente à bonificação total do negócio, pelo volume de vendas ao

longo de 10 (dez) anos, além de um pagamento de até

R$ 17.000.000,00 (dezessete milhões de reais) pela sociedade de

economia mista à empresa privada, referente ao custeio de despesas

com a mudança da marca de cada um dos postos revendedores

para a bandeira da BR DISTRIBUIDORA; b) um contrato de

bônus anual, celebrado entre a BR DISTRIBUIDORA e a

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DVBR - DERIVADOS DO BI<-ASIL S/ A, com a intcrveniência

de cada um dos postos revendedores, o qual estabelece o valor de­

vido a cada ponto de venda, de acordo com o volume respectivo,

em correspondência ao valor total de bonificação previsto no pré­

contrato; c) vários contratos de promessa de compra e venda mer-·

cantil com licença de uso de marca (CPCVMs), celebrados entre a

BR D!STRIUU!DORA e cada um dos postos revendedores, com

a interveniência da DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A, os

quais estabelecem a obrigação dos postos de adquirir combustíveis

em determinados volumes e de usar a marca da sociedade de eco-

nomia mista; d) contratos de fiança celebrados entre a BR DIS-

TRIBUIDORA e a DVBR- DERIVADOS DO BRASIL S/ A c

as suas pessoas jurídicas controladoras, como forma de garantia

para eventuais ressarcimentos e valores devidos à sociedade de eco-

nomia mista em razão do negócio.

Com base nesse conjunto de contratos, um total de 118

(cento e dezoito) postos de combustíveis vinculados à DVBR -­

DERIVADOS DO BRASIL S/ A, localizados nos Estados de São

Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, deveria passar a ostentar a

marca da BR DISTRIBUIDOFlA e comercializar produtos for­

necidos pela sociedade de econornia mista, em determinados volu­

mes. No entanto, não foi bem isso o que ocorreu.

Desde o início da execução do contrato, verificou-se o seu

descumprimento. A própria propositura do negócio à Diretoria

Executiva da sociedade de economia mista, prevendo um cresci-

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rnento de consumo apos a contratação, elaborada por DEM É-

TRIUS ZACARIAS DIUANA, conforme a orientação de LUIS

CLAUDIO CASEIRA SANCHES, em comum acordo com

CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA SANTIAGO, continha

uma expectativa ilusória, não correspondente à realidade, sem

qualquer fundanwnto em dados concretos c fidedignos, como res­

saltou o relatório do Grupo de Trabalho de Averiguação da PE-

TROBRAS:

"Neste sentido, ao projetar como base da TRJ aceitável para o negócio o crescimento no consumo de 7'% a 14'% nos dois primeiros anos, e repassar isto para a Diretoria Executiva como cenário base para aprovação, sem qualquer padrnetro tée1iico de respaldo, houve falha na propositura, que acabou por retratar uma expectativa que nJo tinha qualquer base real comprovada".

Inclusive, LUIZ ALBERTO ROGOGINSKY, funcionário da

BR. DISTRIBUIDORA que participou da negociação, ao ser ou­

vido pelo Grupo de Trabalho de Averiguação da PETROI3RAS,

ressaltou que havia possibilidade concreta de a projeção de volume

de vendas dos postos da DVHR - DERIVADOS DO !3R.AS1L

S/ A, após a troca de bandeira, ser decrescente. Sobre isso, ele afir--

ll10ll:

"Que era mencionado pelo Demétrius que com a troca de bandeira haveria uma subida do volume. Que o Demétrius mencionou que virando de bandeira branca para a BR have­ria uma rampa de crescimento, sendo que o Dernétrius pe­diu ao Danilo pJra simular os cenários simulando essa rampa. Que nJo sabe de onde ele tirou esta rampa. Que com " alte­ração da bandeira se agrega valor e é possível o aumento de volume. Mas lembra gue a rede DVBR era calcada no "lcool

e "" preço i>"ixo, "''" com ' ümgem d" llR oo poeçoo :;;t;-· 75 de 267

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subir c com isso modificaria o padrão dos consumidores da rede. Que a rampa, ent3o, poderia ser para cirna ou para bai­xo" (Anexo 3 do rehtório do GTA).

Essa falha certamente levou à fixação de um valor a ser pago

pela BR DISTlliBUlDORA bem maior do que o que seria de­

vido, evidenciando a ocorrência de desvio de recursos da socie-

dade de economia mista crn favor da DVBR- DERIVADOS DO

BRASIL S/ A. Não só isso, mas também um detalhe quanto <10

prazo de vigência de cada contrato de promessa de compra c

venda mercantil com licença de uso de marca (CPCVM) condu­

ziu ao estabelecimento de um sobrepreço em prol da empresa pri-­

vada contratada, como esclarece o relatório do GTA da

PETROB.RAS:

"Foi assumido que para o cílculo da análise econômica, que possibilitou o montante da liberação do bônus de R$ 140 milhões, que o prazo de vigência dos CPCVMs correspon-­deria ao prazo restante de vigência do contrato de locação de cada imóvel, acrescido de 60 meses (a título de ação reno­vatória).

O empregado Marcelo atenta que tal premissa é singular: 'Por1m, a{l.fl./115 de seus tcr111os cra111 fora do corn1.H11, como, por excll!plo, ji1zer o r)(lxamento do bônus já considerando eventual re­novatória.'

O DIP de propositura, então, deixou de mencionar que ha-­via o risco de muitos postos não conseguirem obter a reno­vatória, o que prejudicaria o cumprimento do CPCVM.

Neste sentido, ao se utilizar a premissa otimista da renovatória, foi possível a liberação da concessão mencionada no DIP, o qual foi on1isso quanto a un1 EVTE que não considerasse a renovatória, o que le­varia a um valor inferior ao que foi pactuado.

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'-''-'-'------------ -----·---·- ------------- --------- """ ----------- -

Podemos concluir, então, que houve otnissão do ris­co citado acima no DIP de propositura" (gritos no ori­ginal).

A intenção de desvio de recursos da BR DISTRIBUI­

DORA em proveito particular, no caso, de responsabilidade do

Diretor de Rede de Postos de Serviço (DRPS) LUIS CLAUDIO

CASEIRA SANCHES e do Gerente Corporativo de Rede de

Postos (GCRP) DEMETRIUS ZACAlliAS DIUANA, fica evi-

dente güando se considera o já ressaltado descnmprimento imedi-

ato e reiterado do contrato por parte da DVBR - DElUVADOS

DO BRASIL S/ A., sem que providência efetiva alguma tenha sido

adotada pela sociedade de economia mista. Com efeito, alguns

postos foram vendidos pela DVBR- DERJVADOS DO BI~ASIL

S/A, outros nunca ostentaram a marca da UR DISTIUIJUI-

DORA, e praticamente todos jamais atingiram o desempenho co­

rnercial esperado, não se tendo notícia de nenhuma medida eficaz

para a proteção do patrimônio da sociedade ele economia mista

diante dessa situação.

Pelo contrário, a BR DISTRIBUIDORA efetuou regular--

mente todos os pagamentos a seu cargo, sem gue houvesse a regu­

lar contrapartida da empresa privada contratada. Acerca do tema, o

funcionário MAl"Z.CELO GRINZSTAJN, ouvido pelo Grupo de

Trabalho de Averiguação da PETROBRAS, destacou gue quanti­

dade significativa de postos contratados deixou de usar a bandeira

da BR DISTRIBUIDORA e que o desempenho geral das vendas

é ruim, o que foi constatado logo un1 mês após a contratação:

. jJ;J---

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"Que a performance é ruim, com um;r def.1sagem volumé­trica grande, sendo que teria que ver os dados para ser mais específico. Que a rede comomc cerca de 70% do valor con­tratado e que esse volume causa um déficit crescente. Que houve a descaracterização de 41 postos. Que a grande maio­ria destes postos descaracterizados é da própria DVBR. Que o contrato com a DVDR começou a ser descumprido um mês depois de su;r celebração. Que com a BR. o pagamento era antecipado, então depois de assinar o contrato eles fica­ram um tempo sern comprar nada da Bt:t_, até que foi feito o pagamento do adiantamento pelo Itaú. Que mesmo sem a descaracterização, com a venda média destes postos, seria di­fícil cumprir os termos do contrato" (Anexo 3 do relatório do GTA).

Coi11o se nota, o negócio sob análise foi bastante ruim para a

BR DISTRIBUIDORA. Trata-se de contratação tipicamente rea-

lizada para atender a interesses políticos e econômicos escusos. As

circunstâncias apontam no sentido de que o negócio de troca de

bandeira de postos de combustível celebrado com a DVBR- DE­

RIVADOS DO BRASIL S/ A foi feito apenas para satisfazer aos

anseios, relacionados ao recebimento de propina, do Senador

FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO e de seu

"operador particular", PEDRO PAULO BEH .. GAMASCHI DE

LEONI RAMOS, que tinham ascendência sobre a Diretoria de

Rede de Postos de Serviço, ocupada por LUIS CLAUDIO CA­

SEIRA SANCHES, no âmbito da qual foi feita a contrata\:ào, me­

diante esforço incomum - que ultrapassou inclusive os limites da

legalidade- do Gerente Corporativo de Redes de Postos (GCRP)

DEMÉTRIUS ZACAR.IAS DIUANA. Com base em dados f:1los

c não correspondentes à realidade, firmou-se um contrato com so-

breprcço, em favor de CAR.LOS ALBERTO DE OLIVEIRA

#-78 de 267

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SANTIAGO, representante da empresa contratada, o gual acabou

pagando ao parlamentar, por intermédio de seu operador, as vanta­

gens financeiras indevidas. A situação somente se concretizou gra-

ças ao empenho de LUIS CLAUDIO CASEIRA SANCHES em

prestar a contrapartida relativa à sua nomeação e perm;mência no

cargo de. Diretor de Rede de Postos de Serviço (DRPS), assegu­

rando a viabilização de um negócio, de interesse de PEDRO

PAULO BERGAMASCJcll DE LEONI RAMOS, que rendeu

propina ao seu padrinho pol.ítico FERNANDO AFFONSO

COLLOR DE MELLO, Senador do Partido Trabalhista l3rasileiro

-PTB.

A vinculação do negócio em referência a FERNANDO AF­

FONSO COLLOR DE MELLO fica mais clara quando se per­

cebe gue, em 25/06/2010, no início das tratativas referentes ao

caso, duas mensagens eletrônicas encaminhadas por LUIS CLAU­

DIO CASEIRA SANCHES para DEMÉTR.IUS ZACAR.IAS

DJUANA, repassando os dados das pessoas do Banco Santander

gue estavam à fi·ente do assunto e informando sobre contatos

acerca da matéria, foram ocultamente copiadas para JOSÉ ZONIS

(Anexo 20 do relatório do GTA). De forma ainda mais explícita,

em 16/07/2011, DEMÉTRIUS ZACARJAS DIUANA enviou

uma mensagem eletrônica diretamente a JOSÉ ZONIS, referindo­

se ao negócio de troca de bandeira de postos de combustível, cogi­

tando em "dobrar o ualor" a ser pago à empresa contratada e di­

zendo o seguinte:" Vejam que coisa boa ... Já antecipei wm o Santiayo

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I'CIZ

(DVBR) e ele se nwstrou muito interessado. Dcmetrius" (Anexo 20 do

relatório do GTA).

JOSÉ ZONIS era, na época, Diretor de Operações c Logís­

tica da BR DISTRIBUIDORA, politicamente indicado também

por FERNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO e a ele

vinculado.' Não haveria razão lógica para que um diretor da Dire­

toria de Operações e Logística tomasse conhecimento de um ne­

gócio que dizia respeito diretamente à Diretoria de Rede de

Postos de Serviço. Relevante notar que, ao ser indagado sobre o

contrato de troca de bandeira de postos de combustível celebrado

entre a sociedade de economia mista e a DVBR- DERIVADOS

DO BI'-ASIL S/ A, sem saber que o GTA da PETROBRAS havia

detectado as mensagens eletrônicas referidas, JOSÉ ZONIS men-

tiu, afirmando que "não teve qualquer partiâpação" e que "só /leio a

saber do caso quando o 1'1/CSI'IIO foi levado à Diretoria ExerutiiJa". De

resto, durante a diligência de busca e apreensão realizada no caso,

na mesa de trabalho de JOSÉ ZONIS foram encontradas mensa-

gens eletrônicas impressas, as quais tratam exatamente do con~

5 A influência do Senador FEI"lNANDO AFFONSO COLLOR DE MELLO sobre a HR DISTRIBUIDORA c, especialmente, a indica1:;;o por ele de JOSÉ ZONIS para Diretoria de Operações c Logística são f:1t0s notórios pelo n1cnos desde o ano de 2010) quando ncn1 se coglt;Jva ;linda da chamacb "Operação Lava Jato". A situação foi inclusive objeto de referência em debate durante a campanha presidencial nas cleiç<>es de 2010, rendendo matérias jornalísticas que também fizer;Im referência ;Í

indicação de LUIS CLAUDIO CASEIRA SANCHES para a Diretoria de Rede de Postos de Serviço e sua vincul<~\:ão ao Partido Trabalhista llrasilciro - PTB, agremi>Ição partid5ria do parbmcntar em questã<>: h ttp: // óglobo.globo.com/brasi I/ clcico_cs-201 0/josc-zon is-diretor-d<I-br­foi-indicado-por-collor-49836 11 (Doc. 9).

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de troca de bandeira de postos de combustíveis celebrado:; entre a

BR DISTRIUUIDORA c a DVBR- DERIVADOS DO URA­

SIL S/ A (Auto de Apreensão da Equipe RJ-30, Item 02 - Doc.

1 0).

b) A Diretoria de Operações e Logística

Igualmente há de se referir que, no ano de 2010, a 131{._ DIS­

TRIBUIDORA celebrou quatro contratos de construção de bases

de distr.ibuição de combustíveis com a empresa UTC ENGE·­

NllAlUA S/ A. Os negócios seguiram as regras de direito público,

por se referirem à atividade-meio da sociedade de economia lllista,

tendo sido realizados no âmbito da Diretoria de Operações e Lo­

gística, então ocupada por JOSÉ ZONIS. Com. o surgimento de

suspeitas em torno dos fatos, em razão da "Operação Lava Jato", a

PETROBRAS constituiu um Grupo de T'rabalho de Averiguação

- GTA que analisou os fatos e produziu um relatório com anexos

(Doc. 7).

Entre 28/05/2010 e 16/06/201 O, a BR DISTRIBUIDORA

realizou Procedimento Licitatório Simplificado, na modalidade

Convite, nos termos do Decreto n. 2.745/1998, para contratação

de empresa para construção de dois tanques para óleo diesel e im­

plantação de descarga centralizada p:tra caminhão tanque no Ter­

minal de Distribuição de Combustíveis de Duque de Caxias -·

TEDUC, no Estado do Rio de Janeiro. Participaram do certame as

seguintes empresas: a) UTC ENGENHARIA S/ A, com proposta

!10 "loe de RI 61.988.060,40 ('K""" c qo,tto m~

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centos c oitenta e oito mil, sessenta reais e quarenta centavos); b)

BSW BRASIL, com proposta no valor de .R$ 72.141.970,09 (se-

tenta e dois milhões, cento c quarenta e um mil, novecentos e se-

tenta reais e nove centavos); c) ECMAN ENGENHARIA, com

proposta no valor de R$ 78.590.966,85 (setenta e oito milhões,

quinhentos e noventa mil, novecentos e sessenta c seis reais e oi-

tenta e cinco centavos). A empresa UTC ENGENHARIAS/A foi

contratada por ter apresentado o menor preço, tendo sido o res­

pectivo instrumento contratual assinado em 13/07/201 O, após ne­

gociação que reduziu o valor da proposta da empresa para

R$ 53.950.000,00 (cinquenta e três milhões, novecentos e cm­

quenta mil reais), conforme Anexos 3 e 6 do relatório do GTA.

Entre 05/08/2010 e 21109/2010, a Bll DISTR!UUIDORA

realizou Procedimento Licitatório Simplificado, na modalidade

Convite, nos termos do Decreto n. 2.745/1998, para contratação

de empresa para construção de novos cais flutuantes no Terminal

de Distribuição de Combustíveis de Manaus - TEMAN, no Es­

tado do Amazonas, na Base de Distribuição de Combustíveis de

Caracaraí - BARAC, no Estado de Roraima, e na Base de Distri­

buição de Combustíveis de Orixirniná - !3ARIX, no Estado do

Pará. A documentação encaminhada pela BR DISTIUDUIDORA

não indica quais empresas participaram do certame. Sabe-se apenas

que a UTC ENGENHARIA S/ A apresentou a menor proposta,

no valor de R$ 125.046.452,09 (cento e vinte e cinco milhões,

quarenta e seis mil, quatrocentos e cinquenta e dois reais e nove

centavos). Por isso, a empresa foi contratada por tal montante,

~ 82 de 267

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tendo sido o respectivo instrumento contratual assinado em

07/10/2010 (Anexos 3 e 6 do relatório do GTA).

Entre 27/07/2010 e 30/08/2010, a BR. DISTRIBUIDORA

realizou Procedimento Licitatório Simplificado, na modalidade

Convite, nos termos do Decreto 11. 2.745/1998, para contratação

de empresa para construção da Nova Base de Distribuição de

Combustíveis de Cruzeiro do Sul - DASUL 11 (ou simplesmente

BASUL), no Estado do Acre. Participaram do certame as seguintes

empresas: a) UTC ENGENLIARIA S/ A, com proposta no valor

de R.$ 167.132.308,99 (cento e sessenta e sete milhões, cento c

trinta e dois mil, trezentos e oito re;lÍs e noventa e nove centavos);

b) MENDES JÚNIOR, com proposta no valor de

R$ 195.707.429,50 (cento e noventa c cinco milhões, setecentos c

sete mj], quatrocentos e vinte e nove reais e cinquenta centavos); c)

ODEBRECHT, com proposta no valor de R$ 253.817.650,98

(duzentos e cinqucnta e três milhões, oitocentos e dezessete mil,

seiscentos e cinquenta reais c noventa c oito centavos); d) AN-

DRADE GUTIERREZ, com proposta no valor de

R$265.988.714,17 (duzentos e sessenta e cinco milhôcs, novccen-

tos e oitenta e oito mil, setecentos e quatorze reais e dezessete

centavos). A empresa UTC ENGENHARIA S/ A foi contratada

por ter apresentado o menor preço, tendo sido o respectivo instru­

mento contratual assinado em 07/10/2010, após negociação que

reduziu o valor da proposta da empresa para R$ 166.800.000,00

(cento e sessenta e seis milhões c oitocentos mil reais), conforme

Anexos 3 e 6 do relatório do GTA. ~

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Entre 23/ll/2010 c 14/12/2010, a BR DISTRIBUIDORA

realizou . Procedimento Licitatório Simplificado, na modalidade

Convite, nos termos do Decreto n. 2.745/1998, para contratação

de empresa para construção da Base de Distribuição de Combustí­

veis de Porto Nacional - BAPON, no Estado do Tocantins. Parti-

d · ) UTC CJparani o certam.e as segumtes empresas: a

ENGENHARIA SI A, com proposta no valor de

R$ 235.199.555,01 (duzentos e trinta e cinco milhões, cento e

noventa e nove mil, quinhentos e cinquenta e cinco reais e um

centavo); b) lESA, com proposta no valor de l:Z.$ 256.625.872,95

(duzentos e cinquenta e seis milhões, seiscentos e vinte e cinco

mil, oitocentos e setenta e dois reais e noventa c cinco centavos);

c) ODEBRECHT, com proposta no valor de R$ 271.338.970,10

(duzentos e setenta e um milhões, trezentos e trinta e oito mil, no­

vecentos e setenta reais e dez centavos); d) MENDES JÚNIOR,

com proposta no valor de R$ 27 4. 703.136,40 (duzentos e setenta

e quatro milhões, setecentos e três mil, cento e trinta e seis reais e

quarenta centavos); e) OAS, corn proposta no valor de

R$ 288.1.48.028,30 (duzentos e oitenta e oito milhões, cento c

quarenta c oito mil, vinte e oito reais c trinta centavos). A empresa

UTC ENGENHARIA S/ A foi contratada por ter apresentado o

menor preço, tendo sido o respectivo instrumento contratual assi­

nado em 02/02/2011, após negociação que reduziu o valor da

proposta da empresa para R$ 230.727.000,00 (duzentos e trinta

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I'ClZ

A vitória da UTC ENGENHARIA S/ A em tais procedi-

mentos licitatórios não ocorreu por acaso. Houve fi·ustração do

caráter competitivo de todos esses certames, mediante ajuste reali­

zado entre o "operador particular" do Senador FERNANDO AF-

FONSO COLLOR DE MELLO, PEDRO PAULO

BER.GAMASCIH DE LEONI RAMOS, o Diretor de Operaçôcs

e Logística da BR Distribuidora, JOSÉ ZONIS, e o Presidente da

UTC ENGENHARIA S/ A, .RICARDO R !BEIRO PESSOA,

sob uma única condição: o pagamento de vantagens indevidas ao

parlan<entar em questão.

PEDRO PAULO BERGAMASCHI DE LEONl l~AMOS

foi o responsável por propor a RICARDO RH3EIRO PESSOA a

realização dessas obras e por articular o direcionamento das licita-

ções em favor da UTC ENGENHARIA S/ A no âmbito ela Dirc-

to ria de Operações e Logística. PEDRO PAULO

BERGAMASCHI DE LEONI RAMOS aproximou JOSÉ ZO­

NIS ele RICARDO RIBEIRO PESSOA. O Presidente da UTC

ENGENHARIA S/ A, em conjunto com o Diretor de Operações

e Logística da .BR DISTRIBUIDOR.A, escolheu as empresas que

seriam convidadas nesses procedimentos, excluindo as construtoras

que poderiam efetivamente concorrer co1n a sua. Em seu Termo

de Colaboração n. 02, RICARDO RIBElRü PESSOA afirmou:

"( ... ) QUE a discussão sobre a particiração da UTC rm lici­tações só foi aberta após o declarante dizer que aceitava pa-gar a propina; QUE, então, PEDRO PAULO LEONI RA­MOS o apresentou a JOSE ZONIS, que era o diretor res­ponsável na BR. Distribuidora por esses investiment~

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I'CR

a discussão sobre a licitação foi feita com JOSÉ ZONIS, e em pelo menos uma das oportunidades estava presente tam­bém l'EDRO PAULO LEONI I'lAMOS; QUE JOSÉ ZO­NIS queria convidar para as licitações de 8 (oito) a 1 O (dez) empresas; QUE entre essas empresas havia empresas de me­nor porte, que possivelmente apresentariam preços menores que os da UTC; QUE o declarante solicitou que ZONIS excluísse essas empresas menores; QUE, na verdade, o de­clarante escolheu os participantes da licitação; QUE o decla­rante, no acerto com JOSÉ ZONIS, deixou serem convida­das apenas empresas de maior porte, que já estavam traba­lhando para a Pctrobras (como na RNEST), e que, por isso, possivelmente não se interessariam pela obras ern questão; QUE isso foi um forma de reduzir a concorrência; QUE não se recorda ao certo, mas o declarante pode ter pedido a uma ou mais dessas empresas para que, mesmo convidadas, não participassem da licitação; ( ... )" (Petição n. 56 73/ DF).

As declarações de RICARDO RIBEIRO PESSOA foram

corroboradas pelo Grupo de Trabalho de Averiguação - GTA da

PETROBRAS que realizou verificação no caso. O rebtório desse

grupo, tratando especificamente das licitações das Bases de Distn­

buição de Combustíveis de Cruzeiro do Sul e de Porto Nacional,

assevera:

"O DI!' ele propositura de instauração dos procedimentos li­citatórios para BASUL e BAPON (DI!' GLOG n. 54/1 0), aprovado pela DE, mencionara que o convite deveria ser f(~ i­to a grandes empresas, tendo selecionado dez. empreiteiras de porte, quais sejam:

a) CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT;

b) CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO;

c) CONSTKUTORA OAS;

d) CONSTRUTOR/\ ANDRADE GUTIEKREZ;

e) MENDES JÚNIOR ENGENHARIA;

Q UTC ENGENHARIA

g) TECHIN'T ENGENHAR.lA E CONSTIZ.UÇÃ~;;.11::J__ L~

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l'GR

h) lESA PROJETOS EQUIPAMENTOS E MONTA­GENS;

i) SKANSKA I3RASIL;

j) MPE PAll_TICIPAÇÃO EM ENGENHARIA E SERVI­ÇO. Ocorre que não seriam somente estas empresas de grande porte, que teriam condições de prestar os serviços para a I3R. O termo grande porte, utilizado no DIP, é amplo e pode dar margem a diversas interpretações, permitindo que se coloque ou retire empresas, sem a verificação de condi-­ções objetivas.

Havia outras empresas, igualmente grandes, que teriam capa­cidade de realizar as obras da HASUL e da 13APON, sendo que o Anexo 9 do DIP GLOG n. 54/10, que é o rebtório do grupo de trabalho que analisou os modelos alternativos para construção e operação de bases de distribuição de com­bustíveis, de 11/02/1 O, em seu item 8, sugere 'buscar entre as 30 maiores empreiteiras listadas no ranking das 500 maiores construtoras do país, publicado pela revista O Empreiteiro, de julho de 2009'.

Ademais, em e-mail enviado do empregado Sérgio Barbosa para o cx-DIOL José Zonis, em 26/01/201 O (Anexo 5), há uma minuta do DIP de abertura do processo licitatório da BASUL, na qual dá destaque ao item 37 deste DfP, o qual estabelece critérios objetivos para o convite às empresas. Su­gere, então, lO nomes, dos quais 5 foram substituídas na ver­são definitiva do DIP

(- --) Pelo que foi exposto, se considerarmos que uma p•·imcira minuta do DIP previa a participação de outras cinco empre­sas, é possível dizer que pelo menos 15 empresas poderiam ter participado da licitação, sendo sua exclusão urna f:liha no procedimento.

Podemos, então, concluir que houve falha na indica­ção das empresas participantes das licitações, feita no DIP GLOG n. 54/10, por falta de critério claro no processo de escolha, falha esta que ocasionou a ditni­nuição da competitividade do certame, e com isso

~u•ou "m dimion=•n<o <ill lki<aç;o~---

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Vale ressaltar que, ent face dos instrumentos de ave­riguação disponíveis para o GTA, não foi possível de­terminar os etnpregados que definiratn a lista final de .convidados. Nada obstante, em face do e-n1ail en­viado para o ex-DIOL José Zonis, há indícios de que ele tenha influenciado nesta definição, até tnestno porque lhe foi submetida uma lista com etnpresas que depois foram retiradas do processo" (grifos no ori­ginal).

O favorecimento à UTC ENGENHARIA S/ A nas licitações

sob exame não se limitou ao privilégio de escolher as empresas

que seriám convidadas para os certames. O então Diretor de Ope­

rações e Logística JOSÉ ZONIS, seguindo orientação de PEDHD

PAULO BER.GAMASCH! DE LEONI RAMOS, também vio-

lou o sigilo das estimativas de preço elaboradas pela BR DISTRI­

BUIDORA, entregando-as previamente a RICARDO RIBEIRO

PESSOA.

No regime geral das licitações no ordenamento jurídico bra­

sileiro, as estimativas de preço das obras licitadas constituem anexos

dos editais do respectivos certames, conforme art. 40, § 2", inciso

li, da Lei n. 8666/1993. O Decreto n. 2.745/1998, que regula o

procedimento licitatório simplificado no âmbito da I'ETRO­

BRAS, nos termos do art. 67 da Lei n. 9.478/1997, não tem dis-·

posição semelhante. Por isso, tem-se entendido que os orçamentos

estimados devem ser mantidos em segredo, até mesmo para levar as

empresas a oferecerem preços menores. Com base em tal entendi­

mento, a Petrobras Distribuidora S/ A editou um ato nonnativo,

identificado como PG-OBR.-00005-C, o qual estabelece o sigilo

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dos orçamentos estimados de obras licitadas pela BR DISTll.._l-

BUIDORA.

Ao repassar clandestinamente os orçamentos estimados das

obras em questão a JUCARDO RIBEIRO PESSOA,JOSÉ ZO-

NIS dispensou urn tratarnento diferenciado e benéfico à UTC

ENGENHARIA S/ A, colocando-a em vantagem competitiva em

relação às demais empresas licitantes. Além isso, propiciou conheci­

mento privilegiado à UTC ENGENtiARIA S/ A, que ficou enr

condi<,~ões de fazer "jogos de planilha", em prejuízo da oferta de

preços mais baixos à BR DISTRIBUIDORA.

O prévio conhecimento das estimativas de preços por parte

da UTC ENGENHARIA S/ A foi constatado pelo Grupo de 'Tb­

balho de Averiguação da PETROBRAS, que identificou variações

percentuais idênticas em vários itens de propostas da empresa para

as obras da BR DISTRIBUIDORA sob exame. Com eféito, em

relação à obra de construção de cais flutuantes na Base de Distri­

buição de Combustíveis de Caracaraí - BARAC, quando se com­

para a estimativa de preços da BR DISTRiBUIDORA com a

proposta da UTC ENGENHARIA SI A, verifica-se a mesma vari­

ação de 63,532297629% (sessenta e três vírgula cinco, três, dois,

dois, nove, sete, seis, dois, nove cento) em relação aos seguintes

itens: a) demolição de cortina em concreto armado; b) comtrução

de escadaria entre CF7 e CF6A em concreto armado (Anexo 4 do

relatório do GTA). Em relação à obra da Base de Distribuição de

Combustíveis de Cruzeiro do Sul - BASUL, quando se compara a

4P--89 de 267

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estimativa de preços da BR DISTRIBUfDORA com a proposta

da UTC ENGENHARIA S/ A, verifica-se a mesma variação de

42,2433% (quarenta e dois vírgula dois, quatro, três, três por cento)

em relação aos seguintes itens: a) escritório administrativo; b) sala

de motoristas; c) castelo d'água c cisterna; d) plataforma de descar­

regamento; e) subestação e casa do gerador; f) casa de bomba de

incêndio; g) central de resíduos; h) caixas de passagens - rede de

distribuição; i) caixas de passagens - rede de iluminação; j) poços

de aterramento; abrigos de mangueiras de incêndio; k) guarita de

entrada; 1) central de espuma; m) calçadas, meio-fio e sar:jeta; n)

cercas; o) portões de acesso e saída; p) fornecimento, montagem e

instalação de braços de sucção flutuantes; q) galeria em concreto

armado para passagem de tubos; r) prédio da guarita de vigilância;

s) pavimentação do pátio; t) píer em pedrisco; u) paisagismo; v)

testes de estanqueidade; x) pinturcts; z) estaleiro (Anexo 4 do rela­

tório do GTA). Em relação à obra da Base de Distribuição de

Combustíveis de Porto Nacional- BAPON, quando se compara a

estimativa de preços da BR DISTRIBUIDORA com a proposta

da UTC ENGENHARIA S/ A, verifica-se a mesma variação de

92,0510% (noventa e dois vírgula zero quinhentos e dez por

cento) em relação aos seguintes itens: a) desvio ferroviário; b) bacia

de contenção; c) prédio administrativo; d) subestação e gerador; e)

central de espuma; f) portaria multifuncional; g) castelo d'água; h)

rede de drenagem pluvial; i) rede de drenagem oleosa;j) abrigo de

mangueií·as; k) portões; I) abrigos; m) guarita de entrada; n) cercas;

o) pátios; p) PLDVTs; q) SPDA; r) automação e permissivos de

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carregamento de VTs; s) documentação inicial e final da obra; t)

pré-operação (Anexo 4 do relatório do GTA).

Essa constância e coincidência de variação percentual é esta­

tisticamente impossível, somente se explicando pelo prévio acesso

da UTC ENGENHARiA S/ A às estimativas de preço sigilosas da

BR DISTRIBUIDORA. O relatório do GTA da PETROBRAS,

a esse respeito, afinna:

"Com base nos dados preliminares da AUDI e na análise dos documentos pelo GTA, foi possível aferir que, nos c1sos d;l l3APON e da l3ASUL, houve violação do sigilo das estima­tivas de preços.

Quando comparamos as estimativas de preços da BR para BAPON c BASUL, com as propostas apresent;1das pela UTC, foi possível ao GTA aferir que bá uma variação per­centual constante para diversos itens destas planilhas (Anexo 4). (: .. )

Levando em consideração que a planilha de preços é forma­da por centenas de itens, os quais devem ser precificados in­dividualmente, seria estatisticamente inviável que esta varia­ção percentual ocorresse por mero acaso ou coincidência. Nesse sentido, podemos afirmar que a UTC teve acesso ;\ es­timativa da Bit, atualizou alguns itens de acordo com seus interesses c então apresentou sua proposta.

Desnecessário dizer que o acesso à estimativa é um vício, eis que seu sigilo é essencial para que seja mantida a cornpetiti­vidade c igualdade entre as partes. Os procedimentos da Cia. são claros ao demonstrar a necessidade desse sigilo. O l'G­OBR-00005-C determina o seguinte:

( ... ) Percebe-se, então, que a estimativa é documento sigiloso, que não deve ser acessado pela comissão de licitação e, mais ainda, pelos licitantes. Corrobora o procedimento interno da Cia. o Decreto 2.745/98, que, ao mencionar os requisitos do edital de licitação, não arrola a estimativa de preços entre os documentos essenciais, diferentemente do que faz a Lei 11.

H.666!93 (.c<. 4D, § 2", 11). Di,põ< o Dw«p 91 de 267

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i' CR

( ... )

A falta de um dispositivo que obrigue a introdução da esti­mativa no edital se mostra como um siléncio eloquentc, que nos leva a interpretar que não é lícita a inserção da informa­ção, urna vez que, se fosse intenção do regulamento publicar a estimativa, teria sido repetida a disposição que csd expressa na Lei n. 8.666/93.

Ademais, ainda que se admitisse que a estimativa pudesse ser de conhecimento dos licitantes, isto deveria ser feito de for­ma igual para todos, por meio de divulgação no edital, c não somente para um dos licitantes.

Assitn, en~ face do exposto, o GTA conclui que hou­ve a violação da estimativa de preços para o processo da BASUL e da BAPON, considerando que as plani­lhas de preços das propostas da UTC apresentatn va­riação percentual idêntica para vários itens, quando comparados corn os da BR, violação esta que con­traria o disposto no PG-OBR-00005-C e no Decreto n. 2.745/98. ( ... )

Quando comparamos a estimativa de preços da 13R, com a proposta apresentJdJ pela UTC, foi possível Jo GTA aferir que . h ;i uma variação percentual idêntica de dois itens na planilha da 13ARAC, conforme a seguir:

( ... ) Da mesma forma que ocorreu no item 3.1.1, seria inviável que estas semelhan1:as nas variações percentu;Jis tenham ocorrido por mera coincidência, o que nos leva a Jftrmar que houve violação da estimativa de preços, principalmente quando consideramos que se trata da mesma empresa, a qual já havia praticado a conduta anteriormente.

Assim, em face do exposto, o GTA conclui que hou­ve a violação da estimativa de preços para o processo dos Cais Flutuantes, considerando que as planilhas de preços das propostas da UTC apresentam variação percentual idêntica para vários itens, quando compa­rados com os da BR, violação esta que contraria o disposto no PG-OBR-00005-C e no Decreto n. 2. 745/98" (grifos no original).

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A disponibilização antecipada à UTC ENGENHARIA S/ A

dos orçamentos estimados da BR DISTRIBUIDORA, os quais

deveriam permanecer em sigilo, permitiu que a empreiteira fizesse

o chamado "jogo de planilha", elevando arbitrariamente o preço

de deterrninados itens de cada obra, de acordo cotn seus interesses,

em detrimento da contrataçào dos correspondentes serviços de

engenharia pelo menor valor por parte da sociedade de economia

mista. Isso ficou bem evidente, apenas a título de exemplo, em re­

lação aos seguintes itens da Base de Distribuição de Combustíveis

de Cruzeiro do Sul- BASUL: a) pavimentação de pátio operacio­

nal, em que a estirnativa de preço da BR era de R$ 3.056.640,00

(três milhões, cinquenta e seis m.il, seiscentos e quarenta reais), ao

passo que a proposta da UTC foi de R$ 9.711.546,84 (nove mi··

lhõcs, setecentos e onze mil, quinhentos e quarenta e seis reais c

oitenta c quatro reais), com uma variação a maior de 217,7197%

(duzentos e dezessete vírgula sete, um, nove, sete por cento); b)

base dos tanques de produtos em concreto annado, em. que a esti­

mativa de preço da BR era de R$ 1.002.000,00 (um milhão e dois

mil reais), ao passo que a proposta da UTC foi de R$5.008.241 ,22

(cinco milhões, oito mil, duzentos c quarenta e um reais c vinte e

dois centavos), com uma variação a maior de 399,8245'1(, (trezen­

tos e noventa e nove vírgula oito, dois, quatro, cinco por cento); c)

muro de contenção da bacia em concreto armado, em que a esti-

rnativa de preço da BR era de R$ 115.500,00 (cento e quinze mil

e quinhentos reais), ao passo que a proposta da UTC foi de

R$1.963.1 19,77 (um milhão, novecentos e sessenta e três mil,

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