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2011 Número 11 - Novembro/Dezembro Bimestral Distribuição gratuita BRAGA NÃO, SAGA! NOTE SKATESHOP EM PORTUGAL ERIC ANTOINE PORTFÓLIO NUNO RELÓGIO ENTREVISTA

SURGE Skateboard Magazine, issue 11

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SURGE Skateboard Magazine, issue nº 11: "fuck troika". 15 000 copies::free distribution:: Find it in a skate shop-championship-party-movement-spot-internet-smartphone near you! Entrevista Nuno Relógio; Portfólio Eric Antoine; Adidas "Havia Pessegueiros e Skates na Ilha"; Note Skate Shop em Portugal, Panorâmica: "que se f... a crise!!"....

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2011 Número 11 - Novembro/Dezembro Bimestral Distribuição gratuita

BRAGA NÃO, SAGA!NOTE SKATESHOP EM PORTUGAL

ERIC ANTOINEPORTFÓLIO

NUNO RELÓGIOENTREVISTA

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AURA S.A. - 212 138 500

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Problema: auscultadores que caem das minhas orelhas. Solução: auscultadores que não caem das minhas orelhas

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2011 página 08

A sério que se f… mesmo, que vá para a p… que a pariu… já

não podemos ouvir falar em crise, austeridade… essa me… toda!

Sabemos que isto é uma revista de skate, não de análise política

mas, raios, tudo tem um limite. A Surge está quase a fazer dois

anos, a ideia de a começar quatro, e sabem porque é que ela não

têm quatro velas no bolo? Pois, adivinhem, a culpa foi da crise! Todos

nos diziam “não sejam malucos, não se metam nisso, isto está mau,

vão se enterrar todos… e outros “incentivos” do género… e temos de

admitir que essa pressão negativa nos assustou e cortou as pernas…

hoje quando pensamos nisso e olhamos para trás, a única coisa que

vemos é tempo perdido. No entanto, os únicos que podemos culpar

somos nós próprios, deixámo-nos influenciar pela “conjuntura”, seja

lá o que isso for, duvidámos das nossas capacidades e, mais que isso,

acabámos por questionar a vontade que tínhamos dentro de nós.

Hoje, pensar que a “crise” quase nos tirava a vontade de começar

a Surge deixa-nos revoltados e faz-nos pensar também em quantas

pessoas e projetos não saíram da gaveta por causa da crise. Mas

é assim, 2012 todos dizem que vai ser pior, pois nós vamos fazer

ainda mais. Se há algo que o skate nos ensina é que se não tiveres

vontade até podes achar muito giro mas não passas das primeiras

quedas… bater com os queixos no chão é uma parte integrante do

skate, assim como da vida… não sabemos o dia de amanhã, como

em tudo, pode haver um dia em que a vontade não seja suficiente

para fazer uma revista, mas estes dois anos já nos ensinaram uma

coisa: a resposta que todos devíamos dar aos que nos disserem que

não conseguimos, que mais valia estarmos quietos – VÃO-SE F….!!!

Podem dizer que foi um conselho da Surge

Pedro Raimundo

“Roskof”

Que se f… a crise!!

panorâmicaMouga usa um dos sinal gestuais mais conhecidos de sempre neste crail.

fotografia Luís Moreira

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Ficha TécnicaPropriedade: Pedro RaimundoEditor: Pedro RaimundoMorada: Rua Fernão Magalhães, 11São João de Caparica2825-454 Costa de CaparicaTelefone: 212 912 127Número de Registo ERC: 125814Número de Depósito Legal: 307044/10ISSN 1647-6271Diretor: Pedro [email protected]: Sílvia [email protected]ção de Arte: Luís [email protected]:[email protected]

Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Heizman, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck

Tiragem Média: 15 000 exemplaresPeriodicidade: BimestralImpressão: Multiponto, S.A.Morada: Rua D. João IV, 691-7004000-299 Porto

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, detextos, fotografias ou ilustrações sob quaisquermeios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.

www.surgeskateboard.com

Queres receber a Surge em casa, à burguês?É só pedir. Através de [email protected] anual em casinha: 15 euros

Capa: Depois de dar este backside 50-50 o Nuno e o Mascarenhas ligaram-nos... do outro lado do telefone só se ouvia o pessoal aos gritos... no meio do barulho ouvimos o Nuno dizer... “Estou de volta, o velho Nuno está de volta”…ainda bem, amigo, sentimos a tua falta!

fotografia João Mascarenhas

Nuno RelógioMais que uma entrevista… a prova de que o Nuno voltou e não vem para brincar.

Tertúlia de MêirdaDepois da “tertúlia cor-de-rosa” a maisimportante reunião de comentadores da sociedade, ou talvez não!

Nestor JudkinsO melhor penteado do skate, e a pessoa por baixo dele, fala-nos um pouco da experiência de se tornar pro.

Dr. Manka-teNem a peste bubónica, o tifo ou a raiva tiram o Dr. Manka-te da revista.

“Havia pessegueiros e skates na ilha”Poucos sobreviveram a este fim de semana com o novo team da Adidas na costa alentejana...

Eric AntoinePortfolio e entrevista a um dos nossos fotógrafos de skate e cozinheiros favoritos…

Com a crise muita gente sobe pelas paredes, mas da maneira que o Ruben Rodrigues o faz não há muitos… walliefotografia Hugo Silva

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fotografia Luís Colaço

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Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões.

Manda fotos de spots novos na tua zona e do rabo da tua melhor amiga…

sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir,

publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque

alguma coisa…

Abraços e beijos na bunda.

Dr. Mankate

[email protected] www.mankatetainha.com

Dr. Manka-te,

Ato 1. Diz-nos a vida, ao longo do tempo, que a aprendizagem,

enquanto passagem obrigatória para o sonho, se mostra em muitas

ocasiões uma viagem à qual muitos deixam de se entregar com o vagar

da memória. Admito um certo, chamemos-lhe, saudosismo, nesta

primeira ideia, mas recuso-me a aceitar que se trata de um nervosinho

envelhecido pelas preocupações e despreocupações várias, que a

grande jornada sempre nos traz.

Ato 2. Não julgo ser menos verdade que, não querendo recorrer ao

cliché, embora não encontre de momento hipótese de o contornar,

aquilo que na realidade julgamos conhecer pode, por um lado, alterar-se,

ou, por outro, permanecer no mesmo estado, alterando-se, nesse caso,

a forma como a nossa perceção reage.

Ato 3. Evidências várias obrigam-me a acreditar que vivo um momento

em que esse saudosismo se apoderou de mim, e que ao verificar esta

posse percebi que tudo o que julguei conhecer em relação ao desporto

mais livre do mundo mudou. A minha conceção do fenómeno tinha

morrido há décadas, quando de súbito revivi a vontade de me divertir em

cima de uma prancha com dois pares de rodas e uma lixa preta.

É por esta razão que quero um skate. Estarei a ficar curado?

Cumprimentos deste teu fã máximo.

Um abraço, João Dinis

Boas João Dinis

Fico muito contente quando recebo cartas escritas num português

correto. A maioria das vezes isso não acontece, pelo contrário.

Sinceramente, não sei o que se ensina nas escolas nos dias que correm,

mas que os putos escrevem mal é uma verdade incontestável.

Mas também não era preciso exagerares. Das duas uma, ou és roto ou

és surfeco! Mas não existe mal nenhum nisso. Não sou homofóbico,

nem tenho um comportamento crítico e hostil em relação a surfecos.

Poderás, até, ser um poeta gay e surfista! Seria de louvar.

É melhor parar de divagar em relação à tua pessoa, afinal de contas

o assunto aqui é skate e já estou a desviar-me um pouco da questão.

A verdade é que estás a ficar curado, João!

Contentamento incontido ou júbilo foi o que senti ao ler as últimas linhas

do teu texto abichanado. Sabes que as modas vão e voltam. A moda do

skate voltou há cerca de 5 anos, muito derivado ao aparecimento de uma

personagem, numa novela portuguesa, que andava de skate. Com o passar

do tempo, os recém-chegados ao desporto mais livre do mundo, como tu

dizes e muito bem, começaram a bater com a cabeça no chão, a partir uns

dentes, partir braços, a serem atropelados, etc... e a moda foi passando!

Obviamente que me agrada a súbita vontade que sentes em andar de

skate nesta altura do campeonato em que a moda está finalmente a passar.

Terei todo o gosto em ajudar-te a arranjar um skate.

A cura está à vista...

Muito obrigado por teres escrito.

Beijo na bunda... quer dizer... um abraço!

Dr. Manka-te

Olá Doutor

Chamo-me Vera, tenho 18 anos e sou de Lisboa.

Gosto tanto da Surge!

Adoro andar de skate. Não dou manobras nenhumas, não tenho ninguém

que me ensine, mas sinceramente não estou muito preocupada com isso.

Quero é andar, sentir o vento na cara, descer umas ruas, etc...

Eu não percebo nada disto, mas acho que skate não é só manobras.

Normalmente nas revistas ligadas à modalidade só aparecem fotos de

grandes manobras. Aprecio bastante e não estou a criticar, atenção!

Mas será que não posso sentir-me skater porque não dou manobras?

Gostava de saber a tua opinião.

Beijo grande para ti, Doutor, e para todos os que fazem esta maravilhosa

revista!

Minha querida Vera

Como é bom receber cartas de meninas do skate!

Pelo que li, acho, sinceramente, que tu és muito mais skater do que a

grande maioria dos “skaters” que conheço!

Skate não são manobras, como a maioria dos pacóvios que andam para

aí de skate julgam!

Skate é diversão!

Se dás manobras ou não isso pouco interessa. A essência é mesmo o

divertimento!

Se te divertes apenas a descer umas ruas, se isso realmente te faz sentir

bem e todos os dias tens vontade de saltar para cima da tábua... minha

linda, então, és skater!

Inteligente como pareces ser, acho que já tinhas percebido isso, querias

apenas saber a minha opinião... ainda bem que o fizeste, porque ao teres

escrito e pegado neste tema, pode ser que cromos que andam por aí, que

nem balanço sabem dar e já querem dar um switch flip, se mankem!

Vera, mas se algum dia te apetecer aprender umas manobras dá a dica!

Aquelas que sei, posso ensiná-las a ti em privado...

Adorei a tua carta.

Esta revista é para ti.

Beijo na bunda

Dr. Manka-te

Como é que é Doutor,

Então e o longboarding, pá?

Vocês fazem uma alta revista, mas andam a esquecer-se de nós!

Estou a falar em nome de toda a comunidade de skaters de downhill.

Vocês sabem que nós existimos, pelo menos?

Continuem com o bom trabalho e lembrem-se de nós, pá.

Abraço

Pedro

Então pá,

Como é que vai isso, pá?

Sei bem que vocês existem, pá, e até sei que não são poucos, pá!

Estamos em falha com vocês, sim senhor. Ainda no outro dia o Guedes

ligou-me a lixar-me a cabeça por isso, pá!

Tenho conhecimento de uma comunidade cada vez maior em Portugal. Malta

que anda aí no anonimato, mas descem merdas a abrir nas horas do car....!

Vejo alguns vídeos na net, dos tugas do downhill. Muitas mulheres,

algumas bem giras, o que é sempre de dar valor.

Pela equipa da Surge pedimos desculpa, pá, tens toda a razão ó Pedro.

Vocês existem e merecem outra visibilidade.

Já vi cenas vossas, que se fosse eu... deixava o cardado todo no

alcatrão... Dasss!!!

Respect, pá!

Beijos na bunda para todas as meninas do downhill em Portugal pá!

Dr. Manka-te

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Ok, é desta que o registo da marca Super

Pop vai passar para as mãos do João

Neto… Nollie Heel por cima do corrimão

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Tudo começou com um convite do Cordeiro para ir a

Barcelona com uns tais tipos do Porto. Esta seria uma

verdadeira viagem com pessoal de norte a sul do país, eu

algarvio de gema, o carapau do Kiko (Francisco Perdigão),

o tio de Cascais (Silvestre) o lisboeta mimadinho (Cordeiro)

e dois bimbos do porto (o Neto e o Cardoso). Mal sabia

eu que logo no início desta viagem ia apanhar um valente

susto! Quando estava sentado nos paralelos com a máquina

fotográfica ao meu lado, de repente surge um tipo do meu

lado esquerdo a pedir-me indicações enquanto outro tipo, do

meu lado direito, me agarrava na máquina fotográfica... eu

quase por instinto olhei para o lado e vejo um marroquino

cheio de músculos e esteróides, que parecia saído do ginásio,

com a minha máquina fotográfica na mão! Levanto-me

rapidamente, dou-lhe um grito e ele a rir devolve-me a

menina dos meus olhos e desata a correr! Foi, sem dúvida,

para mim, o momento mais assustador desta viagem... não

larguem a maquina fotográfica ou de filmar das vossas mãos

em Barcelona! Enfim, voltando ao assunto da tour, desta vez

decidi que fossem os próprios skaters a contar um pouco

do que se passou nesta viagem, através de umas poucas

questões, colocadas com tanta ou tão pouca pertinência...

As viagens com os amigos são sempre uma diversão, já que

todos se conhecem, mas esta viagem com pessoas que não

se conheciam foi para mim surpreendentemente divertida:

cada um de nós trouxe termos diferentes e maneiras de vida

distintas, que “condimentam” da melhor forma uma tour... as

cuecas rotas do cordeiro, o Kiko a imitar um tal peixe que

dizia: “a mim não me angavavaaammmm”, o Silvestre que

insistia em andar de cuecas durante a tour, o Carreira com

a sua capacidade de afastar pessoas no metro, o Cardoso

com o seu iphone a fazer trocas de caras, o neto a cagar-se

que nem um rei – pela primeira vez alguém me fez frente –

e todos nós a levar a viagem toda a tentar dizer a palavra

“merda” como os nortenhos, qualquer coisa do género: “epá

que mêirda”...

intro, entrevistas e fotografia

João Mascarenhas

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JOÃO NETOOuviste alguém a falar mal de alguém nesta tour?

Quem foi o gajo? Ou foram todos? Alguém falou mal de

alguém? Não me lembro de nada, devia estar a dormir!

Mas é bom que não tenham falado mal de ninguém do Porto

porque senão vai haver chatice, agora se falaram mal dos

mouros, aí já não tem mal.

Quais foram de todos nós os que menos curtiste? Os de

Lisboa?

O único que se safa do grupo é o Cardoso (é normal, foi

ensinado por mim!). Olha, começamos pelo Silvestre que vem

da zona betinha de Lisboa, logo está tudo dito, betinho até

não poder mais, o Cordeiro, nem de propósito o nome lhe

ficava melhor, é mesmo como o ditado diz o carneirinho

(cordeirinho) amuou foi ao monte e não voltou, o kiko mais

conhecido como “o peixe”, pronto, tem um bocado de

desculpa, vem ali do deserto, temos de dar o desconto e tu

vens da terra onde é só bifas, também vens assim um bocado

com as ideias trocadas, de vez em quando lá te enganas e lá

tiras uma foto razoável para o medíocre.

Porque é que puseram a alcunha de thcim tcham ao Silvestre?

LOL acho que qualquer pessoa que já tenha visto o tchim

tcham e tenha passado algum tempo com o Silvestre percebe

logo as semelhanças entre eles. Eu até acho que fizeram o

cartoon a partir do Silvestre, é que são a fotocópia um do

outro, ambos pequeninos, feios, irrequietos e, claro, sempre

com o rabo de fora!?!?!

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página 23 Tertúlia de mêirda

Estas cores, este céu, este skater…

Kiko Perdigão Backside flip numa

das melhores combinações de

meteorologia e skate da viagem.

Quem foi o mais mimadinho da tour?

Foi o filho único da tour, Filipe Cordeiro!

O que achaste das pernas do Cordeiro?

O próprio diz que são pernas de quem jogou à bola

muitos anos em puto no Belenenses… eu tenho amigos

que jogaram e jogam futebol há muitos anos e não

têm pernas de chouriço! Perna bem gorda... ahahahah

Depois de o veres de boxers rotos todas as noites

conseguiste voltar para Portugal sem traumas?

Pois, por falar nisso, eu não sei o que é que aconteceu aos

boxers todos dele, mas todos os dias estavam rotos na

zona da tomateira, e não, não eram sempre os mesmos...

todos os dias uns diferentes, e feios, e, ainda por cima,

rotos ahahah! Uma coisa é certa, não sei como é que

ficaram todos assim e nem quero saber... só ele sabe!

FRANCISCO PERDIGÃO

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página 25 Tertúlia de mêirda

Dizem que o telemóvel do Nuno Cardoso

faz fusões, talvez por isso esta fusão de um

360 flip com nosemanual e depois flip seja

algo perfeitamente normal para ele.

NUNO CARDOSOO teu iphone faz umas coisas engraçadas tipo “fusão” do Dragon

Ball; quem foi a fusão mais engraçada?

Já houve umas quantas incríveis, principalmente quando são

fusões entre rapazes e raparigas. Alguém me está a imaginar

loiro de cabelo comprido? Grande style mesmo! Mas das

de Barcelona houve umas quantas ótimas: da fusão entre o

Cordeiro e do Silvestre nasceu o verdadeiro Lourenço de Cascais

(cara do Cordeiro, corpo do Silvestre), quando juntámos o Neto

e o Carreira apareceu o irmão gémeo inexistente do Jamie Boy,

que é um amigo nosso cá do Porto, e um vendedor de gelados

sul-americano… mas a melhor mesmo foi a tua com o Silvestre,

onde te tornaste no verdadeiro paquistanês vendedor de cerveja e

droga das Ramblas. Encarnavas essa personagem na perfeição!

Para um gajo do Porto tu até te desenrascaste a falar algarvio

comigo, no fundo tu querias era ser algarvio não é?

Sabes que hoje em dia quem não é versátil não vai a lado

nenhum… e no que toca a linguagem, os portuenses estão uns

bons anos-luz à frente! Olha só para o Kiko… nem consegue dizer

“nojo” como nós dizemos, que fará o resto... o Cordeiro, então,

nem se fala! Se reparares, o Neto e eu conseguimos sempre

imitar-vos a 99%... já vocês... nem aos 27% de sucesso chegam!

O que eu quero dizer com isto é que as nossas capacidades são

claramente superiores às do pessoal do centro-sul… os algarvios

safam-se melhor do que os lisboetas, mas mesmo assim não

chegam ao nosso nível. Conclusão: não, eu não queria ser

algarvio!!!

Quem achas que foi o mais mal cheiroso dentro daquele quarto?

Definitivamente o jogo está a ser disputado entre o Carreira e o

Cordeiro! No fundo eu devia era dizer mal do Neto, mas nunca

o faria tendo em conta que posso dizer mal dos ditos alfacinhas!

E sei muito bem que estás comigo nesta guerra, Mascarenhas

hehehe !! Resta-me elucidar os nossos caros leitores àcerca

de um episódio no metro, que explica de forma clara a razão

da minha resposta. Estão o Cordeiro e o Carreira sentados no

metro, com o único lugar livre da carruagem entre eles os dois.

Senta-se lá um gajo qualquer que passado 15 segundos se

levanta, preferindo ficar em pé, para não ter que suportar o odor

que se gerou naquele lugar… na paragem seguinte, uma mulher

senta-se lá e começa a fazer coisas estranhas com o nariz, a

tentar perceber de onde vinha aquele cheiro, enquanto olhava de

lado, tanto para o Cordeiro, como para o Carreira… entre eles

os dois, venha o diabo e escolha!!

PEDRO SILVESTRE Como foi para um “tio” de Cascais conviver tantos dias com

malta de todos os cantos de Portugal?

Tio de Cascais!? Isso é tudo inveja de eu ser o mais bonito? Já

conhecia o pessoal todo, menos o Neto, muito menos estava a

par da capacidade dele para adormecer em menos de 5 minutos

em qualquer circunstância, devem ser cenas lá do norte...

A malta foi 5 estrelas, tirando as expressões do NOURTE do Cardoso

aka Relvas e do Neto que me deixavam “LARGOO” de confuso

juntamente com as do “moço” Mascarenhas que me deixaram

aos papéis por várias vezes! O grupo foi mesmo completo e quase

sempre em sintonia, o que tornou esta tour brutal!

Sendo tu o estreante do grupo em Barcelona, o que achaste da

cidade?

É verdade, foi a minha primeira vez em Barça... se tirarmos o

facto de ter passado a maior parte do tempo a ouvir a palavra

cerveza/beer, o resto... tudo normal… lol. Já não podia ver

pessoal a vender cervejas nas Ramblas ou a impingir-nos convites

para as discos falando em todas as línguas menos a nossa. O

que curti mais na cidade, além daquela pizzaria ao pé do Macba,

foi o chão perfeito em tudo o que é lado, tornando a deslocação

de um spot para o outro igualmente uma curtição. Também foi

de outro mundo estar em spots que só tive a oportunidade de ver

em vídeos e constatar que há aí uns “americans” que não são

humanos mas super guerreiros do espaço.

Porque é que te deram a alcunha de tchim tcham nesta viagem e

quem foram os gajos?

Essa treta começou no dia em que estivemos num spot e raspei

o fundo das minhas costas todo num chão duvidoso! À noite o

pessoal estava todo a falar, na “penthouse privada”, e eu no meio

da conversa tive de puxar os boxers para baixo pois estava-me

a arder o rabiosque e adivinhem quem estava a olhar para ele

atentamente? O algarvio claro! E pronto, risada logo e o Neto

automaticamente (naquele espaço de tempo em que ainda não

tinha adormecido) chamou me logo tchim tcham… o famoso

bonequinho que está sempre a mostrar o rabo… até ao final

da tour ficou esse nome, até porque houve mais umas situações

parecidas a acontecer, por razões de força maior LOOL

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Um dos grandes temas

da tertúlia era os boxers

do Pedro Silvestre... quase

que se esqueciam deste

drop de noseblunt.

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página 27 Tertúlia de mêirda

Começar o Erasmus em

Barça com um backside 50

pop-out não é para todos

os estudantes…

Pedro Carreira.

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2011

Depois de todos dizerem que o Filipe Cordeiro tinha

uns grandes “presuntos”, aí está a prova de que estavam

enganados… senão como é que ele dava este tuck-knee?

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PEDRO CARREIRA Já vieste a meio desta viagem, mas mesmo assim ainda assististe

a muita coscuvilhice?

Sim, cheguei na sexta mas puseram-me logo a par das fofoquices

nacionais e internacionais durante o fim de semana, dava para

umas quantas “Maria” do skate.

Vais ficar por Barcelona em Erasmus durante o inverno, gostavas

de ter esta turminha aí contigo ou nem vê-os mais à frente?

Vou ficar até fevereiro, é claro que gostava que essa turminha e

outras estivessem aqui a skatar neste paraíso, é sempre bom ter

alguma companhia do nosso país.

És um verdadeiro pinga amor não és?

Isso agora vai depender de quem estivermos a falar.

FILIPE CORDEIRO Jogaste mais à bola nesta viagem do que skataste, é por isso que

tens essas pernas cheias de músculo?

Sabes que a preparação física é o fundamental para a boa

performance de um atleta de alta competição como eu, tenho

que me manter sempre em forma para poder dar o meu melhor

em todas as provas e campeonatos… foi o que o meu treinador

sempre me disse.

Eu posso dizer que levei a viagem toda a embirrar contigo e não

penses que vai ficar por aqui, já nunca mais vais querer tirar fotos

comigo, correto?

Nunca, nunca mais, já estou completamente farto de ti. Já

arranjei uma solução e tudo, vou comprar uma máquina, flashes

e tripés agora no Natal e vou auto fotografar-me, basta pôr no

automático e acertar com o timming não há de ser muito difícil.

E para além disso vou-me vingar. Estou a pensar em várias

opções: ou faço um blog anónimo e publico em todo o lado,

principalmente no facebook, só sobre ti e a difamar-te, ou falo

com um editor aqui da Surge e pago-lhe muito bem para fazer

uma edição da revista só a dizer mal de ti, para acabar com a

tua vida social, sabes que um cigano nunca esquece. Mas se me

fizeres um pedido de desculpas formal e em público pode ser que

reconsidere, nunca se sabe.

Se fosses um jogador da bola quem escolherias? O Valderama?

Não te escolhia a ti de certeza, porque tu a jogar futebol tens os

pés completamente às “dez p’rás duas”. Acho que optava pelo

Eusébio. Um homem que diz que o seu marisco preferido é o

tremoço, sem dúvida que para além de um excelente jogador é

um sobredotado. Benfica sempre.

página 29 Tertúlia de mêirda

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Distribuição www.marteleiradist.com212 972 054 - [email protected]

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Distribuição www.marteleiradist.com212 972 054 - [email protected]

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O Nestor é um gajo mesmo engraçado e uma ótima companhia. É um verdadeiro cavalheiro, contudo tem os pés bem assentes na terra e está-se a borrifar para onde passa a noite. Até hoje nunca o ouvi resmungar, nem nada que se pareça. “Não quero saber” é a sua frase favorita.

Uma pequena história da nossa recente tour à Rússia e à Escandinávia: o Nestor tinha um iphone novo mas não tinha lá posto música nenhuma. Por isso não parava de gravar e reproduzir as cenas de toda a gente. Gravava músicas do itunes, ou até músicas quando estávamos no karaoke. Com direito a destaque e tudo: “ah, man, este gajo é brutal”. Ainda tem as gravações das nossas músicas num barco “bêbado” em direção à Rússia depois de passarmos a noite em Helsínquia na festa de encerramento do “Helsinki Hook up”. Sim, o Nestor é uma ótima companhia num bar de karaoke, ou para ser sincero em qualquer bar. Fico contente que seja o novo pro da EnjoiENJOI!

intro Sami Seppala

entrevista e fotografia Matt Eversole

Em que é que a tua vida mudou, agora que tens o teu nome numa tábua de skate?Sinto que tenho de trabalhar mais, todos vão exigir mais de mim, talvez finalmente seja algo que me obrigue a crescer!Ser pro é “tudo aquilo que sempre imaginaste”?É uma sensação boa, é como subir aquele último degrau numa marca de skate. Estou felicíssimo por a tábua me ter sido “dada” pela enjoi, por pessoal que eu conhecia, que admirava e com quem skatava desde miúdo. Mas no que respeita à minha vida pessoal não me sinto “o maior”, era feliz enquanto amador e sou feliz enquanto pro, até agora tenho sido feliz a fazer vida do skate e isso tem-me chegado. Mas isto ainda é tudo muito novo para mim, talvez retire tudo o que disse quando me aperceber dos benefícios de ser pro.Vais trabalhar em ideias para os teus gráficos? Ou vais ser muito preguiçoso para criar alguma coisa, como o resto do team? Sim, quero dar o meu contributo nos gráficos. Aliás, acabei de enviar ao Winston umas imagens de arte que vi e que podem servir de alguma inspiração. Mas para lá de pequenos contributos como este, vou estar sempre a procurar ideias, esperando que algumas dêem bons resultados. É esquisito teres o teu nome numa tábua com um gráfico com o qual não te identificas.Não achas que teres tido uma parte num vídeo da Trasnsworld e tornares-te pro a seguir é um bocado cliché?Sim, pode ser cliché ou apenas uma tenha sido uma feliz coincidência... se bem que comigo não costumam acontecer.Estás satisfeito com a tua vídeo parte? Não havia assim muitas escadas para contar.Nem escadas para contar nem manobras técnicas de flip mas, sim, estou bastante satisfeito. Acho que mostra aquilo que estava a sentir naquela altura. Contas feitas, foi uma boa experiência, ajudou-me a estar mais motivado para filmar manobras de skate, e também contribuiu para um sentimento de dever cumprido, acabar algo num curto espaço de tempo. Claro que sinto que não fiz tudo o que penso que poderia ter feito. Gostaria de experimentar fazer uma nova vídeo parte em breve.

2011

Page 33: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 33

Qualquer skater que se preocupe com o cabelo também se preocupa

com a coordenação de cores numa fotografia… frontside boardslide

Page 34: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Nestor diz que ganhou bolsas

de estudo a matemática e agora

quase nem sabe contar… será

que ainda sabe quantas fotos são

precisas para uma sequência de

um heelflip?

O Nestor diz que está preparado

para que lhe tirem o tapete debaixo

dos pés desde que não seja

quando dá backside lipslides

Page 35: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 35 NesTor JudKins

Porque é que o teu cabelo é tão sexy? Ainda és tu que cortas o cabelo a ti próprio ou vais a um cabeleireiro da moda, agora que podes?Se dizes isso talvez devesse rapá-lo... mas ainda o corto eu. Tenho vindo a poupar 20 euros por mês já de há alguns anos para cá.O que é que na tua opinião mudou no skate desde que tinhas 13 anos para agora? O que é que se manteve? Os kickflips ainda são uma diversão, saí da minha rotina normal para skatar outros locais, admiro skaters diferentes daqueles que admirava quando tinha 13 anos e agora há mais pressão e mais “pensamento” envolvidos no ato de skatar, para além de simplesmente ir skatar uma caixa com amigos depois da escola. Mas, por outro lado, mesmo agora com 25 anos acho que muitas vezes esqueço-me da minha idade porque ainda curto as mesmas merdas que curtia quando tinha 13. Os kickflips ainda são uma diversão!Quem são algumas das pessoas que inspiram a tua vida?O meu velhote mostrou-me que a vida tem sempre a capacidade de alterar-se, que a qualquer momento te podem puxar o tapete debaixo dos pés, mas que com uma mente aberta e com algum tempo podemos adaptar-nos a quase tudo. Isto serve-me de inspiração para agora e para o futuro. Além dele, há alguns escritores que me inspiram: Camus, Kerouac, Kundera, para nomear alguns.

Que pros da Enjoi não te ganham a jogar ao skate?Num dia bom sou muito melhor do que todos eles num dia mau. (risos)Gostas de cenas?Gosto do Ralph WiggumDiz-nos alguma coisa que ainda não saibamos sobre ti.Quando tinha 16 anos ganhei uma bolsa de estudo no valor de 1000 dólares pelos resultados obtidos num teste nacional de matemática, ao passo que agora não consigo calcular muito mais do que uma gorjeta. Qual é a pergunta mais comum entre os pequenos que gostam do Nestor Judkins?Posso ver os teus trucks?Explica-nos a tua grande entrada no mundo dos patrocinados de óculosDurante uma viagem a Barcelona para filmar, quando estava a comprar um par de Raybans usados, oTheotis Beasley perguntou-me porque é que estava a gastar dinheiro em óculos. Por causa dele, alguns meses mais tarde recebi uma chamada da Ashbury e ofereceram-se para me dar óculos de graça. Agora que essas portas se abriram, onde é que isto para? Conheces alguém na United? Ou como é que consigo arranjar bilhetes de metro gratuitos? A lista é infindável...Serias capaz de enganar a tua namorada para seguires em frente com a tua carreira? E sim, ela iria descobrir.Tinhas prometido que não contavas! (risos)

Page 36: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 36 NesTor JudKins2011

O que diabo vais fazer agora que és pro? A resposta correta é “tudo o que diabo me passar pela cabeça”, mas de qualquer modo espero que tenhas uma resposta própria.Vou estourar o dinheiro todo em imobiliário, carros rápidos e mulheres! Depois vou-me encostar à box, tornar-me uma pessoa amarga... mas espero ainda ter força para filmar uma grande vídeo parte de regresso!

Ora contem lá as escadas neste ollie

do Nestor… ainda lhe dizem que nas

suas manobras não contam muitas

escadas… que descaramento...

são 21 na fotografia!

Page 37: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

214 445 [email protected]

Page 38: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Nuno Relógio e Lanterna

- Cais de Olhão

Page 39: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

O Nuno é meu vizinho e é irmão de um amigo meu, o João Miguel Relógio, vocalista dos

punk c´mantega. Desde os meus tempos de estudante universitário que ouvia o João a

elogiar o irmão, nos tempos em que o Nuno deu o famoso corrimão de St. André. O Nuno

marca uma fase do skate em Portugal e é, para mim, uma honra poder fazer uma entrevista,

mais ainda por ser amigo dele.

o Nuno está cá: tuga para ficar... ou talvez não... mas uma coisa é certa, vai continuar a ser

um dos skaters mais marcantes e cheios de pica do street nacional.

página 39

entrevista e fotografia

João Mascarenhas

Page 40: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Page 41: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 41 Entrevista Nuno Relógio

Depois de meses de

fisioterapia, dar um

frontboard destes deve

ser das coisas mais

gratificantes. Para nós,

vê-lo, sem dúvida é.

Page 42: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Nollie backside heel 360

Com esta chuva toda qual é o teu plano para hoje?

Já que não existe um skate parque indoor no Algarve, vou ficar em casa a descansar

desta entrevista e aproveitar a minha folga no trabalho para dar uns acertos no vídeo

da forgiveskateboards que estou a realizar e prestes a lançar com o objetivo de dar a

conhecer melhor a única marca que decidiu apostar em mim fora deste país...

Então quer dizer que agora és trabalhador? Já tens contas para pagar?

Pois sou, tive de entrar no mundo do trabalho para que pudesse comprar um carro

novo porque o meu primeiro carro “morreu”... e como o que recebo por andar de

skate não é suficiente, teve de ser...

Acho que fazes bem, mas por que é que achas que nunca nenhuma marca fora de

Portugal apostou em ti? Sentes-te um objeto de publicidade para vendas em Portugal?

Completamente... pelo menos é a única razão lógica que encontro... não sou

nenhum master (longe disso) mas também acho que não sou menos que alguns

skaters que já se encontram na Europa de momento...

Mas pronto, na Europa também acho que ninguém vive do skate para o resto da

vida e estudar foi inteligente da tua parte, que curso tiraste? Achas que vai ter saída?

Pois.... penso que nem tão cedo! Sou licenciado em Artes Visuais... foquei-me

mais na área do vídeo onde praticamente todos os trabalhos que tenho feito

como freelancer são realizados, produzidos e montados por mim. E pronto, neste

momento sou operador de caixa na Modalfa já há um ano...

E trabalhas juntamente do teu grande companheiro que agora vai ser pai. O que

achas da ideia de ser pai?

Correto e afirmativo! O meu grande companheiro de longa data, André Gil, vai ser

pai e como já prometido há muitos anos eu serei o Padrinho. AH, E O MEU IRMÃO

VAI CASAR ! Anda tudo louco!!!

Page 43: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 43 Entrevista Nuno Relógio

Page 44: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Epá, quer dizer que à tua volta anda tudo a fazer constituir família...

então e o teu futuro filho e casamento?

Sim, espero felicidades para os que me rodeiam. Eu?!! Um dia sim...

Então agora que já conhecemos os teus planos para o futuro, esta

entrevista foi feita numa fase nova da tua vida, já não és o puto

maluco que eras, mas a meu ver mostraste que a maluquice ainda

está para ficar... por isso, diz lá, custou-te muito a fazer a entrevista?

Psicologicamente custou-me imenso. Todas as manobras desta

entrevista foram batalhas na minha cabeça. Todas as vezes que

estava a tentar não conseguia evitar o pensamento de que se

me magoasse teria de entrar de baixa no trabalho e não haveria

dinheiro para pagar fisioterapias, quanto mais um carro... o que

já aconteceu há 7 meses atrás quando rebentei o calcanhar... tive

de levar 10 pontos e muita fisioterapia! Só tenho que deixar um

especial agradecimento ao fisioterapeuta Pedro Fernandes da

clínica Yin Motion em Tavira, por ter conseguido tratar-me a tempo

de acabar esta entrevista em boas condições físicas. Obrigado...

fisicamente, em todas as manobras dei os meus bons espalhos,

como é óbvio... especialmente a da capa...

O Nuno diz que cada manobra

desta entrevista foi uma batalha,

não é para menos, vejam só

o tamanho do curb e deste

boardslide

Page 45: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 45 Entrevista Nuno Relógio

Page 46: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Page 47: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 47 Entrevista Nuno Relógio

Nuno, não precisas de te preocupar em pagar

o carro, enquanto dominares o skate desta maneira

tens transporte para todo o lado… swicth flip

Pois, essa capa deu para espetares um bocado de palmeira na perna mas

mesmo assim ainda foste tentar. Porquê?

Pois foi... espetei alguns 7 bicos de palmeira pelo corpo... esse da perna tinha

3 ou 4 cm! Voltei a tentar, em 1º lugar, para que a manobra fosse dada até ao

fim sem haver dúvidas, só e só mesmo porque gostei imenso do momento que

se estava a passar, em 2º para que pudesse colocar na minha parte do vídeo

forgive e em 3º para que não se repetisse o mesmo filme do rail de Coimbra...

Quer dizer que ainda continuas com a maluquice nas veias... hoje em dia em

Portugal começam a aparecer cada vez mais skaters novos que andam muito. Tu

e a tua geração marcaram o skate em Portugal (assim como os anteriores a vocês

também marcaram). Achas que tu e a tua geração de skaters ainda vão mostrar

a todos estes miúdos como se anda de street?

Espero bem que sim porque os putos querem é ser campeões e skate parques,

e o skate é muito mais do que isso... concordo que treinem em skate parques

porque ganham todas as bases e mais algumas, sem dúvida, e acho bem que

desfrutem do que eu não tive quando estava a crescer no skate. Mas por um

lado penso que foi bom as coisas terem sido desta forma, senão por esta altura

chegava a um spot de street com pouco espaço de balanço ou chão mau e talvez

não encarasse como um spot possível para tentar dar uma manobra de skate...

e eu acho que a maior parte da futura geração do skate em Portugal vai cair

nesse erro...

Page 48: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

O Nuno pode não ser a Maya mas não é difícil

prever que com manobras como este 360flip

para 50 a sua vídeo part no vídeo da Forgive vai

deixar muita gente de boca aberta.

20112011

Sim, é verdade, o street sempre foi a tua imagem e ultimamente tens filmado muito

com o Petreques, vocês estão com um novo projeto... estás a gostar? como é filmar

com o Cabanense?

Sim, estou a gostar imenso, uma pessoa e um skater como o Petreques... tem sido

ele a minha pica constante... e não um skate parque em Faro ou Albufeira... é bom

skatar com o Petreques, saber que hoje foste melhor que ele mas amanhã será com

certeza o contrário... e sempre disposto a ir para street seja qual for o spot...

Então e como te vês daqui a 10 anos?

Não sou a Maia...

Então mas não tens planos para o futuro?

Sim. Se tudo correr bem, farei bons planos enquanto filmo com uma brutal câmara,

para de seguida montar o vídeo em alguma grande empresa...

Então quer dizer que o teu sonho passa pelo vídeo? Mas para isso não achas que

tens de sair do Algarve?

Sim, passa também pelo skate, mas... sair do Algarve?! Pois, estou por tudo... como

isto está, não podemos ser esquisitos ou querer optar... meu querido Algarve...

(risos)

Vá, já percebi que estás farto de tanta conversa e agora, para finalizar, vamos

a coisas sérias. Quem é o pitbull africano que está contigo na foto de retrato, e

explica lá como o conheceste?

(Risos) Pitbull africano!!! É um Podengo de pelo longo... e chama-se Lanterna. Foi

encontrado há 4 anos com apenas um ano de idade, perto do Rio Guadiana, na

Foz de Odeleite, onde temos uma casa pré-fabricada, não nos largou mais e nós

também não conseguimos deixá-lo lá abandonado a passar fome e todo sujo...

Então vá, agradece lá aos devidos!

Em primeiro lugar, como é obvio, à Família (em especial à minha Mãe), namorada,

amigos (eles sabem quem são), amigas, patrocínios ( Vans, Forgive skateboards,

Labs), à surge skateboard magazine e ao gostosõn de las fotos (Mascarenhas).

Page 49: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 49 Entrevista Nuno Relógiopágina 49 Siga para leste

Page 50: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

O Nuno ganha pica a skatar

com o seu companheiro da

Forgive Tomás Petreques.

Este Noseblunt em Cabanas

de Tavira é mais que prova

disso.

Page 51: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 51 Entrevista Nuno Relógio

Page 52: SURGE Skateboard Magazine, issue 11
Page 53: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

Distribuição www.marteleiradist.com212 972 054 - [email protected]

Page 54: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

Peguei numa pá, num balde e num saco de cimento e dei

o primeiro passo. Mostrei a obra iniciada ao Steve, que se

mostrou interessado em ajudar e sugeriu fazermos uma

transição suave e larga, de maneira a podermos skatá-lo

como se fosse um quarter-pipe.

Mas nem tudo é tão fácil como parece. Para fazer cimento

precisamos de muita água e o nosso único recurso era um

bueiro, que tínhamos de aguardar que enchesse com as

Já tinha ouvido falar daquele pedaço de autoestrada interrompido, interrupção que já durava anos, e não parecia que as obras para a concluir fossem para breve. Portanto, um local com um separador em betão por baixo de uma ponte, entre planos inclinados e com o acesso vedado a veículos, seria o refúgio ideal para o nosso Jersey Barrier.

2011

texto João Sales

fotografia Sales, Antoine e Cainço

Page 55: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 55

chuvas de inverno para carregar os baldes. Não foi nada

fácil levantar cedo ao domingo de manhã de ressaca, ir

comprar sacos de 30 kg de cimento, levá-los às costas para

um sítio vedado, à sombra, no frio, as mãos geladas e os

ténis molhados e sem nos podermos mexer encasacados. A

somar a tudo isto, ainda tínhamos de explicar o porquê de

dois trintões a fazer rampas de cimento para andar de skate,

sempre que passava por lá um carro da brigada de trânsito! É

óbvio que nos achavam no mínimo ridículos e aconselhavam-nos

a termos cautela, já que aquele pedaço de autoestrada era

concessão da Brisa e se nos vissem a construir poderíamos

ter sérios problemas. Mas como vivemos num país em que as

autoridades passam a batata quente uns para os outros, os

funcionários da Brisa diziam-nos para termos cuidado com

a BT...

Page 56: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Pontus alv backside crail

Os nossos primeiros convidados a visitar o Jersey

Barrier foram o Vasco Neves, o Carlos Viegas, o João

Pinto e o João Martins, o que resultou num artigo do

skatebyte intitulado “Mãos à obra” que alertava para o

espírito Do it Yourself.

A obra avançou e quando tínhamos as duas primeiras

transições prontas em formato spine, tivemos a visita do

team europeu da Emerica, de que resultou um artigo

no seu website e outro na Kingpin.

O próximo passo foi a ligação dos planos inclinados

à estrada e a lomba para gerar mais velocidade.

Tínhamos mais ideias e vontade de construir, mas a

notícia de que as obras do IC36 iriam mesmo avançar

pôs termo ao nosso Burnside português. Só nos restava

skatar até as máquinas surgirem no horizonte.

Também a Red Bull aproveitou para alistar o separador

nos spots para o seu documentário editado em 2008.

Houve mais alguns convidados especiais que deixaram

as suas marcas e levaram boas imagens para casa. João

Gonçalves, Ruben Pinto, Steve Carreira, João Sales,

Alexis Santos, António Boavida, Alvaro Pastor, fotógrafo

espanhol que realizou o vídeo “Muito Fixe”com Edgar

Tellez e Slippy. Sebastien Daurel e Gunes Ozdogan, que

passaram para gravar para o vídeo europeu da Adidas

“Diagonal”.

Quando acabares de ler este texto talvez seja tarde

para skatar no nosso Jersey Barrier, por ter retomado a

sua forma original para cumprir a sua função principal,

separar as duas faixas de rodagem. Mas nunca é

tarde para acrescentar uma porção de cimento a outro

separador por este país fora...

João Sales fshurricane

Page 57: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 57 Jersey Barrier

Sebastian Daurel bs smith

“On the next day, we got to skate the Jersey barrier spot that Steve and the locals built on an unfinished piece of highway. Pontus instantly felt at home on the Concrete Beast. Everybody took some time to get used to it, but in the end, we got some good tricks on it” Oli Buergin

Page 58: SURGE Skateboard Magazine, issue 11
Page 59: SURGE Skateboard Magazine, issue 11
Page 60: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

ADIDAS EM PORTO COVO E SANTO ANDRÉ

2011

texto Roskof

fotografia João Mascarenhas

Este podia ser o nome de um remix da célebre música do Rui Veloso, ou pensavam que em Porto Covo não se

faz mais nada sem ser comer e descansar nas praias? De facto, a zona de Santo André, Sines e Porto Covo tem

mais spots do que aqueles que vocês conseguem contar e grande parte deles nunca aparecereu em fotos ou

vídeos, por isso quando surgiu a oportunidade de acompanhar o novo team nacional da Adidas num fim de

semana, nem pensei duas vezes… na verdade, acho que nem uma pensei… tal era a vontade de escapar do

trabalho de escritório. Apesar de o Diogo Smith não poder ir devido a uma lesão de última hora, os espíritos

estavam animados, as primeiras reuniões de equipa numa viagem são sempre algo caricato: nos primeiros

quilómetros ninguém fala na carrinha, está tudo à espera que alguém diga alguma coisa, quando chegamos

ao destino a cacofonia já é de tal maneira que para que o pessoal se acalme para ir dormir temos de ligar

aqueles canais do baby tv, com aqueles gráficos psicadélicos e música clássica. Foi isso que fizemos!

Page 61: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 61

O Mascarenhas queria incentivar o Gabriel a dar este feeble,

mas como não tinha a certeza se era esse o nome dele, dizia

“vá, miúdo, força… dás isso na boa”

Page 62: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Não se consegue ver na

foto mas neste backlip

do Ruben Gamito vinham

atrás dele pelo menos

uma dúzia de muitos a

skatar.

Page 63: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 63 Adidas em Porto Covo e Santo André

Na manhã seguinte acordámos com a chegada do

Mascarenhas, para ser sincero nem esperava que ele chegasse

antes da hora de almoço, afinal tinha estado em Olhão a

festejar com o Nuno Relógio a foto da capa desta edição,

mas profissionalismo acima de tudo e ali estava ele às 8 para

acordar a malta para o primeiro dia de skate. E mais: já tinha

descoberto um corrimão novo.

Mas isso seria para o dia seguinte, este sábado estava reservado

para Santo André, onde já tínhamos combinado com o Ruben

Gamito e companhia… e quando digo companhia não é por

não querer dizer os nomes, é mesmo porque são tantos os

miúdos, graúdos, miúdas e mulheres que se juntam em Santo

André para andar ou ver andar de skate que é impossível

decorar os seus nomes! Alguns skaters podem não gostar de

ter tanta gente a olhar enquanto tentam manobras, mas uma

coisa é certa: este espírito não o encontramos em muito lado,

já vi jogos da seleção em que as pessoas não se manifestam

com tanto entusiasmo. Os gémeos, Gustavo e Gabriel Ribeiro,

deixaram-se entusiasmar também e mostraram que não é

preciso ter pernas grandes para skatar grandes obstáculos…

no fim do dia ouvi a seguinte conversa entre dois skaters locais

“sabes distinguir os gémeos?”… responde o outro… “sei lá,

andam os dois como o caraças!”

Quem também não os conseguia distinguir era o Mascarenhas,

ele que vos diga… quando tens duas pessoas a perguntar-te

a mesma coisa varias vezes… só o ouvia dizer: “então não

te respondi a isso há pouco?” Resposta: “não, isso foi ao

meu irmão”, uma cena digna de um thriller psicológico do

Hitchcock. Por falar em filmes, nessa noite, em vez do Baby Tv

adormecemos todos a ver o “Nascido para matar” do Stanley

Kubric... (mais ou menos a mesma coisa). O único resistente

foi o João Viola, que também se aleijou logo no primeiro

dia e esteve até às tantas a ver os Vietcongs e Americanos

à cacetada, acompanhado na sala pelo Duarte Gaivão que

adormeceu numa posição de fazer inveja a qualquer mestre do

Yoga e acordou a meio da noite sem saber onde estava. Deve

ter sido do Strogonoff do Mascarenhas.

O Duarte Gaivão acordou a meio desta sequência a perguntar onde

estava… respondemos-lhe rapidamente… estás num manual ollie out

Page 64: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

No domingo acordámos, literalmente, com o barulho do mar

tal era a ondulação... não era para menos, nunca tínhamos

visto vagas daquelas na costa alentejana. Foi bom levar com

o ar frio do mar para acordar e começar a trabalhar. Como

suspeitávamos que o Gamito e companhia (deviam fazer

uma banda... ou melhor, uma orquestra com este nome)

deviam estar ferrados a dormir, ficámos por Porto Covo, onde

descobrimos que os “tapa-buracos” têm uma forma muito

peculiar... haja imaginação! Por falar em imaginação, nunca

imaginei foi que o Duarte Gaivão pudesse colocar o pé na

posição em que ficou ao cair em Santo André e não partir

nada… o melhor foram os bombeiros que quando chegaram e

olharam para o pé tiveram esta reação reconfortante: “XIIIIIIIIII

UII”… se o Duarte já estava com dores, depois também ficou

em stress! Mais um bocado diziam-lhe que tinha que ser

amputado! Felizmente a lesão era menos grave do que parecia

e em breve o Duarte já volta ao skate. Na viagem de regresso

a Lisboa, em conversa com o Paulo Ribeiro, team manager da

Adidas disse-lhe:” epá, partimos o pessoal todo neste fim de

semana… vamos ter que fazer outro”… ok, pronto, admito,

quero é escapar outra vez do escritório!

Gabriel, Boardslide num

curb com quase o dobro

da sua altura

Page 65: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

Ainda estou para perceber como é que estes miúdos com 10

anos têm joelhos para estes impactos… Gustavo… Ollie

página 65 Adidas em Porto Covo e Santo André

Page 66: SURGE Skateboard Magazine, issue 11
Page 67: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

[email protected]

www.myspace.com/lrgportugalWww.twitter.com/carsportif

T: 261 314 142

Page 68: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

O que será que estão a pensar os cães e as tartarugas? Uma t-shirt

da surge para quem nos mandar a sugestão mais original…

[email protected]

Page 69: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 69

texto Dom Henry

fotografia Joe Peck

Esta incursão pelo norte de Portugal foi, na verdade, uma

espécie de férias a que mais tarde nos lembrámos de

chamar tour. Afinal, foram duas semanas que a crew de

Manchester passou na cidade de Braga, local de que a

maior parte de nós nunca tinha ouvido falar.

Felizmente para nós, os nossos anfitriões, Giraldo da

Silva (pai do Tony) e a sua companheira, Ana, foram

os melhores anfitriões, as pessoas mais simpáticas e

genuínas que alguma vez tivemos o prazer de conhecer,

e, além disso, arranjaram dois quartos nas traseiras do

seu apartamento para um grupo de seis skaters ingleses...

grupo de seis que mais tarde se tornou de oito com a

chegada de mais dois amigos do Tony: Jesper e Cricca,

diretamente da Suécia. O contingente de Manchester

era constituído pelos trabalhadores e team da Note

skateshop: Tony da Silva, Jethro Coldwell, Joel Peck, Mark

Kendrick e Tom Day.

Antes de mais, quero deixar um enorme agradecimento

aos nossos anfitriões, que tornaram sua a missão de

proporcionar-nos os melhores dias possíveis: desde

os carros dos familiares todos que nos deixaram usar,

viagens na lancha rápida do Giraldo, as refeições

incríveis, a enorme ajuda com a roupa suja e, claro, por

nos deixarem partilhar a sua casa com os seus dois cães

e duas tartarugas! A comida foi do melhor que já comi

e tenho a certeza que o resto da crew pensa o mesmo,

sardinhas frescas regadas com Super Bock, marisco à

descrição... obrigado Giraldo e Ana!

NOTE SKATESHOP EM PORTUGAL

Page 70: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Tom Day não complica

neste No comply…

podemos dizer isto?

Page 71: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

A zona perto da casa onde ficámos era abundante em todo

o género de vida selvagem e natureza... só no jardim deles

podíamos encontrar kiwis, peras, tomates e nozes. Pela

manhã acordávamos sempre com cacarejar motivado de um

galo que mais parecia um baixo tenor... começava sempre

às 5 da manhã, por isso tínhamos sorte quando voltávamos

a adormecer depois desta alvorada. Mais tarde, pelas 7 ou

8 da manhã, chegava a vez do coro de cães a ladrar, todos

a competir pelo título do mais barulhento do bairro. Nessa

altura começava o nosso ritual de apanhar sol na varanda a

devorar potes de café e, até, nicotina... isto até que o I-Pod do

Jedd começasse a bombar rap de intervenção... sempre Jedi

Mind Tricks ou Army of the Pharoahs Collective.

SKATE EM BRAGAOs nossos planos iniciais para esta viagem incluíam aluguer

de carros, viagens e acampamentos em todo o Portugal, mas

depois de experienciarmos o conforto proporcionado pelo

Giraldo e Ana e de descobrimos spots mais do que suficientes

em Braga acabámos por passar ali as duas semanas, a

skatar, a comer e a beber.

Os nossos spots favoritos para skatar e relaxar em Braga:

Praça do Mac: a praça principal da cidade, que ganhou

este nome pela presença do globalmente e omnipresente

restaurante dos arcos dourados. Este spot está cheio de bons

spots de curbs, de todos os tamanho e feitios.

Campo Da Vinha: a um passo da “praça do mac”, esta

área é incrível, nós batizámo-la de Brasil, pois parecia-nos

uma praça brasileira onde podíamos imaginar o Rodrigo TX

ou o Alex Carolino a partir tudo. Manny Pads, curbs, gaps e

até um corrimão... tudo com uma pitoresca fonte no meio.

Ninguém se importava que nos lá passássemos os dias a

skatar e o facto de também ser rodeada de bares e cafés

tornava-a num oásis no centro da cidade. Se te cansasses

podias sentar-te, beber um café ou uma cerveja, recarregar

energias e ver o resto da malta a skatar. Um spot de sonho.

Mesmo ao lado do “Brasil” encontras uma segunda área

de skate que tem dois manny pads a descer, bem como

monumentos de mármore skatáveis no meio da relva... posso

dizer que o Jedd foi o mvp deste spot, depois do gap para

lipslide no monumento. A única coisa que o parou foi o

reaparecimento da “Nazareth Hip”, ou seja a perna dormente,

assim, do nada... só no voo de regresso a Inglaterra ele veio a

descobrir que era um coagulo de sangue na perna!

A menção honrosa foi para o Mark Kendrich e para o seu

backside flip numa porta do tamanho do Grande Canyon... o

Ken, para além de destruir spots durante a viagem toda, ainda

passava os dias e noites a filmar. Fiquem atentos ao seu novo

filme SHADS, uma obra prima de certeza. A mesma coisa

podemos dizer do Joel, que no meio de atacar os spots com

a sua precisão nos trucks também passava os dias a montar

flashes, tripés e a deitar-se no chão, de modo a fornecer as

fotos que estão a ver neste artigo. Bom trabalho malta!!

página 71 Braga não, saga!

Page 72: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

Radical Skatepark: a atração principal deste

estranho skate parque inserido num monte, na parte

antiga da cidade, é um estranho satélite enterrado na

terra... supostamente uma pool, mas em que podes

sair disparado para o céu sem qualquer esforço... de

certeza o spot mais fácil de voar da história. Passámos

horas, literalmente, a dar grabs, flips e voltas. Um

ótimo spot para estares com os skaters locais, beber

umas cervejas e ouvir umas músicas.

AS HISTÓRIAS DO GIRALDOQualquer pessoa que conheça o Tony vos garante

que ele é um ótimo contador de histórias. Quando

o juntas com o seu pai depressa descobres a raiz

das horas intermináveis a rir das suas aventuras.

O seu pai, Giraldo, é um gajo engraçado e um

ótimo contador de histórias. Em muitas ocasiões,

enquanto a tarde dava lugar à noite na varanda,

ficámos a ouvir as suas histórias de juventude e dos

personagens locais. As seguintes são uma seleção

de algumas que lhe saíram da boca nestes dias,

desculpem se me enganar em alguns pormenores.

O carro de rolamentos Quando o Giraldo era novo, um dos seus irmãos

mais velhos construiu um carro de rolamentos, em

que podiam ir quatro miúdos. Levaram-no para

uma descida e lançaram-se rampa abaixo, sendo

que a meio da descida viram uma manada de vacas

a atravessar a estrada! Como o carro não tinha

travões, tiveram de navegar e passaram debaixo das

pernas das vacas, uma, dizem, até saltou a mugir!

Eventualmente despistaram-se e um dos miúdos

ficou com a mão presa na roda de trás e arrancou

metade da pele da mão...

O uniforme roubadoUm homem que vivia perto da casa do Giraldo

roubou um uniforme da polícia de um estendal...

disfarçado de polícia pôs-se na berma da estrada a

mandar parar toda a gente e a acusá-los de excesso

de velocidade... depois punha-se a pedir dinheiro

para esquecer a multa, isto até se embebedar e

mandar parar um polícia que estava fora de serviço,

que o prendeu mal viu o que ele andava a fazer.

Quando o Giraldo acabou esta história ria-se muito

e dizia...”que estúpido do caraças”!!

A Senhora velhotaNo decurso de uma ronda de trabalho a distribuir

comida congelada, Giraldo foi a casa de uma cliente

bastante idosa. Durante a conversa, a senhora velhota

tossiu e um jato de urina saiu-lhe do meio das pernas,

por pouco não acertando no Giraldo. Apesar de ser

uma história bizarra e um bocado inacreditável,

conseguiu pôr muitos de nós a mijar a rir!

2011

Mark Kendric saiu de trás das câmaras

para mostrar ao resto da malta como

se faz um backside flip

Page 73: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 73 Braga não, saga!

Page 74: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

ConduçãoAs pessoas em Portugal são um bocado loucas a conduzir. Os limites de

velocidade são “opcionais” e a única maneira de as pores a parar na

passadeira é olhares fixamente pelo para brisas diretamente nos olhos

dos condutores até eles pararem. Sempre que fazia isto sentia que se o

não fizesse, um ato de homicídio involuntário poderia ter lugar.

Uma grande experiência ao volante em Portugal é a visita ao mágico

monte da gravidade perto do “Bom Jesus”. A explicação cientifica e

propriedade míticas desta rua de calçada há muito que são debatidas,

mas a história é esta: se puseres o teu carro em ponto morto no fim da

rua e soltares os travões, o carro começa a subir a rua! Nós testamos

isto várias vezes e é surreal. Até pusemos água na calçada da rua e ela

também subia o monte! Se forem a Braga têm de ver isto!

O fator novidadePassar tanto tempo numa cidade relativamente pequena e que não recebe

muito turismo de skate internacional fez-me pensar que éramos algo de

novo para os skaters locais e para os transeuntes da cidade. Era comum

ficarem a olhar para nós com aquela cara de quem se perguntava o

que andávamos a fazer com skates com esta idade. Em Braga não

conhecemos skaters com mais de 18 anos, apesar de haver rumores

de que eles existem, o que contrastou com a nossa visita ao Porto,

onde conhecemos o Nuno Gaia e o pessoal da Kate, pessoal todo nos

seus vintes e trintas e a skatar como o raio. Não quero dizer que não

conhecemos bons skaters em Braga, André, José, Luís, Rui, Orlando...

obrigado pelos bons tempos! Giraldo e Ana, obrigado por tudo!

página 74 Braga não, saga!2011

Por falar falar em histórias, já ouviram

aquela do Tony Silva que foi a Braga dar um

swicth crooked em frente ao cabeleireiro…

essa é demais… é mesmo!

Page 75: SURGE Skateboard Magazine, issue 11
Page 76: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

No mundo da fotografia de skate há quase sempre mais histórias a circular sobre os fotógrafos do

que sobre os skaters, afinal não são todos que têm estofo para passar parte do ano de um lado

para o outro, geralmente com um grupo de rapazes aos quais dificilmente podemos chamar de

descontraídos. Muitos não se aguentam e seguem as suas vidas por outros caminhos… o nome

Eric Antoine já o conheço há muito, ele é dos tais que se aguenta nesta vida e é presença constante

em todas as grandes publicações de skate mundial. Um dia, num chat na net acabei por meter

conversa com ele, falámos de skate e de muitas outras coisas, poucos meses depois fui apanhá-lo

ao aeroporto. Quando entrou no carro a primeira coisa que disse foi “onde é o supermercado?

Eu quero cozinhar todos os dias”… ok, disse eu… eu gosto de comida francesa... no dia seguinte,

às 8h da manhã ouvi um reboliço de tachos e panelas na cozinha, quando lá chego estava ele a

pôr o jantar no forno… às 8 da manhã! Diz ele: “estou a cozinhar há duas horas, assim quando

viermos do skate ao fim do dia já temos o jantar feito, é só aquecer”.

Até hoje conheci poucas pessoas dedicadas à fotografia como ele. De facto, depois dos dias

que passou em Portugal e desta nossa conversa, percebi que em tudo o que faz se dedica ao

máximo… como devemos fazer com tudo aquilo de que gostamos.

Para saberes mais sobre o seu trabalho visita: www.ericantoinephoto.com

intro e entrevista Roskof

Page 77: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 77

Stephen Gunter - Bs Tail

Page 78: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Robin fs ollie

Page 79: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 79 Eric Antoine portfólio

No meu contacto ao longo dos anos com muitos fotógrafos de skate reparei que há muitos nomes

que vêm e vão, sabemos que é difícil ter uma carreira onde estamos constantemente apaixonados

pelo que fazemos. Depois destes anos todos, o que faz ter a ainda a paixão para tirar fotos de

skate?

Bom, em primeiro lugar eu ainda ando de skate, vejo vídeos de skate e ainda ganho pica apesar

de ter 37 anos, acho que isso ajuda, e por outro lado eu vejo-me como um fotógrafo que tira

fotos de skate e não como um skater que tira fotos. Eu faço muita fotografia para além do skate e

ando sempre a fazer experiências. Já o faço há mais de 15 anos e encontro sempre coisas novas.

Desde que tenha este sentimento eu sei que vou sempre aprender e progredir, por isso, enquanto

for assim vou continuar. Na vida estamos sempre a aprender desde que tenhamos os nossos olhos

abertos e não os fechemos, a pensar que já sabemos tudo.

Todos sabemos que os skaters podem ser pessoas difíceis quando se trata de trabalho, muitas

vezes o fotógrafo tem de ser o psicólogo, o amigo e o patrão, tudo ao mesmo tempo. Em termos

de ética no trabalho o que é para ti mais importante?

Tenho de admitir que essa é a parte mais difícil quando se trata de viajar com miúdos com

pouca experiência e às vezes completamente alienados da realidade. Eu costumava ficar louco

com algumas coisas mas ultimamente tenho tido mais calma e deixo essas coisas para o team

manager, isto, se houver um. Senão tento viajar maioritariamente com pessoas interessantes e

responsáveis, que sejam descontraídas. Se não me identificar com as pessoas, então, não me

divirto e passa a ser apenas um trabalho como qualquer outro. Na vida, quando me desiludem

eu também não me esforço muito para remediar isso, aprendi há muito tempo que não te podes

dar bem com toda a gente… mas há sempre surpresas, conheces pessoas fantásticas nesta vida…

isso também me dá alento para continuar.

Anna&Capri

Page 80: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

Max Schaff2011 Antiz Invasion

Ok, esta é a minha pergunta cliché... nestes dias em que temos fotos de capas de revistas tiradas

com telemóveis reparei que ainda usas bastante material analógico, ambrótipos e técnicas de

laboratório antigas que, ironicamente, também conseguimos reproduzir com a manipulação

digital. Gostas de sujar as mãos ou é esse processo que te torna mais envolvido na fotografia?

Felizmente capas tiradas com o i-phone ainda não chegaram ao skate… acho. Mas tenho que

discordar contigo… não consegues os mesmos resultados com o digital, podes chegar lá perto

mas não é a mesma coisa… como te disse, eu sou fotógrafo, eu não tiro as fotos necessariamente

a pensar como vão resultar na revista, estou sempre mais interessado em fazer uma boa foto que

fique bem no papel e numa parede. Eu interesso-me por toda a fotografia e tento saber o máximo

sobre tudo relacionado. Eu também tiro fotos com o i-phone, até as imprimo e guardo numa caixa

em casa, não sou contra a fotografia digital, tem o seu propósito, só fico desiludido com o facto de

as pessoas não as imprimirem, não ficarem com esses objetos lindos... só as vêm nos seus ecrãs

brilhantes. Apesar de poderes trabalhar a fotografia digital e conseguires o efeito que queres, de

que serve isso se só vais ver no ecrã?… e gosto de objetos intemporais, as fotos antigas para mim

são isso. Eu uso muitas técnicas mas, sim, estou sempre mais virado para as técnicas antigas,

recentemente tenho feito muitos ambrótipos com o método das chapas de colódio húmido, isto

preenche todas as minhas necessidades de fotografia. Adoro móveis e objetos antigos e fico

mesmo feliz quando ando à procura de material fotográfico do século XIX, restauro-o, faço os

meus próprios químicos e começo a revelar. Demora tempo, tempo é a chave… afinal também

nos leva à morte mais rápido ou mais devagar, depende de como o vemos. Quando leva tempo

fazemos a coisa com mais amor e paixão… eu levo o meu tempo.

Por falar em sujar as mãos, eu sei (porque provei) que és um grande cozinheiro e amante de boa

comida, é por causa de todos estes anos a viajar com muitos que só querem comer fast-food?

(risos)

Isso também faz parte de levar o meu tempo e desfrutar da vida, eu não me alimento, eu gosto de

comer. Eu cozinho muito porque muitas vezes não consigo encontrar o que gosto ou é muito caro.

Adoro boa comida e bom vinho e gosto de a descobrir em todos os países por onde passo. Em

geral gosto de tudo o que é bom e, como te disse, levo tempo a fazê-la. Eu sei que agora a maior

parte das pessoas, com o trabalho, os miúdos, tem dificuldade em arranjar tempo para isso,

mas, como costumo dizer, é uma questão de escolheres como queres passar o tempo… eu prefiro

cozinhar do que estar em frente ao televisor… tenho mesmo prazer nisso... deviam experimentar.

ERIC ANTOINE

Page 81: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 81 Eric Antoine portfólio

Page 82: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Anna, Ambrótipo

Page 83: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 83 Eric Antoine portfólio

Na opinião de muita gente tens o emprego de sonho, viajar pelo mundo inteiro a tirar fotos com

grandes skaters... muitos nem sequer consideram isso um emprego... para ti quais a melhores

recompensas e o preço a pagar por esse estilo de vida?

Pois, eu também acho o mesmo, acho que o preço que tenho de pagar é estar longe das pessoas

de que gosto, porque estou sempre na estrada e esse tempo não volta para trás, mas também já

fiz tantas viagens e vivi tanta coisa diferente que não me arrependo de nada. E, para além disso,

quando estou em casa faço questão de desfrutar do descanso. Mudei-me recentemente para o

campo e tenho conseguido ter um bom equilíbrio entre as viagens e a minha vida tranquila.

Nestes dias das “aps” vídeos, webclips, revistas digitais, somos bombardeados todos os dias com

tanta informação que cai no esquecimento no dia seguinte, como vês o futuro da arte fotográfica?

Nisso tens razão... cai no esquecimento no dia seguinte, tem tudo a ver com o que já referi,

de guardares os objetos. Eu gosto da ideia que as pessoas tinham há 40 anos atrás, ninguém

tinha muitas posses… alguns livros, objetos, fotos que mantinham ao longo da vida... tinham

sentimentos por esses objetos, brinquedos ou imagens. Agora as pessoas tem uma quantidade

estúpida de coisas que lhes enchem os dias, que já nem sabem o que querem, o que procurar,

ou o que gostam. Talvez tanta escolha não seja uma coisa boa para nós humanos, dispersamo-nos

facilmente. No que diz respeito à fotografia de skate como arte, acho que realmente decaiu,

raramente vejo uma edição especial de fotografia que me deixe espantado com a qualidade das

fotografias. Eu comecei a tirar fotos de skate porque para mim era uma forma de expressão que

estava sempre a evoluir, adorava aquilo, cada anúncio trazia algo de novo, toda a gente fazia

experiências com as fotos, com o design… acho que se perdeu esse espírito no caminho. Eu vejo

muitos vídeos que são diferentes e inovadores mas, como disseste, são vistos num ecrã minúsculo

por uma pessoa sozinha em frente a um computador com uma qualidade de merda e esquecidos

no dia seguinte. Tenho saudades de quando os skaters se juntavam para ver um vídeo novo, ficava

tudo maluco e saíam para skatar juntos… posso ser um velho e nostálgico tolo… até nem gosto

de me ouvir dizer estas coisas.

Swing

ERIC ANTOINE

Page 84: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

Gauthier Bs Smith2011

Sei que te mudaste para uma pequena cidade perto dos bosques do norte de França. O que te fez

mudar para lá, depois de viveres em grandes metrópoles, como Paris, ou Nova Iorque?

Eu nunca gostei de cidade grandes, passei tempos difíceis em Paris, não tinha tempo para nada

e como gosto de fazer muita coisa era difícil conseguir isso, quando nem sequer conseguia ter

ligação com as pessoas. Eu mudei-me para o campo por causa de mim e da minha mulher. Ela

estava doente e pensei que seria bom para ela viver numa casa perto da natureza onde é belo e

tranquilo. Ela faleceu no ano passado e decidi ficar naquela casa até que seja possível, porque

esta era a nossa casa. É aqui que pertenço agora.

Vejo que fazes muitos retratos e quando falas deles os teus olhos até ficam mais brilhantes. As

pessoas ainda são a coisa mais importante para ti na fotografia?

Sim, eu gosto de conhecer pessoas interessantes, pessoas bonitas, ou que são diferentes, tento

fazer retratos sempre que posso, é como fazer uma coleção. A fotografia ajuda mesmo as pessoas

a lembrarem-se. Para mim agora ainda é mais importante pois tenho retratos com 20 anos em

casa e vejo as diferenças nas pessoas que ainda hoje encontro, algumas delas são pessoas muito

diferentes hoje, alguns já se foram, outros eram miúdos e agora são adultos desiludidos com a

vida. Os retratos são, talvez, a coisa que mais me dá mais prazer fotografar… depois a fotografia

clássica, nus e paisagens. A maior parte das pessoas não percebe o significado disto, talvez seja

para perpetuar o trabalho dos fotógrafos do antigamente. É algo de que gosto, guardar estas

técnicas e ensiná-las, quero fazer o possível para que estas técnicas não desapareçam. Gostava

de transmitir este amor pelas coisas antigas a estas novas gerações.

Já estiveste em Portugal várias vezes e tudo o que me sabias dizer das tuas viagens anteriores era

que sabias que em Portugal só se come batatas com carne, ainda é assim? (risos)

Tenho de admitir que tive algumas más experiências com Portugal, até tinha uma piada com o

meu amigo e cameraman Jean (Feil)… sempre que vínhamos cá só comíamos carne com batatas

fritas… acho que nestas viagens estivemos sempre com fãs desse género de comida. Não te posso

dizer que a minha ideia mudou porque as últimas vezes que estive cá fartei-me de cozinhar em

Lisboa e Albufeira, dois sítios muito turísticos. Mas tu e a minha amiga Tânia já me convenceram

de que há ótima comida e restaurantes em Portugal. Já estou à espera para regressar a Portugal!

Lembro-de de uma tour da Emerica em que nos divertimos bastante, mas depois de uma semana

a comer bife com batatas fritas, o Oli, o team manager (que é vegetariano) passou-se, esqueceu

o controlo do orçamento e levou o pessoal todo a jantar no restaurante mais caro da cidade. Não

sou a melhor pessoa para falar da comida portuguesa… mas quero ser. De certeza que me vais

perguntar daqui a um ano a mesma coisa e já vou ter maravilhas para contar. Mas mais uma vez

digo, tudo depende de com quem viajas, quem é o teu guia e se eles gostam de comer bem ou

não… quem gosta de comer sabe onde ir e prefere morrer à fome a comer porcaria… pode ser

uma experiência horrível.

Manwolves Paris

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página 85 Eric Antoine portfólio

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2011

Page 89: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

A Skatomize começou por ser uma exposição de tábuas de skate com a intervenção de criativos

de diferentes expressões, artes e talentos, organizada no Porto pela KATE - Streetwear e Skateshop.

A primeira edição realizou-se em 2007 para celebrar o “ Go skateboarding day” (no dia 21 de

junho) e desde então deu-se continuidade ao evento, que apenas foi interrompida em 2010 para

repensar o projeto e afinar os rolamentos. Até aqui, a Skatomize resultava exclusivamente da

reinterpretação das tábuas usadas pelos skaters da cidade, que as ofereciam à causa. Este ano,

porém, decidimos ir mais longe, dando liberdade a cada participante para escolher o suporte

que deseja trabalhar. A intenção é alargar o espetro de possibilidades e dar carta-branca ao

artista para que expresse sem restrições essa intimidade que queremos celebrar, entre o skate e as

diversas formas de arte. Em poucas palavras, a Skatomize tem como objetivo estimular e projetar

a interação entre a modalidade do skate e todos aqueles que, pelo seu engenho e dedicação, se

vão destacando na cena artística do momento… Músicos, designers, artistas plásticos, writers, Dj’s

e outros criativos, são convidados a honrar o skate, tomando-o como inspiração, para compor

uma exposição que leva a rua para dentro da galeria.

página 89 Skatomize

texto e fotografia

Kate skateshop

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Distribuido por Tribal Urbano [email protected] 218 870 173

Page 91: SURGE Skateboard Magazine, issue 11
Page 92: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Juan Salas Backside Flip

na terra da louça malandra

fotografia Luís Moreira

Page 93: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 93

Page 94: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

2011

Já há muito que se fala

de uma manobra destas

neste spot, mas como uns

falam e os outros fazem,

o Jorginho já lá deixou a

sua marca… ollie e ollie

transfer para lipslide

fotografia Luís Moreira

Page 95: SURGE Skateboard Magazine, issue 11

página 95 Anti Estático

Quem o conhece sabe que o Tony fala mais do que

um ventríloquo em ácido, mas neste nosegrind nem

precisa de dizer nada para nos calar.

fotografia Luís Moreira

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