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SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CAPRINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ-PB Estefania Gomes Barreto (UEPB) [email protected] Waleska Silveira Lira (UEPB) [email protected] Roberta Maiara Magalhaes de Andrade Lima (UFCG) [email protected] Julianna Gomes da Silva (UFCG) [email protected] Mirella Quintas Lyra (UFCG) [email protected] Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade são temas bastante atuais e discutidos principalmente no mercado empresarial contemporâneo. Mas o foco na produção rural deve ter uma grande atenção, principalmente pela precariedade de recursoos e instrução do homem do campo. Desta forma, o presente trabalho busca analisar a relação entre a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no cultivo à Caprinocultura do município de Santo André-PB. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e de campo para maior riqueza e argumentação da análise concluída. Neste sentido, pudemos perceber, após análise dos dados estatísticos e comentários dos respondentes, que a caprinocultura na região ainda tem um desenvolvimento recente. 61% dos caprinocultores não ultrapassam três anos de início na atividade. É, portanto, um processo em ascensão que necessita de investimentos em inovações tecnológicas, mas de forma a contribuir com o meio ambiente de forma sustentável, pois embora o cultivador tenha um certo nível de importância da produção moldada ao desenvolvimento sustentável, na prática há uma certa falta de recursos e prevalência do comodismo. Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade. Caprinocultura. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL … · SUSTENTABILIDADE E ... Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 9 1. Introdução ... estudo científico supõe e requer uma prévia

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SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA CAPRINOCULTURA NO MUNICÍPIO

DE SANTO ANDRÉ-PB

Estefania Gomes Barreto (UEPB)

[email protected]

Waleska Silveira Lira (UEPB)

[email protected]

Roberta Maiara Magalhaes de Andrade Lima (UFCG)

[email protected]

Julianna Gomes da Silva (UFCG)

[email protected]

Mirella Quintas Lyra (UFCG)

[email protected]

Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade são temas bastante

atuais e discutidos principalmente no mercado empresarial

contemporâneo. Mas o foco na produção rural deve ter uma grande

atenção, principalmente pela precariedade de recursoos e instrução do

homem do campo. Desta forma, o presente trabalho busca analisar a

relação entre a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no

cultivo à Caprinocultura do município de Santo André-PB. Para tanto,

foi realizada uma pesquisa bibliográfica e de campo para maior

riqueza e argumentação da análise concluída. Neste sentido, pudemos

perceber, após análise dos dados estatísticos e comentários dos

respondentes, que a caprinocultura na região ainda tem um

desenvolvimento recente. 61% dos caprinocultores não ultrapassam

três anos de início na atividade. É, portanto, um processo em ascensão

que necessita de investimentos em inovações tecnológicas, mas de

forma a contribuir com o meio ambiente de forma sustentável, pois

embora o cultivador tenha um certo nível de importância da produção

moldada ao desenvolvimento sustentável, na prática há uma certa falta

de recursos e prevalência do comodismo.

Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade.

Caprinocultura.

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

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1. Introdução

Apesar da importância das dimensões social, política e econômica, o aspecto mais difundido

do desenvolvimento sustentável é a dimensão ambiental, a qual vem sendo cuidadosamente

discutida com a sociedade. Na abordagem dessa questão pelo governo brasileiro há,

entretanto, um fator diferencial. A diferença é que não olhamos o meio ambiente somente

como uma restrição ao desenvolvimento, ou um custo adicional para as empresas e a

sociedade. Olhamos o meio ambiente principalmente como um grande conjunto de

oportunidades para investimentos públicos e privados. Investimentos esses que devem ser

intensivos em informação e conhecimento e capazes de gerar produtos e serviços de alto valor

agregado. O objetivo é o uso mais eficiente dos recursos naturais, preservando a capacidade

da natureza de renovar-se.

Muito embora as pessoas escutem falar de temas relacionados ao meio ambiente, e até mesmo

comentem de forma favorável ao desenvolvimento sustentável e à sustentabilidade, perdem as

palavras aos poucos para dar exemplos de como proceder para atingir estes fins, e,

principalmente, acabam por se mostrarem omissas na questão prática do dia a dia, com o

simples fato de jogar um plástico na rua.

No presente trabalho, fazemos uma abordagem diante da realidade da zona rural e o cultivo da

caprinocultura neste contexto de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. Para tanto a

pesquisa não se limita à fundamentação teórica, também é realizada uma coleta de dados no

município de Santo André-PB para compararmos se há uma ligação entre os termos

abordados e a caprinocultura cultivada na zona rural do município.

E para o enriquecimento deste estudo, focamos uma abordagem sobre desenvolvimento

sustentável e sustentabilidade e sustentabilidade da perspectiva econômica. Em seguida,

seguem os aspectos metodológicos, a apresentação e análise dos resultados da pesquisa, bem

como as considerações finais e referências.

2. Referencial Teórico

2.1 Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade

Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente,

sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias

necessidades. Consiste num processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a

direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança

institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro. Para a continuidade do

desenvolvimento sustentável, é preciso assegurar a competitividade dos produtos e serviços

gerados pela economia, estimulada pela adequação dos fatores sistêmicos, pela exposição à

competição interna e externa, pela qualidade, pela produtividade e pela inovação.

A Sustentabilidade consiste na capacidade de uma atividade ou sociedade se manter por

tempo indeterminado, sem colocar em risco o esgotamento, a qualidade e o uso abusivo de

seus recursos naturais. Goodland (1995), a define como a manutenção do capital natural entre

os quatro tipos de capital – natural, humano, construído e social -, assume a questão ambiental

ainda de maneira setorizada, sem incluí-la nos outros setores constitutivos da vida na Terra

ressaltando ainda as causas de provável insustentabilidade em fatores como o limite da

capacidade ambiental, perante a escala dos meios de produção, e falha dos governos em

admitir os perigos decorrentes da poluição e do rápido crescimento populacional.

2.2 Dimensões da sustentabilidade

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Guilherme (2007), dimensiona a sustentabilidade em três graus - Fraco, Forte e Muito Forte -

relacionados à capacidade de substituição que permeia os quatro tipos de capital, delimitados

pelo sistema econômico: natural, humano, construído e social.

Neste contexto, Goodland (1995, p. 15-16), sintetiza os três graus de sustentabilidade como:

Sustentabilidade Ambiental Fraca: Mantém o capital total intacto, sem considerar a sua

repartição nas quatro subcategorias. Isto poderia implicar que os vários tipos de capital são

mais ou menos substituíveis, ao menos dentro dos limites dos níveis atuais da atividade

econômica e da utilização de recursos. Dadas a atual liquidação e as graves ineficiências

no uso dos recursos, sustentabilidade fraca poderia ser um grande avanço, ainda num

primeiro nível, ma não se constitui em sustentabilidade ambiental, tornando-se assim

condição necessária mas não suficiente para tanto.

Sustentabilidade Ambiental Forte: Requer a manutenção em separado dos quatro tipos de

capital. Esta assume que o capital natural vão é perfeitamente substituível, antes é

complementar de funções produtivas e, agora, limitado; esta é uma proposta que vem

sendo assumida por economistas ecológicos.

Sustentabilidade Ambiental Muito Forte: Não pode haver depleção d recursos naturais.

Recursos não renováveis não podem ser usados, assim como todos os recursos minerais.

Os recursos renováveis são utilizados, condicionados à reposição de estoques.

Para Guilherme (2007), essas dimensões seriam acrescidas, à medida que o entendimento da

sustentabilidade avançava para outros setores, estruturando os aparatos teóricos e político-

institucionais da globalização, forjando novas alianças e novos atores sociais em ação, e

tornando-se para alguns autores o discurso paradigmático das mudanças sociais, dentro da

visão da ultra modernidade, vinculada a novos padrões de participação política e valores pós-

materialistas.

2.3 Sustentabilidade da perspectiva econômica

A Sustentabilidade Econômica abrange alocação e distribuição eficientes dos recursos

naturais dentro de uma escala apropriada. O conceito de desenvolvimento sustentável,

observado a partir da perspectiva econômica, segundo Rutherford (1997), vê o mundo em

termos de estoques e fluxo de capital. Na verdade, essa visão não está restrita apenas ao

convencional capital monetário ou econômico, mas está restrita apenas ao convencional

capital monetário ou econômico, mas está aberta a considerar capitais de diferentes tipos,

incluindo o ambiental e/ou natural, capital humano e capital social.

Para os economistas o problema da sustentabilidade se refere à manutenção do capital em

todas as suas formas. Rutherford afirma que muitos economistas ressaltam a semelhança entre

a gestão de portfólios de investimento com a sustentabilidade, onde se procura maximizar o

retorno mantendo o capital constante. Os economistas, ao contrário dos ambientalistas,

tendem a ser otimistas em relação à capacidade humana de se adaptar a novas realidades ou

circunstâncias e resolver problemas com sua capacidade técnica: No mundo econômico, para

o autor, o único elemento imprevisível é a raça humana.

Segundo Lira (2007), a Comissão de Desenvolvimento Sustentável, órgão da ONU

responsável pelo acompanhamento da Agenda 21, propôs como critérios para o

desenvolvimento desses indicadores, serem:

a) Primeiramente nacionais em escala ou escopo (os países também podem desejar usar

indicadores de escopo regional ou municipal);

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b) Relevantes para o objetivo principal de avaliar os progressos em direção ao

desenvolvimento sustentável;

c) Compreensíveis, ou seja, claros, simples, e não ambíguos;

d) Realizáveis dentro das capacidades dos governos nacionais, considerando restrições

logísticas, de tempo, técnicas e outras;

e) Conceitualmente bem fundamentadas;

f) Limitados em número, permanecendo abertos a futuros desenvolvimento;

g) Amplos na cobertura da agenda 21 e todos os aspectos do desenvolvimento sustentável;

h) Representativos de um consenso internacional, tanto quanto possível;

i) Apoiados em dados já disponíveis ou disponíveis a uma razoável relação custo-benefício,

adequadamente documentados, de sabida qualidade e atualizados em intervalos regulares;

Com base nessas recomendações, esses indicadores foram agrupados em três grandes

categorias, visando dar um primeiro passo na direção de um processo interativo:

a) Indicadores de tendência: indicam atividades humanas, processos e padrões que têm

impacto sobre o desenvolvimento sustentável;

b) Indicadores de status: indicam o estado ou a situação do desenvolvimento sustentável;

c) Indicadores de resposta: indicam opções de política e outras respostas às mudanças no

status do desenvolvimento sustentável.

Os indicadores foram, ainda, organizados segundo as diferentes dimensões do

desenvolvimento sustentável – a social, a econômica, a ambiental e a institucional -, e

relacionados aos diferentes capítulos da Agenda 21.

3. Aspectos Metodológicos

A metodologia utilizada em pesquisas trata-se de uma ferramenta básica e estratégica da

ciência em sua busca por respostas ainda não descobertas ou incompletas.

Conforme Minayo (2003, p. 16-18), a metodologia de pesquisa é o caminho do pensamento a

ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se basicamente do conjunto de técnicas a

ser adotada para construir uma realidade.

3.1 Tipo de Pesquisa

O presente trabalho baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, bem como de campo. Qualquer

estudo científico supõe e requer uma prévia pesquisa bibliográfica, seja para sua necessária

fundamentação teórica, ou mesmo para justificar seus limites e para os próprios resultados.

Cervo e Bervian (1996, p. 48) afirmam que:

a pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho

científico original, constitui a pesquisa propriamente dita na área das Ciências

Humanas. Como resumo de assunto, constitui geralmente o primeiro passo de

qualquer pesquisa científica.

É por meio da pesquisa bibliográfica que o pesquisador faz contato direto com tudo o que foi

publicado, dito, filmado ou de alguma outra forma registrado sobre determinado tema,

inclusive através de conferências seguidas de debates.

Quanto à pesquisa de campo, de acordo com Lakatos e Marconi (2001, p. 186), corresponde

àquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um

problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar,

ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre ele.

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Assim sendo, como propósito metodológico, a idéia será observar e analisar de forma

quantitativa, dada a representação porcentual dos resultados, as informações obtidas sobre o

tema na cidade de Santo André-PB, para que o estudo seja mais específico, melhor

desenvolvido e rico em informações.

3.2 Caracterização do Universo e Amostra

De acordo com Marconi e Lakatos (1999), o universo ou população é o conjunto de seres

animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum e a

amostra é a porção ou parcela convenientemente selecionada do universo. Neste caso,

considerando que consultar um alto número de pessoas da zona rural de Santo André-PB

tornaria o trabalho de coleta de dados muito prolongado, o critério usado para a seleção destes

foi feito de acordo com o acesso à 13 trabalhadores do sexo masculino, de um grupo de

associados rurais de 32, sendo 27 caprinocultores. Estes foram abordados e convidados a

responder as perguntas de livre e espontânea vontade. E esta amostra selecionada foi,

portanto, por acessibilidade.

3.3 Instrumento de Coleta de Dados

O estudo foi validado mediante a aplicação de uma pesquisa com 15 perguntas, sendo 13

fechadas de alternativas diversificadas e 2 abertas relacionadas ao desenvolvimento

sustentável, sustentabilidade e a caprinocultura, no caso, de Santo André-PB.

4. Apresentação e Discussão dos Resultados

Os resultados da pesquisa de campo realizada na zona rural do município de Santo André-PB,

estão representados estatísticamente de forma gráfica. O questionário está dividido em cinco

seções de questões fechadas: Análise Demográfica; Características das Famílias;

Características das Propriedades Rurais; Características da Principal Atividade Produtiva;

Análise da Dimensao Ambiental; e uma seção duas perguntas abertas relativas ao tema.

4.1 Análise Demográfica

4.1.2 Estado Civil

Gráfico 2 – Estado Civil

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

A maior parte dos respondentes (61%) é casada ou tem uma união estável. Em seguida, 31%

são solteiros, 8% separados e ninguém respondeu ser viúvo.

4.1.3 Grau de Instrução

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Gráfico 3 – Grau de Instrução

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

Em relação ao grau de instrução ou de escolaridade, quase a metade dos dados mostram que

46% destes trabalhadores têm nível fundamental incompleto. 23% terminaram o ensino

médio, e 15% têm o ensino superior incompleto. Em empate, seguem com 8% o total que

possui o ensino fundamental completo e o ensino médio incompleto. O total de analfabetos na

pesquisa é de 0%.

4.2 Características das Famílias

4.2.2 Quantidade de pessoas

Gráfico 5 – Quantidade de pessoas

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

A quantidade de pessoas moradoras em uma mesma residência, ou seja, cada família tem em

46% 3 ou pessoas. Este número aumenta para 5 a 6 em 31% dos respondentes. 15% têm até

duas pessoas na residência, e apenas 8% a partir de 7.

4.3.3 Quantidade de pessoas Alfabetizadas

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Gráfico 6 – Quantidade de pessoas alfabetizadas

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

No total correspondente à 15% daqueles que residem em até 2 pessoas, todos (100%) são

alfabetizados. Conforme mostra o gráfico, 67% são alfabetizadas enquanto 33% responderam

que até 2 entre 3 ou 4 de um total de 46% dos representantes da amostra são alfabetizados;

31% dos respondentes correspodem ao total que residem em até 5 a 6 pessoas. Deste número,

75% são alfabetizados, e 25% tem 3 ou 4 alfabetizados; Com 8% de representação, as

residências rurais com mais de 6 pessoas têm 100% de 5 a 6 alfabetizados.

4.4 Características das Propriedades Rurais

4.4.1 Situação

Gráfico 10 – Situação

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

Quanto à situação das propriedades rurais, 54% são próprias. 31% são indicadas em outras

condições como de herdeiros. E 8% e 7% são respectivamente arrendadas e de posse.

4.4.2 Área (ha)

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Gráfico 11 – Área (ha)

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

A área informada em hectares (ha) corresponde em um empate entre 31% para 21 a 30 (ha) e

mais de 50. Em seguida, 23% têm uma área de 11 a 20 (ha). Com 8% há 31 a 40 (ha) e 7% de

1 a 50.

4.5 Características da Principal Atividade Produtiva

4.5.1 Principal Atividade Produtiva

Gráfico 12 – Principal Atividade Produtiva

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

Como principal atividade produtora a Caprinocultura de Leite obteve bastante destaque,

foram 77% dos respondentes que indicaram a atividade econômica. Outros resultados

corresponderam a 8% para Bovinocultura de Leite e a mesma porcentagem para a

Agricultura. 7% cultivam a caprinocultura de corte.

4.5.2 Tempo de Atividade (anos)

Gráfico 13 – Tempo de Atividade (anos)

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

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O tempo exercido nestas atividades correspondem à 38% entre 0 a 1 ano; 23% para 2 a 3

anos, e a mesma quantidade a partir de 6 anos. Em 8% estão aqueles com 4 a 5 anos e também

5 a 6 anos de tempo na atividade.

4.5.3 Rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal (Salários Mínimos)

Gráfico 14 – Rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal (Salários Mínimos)

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

Os rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal foram representados em

quantidade de salários mínimos. Neste contexto, 69% afirmaram que recebem até 1 salário; e

31% acima de 1 até 2. Desta forma, 0% recebe acima de 2 até 3 e/ou a partir de 4.

4.5.4 Produtos Comercializados oriundos da atividade principal

Gráfico 15 – Produtos Comercializados oriundos da atividade principal

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

Os produtos comercializados oriundos da atividade principal são em 77% leite de cabra. Os

demais são em 8% feijão, milho e leite de vaca; e 7% ainda advindo da caprinocultura através

da carne caprina.

4.6 Análise da Dimensão Ambiental

4.6.1 Adoção de práticas de Conservação e Recuperação do (a)

Gráfico 16 – Adoção de práticas de Conservação e Recuperação do (a):

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

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Em relação à dimensão ambiental, 38% fazem uma adoção de práticas de conservação e

recuperação dos açudes; 31% do solo; e outros 31% responderam NDA, ou seja, nenhuma das

alternativas. As outras opções citadas como água, vegetação, lagoas, nascentes, e rios, não

foram citadas (0%).

4.6.2 Ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem

Gráfico 17 – Ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

Quanto às ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem, 69% fizeram relação

com a vegetação nativa/resto de plantas. E entre 16% e 15%, respectivamente, ficaram o lixo

doméstico e os rejeitos líquidos.

4.6.3 A Oferta e as Formas de Abastecimento de Água

Gráfico 18 – Oferta e as Formas de Abastecimento de Água

Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.

No que se refere à oferta e às formas de abastecimento de água, 27% se referiram para o

consumo familiar e 27% para cisternas. Em seguida, 20% disseram que a oferta e

abastecimento se dava por açude da propriedade; 11% por poço da propriedade; 7% por açude

fora a propriedade; 6% atividade pecuária; e apenas 2% rio da propriedade.

4.7 Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade na Caprinocultura de Santo André-

PB

4.7.1 O cultivo da caprinocultura de forma sustentável

Questionou-se sobre como cultivar a caprinocultura de forma sustentável. As respostas

alternaram entre:

“Investir nos reservatórios de água e mais investimento nos rebanhos”.

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“Contribuindo ao governo com o leite, para que haja o lucro tanto do caprinocultor quanto

da pessoa que é beneficiada com o leite”.

“Investindo nos reservatórios de água e usando técnicas par melhorar o rebanho”.

“Havendo incentivo por parte o governo para melhoramento do rebanho e assim, terá uma

melhor qualidade da produção”.

“Mantendo os nossos rebanhos em pequenas quantidades e com melhor qualidade em

produção de carne e leite, fazendo com que a nosso rebanho faça parte dos itens que nos

permitem permanecer no campo com dignidade”.

“Com mais ajuda (do governo) pra a gente vender mais”.

“Vai depender do sistema de cotas. Se as cotas „aumentar‟ e não „existirem‟ mais melhora

para os produtores cultivar a caprinocultura dessa forma”.

“Com a melhora do local onde cria os animais pra melhorar a produção”.

“Elaborando novas formas de aproveitamento da área em que produz, como: cilagem para a

produção de caprinos e também bovinocultura”.

“Melhorando a qualidade dos rebanhos para aumentar a produção”.

“Uma forma eficaz para cultivar a caprinocultura, é melhorando o aproveitamento da área

de produção e melhorando a qualidade do rebanho”.

4.7.2 A sustentabilidade da Caprinocultura

A Sustentabilidade é uma condição de um processo de forma a permitir a sua permanência,

em certo nível, por um determinado prazo. Assim sendo, esta questão buscou verificar esta

relação com a Caprinocultura de Santo André-PB. Os comentários a este respeito foram:

“Sim, pois a caprinocultura tem a somar com a agricultura de subsistência.”

“Sim. Porque é um meio de ganhar dinheiro para o sustento da família”.

“Sim, pois garante o sustento da família ou aumenta a renda familiar”.

“Sim. Porque atualmente a caprinocultura é uma das principais fontes de renda para quem

está no ramo”.

“Sim. Pois a caprinocultura é uma das fontes de renda mais presentes na agricultura

familiar, sendo assim faz-se com que estas pessoas tenham uma perspectiva melhor em

relação ao seu futuro”.

“Sim. Porque a caprinocultura leiteira de Santo André está no início para alguns

produtores. Tem determinados prazos que acontece do leite estar em baixa quantidade e nem

todos têm permanência em um certo nível”.

“Pequenos agricultores vivem não só da agricultura de subsistência, como também vendem

leite de cabra para pequenos criadores”.

“Ocorre. Porque com o desenvolvimento da caprinocultura, mesmo que não possua outra

forma de renda, dá para permanecer”.

“Sim. A caprinocultura de Santo André é fonte de gerar renda”.

“Sim. Porque eu complemento a renda que tenho da bovinocultura”.

4.8 Análise dos Resultados

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De acordo com os dados resultantes da pesquisa, todos os respondentes foram homens. Isto

porque, até por uma questão de cultura, são estes que predominam como os chefes de família,

principalmente na zona rural, e, consequentemente praticam, no caso, a principal atividade

econômica abordada, a caprinocultura. Assim sendo, a grande fatia deste total é formada por

trabalhadores casados (61%), e com uma considerável representação de baixa instrução

escolar, o que corresponde a 46% desta amostra, apenas com o ensino fundamental

incompleto.

Na zona rural é comum o alto número de membros da família em uma residência. Porém,

surpreendentemente, o número de filhos foi baixo: Enquanto 31% não têm filhos, 46% só têm

até 2. Desta forma, a quantidade de pessoas na família também ficou entre 60% tendo de dois

a quatro membros em uma só residência. E quanto à alfabetização destes membros, a pesquisa

mostrou que é maior o índice nas casas com menos pessoas.

Na questão relativa à propriedade rural, pudemos perceber que mais da metade (54%) é

proprietário. E a área destas terras varia entre 11 a 30 ha. Ou seja, é um bom encaminhamento

para o cultivo da caprinocultura, que é a principal atividade econômica para a grande maioria

destes trabalhadores rurais, e tem como produto principal o leite da cabra. Estes dados são

favoráveis até mesmo por se tratarem de iniciantes, pois 61% começaram estas atividades há

no máximo 3 anos. Quanto ao rendimento deste trabalho, ainda é preciso que haja

investimentos tanto do governo quanto do próprio cultivador, pois ainda é bastante baixo,

69% disseram que lucravam em média apenas um salário mínimo por mês.

Nas questões referentes à abordagem da caprinocultura diante do desenvolvimento sustentável

e sustentabilidade, pudemos perceber que embora haja um certo nível de consciência da

importância e necessidade de mudanças, as práticas acionadas no dia a dia desta realidade no

campo são consideravelmente indiferentes à questão ambiental. Prova disto, é que embora a

adoção de práticas de conservação e recuperação de açudes seja realizada por ainda 38%,

estas ações foram bastante singulares, já que as alternativas citavam ainda vegetação, lagoas,

nascentes e rio, que não receberam nenhuma votação.

Da mesma forma, embora 69% façam tratamento, aproveitamento ou reciclagem, no caso na

vegetação nativa/resto de plantas, ninguém marcou sólidos, rejeitos líquidos ou semi-líquidos.

Esta questão é fundamental para a preservação do meio ambiente. Enquanto o ideal seria a

atenção a pelo menos, todos estes pontos, grande parte é ignorada. Apenas na questão da

oferta e formas de abastecimento de água é que observa uma distribuição maior da atenção

dada às alternativas já que 27% faz uso para consumo familiar e a mesma quantidade usa

cisternas, 20% tem açude na própria propriedade e 11% tem poço na própria propriedade.

Estes pontos mostram um fato bastante positivo: as pessoas têm um certa precaução quando

se trata da água. Embora o Brasil seja um país riquíssimo em relação a este recurso, é sabido

que a região nordestina, porém, tem problemas de seca, o que afeta diretamente o homem do

campo. Por isso, estas medidas de construção e conservação de açudes, poços e cisternas se

tornam tão importantes não apenas para a questão do desenvolvimento sustentável, quanto

para a própria sustentabilidade do cultivo à terra por parte do trabalhador rural.

Em uma abordagem mais direta com relação ao tema, pudemos observar nas questões abertas

que há uma considerável distância entre a teoria de como implementar métodos capazes de

promover o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade na caprinocultura de Santo

André-PB, e a lenta sintonia da prática destes processos nas atividades desempenhadas ao

longo do cultivo rural.

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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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Apesar da baixa escolaridade, percebemos que na primeira questão sobre como cultivar a

caprinocultura de forma sustentável, as pessoas têm propostas interessantes para a serem

planejadas e implementadas como o investimento nos reservatórios de água, qualidade em

produção da carne e do leite, incentivos por parte o governo, e melhorando o aproveitamento

da área de produção, se refletindo, consequentemente, na qualidade do rebanho.

Diante do tema Sustentabilidade, percebeu-se que houve uma grande relação quanto ao

rendimento da produção. Tendo uma série unânime de respostas afirmativas neste sentido.

Apenas uma reposta fez relação ainda com a questão da sustentabilidade, ao ligar a

caprinocultura e a agricultura como forma de subsistência.

5. Considerações Finais

Diante do que foi exposto na fundamentação do presente estudo, foi possível observar a

consciência de que a sustentabilidade do desenvolvimento está intimamente associada à

redução das desigualdades sociais. No médio prazo, a sociedade rejeitará qualquer projeto

nacional que não tenha como prioridade maior a solução para a exclusão social e para as

disparidades regionais.

O primeiro compromisso do desenvolvimento sustentável, portanto, é o compromisso social,

que pressupõe a convergência dos planos e projetos na direção das expectativas das pessoas,

com relação ao seu futuro e à sua qualidade de vida.

Porém, muito embora a consciência das pessoas tenha se voltado cada vez mais para a

aceitação da caprinocultura enquanto ecologicamente correta, economicamente viável e

socialmente justa, percebe-se que há uma grande falta de educação no que se refere às

práticas, ao comportamento do homem diante desta problemática. Até mesmo o homem do

campo, como mostrou a pesquisa in loco começa a se despertar para esta questão crítica de se

planejar as atividades econômicas exercidas de forma sustentável. Porém, falta

implementação de projetos, de investimento na área não apenas educativa, bem como de

infra-estrutura e de iniciativas do próprio governo.

Assim sendo, diante do objetivo de analisarmos o processo de desenvolvimento sustentável e

sustentabilidade na caprinocultura de Santo André-PB, podemos afirmar que há, antes de

qualquer pretensão mais ousada, uma grande caracterização de cultivo de subsistência e

pequena comercialização. Porém, percebe-se que esta atividade está crescendo

gradativamente na região, o que nos faz alertar justamente pela temática da sustentabilidade,

visto que, embora tão falada tem sido tão esquecida em termos de prática.

E para que os procedimentos citados nas alternativas sejam ativados e, consequentemente,

contribuam para a conservação do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a

sustentabilidade, é necessário mais que investimento financeiro do governo, pois há

iniciativas neste sentido, porém, não demonstram muita diferença na rentabilidade do homem

do campo. É preciso primeiramente educar e incentivar desde já à prática de rotinas

disponíveis dentre os recursos existentes. Em alguns comentários, inclusive, haviam sugestões

alternativas, mas que não eram postas em prática.

Referências

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