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ALPENDRE Bem vindo ao meu alpendre. Puxe a cadeira de o mais próxima e deixe-se afetar. ! " # LUCAS GUARNIERI obvious Tweet Tweet 4 Sven Nykvist, o cinegrasta sueco que transformava a simplicidade em algo exuberante. Se Tarkovsky esculpia o tempo em seus lmes, Nykvist esculpe a atmosfera em composições de cenas que são tão inseparáveis do enredo que se complementam formando verdadeiras obras-primas audiovisuais cujo reconhecimento é dado até hoje. SVEN NYKVIST E O BRILHANTISMO DA SIMPLICIDADE. PUBLICADO EM CINEMA POR LUCAS GUARNIERI 101 amigos curtiram isso obvious 849.491 curtidas Curtir Página Curtir Página RELACIONADOS a lmograde andrei tarkovsky " $ % EDITORIAS LOUNGE NEWSLETTER pesquisa " # +

Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

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Fotografia - Cinema

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ALPENDREBem vindo ao meu alpendre.Puxe a cadeira de fio maispróxima e deixe-se afetar.

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LUCAS GUARNIERI

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Sven Nykvist, o cinegrafista sueco que

transformava a simplicidade em algo

exuberante. Se Tarkovsky esculpia o tempo

em seus filmes, Nykvist esculpe a

atmosfera em composições de cenas que

são tão inseparáveis do enredo que se

complementam formando verdadeiras

obras-primas audiovisuais cujo

reconhecimento é dado até hoje.

SVEN NYKVIST E OBRILHANTISMO DASIMPLICIDADE.PUBLICADO EM CINEMA POR LUCAS GUARNIERI

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Alguém disse uma vez no processo de

filmagem que “se o filme é o bebê, o diretor é a

mãe, o roteirista é o pai e, por fim, o

cinegrafista é a parteira”. Sven Nykvist foi

responsável por conceber composições

extraordinárias de filmes como “O Sacrifício e

Persona”, além de uma respeitada lista de

filmes que tiveram seu nome como diretor de

fotografia e cinegrafista.

as 17 primaveras deangelo

paraentenderbergman(oucomeçar)

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Filho de missionários luteranos e movido pela

ausência dos pais, Nykvist estudou na Escola

Municipal de Fotógrafos em Estocolmo e

entrou para a indústria do cinema aos 19 anos.

Começou sendo assistente de câmera

trabalhando em vários filmes pequenos.

Porém, encontrou-se profissionalmente ao

trabalhar com o também sueco Ingmar

Bergman, que viria a se tornar uma grande

união. O início dessa parceria é consagrado

nas filmagens de “Noites de Circo”. Sven era

um dos três cinegrafistas trabalhando na

película, junto com Hilding Bladh e Gunnar

Fischer.

nãosuma

os trêspilaresdopaláciodo amor

mãe, eutenhoque ir

wanderlust– essavontadelouca departirparaqualquerlugar

Page 4: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

Fischer era conhecido pela atmosfera típica

dos filmes de Bergman. Favorecia o frio,

iluminação sombria, muitas vezes duramente

superexpostas e com contrastes fotográficos

dramáticos. Nykvist havia começado a fazer

filmes querendo emular suas técnicas.

Entretanto, Fischer e Bergman se separaram

após as filmagens de “O Olho do Diabo”

quando o diretor não conseguiu convencer o

cinegrafista a suavizar suas técnicas de

iluminação. Foi aí que nasceu a era Bergman-

Nykvist, a mais madura e frutífera de ambas

carreiras.

Page 5: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

A visão cinematográfica dos dois pode ter

vindo de suas experiências em comum dos

escuros invernos da Suécia e seus verões

radiantes. Nykvist e Bergman compartilham a

mesma preferência por locações de filmagens

e luz natural. Concordam que a luz pode

alterar o significado das ações de um

personagem. Como Bergman disse no

documentário “Light Keeps Me Company”

dirigido pelo filho de Sven, Carl-Gustavo

Nykvist , “Sven e eu víamos as coisas da

mesma forma, pensávamos as coisas da

mesma forma e nosso sentimento com a luz

era a mesma. Nós tivemos as mesmas

posições básicas sobre posicionamento da

câmera”.

A parceria começou efetivamente com o filme

“A fonte da Donzela (1960)” passando pela

trilogia do silêncio “Através de um Espelho

(1961)”, “Luz de Inverno (1962)” e “O Silêncio

(1963)”, que revelou a confiança de Nykvist em

luz natural, e composições geometricamente

Page 6: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

precisas.

“Quando Ingmar e eu fizemos Luz de Inverno

que se passava em uma igreja em um dia de

inverno na Suécia, decidimos que não deveria

haver qualquer sombra lógica nesse cenário.

Sentamos por semanas em uma igreja no

norte da Suécia olhando para a luz durante as

onze da manhã até as duas da tarde. Vimos

que ela mudou muito e isso ajudou a escrever

o roteiro porque ele sempre escreve os

humores dos personagens. Pedi para o

designer de produção construir um teto na

igreja para que eu não tivesse qualquer

possibilidade de colocação de luzes ou luz de

fundo. Tive que começar com luz refletida e

depois disso filmei tudo com luz refletida, eu

realmente me sinto mal quando vejo uma luz

direta nos rostos dos atores e deixando-os

com um nariz grande por causa da sombra.”

Page 7: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

Por muitos anos os suecos resistiram ao uso

da cor em filmes, considerando-a uma fonte de

beleza superficial. Em 1964, Bergman

respondeu as provocações da crítica a seus

filmes “mórbidos” fazendo uma farsa. “Para

não Falar de Todas Essas Mulheres” usava a

cor para realçar a beleza dos conjuntos

ornamentados e as extravagantes fantasias de

1920. Contudo, nenhum dos dois ficou

satisfeito com o resultado, citando a falta de

atmosfera e iluminação excessiva. Depois

disso, ninguém teria suspeitado que Nykvist

viria se tornar um dos grandes mestres do

cinema colorido.

Page 8: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

Nykvist não se deu bem na extravagância

porque era um servo da simplicidade. Provou

isso na realização de uma das maiores obras

primas de Bergman, “Persona (1966)”, na qual

grande parte de sua genialidade se deve a

fotografia do filme. De volta ao preto e branco,

em contrastes fortes e closes intimistas, Sven

criou a atmosfera perfeita para que o diretor

contasse a história da relação de duas

mulheres. Bibi Anderson e Liv Ullman atuaram

brilhantemente ao mostrar as facetas que os

seres humanos usam em suas vidas a ponto

de não reconhecer a sua real face.

Page 9: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

Em sua segunda tentativa de filmar em cores,

“A Paixão de Ana (1969)” utilizou tons mais

suaves. Mas, foi com “Gritos e Sussurros

(1972)” que Nykvist acertou a mão e foi

laureado com um prêmio da academia. Nos

anos 70, aproveitou a flexibilização das

regulamentações sindicais em que os EUA

permitiram que os europeus trabalhassem na

indústria do cinema americano. No meio dos

anos 80, ele estava trabalhando mais em

Hollywood que em qualquer outro lugar.

Woody Allen, fanático assumido por Bergman,

não poderia deixar de trabalhar com seu

diretor de fotografia. Fizeram bons filmes, o

melhor foi “Crimes e Pecados (1989)”, porém

ele estava infeliz com a necessidade de Allen

por iluminações mais escuras, que segundo

ele, “deixava os rostos dos atores parecendo

tomates”.

Page 10: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

Muitos discutem qual foi a melhor realização

de Sven Nykvist, seu trabalho com o diretor

soviético Andrei Tarkovsky aquece ainda mais

essa discussão. No último filme de Tarkovsky,

“O Sacrifício (1986)” Nykvist mostrou todo seu

brilhantismo em cenas como o clímax – uma

tomada interrupta de dez minutos de uma

casa em chamas visto de uma câmera

colocada distante -. A cena teve que ser

gravada duas vezes, pois na primeira vez foi

utilizada apenas uma câmera e ela acabou

quebrando. Da segunda vez, foram exigidas

duas câmeras, a casa foi reconstruída para

depois ser queimada novamente.

Page 11: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

Seu segundo Oscar veio com “Fanny e

Alexander (1982)” de novo com Bergman,

dessa vez mostrando os embaraços da

burguesia. Em 1997, durante as filmagens de

“Celebridade”, filme de Allen, Nykvist foi

diagnosticado com afasia progressiva – uma

doença rara no cérebro que causa o

embaralhamento de palavras e eventualmente

leva a perda completa da fala. Uma ironia com

alguém que passou a vida inteira se

comunicando visualmente ao invés de

verbalmente. Sven Nykvist morreu em 2006

louvando a simplicidade como ele mesmo

disse nos anos 90:

“Levei 30 anos para chegar a simplicidade.

Antes eu fazia muito do que achava que eram

lindas capturas com muita iluminação e muitos

efeitos, absolutamente nenhum era motivados

por nada no filme. Assim que tínhamos uma

pintura na parede, nós pensamos que deveria

ter um brilho em torno dela, foi terrível e eu

mal posso suportar ver meus próprios filmes

na televisão mais, olho por dois minutos e em

Page 12: Sven Nykvist e o Brilhantismo Da Simplicidade

LUCAS GUARNIERILucas Guarniéri, 21 anos.Estudante de Comunicação,inquieto cultural e colecionadorde projetos. .Saiba como escrever na obvious.

seguida dou graças a Deus que existe uma

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