Swami Prabuphada - Volta Ao Supremo 2007

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ISKCON - Sociedade Internacional para a Conscincia de Krsna

Artigos de capa das revistas

Back to Godheaddo ano de 2007, em portugus

Revista fundada no ano de 1944 por Sua Divina Graa A. C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada Fundador-acarya da ISKCON e BBT.

Artigos de capa das revistas Back to Godhead do ano de 2006, em portugus

Back to Godhead 2007 BBT Los Angeles Todos os direitos reservados.

1 Edio

Articulistas: Adbhuta Hari Dasa, Aja Govinda Dasa, Archana Siddhi Devi Dasi, Caitanya Carana dasa, Karuna Dharini devi dasi, Lilavati Devi Dasi, Madhava Smullen, Murari Gupta Dasa, Narada Rishi Dasa, Navin Jani, Satyaraja Dasa, Shachirani Devi Dasi, Shivarama Svami, Tattvavit Dasa, Vishakha Devi Dasi. Traduo: Bhagavan dasa Reviso: Bhaktin Flvia Reis Fundador-acarya: A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada

Visite-nos na internet: www.harekrishna.com.br e-mail: [email protected].

Dedicado a Sua Santidade Dhanvantari Svami, Avyakta Rupa Prabhu, Giridhari Prabhu, Lilananda Prabhu e a todos os demais Prabhupadanugas, que sempre sentem prazer ouvindo as glrias do Senhor e de Seus devotos.

APRESENTAOPor sua biografia autorizada, o Srila Prabhupada Lilamrta, tomamos conhecimento dos feitos sobre-humanos de Srila Prabhupada para cumprir a ordem de seu mestre espiritual, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, de apresentar a filosofia da conscincia de Krsna em lngua inglesa. Dentre seus diversos empenhos para tal, est a revista Back to Godhead, na qual Srila Prabhupada criticava os hbitos das pessoas modernas e propunha o servio devocional a Krsna como a soluo de todos os problemas. A primeira publicao da revista data do ano de 1944, quando Prabhupada, pessoalmente, escreveu os artigos, custeou a publicao e distribuiu as revistas, uma a uma, pelas movimentadas ruas de Calcut. Posteriormente, Prabhupada realizaria que o capital aplicado nessas publicaes descartveis poderia ser melhor valorizado na edio e publicao de livros, uma vez que esses, ao contrrio dos peridicos, tinham vida longa. Todavia, as dificuldades financeiras de Prabhupada do comeo, que lhe obrigavam a escolher entre os livros ou a revista, deixariam de existir. Assim, passou-se a distribuir tanto livros quanto peridicos, uma vez que os livros no substituem a revista, tampouco a revista substitui os livros. Hoje, a revista continua circulando pelos Estados Unidos e ndia, mantida por discpulos e seguidores de Srila Prabhupada. Os artigos so de excelente qualidade, e de temas variando de depoimentos devocionais a temas profundamente filosficos. por essa trajetria que este pode hoje estar em suas mos. Desejando-lhe excelente leitura e realizaes, Bhagavan dasa (DvS)

SUMRIOJaneiro/Fevereiro Kanchipuram: Lar do Rei dos Bendizentes Quando o Alimento se Torna Prasadam? A Cena Hare Krsna da Bulgria Maro/Abril Uma Vida de Servio Exemplar Humilde e Bem Consigo O Mistrio Madhusudana Maio/Junho Kuli Mela: Como Pequenos Detalhes Fazem uma Grande Diferena Quo Livres Somos Ns? Quando a Cincia se Volta Espiritualidade Julho/Agosto ISKCON Tirupati: Trazendo Goloka at Vaikuntha Um Retiro Espiritual na Vila Saranagati As Uvas Verdes e a Videira do Conhecimento Vdico Setembro/Outubro Krsna como Rei Tatuando o Supremo Por que Krsna Aparece como Jagannatha Novembro/Dezembro Nrsimhadeva, o Protetor dos Devotos O Segredo por Trs de O Segredo Quando o Svami Conheceu Sally 62 67 70 79 53 58 40 43 45 28 33 37 17 22 25 6 10 14

Kanchipuram: Lar do Rei dos BendizentesKanchipuran: Home to the King of Blessers por Adbhuta Hari Dasa Kanchipuram, juntamente com sua tradio como produtora de seda, famosa como uma cidade sagrada e como o lar do grande santo Ramanujacarya e seu adorvel Senhor Varadaraja. Centenas de templos atraem multides de transcendentalistas que se renem neste local sagrado situado no Tamil Nadu do nordeste. Quinze desses templos so designados divya desams, ou locais especialmente sagrados para os Sri Vaisnavas (seguidores de Ramanuja). Esses divya desams so ligados aos Alvars, eminentes Vaisnavas do sul da ndia que apareceram por volta de 4200 e 2700 a.C.. Caitanya Mahaprabhu, Nityananda Prabhu e Madhvacarya visitaram esta cidade. aqui o local de nascimento de Canakya Pandita, autor do Niti-shastra (leis civis) e ministro do imprio Maurya. tambm a cidade natal de Vedanta Deshika, o mais proeminente acarya da Sri Vaisnava aps Ramanuja. E dito que foi aqui que o Senhor Varadaraja, a deidade de Krsna que preside Kanchipuram, falou os princpios bsicos da filosofia vishishtadvaita para Ramanujacarya atravs de um de seus gurus, Kancipurna. Aconteceu por acaso de eu chegar a Kanchi no dia do aparecimento de Tata Deshika, um dos acaryas da comunidade Tatachar, que tem fortes razes nesta regio. Eu logo fui para a celebrao no templo de Varadaraja. To logo eu entrei no ptio interno do templo, que ressoava com o mantra om namo narayanaya, eu vi uma multido de devotos reunidos em frente a um santurio, ou templo menor. Eu me aproximei de um pequeno grupo de homens com a inteno de descobrir a causa daquilo. Um deles, Krsna, disse-me muito empolgado que, a qualquer momento, as pequenas deidades seriam levadas para fora do templo e trazidas em frente ao samadhi [santurio] dedicado a Tata Deshika. Devido ao suporte de Tata Deshika no sculo dcimo quinto, diversos templos do sul da ndia atingiram seu pice em termos de funcionalidade e desenvolvimento arquitetural. Em seu aniversrio, ele abenoado pelas deidades e grandiosos rituais so executados com devoo e meticulosa perfeio. A manh comeou com uma oferenda de arroz e frutas forma do Senhor Varadaraja como o Visnu de quatro braos e Sua consorte Laksmi, Sri, e Bhu Devi. Em seguida, ento, foi realizada uma cerimnia de banho, acompanhada da recitao do Taitireya Upanisad, Purusa-sukta e do Tirupavai. Os sacerdotes ofereceram comida santificada, pasta de sndalo e guirlandas de folhas de Tulasi s deidades, e em seguida as distriburam para os Brahmanas que se concentravam esquerda e direita do samadhi. Ao meio dia, as deidades saram em procisso ao redor do templo. Dois grupos de brahmanas seguiam a procisso; aqueles que iam frente cantavam as oraes Divya Prabhanda (Os Vedas cantados na lngua Tamil pelos Alvars), enquanto aqueles atrs cantavam hinos Vdicos em snscrito. Aqueles que carregavam o palanquim o balanavam para frente e para trs enquanto se aproximavam, pelo caminho de um jardim repleto de flores, do templo Sudarsana-Narasimha. No florido jardim h um pequeno lago, onde dito que Sri Perundevi Tayar (Laksmi), a consorte do Senhor Varadaraja, originalmente apareceu em uma flor de ltus dourada. Mais a frente estaria o santurio dedicado a Ramanujacarya, onde a procisso parou para que ele recebesse as bnos do Senhor. Ramanuja passou a maior parte de sua juventude servindo o Senhor Varadaraja em Kanchi. Foi tambm aqui que ele encontrou seus gurus Yamunacarya e Mahapurna pela primeira vez. Antes das deidades serem cuidadosamente colocadas para dormir, terminamos a circuambulao chegando ao ponto de partida, o santurio dedicado a Tata Deshika. Ao anoitecer, outra procisso teve inicio, dessa vez ao longo da estrada em frente ao templo principal, e Brahmanas e peregrinos mais uma vez acompanharam as deidades que estavam estonteantemente bem vestidas. -6-

Um dos ornamentos que decoravam o Senhor Varadaraja era o colar do Clive. Robert Clive, o governados ingls de Madras durante o sculo 18, presenteou Varadaraja com esse colar em gratido deidade aps sua luta contra o muulmano Nawab de Arkad. No caminho para Arkad, Clive parou em Kanchipuram. Sentindo terrveis dores de barriga por vrios dias, ele estava preocupado quanto aos resultados que poderiam vir do termino da batalha. Os sacerdotes lhe deram gua e comida santificadas, e, aps se servir destes, ele foi aliviado de sua dor. Em gratido, ele decidiu presentear o Senhor Varadaraja com o objeto mais valioso que ele tinha capturado do tesouro de Arkad. Em outra situao, enquanto o Senhor Varadaraja estava sendo abanado, Clive expressou dvidas quanto deidade sentir calor. Ouvindo isso, o sacerdote que abanava o Senhor passou suavemente uma toalha sobre o rosto da deidade e deu a toalha a Clive, que ficou espantado ao ver que estava molhada de suor. No fim da noite, antes das deidades serem levadas de volta ao templo, eu fui v-lAs com Sridhar Vinapuram, um Sri Vaisnava que conheci durante a procisso. Ele chamou minha ateno para a face do Senhor Varadaraja. De acordo com a histria do templo, o Senhor Varadaraja apareceu do fogo de um sacrifcio realizado pelo Senhor Brahma. Sridhar disse que o Senhor adquiriu os pequenos salpicos rosados de sua face quando imergia do fogo. Sridhar falava com muito entusiasmo acerca do Senhor, ento eu o convidei para me acompanhar na minha visita aos demais templos de Kanchipuram.

Desbravando a OpulnciaNo dia seguinte, Sridhar sugeriu que primeiramente completssemos nossa explorao acerca dos santurios, passatempos e riquezas arquiteturais do templo de Varadaraja, e s depois irmos para os outros templos. Eu aceitei o convite com prazer. Nossa manh comeou com a irresistvel prasadam ricamente disposta na entrada principal. Aps recebermos a misericrdia do Senhor sob a forma de comida em uma atmosfera muito espiritual, caminhamos por um salo de mil pilares que atraram magneticamente minha viso por serem de uma beleza mpar. Estavam esculpidos nos pilares de macio granito negro, com grande destreza, primorosas esculturas de danarinos, homens montados em vrios tipos de animais, exuberantes cavaleiros, avataras do Senhor Visnu e cenas do Mahabharata e do Ramayana. Algumas partes dessas esculturas, como os arcos, lanas e flechas, soavam como a corda do instrumento tampura quando tocados. No final do salo havia uma plataforma usada nos festivais, para a pea do casamento do Senhor Varadaraja e de Laksmi, por exemplo. Quase anexo aos fundos do salo est o Ananta Tirtham, um pequeno lago que se acredita ter sido criado pelo Senhor Ananta para se ver os passatempos do Senhor Varaha. (o Senhor Ananta a encarnao que serve, em forma de serpente, como cama de Visnu). A deidade original do Senhor Varadaraja mantida em um ornado ba em um santurio dentro do lago. Sridhar me contou que certa vez, durante o intenso calor do vero, a deidade sentiu muito calor e, aparecendo no sonho de um dos sacerdotes, pediu para ser colocada na gua. Agora, a cada quarenta anos, a deidade retirada do lago e adorada por quarenta e oito dias. Sridhar e eu, em seguida, fomos para a quarta rea que cerca o lago do Senhor Varadaraja. Aqui ficam o santurio do Senhor Rama, um salo de espelhos e uma cozinha de deidade. Sridhar me contou que, tradicionalmente, apenas os itens mais puros e saudveis como madeira nobre, vasos de bronze e prata, e gua do reservatrio pessoal das deidades so usados na cozinha do Senhor. Na terceira vereda da circuambulao, vimos os santurios de Andal e de Sri Perundevi Tayar, a consorte do Senhor Varadaraja. Em seguida, nos aproximamos do Senhor Nrsimhadeva, ao qual oramos pedindo para que protegesse nossa devoo. O Senhor Nrsimha adorado na base de uma colina em uma caverna reconstruda pelos reis de Chola, mas essa histria precisaria de um artigo s para si. Uma vez que o -7-

Senhor Nrsimhadeva deu permisso para que Brahma realizasse seu sacrifcio aqui, este local conhecido como Nrsimha Ksetra (o local de Nrsimhadeva).

Deslumbrados pelo Templo PrincipalO templo principal contm o santurio do Senhor Varadaraja, ento, circulando em cento e oito graus a construo, subimos os degraus que levavam at ele. Subindo, pudemos notar pedras brutas de montanha formando a parede estucada. Chegando ao santurio no primeiro andar, ficamos deslumbrados com o esplendor de vrias lmpadas de manteiga clarificada que revelavam a forma do Senhor em um altar acessvel aps boa caminhada. A deidade do Senhor Varadaraja, cujo nome significa o rei dos bendizente ou o rei daqueles que concedem bnos, gigantesca. Em trs de Suas mos ele segura as insgnias do bzio, do disco e da maa, enquanto sua me direita inferior est erguida em gesto de beno, com as palavras ma shucah (no temas) gravadas em sua palma. Elas querem dizer que Ele cuidar e proteger qualquer um que se renda a Ele. O Senhor estava ricamente decorado com suntuosas jias, e um gigantesco colar de ouro, com os mil nomes de Visnu gravados nele, estava em seu pescoo. O sacerdote de l nos ofereceu folhas de Tulasi e caranamrta (gua que banhou a deidade), e descreveu a maravilhosa relao entre o Senhor e Seus devotos. Ele falou sobre as glrias do guru de Ramanuja, Kancipura, cuja simples e pura devoo permitiu que ele conversasse diretamente com a deidade. E ele contou-me tambm a histria de Kuresha, discpulo de Ramanuja, e como o maligno rei Kotalunga era to intolerante com os Vaisnavas que cruelmente cegou Kuresha. Kuresha era livre de qualquer egosmo e estava sempre pronto a sacrificar sua vida pela misso de seu mestre espiritual. Assim, devido a seu incondicional servio ao guru, o Senhor Varadaraja concedeu-lhe viso transcendental. Sridhar e eu permanecemos ali para ouvir acerca das maravilhosas reciprocaes do Senhor ao amor de Seus devotos por um bom tempo, profundamente tocados pelo poder da presena dEle.

Templos ao Redor da CidadeNos dias seguintes, Sridhar e eu visitamos outros templos e santurios sagrados para os Vaisnavas. Dirigindo ao longo da populosa cidade, deparvamo-nos com o crnico problema de encontrar os templos fechados; muitos dos templos menores tinham horrios irregulares para abrir devido falta de sacerdotes. De qualquer forma, nossa visita foi um grande sucesso. Ns nos saturamos de jbilo e bem-aventurana por podermos contemplar as vrias formas do Senhor em Kanchipuram. Particularmente impressionante foi a macia forma do Senhor Trivikrama (Vamanadeva) de onze metros de altura por dez de largura, bem como a deidade de sete metros e meio conhecida como Pandava Dutha [Mensageiro dos Pandavas]. Outra deidade, Yathoktakari, auto manifestou-se em uma excepcional postura deitada. Em todos os outros templos onde o Senhor Visnu est em sua posio reclinada, Ele se apia em Seu lado esquerdo, mas aqui Ele se apia em Seu lado direito, apenas para demonstrar Sua afeio para com Seus devotos. Conta a histria que, h muito tempo atrs, um rei baniu da cidade o grande devoto Tirumalasai Alvar e seu discpulo Kanikannan porque eles no cumpriram sua ordem de rejuvenescer seu corpo idoso para que ele pudesse continuar desfrutando de prazeres sexuais. Sendo requisitado por Tirumalisai, o Senhor Yathoktakari o acompanhou em seu exlio, criando uma tenebrosa escurido na cidade. Assustado, o rei pediu perdo por ter tratado mal os devotos; ento, Tirumalasai Alvar retornou para Kanchi com o Senhor, que desfez a escurido causada por Sua ausncia. Em seguida, visitamos o templo Kamakshi. Embora as pessoas normalmente adorem a deidade de Kamakshi como Durga, dito no Brahmanda Purana, onde o Senhor Hayagriva narra as glrias do sbio Agastya, que ela Laksmi. O Senhor Hayagriva menciona que o rei Dasharatha, soberano de Ayodhya e pai do Senhor Rama, orou neste lugar Kamakshi para obter filhos. Para visitar o templo de Vijaya Raghava, o ltimo na lista de divya deshams de Kanchipuram, eu peguei um nibus local para Tiruputkulo, cerca de sete quilmetros do centro de Kanchipuram. De -8-

acordo com o Vamana Purana, o Senhor Rama executou neste lugar os ritos fnebres para Jayatu, a ave gigante que lutou bravamente para tentar impedir Ravana de raptar Sita, a esposa do Senhor Rama. O salo em frente ao pequeno lago do templo comemora o lugar onde Ramanujacarya estudou a filosofia advaita sob a tutela de Yadhava Prakasha. Como Ramanuja continuou se recusando a aceitar a filosofia impessoal que seu professor tentava lhe ensinar, ele foi expulso do ashram. Yadhava Prakasha esforou-se muito, mas, para sua fortuna, pela misericrdia dos devotos, ele mais tarde reconheceu a santidade de Ramanuja e tornou-se seu discpulo. Nas duas breves semanas que passei em Kanchipuram, eu continuamente descobri as interminveis glrias do Senhor e de Seus devotos. Toda pergunta que eu fazia acerca de algum detalhe, revelava algum passatempo encantador do Senhor. Minha pesquisa parecia sem fim e ao mesmo tempo sempre nova e dinmica. Essa viagem foi um estmulo para o meu intelecto e um alimento para minha alma. Agora eu carrego em minha mente uma impresso muito real do mais auspicioso, belo e encantador sorriso do Senhor Varadaraja.

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Quando o Alimento se Torna Prasadam?When Does Food Become Prasadam? por Shivarama Svami O fenmeno de algo mudar de material para espiritual algo extraordinrio, mas isso algo que ns, como devotos, estamos envolvidos diariamente at mesmo vrias vezes ao dia. Isto acontece quando o alimento se torna prasadam, ou alimento santificado pelo Senhor. Quando eu estava comeando minha vida de devoto em Montreal, ns programamos um pequeno evento no campus da Universidade de McGill. O panfleto do programa dizia, Veja matria ser transformada em esprito bem diante de seus olhos. Esse ttulo certamente fez muitas pessoas interessadas e curiosas. Durante o programa, o presidente de templo anunciava cada evento, e ele estava anunciando agora o mais esperado. Ele finalmente disse, Certo, agora chegou o momento que todos esperavam. Vocs vero o espiritual se manifestar diante de seus olhos. Os estudantes estavam sentados no limite de seus assentos. O prato de alimento no-oferecido, que era o banquete a ser servido aquele dia, foi trazido at o recinto e colocado em frente a uma figura do Panca-tattva (o Senhor Caitanya e Seus quatro associados principais). Um devoto ento prestou reverncias, soou o sino e recitou alguns mantras. Finalmente ele ficou de p e declarou a platia, A est! Ns trouxemos comida comum, e agora est transformada em substncia espiritual. E antes que qualquer um pudesse lanar algum desafio, ele disse, A prova vir quando vocs comerem e constatarem o efeito que esse alimento tem. Como Krsna diz, pratyakshavagamam dharmyam O princpio da religio entendido pela experincia direta. (Bhagavad-gita 9.2), neste caso especfico, a prova viria ao saborear. Aqueles que provaram Krsna prasadam sabem que ela tem um poder extraordinrio, e com-la algo bem diferente de comer alimentos que no foram oferecidos ao Senhor com amor e devoo. Ento, quando o alimento se torna prasadam? Quando oferecida, certamente. Mas para uma oferenda ser bem sucedida, ela deve ser aceita. Quando Krsna aceita o que oferecemos a Ele, o oferecido se torna prasadam. A palavra prasadam significa misericrdia, e no Bhagavad-gita o Senhor Krsna diz, prasade sarva-duhkhanam hanir asyopajayate: Receber a misericrdia do Senhor destri todas as misrias. Dessa maneira, quando comemos (ou honramos, como dizemos) prasadam, sentimos grande jbilo. A prasadam destri os resultados de nossas atividades pecaminosas passadas. Rupa Gosvami diz que a prasadam faz com que nos sintamos muito auspiciosos. E o que que est sendo realmente aceito? a comida em si? Krsna diz no Bhagavad-gita (9.26), patram pushpam phalam toyam yo me bhaktya prayacchati tad aham bhakty-upahritam ashnami prayatatmanah Se algum me oferecer com amor e devoo uma folha, uma flor, frutas ou gua, eu aceitarei. Ele diz, Eu aceito bhakti. Voc pode oferecer uma folha, uma flor, frutas, leite, ou alimentos fritos na manteiga clarificada, mas a devoo que leva essas preparaes at Krsna, e tambm a devoo que inclina Krsna a aceitar o que oferecido. Sri Isopanisad (mantra 5) diz, tad dure tad v antike. Embora Krsna esteja muito longe, Ele tambm est muito perto. Assim, onde quer que estejamos, ao oferecer algo para Krsna, a devoo traz Krsna diretamente a ns. Ns devemos reconhecer, todavia, que nem todas as oferendas esto no mesmo nvel; elas dependem da natureza do devoto. Embora existam vrias formas de se categorizar os devotos, neste - 10 -

caso podemos considerar trs tipos: devotos motivados, devotos puros e devotos saturados de amor. Consequentemente, suas oferendas cairo em uma destas trs categorias.

A Oferenda MotivadaUma oferenda motivada quando algo oferecido a Krsna com a idia de que algum benefcio material vir como conseqncia, como, por exemplo, liberao do sofrimento material: Se eu oferecer isto a Krsna, eu terei prosperidade, serei saudvel, meus filhos conseguiram boas esposas, e assim por diante. Ou talvez algum deseje ficar livre de sofrimento, ou se recuperar de alguma doena isso oferenda com motivao. Mas mesmo esta oferenda motivada pode ser feita de duas maneiras diferentes. Se ela feita atravs do guru-parampara, a sucesso de mestres espirituais, ento Krsna aceitar, porque os devotos puros so muito misericordiosos e, para elevar devotos motivados, eles imploram a Krsna para que aceite a oferenda deles. Em outras palavras, a pureza dos devotos do guru-parampara que transforma a oferenda impura em oferenda pura. Se uma pessoa na categoria de motivada simplesmente oferece caprichosamente, e no atravs do guruparampara, ento a oferenda no se torna prasadam.. Ainda assim tal oferenda tem valor no sentido de que a pessoa est pensando, Pelo menos eu estou oferecendo isto a Krsna. Claro que pensar em Krsna sempre benfico. Akama, sarva-kama, moksha-kama: sem nenhum desejo material, cheio de desejos materiais, ou desejando a liberao. Em todos os casos, quem se lembra de Krsna se purifica gradualmente. Mas, a no ser que Krsna exiba alguma misericrdia excepcional, Ele no aceita alimento oferecido com desejos egostas. Yasyaprasadan na gatih kuto pi: Sem a misericrdia do mestre espiritual, no se pode fazer nenhum avano. (Gurvastaka 8) Krsna no aceita nenhuma oferenda, exceto se ela vier pelo guru-parampara. recorrente a pergunta de devotos da congregao e novos devotos em geral que no so iniciados, mas que esto oferecendo seus alimentos: as nossas oferendas j so prasadam ou ainda no so prasadam? Para responder a esta pergunta temos que considerar a abrangncia da sucesso discipular. A sucesso discipular no restrita a devotos iniciados. Se algum recebe a instruo de um Vaisnava autorizado para oferecer o alimento, ento Krsna aceitar a oferenda. Krsna no rejeita a aproximao sincera de tais pessoas, porque elas esto, de fato, aceitando o guru-parampara, mesmo no tendo ainda passado pelo processo de diksa.

A Oferenda PuraO segundo tipo de oferenda a oferenda pura, que aquela oferecida pelo devoto para dar prazer a Krsna. O devoto no tem motivaes egostas: ele quer apenas dar prazer ao Senhor. Em casa, eles oferecem o alimento preparado para fotos, deidades ou a shalagrama-shila. E no templo, tais pujaris de corao purificado tentam dar prazer a Gaura-Nitai e a Radha-Krsna. Mas mesmo nesta categoria h dois tipos de oferenda: regulada e espontnea. Oferendas reguladas so feitas como um dever, seguindo todas as regras e regulaes. A segunda tambm envolve o devoto fazer tudo como deve ser feito, mas a oferenda feita devido a um apego espontneo pelo Senhor. Tal devoto j tem certo nvel de afeio por Krsna, e ele j no trabalha mais apenas com a idia de obrigao eu vou fazer isso porque assim instruem as escrituras e tambm meu guru. Claro que por fazer as atividades recomendadas por guru e sastra, a atrao natural dos devotos por Krsna redespertada para que possam, por fim, executar servio devocional espontneo com afeio. Essa afeio um pouco diferente do amor maduro, amor espiritual, mas genuna. De qualquer forma, ambas as oferendas devem ser feitas atravs do guru-parampara. A prasadam tambm diferente nessa categoria. Quando voc oferece algo a Krsna por uma questo de dever, Ele aceita por uma questo de dever. Ele se sente no dever de aceitar. No Bhagavad-gita (3.24), Krsna diz, Se eu no seguisse as regras e regulaes, as pessoas se desencaminhariam. Krsna est agindo por questo de dever. Mas Krsna considera que, entre todos os devotos que esto rendidos a Ele, aquele que lhe oferece tudo com amor e devoo o mais querido. Assim, Krsna reciproca altura: Ele responde com afetuoso amor esses devotos. Naturalmente apareceria a pergunta; existem diferentes categorias de prasadam? E a resposta sim. Krsna diz, ye yatha mam prapadyante tams tathaiva bhajamyaham: A todo aquele que se rende a - 11 -

mim, Eu o recompenso na mesma proporo de sua rendio. (Bg. 4.11) A oferenda se torna prasada na mesma intensidade da devoo de quem a prepara. interessante notar que a habilidade de experimentar prasadam ser tambm a proporo de habilidade que a pessoa tem para oferecer prasadam. Em outras palavras, os devotos experimentam a natureza espiritual da prasadam na mesma intensidade que esto manifestando devoo na oferenda.

Oferenda em Amor PuroO terceiro tipo de oferenda aquela feita com amor puro. Quando os devotos chegam ao estgio de devoo amorosa, Krsna aceita a oferenda diretamente de suas mos, e reciproca Seus devotos com amor. Devoo amorosa aquela exibida pelos associados eternos de Krsna no mundo espiritual, onde Ele est diretamente ocupado em experimentar toda a variedade de amor que Seus devotos Lhe oferecem. Ento, onde est a diferena? E como o alimento se torna espiritual? A comida parece ser a mesma antes e depois de ser oferecida, mas, o que de fato acontece, que Krsna reciproca a devoo de Seus devotos manifestando Sua svarupa-shakti, ou Sua daivi-prakrti, Sua potencial espiritual interna, na intensidade que o devoto permitir. Permitir no sentido de ser na intensidade que o devoto deseja, ou na intensidade que ele manifesta servio devocional. Quando Caitanya Mahaprabhu estava em Jagannatha Puri e provou Jagannatha-prasadam, Ele ficou tomado pelo extasiante sabor da prasadam. Ele glorificou a prasadam e pde, diretamente, provar a saliva de Krsna misturada ao alimento. Ele ento comeou a glorificar o efeito de tocar os lbios de Krsna. isso o que acontece quando algum com devoo amorosa experimenta o alimento que foi oferecido ao Senhor. E neste caso, sem nenhuma dvida, a habilidade de Caitanya Mahaprabhu em honrar prasadam excedeu a devoo dos brahmanas que ofereceram o alimento originalmente ao Senhor Jagannatha. Mas, de qualquer forma, prasadam sempre a potncia interna de Krsna. Ela no diferente de Krsna, e dinmica. Um devoto imbudo de amor pode provar mais potncia espiritual ao honrar prasadam do que foi originalmente manifesta quando o pujari a oferecia. Consideremos os exemplos de Prahlada Maharaja e Mirabai: a ambos foi dado veneno para beberem, mas, porque ofereceram o alimento envenenado com grande amor e devoo ao Senhor, o veneno se tornou nctar e no teve nenhum efeito negativo. Por qu? Porque tanto comida venenosa quanto comida nutritiva so parte da relatividade do mundo material. Mas quando oferecemos algo com amor a Krsna, Krsna, ento, manifesta sua potncia sac-cid-ananda naquele alimento. Dessa forma, veneno se torna to prasadam quanto Samosa com Lassi de maracuj.

Oferecendo Nossas VidasNs no devemos pensar, todavia, que alimento a nica coisa que podemos oferecer para Krsna. Devotos fazem de suas vidas uma oferenda: yat karoshi yad ashnasi yaj juhoshi dadasi yat yat tapasyasi kaunteya tat kurushva mad-arpanam Krsna est dizendo, Tudo o que fizeres, tudo o que comeres, tudo o que ofereceres ou deres, e qualquer austeridade que praticares faze isso, filho de Kunti, como uma oferenda a Mim. (Bg. 9.27). De fato, cada inspirao ou expirao de um devoto uma oferenda: quando devotos dormem para manterem seus corpos que usam para servir Krsna, isto uma oferenda ao Senhor; o ato de se alimentarem para manterem seus corpos saudveis para servirem a Krsna uma oferenda; quando recebem algo comida, sabonete, dinheiro usam tudo para Krsna, como uma oferenda a Krsna. Em Nova Vraja Dhama (a comunidade rural dos devotos da Hungria), tudo que os devotos adquirem ou ganham, eles primeiramente oferecem a Radha-Syamasudara, as deidades presidentes, perante o altar. Dessa forma, a prtica de oferecer tudo para Krsna se torna natural. Ns temos de aprender a oferecer tudo. Ns acordamos cedo pela manh, e a primeira coisa que fazemos oferecer oraes ao Senhor. Ns cantamos Hare Krsna no como uma forma de - 12 -

entretenimento, mas como uma oferenda para a glorificao de Krsna. E quando algum vive dessa forma, de certa maneira, o ato formal da oferenda se torna desnecessrio (embora o devoto o faa para dar exemplo) porque tal devoto est sempre absorto em fazer tudo para o prazer de Krsna. Portanto, yo me bhaktya prayacchati bhakti j est ali, e Krsna est muito ansioso por receb-la. De fato, Krsna fica sempre junto de Seus devotos para aceitar seu servio devocional amorosos a qualquer hora do dia e em qualquer lugar. Em ltima instncia, a isso que aspiramos, e isso que devotos puros fazem: eles vivem para Krsna, e por isso tudo o que fazem se torna consciente de Krsna se torna prasadam. Os vaqueirinhos simplesmente sentam com Krsna e comem o que h em suas lancheiras eles no fazem nenhuma oferenda para Krsna. Quando eles oferecem algo para Krsna, eles simplesmente tiram de suas lancheiras e colocam diretamente na boca de Krsna. Ou ento eles comem metade de uma bolinha doce e ento dizem, Uau! Olha s Krsna, veja como est gostosa essa bolinha doce! e colocam o resto na boca de Krsna. yo me bhaktya prayacchati: este o amor deles. A formalidade e o aspecto tcnico da oferenda no so mais relevantes, porque o que realmente Krsna quer so o amor e devoo. isto que de fato interessa a Ele. Se Me Yashoda oferece o leite de seus seios, as gopis oferecem seus corpos, as vacas o leite que tm, ou se os vaqueirinhos lutam ou pulam nas costas de Krsna tudo vira prasadam porque tudo uma oferenda amorosa. Nosso dever na conscincia de Krsna, portanto, viver neste mundo de prasadam e, por conseqncia, tornarmos a ns mesmos prasadam. isso o que Krsna conclui no Bhagavad-gita (4.24) quando ele diz, brahmarpanam brahma havir brahmagnau brahmana hutam: Uma pessoa plenamente absorta na conscincia de Krsna certamente alcana o reino espiritual devido a sua plena contribuio s atividades espirituais. Se estamos pensando em oferecer tudo a Krsna, se nossas atividades fsicas so uma oferenda a Krsna, se nossas palavras so uma oferenda a Krsna, ento, por fim, tornamos a ns mesmos uma oferenda a Krsna. Tornamo-nos prasadam. E Krsna est sempre ansioso para provar as doces nuanas de nossas oferendas amorosas.

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A Cena Hare Krsna da BulgriaKrishna Scenes in Bulgaria por Tattvavit Dasa Meu guia de viagem dizia que Sophia, localizada em um elevado plat, era a capital europia mais alta. Parecia mesmo alta. Durante o amanhecer do meio de julho, da cadeia de montanhas ao sul da cidade, a plida lua parecia estar muito perto. Nosso templo Hare Krsna uma casa ao p de uma dessas montanhas. Em trs lados do templo, homens trabalhavam em grandes construes indcio do rpido desenvolvimento da Bulgria, que tem por meta fazer parte da Unio Europia neste ms de Janeiro. De qualquer forma, em um campo atrs de nossa casa, um tradicional fazendeiro pastava suas ovelhas. Os sinos em volta de seus pescoos tilintavam harmoniosamente enquanto andavam. O pastor, carregando seu cajado, sentou-se quando seu rebanho parou. A cultura blgara comea a se encontrar com a cultura Gaudiya Vaisnava e com o cantar dos nomes de Deus: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Devotos de Sophia e de outros lugares da Bulgria pedem a Deus que lhes ocupem em Seu servio amoroso e purifique-os de seus desejos materiais. Alguns devotos so jovens e dirigem pequenas empresas e comeam a constituir famlia, mas renunciam intoxicantes, o comer de carne, jogos de azar e sexo no-reprodutivo. Em contraste, Sophia tem cassinos de diferentes portes, seus outdoors trazem propagandas com apelo sexual, e seu cristianismo ortodoxo aprova a matana de animais. Independente de qualquer desenvolvimento material que os Blgaros venham a conhecer nesta vida, trabalhar para desfrutar do resultado a causa do emaranhamento da pessoa na vida material. Mas Krsna diz no Bhagavad-gita que uma alma firmemente devotada alcana paz por oferecer os resultados de suas atividades a Ele. Assim, os Blgaros tero verdadeiro benefcio de seu trabalho quando aprenderem gradualmente a desenvolverem a conscincia de Krsna.

Blgaros na BlgicaTodos os devotos blgaros que conheci antes de visitar a Bulgria no vero passado serviram comunidade rural Hare Krsna da Blgica. Eu estava l ensinando os estudantes da Faculdade Bhaktivedanta [Bhaktivedanta College] a como melhorarem suas redaes. Mahendra Dasa (Mladen Balabanov) entrou para o quadro de professores da Faculdade em 2005 e lecionou Filosofia e Religies do Mundo. Seus pais so um professor e uma estudante. Ele tem trinta e cinco anos. Quando mais jovem, estudou piano e, atualmente, toca com grande habilidade instrumentos musicais e frequentemente lidera o canto congregacional de Hare Krsna. Na Bulgria, durante o perodo comunista, ele disse, no havia drogas disponveis, e eu no estava interessado nelas de qualquer forma. Eu nunca fumei ou bebi. No meio da dcada de 90 ele tomou a direo do Centro Hare Krsna de Sophia. Ento tirou bacharel em Filosofia e em seguida estudou Sistema de Informaes e Administrao na London School of Economics. Eu sempre tive a esperana de poder usar o que aprendi diretamente no servio a Krsna, ele disse. Sua esposa, Sangita Dasi, encorajou-o a fazer parte do quadro de funcionrios da Faculdade Bhaktivedanta ao invs de ir para a rea de business. (Ela trabalhava como designer de cenrios para uma companhia de filmes Hollywoodianos que brotara na Bulgria). Vero passado ele passou a fazer ps-graduao de meio-expediente na Universidade Montfort em Leicester, Inglaterra. Agora, alm de lecionar e fazer parte da administrao da faculdade, ele est fazendo sua psgraduao em administrao no campo da justia organizacional.

Uma Conversa Acerca do CorpoQuando o ano escolar na Faculdade Bhaktivedanta terminou no ltimo ms de junho, Mahendra e - 14 -

eu fomos para a Bulgria. Em uma noite de sexta feira em Sofia, eu palestrei (com a traduo de Mahendra) para quinze pessoas acerca de uma nova perspectiva para o corpo: o Senhor Krsna diz que desejo, averso, felicidade e aflio so interaes dos sentidos e dos elementos que constituem o corpo. Essa perspectiva se assemelha a dos psiclogos, mas Krsna adiciona que o corpo tem um conhecedor indestrutvel, a alma, que faz o corpo funcionar. Portanto, a pessoa transcendental aos sentidos, ao corpo e mente. E a pessoa se torna bem situada e feliz ao tolerar os impulsos dos sentidos e ao vigiar os desejos e a ira. Foi-me avisado que alguns Blgaros seguiam uma religio fundada na Bulgria por Peter Dunov no comeo do sculo XX, que combinava a idia da reencarnao e do vegetarianismo s crenas crists. Ao longo da Bulgria, pessoas afixam obiturios na porta principal de suas casas ou mesmo em rvores pblicas para lembrar o aniversrio de falecimento de familiares. Mas a maior parte das pessoas na Bulgria conhece apenas esta vida. Sabem que esto situados em algum lugar entre a vida e a morte.

Para a Costa MartimaFazendo enormes curvas ao longo da principal cadeia de montanhas da Bulgria, dirigimos ao leste em direo a casa dos pais de Mahendra para buscarmos seu enteado de quatorze anos Tine. No caminho, comemos banitsa, uma espcie de tortinha quente recheada com queijo, que os Blgaros gostam de ter como desjejum. (Em Sofia tambm provamos tarator, sopa gelada de iogurte feita com pepino, nozes e aneto. Uma bactria usada para fazer iogurte chamada Lactobacillus bulgaricus porque ela originria das terras da Bulgria). Continuando rumo ao leste, chegamos costa do Mar Negro e fomos para a vila ao sul, onde ficamos. Nossos anfitries, os gmeos Deyan e Sasho e seus pais, cultivam tomates e pepinos em uma enorme estufa (ou casa de vidro como conhecida na Europa). Os gmeos vivem hoje prximos estufa e praticam a conscincia de Krsna ali. Ficamos em seus tradicionais quartos no ltimo andar da casa da famlia. Uma brisa fria soprava ao longo de todo o dia, e a sacada dava viso a telhados e jardins de uma vizinhana tradicional. Galos cantavam ao amanhecer, mas, sendo ns aves mais matutinas, j estvamos de p cantando Hare Krsna em nossas japas. Trs devotos do templo de Sophia tambm estavam hospedados conosco, e estavam ocupados distribuindo livros de Srila Prabhupada na regio. A foto da capa de um dos livros traz Radha-Krsna vestindo roupas com listras horizontais nas cores branco, verde e vermelho: as cores da bandeira da Bulgria. Eu imagino que os devotos Blgaros que traduziram o livro devem ter escolhido essas cores por causa da bandeira. Os gmeos tomavam conta de trs vacas. E o leite fresco era bebido e tambm usado para se fazer coalhada e pudim de arroz (espcie de arroz doce). Em uma caminhada pelas redondezas, cheguei a um extenso bosque de nogueiras, outra opulncia natural da vida rural da Bulgria. Todos os dias, antes do nascer do sol, ns dirigamos at uma praia. Ns cantvamos nossas voltas por uma hora e meia e depois nadvamos. Depois encontrvamos com os gmeos, cantvamos e conversvamos sobre Srila Prabhupada e sobre Krsna antes de saborearmos o desjejum preparado por Sasho. Voltando da praia em um final de semana, estava acontecendo uma festa com msica eletrnica. Contei a Mahendra sobre um personagem de Shakespeare que lembrei de imediato. Shakespeare escreveu sobre um personagem que se mostra mais familiar com o traseiro da noite do que com a fronte da manh. Em outras palavras, o comeo da manh auspicioso e propcio para o desenvolvimento espiritual do crebro. Krsna diz, O que noite para todos os seres o horrio de despertar para o auto-realizado. Ns devotos vemos o sol nascer e sentimos a temperatura da estao e assim sabemos que nosso senhor, Krsna, est ali, e queremos ser Seus servos eternos. Essa nossa posio.

Ajudando os BlgarosSua Santidade A. C. Bhaktivaibhava Swami, GBC da ISKCON Bulgria, espera que a conscincia - 15 -

de Krsna continue a crescer na Bulgria. Ele me disse por e-mail que queria qualquer ajuda em forma de materiais ou suporte. H um grande potencial de vida espiritual entre os habitantes da Bulgria, ele escreveu. Nosso festival de Rathayatra e outros programas so bem freqentados e apreciados por rgos do governo. Ns poderamos fazer muito mais para o benefcio dos Blgaros, mas nossos recursos so extremamente limitados. Assim, nossos membros fazem apenas uma humilde tentativa de disseminar o mantra Hare Krsna para todas as vilas e cidades. O Senhor Caitanya previu h quinhentos anos atrs que o nome de Krsna se tornaria famoso e que seria cantado em todo o mundo. Neste exato momento, os devotos esto apresentando os nomes e a mensagem de Krsna para a populao da Bulgria. Na rea litornea, em trs semanas, 350 livros foram distribudos por Tulasi Dasa, Purusa-acyuta Dasa e Pandava-bandhu Dasa (um devoto graduado em Direito). Tulasi Dasa espera que o crescimento da economia da Bulgria permita mais pessoas comprarem e lerem os livros de Srila Prabhupada. E, assim, as sementes e brotos da conscincia de Krsna da Bulgria certamente crescero e daro excelentes frutos e flores.

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Uma Vida de Servio ExemplarA Life of Ideal Service por Lilavati Devi Dasi e Shachirani Devi Dasi Servir personalidade Bhagavata, ou o servo puro de Deus, descrito ao longo das escrituras Vdicas como sendo mais efetivo e prazeroso ao Senhor do que prestar servio ao Senhor Supremo diretamente. O Bhagavata vem na linha de uma genuna sucesso discipular iniciada pelo Senhor, e, atravs da sucesso discipular, o princpio divino transmitido ao humilde aspirante transcendncia. Sua Santidade Bhaktisvarupa Damodara Svami, tambm conhecido como Sripada Maharaja, prestou sincero e amoroso servio a seu mestre espiritual, Srila Prabhupada, que pertence linhagem espiritual da Brahma-Madhva-Gaudiya-sampradaya. Sripada Maharaja foi, assim, um exemplo ideal de bhagavata-sevarpanam servo do Bhagavata. Sripada Maharaja nasceu no antigo reino Vaisnava de Manipur, no nordeste da ndia, no dia nove de dezembro do ano de 1937. Era o dia sagrado conhecido como Odana-shashthi, quando novas roupas so oferecidas ao Senhor Jagannatha. Seus pais eram Sri Yogendra Singh e Srimat Kanyahanbi Devi. Sendo Vaisnavas, eles deram a seu filho o nome de Damodara, um dos santos nomes do Senhor Sri Krsna. Sri Yogendra Singh era um cantor devocional na tradio Nata Sankirtana, e por isso, desde o primeiro momento que o pequeno Damodara apareceu neste mundo, seu pai deu a seus ouvidos o deleite de canes devocionais com os nomes e passatempos do Senhor Supremo. Quando jovem, Sripada Maharaja se deparou com muitas dificuldades. Por volta dos oito anos de idade, ele perdeu seu pai, e, alguns anos depois, ele e sua irm estavam vivendo sozinhos em grande pobreza. A vida era difcil, mas, apesar de todas as dificuldades, eles permaneceram destemidos devido a estarem refugiados na misericrdia do Senhor Sri Krsna. Uma vez, aos dez anos, Sripada Maharaja disse sua irm: Um dia teremos dinheiro, e eu lhe cobrirei de ouro. No, ela disse, um dia voc ir se casar, cobrir sua mulher com ouro, e me esquecer. A que Sripada Maharaja respondeu com firmeza, Eu nunca irei me casar. Ele se manteve naishthika-brahmacari (monge celibatrio) ao longo de toda a sua vida. Quando Sripada Maharaja completou doze anos, ele foi forado a viver sozinho, e se mantinha plantando arroz. Assim, ele no tinha tempo para continuar seus estudos. Algum tempo depois, seu professor da escola primria percebeu seu potencial e, juntamente com um ancio da vila, providenciou a Damodara uma casa apropriada e tambm facilidade para seus estudos futuros. Aos quatorze, Sripada Maharaja ficou muito doente tendo contrado tifide. Os mdicos da vila declararam com unanimidade que ele morreria em breve. Mas seu tutor orava diariamente por melhoras recitando o dashavatara-stotra, uma orao s dez encarnaes do Senhor Sri Krsna. Aps jejuar por quarenta dias bebendo apenas soro de leite, Sripada Maharaja se recuperou miraculosamente. Em outro momento, Sripada Maharaja caiu de um p de manga. Cado e semi-inconsciente, ele ouviu seu tutor dizer, Voc no pode morrer ainda, sua misso aqui no est completa. Ele de repente retomou sua conscincia e rapidamente se recuperou de seus machucados. Crescendo, Sripada Maharaja era muito vido por ouvir acerca dos passatempos do Senhor. Ele, uma vez, passou a noite toda assistindo a divina dana rasa-lila de Krsna com Suas gopis encenada de uma forma tradicional de Manipur. Ele acabou por perder sua prova final de matemtica no dia seguinte. Sripada Maharaja tambm participaria regularmente da adorao s deidades de RadhaKrsna, Gaura-Nitai, e Jagannatha, Baladeva e Subhadra no templo de sua vila. - 17 -

Encontrando-se com Srila PrabhupadaDevido conduta respeitosa de Sripada Maharaja ao longo de sua vida estudantil, ele desenvolveu um bom relacionamento com seus professores para toda a vida. Tendo a habilidade de se tornar um especialista em qualquer coisa que se focasse, ele ganhou bolsas que lhe permitiram continuar sua educao em Calcut e por fim nos Estados Unidos. Na dcada de 60, para uma pessoa do pequeno estado de Manipur ir para os Estados Unidos com bolsa de estudo era quase impossvel. Todavia, pela misericrdia do Senhor Supremo, Sripada Maharaja ganhou uma bolsa de estudos internacional do ministro da educao da ndia. Enquanto fazia seu doutorado em Qumica pela Universidade da Califrnia, ele conhece Srila Prabhupada. Sripada Maharaja rapidamente decide dedicar sua vida a servio de Prabhupada e de sua misso. Sripada Maharaja recebeu iniciao espiritual de Srila Prabhupada, que lhe deu o nome espiritual de Svarupa Damodara Dasa. Mais tarde, aps aceitar a iniciao de sannyasa, o prefixo Bhakti foi adicionado. Desde ento ele conhecido como Sripada Bhaktisvarupa Damodara Svami ou Sripada Maharaja.

Instrues de PrabhupadaPelos prximos oitos anos, desde as caminhadas matinais com Srila Prabhupada ao longo da praia de Venice na Califrnia dos anos 70, at a ltima hora em que Srila Prabhupada exibiu seus passatempos neste mundo, em Vrndavana, 1977, Srila Prabhupada daria inmeras instrues a Sripada Maharaja quanto a como introduzir devidamente a cultura Bhagavata no mundo dos lderes e intelectuais. Essas instrues abrangiam os campos da cincia, filosofia, religio, cosmologia Bhagavata, evoluo, arte, cultura, educao espiritual e outros. Algumas dessas conversas matinais entre Srila Prabhupada e Sripada Maharaja ao longo da praia de Venice so atualmente distribudas e publicadas pela Bhaktivedanta Book Trust (BBT) como o livro A Vida Vem da Vida. Em 1973, Sripada Maharaja ofereceu um pequeno livro a Srila Prabhupada no dia em que se comemorava, em Los Angeles, o dia do aparecimento de Prabhupada. Srila Prabhupada gostou tanto do livro que mandou que fosse impresso e distribudo em grande escala. O livro - The Scientific Basis of Krishna Consciousness [sem traduo para o portugus] baseado nas instrues que Sripada Maharaja recebeu de Srila Prabhupada. Prabhupada iria regularmente mostrar o livro para convidados e dizer que ele havia sido escrito por um de seus discpulos cientistas. Ele mandou a BBT imprimir mais de 100.000 cpias. Este livro ainda muito usado para apresentar a conscincia de Krsna a estudantes de faculdades e universidades ao redor do mundo. Mais de um quarto de milho de cpias foram impressas, e ele foi traduzido para diversas lnguas.

O Instituto BhaktivedantaAps Sripada Maharaja receber seu ttulo de doutor em qumica fsico-orgnica em 1974, ele foi ficar com Prabhupada em Vrndavana. Srila Prabhupada disse que queria comear um instituto para apresentar a conscincia de Krsna de forma cientfica para os intelectuais. Ele disse querer Sripada Maharaja como o diretor do instituto. Sripada Maharaja humildemente se expressou como no sendo qualificado para a posio. Srila Prabhupada, ento, disse, Eu lhe darei todas as instrues necessrias para dirigir o instituto. Voc deve apenas segui-las. Mais tarde, Sripada Maharaja sugeriu o nome Instituto Bhaktivedanta, e Srila Prabhupada aceitou humildemente. Srila Prabhupada instruiu Sripada Maharaja a como deveria ser o funcionamento e organizao do instituto. Ele lhe deu instrues especficas para organizar conferncias, dar palestras, escrever livros e manter-se em contato com estudantes e intelectuais.

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Srila Prabhupada viu em Sripada Maharaja uma pessoa que pudesse cumprir todas essas instrues, pois ele tinha uma formao cientfica, uma natureza cavalheiresca, e, acima de tudo, as qualidades de um Vaisnava. O servo pessoal de Srila Prabhupada, Srutakirti Dasa, dirigindo-se a Sripada Maharaja, disse: Quando eu era servo pessoal de Sua Divina Graa Srila Prabhupada, parecia que voc estava sempre perto dele. Ele tinha muita afeio por voc... Ele dedicou tanto tempo a voc porque sabia que no seria perda de tempo. Prabhupada disse certa vez: Svarupa Damora um devoto muito gentil - ele tem a qualidade de sempre fazer amigos, nunca inimigos. Ningum capaz de falar mal dele. Em 1977, Sripada Maharaja deu uma palestra sobre a base cientfica da conscincia de Krsna em uma grande pandal (tenda) durante um programa em Bombaim. Srila Prabhupada estava extremamente satisfeito com sua apresentao cientfica. Honrando Sripada Maharaja, seu irmo espiritual Giriraja Svami relembrou a ocasio: Embora Prabhupada estivesse um tanto quanto doente (tendo sido este seu ltimo compromisso pblico), ele permaneceu no pandal se esforando ao mximo para suportar as deficincias do corpo, pois ele estava to satisfeito com seu servio que ele queria ficar ali para ouvir sua apresentao... Eu nunca vou me esquecer de quo feliz ele estava. Eu poucas vezes o vi to feliz. Ele estava realmente muito satisfeito com sua apresentao naquela noite no Cross Maidan. Qualquer discpulo de Srila Prabhupada que tenha presenciado ele e Sripada Maharaja juntos, afirma ter sido muito bonita a relao dos dois. Sripada Maharaja tomou as instrues de Srila Prabhupada como sua vida e alma. Cumprir tais instrues foi sua oferenda de amor, como discpulo, a seu divino mestre, Srila Prabhupada.

Entrevistas, Simpsios e LivrosPara o prazer de Srila Prabhupada, Sripada Maharaja organizou cinco grandes conferncias internacionais, em Vrndavana (1977), Mumbai (1986), So Francisco (1990), Kolkata (1997) e em Roma (2004). Essas conferncias expuseram lderes de comunidades cientficas e espirituais perspectiva Bhagavata. Ele organizou centenas de seminrios e simpsios e encontrou e entrevistou vrias personalidades laureadas Nobels, lderes polticos e grandes pensadores do mundo, como Charles Townes, William Phillips, Desmond Tutu, Papa Joo Paulo II, o Dalai Llam e Madre Teresa. Em resposta instruo de Srila Prabhupada de escrever livros, Sripada Maharaja publicou dezenas de livros sobre cincia e espiritualidade. Srila Prabhupada lhe disse: Voc um cientista; prove cientificamente que Deus uma pessoa. Em 2006, ele publicou God Is a Person [sem traduo para o portugus], contendo seu dilogo com dois dos mais proeminentes laureados Nobels. Como instrudo por Srila Prabhupada, Sripada Maharaja tambm escreveu um comentrio cientfico sobre os quatro primeiros versos do Vedanta-sutra, resumindo a obra. Ele tambm editou e publicou Savijnanam e Tattva-jijnasa, respectivamente o jornal e a revista do Instituto Bhaktivedanta. Hoje, principalmente devido a seus livros, Sripada Maharaja reconhecido em grandes meios cientficos e religiosos ao redor do mundo, e considerado uma das autoridades vanguardistas no campo da cincia e espiritualidade. Para distribuir os livros de Srila Prabhupada e do Instituto Bhaktivedanta a faculdades e universidades ao longo da ndia, Sripada Maharaja iniciou o Instituto Bhaktivedanta sobre Rodas. Atualmente, trs nibus/casas viajam ao redor da ndia para pregao fora dos limites do Instituto. Os membros da pregao itinerante organizam palestras e distribuem livros a estudantes, professores e bibliotecas, promovendo um dilogo entre cincia e espiritualidade. No nordeste da ndia, Sripada Maharaja iniciou uma rede de escolas primrias e secundrias para promover os objetivos do Instituto Bhaktivedanta. Mais de quatro mil estudantes esto matriculados

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nessas escolas e recebem uma educao cientfica centralizada nos valores espirituais da tradio Bhagavata.

Distribuindo a Cultura VaisnavaAo longo de sua vida, Sripada Maharaja participou de inmeros festivais e conferncias ao redor do mundo. Nesses eventos, ele introduziu os princpios espirituais da cultura Vaisnava que ele havia recebido de Srila Prabhupada. Ele fez isso atravs da literatura, culinria e artes, levando o Vaisnavismo a inmeros lugares, das escolas urbanas s mais prestigiadas universidades, de asilo de idosos ao renomado Centro Kennedy da cidade de Washington, da Amrica do Sul a Singapura, e para audincias do ensino fundamental a lderes de estado. A apresentao e distribuio do princpio espiritual da cultura Vaisnava por Sripada Maharaja para incontveis pessoas ao redor do mundo faz dele, certamente, um embaixador da cultura Bhagavata. Para apresentar a cultura Bhagavata de Manipur para o mundo, em 1989 Sripada Maharaja fundou a companhia de teatro Ranganiketan Manipuri Cultural Arts. Ranganiketan a maior e mais frequentemente requisitada companhia de teatro da ndia. Como diretor da Ranganiketan, Sripada Maharaja compartilhou o belo passatempo da rasa-lila de Krsna com mais de um milho de pessoas, com aproximadamente seiscentas apresentaes por quase trezentas localizaes diferentes por mais de quinze pases. Em seu trabalho para apresentar a cultura Bhagavata sociedade dos intelectuais, Sripada Maharaja interagiu com muitos lderes espirituais das maiores religies do mundo. Ele discutiu com eles o sublime e unificante ponto da tradio Bhagavata, o que muito deles apreciaram sinceramente. Sripada Maharaja sentia que tais dilogos com os lderes religiosos era um poderoso recurso para a criao de um entendimento profundo dos pontos comuns entre vrias religies e sociedades. O futuro depende de que todas as religies trabalhem juntas para formular um padro mundial tico e moral para guiar as aes da humanidade na direo correta. Nos ltimos vinte e cinco anos, Sripada Maharaja organizou seminrios e discusses inter-religiosas ao redor do mundo. Tambm, no comeo da dcada de 80, em Manipur, ele conduziu anuais padayatras (caminhadas) pela paz e harmonia religiosa. Sripada Maharaja foi membro do conselho mundial da United Religions Initiative (URI), uma iniciativa espiritual internacional semelhante s Naes Unidas. A URI a maior organizao mundial dedicada a pregar a paz e o entendimento entre as religies do mundo. No esprito de paz e harmonia, Srila Prabhupada disse a Sripada Maharaja, recebendo-o em seus ltimos dias de vida, que ele queria iniciar o Bhaktivedanta Svami Charity Trust para trazer unio entre todos os Gaudiya Vaisnavas e para ajudar na preservao de antigos templos Gaudiyas e lugares sagrados. Sripada Maharaja trabalhou arduamente por esse objetivo de paz e unio. Srila Prabhupada instruiu Sripada Maharaja a fazer de Manipur o estado do Vaisnavismo cientfico. Assim, Sripada Maharaja comeou a construir a Universidade da Cultura Bhagavata em Imphal, Manipur. Brilhando no centro do complexo universitrio est o extraordinrio templo em forma de pedra preciosa Sri Sri Radha-Krsnacandra Manimandira. A grande inaugurao do templo ser em 21 de novembro de 2007. Todos esto convidados. Sripada Maharaja tambm inaugurou a construo de templos por toda a ndia, incluindo o Siliguri, o Tirupati, o Vijayawada e o Agartala. Desde sua infncia, Sripada Maharaja foi profundamente influenciado pela arte, msica e danas devocionais de Manipur. Excelente cantor, instrumentalista e poeta, ele comps vrios poemas e canes Vaisnavas na lngua Manipuri. Ele cantava divinamente, trazendo prazer transcendental para aqueles que o ouvissem. Sripada Maharaja foi, e continua sendo, um mestre espiritual, professor e guia para milhares de pessoas. Por onde quer que ele passasse, sua amizade cativava e encantava pessoas de todas as idades, fs, e estilos de vida. Seus discpulos foram tocados por sua completa dedicao s instrues de seu mestre espiritual. Desejando perpetuar a misso de servir Srila Prabhupada, os - 20 -

discpulos de Sripada Maharaja esto agora tomando suas instrues com a mesma sinceridade e seriedade.

Partida AuspiciosaSripada Maharaja partiu deste mundo no dia sagrado conhecido como Vijaya Dashami, durante o perodo do dia em que o Senhor Sri Krishna chama as Gopis para sua divina rasa-lila. A partida de Sripada Maharaja aconteceu em Kolkata, o local sagrado do aparecimento de seu divino mestre Srila Prabhupada. Kolkata tambm o local onde Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur e Srila Bhaktivinoda Thakura deixaram este mundo. O purificado corpo de Sripada Maharaja foi colocado em samadhi (eterna meditao) no Radha-kunda, Vrndavana.

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Humilde e Bem ConsigoHumble and Feeling Good por Archana Siddhi Devi Dasi Como terapeuta de famlias, eu aconselho tanto pessoas do movimento Hare Krsna como pessoas de fora do movimento. Recentemente eu recebi um e-mail de uma jovem devota que estava infeliz em seu casamento devido postura abusiva que seu esposo tinha, mas estava em conflito quanto a deix-lo. Talvez seja bom que eu me sinta mal comigo mesma, ela escreveu, porque isso me far desenvolver humildade. No foi a primeira vez que eu ouvi essa lgica. O Bhagavad-gita ensina que humildade essencial para o progresso espiritual. Algumas vezes, os devotos, infelizmente, pensam que se sentir mal um pr-requisito para a humildade. Diversas vezes me deparo com devotos se complicando com o conceito de auto-estima. Tendo lido as oraes de santos de nossa linha, eles, algumas vezes, pensam que seus sentimentos deveriam se enquadrar nas declaraes auto-depreciativas de tais grandes almas. Por associarem baixa autoestima com avano espiritual, tais devotos podem perpetuar por toda a vida o sentimento de estarem mal consigo mesmos. Eles podem acabar por atrair pessoas para suas vidas que lhes trataro de acordo com a maneira com que eles mesmos se sentem e se percebem. A confuso comea por tentar igualar sentimentos que vem de nosso ego puro com sentimentos que vem de nosso ego material, ou falso. As grandes almas expressam sentimentos que nascem do ego espiritual puro, sentimentos que no so contaminados pelos modos da natureza material. Quando eles se sentem, nas palavras do Senhor Caitanya, mais baixos que a palha na rua, uma emoo plena de prazer. O devoto puro v grandeza do Senhor, e v a todos como mais qualificados do que ele prprio. Eles esto imbudos de amor e apreciao por toda a criao de Krsna. Bhaktivinoda Thakura, um excelso mestre Vaisnava, escreveu belas canes expressando sua atrao e amor por Krsna, msicas sobre alcanar a meta do corao amor incondicional pelo Senhor e canes auto-depreciativas, nas quais ele lamenta sua falta de devoo. Como uma alma pura, ele expressa seu apego e amor pelo Senhor e, ao mesmo tempo, sua angstia de sentir-se desqualificado e sem esperana de atingir tal amor. Esses so sentimentos autnticos que nascem da humildade e do apego e amor pelo Senhor.

Reconhecendo Nossas FalhasNas primeiras fases de nossa jornada espiritual, talvez experimentemos rapidamente essas emoes por Krsna estar preparando a terra de nossos coraes para cultivar nossa devoo. Eu me lembro de uma importante experincia que tive antes de me tornar devota. Eu tinha grande dificuldade de aceitar crticas e achava que minha opinio era absolutamente certa. Essa mentalidade criou inmeros problemas, tanto na rea profissional quanto pessoal. Por meses, eu contestei as recomendaes de meu supervisor quanto a como fazer meu trabalho como diretora residente de um dormitrio universitrio. Minha obstinao estava fazendo o meu trabalho muito difcil, e eu estava aflita por isso. Finalmente, um dia, eu tive a poderosa realizao de que eu estava errada. No s eu estava errada quanto a esse problema em particular, mas em relao a vrias outras coisas. -me impossvel descrever quo libertador foi para mim aceitar minha natureza falvel. Eu no precisava mais carregar o peso de estar sempre certa em relao a tudo. Eu me senti pequena, mas ao mesmo tempo muitas possibilidades se abriram para mim. Pela primeira vez na minha vida adulta eu pude ver meu autoritarismo assumir uma posio verdadeiramente submissa. Essa mudana de postura mental me preparou para tomar refgio em meu mestre espiritual e nos

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devotos. Krsna nos ajuda a ficarmos livres por um instante do falso-prestgio para que possamos, como encorajamento, provar a doura da humildade. Algumas vezes, todavia, quando ainda estamos contaminados pelos modos da natureza material e identificados com nosso corpo e mente materiais, sentir-se inferior a palha na rua pode nos tornar desmotivados, entediados ou deprimidos. Esses sentimentos, ento, impedem nossas praticas devocionais. Ns temos que julgar se para nossa psique especfica tal psicologia favorvel a conscincia de Krsna ou se um impedimento no momento. Paradoxalmente, muitas pessoas precisam desenvolver um saudvel ego material antes de transcend-lo e realizar seu ego espiritual. Eu ouvi uma vez um palestrante motivacional dizer que as pessoas com auto-estima saudvel pensam menos em si mesmas, e no menos de si mesmas. Quando nos sentimos bem quanto a ns mesmos, ns podemos devotar mais tempo e energia doando-nos aos outros, ao invs de absorvermo-nos em auto-piedade. Alta auto-estima tambm nos d liberdade para agirmos de acordo com nossos valores e convices. Quando nos sentimos mal conosco mesmos, s vezes, fazemos coisas para agradar ou apaziguar os outros. Em um esforo para satisfazer o desejo dos outros, ns podemos acabar sendo influenciados a fazer coisas conflitantes s nossas crenas e valores.

Sentindo-se Digno e QualificadoNathaniel Branden, um famoso psiclogo, define auto-estima como a disposio de sentir-se bem consigo mesmo e qualificado a lidar com os desafios bsicos da vida e como sendo digno de ser feliz. Como esses aspectos da auto-estima auto-conhecimento e amor prprio tm relao com a conscincia de Krsna? Krsna quer que todas as almas aprisionadas no mundo material sejam pacficas e felizes. A vida humana nos possibilita a oportunidade de ocuparmos nossos talentos e habilidades no servio ao Senhor. Quando nos oferecemos a servir ao Senhor, sentimos grande alegria. Um amigo, certa vez, deu ao meu esposo um quadrinho com os dizeres: O que voc um presente de Deus para voc, e o que voc se torna seu presente para Deus. Alm de confundirem humildade com baixa auto-estima, os devotos, s vezes, correlacionam o conceito de auto-estima com orgulho e egosmo. Mas , de fato, o contrrio. Pessoas que exibem alta auto-estima tambm exibem uma atitude mais humilde perante os outros. Eles so mais inclinados a admitir e corrigir erros, enquanto que pessoas com baixa auto-estima so muitas vezes defensivas e tm a necessidade de provarem que esto certas. Em uma famosa histria do Mahabharata, Krsna encontrou certa vez com Yudhisthira Maharaja e Duryodhana. Desejando glorificar Seu devoto Yudhisthira, Krsna pediu a ele que encontrasse uma pessoa mais baixa que ele, e pediu ao pecaminoso Duryodhana para que procurasse uma pessoa mais gloriosa que ele. Yudhisthira tinha todas as boas qualidades. Ele era pacfico e auto-satisfeito. Sem dvida ele possua uma saudvel auto-estima. Mesmo assim, ele no conseguiu encontrar ningum mais baixo que ele. Mais uma vez, aqui se tem o exemplo de uma Vaisnava avanado que porta humildade genuna. Por outro lado, o perverso Duryodhana procurou por todo o seu reino o dia todo e no conseguiu encontrar ningum que ele considerasse superior a ele mesmo. Duryodhana estava contaminado com orgulho e vaidade. Ele invejou e ofendeu grandes almas. Ele vivia em constante ansiedade para manter sua posio, sempre tentando eliminar seus competidores. Sua auto-estima dependia de fatores externos como posio e poder, e assim ele no conhecia tal coisa como paz interior. Ele era atormentado por sua prpria luxria e ambio.

Orgulho Versus Auto-estimaPensar em si mesmo como grandioso orgulho, no auto-estima. Uma pessoa com alta auto-estima demonstra humildade. A perfeio da auto-estima percebida em pessoas completamente livres do falso-ego, nas quais a humildade produto da realizao espiritual. No nosso estado condicionado, ns possivelmente nos identificaramos mais com a mentalidade de Duryodhana do que com a de Yudhisthira Maharaja. Mas no nosso progresso na jornada espiritual, - 23 -

ns comeamos a nos ver de forma diferente. Quanto mais realizamos no sermos o executor independente, mas o instrumento, mais saudvel nossa auto-estima se torna. Na vida material, os modos da bondade, paixo e ignorncia nos influenciam. Esses modos se misturam e competem entre si para moldar nossa mente, incluindo o modo como nos sentimos em relao a ns mesmos. Pessoas no abismo do modo da ignorncia se sentem felizes e bem em relao a si mesmas quando seus sentidos esto satisfeitos. Pessoas imersas no modo da paixo esto felizes e bem consigo mesmas quando outros valorizam e reconhecem suas atividades. Nesses modos inferiores, nossa idia de eu oscila o tempo todo. Pessoas no modo da bondade so felizes e sentem-se bem em relao a si mesmas quando agem em conhecimento, de acordo com seus cdigos e valores. Elas so menos reativas a estmulos externos, assim, a auto-estima de tais pessoas depende mais de sua prpria vida interior - consequentemente tm mais controle sobre como se sentem. Pessoas em bondade pura, percebem a si mesmas como instrumentos do Senhor. Elas no se identificam mais como o agente de suas atividades.

O Exemplo de PrabhupadaNosso mestre espiritual, Srila Prabhupada, demonstrou alta auto-estima. Embora de baixa estatura, ele parecia grande para ns. Ele sempre mantinha sua cabea alta e se movia com objetivo e confiana. Ele fala de forma direta, com convico e coragem. Suas aes eram intrpidas e ousadas, e mesmo assim ele tinha uma atitude humilde, sabendo que seu sucesso era devido providncia do Senhor. Sua humildade exemplificada em suas oraes abordo do navio, quando ele estava vindo pela primeira vez aos Estados Unidos: Senhor, eu sou como uma marionete em Suas mos. Ento, se me trouxeste aqui para que eu dance, faze-me danar, faze-me danar, Senhor, faze me danar como quiseres. No tenho nenhuma devoo, tampouco conhecimento, mas tenho grande f no santo nome de Krsna. Eu fui designado como Bhaktivedanta, e agora, se assim quiseres, podes cumprir o verdadeiro propsito Bhaktivedanta. Com grande humildade, Prabhupada finaliza sua carta, assinado como o mais desafortunado e insignificante mendigo, A. C. Bhaktivedanta Swami. De um lado, essas preces demonstram que Prabhupada se sentia muito baixo, mas, por outro lado, ele confiava poder fazer qualquer coisa com a misericrdia do Senhor. A orao tambm nos d a chave para desenvolvermos puras qualidades devocionais: f no Santo Nome. Quanto mais forte a nossa f na capacidade de purificao dos Santos Nomes, maior ser nossa dedicao ao processo de cantar. Ns cantaremos com tanto foco e ateno quanto pudermos e evitaremos com muito cuidado as ofensas que retardam nosso progresso espiritual. Ns ficamos menos propensos a explorar os outros quando vemos a ns mesmos como servos, realizando a nossa natureza espiritual bem como a dos outros - como servos de Deus. Ns somos gloriosas centelhas da energia espiritual, com todas as boas qualidades, embora sintamo-nos pequenos na presena do mais glorioso, nosso Senhor. Com esse verdadeiro conhecimento, a alma pura pode ter alta auto-estima e humildade simultaneamente. Quando eu compartilhei alguns desses pontos com a jovem que havia me enviado sua pergunta por e-mail, ela me escreveu de volta: -me um grande alvio entender esses pontos dessa perspectiva. Agora eu entendo que no tenho que continuar convivendo desonrosamente com todo o tipo de abusos para ser espiritual. Ele me sugeriu escrever um artigo sobre o tema para a revista Volta ao Supremo. Eu aderi de todo o corao sua sugesto, uma vez que outros devotos haviam feito perguntas similares ao longo dos anos. Espero que o artigo seja til para todos.

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O Mistrio MadhusudanaThe Madhusudana Mistery por Satyaraja Dasa Madhusudana. O nome sempre soou curioso para mim. De onde ele vem? No Bhagavad-gita, um de nossos textos mais sagrados, Krsna tratado por Madhusudana, ou o matador do demnio Madhu, nada menos que cinco vezes (1.35, 2.1, 2.4, 6.33 e 8.2). E o pior que Krsna no matou nenhum demnio chamado Madhu. Eu procurei ao longo de todo o vasto repertrio de passatempos de Krsna vrias e vrias vezes. Nada de Madhu, pelo menos no em forma de demnio. Muitos comentadores, incluindo Srila Prabhupada, dizem que por se referir a Krsna dessa maneira, Arjuna, o heri do Gita, est poeticamente indicando que Krsna poderia vencer as suas dvidas assim como Ele vencera o inimigo de carne e osso no passado. Mas, mais uma vez, onde acontece tal morte? Quando Krsna mata um demnio chamado Madhu? Minhas pesquisas me levam ao comentador Vaisnava do sculo dcimo oitavo Baladeva Vidyabhushana. Ele escreve que o uso do nome Madhusudana no Gita implica que Krsna capaz de matar a lamentao (shokam) de Arjuna assim como Ele matara Madhu no passado (madhusudana iti tasya shokam api madhuvan nihanishyatiti bhavah). Mas eu continuo me perguntando exatamente onde este demnio Madhu descrito, e porque Arjuna se referiria a ele especificamente. Na poca da guerra de Kuruksetra, Krsna havia matado muitos demnios, e Arjuna poderia ter se referido a qualquer um deles matador de Putana, conquistador de Kamsa, e assim por diante. Ento, para mim, obviamente h de haver uma razo para o uso especfico do nome Madhusudana. Com um pouquinho de trabalho, descobri que, de fato, Madhu no foi morto propriamente por Krsna, pelo menos no por Krsna em Sua forma original. Mas foi Visnu a expanso de Krsna quem se incumbiu do demnio Madhu-Kaitabha (histria discutida em detalhes abaixo). Mais especificamente, Visnu matou Madhu em Sua forma de Hayagriva, que tem o corpo semelhante a um cavalo e celebrado nos textos sagrados conhecidos como Puranas. Identificando Krsna como Madhusudana, o Gita est fazendo uma discreta conexo entre Krsna e Visnu, oferecendo aos leitores um vislumbre da divindade de Krsna. Isto no significa que a divindade de Krsna est de alguma forma dependente de Sua identidade com Visnu. De fato, exatamente o contrrio, pois Krsna a fonte de todas as formas e encarnaes divinas. (Vide Srimad-Bhagavatam 1.3.28). Mas a concepo mais comum de Deus todo poderoso e objeto de contemplao, mais grandioso e majestoso do que simples, invocando glorificao no lugar de intimidade est mais de acordo com Visnu. Assim, mesmo nos tempos Vdicos, a palavra Vaisnavismo (adorao a Visnu), e no Krsnaismo, era o nome preferido para sanatana-dharma, ou a eterna religio da alma. E tambm muitas escolas do Gita tradicionalistas como algumas universidades ocidentais tendem a ver o clmax do Gita como sendo a grande revelao no captulo dcimo primeiro, onde Krsna majestosamente exibe a Arjuna Sua todopenetrante forma universal. A assuno deles firmada na pura suntuosidade e opulncia da revelao. Mas nossos grandes acaryas, com todo o seu conhecimento, colocam mais nfase no humilde pedido de Arjuna para Krsna mostrar novamente Sua forma mais ntima embora superior de dois braos. E preferem tambm enfatizam a instruo no fim do Gita (18.66) de abandonar todas as variedades de religies e simplesmente se render a Deus [Krsna] com o corao repleto de amor e devoo.

Que Significado Carrega um Nome?A denominao Madhusudana aparece pela primeira vez no captulo primeiro, antes de Krsna revelar para Arjuna que tanto Ele quanto Seu amado devoto Arjuna haviam nascido vrias vezes no passado (captulo quatro), e antes dEle mostrar para Arjuna sua divindade de forma categrica (captulo onze). A implicao significativa: A iluso de Arjuna como uma lila, um passatempo - 25 -

transcendental, arranjado pelo Senhor. Em outras palavras, ele colocado em um estado temporrio de esquecimento para que Krsna possa falar o Gita, para instruir Arjuna e, atravs dele, cada um de ns. De outra forma, como Arjuna poderia saber, desde o comeo, que Krsna o mesmssimo Visnu que nascera anteriormente para matar o demnio Madhu? Claro que seguidores de Srila Prabhupada sempre souberam disso. Na introduo ao seu comentrio ao Bhagavad-gita, Prabhupada escreve: Sendo um companheiro do Senhor Krsna, Arjuna estava acima de toda a ignorncia, mas no Campo de Batalha de Kuruksetra, Arjuna foi posto em ignorncia s para que perguntasse ao Senhor Krsna sobre os problemas da vida para que o Senhor pudesse explic-los para o benefcio das futuras geraes de seres humanos.... Tambm interessante ver como isso pode ser embasado no Mahabharata, escritura da qual o Gita uma pequena seo. Nos versos 3.41.1-4, Shiva dissera a Arjuna algo sobre sua posio divina como Nara, o eterno associado de Narayana. E em 3.42.17-23, Yamaraja, o senhor da morte, disse a Arjuna: Juntamente com Visnu, voc ir aliviar o fardo da Terra. Tudo isso narrado principalmente no Sexto Livro, no qual o Gita aparece. Krsna tambm revelou Sua forma divina para os presentes na corte dos Kauravas, enquanto Ele estava em Sua misso de paz pelos Pandavas, e quando os Pandavas escolheram a Ele, ao invs de Suas foras armadas, para ficarem a seu lado na guerra de Kuruksetra. Assim, no momento que falado o Bhagavad-gita, os principais combatentes sabiam perfeitamente acerca da posio divina de Krsna. Arjuna certamente sabia disso, e ao mesmo tempo no sabia como me Yasoda, que viu todo o universo na boquinha do beb Krsna e continuou tendo Ele como seu prprio filhinho. O epteto Madhusudana aparece repetidas vezes no Mahabharata antes do Gita, muitas vezes falado por Vaishampayana, o narrador. Mas Arjuna, Draupadi, e o demnio Sishupala tambm usam o nome. Assim, desde o comeo do Mahabharata e no Gita, a identidade de Krsna como Visnu clara.

A Histria de MadhuA histria do demnio Madhu revelada no Kalika Purana, no Bhagavata Devi, e no Mahabharata. Srila Prabhupada menciona rapidamente a histria em seu livro Krsna (no captulo Oraes de Akrura) e no Srimad-Bhagavatam (7.9.37, significado). No comeo, o mundo espiritual revelou o universo material, dentro do qual o Senhor Visnu se deitou sobre Sesha, Sua cama-serpente, e entrou em uma profunda sonolncia csmica. Enquanto o Senhor Visnu dormia, o caule de uma flor de ltus cresceu de Seu umbigo. No topo do caule havia uma flor de ltus, na qual apareceu Brahma, o primeiro ser criado. O Senhor Visnu deu-lhe a ordem de criar, e ele, ento, meditou em como cumprir essa ordem dada por Deus. dito que quando Brahma sentou-se em profunda meditao, cera de ouvido (karnashrotodbhava) escorreu do ouvido de Visnu. Dois ferozes demnios, Madhu e Kaitabha, nasceram daquela cera. Eles executaram grandes penitncias por milhares de anos. Satisfeita com suas penitncias, Laksmi, a consorte do Senhor, apareceu diante deles e concedeu-lhes a ddiva de que eles s morreriam quando eles assim o desejassem. Orgulhosos de seu novo recurso, os demnios se tornaram ultrajantemente arrogantes. Eles atacaram Brahma, ainda em meditao, e lhe roubaram os quatro Vedas. Embora furioso, Brahma estava indefeso na presena de adversrios to poderosos, e ento correu para seu nico refgio, Visnu, pedindo por ajuda. Visnu, todavia, estava em um sono profundo e no acordou, mesmo Brahma tentando ao mximo acord-lO. Tendo realizado que o Senhor dormia por Sua vontade inconcebvel, Brahma decidiu orar a Yoga-nidra, que no outra seno a prpria Deusa Laksmi em uma forma especial para servir ao Senhor em Seu sono yguico. Atendendo ao senhor Brahma, Ela mostrou misericrdia para com ele e acordou o Senhor. Brahma ento contou ao Senhor Visnu sobre as nefastas atividades de Madhu e Kaitabha e implorou ao Senhor para destru-los. O Senhor Visnu, sob a forma de Hayagriva, a bela encarnao como cavalo, lutou contra Madhu e Kaitabha e por fim recuperou as escrituras Vdicas. Mas eles s - 26 -

poderiam morrer quando eles assim desejassem, como dizia a beno dada a eles. Ento Visnu, inteligentemente, disse a eles que assim como a Deusa Laksmi havia lhes dado uma beno, eles tambm deveriam Lhe conceder uma. Afinal, Ele disse a eles, eles eram to poderosos que deveriam mostrar para com Ele a mesma cortesia que Sua metade feminina, a forma personificada de Sua energia mstica, havia lhes mostrado. Devido arrogncia, eles caram na astcia do Senhor. Que favor Voc quer de ns? eles perguntaram. Ns Lhe daremos qualquer coisa que Voc queira. Eu quero a morte de vocs!, o Senhor respondeu. E, assim, Hayagriva colocou um fim em suas atividades de uma vez por todas. Srila Prabhupada escreve no Srimad-Bhagavatam (7.9.37, significado): A transcendente Suprema Personalidade de Deus est sempre preparado para dar proteo a Seus devotos. Como mencionado aqui, o Senhor, em sua forma como Hayagriva, matou dois demnios chamados Madhu e Kaitabha quando eles atacaram o Senhor Brahma. Os demnios modernos pensam que no havia vida no comeo da criao, mas pelo Srimad-Bhagavatam ns entendemos que a primeira criatura criada pela Suprema Personalidade de Deus foi o senhor Brahma, que um grande conhecedor dos Vedas. Infelizmente, aqueles encarregados de distribuir conhecimento Vdico, como os devotos ocupados na pregao da conscincia de Krsna, podem, algumas vezes, serem atacados por demnios, mas eles devem estar certos que ataques demonacos no podem atingi-los, pois o Senhor est sempre pronto para proteg-los.

A Doura de MadhusudanaH uma ltima, e mais esotrica, considerao em relao ao nome Madhusudana. Ele no significa apenas Aquele que derrotou o demnio Madhu, mas tambm significa Aquele que derrota o mel [madhu] em doura. O Falso ego to doce quanto o mel e reside nos coraes de todos, fazendo com que esqueamos nossas identidades - como uma espcie de intoxicao. Assim, como Krsna destri o falso ego com o archote do conhecimento, ele chamado de Madhusudana. Por extenso, a palavra madhu se refere tanto a Krsna quanto a abelhas. Assim como abelhas tendem a desfrutar do mel das flores de ltus, Krsna desfruta do mel do amor de Seus devotos. Srila Rupa Gosvami, o grande santo Vaisnava do sculo dezesseis, usa essa dupla significncia de Madhusudana no Ato Cinco de seu drama devocional Vidagdha Madhava: Certa vez, quando Krsna e Radha estavam sentados juntos, um abelha estava incomodando Radharani por voar muito perto dEla. Krsna pediu a um amigo para espantar a abelha, e aps espantar a abelha como Krsna lhe pedira, o amigo volta e diz que madhu foi embora. Como a palavra pode referir-se tanto a abelha quanto a Krsna, Radhrani equivocadamente tomou madhu como Krsna e comeou a chorar, pensando que Krsna havia ido embora. Muito embora Ela estivesse bem ali nos braos de Krsna, Ela estava totalmente absorta em vipralambha-bhava, o humor de separao, um nvel de amor divino aspirado pelos Vaisnavas avanados. Vendo as lgrimas de amor de Radharani, Krsna tambm comeou a chorar, e Suas lgrimas se misturaram para se tornarem o lago sagrado conhecido, atualmente em Vrndavana, como Prema Sarovana. Meus estudos do Gita, que Prabhupada se refere como um texto espiritual introdutrio, inspirou minha pesquisa acerca do nome Madhusudana. Agora, para mim, esse nome conjura o aspecto mais ntimo de conhecimento divino, especialmente devido relao exttica do Senhor com Sua contraparte feminina. Definitivamente, Radha responsvel por Krsna se tornar Madhusudana, tanto por Seu xtase de imaginar-se separada dEle, quanto por se expandir como Laksmi e Yoganidra, personagens principais no passatempo em que o Senhor mata o demnio Madhu.

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Kuli Mela: Como Pequenos Detalhes Fazem uma Grande DiferenaKuli Mela: The Tipping Point por Madhava Smullen A escurido envolve todo o campo, exceto por um facho de luz que escapa do fundo de um dos palcos. A luz revela centenas de jovens aguardando ansiosamente o prximo evento a subir ao palco. Quando a banda finalmente sobe ao palco com suas guitarras distorcidas e brandir de baquetas, a multido se manifesta ruidosamente, enquanto colocam seus braos no ar. Ali est a gerao daqueles que amam rock e hardcore. Eles contemplam em grande admirao os astros no palco, erguendo alto seus isqueiros e celulares acesos durante as partes calmas e melodiosas, e pulando, gritando e moshando quando a msica esquenta. Mas to logo o vocalista comea a cantar, voc sabe que esses jovens so diferentes. Vande Krishna, Nanda Kumara, Nanda Kumara, Madana Gopala, eles cantam juntos em um coral perfeitamente unssono, de olhos fechados, repetindo a orao com muito sentimento. Eles so gurukulis. Traduzido como estudante na famlia do guru, gurukuli normalmente se refere a estudantes de um gurukula, o ashrama de um professor onde dada educao tradicional. A ISKCON manteve vrios internatos gurukulas para suas crianas ao longo dos anos 70 e 80, os mais notveis em Dallas, Mayapur e Vrndavana. Infelizmente, embora muitos dos que viveram em um desses carreguem boas memrias de amizade e espiritualidade, eles tambm tiveram de suportar uma fase de muita inexperincia, fanatismo e mesmo abuso nessas primeiras escolas. Depois das primeiras turmas de gurukula graduadas deixarem essas escolas e seguirem seus caminhos individuais, eles comearam naturalmente a procurarem uns aos outros e descobriram fortes laos, tanto pelo amor deles por Krsna, pelo desejo de entenderem a fundo a conscincia de Krsna, quanto pelas experincias difceis que compartilharam. Eles comearam a fazer reunies como dinmicas de grupo: uma famlia internacional na qual eles podiam se apoiar mutuamente; pessoas nas quais eles podiam confiar sem nunca terem visto antes. Na dcada de 90, os gurukulas comearam a diminuir. Muitos fecharam suas portas e outros se tornaram escolas no-internas, uma vez que a estrutura social da ISKCON mudou e os devotos se apressavam para remediar os erros do passado. Mas o termo gurukuli pegou, e a nova gerao de jovens Hare Krsnas aderiram o termo confortavelmente e entraram para a famlia que os gurukulis mais velhos haviam criado. O ltimo estrondoso acorde da msica se aquietou, e a multido explodiu em tumultuosos aplausos. Agora, no novo milnio, gurukulis de todas as geraes se reuniam para ver o que podem fazer pelo futuro. Bem vindo ao Kuli Mela.

O Nascimento de um MelaToda grande idia tem um local de nascimento. Para esta em particular, foi na reunio gurukuli de 2004 na ensolarada Alachua, na Flrida. Como de costume, todos estavam se divertindo, nadando nas nascentes naturais e danando nas festas noite a dentro. Mas um gurukuli, Baladeva Keilman, chefe do setor executivo da Commodore Gaming de Amsterdam, estavam procurando por algo mais. Eu estava pensando como era estranho que aquelas pessoas fizessem um grande esforo para participarem daquelas reunies, voando ao longo de todo o pas ou mesmo ao longo do globo, sem nenhum outro propsito real seno passear e curtir, Baladeva disse. - 28 -

Uma idia comeou a tomar forma em sua mente. Ele ligou para seu amigo Kapila Monet, um empresrio de uma companhia editorial de Londres. Quando ele expressou seu desejo de elaborar para as reunies uma alternativa que fosse mais vibrante, produtiva e consciente de Krsna, foi como se uma lmpada se acendesse sobre a cabea de Kapila. Sim! Kapila disse. Ns temos que ter um festival gigantesco com milhares de pessoas e uma festa rave consciente de Krsna que durasse a noite toda, e um helicptero que derramasse ptalas de flores de ltus enquanto todos tomavam nctar de manga! E seria o mximo se tivesse conferncias e seminrios e.... Ei, Ei, Baladeva disse segurando para no rir do outro lado da linha. Vamos ver. Vamos conversar sobre isso quando eu voltar. Com inmeras idias para exporem, to logo Bala chegara, os dois falaram sobre o projeto para tantas pessoas quanto havia para ouvir, e depois colocaram na lista outros vrios gurukulis. Govinda Gosh ficou com entretenimento e comida, Bhimasena Jones era especialista em funcionamento e logstica, e quando Caitanya Mangala levantou a questo O que vocs pretendem fazer para as nossas crianas ele mesmo respondeu ficando com a responsabilidade de fazer um espao na rea de camping para as crianas. A equipe especulou sobre diferentes possibilidades para o nome do evento, como Kulistock ou, o favorito de Kapila, Kulipalooza, at a sugesto mais impactante: Kuli Mela! Assim como o mundialmente famoso Kumbha Mela na ndia, eles estavam planejando um encontro espiritual com pessoas de todas as partes esperando, dessa vez, menos trajes de banhos e roupas mais decentes. Qual nome poderia ser melhor? Eles colocaram no papel suas propostas e logo conseguiram encorajamento e suporte financeiro de devotos de peso, como Gopala Bhatta Dasa, Ambarisha Dasa, Hari Krsna Dasa e Sua Santidade Radhanatha Svami. Sem demora, eles levantaram $30.000 a quantia estipulada como meta. Mas nem tudo era um mar de rosas. Eles tinham organizadores e financiamento, mas de que adiantaria tudo isso se ningum aparecesse? Eles tinham a expectativa de receberem pelo menos trs mil pessoas, com um ambicioso plano B para oito mil pessoas. Mas at a presente data, menos de cinqenta pessoas haviam se registrado no website. E faltava apenas um ms...

O Efeito Bola de Neve um vero agradvel e de cu azul em New Vrndavan, Virgnia do Oeste. Este sorridente gurukuli canadense de pelo menos 2.40 de altura que vos reporta agora est no Kuli Mela para seu estgio em jornalismo, e estou neste momento ajudando Kapila a organizar os locais de conferncia ou, mais especificamente, andando de l pra c carregando flip-charts, mesas, e cadeiras de plstico sempre com um sorriso, tentando fazer jus ao meu nome Madhava. Se qualquer pessoa quisesse organizar um evento como esse, eu certamente lhe encorajaria, disse Kapila protegendo com a mo seus olhos do sol. Eventos crescem como bolas de neve. Ns j temos 540 pessoas registradas, a maior parte delas no ms passado. E tenho certeza que muitos outros viro sem terem se registrado. Mesmo Govinda Gosh ainda no se registrou e ele um dos organizadores!. E no foi s assim que apareceu o efeito bola de neve, no. Ontem, Kapila no tinha ningum para registrar as pessoas pessoalmente. Mas agora, doze gurukulis esto sacrificando horas de seus dias para o servio. Tambm no tinha ningum para organizar os locais de conferncia, mas agora temos seis devotos se dedicando a isso e mais cinco ajudantes. isto que faz os kulis diferentes, Kapila disse apontando para um devoto que cambaleava embaixo de uma pilha de cadeiras de plstico. A habilidade de chegar e dizer, Eu posso ajudar. Ele est certo. Ao longo dos prximos dias, registra-se um incrvel nmero de duzentos voluntrios em diferentes setores do festival. De maneira geral, mais de setecentos ajudam, cada um se - 29 -

oferecendo para servir a sua maneira, mesmo que apenas tomando parte de um servio comeado ou expressando entusiasmo. E que energia! Todas as manhs, kulis aplaudem, torcem e danam com toda a sinceridade de seus coraes enquanto uma mina de talentos minerada para prover quinze horas de teatro, dana, comdias stand-up, um desfile de moda e a uma grande variedade de performances musicais. O entretenimento apenas o comeo. Fazendo jus a afirmao postada no website, Kuli Mela tem como objetivo explorar quem somos ns e o que podemos alcanar material e espiritualmente. No mais apenas reunindo os gurukulis para diverso, o festival os rene para que definam suas expectativas materiais e espirituais, com o evento oferecendo inmeras possibilidades para que alcancem seus objetivos individuais. Ao longo de quatro dias, haver nada menos que sessenta seminrios, conferncias, fruns e workshops, abrangendo seis temas principais: negcios e carreira, arte e entretenimento, comunidade e desenvolvimento espiritual, e sade e medicina. Realmente se importando com o futuro, h tambm o kids camp para os filhos dos gurukulis, com leitura de histrias, jogos em grupo, desenho e artesanato, jardinagem, proteo s vacas e muita msica. O gurukuli veterano Gauravani Buchwald est empolgado: Quando ns, a primeira gerao de gurukulis, vemos um evento como esse, ns sabemos que todo aquele esforo e sacrifcio que fizemos foram para alguma coisa, que valeu para alguma coisa. Esta nova gerao de gurukulis tem algo que no tivemos: uma cultura de pessoas que so amadas, cuidadas e criadas com amor. E ns ajudamos nisso. Radhanatha Svami, um dos gurus e lderes da ISKCON, est to inspirado que ele faz um convite aberto a todos: Haver um exploso Hare Krsna na Amrica se sua gerao pegar no volante. No espere ns lhe darmos isso. Aceite riscos e simplesmente pegue a direo. E voc certamente ser abenoado com todo o sucesso. Mas quando eu pergunto a Kapila como ele lida com todo o stress de organizar um evento de tamanho porte, ele apenas responde, H um certo ponto que voc realiza que voc s pode fazer o que voc pode fazer, e deixa o resultado para Krsna.

A Viso por Trs da MissoKuli Mela foi originalmente projetado para ser um nico evento, porque para Kapila esse tipo de evento traz mais pessoas. Mas em 2007, o esprito do Kuli Mela se expandiu, a psicologia do que seria um gurukuli estava evoluindo, e eventos similares foram organizados em Los Angeles, Alachua, e em locais mais distantes como Radhadesh (Blgica) e Moscou. A idia de Kapila do Como Pequenos Detalhes Fazem uma Grande Diferena - surgida de um livro de mesmo nome, que discute como as mentes de milhes de pessoas podem ser mudadas por um conceito simples que seja bem vendido - comeou a funcionar. Ento, eu encontrei com Kapila, Baladeva e o organizador do evento em Alachua, Govinda Syer, para descobrir, exatamente, qual era esse conceito. Eu sinto que os gurukulis tm objetivos, e estou tentando encontrar formas para desenvolvermos esses, disse Bala. Kuli Mela foi sobre ficarmos juntos como uma comunidade, fazer com que nos sentssemos parte de uma meta e objetivo comuns, e nos dar uma forte identidade. Mas tambm foi para descobrir como a educao e conhecimento que tivemos podem nos ajudar a nos tornarmos pessoas felizes e bem sucedidas, como eles podem ajudar em nossas vidas dirias. Para a maior parte dos gurukulis, naturalmente, a vida diria , ou ser, tentar ser produtivo para apoiarem a si mesmos e a seus familiares. Como, ento, a conscincia de Krsna ir se encaixar nisso? Cantar Hare Krsna realmente me ajuda a lembrar o que mais importante na vida, e mantm minha mente limpa e mais focada, diz Bala. Tambm me ajuda a manter distncia do mundo cheio de inveja e competio do business. As coisas so sempre cheias de altos e baixos, mas eu sei que tendo eu sucesso ou fracasso, eu no sou aquele que controla. - 30 -

Depois de um dia particularmente difcil no escritrio, Bala pode sentar-se em frente a suas deidades de Gaura-Nitai e contempl-lAs. Eu apenas olho para Eles e vejo que Eles continuam sorrindo, ento penso, eu sei que Vocs esto olhando por mim. E tudo o que posso fazer, sabendo que tudo isso parte de Seu plano para mim, estar atento e perceber que sempre haver algo, alguma lio a ser aprendida. Govinda Syer, um vido homem de negcios desde os dezesseis anos, tambm canta e ora a Krsna todos os dias antes de ir para o trabalho. Eu quero que bhakti seja parte de minha vida em todas as reas, mesmo nos negcios, ele diz. Eu acho que qualquer coisa que voc faa, se voc faz com a inteno de servir Krsna, tal ao uma boa causa. Assim, meus objetivos gerais dentro dos negcios so criar um local para os devotos trabalharem, dar a mim mesmo recursos financeiros para realizar meus projetos espirituais, e dar minha contribuio para a estabilidade financeira da