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TÍTULO VII Dos crimes contra a Família Prof.º Edigardo Neto

TÃ-t VII - Crimes contra a famÃ-lia (1).pptx

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TTULO VII Dos crimes contra a Famlia

TTULO VII

Dos crimes contra a FamliaProf. Edigardo NetoDos Crimes contra a FamliaCapitulo 1. crimes contra o casamento- bigamia (art. 235, CP)- induzimento a erro essencial e ocultao de impedimento (art. 236, CP)- conhecimento prvio de impedimento (art. 237, CP)- simulao de autoridade para celebrao de casamento (art. 238, CP)- simulao de casamento (art. 239, CP)Captulo 2. crimes contra o estado de filiao- registro de nascimento inexistente (art. 241, CP)- parto suposto. Supresso ou alterao de direito inerente ao estado civil de recm-nascido (art. 242,CP)- sonegao de estado de filiao (art, 243, CP)Captulo 3 crimes contra a assistncia familiar- abandono material (art. 244, CP)- entrega de filho menor a pessoa inidnea (art. 245, CP)- abandono intelectual (art. 246 e 247, CP)Captulo 4 crimes contra o ptrio poder, tutela ou curatela- induzimento a fuga, entrega arbitrria ou sonegao de incapazes (art. 248, CP)- subtrao de incapazes (art. 249, CP)Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IDOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO BigamiaArt. 235 - Contrair algum, sendo casado, novo casamento:Pena - recluso, de dois a seis anos.

1 - Aquele que, no sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstncia, punido com recluso ou deteno, de um a trs anos.

2 - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que no a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Somente se d quando o agente, j sendo casado, contrai novo casamento, no sendo suficiente a unio estvel. O casamento puramente religioso no serve de pressuposto para o crime.Consumao: no momento e lugar em que se efetiva o casamento.Elemento subjetivo do tipo o dolo, no existindo a forma culposa, nem exigindo elemento subjetivo do tipo especfico.O pressuposto para a configurao do delito a existncia vlida do primeiro e do segundo casamento. Se as primeiras npcias esto sendo discutidas na esfera civil, trata-se de questo prejudicial, provocadora da suspenso do feito criminal at a sua soluo definitiva no foro competente (art. 92, CPP).Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IDOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO BigamiaArt. 235 - Contrair algum, sendo casado, novo casamento:Pena - recluso, de dois a seis anos.

1 - Aquele que, no sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstncia, punido com recluso ou deteno, de um a trs anos.

2 - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que no a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Trata-se de crime: prprio, material, de forma vinculada, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo. tpico exemplo do fenmeno que a doutrina chama de crime instantneo de efeitos permanentes. plurissubjetivo, no significando que os dois sero punidos, ou seja, se o segundo cnjuge no souber que a pessoa com quem se casa j e casada, houve erro de tipo. plurissubsistente.Admite tentativa.O processo de habilitao do casamento no deve ser considerado ato executrio do crime, mas meramente fase de preparao. A execuo tem inicio com a celebrao.Concurso de crimes: h divergncias na doutrina. Uns entendem que h crime continuado, outros entendem que h concurso material.Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IDOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO BigamiaArt. 235 - Contrair algum, sendo casado, novo casamento:Pena - recluso, de dois a seis anos.

1 - Aquele que, no sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstncia, punido com recluso ou deteno, de um a trs anos.

2 - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que no a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Somente possvel se acolher a afirmativa de ter havido erro quanto a ilicitude do fato, caso o agente demonstre efetivo desconhecimento da potencialidade lesiva de sua conduta. Se utilizar inmeras evasivas e tergiversaes para encobrir o ato, est demonstrando que tinha plena cincia da proibio do segundo casamento. No caso do 1, encontramos uma exceo teoria monista, adotada no concurso de pessoas (exceo pluralstica). Neste caso, admite-se apenas o dolo direto. Quanto pena, temos pena alternativa, devendo o magistrado levar em considerao as circunstncias do art. 59 do CP. Nesse pargrafo cabe a aplicao da suspenso condicional do processo (lei 9099/95).

Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IDOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO BigamiaArt. 235 - Contrair algum, sendo casado, novo casamento:Pena - recluso, de dois a seis anos.

1 - Aquele que, no sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstncia, punido com recluso ou deteno, de um a trs anos.

2 - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que no a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Concurso de pessoas: admissvel. Delmanto diz que o participe deve responder como incurso as penas do 1, e no do caput. co-autor quem, tendo conhecimento de que a pessoa que vai casar-se j casada, participa como testemunha ou padrinho do casamento e tambm instiga o agente a consorciar-se (TJSP, RT 566/290). Em tese, pode ser a testemunha do casamento que tem cincia da vigncia do matrimonio anterior (TJSP, RJTJSP 68/331).A declarao de nulidade do primeiro casamento provoca efeito ex tunc.A bigamia absorve o crime de falso.O divrcio obtido posteriormente em relao ao segundo casamento no isenta o agente do delito de bigamia.

Dos Crimes contra a Famlia Induzimento a erro essencial e ocultao de impedimentoArt. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que no seja casamento anterior:Pena - deteno, de seis meses a dois anos.

Pargrafo nico - A ao penal depende de queixa do contraente enganado e no pode ser intentada seno depois de transitar em julgado a sentena que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

No h forma culposa.Trata-se de norma penal em branco, vez que as situaes de erro essencial esto descritas no art. 1557 do cdigo civil e os impedimentos no art. 1521 do mesmo diploma legal. crime prprio,formal, de forma vinculada, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, plurissubjetivo, plurissubsistente.Admite tentativa, pois crime condicionado.Ao privada personalssima.No pargrafo nico encontramos uma condio de procedibilidade e objetiva de punibilidade: a anulao efetiva do casamento.Consumao: no momento e lugar em que se realiza o casamento.

Dos Crimes contra a FamliaConhecimento prvio de impedimento

Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existncia de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:Pena - deteno, de trs meses a um ano.

Cabe transao penal e suspenso condicional do processo (lei 9099/95)No h forma culposa, apenas se exige o dolo direto.Trata-se de norma penal em branco, vez que as situaes de impedimentos esto no art. 1521 do cdigo civil. crime prprio, formal, de forma vinculada, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, plurissubjetivo, plurissubsistente.Admite tentativa.Se ambos souberem do impedimento, sero co-autores. Se o impedimento for casamento, o crime ser bigamia.O erro quanto ao impedimento exclui o dolo.Dos Crimes contra a FamliaSimulao de autoridade para celebrao de casamento

Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebrao de casamento:Pena - deteno, de um a trs anos, se o fato no constitui crime mais grave.

Admite suspenso condicional do processo (lei 9099/95)No h forma culposa. O dolo ser excludo pelo erro do agente. crime comum, formal (no precisa que o matrimnio seja efetivamente celebrado para sua consumao), de forma livre, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente.Admite tentativa, somente na forma plurissubsistente. um delito subsidirio.

Dos Crimes contra a FamliaSimulao de casamento Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: Pena - deteno, de um a trs anos, se o fato no constitui elemento de crime mais grave.

Admite suspenso condicional do processo (lei 9099/95).No h forma culposa. crime comum, formal, de forma vinculada, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsistente.Admite tentativa.No basta que o agente finja estar se casando, sendo indispensvel que o faa atravs do engano do outro contraente. Consuma-se com a efetiva simulao.Podero ser participes o escrivo, as testemunhas ou outras pessoas. delito subsidirio.Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IIDOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAO Registro de nascimento inexistente

Art. 241 - Promover no registro civil a inscrio de nascimento inexistente:Pena - recluso, de dois a seis anos.No h forma culposa.Nascimento inexistente aquele que no ocorreu, isto , o feto foi expelido morto ou nunca foi gerado.Absolve o crime de falsidade ideolgica, por ser especial. crime comum, formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsistente.Admite tentativa.Prescrio: art. 111, CP.Se o registro de filho alheio, h o art. 242, 2 figura.Se ocorreu, efetivamente, o nascimento de pessoa viva, mas seu estado civil foi alterado, a infrao penal poder ser outra mas no a deste art. 241 (TJSP, RT 403/124).Dos Crimes contra a FamliaParto suposto. Supresso ou alterao de direito inerente ao estado civil de recm-nascido

Art. 242 - Dar parto alheio como prprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recm-nascido ou substitu-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:Pena - recluso, de dois a seis anos.

Pargrafo nico - Se o crime praticado por motivo de reconhecida nobreza:Pena - deteno, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena (Perdo Judicial).

Cabe suspenso condicional do processo (lei 9099/95) no pargrafo nico. tipo misto cumulativo e alternativo.No h forma culposa, mas se exige elemento subjetivo especifico, consistente na vontade de suprimir ou alterar estado civil. Esse elemento deve ser aplicado s trs figuras igualmente.Dar parto prprio como alheio no crime. Para que seja crime, alm de dar parto alheio como prprio, deve haver a simulao da gravidez. O registro dispensvel. Registro de filho de outra pessoa o que se chama adoo brasileira. Esse tipo absolve o crime de falsidade. crime prprio na primeira figura e comum nas 2 e 3 figuras, material, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, exceto na modalidade ocultar que permanente, unissubjetivo, plurissubsistente.

Dos Crimes contra a FamliaParto suposto. Supresso ou alterao de direito inerente ao estado civil de recm-nascido

Art. 242 - Dar parto alheio como prprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recm-nascido ou substitu-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:Pena - recluso, de dois a seis anos.

Pargrafo nico - Se o crime praticado por motivo de reconhecida nobreza:Pena - deteno, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena (Perdo Judicial).

Admite tentativa em todas as hipteses. Figura privilegiada: no h absolvio, mas perdo judicial.Prescrio: art. 111, IV, CP.Consumao: a) no parto suposto: com a situao que altera, de fato, a filiao da criana; ou com a supresso ou alterao dos direitos. b) registro de filho alheio: com o efetivo registro. c) ocultao de recm nascido: com a efetiva supresso ou alterao dos direitos. d) substituio de recm-nascido: com a efetiva supresso ou alterao dos direitos.Outras pessoas, parentes ou no, podem ser co-autores ou partcipes no parto suposto.Pode haver co-autoria no registro de filho alheio e o sujeito ativo pode ser homem ou mulher.Na substituio de recm nascido, no necessrio configurao o registro de nascimento das crianas substitudas. A troca do recm nascido pode ser de criana viva ou natimorta.

Dos Crimes contra a FamliaSonegao de estado de filiao

Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituio de assistncia filho prprio ou alheio, ocultando-lhe a filiao ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:

Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa.Cabe suspenso condicional do processo (lei 9099/95)Asilos de expostos orfanato ou lugar que abriga crianas abandonadas. Instituio de assistncia pode ser qualquer tipo de creche ou abrigo.Para Delmanto, a vtima deve ser abandonada em instituio pblica ou particular, no se enquadrando neste tipo a ao de largar em outro local. No basta, porm, o simples abandono: necessrio que este seja acompanhado de ocultao da filiao ou atribuio de filiao diversa. No preciso que se trate de criana j registrada. Para Nucci, a criana desamparada no pode estar registrada, pois o objetivo previsto ocultar filiao ou atribuir-lhe outra.Dos Crimes contra a FamliaSonegao de estado de filiao

Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituio de assistncia filho prprio ou alheio, ocultando-lhe a filiao ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:

Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa.No h forma culposa. crime comum, formal, de forma livre, comissivo e excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsistente.Admite tentativa.Outras pessoas alm dos pais podem ser autoras do crime.Consumao: com o abandono de que resulte ocultao ou alterao do estado de filiao.O crime do art. 243 do CP s pode ser reconhecido se houver inteno de prejudicar direitos relativos ao estado civil (TJSP, RT 542/341).

Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IIIDOS CRIMES CONTRA A ASSISTNCIA FAMILIAR Abandono materialArt. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistncia do cnjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente invlido ou maior de 60 (sessenta) anos, no lhes proporcionando os recursos necessrios ou faltando ao pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:Pena - deteno, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

Pargrafo nico - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou funo, o pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada.

tipo misto cumulativo e alternativo, o que significa que a prtica de mais de uma conduta implica na punio por mais de um delito, em concurso material. So em verdade 03 condutas tpicas, suas delas alternativas: a) deixar de prover subsistncia de cnjuge, filho ou ascendente, no lhes proporcionando recursos necessrios. A conduta mista, pois a simples falta de proviso no significa o desamparo, uma vez que podem as pessoas ter recursos para manter o sustento; b) deixar de prover subsistncia de pessoa credora de alimentos, faltando ao pagamento da penso alimentcia, porque a pessoa dela necessita, de modo que, no havendo o pagamento, h falta de proviso subsistncia; c) deixar de socorrer parente enfermo. Assim, as duas primeiras condutas so alternativas, implicando num s delito. A terceira autnoma; se praticada juntamente com uma das duas anteriores, provoca dupla punio. Para a configurao do crime, torna-se imprescindvel que a vtima fique, realmente, ao desamparo, uma vez que, se a assistncia for prestada por outro familiar ou amigo, no h preenchimento do tipo penal.Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IIIDOS CRIMES CONTRA A ASSISTNCIA FAMILIAR Abandono materialArt. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistncia do cnjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente invlido ou maior de 60 (sessenta) anos, no lhes proporcionando os recursos necessrios ou faltando ao pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:Pena - deteno, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

Pargrafo nico - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou funo, o pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada.

No h forma culposa.Para Nucci, cnjuge a pessoa casada, no se estendendo concubina ou companheira.Com relao ao filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, Nucci diz que deve ser considerado o caso concreto.Recurso necessrio no inclui o suprfluo (lgico!) crime prprio, formal, de forma livre, omissoivo, permanentes, unissubsistente, unissubjetivo.No admite tentativa.Consumao: com a efetivao das condutas incriminadas, mas respeitados os prazos processuais civis eventualmente cabveis, como o que se fixa para pagamento de penso (Delmanto)Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IIIDOS CRIMES CONTRA A ASSISTNCIA FAMILIAR Abandono materialArt. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistncia do cnjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente invlido ou maior de 60 (sessenta) anos, no lhes proporcionando os recursos necessrios ou faltando ao pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:Pena - deteno, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

Pargrafo nico - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou funo, o pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada.

ATENO UMA EXCEO AO DIA-MULTA DECORRENTE DA REFORMA PENAL DE 1984. CONTINUA-SE, POIS, A FIXAR A PENA PECUNIRIA EM SALRIOS MNIMOS, TOMANDO POR BASE O VALOR DO MESMO NA POCA DO DELITOPargrafo nico: exige o dolo, no podendo ser confundido com mero inadimplemento de prestao alimentcia, pois s punvel a frustrao intencional e no a que resulte de falta de recursos para pagar a penso alimentcia que foi civilmente condenado.Reconciliado o casal, durante o processo, e passando a famlia a conviver novamente no lar comum, perde a ao penal a situao antecedente e o delito no mais considerado caracterizado (TACrSP 381/284).Caracteriza crime continuado a conduta do agente que deixa, por mais de um ms, de efetuar o pagamento de penso na data estipulada, no se tratando de crime permanente (TACrSP, mv RJDTACr 27/25).Dos Crimes contra a FamliaEntrega de filho menor a pessoa inidneaArt. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:Pena - deteno, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 1 - A pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de recluso, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor enviado para o exterior. 2 - Incorre, tambm, na pena do pargrafo anterior quem, embora excludo o perigo moral ou material, auxilia a efetivao de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.Suspenso condicional do processo: cabe no caput e nos 1 e 2.Sujeito passivo s podem ser os pais.No existe forma culposa.Sabia dolo direto; deva saber dolo eventual, embora h quem ache que culpa.Perigo material o que se pode verificar sensitivamente; perigo moral o que no detectado pelos sentidos, referindo-se s atividades comprometedoras da boa formao moral da pessoa humana. crime prprio, formal, de forma livre, comissivo e excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsitente. Admite tentativa.Consumao: com a entrega de filho, sem dependncia de efetivo dano moral ou material (crime de perigo).Embora delito prprio, pode haver participao de terceiros (art. 29, CP). Quem recebe no co-autor desta figura.Dos Crimes contra a FamliaEntrega de filho menor a pessoa inidneaArt. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:Pena - deteno, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 1 - A pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de recluso, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor enviado para o exterior.Pargrafo 1: exige-se, na 1 figura, alm do dolo, o elemento subjetivo especfico, consistente na vontade de obter lucro (basta a finalidade sendo dispensvel o efetivo proveito econmico dos pais). Na 2 figura, tratando-se de crime qualificado pelo resultado, admite-se, quanto ida do menor para o exterior, tanto o dolo quanto a culpa (no incide a figura qualificada se o menor no chega a sair do nosso pas). crime prprio, formal, na 1 figura e material na 2; de forma livre; comissivo e excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsitente. Admite tentativa.Se o agente prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa o art. 238 do ECA; se o agente promover ou auxiliar a efetivao de ato destinado ao envio de criana ou adolescente para o exterior com inobservncia das formalidades legais ou com o fito de obter lucro o art. 239 do ECA.

2 - Incorre, tambm, na pena do pargrafo anterior quem, embora excludo o perigo moral ou material, auxilia a efetivao de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.

Pargrafo 2: aqui uma participao autnoma. Consuma-se com o ato de auxlio, independentemente da sada do menor ou da obteno do lucro. No se pune nesse tipo penal a pessoa que efetivamente leva o menor para o exterior, mas somente quem entrega filho para ser levado ao exterior ou quem presta auxlio para que isso seja feito. Pode-se, no entanto, enquadrar o agente que leva menor para fora do pas no art. 239 do ECA. Ato destinado ao envio aquele que prepara a possibilidade da sada do menor do pas (ex: providenciar documentao especfica para o menor). No sae pune a forma culposa. crime comum, formal, de forma livre, comissivo e excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsitente. Admite tentativa.

Dos Crimes contra a Famlia Abandono intelectual

Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover instruo primria de filho em idade escolar:

Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa.art. 246, CP cabe transao e suspenso condicional do processo da lei 9099/95. Sujeito ativo s os pais. Para Nucci, situaes extremadas como pobreza ou miserabilidade, podem servir para no configurao do delito. No h forma culposa ou elemento subjetivo do tipo especfico. crime prprio, formal, de forma livre, omissivo, permanente (enquanto o menor em idade escolar estiver sem qualquer instruo), unissubjetivo, unissubssistente, no admite tentativa. Cabe tanto transao quanto suspenso condicional do processo (lei 9099/95). Para Delmanto, a consumao ocorre quando, aps sete anos de idade do filho, o agente revela, inequivocadamente, sua vontade de no cumprir o seu dever (delito omissivo permanente). Para Magalhes Noronha, ao contrrio, na ultrapassagem da idade escolar. A pena alternativa.

Dos Crimes contra a FamliaArt. 247 - Permitir algum que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado sua guarda ou vigilncia:I - freqente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de m vida;II - freqente espetculo capaz de pervert-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representao de igual natureza;III - resida ou trabalhe em casa de prostituio;IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiserao pblica:Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa.

Cabe transao e suspenso condicional do processo da lei 9099/95. Sujeirto ativo so os pais ou qualquer pessoa a quem o menor tenha sido confiado. A permisso pode ser expressa ou implcita. No se pune a culpa. crime prprio, formal, de forma livre, comissivo ou omissivo, conforme o caso concreto, instantneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, admite tentativa na forma plurissubsistente, embora rara. No inciso I desse artigo preciso habitualidade , no se concretizando o crime quando o agente permite ao menor que v, uma vez ou outra, a uma casa de jogo. Nessa hiptese, um crime instantneo de continuidade habitual. No inciso II, tambm h a necessidade de habitualidade. Todavia, se o menor trabalha diretamente no espetculo, em cena de sexo explcito ou pornografia, configura-se o crime previsto no art. 240 do ECA. No inciso IV, comiserao pblica a piedade ou a compaixo provocada na sociedade. Nesse caso o elemento subjetivo especfico do tipo (vontade de despertar a piedade alheia) est presente. Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IVDOS CRIMES CONTRA OPTRIO PODER, TUTELA CURATELA Induzimento a fuga, entrega arbitrria ou sonegao de incapazes

Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinao de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entreg-lo a quem legitimamente o reclame:Pena - deteno, de um ms a um ano, ou multa.

tipo misto cumulativo e alternativo. A primeira conduta pode ser associada segunda, que alternativa, configurando 02 delitos.Cabe transao e suspenso condicional do processo da lei 9099/95.No h forma culposa.A doutrina majoritria sustenta ser indispensvel a fuga do menor ou do interditado para configurar o delito (Delmanto), inclusive exigindo perodo razovel de afastamento na clandestinidade. Nucci discorda. Para ele, por se tratar de crime formal, o mero induzimento j configura o crime. Diz ainda ser um crime de perigo e um crime de atividade (no de resultado) e que a induo deve ser para que a fuga seja realizada pelo prprio menor ou interdito e que caso o convencimento seja para que a vtima acompanhe o agente, trata-se de subtrao de incapaz do art. 249, CP.Se houver autorizao dos pais, tutor ou curador, no h crime. O sem justa causa elemento da ilicitude.

Dos Crimes contra a FamliaCAPTULO IVDOS CRIMES CONTRA OPTRIO PODER, TUTELA CURATELA Induzimento a fuga, entrega arbitrria ou sonegao de incapazes

Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinao de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entreg-lo a quem legitimamente o reclame:Pena - deteno, de um ms a um ano, ou multa.

O fato de ser pai no confere, automaticamente, o direito de reclamar a entrega do filho menor de 18 anos, caso seja a me a guardi legal do filho. crime comum, formal, de forma livre, comissivo, nas formas induzir e confiar, e omissivo na forma deixar de entregar.. Excepcionalmente pode ser comissivo por omisso. instantneo nas modalidades induzir e confiar, podendo ser permanente na forma deixar de entregar, unissubjetivo, plurissubsistente nas 02 primeiras condutas, mas unissubsistente na forma omissiva. Admite tentativa na forma plurissubsistente. No art. 248 o menor levado a sair, enquanto que no art. 249 ele tirado. No art. 248 h recusa na entrega, sem justa causa, a quem o reclame legitimamente, ao invs do art. 249 em que o m enor subtrado.

Dos Crimes contra a FamliaSubtrao de incapazes

Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:Pena - deteno, de dois meses a dois anos, se o fato no constitui elemento de outro crime. 1 - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito no o exime de pena, se destitudo ou temporariamente privado do ptrio poder, tutela, curatela ou guarda. 2 - No caso de restituio do menor ou do interdito, se este no sofreu maus-tratos ou privaes, o juiz pode deixar de aplicar pena.

crime comum, formal, de forma livre, comissivo e excepcionalmente comissivo por omisso, instantneo, unissubjetivo, plurissubsistente. Admite a tentativa. um delito subsidirio.Deve incluir tambm a me. Se o menor tirado de quem apenas o cria, sem ter a guarda em razo de lei ou determinao judicial, a conduta no se enquadrar nesse delito. Inexistir crime se o menor fugir sozinho e depois for ter com o agente; caso haja induzimento para a fuga e no subtrao, o delito ser o do art. 248, CP.Consumao com a subtrao guarda do responsvel.Se a subtrao for com fim libidinoso, o crime ser contra os costumes. Se o fim for a privao de liberdade, art. 148, CP. Se a finalidade for a obteno de resgate, art. 159 CP. Se houver induzimento fuga, art. 248. se o agente subtrair criana ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocao em lar substituto, o art. 237 do ECA.Perdo judicial cabvel no caso de restituio voluntria ou espontnea do menor ou interdito, se este no sofreu maus tratos.O que se pune a subtrao e no a sonegao ou recusa em entregar o menor. Inocorre o crime do art. 249 se o menor empreende fuga sozinho.No se tipifica, se o menor aquiesceu e houve concordncia de seu genitor.Se a restituio no for espontnea, mas sim forada em razo da apreenso do menor, inaplicvel o 2 do art. 249 (TACrSP, 87/337).