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Ex Vi Legis ∙ www.exvilegis.wordpress.com Direito Penal IV 1 TÍTULO X - DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA CAPÍTULO I - DA MOEDA FALSA MOEDA FALSA Sujeitos: Ativo - Qualquer pessoa. Passivo - A coletividade. Tipo objetivo: A conduta principal é falsificar (fraudar, imitar), fabricando, ou seja, o agente elabora a moeda, cria e a faz cunhar ou imprime, ou altera-a; aqui se usa a moeda verdadeira, mas tornada diferente, por qualquer processo, mecânico ou químico, de modo a deixá-la com valor maior que o original cunhado ou impresso. Importa, que a moeda tenha a aparência de genuína, capaz de induzir em erro na circulação ordinária. Tipo subjetivo: Crime doloso, na consciência da fabricação ou alteração falsa. Não se exige a sua colocação em circulação, o que poderá ou não ocorrer. Consumação e tentativa: A consumação ocorre com a fabricação ou alteração, sem qualquer outra conduta. Admite-se a tentativa. Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.

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TÍTULO X - DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

CAPÍTULO I - DA MOEDA FALSA

MOEDA FALSA

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - A coletividade.

Tipo objetivo: A conduta principal é falsificar (fraudar, imitar), fabricando, ou seja, o

agente elabora a moeda, cria e a faz cunhar ou imprime, ou altera-a; aqui se usa a moeda

verdadeira, mas tornada diferente, por qualquer processo, mecânico ou químico, de modo a

deixá-la com valor maior que o original cunhado ou impresso. Importa, que a moeda tenha a

aparência de genuína, capaz de induzir em erro na circulação ordinária.

Tipo subjetivo: Crime doloso, na consciência da fabricação ou alteração falsa. Não

se exige a sua colocação em circulação, o que poderá ou não ocorrer.

Consumação e tentativa: A consumação ocorre com a fabricação ou alteração, sem

qualquer outra conduta. Admite-se a tentativa.

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso

legal no país ou no estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta,

adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a

restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a

dois anos, e multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou

diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou

emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não

estava ainda autorizada.

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Parágrafo 1º - Outras condutas criminosas: Por conta própria ou alheia significa

pela própria ação ou com intermediação de terceiros. Importar é colocar dentro do País

moeda vinda do estrangeiro. Já exportar é despachar, remeter do País para o exterior. A

aquisição é a obtenção, de qualquer forma, como a compra ou recebimento em doação.

Vender é ceder a outrem mediante preço. Trocar significa ceder a outrem mediante permuta

com outra coisa qualquer. Ceder é doar, entregar. Emprestar é ceder para, em momento

oportuno, receber de retorno. Guardar é ter consigo, sob qualquer forma; e introduzir na

circulação é, justamente, colocar moeda falsa no comércio. Pode ocorrer que o agente aja

em mais de uma forma de conduta, o que não o faz autor em concurso, mas de crime único.

Parágrafo 2º - Figura privilegiada: é caso de livrar-se da cédula ou moeda falsa que

o agente, sem saber, recebeu e posteriormente souber ser falsa. O agente não visa captação

de lucro, mas sim, evitar prejuízo.

Parágrafo 3º - Emissão e fabricação regular: O sujeito ativo é o funcionário público

ou empregado de banco, nas funções de diretor, gerente ou fiscal. O tipo prevê a fabricação,

emissão e autorização para fabricação ou emissão. O inciso I trata da moeda de metal, se

disposta com valor financeiro aquém do determinado em lei. O inciso II trata das cédulas

fabricadas ou emitidas em quantidades maiores que as ordenadas.

Parágrafo 4º - Circulação ainda não autorizada: Desviar é retirar, pegar, moeda já

cunhada ou impressa e colocá-la em circulação, embora ainda não esteja autorizada ao

mercado. Nessa conduta incide qualquer pessoa, não precisando ser funcionário público ou

de banco nas funções de diretor, gerente ou fiscal. Há tentativa no caso de desvio e não

colocação em circulação.

CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA

Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas,

notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de

restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou

bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é

cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela

tem fácil ingresso, em razão do cargo.

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Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - A coletividade.

Tipo objetivo: A primeira hipótese é a formação, ou seja, a composição, realização,

de cédula, nota ou bilhete representativo de moeda, mediante o uso de fragmentos de

cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros. A cédula e a nota significam a mesma coisa,

enquanto o bilhete representativo é documento que vale pela moeda.

Em seguida, o tipo diz respeito à supressão (cancelamento, retirada) em notas,

cédulas ou bilhetes recolhidos, de sinal indicativo de seu recolhimento para recolocá-los em

circulação. Aqui o autor elimina, apaga, por qualquer meio, como lavagem, uso de solventes,

borrachas, do sinal (carimbo, perfuração, etc.) que indique estar a nota já fora de circulação

dos papéis. Basicamente o tipo cuida da colocação em circulação das cédulas, e quem as

tenha com outro fim pratica receptação.

Tipo subjetivo: O crime é doloso, com o elemento subjetivo da infração na

modalidade de restituir-se à circulação quando da supressão de sinal de inutilização.

Consumação e tentativa: Realizada a operação fragmentária, opera-se a

consumação, inexigindo-se a circulação, desde que o papel possua similitude ao genuíno,

apto a transparecer verdadeiro. Para a supressão, a consumação se dá com a realização

daquela no sinal, enquanto na restituição à circulação, consuma-se com a efetiva

distribuição no mercado. É reconhecida a tentativa, haja vista a cindibilidade da ação.

Parágrafo único - Aumento de pena: Aqui se elevam as penas, caso o autor seja

funcionário do local onde se encontra recolhido o dinheiro, ou ali tenha amplo acesso em

razão do cargo exercido.

PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA

Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar

maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de

moeda:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

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Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Poderá ser qualquer pessoa.

Passivo - A coletividade.

Tipo objetivo: Fabricar é o mesmo que produzir, criar, realizar; adquirir significa

obter, conseguir, sob qualquer meio; fornecer é entregar, ceder, vender, distribuir; possuir

demonstra posse e/ou propriedade; e guardar quer dizer ter consigo, manter sob custódia.

Todas essas condutas têm em conta maquinismo, ou seja, máquina ou conjunto de

máquinas; aparelho ou peça; instrumento, coisa destinada ao trabalho; ou qualquer objeto,

ou seja, toda coisa apta a servir especialmente à falsificação de moeda. É necessária a

finalidade específica do objeto para a contrafação.

Tipo subjetivo: Crime doloso, com o conhecimento de que a coisa seja destinada

para fim de contrafação de moeda.

Consumação e tentativa: O crime é de perigo e tipicamente de mera conduta, pois

não prevê qualquer resultado, senão a destinação da coisa para a falsificação. Assim,

quaisquer das condutas típicas realizadas consumam a infração. É viável a tentativa.

EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa emitente do título sem a permissão legal.

Passivo - A coletividade.

Tipo objetivo: Emitir significa formar o título e colocá-lo em circulação, ou seja,

destiná-lo ao meio público efetivamente. A nota, bilhete, ficha, vale ou título são papéis

Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa

de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva

ser pago:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos

neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

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equiparáveis que a lei visa impedir suas emissões genéricas, a fim de evitar a concorrência

com o dinheiro e a prerrogativa do Estado emitir moeda, bem como clara ofensa à fé pública

pela eventual falsidade desses papéis.

Tipo subjetivo: Acontece a título doloso, com o conhecimento da ausência

permissiva para a emissão.

Consumação e tentativa: A consumação decorre não da simples emissão, mas sim

da colocação do título em circulação. É crime formal, sem resultado material. Admite-se a

tentativa.

Parágrafo único - Aquisição ou uso como dinheiro: Após a emissão, impede-se que

os papéis tenham valoração como dinheiro, pelo que a aquisição (recebimento sob qualquer

modo) ou utilização (emprego) como meio de moeda configura o parágrafo em discussão.

Contudo, o tomador somente poderá ser punido caso conheça a ilegalidade da emissão.

CAPÍTULO II - DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - A coletividade.

Tipo objetivo: As condutas são falsificar (criar título) de forma a fabricá-los

(produzir, elaborar) ou alterá-los (modificar, adulterar o legítimo), utilizando-se qualquer

meio disponível. Selo destinado a controle tributário (marca feia por carimbo, cuja finalidade

é comprovar o pagamento de determinada quantia referente a tributo), papel selado (selo

destinado a comprovar o pagamento de certos impostos ou taxas) ou qualquer papel de

emissão legal destinado à arrecadação de tributo; papel de crédito público (títulos da dívida

pública) que não seja moeda de curso legal (mas podem servir como meio de pagamento);

vale postal; cautela de penhor (documento público e título de crédito relativo a um penhor

realizado, que pode ser resgatado pagando-se o devido bem como retirando-se a coisa

apenhada), caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento

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mantido por entidade de direito público; talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro

documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o

poder público seja responsável; bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte

administrada pela União, por Estado ou por Município.

Usar, guardar, possuir ou deter qualquer dos papéis falsificados a que se refere este

artigo. Não há concurso com a falsificação. Se o agente falsificar o papel e depois utilizá-lo,

deve responder somente pela falsificação. Importar, exportar, adquirir, vender, trocar, ceder,

emprestar, guardar, fornecer ou restituir à circulação selo falsificado destinado a controle

tributário. O inciso I é bem mais abrangente, pois envolve todos os papéis descritos no art.

293, enquanto o inciso II faz referência apenas ao selo falsificado destinado a controle

tributário.

Importar, exportar, adquirir, vender, expor à venda, manter em depósito, guardar,

trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar ou, de qualquer forma, utilizar em proveito

próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria

a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem

selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua

aplicação.

Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los

novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização. Usar, depois de

alterado, qualquer dos papéis mencionados no §2º. Usar ou restituir à circulação, embora

tenha recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem

este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração.

Tipo subjetivo: O crime ocorre na modalidade dolosa, falsificando-se pela

fabricação ou alteração de títulos, sem exigência de fim.

Consumação e tentativa: A consumação advém da conduta de fabricar ou alterar,

sendo crime formal, independentemente de gerar resultado. Admite-se a forma tentada.

PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO

Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à

falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - A coletividade.

Tipo objetivo: Traz as condutas: fabricar (produzir, realizar); adquirir (obter por

qualquer meio); fornecer (dar, entregar); possuir (ter a posse ou propriedade) ou guardar

(manter sob sua disposição), objeto com o fim especial para falsificar os papéis mencionados

no art. 293. Tais objetos são denominados petrechos, significando qualquer coisa idônea

para possibilitar a falsificação documental, como maquinário, instrumento, aparelho, etc.

Tipo subjetivo: O crime é doloso, tendo o agente o conhecimento da finalidade do

objeto.

Consumação e tentativa: É delito formal, consumando-se com as condutas

descritas no tipo, independentemente de formarem quaisquer resultados. A tentativa é

viável.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO - Aumento de Pena

A situação funcional de alguém, como funcionário público (art. 327, do CP para fins

penais), faz com que a pena seja elevada pela sexta parte, desde que haja favorecimento

para a conduta em razão do cargo, emprego ou função exercida. Estas atividades podem ser

de qualquer natureza, não necessariamente relacionadas ao desempenho de funções

referentes ao trabalho.

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,

aumenta-se a pena de sexta parte.

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CAPÍTULO III - DA FALSIDADE DOCUMENTAL

FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - O Estado.

Tipo objetivo: Falsificar, fabricando ou alterando, selo público destinado a

autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; selo ou sinal atribuído por lei a

entidade de direito público ou a autoridade, ou sinal público de tabelião. Pratica o crime

também quem faz uso do selo ou sinal falsificado, quem utiliza indevidamente o selo ou

sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio e quem altera,

falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos

utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

Selo público pode ser a marca estampada sobre certos papéis, para conferir-lhes

validade ou autenticidade, representando o Estado, bem como o instrumento com que se

fixa no papel ou noutro local apropriado a marca.

Tipo subjetivo: O dolo, com a consciência da destinação de autenticação.

Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;

II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal

público de tabelião:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

§ 1º - Incorre nas mesmas penas:

I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;

II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em

proveito próprio ou alheio.

III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros

símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,

aumenta-se a pena de sexta parte.

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Consumação e tentativa: O crime é formal, pelo que a consumação ocorre com a

conduta da contrafação ou alteração. Admite tentativa.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - O Estado.

Tipo objetivo: Falsificar, no todo ou em parte (alterar um documento verdadeiro,

introduzindo pedaços não autênticos), documento público, ou alterar documento público

verdadeiro; inserir ou fazer inserir, na folha de pagamento ou em documento de

informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não

possua a qualidade de segurado obrigatório; inserir ou fazer inserir, na CTPS do empregado

ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou

diversa da que deveria ter sido escrita (elemento normativo do tipo); inserir ou fazer inserir,

em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da

empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter

constatado (elemento normativo do tipo); omitir, nos documentos mencionados no §3º,

nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração (por exemplo, o trabalhador ganha

salário e comissão, mas faz contar na carteira que ganha somente o salário, omitindo a

comissão), a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Destaque-se que o §3º cuida-se do crime de falsidade ideológica, estando de forma

equivocada no artigo em análise. Quanto ao caput, caso o agente construa um documento

novo, pratica a conduta “falsificar”; caso modifique, de qualquer modo, um documento

verdadeiro, comete a conduta “alterar”.

Tipo subjetivo: O dolo.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público

verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria

ter constado.

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Consumação e tentativa: A contrafação ou alteração, por si sós, são suficientes

para a consumação, inexigindo-se outro resultado, já que o crime é de perigo em potencial.

Admite a tentativa.

Aumento de pena: Se o agente é funcionário público sua conduta deve ter maior

rigor punitivo, aumentando-se de um sexto, contudo, deve ficar evidenciado que ele se

valeu do cargo para chegar ao resultado típico.

Obs.: o testamento particular é uma forma de documento público equiparado, abrangida

pelo § 2º do artigo.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR

Proteção jurídica: A fé pública, não obstante a natureza particular documental, pois

nada impede que se relacione a interesses públicos em geral.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - O Estado.

Tipo objetivo: falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar

documento particular verdadeiro. Diz respeito à forma do documento, por isso cuida-se da

falsidade material. A falsificação pode produzir um documento inteiramente novo,

construído pelo agente, ou apenas alterar um documento verdadeiro, introduzindo-lhe

pedaços não autênticos.

Assim como no artigo anterior, o documento falsificado ou alterado deve ter

potencialidade lesiva, pois a contrafação ou modificação grosseira, não apta a ludibriar a

atenção de terceiros, é inócua, podendo, eventualmente, se tratar de estelionato.

Documento particular, por exclusão, é todo aquele que não se enquadra na

definição de documento público, isto é, não emanado de funcionário público ou, ainda que o

seja, sem preencher as formalidades legais. Assim, o documento público, emitido por

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público

verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria

ter constado.

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funcionário sem competência a tanto, por exemplo, equipara-se ao particular. Para

preencher o tipo penal, é preciso que o documento tenha alguma relevância jurídica, se

totalmente irrelevante, é atípica a conduta.

Tipo subjetivo: O dolo.

Consumação e tentativa: A falsificação, sob qualquer forma ou a alteração consuma

a infração, sem necessidade de qualquer outro resultado, bastando a potencialidade do

dano. Admite a tentativa.

FALSIDADE IDEOLÓGICA

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - O Estado e, subsidiariamente, a pessoa prejudicada pelo falso.

Tipo objetivo: Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele

devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser

escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato

juridicamente relevante.

Enquanto na falsidade de documento (público ou particular) o agente cria por

inteiro um documento ou acresce/altera parte dele, fazendo uma ação no papel, no delito

de falsidade ideológica não se altera nada no documento (na forma do documento), mas sim

omite-se ou insere-se declaração falsa ou que nele deveria constar.

Os delitos previstos nos artigos 297 e 298 dizem respeito à forma do documento, e

o delito previsto no art. 299 diz respeito ao seu conteúdo.

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele

inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar

direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três

anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do

cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de

sexta parte.

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Nos dizeres de SYLVIO DO AMARAL, na falsidade ideológica não há rasura, emenda,

acréscimo ou subtração de letra ou algarismo. Há, apenas, uma mentira reduzida a escrito,

através de documento que, sob o aspecto material, é de todo verdadeiro, isto é, realmente

escrito por quem seu teor indica.

Tipo subjetivo: O dolo, com elemento subjetivo específico consistente na vontade

de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

Consumação e tentativa: A consumação se efetiva com a omissão ou inserção da

declaração falsa ou diversa, ainda que o documento não tenha sido completado ou expedido.

Quanto à tentativa, admite-se na modalidade de fazer inserção, pois, se realizada a

declaração e o oficial ou quem esteja elaborando o documento (particular) desconfiar da

alegação antes de inseri-la, interrompeu-se a conduta do agente.

FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos:

Ativo - São as pessoas legalmente incumbidas de reconhecer as firmas ou letra de

outras, como os tabeliães e seus serventuários assim designados. É possível a coautoria, pois

a pessoa, em acordo com o tabelião, apresenta o documento com falsa assinatura,

realizando-se o reconhecimento.

Passivo - O Estado.

Tipo objetivo: Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma

ou letra que não o seja.

Exige-se que o reconhecimento ocorra no exercício da função, não sendo admitida a

autenticação feita por funcionário público sem atribuição para tanto ou afastado das suas

atividades funcionais.

Tipo subjetivo: O dolo.

Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não

seja:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e

multa, se o documento é particular.

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Consumação e tentativa: A consumação ocorre com a realização do

reconhecimento. Admite a tentativa.

CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos: Ativo - No caput, é pessoa que exerce a função pública com atribuição para atestar

ou certificar acontecimento. Exige-se o exercício efetivo da função respectiva para o ato. No

§ 1º pode ser qualquer pessoa.

Passivo - O Estado.

Tipo objetivo: Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou

circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de

caráter público, ou qualquer outra vantagem; ou ainda, falsificar, no todo ou em parte,

atestado ou certidão, ou alterar o teor da certidão ou atestado verdadeiro, para prova de

fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de

serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.

O caput cuida da falsidade ideológica de atestado ou certidão, enquanto o §1º trata

da falsidade material, eis que cuida da forma do documento. Contrariamente ao artigo

anterior, não se exige que o funcionário esteja exercendo a sua função, mas apenas que

execute as condutas típicas em razão dela.

Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que

habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer

outra vantagem:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Falsidade material de atestado ou certidão

§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de

atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público,

isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade,

a de multa.

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Tipo subjetivo: O dolo, com elemento subjetivo específico consistente na finalidade

de proporcionar a algum a obtenção de cargo público, isenção de ônus ou de serviço de

caráter público, ou qualquer outra vantagem.

Consumação e tentativa: O delito estará consumado com a elaboração documental

completa, prescindindo-se da tradição ao destinatário. Admite a tentativa.

FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos: Ativo - Somente o médico, sendo crime de mão própria.

Passivo - O Estado e, secundariamente, o terceiro prejudicado.

Tipo objetivo: Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso.

Não basta que o médico forneça atestado falso, devendo fazê-lo no exercício da

profissão. Se o médico der um atestado de idoneidade a alguém, ainda que falso, não

configura o delito, pois não diz respeito à profissão.

Tipo subjetivo: O dolo.

Consumação e tentativa: A consumação se dá com a entrega, o fornecimento do

atestado falso. Admite tentativa.

REPRODUÇÃO OU ALTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA

Proteção jurídica: A fé pública.

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

Pena - detenção, de um mês a um ano.

Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a

reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça

filatélica.

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Sujeitos: Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - O Estado e o eventual prejudicado.

Tipo objetivo: Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para

coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no

verso do selo ou da peça; ou ainda, utilizar, para fins de comércio, selo ou peça filatélica,

reproduzidos ou alterados, sem a ressalva do caput.

O objeto do delito é o selo ou qualquer peça destinada a colecionadores. A

importância da proteção penal é o crescente aumento do valor do selo ou da peça com o

passar do tempo, tornando-se autêntica preciosidade.

Tipo subjetivo: O dolo.

Consumação e tentativa: O delito consuma-se com a reprodução ou alteração, sem

a necessidade de qualquer resultado. Admite a tentativa, pois há a possibilidade da

intervenção no caso de o agente estar realizando a falsificação total ou parcial.

USO DE DOCUMENTO FALSO

Proteção jurídica: A fé pública.

Sujeitos: Ativo - Qualquer pessoa.

Passivo - O Estado e a pessoa prejudicada.

Tipo objetivo: Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se

referem os arts. 297 a 302 (documento público, documento particular, papel onde conste

firma ou letra falsamente reconhecida, atestado ou certidão pública, ou, ainda, o atestado

médico).

Exige-se que a utilização seja feita como se o documento fosse autêntico, além do

que a situação envolvida há de ser juridicamente relevante. Se o agente falsificador usa o

documento, o delito de uso de documento falso deve absorver o falso, por ser considerado

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a

302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

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crime-fim. Entretanto, há posição minoritária, afirmando a possibilidade do concurso de

crimes.

Tipo subjetivo: O dolo.

Consumação e tentativa: A consumação ocorre na ocasião em que o documento

falso é usado e ingressa no engano de outrem, sem, que o agente, por isso, tenha

efetivamente se beneficiado de alguma forma, já que o proveito não é exigível. O crime é de

natureza instantânea, mas com efeitos permanentes. Não admite a tentativa.