Tania Carvalho de Oliveira 1

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TNIA CARVALHO DE OLIVEIRA

CARACTERIZAO, NDICES TCNICOS E INDICADORES DE VIABILIDADE FINANCEIRA DE CONSRCIOS AGROFLORESTAIS

RIO BRANCO 2009

TNIA CARVALHO DE OLIVEIRA

CARACTERIZAO, NDICES TCNICOS E INDICADORES DE VIABILIDADE FINANCEIRA DE CONSRCIOS AGROFLORESTAIS

Dissertao apresentada ao Programa de Psgraduao em Agronomia, rea de Concentrao em Produo Vegetal, da Universidade Federal do Acre, como parte das exigncias para a obteno do ttulo de Mestre em Agronomia.

Orientador: Dr. Tadrio Kamel de Oliveira

RIO BRANCO 2009

OLIVEIRA, T. C. 2009.

Ficha catalogrfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade Federal do Acre

O48c

OLIVEIRA, Tnia Carvalho. Caracterizao, ndices tcnicos e indicadores de viabilidade financeira de consrcios agroflorestais. 2009. 83f. Dissertao (Mestrado em Agronomia - Produo Vegetal) Pr-Reitoria de Pesquisa e PsGraduao, Universidade Federal do Acre, Rio Branco- Acre, 2009.

Orientador: Dr. Tadrio Kamel de Oliveira

1. Sistemas Agroflorestais, 2. Indicador Econmico, 3. Amaznia, I. Ttulo

CDU 630:334.757

TNIA CARVALHO DE OLIVEIRA

CARACTERIZAO, NDICES TCNICOS E INDICADORES DE VIABILIDADE FINANCEIRA DE CONSRCIOS AGROFLORESTAIS

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Agronomia, rea de Concentrao em Produo Vegetal, da Universidade Federal do Acre, como parte das exigncias para a obteno do ttulo de Mestre em Agronomia.

APROVADA em 31 de agosto de 2009

Dr. Elias Melo de Miranda

EMBRAPA ACRE

Dr. Jacson Rondinelli da Silva Negreiros

EMBRAPA ACRE

Dr. Tadrio Kamel de Oliveira (EMBRAPA ACRE) (Orientador)

RIO BRANCO ACRE - BRASIL

Aos meus pais, Belmar e Elizabeth Oliveira. Dedico

Cada segundo tempo para mudar tudo para sempre. Charles Chaplin

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela presena incomparvel diante de todos os desafios. Universidade Federal do Acre - UFAC, pela grande oportunidade. A CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior) pelo auxlio financeiro concedido. Ao Professor, Pesquisador e Orientador Dr. Tadrio Kamel de Oliveira, que representa um grande exemplo de competncia, simplicidade, persistncia nos objetivos e coragem nos desafios. Ao Professor e Coordenador do Mestrado em Produo Vegetal Dr. Sebastio Elviro de Arajo Neto, pela presena incentivadora durante o curso e pela dedicao para que tudo desse certo. Aos Pesquisadores Jacson Rondinelli e Elias Miranda, componentes da banca avaliadora, pela colaborao para a finalizao deste trabalho. Aos colegas Francisco Chagas (Charles), Samuel Luz, Lauro Lessa, Dborah Verosa pelo companheirismo, ajuda e amizade. A todos os meus colegas de mestrado, pela convivncia e amizade. Aos funcionrios e pesquisadores da EMBRAPA ACRE, pela pacincia e valiosa colaborao nos procedimentos de campo, to importantes para que esse trabalho fosse possvel. Em especial, agradecemos ao pesquisador Claudenor Pinho de S, pela parceria, receptividade, participao nas discusses e realizao de anlises fundamentais para elaborao deste trabalho. s minhas amigas Adriana Lacerda, Aldejanes Freitas, Dayanne Andrade, Josianny Farias e Leylane Silva por estarem sempre por perto, me apoiando nas subidas e descidas do caminho que me trouxe at aqui, pela amizade mpar e verdadeira. Aos meus colegas do Departamento de Infraestrutura do Instituto de Meio Ambiente do Acre IMAC, especialmente a Elizabeth Castro e Janaina Souza, pela torcida e flexibilidade na etapa final desse trabalho. A todos enfim, que de alguma forma contriburam para que fosse possvel a realizao e efetivao deste trabalho, seja material ou emocionalmente, dedicando tempo e pacincia, com uma simples idia, reflexo, crtica ou apenas com um sorriso, um abrao ou algum trecho de cano ou poesia.

Meus sinceros agradecimentos!

RESUMO

A verificao de aspectos tcnico-cientficos e socioeconmicos de sistemas agroflorestais (SAFs) sustentveis na Amaznia so importantes para o

desenvolvimento e adoo desta forma de uso da terra. No presente estudo, objetivou-se caracterizar agronomicamente e avaliar indicadores de viabilidade financeira de consrcios agroflorestais comerciais. Foram selecionados dois sistemas implantados em reas de produtores. O primeiro, com 18 anos de idade, no municpio de Senador Guiomard AC (Projeto de Assentamento Pedro Peixoto); e o segundo, com nove anos, localizado no Seringal Porvir (Brasilia AC). Em uma segunda etapa, foram planejados em reunio tcnica, mais dois modelos, por produtores e tcnicos com amplo conhecimento e reconhecida experincia em implantao de SAFs. Alm da reunio tcnica, foram coletados dados por meio de entrevistas semi-estruturadas, nos dois consrcios selecionados em campo, o que permitiu a definio dos ndices tcnicos e, posteriormente, elaborao do fluxo de caixa e estimativa dos indicadores de viabilidade financeira para cada sistema. Os indicadores avaliados foram o Valor Presente Lquido (VPL), a Relao Benefcio Custo (RBC) e a Remunerao da Mo-de-obra Familiar (RMOF). Concluiu-se que os sistemas agroflorestais avaliados apresentam viabilidade financeira. A produo anual de componentes como o cafeeiro, aa e seringueira representa estabilidade e confiabilidade na gerao de renda dos consrcios avaliados e eleva a demanda por mo-de-obra na fase intermediria dos sistemas. O planejamento tcnico dos modelos de consrcios agroflorestais fundamental para garantir a produo contnua e gerao de renda no cultivo do sistema.

Palavras-chave: sistema agroflorestal, indicador econmico, Amaznia.

ABSTRACT

The verification of technical, scientific, social and economical aspects of sustainable agroforestry systems in Amazon are important for development and adoption of this kind of land use. In this study, the aim was to qualify and evaluate agronomic and financial viability markers of agroforestry consortia. It was chosen two systems. The first is an eighteen-year-old system located at city of Senador Guiomard AC (Settlement Project Pedro Peixoto); the second is a nine-year-old system located at Seringal Porvir (Brasilia AC). In a second step, it was planned in a technical meeting two more models by farmers and professionals with knowledge and experience with agroforestry systems. Thus, it was made an interwiew and collected data from both selected consortia and defined technical indexes and an elaboration of a cash flow and estimation of financial viability indicators for each system. The indicators evaluated were net present value (NPV), benefit-cost ratio (B/CR) and family labor remuneration (FLR). It was concluded that the agroforestry systems evaluated are financial viable. The annual production of components like coffee, aa and rubber tree gives stability and warranty of revenue`s evaluated consortia and increase the labor demand in intermediate phase of systems. The technical planning of agroforestry consortia models is fundamental to guarantee a non-stopping production and revenue to the system.

Keywords: agroforestry systems, economical indicators, Amazon.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por caf, cupuau e castanheira, destacando-se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema................................. 39

FIGURA 2 - Vista parcial externa e interna do sistema agroflorestal composto por caf, cupuau e castanheira, aos 18 anos de idade.............................................................................. 40

FIGURA 3 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por caf, banana, seringueira e flemngia, destacando-se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema........ 43

FIGURA 4 - Linhas de plantio da seringueira no SAF 2, com faixas da leguminosa Flemingia congesta........................................... 44

FIGURA 5 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por cupuau, banana, aa, teca e caf, destacando-se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema........ 46

FIGURA 6 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por seringueira, caf, banana e aa solteiro destacando-se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema........ 49

FIGURA 7 - Quantidade de dirias por hectare nos quatro consrcios agroflorestais, durante o perodo de 18 anos....................... 68

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Coeficientes tcnicos para implantao e conduo de um modelo de 1 hectare de sistema agroflorestal com cafeeiro, cupuau, castanheira, arroz e feijo no primeiro ano e milho no segundo (SAF 1)....................................... 50

TABELA 2 - Fluxo de caixa, em R$ 1,00, para 1 hectare de sistema agroflorestal composto por caf, cupuau, castanheira, arroz e feijo no primeiro ano e milho no segundo (SAF 1) ....................................................................................... 52

TABELA 3 - Indicadores de viabilidade financeira de 1 hectare do modelo de sistema agroflorestal com caf, cupuau, castanheira, arroz e feijo no primeiro ano e milho no segundo (SAF 1)................................................................ 53

TABELA 4 - Coeficientes tcnicos para implantao e conduo de um modelo de 1 ha de sistema agroflorestal com caf, seringueira, banana, flemngia, arroz e milho (SAF 2) .... 54

TABELA 5 - Fluxo de caixa, em R$ 1,00, para 1 hectare de sistema agroflorestal composto por caf, banana, seringueira, flemngia, arroz e milho (SAF 2) ....................................... 56

TABELA 6 - Indicadores de viabilidade financeira de 1 hectare do modelo de sistema agroflorestal com caf, banana, seringueira, flemngia, arroz e milho (SAF 2) ................... 58

TABELA 7 - Coeficientes tcnicos para implantao e conduo de um modelo de 1 hectare de sistema agroflorestal com cupuau, caf, banana, aa, teca, milho e feijo (SAF 3)........................................................................................ 59

TABELA 8 - Fluxo de caixa, em R$ 1,00, para 1 hectare de sistema agroflorestal composto por cupua, caf, banana, aa, teca, milho e feijo (SAF 3) .............................................. 61

TABELA 9 - Indicadores de viabilidade financeira de 1 hectare domodelo de sistema agroflorestal com cupua, caf, banana, aa, teca, milho e feijo (SAF 3) ................... 61

TABELA 10 - Coeficientes tcnicos para implantao e conduo de um modelo de 1 hectare de sistema agroflorestal com caf, banana, aa, seringueira, milho e feijo (SAF 4)........................................................................................ 63

TABELA 11 - Fluxo de caixa, em R$ 1,00, para 1 hectare de sistema agroflorestal composto por caf, banana, aa, 64

seringueira, milho e feijo (SAF 4) ...................................

TABELA 12 - Indicadores de viabilidade financeira de 1 hectare do modelo de sistema agroflorestal com caf, banana, aa, seringueira, milho e feijo (SAF 4) ................................... 65

TABELA 13 - Nome comum, cientfico, funo e densidade das espcies componentes dos modelos agroflorestais ......... 67

TABELA 14 - Tempo de permanncia dos componentes nos sistemas agroflorestais estudados, durante o perodo de 18 anos ............................................................................... 70

TABELA 15 - Prticas de manejo realizados na implantao e manuteno dos consrcios agroflorestais ...................... 72

SUMRIO

1 INTRODUO................................................................................................... 2 REVISO DE LITERATURA............................................................................. 2.1 SISTEMAS AGROFLORESTAIS.................................................................... 2.2 CONSRCIOS AGROFLORESTAIS COMERCIAIS...................................... 2.2.1 Composio das Espcies........................................................................... 2.2.2 Distribuio Espacial dos Componentes (Arranjos e espaamentos)........ 2.3 ASPECTOS ECONMICOS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS............... 3 MATERIAL E MTODOS.................................................................................. 3.1 CARACTERIZAO DOS SISTEMAS E COEFICIENTES TCNICOS ....... 3.2 ANLISE DE INDICADORES DE VIABILIDADE FINANCEIRA .................... 4 RESULTADOS E DISCUSSO........................................................................ 4.1 CARACTERIZAO DOS CONSRCIOS AGROFLORESTAIS ................. 4.1.1 SAF 1 (castanha x cupuau x caf)............................................................. 4.1.2 SAF 2 (seringueira x caf x banana x flemingia)......................................... 4.1.3 SAF 3 (cupuau x caf x banana x aai x teca)........................................... 4.1.4 SAF 4 (seringueira x caf x banana x aai) ................................................ 4.2. COEFICIENTES TCNICOS E INDICADORES DE RENTABILIDADE FINANCEIRA ....................................................................................................... 4.2.1 SAF 1 (castanha x cupuau x caf)............................................................. 4.2.2 SAF 2 (seringueira x caf x banana x flemingia)......................................... 4.2.3 SAF 3 (cupuau x caf x banana x aai x teca)........................................... 4.2.4 SAF 4 (seringueira x caf x banana x aai) ................................................ 4.3 CONSIDERAES ENTRE OS SISTEMAS.................................................. 4.3.1 Uso e distribuio da mo-de-obra nos sistemas ....................................... 4.3.2 Prticas de implantao e manejo............................................................... 5 CONCLUSO.................................................................................................... REFERNCIAS..................................................................................................... APNDICES..........................................................................................................

14 16 16 21 22 25 28 33 34 35 37 37 37 41 44 47 50 50 54 59 62 66 67 71 73 74 82

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INTRODUO

Ao longo dos anos, a agricultura itinerante foi uma pratica muito comum realizada pelos agricultores do Estado do Acre. Caracterizada pelo plantio aps corte e queima de florestas primrias ou capoeiras, esse tipo de agricultura culmina no abandono da rea aps trs a quatro anos, sendo motivos principais a degradao sofrida pelos solos associada invaso de pragas e plantas daninhas. O modelo atual de agricultura mecanizada, baseado principalmente na explorao de monoculturas, no tem proporcionado o equilbrio econmico necessrio ao bem estar das populaes rurais e urbanas, e em contraste, tem contribudo para a degradao do meio ambiente, originando ecossistemas instveis (LEITE et al., 2002). Experincias de insucesso tm sido percebidas ao se estabelecer em ambiente amaznico as mesmas prticas e manejos de explorao de outras regies. Isso porque um dos principais problemas da agricultura e pecuria nos solos amaznicos baixa capacidade de manuteno da produtividade ao longo dos anos. Com a degradao agrcola (DIAS FILHO, 2005) das reas onde foram plantadas culturas anuais e posteriormente pastagens, a tendncia do proprietrio abandonar a rea e investir em novas extenses de floresta para implantar novas culturas e pastagens. Os Sistemas agroflorestais (SAFs) surgem ento, como uma alternativa de desenvolvimento ambiental e scio-econmica, que busca beneficiar o sistema produtivo atravs do enriquecimento de espcies dentro de uma mesma rea, aumentando tanto a vida til das culturas e gerando renda para o produtor. Buscando diversificar a produo, obter maior rentabilidade e melhorar o manejo do solo, produtores tm adotado sistemas agroflorestais, estimulados por organizaes da sociedade civil ou por instituies de pesquisa e/ou difuso. Para Wandelli e Souza (2000), os sistemas agroflorestais passaram a ser uma das formas de uso da terra com linhas de financiamento prprias e os mais adotados por instituies que buscam o desenvolvimento sustentvel. Entretanto, nem sempre esta demanda est acompanhada de uma estrutura logstica, social e tcnica necessria ao pleno desenvolvimento de qualquer sistema de produo agrcola. Isso faz com que os sistemas agroflorestais ao serem adotados, sejam implantados

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com limitaes de sucesso, principalmente, devido a carncias de prticas que norteiam a sustentabilidade. Dentre as limitaes encontradas nos estudos de SAFs, podemos destacar a necessidade de um perodo maior de estudo para a gerao de dados das espcies inseridas no sistema, levando em considerao a produo ser escalonada, sendo esta caracterstica vantajosa na utilizao dos SAFs. Porm, esse aumento na cronologia de estudo tem dificultado a obteno de dados a curto prazo e at mesmo mais seguros, pois as informaes so normalmente coletadas a partir de dados apresentados pelos produtores. No entanto, experincia e orientao adequada conferem credibilidade a esta forma de coleta das informaes, que surge como a nica alternativa para anlises de sistemas bem sucedidos e implantados h mais de 10, 15 ou mesmo 20 anos, sem acompanhamento e coleta de dados tcnicos desde a implantao. Diante dos estudos sobre consrcios agroflorestais comerciais h

necessidade de resultados concretos que demonstrem a viabilidade sob os aspectos financeiros como forma de aumentar a aceitabilidade dos sistemas agroflorestais (SAFs) pelos produtores e definir parmetros que possam respaldar os diferentes modelos agroflorestais propostos aos produtores rurais (GOMES; MOURO JNIOR; ARCO-VERDE, 2002). Em estudos desta magnitude, possvel verificar o grau de dependncia dos sistemas agroflorestais pela mo-de-obra do produtor rural, se h produo contnua e gerao de receita em todos os anos de cultivo, bem como a viabilidade financeira dos diversos sistemas existentes. A verificao de diversos modelos, aspectos tcnico-cientficos e

socioeconmicos de sistemas agroflorestais sustentveis existentes na Amaznia so importantes por agregar informaes especficas da regio, contribuindo para o enriquecimento da literatura e fornecendo informaes acessveis aos produtores locais. Todavia, essas informaes ainda so escassas e este trabalho busca contribuir com resultados tcnicos baseados na realidade da agricultura familiar da regio. Objetivou-se caracterizar agronomicamente e avaliar indicadores de viabilidade financeira de quatro consrcios agroflorestais comerciais.

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2. REVISO DE LITERATURA

O avano da fronteira agrcola sobre as reas naturais vem descaracterizando o ecossistema original, com srios prejuzos qualidade de vida das populaes (OHASHI et al., 2004). O desenvolvimento e modernizao da agropecuria brasileira, inegavelmente proporcionaram significativos aumentos da rea plantada, da produtividade e, consequentemente, da produo de produtos de origem animal embora tenha provocado uma grande diminuio da cobertura florestal natural. Outra realidade que grande parte dos pequenos produtores rurais com pouca renda para sua sobrevivncia necessitam de alternativas de aumento de emprego e renda na propriedade rural (RODIGHERI, 2004). Nesses casos, o produtor pode racionalizar a ocupao de suas terras usando-as melhor, com cultivos agrcolas anuais e, obedecendo legislao, ocupando a terras com potencial silvicultural com o plantio de rvores. Neste contexto, destacam-se dentro das atividades agropecurias, os sistemas

agroflorestais (SAF), os quais so tidos como alternativas sustentveis aos sistemas intensivos de produo agrcola (DANIEL et al., 1999).

2.1. SISTEMAS AGROFLORESTAIS

De acordo com Montagnini (1992), os Sistemas Agroflorestais (SAFs) so o conjunto de tcnicas de manejo e uso do solo que implicam na combinao de rvores com cultivos anuais, com pecuria ou com ambos, de forma conjunta ou escalonada no tempo e no espao. So modelos de explorao do solo que mais se assemelham ecologicamente com uma floresta natural e por isso importante alternativa de uso sustentvel do ecossistema tropical. Segundo Yared et al. (1998), o SAF a combinao de trs componentes bsicos: rvores, cultivos agrcolas e/ou animais. Dentro dessa associao, o componente arbreo ou planta lenhosa, nem sempre tem o objetivo de produo (madeira, ltex, resina, fruto, etc.), podendo desempenhar papel de servio (proteo). desejvel que as rvores sejam de uso mltiplo, assumindo concomitantemente as funes de produo e proteo. De acordo com Dagostini et al (2009), SAF um sistema de muitas idiascomponentes sobre como produzir com uma mesma preocupao: diminuir a

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degradao do meio para poder produzir por mais tempo. Ou ainda, um sistema de produo em que se produz um pouco menos em quantidade, mas, com melhor regularidade. Os SAFs podem ser compreendidos, sob o ponto de vista estritamente agronmico, como sistemas de consrcio entre dois ou mais componentes, em que pelo menos um deles seja uma planta lenhosa e perene. O componente arbreo pode desempenhar tanto funes de produo (madeira, fruto, resina, ltex, etc.) como de servio (proteo, sombreamento, adubao), ou mesmo ambas as funes simultaneamente (OLIVEIRA et al., 2005). Esses sistemas tm demonstrado ser uma alternativa vivel de plantio quando comparado ao sistema tradicional. Ao utilizar SAFs, associando espcies florestais e frutferas numa mesma rea, os produtores podem cultivar diferentes espcies de forma permanente, diversificando sua produo, minimizando assim, os riscos de perdas. Diversificando o plantio, h maior cobertura do solo podendo auxiliar na melhoria da sua fertilidade (ARCOVERDE et al., 2000). Os SAFs representam uma alternativa agroecolgica de produo, sob regime sustentvel, para os agricultores familiares na regio amaznica, principalmente no que se refere ao manejo florestal, diversidade de produtos e gerao de renda (MOURO JNIOR et al., 2004). So muitas as definies sobre SAFs, porm pode-se uniformiz-las com base nos aspectos estruturais, funcionais, socioeconmicos e ecolgicos

apresentados pela maioria dos autores. Estruturalmente, deve-se considerar a mistura espacial dos componentes lenhosos, a estratificao vertical dos componentes e o arranjo temporal dos mesmos. Funcionalmente, a categorizao depende da funo do sistema, seja de produo ou de servio (AIRES, 2003). O critrio para identificar os SAFs est baseado em princpios e prticas de manejo que contemplem, pelo menos, os seguintes aspectos: interaes ecolgicas e econmicas positivas entre os componentes, considerao aos processos de sucesso ecolgica, eficincia na ciclagem de nutrientes e no uso dos recursos, possuir dois ou mais produtos, o ciclo completo de SAF ser sempre superior a um ano, presena de rvores, presena de espcies fixadoras de nitrognio, cobertura de solo e biodiversidade (DUBOIS et al., 1996; WANDELLI; SOUZA, 2000; ENGEL, 2003; DUBOIS; MENESCAL, 2004). obrigatrio que pelo menos um dos

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componentes

seja

manejado

para

produo

agrcola,

inclusive

pastagens

(OLIVEIRA et al., 2005). Dentre as vantagens que a utilizao dos SAFs podem trazer a seus usurios est a capacidade de manter bons nveis de produo ao longo dos anos e melhorar a produtividade de forma sustentvel. Isso acontece devido ao fato das rvores e arbustos utilizados nesses sistemas possurem funes de adubao, proteo e conservao do solo (MONTAGNINI et al., 1992). E como os SAFs so quase sempre manejados sem o uso de agrotxicos ou requerem quantidade mnima destas substncias qumicas, os efeitos negativos sobre o meio ambiente so, portanto, reduzidos. Outro aspecto importante que a associao de arvores e arbustos, nas culturas agrcolas e nas pastagens, contribui para a conservao dos rios e cursos dgua (DUBOIS et al., 1996). De acordo com Dubois et al. (1996), Engel (2003) e Aires (2003), ainda podemos citar como benefcios dos SAFs: - Os SAFs podem aumentar a renda familiar; - Proporcionam menor risco para os produtores, devido a uma maior diversificao da produo em cada propriedade,ou seja, maior proteo contra variaes dos preos de mercado; - Possibilitam melhor distribuio da mo-de-obra ao longo do ano; - Alimentao mais equilibrada da famlia rural; - O custo da implantao e manuteno dos SAFs podem ser mantidos dentre limites aceitveis para o pequeno agricultor, plantando-se espcies perenes juntamente com a lavoura branca com reduzidos custos de mo-de-obra; - Devido sombra das rvores tornam mais confortvel o trabalho na roa; - Potencial de gerar renda mediante venda de madeiras e servios ambientais tais como o seqestro de carbono, geram outros produtos no-madeireiros, para autoconsumo ou comercializao (mel, sementes florestais, palmito, cacau, caf, frutas/castanhas, produtos fito-farmacuticos, etc.). - O aumento da durabilidade ecolgica e econmica do sistema, em vista de sua arquitetura biolgica, incluindo as plantas de ciclo curto, ciclo longo e animais; - A garantia da aceitabilidade social, por meio de uma seqncia de atividades dirias e estacionais de fcil compreenso, moldadas sob a tradio local e concebidas para aumentar sua eficincia;

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- A procura pelo uso completo de todos os recursos inorgnicos e em todos os nichos disponveis para plantas e animais teis, ao mesmo tempo que se procura maximizar a reciclagem desses recursos; realidade dizer que uma grande parte da Amaznia brasileira coberta por solos pobres, e ao serem expostos ao impacto direto das chuvas, depois do desmatamento, so freqentemente sujeitos a uma forte eroso (DUBOIS et al., 1996). A degradao do solo um dentre os principais fatores que levam o agricultor a abandonar a rea de cultivo e investir em novas terras. Em locais onde a presso pelo uso da terra alta, o manejo inadequado do solo tem levado a srios problemas de degradao. A rotao de culturas uma prtica que acontece cada vez mais rpida, fazendo com que os perodos de pousio sejam mais curtos, no dando tempo ao ambiente se restabelecer. A presena arbrea no sistema um elemento indispensvel nos SAFs, pois proporciona proteo do solo contra eroso, diminui o escoamento superficial, promove maior infiltrao da gua, reduz a temperatura do solo e aumenta a quantidade de matria orgnica contribuindo com a ciclagem de nutrientes (OLIVEIRA et al., 2005). Isto ocorre devido s razes de algumas espcies alcanarem camadas mais profundas no solo, onde absorvem nutrientes que iro acumular-se nas folhas, flores e frutos destas. Esses, ao carem no cho, funcionam como adubo, enriquecendo o solo com matria orgnica e nutrientes (DUBOIS et al., 1996). Do ponto de vista ecolgico, a coexistncia de mais de uma espcie numa mesma rea permite uma melhor utilizao da gua e dos nutrientes. A ciclagem dos nutrientes tende a ser mais rpida e os nutrientes so melhor aproveitados pelas culturas intercalares, uma vez que as razes destes cultivos concentram-se na camada superior do solo. Do ponto de vista agronmico, deve-se levar em conta as demandas que as rvores e as culturas agrcolas detm em termos de espao, nutrientes e gua, e a partir dessas informaes pode-se avaliar se o consrcio das duas espcies produz mais do que seria obtido se as duas espcies fossem cultivadas separadamente (OLIVEIRA et al., 2005; SILVA, 2004). De acordo com Engel (2003), os SAFs tm sido classificados de diferentes maneiras. A classificao dos SAFs atualmente aquela adotada pelo ICRAF (International Council for Research in Agroforestry), CATIE (Centro Agronmico Tropical de Investigacin y Enseanza) e REBRAF (Rede Brasileira Agroflorestal),

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que se baseia no tipo de componentes includos e na associao entre eles. Essa classificao descritiva: o nome da cada sistema indica os principais componentes, d uma idia de sua fisionomia e principais funes e objetivos, e por isso mais didtica. Montagnini (1992) e Dubois (2004), citam 3 categorias como sistemas de classificao de amplo uso: os sistemas silviagrcolas so caracterizados pela combinao de rvores, arbustos ou palmeiras florestais com cultivos agrcolas, sejam eles de ciclo curto ou cultivos perenes; um exemplo tpico: cafezais sombreados com espcies madeireiras e espcies adubadoras sejam elas arbreas ou arbustivas. Enquadram-se nesta classe os sistemas de cultivo em faixas, taungya, multiestratificados comerciais, agrofloresta sucessional e manejo de capoeira. Os sistemas silvipastoris so caracterizados pela insero de espcies arbreas dentro da atividade pecuria ou a criao de animais dentro de povoamentos florestais. De forma bastante simplificada, o consrcio de espcies arbreas e pastagens. Exemplo: a combinao de pasto com diversas espcies arbreas de regenerao natural na Amaznia. Os sistemas agrosilvipastoris caracterizam-se pelo consrcio do componente arbreo com cultivos agrcolas e animais. Enquadram-se nesta classe os sistemas agrossilvipastoris tpicos e os quintais agroflorestais. Por exemplo: um quintal de uma pequena propriedade agrcola na Amaznia, com diversas frutferas, espcies florestais e pequenos animais como aves e sunos. Segundo Marto (2006), os SAFs podem variar tanto em sua estrutura e funo, como em suas condies scio-econmicas e ecolgicas. Quanto estrutura esta pode variar sua composio (rvores, plantas herbceas, animais), o arranjo espacial do componente arbreo (densidade e distribuio das plantas), a estratificao vertical e o arranjo temporal dos componentes. No que se refere a funo, esta pode ser desde a produo de bens (madeira, fruto, semente, forragem, lenha, etc.) como a de servios a outras espcies ou ao sistema como um todo (quebra-ventos, cercas-vivas, conservao do solo). O mbito scio econmico varia de acordo com o nvel de utilizao de insumos no manejo, intensidade ou escala do manejo e os objetivos comerciais. Os vrios sistemas de classificao dos SAFs so muito discutidos entre profissionais de nvel acadmico e so, de fato, muito controvertidos (AIRES, 2003).

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Apesar do componente arbreo conferir vantagens a todos os SAFs, cada tipo apresenta determinado conjunto de caractersticas que podem ser utilizadas com propsitos especiais, segundo as necessidades de manuteno ou mesmo de recuperao da fertilidade do solo (OLIVEIRA et al., 2005). Dentre as prticas ou modalidades de SAFs mais comuns podemos citar: quintais, cercas vivas, agroflorestas, taungya, cultivos em faixas (alley cropping), consrcios agroflorestais ou multiestratificados, sistema silvipastoril e sistema agrossilvipastoril.

2. 2. CONSRCIOS AGROFLORESTAIS COMERCIAIS

Os sistemas agroflorestais comerciais consistem na organizao racional dos quintais agroflorestais para obteno de produtos direcionados especificamente ao mercado consumidor. Tambm conhecidos como consrcios agroflorestais

comerciais multiestratos ou multiestratificados, so uma mistura de um nmero limitado de espcies anuais, perenes e semi-perenes, em geral menos de dez, de reconhecido valor comercial, tendo como propsito a explorao agronmica e econmica, formando e aproveitando diversos estratos verticais. Distingue-se das agroflorestas, pois elas apresentam uma composio muito mais diversificada (OLIVEIRA et al. 2005; DUBOIS et al., 1996). Embora os cultivos de ciclo curto sejam componentes temporrios de sistemas agroflorestais comerciais na Amaznia brasileira, estes desempenham um papel significativo na sua fase de implementao. Todos os sistemas agroflorestais na Amaznia so altamente dinmicos, especialmente nos primeiros anos de estabelecimento, quando a substituio de espcies relativamente rpida (DUBOIS; MENESCAL, 2004). O ideal, antes da implantao de um consorcio comercial, que haja um planejamento agronmico e econmico prvio, no qual ficaro especificadas as espcies, os espaamentos, as prticas culturais, perspectivas de rentabilidade, retorno de investimento, etc. Combinar espcies compatveis e adequadas a uma ou mais funes, selecionar tecnologias apropriadas s condies ambientais e sociais e desenhar e planejar modalidades especficas de multicultivo para satisfazer determinada demanda de produo so algumas das tarefas necessrias para se alcanarem as metas dos sistemas agroflorestais produtivos (ARCO-VERDE et al., 2009).

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2.2.1. Composio de Espcies

As caractersticas referentes ao desempenho de cada consrcio, devem-se em grande parte a interao das espcies que faro parte da sua composio, bem como o tipo de arranjo, os espaamentos utilizados, o nvel tecnolgico do produtor e etc. Os SAFs trazem a vantagem de diversificao do plantio pela possibilidade de combinaes variadas das espcies em uma mesma rea. Na regio Amaznica h uma variedade de espcies nativas que possuem um elevado valor comercial local e aceitabilidade em outras regies. A explorao desses recursos naturais um fator que facilita o uso de espcies locais, j familiarizadas com o ambiente. O consrcio constitudo por uma ou mais espcies perenes agrcolas, associadas s espcies adjuvantes ou de servio. Nesses consrcios, as espcies adjuvantes preenchem, de fato, diversas funes, tais como: fornecer sombra ou proteo aos cultivos agrcolas, produzir madeira com forte demanda no mercado (mogno, freij, mulateiro, paric e etc), manter ou aumentar a fertilidade do solo, contra o calor do sol e o impacto das chuvas (DUBOIS et al., 1996; OLIVEIRA et al., 2005). O agricultor tem diversas opes para compor um consrcio agroflorestal. Justamente por isso, a possibilidade de escolher o lugar certo e a espcie certa um fator primordial para evitar que as conseqncias de um erro no plantio seja descoberto na colheita, ou aps anos de investimento. Segundo Meirelles (2003), existem alguns fatores que regulam os consrcios como arquitetura, tolerncia sombra, exigncias em termos de solo, afinidade no tempo de sucesso. Conforme May e Trovatto (2008), no decorrer da formao do sistema convm escolher espcies anuais como o arroz, milho, feijo, hortalias, abbora, mamoeiro, entre outras, consorciando com espcies que iniciam a sua produo quando termina a fase de espcies de ciclo curto, ou seja, frutferas precoces e cultivos persistentes que continuam produzindo por um tempo maior, inclusive debaixo de sombra moderada (bananeiras, gengibre, abacaxi, etc.) e cultivos agrcolas perenes. Das espcies com ciclo de produo mdio a longo, destaca-se o caf, cacau, citros e outras fruteiras, palmeiras comerciais (palmito juara; aa, pupunha, etc.), espcies madeireiras demandantes do mercado, preferencialmente nativas (por exemplo, freij, amarelo, mulateiro, etc.) ou mesmo exticas (Teca) no invasoras, considerando sempre as condies locais de solo e clima. Dubois e

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Menescal (2004) citam que os cultivos de ciclo curto ajudam a pagar os custos de estabelecer os cultivos perenes. Em determinadas culturas, com relao produtividade, pode ocorrer um efeito conjunto do sistema de produo e do tempo. Esse efeito pode ser determinado pelos tipos de culturas associadas ou mesmo pela caracterstica da prpria cultura, como observado por Bentes-Gama (2003), em consrcios e monocultivos compostos por diversas espcies, entre elas, o cupuau. As oscilaes na produo do cupuau apresentaram variaes de um a quatro anos de durao do ciclo, desde o incio da sua frutificao. Este fato deve-se, alm das diferenas entre os sistemas em que a espcie estava presente, variao da florao, que ocorre em 74% das plantas, florescendo simultaneamente, e ainda suscetibilidade da cultura estiagem no perodo de florao, levando ao declnio da produo de frutos. Fato semelhante foi observado por Quisen & Souza (1998), em consrcios de castanha-do-brasil com cupuaus em Rondnia. De acordo com Leite et al. (2002), em muitos casos, se observam benefcios mtuos entre os consortes, seja no compartilhamento de recursos naturais e exgenos ou na ao reguladora sobre o microclima, pela proteo fsica dos solos contra efeitos perniciosos do sol, vento e chuvas. Segundo Dubois et al. (1996), a escolha da espcie e o momento de introduo no sistema um critrio importante no planejamento. Um exemplo seria o plantio simultneo de cacau e freij. O freij forneceria o sombreamento definitivo cultura do cacau, beneficiando-o, e no futuro, o produtor poderia utilizar a madeira do freij, possibilitando nesse modelo de produo, diversificar sua fonte de renda. Em estudo realizado por Arco-verde e Mouro Jnior (2002), na avaliao de vrios sistemas comerciais localizados no Estado de Roraima, de um grupo de mais de 50 produtores da regio, observou-se que aproximadamente 50 % dos componentes implantados nos sistemas agroflorestais foram rvores frutferas. A banana foi a espcie mais plantada entre as semi-perenes e aa e cupuau na categoria das frutferas perenes. Entre as rvores madeirveis, cedro-doce, accia e eucalipto, foram as espcies preferidas entre os produtores. Corra et al. (2002), acerca do incremento de biomassa e diferentes interaes, cita espcies adubadoras como a gliricdia e ing, contribuindo em mais de 60 % do total do ingresso de biomassa no sistema. E ainda, aos sete anos de idade, as espcies madeireiras, castanheira e cupiba, tambm aportaram

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satisfatoriamente a matria orgnica, auxiliando nas interaes com o cupuau e pupunha. Lopes et al (2004), estudando a percepo de uma comunidade de agricultores de Roraima acerca da utilizao dos SAFs, mostrou que 80% deles acham que o plantio de rvores lucrativo, e a tomam como investimento, embora concordem que seja uma atividade demorada e trabalhosa. Dentre as espcies consideradas com potencial de utilizao foram citadas espcies adubadoras: ing; frutferas: abiu, aa, cupuau, pupunha e tapereb; madeirveis: accia, andiroba, angelim-ferro, angelim-pedra, cedro-amargo, cedro-doce, copaba, eucalipto, ip, ip amarelo, maaranduba, mogno, paric, peroba, pinho, tatajuba e teca; alm de outras espcies de uso tanto como frutfera, quanto madeirvel: castanha-do-brasil, piqui e etc. Algumas culturas, mesmo em solos de baixa fertilidade, que poderiam apresentar um menor rendimento, se beneficiam da associao com outras espcies influenciando positivamente na sua produo. o que acontece com a produo de pupunha em consrcios com castanha-do-brasil, freij-louro, e cupuau. Segundo estudos de Souza et al.(1998), a produo da pupunha ocorreu aps cinco anos do plantio, aumentou nas duas safras seguintes quando passou a alternar baixos e altos rendimentos. interessante observar que a pupunha produziu 10% a mais que o cultivo solteiro, no perodo de estudo, podendo ser justificada pela melhor ciclagem de nutrientes no consorcio agroflorestal do que em relao cultura solteira. Locatelli et al. (2001), ao estudar a combinao do cupuau com castanha-dobrasil, freij e pupunha e em monocultivo, confirma a grande susceptibilidade dessa cultura estiagem no perodo de florao, provocando queda da produo de frutos neste perodo. Ao comparar safra a safra, a produo do cupuauzeiro associado castanheira foi sempre igual ou superior quelas em que a planta estava associada com o freij-louro ou com a pupunheira, exceo feita uma das safras, quando a produo do cupuauzeiro associado ao freij-louro foi superior aos demais tratamentos, e considerou os rendimentos obtidos no sistema cupuauzeiro x castanheira como excelentes. A produo de serrapilheira desse mesmo sistema representou uma fonte de ingresso de nutrientes para a produo de frutos de cupuau, j a produo de biomassa area da castanheira-do-Brasil no foi afetada pela consorciao, enquanto a do freij-louro sim.

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A seringueira tambm uma espcie nativa utilizada dentro de consrcios com cultivos anuais, cultivos perenes e semi-perenes. De acordo com Pereira et al (2006), vrios SAFs de seringueira com cafeeiro tm sido estudados, recomendados e utilizados de forma temporria(quebra-vento) ou permanente, com vantagens para ambas as culturas nas mais diversas regies produtoras de borracha natural e caf . Dentre algumas alternativas temos os consrcios: seringueira x caf; seringueira x palmito pupunha etc. (MARTIELLO, 2004; MACEDO et al., 2006; LEAL et al., 2007; LOPES; GOMES, 2007; RODRIGUES et al., 2009). O tipo de solo tambm um fator que se deve levar em conta na implantao do consrcio, j que a correo uma prtica que aumenta muito o custo no estabelecimento e a produtividade do sistema variando conforme a interao das culturas entre si e com a textura do solo (GUIMARES MELO, AMABILE, 2000; ARCO-VERDE; SCHWENGBER; XAUD, 2000).

2.2.2. Distribuio espacial dos componentes (arranjos e espaamentos)

Para a explorao comercial de uma cultura necessrio o planejamento de todas as fases, particularmente daquelas diretamente ligadas implantao e formao da lavoura. Qualquer erro cometido nesse perodo pode comprometer seriamente a explorao, resultando em baixas produtividades e menor longevidade da lavoura ou mesmo inviabilizando a atividade por onerar o custo de produo. Normalmente se utilizam o mximo de conhecimentos sobre os fatores que contribuem para o melhor crescimento e para a maior produo, embora muitas variaes ou adaptaes sejam hoje adotadas em funo do sistema de produo adotado (NECAF, 2009). Dentre os aspectos que devem ser levados em considerao na implantao de um sistema agroflorestal, destacam-se os possveis arranjos que se pode estabelecer para as espcies. A opo por um determinado espaamento traz

reflexos diretos por um longo perodo, seja na execuo e nos custos que devero ser dispensados lavoura, seja na sua produtividade e longevidade. Os SAFs devem tentar reproduzir ao mximo a arquitetura das formaes naturais, buscando a otimizao da radiao, umidade e nutrientes. Assim, cada indivduo dentro de um SAF desenvolve-se, conforme suas prprias caractersticas

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de crescimento e das condies oferecidas pelo ecossistema, em pocas e velocidades diferentes (MARTINEZ et al., 2004). O sucesso da implantao est na soma de decises a serem tomadas, quanto a escolha das espcies e o mtodo de plantio, visando a composio do mosaico agroflorestal, de acordo com o estgio sucessional. Para isto, necessrio utilizar espcies de diferentes grupos ecolgicos (pioneiras; secundrias iniciais e tardias; e clmax). Esses grupos apresentam comportamentos diferenciados quanto luz e nutrientes, tornando a competio entre elas menos acentuada (CAMPELLO et al., 2007). A densidade de cada espcie e seu arranjo, tanto na estrutura vertical como horizontal, visam maximizar a capacidade produtiva por unidade de rea, em funo de aspectos agronmicos como viabilidade dos tratos culturais e colheita, a minimizao da competio inter e intra-especfica e otimizao da rea agrcola disponvel (OLIVEIRA et al., 2005). Dubois et al. (1996) citam que a distribuio espacial das espcies adjuvantes dentro do sistema varivel. Quando, por exemplo, se trata de estabelecer um plantio de caf ou de cacau numa capoeira rica em madeiras comerciais (freij, paric, etc), a capoeira derrubada, deixando em p as rvores de valor. A distribuio espacial dessas rvores de regenerao natural no uniforme. Mas, quando as espcies so plantadas h vrios arranjos possveis de estabelecer dentro do plantio. O plantio adensado e diversificado em SAFs possibilita um melhor aproveitamento das reas de plantio, ocupando todos os estratos e diferentes profundidades de solo, diferenciando-se dos monocultivos, onde os espaamentos convencionais so grandes e o solo geralmente fica descoberto, favorecendo o surgimento das chamadas plantas espontneas. O plantio diversificado e adensado busca uma ocupao mais eficiente dos diferentes nichos ecolgicos do agroecossistema, com a substituio de espcies pertencentes a diferentes grupos sucessionais e aumento da biomassa ao longo do tempo (ROSRIO et al. 2004). Algumas culturas tm maior produtividade quando esto adensadas, como o caso do caf. Possibilitando o aumento da populao de plantas pelo menos em 4 a 5 vezes em relao aos espaamentos convencionais, maior produtividade por rea o que possibilita o retorno mais rpido do capital investido, melhor

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aproveitamento das reas de plantio e maior proteo do solo contra a eroso e melhoria de suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas (NECAF, 2009). Leal et al. (2007), em experimento de consrcio caf x seringueira, analisaram a produtividade das plantas de caf situadas sob a influncia das copas das seringueiras nos espaamentos duplos seringueira 13 m x 4 m x 2,5 m + caf (2,5 m x 1 m) e 22,1 m x 4 m x 2,5 m + caf (2,5 m x 1,0 m). A orientao sentido lesteoeste das filas interferiu na quantidade de raios solares recebidas durante o ano, reduzindo a temperatura das folhas do cafeeiro, favorecendo sua produtividade. J Macedo et al. (2006), em consrcio de seringueira x caf, sob diversos espaamentos, verificou que os maiores valores de crescimento em altura e dimetro das plantas de seringueira foram verificados nos tratamentos consorciados em altas densidades de plantio. E, as maiores produes de caf beneficiado foram observadas nos cafeeiros consorciados com seringueiras em baixas densidades de plantio. A definio do espaamento para plantio florestal de grande importncia, considerando a sua influncia na taxa de crescimento, no valor e na qualidade da matria-prima, no manejo, na explorao florestal e nos custos de produo. Rondon (2002), ao estudar o desenvolvimento do paric em diferentes

espaamentos observou que as menores produes esto relacionadas aos espaamentos 2 m x 2 m, 4 m x 3 m e 1,5 m x 1,5 m e as maiores, aos espaamentos 4 m x 4 m e 4 m x 2 m. O aumento da densidade promoveu reduo de altura e dimetro das plantas. O arranjo outro aspecto que deve ser levado em considerao, com preferncia para as espcies nativas, isso pelo fator adaptao, tanto em relao ao local de implantao, quanto a espcie que se vai consociar. Lopes (2001), estudando diversos arranjos em sistemas agroflorestais comerciais, determinou diferentes padres de sustentabilidade entre os sistemas. Dentre eles, destacou-se o sistema citros x espcies florestais nativas por caractersticas como eficincia produtiva e viabilidade econmica. Ao se estabelecer os seguintes consrcios: pupunha + cupuau/ ing + cupuau + pupunha/ cupuba + cupuau/ glircidia + ing/ glircidia + pupunha e castanha + cupuau/ em espaamento 3 m x 2 m, Corra et al. (2002), assinalam distino entre as interaes cupuau + cupiba e gliricdia + Ing, com valores superiores de matria orgnica, quando comparadas s demais. As espcies

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adubadoras, gliricdia e ing, cumprem seu papel ao contribuir em mais de 60 % do total do ingresso de biomassa no sistema e as espcies madeirveis, castanheira e cupiba, tambm aportam satisfatoriamente para a entrada de matria orgnica, auxiliando nas interaes com o cupuau e pupunha. Ao estudar o crescimento inicial de teca nos espaamentos, 3 m x 2 m; 6 m x 2 m; 6 m x 3 m; 6 m x 4 m e 12 m x 2,5 m, Macedo et al. (2005), observaram maior crescimento no espaamento de plantio de 3 m x 2 m, no se evidenciando efeitos competitivos intra-especficos para os espaamentos utilizados. Entretanto, Rondon (2006) estudou o desenvolvimento, altura, e incremento de biomassa de teca em vrios espaamentos e verificou que o aumento da densidade populacional promoveu diminuio na circunferncia das plantas de teca, enquanto a altura permaneceu constante. Segundo Ferreira e Tonini (2006), em um SAF formado por castanha-dobrasil, cupiba e outras espcies, todos sob espaamento 3m x 2m, um levantamento quantitativo indicou que 81,16% das rvores de castanha-do-brasil e 45% das de cupiba, apresentaram fuste reto sem defeitos que permite obter madeira de boa qualidade. Tanto a castanheira quanto a cupiba apresentou potencialidade silvicultural para reflorestamento e uso em sistema agroflorestal nas condies estudadas. Na comparao entre as duas espcies, a castanheira apresentou maior crescimento. Segundo Guimares et al. (2000), espcies florestais como mogno, seringueira e nim indiano (espaamentos de 9 m x 6 m) apresentam melhores crescimentos quando consorciadas com caf ou palmeiras produtoras de palmito e seus crescimentos iniciais no so beneficiados quando consorciadas com o milho.

2.3. ASPECTOS ECONMICOS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

De maneira geral, no Brasil, as pesquisas a respeito de sistemas agroflorestais tm abordado mais aspectos biofsicos, ecolgicos e sociais, deixando uma lacuna em relao aos aspectos econmicos. A demanda por informaes acerca da viabilidade econmica de sistemas agroflorestais tem crescido em funo da busca por alternativas para diversificao de produo e renda, e recuperao

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ambiental de reas antes usadas na agricultura tradicional e que atualmente apresentam-se degradadas ou esto em algum nvel de degradao. Embora os SAFs possam diminuir os riscos de investimentos relativos ao monocultivo e apresentar vantagens ecolgicas, trata-se tambm de uma atividade complexa em que o andamento depende da interao dinmica das espcies arbreas e culturas selecionadas, e apresentam riscos e incertezas, do mesmo modo que as outras atividades. Avaliaes econmicas, para subsidiar a definio de polticas pblicas, agentes de financiamento, pesquisadores e produtores, sobre a natureza dos retornos desses investimentos na Amaznia brasileira so, dessa forma, fundamentais, especialmente no que se refere agricultura familiar e segurana alimentar (AMARO; ARCO-VERDE, 2009). Para Rodrigues et al. (2008), uma importante caracterstica dos SAFs que eles esto inseridos numa perspectiva de sustentabilidade em seu escopo ambiental, uma vez que a perenidade implica o uso permanente da mesma rea, o que necessita de certa estabilidade do sistema. Entretanto, para que os SAFs possam se projetar como vetores do desenvolvimento sustentvel, torna-se essencial o entendimento de seus preceitos bsicos, ou seja, suas potencialidades e limitaes no apenas sob seus princpios ambientais, mas tambm econmicos. Para a anlise econmica de SAFs existem basicamente trs perspectivas, considerando os atores envolvidos. A primeira est relacionada ao agente financeiro que visa rentabilidade dos sistemas; a segunda est relacionada ao produtor em satisfazer suas necessidades urgentes com a mxima garantia do investimento; e a terceira, ligada a ambientalistas, com a finalidade de proteger o meio ambiente e garantir desenvolvimento sustentvel (LABARTA-CHAVARRI; LANSING, 2005). Durante o processo de consolidao de sistemas agroflorestais h uma necessidade de obter informaes financeiras sobre as diferentes etapas de implantao e manejo dos modelos agroflorestais para comparar os custos e receitas das espcies utilizadas, assim como conhecer a real demanda de mo-deobra nas diferentes fases dos SAFs. Desta forma, poder-se-ia apresentar aos representantes do meio rural, informaes biofsicas e socioeconmicas de diferentes modelos agroflorestais (ARCO-VERDE, 2008). A diversificao de cultivos mediante os SAFs uma fonte estratgica de produo de alimentos diante do monocultivo, embora estes tambm estejam

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suscetveis s variaes do desempenho das culturas selecionadas, bem como s flutuaes dos preos de mercado, entre outros fatores tecnolgicos e econmicos (BENTES-GAMA et al., 2005). A falta de informao gera a desconfiana do produtor rural e,

conseqentemente, dificuldade para a adoo da prtica agroflorestal. necessrio informar ao produtor rural a respeito dos custos de preparo das mudas e de implantao, demanda de mo-de-obra, prticas de manejo e planejamento da comercializao dos produtos (ARCO-VERDE, 2008). Devido a maior diversidade de espcies no sistema, h melhor utilizao de recursos naturais disponveis, em que o componente arbreo, geralmente, contribui para proteo e melhoria do solo e manuteno do processo de ciclagem direta de nutrientes. Alm disso, pode melhorar o nvel de vida do trabalhador rural, medida que favorece a sustentabilidade econmica. Dentro desse contexto, muitas comunidades agrcolas da Amaznia vm investindo nos SAFs como alternativa econmica (S et al., 2000). Apesar da concordncia de que os SAFs apresentam vantagens ecolgicas e podem reduzir o risco de investimento em uma s cultura, constata-se que estes representam uma atividade complexa que apresenta tantos riscos e incertezas como outras atividades agrcolas e florestais mais conhecidas; partindo da a importncia de fazerem avaliaes econmicas sob condies de risco para subsidiar os agentes de financiamento, tcnicos e produtores neste tipo de investimento na Amaznia (BENTES-GAMA et al., 2005). Dentre os benefcios econmicos que o uso de SAFs pode proporcionar podemos citar obteno de produtos agrcolas e florestais na mesma rea, reduo das perdas na comercializao, reduo dos custos de implantao e de manuteno florestal e aumento da renda lquida por unidade de rea da propriedade (RODIGHERI, 2004). Os nveis de avaliao dos SAFs dependem dos indicadores financeiros, de indicadores do produtor e da avaliao dos impactos ambientais. importante tambm considerar na avaliao econmica que os SAFs tm componentes diversos inter-relacionados em tempo e espao e que a natureza dos SAFs requer uma avaliao de rentabilidade financeira diferenciada (LABARTA-CHAVARRI; LANSING, 2005).

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De acordo com S et al. (2000) e Santos (2000), podemos definir como alguns indicadores econmicos o valor presente lquido (VPL), relao benefcio custo (RBC) e remunerao da mo-de-obra familiar (RMOF). O valor presente lquido determina a viabilidade de um cultivo pela diferena positiva entre benefcios e custos (RODRIGUES et al., 2008). A anlise de benefciocusto permite comprovar a viabilidade econmica do investimento, ao comparar as receitas do projeto com os custos e investimentos nele efetuados, ao longo de sua vida til. A remunerao da mo-de-obra familiar (RMOF) a diviso da renda do trabalho familiar (RTF) pelo nmero de homem dia (dirias) de mo-de-obra familiar (HDF) utilizado na explorao (S et al., 2000). Nos ltimos anos, vm sendo realizados estudos sobre avaliao econmica de sistemas agroflorestais no Brasil. Segundo Santos (2000), estudando quatro modelos agroflorestais utilizados em reas degradadas na Amaznia, a atividade pode contribuir para regenerao de rea com degradao semelhante ao estudo e que dentre os modelos, o sistema agrossilvicultural multiestrato apresentou melhor desempenho devido ao potencial das espcies adotadas, das quais mais de 70% possuam mercado garantido. Como os SAFs no so adotados em larga escala no Brasil, falta adoo de polticas agrcolas adequadas, como manuteno e divulgao dos preos mnimos, linhas de crdito especficas, melhoria dos sistemas de transporte e incentivos para promover o beneficiamento dos produtos agrcolas florestais (RODRIGUES et al., 2008). Para Rodigheri (2004), o cultivo do milho e feijo mesmo plantados nas entrelinhas dos plantios florestais, proporcionaram uma margem positiva,

contribuindo para reduzir os custos de implantaes florestais, racionalizando o uso da terra, contribuindo com o aumento de emprego e renda na propriedade rural, alm da produo de alimento e madeira na mesma rea. Observou tambm que a rentabilidade da erva-mate, eucalipto e pnus em SAFs (com plantio de feijo + milho no primeiro e segundo ano) maior do que a respectiva rentabilidade desses cultivos solteiros. Mendes (2002), avaliando os modelos de SAFs mais utilizados em Tom-A PA, verificou que dentre os consrcios comerciais com essncias florestais (castanha-do-brasil e mogno) e atividades agrcolas temporrias e/ou permanentes, ambas so economicamente viveis, dado que seus resultados so coerentes com a

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teoria econmico-financeira, proporcionando retorno ao investidor, bem como remuneram, confortavelmente, o custo de oportunidade do capital empregado. Para Santos (2000), esses sistemas, devidamente planejados, diminuem os custos de implantao dos cultivos arbreos, apresentam um fluxo de caixa mais favorvel e contribuem para agregao de receitas para o produtor. De uma maneira pragmtica pode-se mencionar que a explorao de policultivos contribui para a reduo dos riscos scio-econmicos e ecolgicos, inerentes s monoculturas. Rodrigues et al. (2008), ao aplicar indicadores econmicos em um sistema agroflorestal Taungya, implantado para a recuperao de uma rea de Reserva Legal, verificou que das onze famlias estudadas apenas trs apresentaram VPL negativo, e quatro apresentaram RBC menor que uma unidade econmica, que resulta em oito famlias com sucesso econmico na produo agroflorestal. A justificativa das famlias para a no-rentabilidade foi a baixa produo agrcola devido estiagem prolongada subseqente ao plantio e atpica para a poca. A maior ou menor viabilidade econmica ir depender de um manejo mais intenso na rea para produo agrcola e de preos satisfatrios para venda no mercado. Dos modelos propostos nos estudos de Santos (2000), o sistema agroflorestal multiestrato apresentou melhor desempenho, devido ao grande potencial comercial das espcies introduzidas, das quais 71% possuam mercado garantido, mostrando que os SAFs podem promover fluxo de caixa regular e oferecer simultaneamente produtos madeireiro e no madeireiros, permitindo maior flexibilidade na comercializao e racionalizao da mo-de-obra familiar. Apesar das evidncias apresentadas tanto no mbito tcnico como nas condies do produtor rural, ainda h carncia de informaes acerca da rentabilidade econmica da maioria dos consrcios agroflorestais implantados.

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3. MATERIAL E MTODOS

O presente estudo foi conduzido a partir de um levantamento de dados secundrios (reviso em literatura especfica) de modelos de sistemas agroflorestais (SAFs) disponibilizados pelos centros da Embrapa, universidades e organizaes no governamentais. Os consrcios agroflorestais foram selecionados em um conjunto de SAFs avaliados como parte de atividades do projeto Recursos Florestais na Amaznia Estudo de sistemas de produo e ndices tcnicos, executadas pela Embrapa Acre, nos municpios de Porto Acre, Rio Branco, Senador Guiomard, Brasilia, no estado do Acre; e no distrito de Nova Califrnia (Porto Velho RO), especificamente no projeto RECA (Reflorestamento Econmico Consorciado e Adensado). A partir desse estudo foram identificados dois sistemas implantados em reas de produtores. O primeiro, com dezoito anos, encontra-se no municpio de Senador Guiomard AC, no km 57 da BR-317 (sentido Rio Branco/AC Boca do Acre/AM), entre as coordenadas 09 51 27 S e 67 25 39 W. O outro, com nove anos de idade, est localizado no Seringal Porvir, na rea da Reserva Extrativista Chico Mendes, no municpio de Brasilia, estado do Acre, s coordenadas 10 52 30 S e 68 39 00 W. Em Senador Guiomard o clima da regio, segundo a classificao de Kppen Ami, caracterizado como tropical chuvoso, com ntida estao seca, temperatura anual mdia de 24,6 (ACRE, 2000). Predominam Latossolos C Vermelho-Amarelos, em geral caulinticos, profundos, bem drenados em ambientes de relevo plano a suave ondulado (ARAJO et al., 2007). Em Brasilia o clima da regio, segundo a classificao de Kppen Awi, caracterizado por apresentar ndice pluviomtrico relativamente elevado de setembro a abril (mdia de 1.683 mm), com perodo seco de maio a agosto (mdia de 60 mm). A temperatura anual mdia de 24,5 ( PIMENTEL; PINHEIRO, 2000). C O tipo de solos predominante so os Argissolos, em reas de relevo mais movimentado (ACRE, 2006). Na segunda etapa deste trabalho foram planejados/desenvolvidos mais dois modelos de sistemas agroflorestais em reunies tcnicas com produtores. Para caracterizar e identificar os coeficientes tcnicos dos modelos de sistemas

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agroflorestais desenvolvidos com os agrossilvicultores, utilizou-se o mtodo de painel tecnolgico, em que foram selecionados e reunidos produtores do projeto RECA e tcnicos da Embrapa Acre. Foram levantados trabalhos j publicados sobre sistemas semelhantes com a finalidade de subsidiar planilhas preliminares para apoio nas reunies tcnicas, na qual os sistemas foram desenvolvidos pelo grupo, assim como os coeficientes de produo.

3.1. CARACTERIZAO DOS SISTEMAS E COEFICIENTES TCNICOS

As etapas seguintes referiram-se ao levantamento de dados primrios, por meio de entrevistas semi-estruturadas aos produtores, nos dois sistemas agroflorestais selecionados em campo, o que permitiu posteriormente a definio dos ndices tcnicos. Foram realizados levantamentos de reconhecimento (georreferenciamento, identificao e seleo de modelos de SAFs no campo) e avaliados o histrico de implantao, a composio de espcies, o arranjo, aspectos vegetativos e produtivos das culturas selecionadas, inicialmente mediante a aplicao de um questionrio (apndice) a respeito de cada modelo implantado pelos agricultores. A metodologia utilizada para a realizao da anlise dos indicadores de viabilidade financeira considerou as atividades de mo-de-obra e os insumos requeridos nas diversas fases de implantao e manuteno do sistema. Quanto aos custos de mo-de-obra foram relacionadas despesas de atividades limpeza e preparo da rea para plantio, capina e roagem manual, arao, gradagem, demarcao da rea, marcao das linhas de plantio, plantio, replantio, capina, colheita, adubao, preparo de mudas, transporte das mudas, poda, desbaste, tratos culturais em bananeiras e cafeeiros, entre outros. Alm disso, foram listados insumos como fertilizantes, sementes, mudas e ferramentas agrcolas. Utilizaram-se dados fornecidos pelos produtores por meio das entrevistas tcnicas, nos dois sistemas selecionados em campo. A partir do dcimo ano at o dcimo oitavo, as informaes referentes produtividade, mo-de-obra e custos e receitas das espcies frutferas perenes e madeirveis foram estimadas. Demais valores referentes prognose da produtividade e do crescimento dos componentes foram considerados tendo como base os resultados reais relatados pelos produtores desde os anos de implantao dos SAFs, alm de dados da literatura especfica,

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onde se observou o registro atualizado de outros projetos existentes na regio amaznica, avaliados em condies semelhantes s do presente estudo. Os dados de todas as atividades para implantao, manuteno e produtividade dos componentes dos dois outros sistemas foram obtidos em consenso entre o grupo de produtores e tcnicos participantes da reunio tcnica. Foram elaboradas tabelas indicativas do tempo de permanncia de cada um dos componentes dentro dos sistemas, caracterizando as mudanas ao longo do tempo nos modelos de SAFs em cada consrcio. E ainda fez-se uma anlise das prticas de manejo realizadas na implantao e manuteno de cada sistema.

3.2. ANLISE DE INDICADORES DA VIABILIDADE FINANCEIRA

Foram

utilizados

como

indicadores

na anlise de

rentabilidade

do

investimento o Valor Presente Lquido (VPL), a Relao Benefcio Custo (RBC) e a Remunerao da Mo-de-obra Familiar (RMOF).

i.

Valor Presente Lquido VPL

Apresenta os valores lquidos no instante considerado inicial, a partir de um fluxo de caixa formado por uma srie de receitas e custos (ARCO-VERDE, 2008). O critrio de adoo deste mtodo o seguinte: um VPL positivo indica que o projeto economicamente vivel, para uma determinada taxa utilizada. Deve-se aceitar o investimento com VPL positivo e, conseqentemente, rejeitar aquele com VPL negativo (HOFFMANN et al., 1987; HIRSCHFELD, 1998; REZENDE & OLIVEIRA, 2001; SILVA et al., 2002).

VPL= (Bl Cl) / (1 + i)nem que: Bl = valor atual dos ingressos/receitas; Cl = valor atual dos custos; i = taxa de juros; n = perodo em que os ingressos ou os custos ocorreram.

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ii.

Relao Benefcio Custo RBC

Divide os benefcios atualizados pelos custos atualizados, indicando quanto os benefcios superam ou no os custos totais (HOFFMANN et al., 1987; REZENDE & OLIVEIRA, 2001; SILVA et al., 2002).

B/C = Bn(1 +i)-n / (Cn(1 +i)-nem que B = valor atual dos ingressos/receitas; C = valor atual dos custos; i = taxa de juros; n = perodo em que os ingressos ou os custos ocorreram.

iii. Remunerao da Mo-de-obra Familiar RMOF

A RMOF foi estimada pela diviso da renda do trabalho familiar - RTF pelo nmero de homem dia (dirias) de mo-de-obra familiar HDF utilizados na atividade. Este indicador representa o valor mximo da diria que a atividade pode pagar pelo trabalho familiar (SANTOS et al., 1999).

Para proceder a anlise dos indicadores realizou-se o fluxo de caixa para uma rea de 1 hectare de cada sistema agroflorestal. A anlise foi realizada para um perodo de 18 anos. Os valores dos custos e receitas foram atualizados com taxa de desconto de 6% ao ano, enquanto os preos dos fatores foram considerados os de mercado, vlidos para julho de 2009.

37

4. RESULTADOS E DISCUSSO

4.1. CARACTERIZAO DOS CONSRCIOS AGROFLORESTAIS

4.1.1. SAF 1 (castanheira x cupuau x caf)

O SAF 1 localiza-se no projeto de assentamento Pedro Peixoto (municpio de Senador Guiomard AC) e foi implantado no ano de 1990. Dos 48 ha da propriedade, 1 ha foi destinado ao SAF. A rea apresenta relevo plano a suave ondulado, sendo anteriormente ao plantio, coberta por capoeira fina. A propriedade privilegiada pelo acesso contnuo ao longo do ano, estando s margens da rodovia BR 317. Para implantao do sistema, a etapa do preparo da rea ocorreu entre os meses de julho a setembro, utilizando o mtodo tradicional da broca, derrubada, queima, coivara, tpico da agricultura familiar poca na Amaznia. No houve mecanizao e nem aplicao de calcrio ou adubo. No plantio foram utilizadas mudas produzidas na propriedade e mudas adquiridas gratuitamente pelo produtor. As espcies utilizadas na implantao do sistema foram: caf Conilon (Coffea canephora), castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) e cupuau (Theobroma grandiflorum). Alm dessas culturas permanentes, tambm foram cultivadas espcies de ciclo anual como arroz (Oryza sativa), feijo (Phaseolus vulgaris) e milho (Zea mayz). O piqueteamento e plantio das espcies escolhidas foi realizado no ms de novembro do primeiro ano, tendo como base a castanha-do-brasil com espaamentos de 15 m x 15 m. Na linha de plantio das castanheiras e ao centro das entrelinhas foram distribudas linhas de caf com espaamento 3 m x 3 m. Substituindo as plantas de caf quando coincidia na mesma cova de plantio foi implantado o cupuau no espaamento de 6 m x 6 m (FIGURA 1). As espcies permanentes apresentam os seguintes espaamentos e nmero de plantas por hectare: castanha-do-brasil (15 m x 15 m): 49 plantas/ha; caf (3 m x 3 m): 793 plantas/ha; cupuau (6 m x 6 m): 247 plantas/ha. Neste esquema de plantio, a densidade do SAF implantado equivale a um total de 1.089 plantas por hectare.

38

Na rea, alm das espcies implantadas, encontram-se tambm algumas de regenerao natural (FIGURA 2) como tucum (Astrocaryum aculeatum), samama (Ceiba pentandra (L.) Gaertn), cumar-cetim (Apuleia mollaris), entre outras. O produtor, ao permitir que outras espcies cresam na rea do consrcio, est contribuindo com o enriquecimento do sistema de modo natural. Muitas vezes algumas dessas espcies que surgem de regenerao natural na propriedade, so espcies difceis de propagar por mudas e podem contribuir como fonte de sementes que pode vir a ser utilizada futuramente pelo agricultor.

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FIGURA 1 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por caf, cupuau e castanheira, destacando- se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hecta-

re do sistema.

Fotos: Tadrio Kamel de Oliveira

40

41

FIGURA 2 - Vista parcial externa e interna do sistema agroflorestal composto por caf, cupuau e castanheira, aos 18 anos de idade.

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4.1.2 SAF 2 (seringueira x caf x banana x flemngia)

Este SAF comercial foi instalado em dezembro de 1999, em Brasilia, municpio do Estado do Acre que faz fronteira com a Bolvia. A rea encontra-se localizada na Reserva Extrativista Chico Mendes, possui rea total de 600 ha, sendo que 10 ha so utilizadas como SAFs, dos quais 0,5 ha equivale rea de estudo. O consrcio foi estabelecido numa regio anteriormente coberta por floresta primria, em rea com relevo ondulado. A floresta primria (Floresta Aberta com Palmeiras) (Acre, 2000) foi derrubada e queimada, de acordo com a tradio na rea da reserva, no perodo. As etapas de preparo da rea foram realizadas no segundo semestre de 1999, odebecendo ao tradicional sistema da agricultura itinerante: broca, derrubada, queimada e encoivaramento. No houve mecanizao e nem aplicao de calcrio ou adubo. Em novembro do mesmo ano, houve o plantio do arroz na rea e aps o piqueteamento, no ms de dezembro, foi realizado o plantio das mudas de Catua (Coffea arabica), banana (Musa sp.) e seringueira (Hevea brasiliensis). Todo o sistema foi submetido ao cultivo intercalar de arroz, no primeiro ano e milho, no segundo. O piqueteamento foi realizado no ano 1999 a partir da espcie escolhida como base para o sistema, nesse caso, a seringueira com espaamento 3 m x 12m. Nas entrelinhas da seringueira foram dispostas trs linhas de caf Catua, no espaamento de 3 m x 2 m. Em 2001 foi adicionada ao sistema de maneira intercalada entre as linhas do caf duas linhas de bananeiras, no espaamento 3 m x 3 m. Ao lado de cada linha de seringueira, esto dispostas faixas com 1 m de largura da espcie Flemngia (Flemingia congesta), implantadas em 2003, onde foram utilizados em torno de 2 kg de sementes por hectare. A flemngia uma leguminosa que foi introduzida para aumentar a fertilidade do solo e a ciclagem de nutrientes dentro do SAF, alm de reduzir a quantidade de plantas daninhas. Assim sendo, o arranjo no SAF 2 (FIGURA 3) consiste em trs linhas de cafeeiro (C. arabica) entre as linhas de seringueira com uma fileira de banana entre as linhas do cafeeiro, e com plantio da leguminosa Flemingia congesta de cada lado das linhas de seringueira (FIGURA 4), mais espcies arbreas espontneas regeneradas.

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Nesta disposio, as espcies apresentam os seguintes espaamentos e nmero de plantas por hectare: seringueira (3 m x 12 m): 264 plantas/ha; caf (3 m x 2 m): 1250 plantas/ha; banana (3 m x 3 m): 561 plantas/ha; e flemngia onde foram lanadas proporcionalmente 2 kg de sementes por hectare nas faixas ao lado das linhas de seringueira. A densidade do SAF, exceto a flemngia, seria ento de 2.075 plantas por hectare. Foram contabilizadas trs espcies de regenerao natural no SAF 2. A espcie mais abundante foi a Faveira (Schizolobium amazonicum), com 45 rvores, representando quase a totalidade (95,7%) dos indivduos arbreos de ocorrncia natural. Observou-se alm desta, as espcies Marup (Jacaranda copaia) e Embaba (Cecropia sp.).

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FIGURA 3 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por caf, banana, seringueira e flemngia, destacando-se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema.

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FIGURA 4 - Linhas de plantio da seringueira no SAF 2, com faixas da leguminosa Flemingia congesta.

4.1.3 SAF 3 (cupuau x caf x banana x aai x teca)

A implantao de um mdulo de 1 ha deste consrcio agroflorestal comercial ocorreu em rea de capoeira com idade igual ou superior a trs anos, em terreno plano ou suave ondulado. As etapas para o preparo da rea iniciam-se pela limpeza do terreno, envolvendo destoca com trator; primeira catao de razes; gradagem; segunda catao e nivelamento com grade. Na seqncia, o piqueteamento realizado para a espcie escolhida como base para o sistema, neste caso o cupuau, no espaamento 6 m x 8 m. Intercaladas entre cada planta de cupuau, na linha, so dispostas as bananeiras (6 m x 8 m). Ao centro das entrelinhas de oito metros do cupuauzeiro planta-se o caf intercalado com aa (espaamento 4 m x 8 m). A essncia florestal, no caso a teca, plantada na linha do cupuauzeiro, substituindo uma bananeira a cada 18 metros.

Foto: Tadrio Kamel de Oliveira

46

Nesta disposio (FIGURA 5), segundo S et al. (2008a) as espcies apresentam os seguintes espaamentos e nmero de plantas por hectare: cupuauzeiro (6 m x 8m): 221 plantas/ha; cafeeiro (4 m x 8 m): 300 plantas/ha; teca (8 m x 18 m): 65 plantas/ha; bananeira (6 m x 8 m): 143 plantas/ha; e aa solteiro (4 m x 8 m): 288 plantas/ha. Neste esquema de plantio, a densidade do SAF implantado equivale a um total de 1.017 plantas por hectare. Por ocasio do piqueteamento, recomenda-se identificar as covas demarcadas para a primeira espcie, pois estas servem de balizamento para as demais culturas e orientam o plantio. Alm disso, as covas recebem uma adubao diferenciada e, portanto, devem ser reconhecidas. Conforme os produtores, utiliza-se esterco bovino curtido ou pa, nas quantidades 10 L/cova para cupuau, 2 L/cova para caf e 10 L/cova para banana. A adubao das covas pode ser feita at trinta dias antes do plantio ou no momento deste, se o material estiver bem decomposto. Otimizando o preparo do solo na implantao do sistema, juntamente com as demais culturas, realiza-se o plantio de milho nas entrelinhas e em sucesso, aps a colheita, o plantio de feijo. A finalidade principal, de acordo com os produtores, a alimentao da famlia. Aps a colheita das anuais, planta-se uma espcie leguminosa nas entrelinhas, em geral a puerria, fazendo-se o manejo com faco ou roadeira, cerca de trs vezes por ano. As recomendaes agronmicas bsicas de manejo para os

componentes envolvidos neste consrcio agroflorestal devem seguir as respectivas orientaes para a cultura em questo, desde capinas, adubao, podas, desbastes, controle fitossanitrio at a colheita.

478mo o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o10 14 18

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o22 26

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o30 34

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o38 42

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o46 50

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o54 58

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o62 66

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o70 74

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o78 82

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o86 90

o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o ~ o x ~ o x ~ o94 98

A x B C D E x

Cupuau

6m

x

~ o ~ o

x ~o

Bananeira Teca Aa Caf

x

~ o 4m

Espaamentos x A 6 x 8 m (221 plantas/ha) (13 linhas com 17 plantas/linha) B 6 x 8 m (143 plantas/ha) (13 linhas com 11 plantas/linha) x C 8 x 18 m (65 plantas/ha) (13 linhas com 5 plantas/linha) x D 4 x 8 m (288 plantas/ha) (12 linhas com 24 plantas/linha) E 4 x 8 m (300 plantas/ha) (12 linhas com 25 plantas/linha) x

x

~ o ~ o

x

~ o

x

~ o ~ o

x

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x

~ o ~ o

x

100 m

x

~ o

x

x

~ o ~ o

x

x

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x

x

~ o

x

0-2

6

100

FIGURA 5 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por cupuau, banana, aa, teca e caf, destacandose a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema (S et al., 2008a).

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4.1.4 SAF 4 (seringueira x caf x banana x aai) semelhana do SAF 3, a implantao de um mdulo de 1 hectare deste consrcio agroflorestal comercial ocorre em rea de capoeira com idade igual ou superior a trs anos, em terreno plano ou suave ondulado. As etapas para o preparo da rea iniciam-se pela limpeza do terreno, envolvendo destoca com trator; primeira catao de razes; gradagem; segunda catao e nivelamento com grade. Na seqncia, o piqueteamento realizado para uma espcie escolhida como base para o sistema, neste caso a seringueira, no espaamento 4 m x 15 m. Nas entrelinhas das seringueiras so dispostas trs linhas de cafeeiro (espaamento 4 m x 5m) e entre estas planta-se duas linhas com aaizeiro e bananeira intercalados (FIGURA 6). Nesta disposio, as espcies apresentam os seguintes espaamentos e nmero de plantas por hectare: seringueira (4 m x 15 m): 175 plantas/ha; cafeeiro (4 m x 5 m): 500 plantas/ha; bananeira (4 m x 5 m): 312 plantas/ha; e aa solteiro (4 m x 5 m): 325 plantas/ha. Neste esquema de plantio, a densidade do SAF implantado equivale a um total de 1.312 plantas por hectare. Por ocasio do piqueteamento, recomenda-se identificar as covas demarcadas para a primeira espcie, pois estas servem de balizamento para as demais culturas e orientam o plantio. Alm disso, as covas recebem uma adubao diferenciada e, portanto, devem ser reconhecidas. Conforme os produtores, utiliza-se esterco bovino curtido, nas quantidades 13 L/cova para seringueira, 2 L/cova para caf, 10 L/cova para banana e 10 L/cova para aa. A adubao das covas pode ser feita at trinta dias antes do plantio ou no momento deste, se o material estiver bem decomposto. Otimizando o preparo do solo na implantao do sistema, juntamente com as demais culturas, realiza-se o plantio de milho nas entrelinhas e em sucesso, aps a colheita, o plantio de feijo. A finalidade principal, de acordo com os produtores, a alimentao da famlia. Aps a colheita das anuais, planta-se uma espcie leguminosa nas entrelinhas, em geral a puerria, fazendo-se o manejo com faco ou roadeira, cerca de trs vezes por ano. As recomendaes agronmicas bsicas de manejo para os

componentes envolvidos neste consrcio agroflorestal devem seguir as

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respectivas orientaes para a cultura em questo, desde capinas, adubao, podas, desbastes, controle fitossanitrio at a colheita.

50

0-2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50 54 58 62 66 70 74 78 82 86 90 94 98 m

~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~

o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o3,75

o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o6,25 8,75

~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~

o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o

~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~ x ~

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o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o

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o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o

o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o

A B C D

o x

Caf Bananeira Seringueira

~

Aa

Espaamentos A 4 x 5 m (500 plantas/ha) (20 linhas com 25 plantas/linha) B 4 x 5 m (312 plantas/ha) (13 linhas com 24 plantas/linha) C 4 x 15 m (175 plantas/ha) (7 linhas com 25 plantas/linha) D 4 x 5 m (325 plantas/ha) (13 linhas com 25 plantas/linha)

0 1,25

11,25 13,75 16,25 18,75 21,25 23,75 26,25 .........

56,25 58,75 61,25 63,75 66,25 68,75 71,25 73,75 76,25 78,75 81,25 83,75 86,25 88,75 91,25 93,75 96,25 98,75 100 m

FIGURA 6 - Representao esquemtica do consrcio agroflorestal composto por seringueira, caf, banana e aa solteiro, destacando-se a disposio das plantas, espaamentos e densidade para uma rea til de 1 hectare do sistema (S et al., 2008b).

51

4.2

COEFICIENTES FINANCEIRA

TCNICOS

E

INDICADORES

DE

RENTABILIDADE

4.2.1. SAF 1 (castanheira x cupuau x caf) Na Tabela 1 apresenta-se os coeficientes tcnicos para a implantao e manuteno de 1 ha de consrcio agroflorestal para produo de castanha, caf e cupuau, conforme avaliao do sistema no campo e dados registrados e fornecidos pelo produtor. TABELA 1 - Coeficientes tcnicos para implantao e conduo de um modelo de 1 hectare de sistema agroflorestal com cafeeiro, cupuau, castanheira com arroz e feijo no primeiro ano e milho no segundo (SAF 1).Anos Discriminao Custo da terra (4% do valor da terra) Preparo da rea p/ plantio Derruba e queima (operador de motosserra) Aquisio enxada Fazer covas para plantio (caf + castanheira + cupuau) Demarcao da rea (tirar piquetes e piqueteamento) Plantio de Arroz Semente de Arroz Capina ou roo da rea e poda de formao Aquisio de mudas (caf) Aquisio de mudas (cupuau) Aquisio de mudas (castanheira) Plantio (caf + cupuau+castanheira) Carro de boi + boi Matraca Foice Motoserra Boca de lobo Lima chata Plantio do feijo Colheita do Arroz Quantidade colhida (arroz) Quantidade colhida (feijo) Plantadeira manual Colher e bater (feijo) Receita do feijo Semente de milho Sacaria para lavouras anuais (feijo) Sacaria para lavouras anuais (arroz) UND 0 ha dh dh un dh dh dh kg dh un un un dh da und und de un un dh dh kg kg und dh sc kg sc sc 793 247 49 6 1 1 1 8 1 1 1 1 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8 1 5 1 1 3 2 2 20 10 8 8 8 8 8 8 8 8 8 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 1 10 1 11 a 18 1

2 4 12 2000 500 1 6 10 10 10 40 Continua...

52

Anos Discriminao UND 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 a 18

Sacaria para lavouras anuais (milho) Plantio de lavoura anual dh 2 (Milho) Colheita de lavoura anual dh 4 (Milho) Quantidade colhida (milho sc 40 2000 kg) Beneficiamento do milho sc 4 (10% da produo) Colheita de caf dh 5 10 10 10 10 10 10 Secagem e ensacamento de dh 3 6 6 6 6 6 6 caf Receita de caf (produo de caf em coco) conilon scsc 15 25 25 25 25 25 25 40kg Pano para derria (caf) Sc 2 2 2 2 2 2 2 Sacaria p/ caf sc 15 25 25 25 25 25 25 Peneira (dois anos) und 1 2 2 2 2 2 2 Rodo de madeira und 1 1 1 1 1 1 1 2 Terreiro (64m - valordi 3 6 6 6 6 6 6 equivalente) Produo anual de cupuau frutos/ (fruto) 1 ano (5 frutos por ha 1175 planta) Produo anual de cupuau frutos/ 1880 1880 1880 1880 1880 1880 1786 1786 - 8 frutos/planta ha Colheita de cupuau (1 dia dh 16 16 16 16 16 16 16 16 8 por semana/2 meses (maro e abril)/duas pessoas Frete do cupuau para local verba 1 1 1 1 1 1 1 1 1 de venda -16 reais em 2 meses Produo de castanha Lata 3 3 6 Colher, quebrar e dh 1 1 1 transportar a castanha ha: hectare; verba: R$; und: unidade; dh: dia homem; da: valor equivalente da diria de uso de um animal de trao; di: valor equivalente da diria de uso da infraestrutura; de: valor equivalente diria de uso do equipamento; sc: saco; t = tonelada; kg = quilograma; L = litro.

Por meio do fluxo de caixa (TABELA 2), verifica-se que este consrcio agroflorestal apresenta retorno financeiro positivo no primeiro ano aps a implantao, devido receita gerada pelas culturas anuais nos 2 anos iniciais (TABELA 1). O que est de acordo com May e Trovatto (2008) que citam que na formao do sistema convm escolher espcies anuais como o arroz, feijo, entre outras, consorciando com espcies que iniciam a sua produo quando termina a fase de espcies de ciclo curto. At os nove anos os valores de fluxo de caixa foram positivos. Contudo, a partir do encerramento da colheita de caf nesta idade do sistema, o rendimento passou a ser negativo, devido a pequena receita gerada pela produo incipiente de castanha, uma vez que as rvores so originadas de sementes e apresentam incio e estabilidade da produo mais tardio.

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TABELA 2 - Fluxo de caixa, em R$ 1,00, para 1 hectare de sistema agroflorestal composto por caf, cupuau, castanheira, arroz e feijo no primeiro ano e milho no segundo (SAF 1).

ANO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Total

RECEITA 0,00 1.733,33 800,00 1.680,00 2.753,00 2.753,00 2.753,00 2.753,00 2.753,00 2.783,00 1.101,60 1.101,60 1.078,02 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 24.402,55

DESPESA 2.486,81 1.013,30 547,00 1.654,35 1.879,97 1.879,97 1.383,97 1.879,97 1.879,97 1.922,47 1.384,50 1.218,50 1.018,50 102,50 102,50 102,50 102,50 102,50 84,50 20.570,66

RCT at 0,00 1.635,22 712,00 1.410,56 2.180,63 2.057,20 1.940,76 1.830,90 1.727,27 1.647,25 615,13 580,31 535,74 28,13 26,54 25,04 23,62 22,28 21,02 17.019,60

DES at 2.486,81 955,94 486,83 1.389,02 1.489,11 1.404,82 975,64 1.250,29 1.179,51 1.120,15 773,10 641,89 506,16 48,06 45,34 42,77 40,35 38,06 29,60 14.903,45

FLX at (2.486,81) 679,28 225,17 21,54 691,52 652,38 965,11 580,62 547,75 527,11 (157,97) (61,58) 29,58 (19,93) (18,80) (17,73) (16,73) (15,78) (8,58) 2.116,14

RCT at = Receita atualizada; DES at = Despesa atualizada; FLX at = Fluxo atualizado. Nmeros entre parnteses representam valores negativos.

Entretanto, deve-se considerar que em um hectare de sistema agroflorestal tem-se 49 rvores de castanheira, nmero bastante superior ao encontrado em floresta natural. De acordo com Wadt et al. (2005) e Salomo (1991), a densidade de castanha-do-brasil (DAP 10 cm) citada na literatura varia de 1,3 a 5,1 indivduos.ha-1. Aliado regenerao de espcies da vegetao secundria e outras arbreas como samama, tucum e cumaru-cetim, mencionados anteriormente, futuramente pode-se ter uma floresta produtiva em termos de produtos madeireiros e nomadeireiros. Este aspecto torna importante a indicao deste e de outros modelos de SAFs para fins de reflorestamento. Outras associaes buscam equilbrio, diversidade e o restabelecimento de espcies que outrora eram comuns em determinada regio, como verificado por Souza e Moreira (2000), ao estudarem arranjos com doze espcies distintas, entre

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elas: cinco espcies florestais (seringueira, sumama, par-par, breu e cuiarana), duas palmeiras (pupunheira e aaizeiro) e de cinco fruteiras (cupuauzeiro, cacaueiro, camu-camu, biribazeiro e sorveira). Souza et al, (2004) e Ohashi et al. (2004), citam o paric e taxi-branco, bem como paric x aa x cupuau, ao selecionar espcies florestais que apresentam bom desempenho em volume de madeira, crescimento e que podem ser utilizadas no reflorestamento na regio Amaznica. Elaborado o fluxo de caixa, as receitas e despesas totais atualizadas com a taxa de desconto de 6% ao ano, chegou-se aos indicadores de desempenho financeiro da atividade, conforme discriminado na tabela 3. Na anlise observa-se que os indicadores de rentabilidade avaliados apresentaram valores positivos, demonstrando a viabilidade financeira do sistema agroflorestal em questo. A viabilidade econmica do sistema agroflorestal pelo mtodo do valor presente lquido (VPL) foi calculado pela diferena entre as receitas e custos, atualizados de acordo com a taxa de desconto mencionada acima. Corresponde ao lucro lquido atual do empreendimento no perodo analisado, ou seja, o valor atual dos benefcios gerados pela atividade. No estudo, o VPL calculado foi de R$ 2.116,14. Portanto, a atividade apresenta viabilidade financeira. Na anlise do indicador relao benefcio/custo, verificou-se que quando os clculos foram efetivados a uma taxa de desconto de 6% ao ano, produziram o valor da RBC de 1,14. Isso indica que para cada R$ 1,00 de custo, que o modelo

absorve, ele tem capacidade de retornar R$ 1,14 como benefcio. Quanto a remunerao da mo-de-obra familiar (RMOF), o valor calculado foi de R$ 33,20, (TABELA 3), sendo maior que o custo de oportunidade da mo-de-obra na regio, que de aproximadamente R$ 25,00. TABELA 3 - Indicadores de viabilidade financeira de 1 hectare do modelo de sistema agroflorestal com caf, cupuau, castanheira com arroz e feijo no primeiro ano e milho no segundo (SAF 1). Indicadores financeiros Valor Presente Lquido Relao: Beneficio Custo Remunerao da Mo-de-obra Familiar Unidade R$ R$/diria Valor obtido 2.116,14 1,14 33,20

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Apesar da viabilidade apontada pelo VPL, este indicador apresentou um valor relativamente baixo, acima de dois mil reais para o perodo de 18 anos. No entanto, deve-se considerar que a RBC apresenta uma relao de 14% maior para o recurso financeiro investido e a RMOF 32,8% a mais no valor da diria atual paga no meio rural acreano.

4.2.2 SAF 2 (seringueira x caf x banana)

Na Tabela 4 verifica os coeficientes tcnicos para a implantao e manuteno de 1 ha de consrcio agroflorestal para produo de caf, banana e ltex, conforme avaliao do sistema no campo e dados registrados e fornecidos pelo produtor.

TABELA 4 - Coeficientes tcnicos para implantao e conduo de um modelo de 1 ha de sistema agroflorestal com caf, seringueira, banana, flemngia, arroz e milho (SAF 2).Anos Discriminao Custo da terra (4% do valor da terra) Preparo da rea para plantio (1ha) (broca coivara e rebaixamento) Derruba e queima (valor equivalente) Enxada Derruba e queima (operador de motosserra) Fazer covas para plantio (caf + seringueira) Demarcao da rea (tirar piquetes e piqueteamento) Plantio de Arroz Semente de Arroz Capina ou roo da rea e poda de formao Aquisio de mudas (caf Catua plantio + replantio) Aquisio de mudas (seringueira) Aquisio de mudas de banana para plantio replantio Plantio (caf + seringueira) UND 0 ha dh dh un dh dh dh dh kg dh un un un dh 5 continua... 1250 264 561 1 5 1 1 1 4 8 2 20 8 8 12 4 3 9 8 8 8 4 4 1 1 1 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 1 10 1 11 a 18 1

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Discriminao Carro de boi + boi Matraca Foice Motosserra (valor equivalente) Bo